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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO


ESCOLA DE MINAS – DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
FUNDAÇÕES – LUCAS DELEON

UNIVERSIDADE
UNIVERSIDADEFEDERAL DE DE
FEDERAL
OURO PRETO
OURO
ESCOLA DE MINASPRETO
– ENGENHARIA

ESTAQUAMENT
O
TRABALHO - FUNDAÇÕES
TRADO
PROFUNDAS

MECANIZADO

OURO PRETO, JULHO DE 2016.


CAMPUS MORRO DO CRUZEIRO
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
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FUNDAÇÕES – LUCAS DELEON

Sumário

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................................................3

2. FUNDAÇÃO ESCAVADA COM TRADO MECANIZADO...........................................................................3

2.1. Fatores que impedem ou contribuem para a utilização do tipo de fundação escolhido........................3

3. CAPACIDADE DE CARGA........................................................................................................................4

3.1. Método Aoki-Velloso (1975)...................................................................................................................4

3.1.1. Cálculos e Resultados - Aoki............................................................................................................5

3.2. Método Decourt – Quaresma (1978).....................................................................................................7

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................................................7

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1. INTRODUÇÃO
Atualmente a construção civil sofreu um crescimento acentuado no país, principalmente no setor imobiliário.
Em vista disso, pesquisadores e empresas têm buscado um aperfeiçoamento das técnicas de engenharia empregadas
em obras de fundações, garantindo assim maior segurança em seus procedimentos e alternativas para competirem no
mercado construtivo.

Este relatório tem por finalidade avaliar o uso da fundação em estaca escavada com trado mecanizado, seu
pré-dimensionamento, estimativas de cargas, recalques gerados e perfil estratigráfico das camadas do solo de um
edifício residencial de cinco pavimentos.

Esse tipo de estaca caracteriza-se por uma escavação prévia feita no terreno por um trado helicoidal mecânico
onde, posteriormente, é feita a concretagem in loco. Apresentam, também, baixa magnitude de cargas geradas nas
fundações, são comumente utilizadas em edificações de pequeno a médio porte, é facultativo o uso de lama bentonítica
e outros fluidos para estabilização das camadas do furo (a depender do tipo de solo).

Possui grande mobilidade, simplicidade na sua execução, produtividade no canteiro de obras, vibrações
desprezíveis que não afetam o entorno, permitem a amostragem do solo escavado e além do fato de ser possível a
perfuração em solos de resistência elevada. Geralmente é empregado este tipo de fundação em substratos que
apresentam uma coesão considerável e acima do nível freático, por se tratar de uma escavação não revestida.

2. FUNDAÇÃO ESCAVADA COM TRADO MECANIZADO


2.1. Fatores que impedem ou contribuem para a utilização do tipo de fundação
escolhido
Para a execução das obras de fundação do prédio de cinco pavimentos apresentado neste trabalho foi
sugerido o uso de estaca escavada com trado mecanizado. Porém para que a execução dessa fundação seja viável, é
preciso verificar os seguintes requisitos:

 A profundidade da fundação deverá encontrar-se acima do nível d’água;


 O solo se mantenha estável, sem desbarrancamento e sem necessidade de revestimento ou de fluido
estabilizante;
 Ausência de matacões;
 Profundidade máxima de 25m;
 Solos coesivos e não saturados.

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De acordo com o boletim de sondagem, obtido após ensaio SPT, as camadas de solo de ambos os furos são
compostas de argila já nos primeiros metros de escavação e o ensaio não detectou o nível d’água nas perfurações
alcançadas. Com essas informações do boletim, podemos concluir que o uso da fundação de estaca escavada com
trado mecanizado é adequado para o tipo de solo estudado. Verifica-se ainda que não há necessidade do uso de
revestimento ou fluido estabilizante na perfuração, uma vez que o solo apresentado é coesivo e se mantém estável no
processo de perfuração.

Apesar disso, algumas desvantagens são verificadas neste tipo de escavação. Não há possibilidade de
verificação da resistência durante a escavação. Além disso, a escavação provoca o alívio das tensões, podendo
diminuir a resistência da estaca.

3. CAPACIDADE DE CARGA
A capacidade de um elemento de fundação por estaca pode ser interpretada como o valor nominal da carga
que causa ruptura do solo, quando aplicada sobre uma estaca unitária. Seu valor é calculado pela soma da resistência
por atrito lateral (cisalhamento) – Rl - entre a estaca e o maciço de solo mais a resistência de ponta da estaca –Rp.

Para o cálculo da capacidade de carga das fundações deste trabalho, foi desenvolvida uma planilha em Excel
baseada em correlações semi-empíricas com resultados de ensaios in situ e ajustados com provas de carga. Na
planilha encontram-se disponíveis resultados através de três métodos de cálculos desenvolvidos por pesquisadores
brasileiros, sendo estes Aoki – Velloso (1975), Décourt- Quaresma (1978) e Teixeira (1996).

3.1. Método Aoki-Velloso (1975)


Da mesma forma, a capacidade de carga pelo método de Aoki é a soma das resistências lateral e de ponta.

R=Rl + Rp (Equação 1)

No entanto, Rl e Rp encontram-se em função de outras variáveis e a capacidade de carga pode ser reescrita
de acordo com a Equação 2.

R=U .∑ ( r L . ∆ L )+ rp . Ap (Equação 2)

Sendo

U = perímetro externo da estaca; ΔL = comprimento da estaca;

rL= resistência lateral unitária da estaca; Ap = área da base da estaca.

rp=resistência de ponta unitária;

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Para a determinação das resistências unitárias, há uma correlação com os ensaios CPT e SPT. A resistência
de ponta unitária será a razão entre a resistência de ponta do cone (q c) utilizado no ensaio CPT por um fator de
correção (F1). No ensaio CPT, a resistência de ponta do cone é dada pela multiplicação do N SPT e um coeficiente
dependente do tipo de solo (K). Já para a resistência lateral unitária, tem-se a razão do atrito lateral unitário (f s) na luva
por outro fator de correção (F2). Da mesma forma, este atrito lateral unitário é dado pela multiplicação do N SPT, um
coeficiente dependente do tipo de solo e a razão de atrito, também dependente do tipo de solo. Os valores de K, F 1 e F2
são tabelados e encontram-se anexados dentro da planilha de cálculo.

qc
rp= qc=K . Nspt (Equação 3)
F1

fs
rL= fs=α . K . Nspt (Equação 4)
F2

3.1.1. Cálculos e Resultados - Aoki


Escolheu-se o cálculo da carga admissível da fundação (Pa) desenvolvida a partir da razão resistência média
pelo fator de segurança global. O conceito de carga admissível é atribuído a todas as estacas de mesma transversal do
estaqueamento.

Rmed
Pa= (Equação 5)
FS

Sendo FS = 2 quando a capacidade de carga for calculada pelo método semi-empírico. Para o caso de estacas
escavadas, a ponta da estaca suporta no máximo 20% da carga admissível calculada.

Rl ≥ 0,80 Pa (Equação 6)

Pa≤ 1,25 Rl (Equação 7)

Aoki- Velloso recomendou a Equação 8 abaixo para o cálculo da carga admissível seguindo seu método.

R RL+ Rp
Pa= = (Equação 8)
2 2

Para o cálculo da capacidade de carga do solo, foi preciso determinar a área da estaca a ser utilizada, bem
como seu comprimento. De acordo com a tabela 1 a seguir, disponibilizada nas notas de aula do professor Lucas
Deleon, há seis tipos de diâmetro de trados para estacas escavadas mecanicamente, sendo elas: 25, 30, 35, 40, 45 e
50 cm. Adotou-se para este projeto o diâmetro de 35 cm.

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Com o auxílio da planilha de Excel e utilizando a primeira metodologia disponível nas notas de aula para a
determinação da capacidade de carga, inseriram-se os seguintes dados referentes à estaca em questão:

Diâmetro = 30 cm.

Carga de catalogo = 300 kN

Area da estaca = 0,0707m² = 0,07m²

Carga estrutural admissível = 360 kN.

Tabela 1 - Dados para cálculos da carga de catálogo e carga admissível.

Encontrada a carga de catálogo Pe e sabendo que, pela primeira metodologia de projeto, a carga admissível
(Pa) é igual à carga de catálogo, teremos então:

Pa = Pe = 300 kN.

Determinou-se então a capacidade de carga R, que é dada por:

R=P a∗FS

Logo,

R=300∗2=600 kN .

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Usando apenas uma estaca, seu comprimento ultrapassaria o limite de sondagem, atingindo a camada
impenetrável, ou seja, maior que 12 metros, e mesmo usando diâmetros maiores o comprimento necessário ainda
ultrapassava o limite. Portanto, optou-se por utilizar duas estacas com o diâmetro de 30 cm e comprimento igual a 8m.
Desta forma, a capacidade de carga encontrada na planilha foi condizente com os dados da Tabela 1.

3.2. Método Decourt – Quaresma (1978)


Para o método de Decourt – Quaresma, o cálculo da capacidade de carga segue o mesmo princípio, sendo
também o somatório da resistência lateral e de ponta:

R=Rl + Rp (Equação 1)

Porém, para esse método, podemos estimar diretamente os valores de cada parcela.

Sendo Rl=U rl L e Rp=rp Ap .

Nl
Em que, rp=C Np e rl=10( + 1).
3

NP – Valor médio do índice de resistência à penetração SPT na ponta, obtido a partir de três valores: o
correspondente ao nível da ponta, o imediatamente anterior e o imediatamente posterior.

NL – Valor médio do índice de resistência à penetração SPT ao longo do fuste. Para o projeto em questão, são
adotados os limites: NL ≥ 3 e NL ≤ 50.

C – Coeficiente característico do solo. Podem ser obtidos a partir da tabela abaixo para diferentes tipos de
solos.

Tabela 01 – Coeficiente característico do solo C

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Dessa forma, o cálculo da capacidade de carga fica R=α C Np Ap+ β 10 ( NL3 +1) UL.
A seguir, valores de α e β que são fatores que variam em função do tipo da estaca e do solo.

Tabela 02 – Valores do fator α em função do tipo da estaca e do tipo de solo.

Tabela 03 – Valores do fator β em função do tipo de estaca e do tipo de solo.


3.2.1. Cálculos e Resultados – Decourt – Quaresma
Analogamente ao método de Aoki – Veloso, que se baseou na NBR 6122/2010 – Método dos valores
admissíveis, temos que:

Rméd
Pa= (Equação 5)
FS
Pa – Carga admissível

Rméd – Resistência média

(
FS – Fator de segurança global FS=
Rméd
Sméd )
Considera-se FS = 2 pois trata-se de um método semiempírico.

Mas segundo Decourt – Quaresma,

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Rp Rl
Pa= + (Equação 9)
4 1,3

Tratando de estacas escavadas, em que no máximo 20% da carga admissível podem ser suportadas

pelas pontas, temos então:

Rl ≥ 0,8 Pa (Equação 6)

Pa≤ 1,25 Rl (Equação 7)

Pa refere-se à carga admissível da fundação, enquanto Pe remete-se à carga admissível da estaca ou

carga admissível de catálogo, e Pa≤ Pe .

Então, com os resultados obtidos na planilha de cálculo da capacidade de carga, tem-se que:

375,22 743,30
Pa= + =665,07 kN
4 1,3

Como optou-se por utilizar duas estacas, tem-se que para cada estaca, a carga admissível será de:

Pa
=332,54 kN
2

3.3. Método Teixeira (1996)

Assim como nos dois métodos anteriores, a capacidade de carga é calculada como R=Rl + Rp.

Sendo

Rp = α Np Ap

Rl = β Nl U L
Np – Valor médio do índice de resistência à penetração medido no intervalo de 4 diâmetros acima da
ponta da estaca e 1 diâmetro abaixo
Nl – Valor médio do índice de resistência à penetração ao longo do fuste da estaca.
α e β são parâmetros que variam conforme o solo em questão e seus valores estão nas tabelas a seguir.

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Tabela 04 – Valores do parâmetro α.

Tabela 05 – Valores do parâmetro β.

Para solos argilosos, o valor de resistência lateral (rL) pode ser obtido através da seguinte tabela.

3.3.1. Cálculos e Resultados – Teixeira


Para Teixeira, a carga admissível Pa, no caso de estacas escavadas à céu aberto será
Rp Rl
Pa= +
4 1,5

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Tabela 06 - Valores do atrito lateral (rL) de acordo com o tipo de sedimento argiloso.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AÇÃO SONDAGENS. Tipos de Sondagem. Disponível em http://www.acaoengenharia.com.br/ Acesso em 03
de julho de 2016.

DAMASCO PENNA. Engenharia Geotécnica: Nossos serviços. Disponível em


http://www.damascopenna.com.br/ Acesso em 03 de julho de 2016.

ESTATEC. A estaca a trado mecanizado. Disponível em http://www.estatec.com.br/servicos/estaca-c-trado-


mecanico Acesso em 02 de julho de 2016.

GEOFIX. Estacas cravadas de grande diâmetro e/ou barrete. Disponível em http://www.geofix.com.br/servico-


estaca-barrete.php Acesso em 02 de julho de 2016.

MARANGON; M. UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA. Departamento de Geotecnica: Geotecnia de


Fundações. Disponível em http://www.ufjf.br/nugeo/files/2009/11/GF05-Funda%C3%A7%C3%B5es-Profundas-Estacas-
Sem-Desloc.pdf Acesso em 01 de julho de 2016.

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SILVA; A.A.G; UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Avaliação do efeito da modificação da ponta
na capacidade de carga de estacas escavadas tipo trado mecanizado. Disponível em
https://www.ufmg.br/pos/geotrans/images/stories/diss047.pdf Acesso em 02 de julho de 2016.

http://docplayer.com.br/6303437-Universidade-federal-de-santa-catarina-centro-tecnologico-ctc-curso-de-
graduacao-em-engenharia-civil-marcos-felipe-nuernberg.html

http://www.dcc.ufpr.br/mediawiki/images/a/a7/TC025_Funda%C3%A7%C3%B5es_B_x.pdf

https://www.dutramaquinas.com.br/view/download/unidades_de_forca.pdf

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