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NOVA FILOSOFIA PARA CLASSIFICAÇÃO DE ÁREAS NBR IEC 60079 - Estellito
NOVA FILOSOFIA PARA CLASSIFICAÇÃO DE ÁREAS NBR IEC 60079 - Estellito
10.
Eng. Estellito R. Junior
(Artigo publicado na Revista Controle e Instrumentação - no. 75)
INTRODUÇÃO
Grau de ventilação:
Alto – reduz a concentração da fonte quase que instantâneamente;
Médio – controla a concentração, mantendo-a abaixo do limite inferior de explosividade (LIE)
enquanto a liberação estiver em curso e diminuindo-a após cessar a emissão;
Baixo – não controla a emissão, nem evita concentração indevida após o término da emissão.
Disponibilidade de ventilação:
O tamanho da nuvem do gás e o tempo que ela persiste após cessar a emissão podem ser
controlados por meio de ventilação. Um método para avaliar o grau de ventilação necessário para
controlar a extensão e persistência de uma atmosfera explosiva é descrito a seguir. Este método é
aproximado, entretanto o uso de fatores de segurança deve assegurar que o erro seja para o lado da
segurança.
A garantia do grau de ventilação primeiro requererá o conhecimento da máxima taxa de liberação de
gás ou vapor, seja por experiência de campo, cálculos ou dados estatísticos.
A taxa mínima teórica de ventilação para diluir uma dada liberação de material inflamável, para uma
concentração definida abaixo do LIE, pode ser calculada por meio da fórmula:
(1)
Onde:
Nota: Para converter LIE [%vol] para LIE [kg/m 3 ] deverá ser usada a seguinte fórmula:
Com um dado número de trocas de ar por unidade de tempo C , relacionada à ventilação geral da
área, o hipotético volume Vz de uma atmosfera explosiva em torno da fonte da liberação pode ser
estimado usando-se a fórmula:
(3)
onde:
C = número de trocas de ar por unidade de tempo [s -1 ]
k = fator de segurança: 0,25 para fontes de risco de grau contínuo e primário; 0,5 para fontes de
risco de grau secundário.
A fórmula anterior seria aplicável para uma instantânea e homogênea mistura no ponto de
liberação, com condições ideais de fluxo de ar fresco. Na prática, tais situações poderão não ser
encontradas, por exemplo devido a obstáculos ao fluxo de ar, resultando em partes mal ventiladas na
região. Portanto, a troca efetiva de ar na fonte da liberação será mais baixa do que a dada por C na
fórmula (5), levando a um aumento no volume Vz . Introduzindo-se um fator de correção f na fórmula
anterior, resulta em:
(4)
onde:
f = denota a eficiência da ventilação em dissolver uma atmosfera explosiva, e varia de 1 (ideal) até
5 (fluxo de ar impedido).
Vz = representa um volume sobre o qual a concentração média de gás inflamável ou vapor será 0,25
ou 0,5 vezes o LIE, dependendo do valor do fator de segurança k usado em (3). Isto significa que nas
extremidades do volume hipotético estimado, a concentração do gás ou vapor será significativamente
menor que o LIE; isto é, o volume hipotético onde a concentração estará acima do LIE será menor
que Vz .
Para uma área fechada, C é dado por:
(5)
Onde:
= vazão total de ar
Em áreas abertas, até mesmo baixas velocidades de vento produzem alto número de trocas de
ar. Consideremos um cubo hipotético com dimensões de poucos metros numa área aberta. Neste caso
uma velocidade de 0,5 m/s produzirá um número de trocas de ar maior que 100/h (0,03/s)
Numa aproximação conservativa, usando-se então C= 0,03/s para situação de área aberta, o
volume Vz poderá ser obtido pela fórmula:
(6)
Porém devido à mecânica de dispersão, este método resultará em volume sobredimensionado. A
dispersão geralmente é mais rápida na condição de área aberta.
Tempo de persistência:
O tempo t necessário para uma concentração média cair de um valor inicial X o para o LIE
multiplicada por k após a liberação ter cessado pode ser estimada por :
(7)
Onde:
X o= concentração inicial da substância inflamável medida na mesma unidade do LIE. Em algum
ponto da atmosfera explosiva, a concentração poderá atingir 100 %. Entretanto, ao calcular t, o
adequado valor para X o a ser considerado dependerá de cada caso, considerando-se entre outros, o
volume assim como a freqüência e duração da liberação. Na maioria dos casos é razoável considerar
X o acima do LIE.
t = mesma unidade de tempo que C. [ s ]
f= fator de não-homogenização da mistura - veja fórmula (4) - variando de 5 para ventilação
limitada ( por exemplo, com uma única abertura de exaustão ), até 1 ( por exemplo, ventilação
entrando num teto perfurado e múltiplos exaustores ).
k = fator de segurança relacionado com o LIE – ver fórmula (4).
Análise de caso
Para ilustrar melhor o procedimento descrito na IEC, aplicaremos às fórmulas expressas na
IEC 60079-10 os dados reais de uma planta industrial.
Depois, compararemos os resultados obtidos com a figura padronizada pelo API RP-500 para o tipo de
instalação estudado.
* Dados da instalação:
Ponto sob análise: flange na entrada de compressor de gás natural
Fluido: Gás natural
LIE: 0,033 kg/m 3
Temperatura ambiente: 10 o C
Velocidade do vento: 1 m/s
Fator de segurança: 0,5 ( fonte de risco grau secundário )
· Cálculos:
a) Vazão mínima de ar para manter a mistura abaixo do LIE:
c) Tempo de persistência:
d) Avaliação:
Com fonte de risco de grau secundário, grau de ventilação médio e disponibilidade de
ventilação boa, a área é considerada Zona 2. Para determinação da extensão, a IEC 600 79-
10 prevê o uso de códigos e normas locais, que poderão incluir requisitos adicionais.
CONCLUSÕES:
O advento de procedimentos de análise, baseados nas características específicas de cada
processo, tratará o estudo de áreas classificadas como uma ferramenta de gerenciamento de riscos.
O uso de softwares especializados de simulação para fornecer uma visualização da
propagação de gases através de modelos matemáticos, contribui para uma maior percepção dos riscos
envolvidos na instalação.
Como o tema exige o conhecimento de características físico-químicas das substâncias,
reforça-se a recomendação – expressa no item 4.1 da IEC 60079-10 – de que para a elaboração de
plantas de classificação de áreas, sejam constituídos grupos de trabalho compostos por pessoas
conhecedoras das propriedades físicas dos gases, do processo, dos equipamentos, da segurança
industrial, da manutenção e da operação.
A “tradição”, dos engenheiros eletricistas terem a exclusividade na elaboração das plantas de
classificação de áreas, deverá ser abandonada na nova filosofia. Isto está previsto inclusive no API RP-
505, cuja nota no apêndice E, diz textualmente: “a conclusão da classificação deverá envolver esforços
coordenados entre engenheiros de processo, engenheiros de utilidades, especialistas de segurança,
engenheiros de instrumentação e engenheiros eletricistas”.
Como conseqüência, o estudo de classificação de áreas receberá maior atenção e esmero em
sua confecção, pois que hoje o que freqüentemente testemunhamos são trabalhos tipo “copiar e colar”
do API RP-500, feito por pessoas que até desconhecem o conceito de área classificada.
Embora relegadas a segundo plano quando a classificação de áreas era feita pelo API RP-
500, as listas de dados [4] (cujo modelo básico encontra-se no anexo da IEC 60079-10), passarão a ter
fundamental importância, pois serão referenciadas também nas ampliações da planta industrial.
O uso de figuras pré-concebidas para classificação de áreas deverá ficar limitado às
condições padronizadas, avaliando-se com métodos quantitativos as especiais.
Com a publicação da norma brasileira baseada na IEC 60079-10, passaremos por uma fase
de transição que entendemos será muito positiva, pois consolidará o conceito de gerenciamento de
risco, podendo até permitir à cada empresa a adoção da solução de engenharia mais adequada à sua
realidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
[ 1 ] IEC 60079-10 – Classification of hazardous areas. Third edition – 1995.
[ 2 ] Análise de riscos das futuras instalações do pólo industrial de Guamaré. Princípia Engenharia de
Confiabilidade e Informática – 1996.
[ 3 ] Phast for Windows – versão 5.2 – User manual.
[ 4 ] N-2155 – Norma Petrobras - Lista de dados para classificação de áreas, 1999.
[ 5 ] Fanara, José R.A., Rangel Jr., Estellito – Extensões de áreas classificadas. In: V ENCONTRO DE
ENGENHARIA ELÉTRICA, Petrobrás, Rio de Janeiro, dez 1999, Anais p 104 – 118.
[ 6 ] API RP-505 – Recommended practice for classification of locations at petroleum facilities
classified as Class I, Zone 0, Zone 1 and Zone 2. American Petroleum Institute, 1997.
[ 7 ] API RP-500 – Recommended practice for classification of locations for electrical installations at
petroleum facilities. American Petroleum Institute, 1991.
[ 8 ] National Electrical Code, NFPA, EUA, 1999.
[ 9 ] Bishop, D.N., Jagger, D. M, Propst, J.E. - New area classification guidelines. IEEE paper, 1998.
11 p.
[ 10 ] Babiarz, P.S., Ligett, D.P., Wellman, C.M. - How products will be adapted to the dual hazardous
area classification system. IEEE paper, 1996. 7 p
[ 11 ] CABUM! - Site sobre equipamentos e instalações Ex.
http://www.cabum-ex.net.br