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2 SISTEMA ENDÓCRINO

Glândulas são estruturas que produzem substâncias de regulação e


manutenção do metabolismo atuando em diversas partes do corpo humano. A
glândula unicelular, encontrada em menor número, é formada por uma única célula e
glândulas pluricelulares são formadas por várias células; estas estruturas são
consideradas órgãos dos sistemas endócrino e exócrino.
A classificação das glândulas se dá pela forma com que as secreções são
liberadas no organismo, sendo: glândulas exócrinas aquelas que secretam
substâncias fora da corrente sanguínea em outros órgãos ou para o exterior
corporal, através de porção secretora e ductos, como as glândulas mamárias e
salivares; as glândulas endócrinas atuam na produção de hormônios e são
secretados diretamente na corrente sanguínea, como a tiróide e hipófise.
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999).

Glandulas Exocrina e Endocrina

Imagem 1: Glândulas exócrina e endócrina.


Fonte: Andrade, 2017.

O Sistema Endócrino é formado por glândulas endócrinas que produzem


substâncias denominadas hormônios liberados na corrente sanguínea que através
de receptores específicos atuam sobre os tecidos-alvo que reconhecem esses
hormônios e respondem a eles. Os hormônios possuem diversas funções que atuam
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no bem estar através da regulação dos diversos processos que ocorrem no corpo
humano.

2.1 GLÂNDULAS ENDOCRINAS E SEUS HORMÔNIOS

As glândulas que compõem o sistema endócrino são: tireóide, paratireóide,


hipófise, pâncreas, suprarrenais e sexuais masculina e feminina.

Sistema Endócrino

Imagem 2: Sistema Endócrino.


Fonte: Sobiologia.com.br

- Glândula pineal: Responsável pela produção do hormônio melatonina,


localizada próximo à parte central do encéfalo. Entre suas diversas funções, a
melatonina tem ação imunomodulatória, antitumoral, antiinflamatória e regulação dos
ritmos biológicos.

- Hipotálamo: Localizado no encéfalo, atua como integrador entre o sistema


nervoso e o sistema endócrino, através da regulação da temperatura corporal e
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pressão arterial, do apetite, sede e comportamento sexual. Produz diversos


hormônios, como o antidiurético que atua na retenção da água pelos rins e a
ocitocina relacionado à contração uterina e a ejeção de leite pelas glândulas
mamárias e hormônios que controlam a secreção hipofisária, entre eles o hormônio
liberador de tireotropina (TRH); hormônio liberador de corticotropina (CRH);
hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH); hormônio inibidor do
hormônio do crescimento (GHIH) (somatostatina).

- Glândula Pituitária ou Hipófise: Está localizado em uma cavidade do osso


esfenóide (na base do crânio) e apresenta duas porções distintas: a) neuro- hipófise,
extensão do hipotálamo responsável pela liberação do hormônio antidiurético e a
ocitocina; b) adeno-hipófise, secreta diversos hormônios para funções do organismo,
como hormônio do crescimento, que estimula o crescimento do organismo; TSH
(hormônio tireoestimulante), que estimula a secreção dos hormônios da tireóide;
ACTH (hormônio adrenocorticotrófico), que estimula o córtex da suprarrenal;
prolactina, que estimula a secreção de leite; FSH (hormônio folículo estimulante),
que promove o crescimento dos folículos nos ovários e maturação do
espermatozóide; LH (hormônio luteinizante), que atua estimulando a síntese
de testosterona nos testículos, a ovulação, a produção de estrogênio e progesterona
nos ovários e a formação do corpo lúteo.

- Glândula tireóide: Localizada na traquéia, é composta por dois lobos;


responsável pela sintetização dos hormônios tiroxina (T4) e tri-iodotironina (T3), que
atuam no metabolismo e pela calcitonina, que diminui o nível de cálcio no plasma
sanguíneo.

- Glândulas paratireóides: São quatro glândulas localizadas atrás da tireóide,


responsáveis pela secreção do paratormônio, atua no aumento dos níveis de cálcio
no sangue.
Glândulas suprarrenais ou adrenais: localizadas na parte superior dos rins
são formadas pelo córtex adrenal e pela medula adrenal.
a) Córtex adrenal: Produz glicocorticóides como o cortisol que atua no
metabolismo de proteínas, carboidratos e gordura; os mineralocorticóides,
entre eles a aldosterona, que atua na manutenção do equilíbrio de sódio,
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potássio e água no organismo e os andrógeno que sintetizam algums


hormonios sexuais.
b) Medula adrenal: secreta a epinefrina e norepinefrina, que atuam no
aumento das atividades metabólicas e do nível de glicose no sangue.

- Timo: Orgão linfoide primário, localiza-se no tórax é está relacionado à


defesa imunológica do organismo. Produz o hormonio timosina, que estimula a
maturação dos linfócitos T.

- Pâncreas: Glândula mista, exócrina e endócrina, que atua na secreção do


suco pancreático na produção dos hormônios insulina, responsável pela glicose nas
células e pelo glucacon que aumenta a liberação de glicose do fígado.

- Ovários: formado por duas glândulas produz estrogênio ao relacionada ao


desenvolvimento sexual feminina e no recinto do endométrio e a progesterona que
atua como preparador do no útero e das mamas para a gestação.

- Testículos: Duas pequenas glândulas localizadas no saco escrotal,


responsáveis pela produção da testosterona que atual no desenvolvimento das
características sexuais masculinas e no sistema reprodutor.
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3 DOENÇAS DO SISTEMA ENDÓCRINO

O mau funcionamento do sistema endócrino pode causar diversas doenças


que comprometem o funcionamento do organismo e, embora em sua a maioria
possam ser tratadas e controladas, o diagnostico tardio por trazer grandes
desconfortos ao paciente, podendo levá-lo a óbito.
Entre as diversas doenças endócrinas estão os nódulos e o câncer de
tireóide; dislipidemias (aumento do colesterol ou triglicerídeos), hiperprolactinemia
(aumento da produção do hormônio prolactina, que estimula a produção do leite),
deficiência do hormônio e transtornos do crescimento, hipofunção da glândula
hipófise, transtornos na produção dos hormônios sexuais masculino (testosterona) e
feminino (estradiol), puberdade precoce, puberdade retardada, destacando-se o
diabetes, hipertiroidismo, hipotiroidismo, Síndrome de Cushing, insuficiência adrenal,
virilização e tumor neuroendócrino.
Diabetes Mellitus: Doença causada pela produção insuficiente de insulina, ou
quando o organismo tem resposta adequada à insulina, elevando o nível de açúcar
no sangue. O diabetes aumentam a sede e a micção, perda de peso; danifica os
nervos causando problemas de sensibilidade e danifica os vasos sanguíneos,
aumento o risco de doença renal, perda de visão, problemas cardíacos e acidente
vascular. O diagnóstico é feito através da medição dos níveis da glicose no sangue,
hemoglobina A1C, testes de tolerância à glicose e exames preventivos. A pessoa
com diabetes deve cuidar para uma alimentação com baixo teor de carboidratos
refinado, gorduras saturas e alimentos processados, além de manter uma rotina de
exercícios e, de acordo com prescrição médica, tomar medicamentos para a
redução de glicose no sangue.
Diabetes - Sinais de alerta

Imagem 3: Diabetes - Sinais de alerta. Fonte: einstein.br


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Hipertiroidismo: se dá pela hiperatividade da tireóide, com níveis elevados


de hormônios tireoidianos e aceleração das funções vitais. O hipertiroidismo
aumenta a freqüência cardíaca e a pressão arterial, podendo haver alteração nos
ritmos cardíacos, sudorese, ansiedade, insônia, perda de pessoa e aumento de
evacuação. Entre as causas do hipertiroidismo estão a doença de graves, bócio
multinodular tóxico, tireoidite e nódulo tóxico individual. A doença de Graves
também é caracterizada por outros dois sintomas característicos: olhos
protuberantes (exoftalmia ou proptose) e visão dupla (diplopia). O diagnóstico é
feito através de Exames de função da tireóide e exames de imagem. Em geral, o
hipertirodismo é controle por medicamentos.

Doença de Graves

Imagem 4: Doença de Graves.


Fonte: Springer Science+Business Media

Hipotiroidismo: Hipoatividade da tireóide, com redução na produção dos


hormônios tireoidianos e consequentemente na redução das funções vitais. Pode ser
de ordem primária, resultante de distúrbios da própria tireóide, ou secundária,
(menos frequente), quando a hipófise falha em secretar hormônio estimulante da
tireóide (TSH) suficiente para a estimulação normal da tireóide. No hipotiroidismo a
pessoa tem a face edemaciada, rouquidão, lentidão, inclusive na fala e inchaços e
ganho de peso, além de fadiga e intolerância ao frio. Estudos apontam que 10% das
mulheres idosas 6% dos homens idosos têm algum grau de hipotiroidismo. O
diagnóstico se dá pela medição dos níveis de hormônio estimulante da tireóide no
sangue, e na maioria das vezes, o tratamento é com hormônio tireoidiano de forma
prolongada.
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Alterações faciais no hipotiroidismo

Imagem 5 : Alterações faciais no hipotireoidismo.


Fonte: Atlas of Clinical Endocrinology, 1999.

Síndrome de Cushing: Concentração excessiva de corticosteróides, pelo


uso de medicamentos corticosteróides ou pela superprodução pelas glândulas
adrenais; também pode ser causada per tumores em outros locais do corpo. Em
geral, a pessoa com síndrome de Cushing tem um quadro de acumulo excessivo de
gordura no tronco, face de lua cheia e pele fina. O diagnóstico se dá através da
verificação do nível de cortisol na urina e sangue, demais exames de sangue e de
imagem. O tratamento se dá através de diete com alto teor de proteína e potássio,
medicamentos para a bloqueio ou redução dos efeitos do cortisol e,em alguns caso,
cirurgia ou radioterapia para remover ou destruir um tumor hipofisário.

Síndrome de Cushing

Imagem 6: Síndrome de Cushing (características faciais).


Fonte: © Springer Science+Business Media
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Insuficiência adrenal: Ocorre quando as glândulas adrenais não produzem


a quantidade adequada de hormônios adrenais. Pode ocorrer por distúrbio das
glândulas adrenais, da hipófise por medicamentos, reação autoimune, câncer,
infecção. A insuficiência adrenal causa fraqueza, tontura, cansaço e manchas
escuras na pele. O diagnóstico é feito através de exame de sangue e o tratamento
à base de Corticosteróides.

Insuficiência adrenal

Imagem 7: Insuficiência adrenal.


Fonte: Medicinanet.com.

Virilização: Causada pela produção excessiva de andrógenos pelas


glândulas adrenais, frequentemente por um tumor ou pelo aumento do tamanho da
glândula adrenal, por produção anômala de hormônio no ovário ou tumor no ovário.
Ocorre com o surgimento de características masculinas. Sua ocorrência pode se
dar em adultos, crianças e bebês, sendo que nos homens pode causar
infertilidades; nas mulheres excesso de pelos faciais, voz grave, cal vice,
encolhimento dos seios e útero, aumento do clitóris e menstruação interrompida;
nos bebês pode comprometer o crescimento; nos bebês do sexo feminino os
órgãos sexuais podem se parecer com os órgãos sexuais de um bebê menino e
nos bebês meninos, pode apresentar maturação sexual prematura. O diagnóstico
se dá pela dosagem de androgenicos no sangue, tomografia computadorizada e
exames de imagem. O tratamento se dá pela remoção do tumor e por
glicocorticóides.
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Mulher com excesso de pelos faciais

Imagem 8: Mulher com excesso de pelos faciais.


Fonte: John Radcliffe Hospital/Science Photo Library

Tumores neuroendócrinos são tumores raros que se originam nas células


do sistema neuroendócrino caracterizados pelo desenvolvimento e crescimento
anormal das células; podem se manifestar em vários órgãos do corpo. Costumam
atingir pessoas acima dos 50 anos. O Diagnostico e geral é tardio considerando que
os sintomas variam de indolentes até muito agressivos, podendo levar a óbito em
poucos meses.
Histopatologia dos Tumores Neuroendócrinos

Tabela 1: Histopatologia dos Tumores Neuroendócrinos.


Fonte: ABCD Arq Bras Cir Dig Artigo de Revisão 2017.
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Os tumores neuroendócrinos são doenças heterogêneas, em termos de


comportamento, que podem variar desde muito indolentes e que não produzem
metástases até doenças muito agressivas, que levam a óbito em poucos meses.

Diabetes gestacional: Durante a gestação a placenta produz estrogênio e


progesterona em grandes quantidades, alterando a produção de muitas glândulas
endócrinas que atuam na regulação da glicose no sangue e ocorre em 5% das
gestações. A avaliação pre-concepcional, o pré-natal e acompanhamento após a
gestação minimizam riscos à mãe e doenças de malformação fetal. Em geral a
diabetes gestacional desaparece após o parto, mas pode deixar sequelas tanto na
mãe como na criança.
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4 CONCLUSÃO

Esta pesquisa contribui para a construção de conhecimento técnico-científico


para o profissional de enfermagem no atendimento ao paciente com alterações
endócrinas. A complexidade das funções das glândulas do sistema endócrino
evidencia a necessidade de contínuo estudo buscando a competencia necessária
para a assistência de enfermagem adequada a cada disturbio endócrino, orientando
o paciente à prevenção e encaminhamento ao profissional da saúde especializado
em endocrinologia.
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REFERÊNCIAS

CALDAS, L. E. de N. de M. ., MENDONÇA, L. F. S. ., Brasil, M. D. B. ., Cordeiro, D.


L. S. ., & Silva, I. de J. . (2022). A Diabetes na gravidez e sua influência na formação
do embrião. Revista Multidisciplinar Em Saúde, 2(4), 387.
https://doi.org/10.51161/rems/3335.

DRAKE, R. L.; VOGL, W.; MITCHELL, A. W. M. Gray’s: Anatomia clínica para


estudantes. 2 ed. Rio de Janeiro-RJ: Elsevier, 2005.

JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 9. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 1999. 427p.

MACIEL, R. M. B.; MENDONÇA, Berenice B.; SAAD, Mario J. A. Endocrinologia:


Princípios e Práticas, 2ª edição. São Paulo: Atheneu, 2017.

MANUAL MERCK ON-LINE. Disponível em: <http://www.msd-


brazil.com/msd43/m_manual> .

MOLINA, P. E. Fisiologia Endócrina. 4 ed. Porto Alegre-RS: AMGH Editora, 2014.

SANTOS, V. S. dos. "Sistema endócrino"; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/biologia/sistema-endocrinico.htm.

SISTEMA ENDÓCRINO. Universidade de São Paulo - USP. Disponível em:


https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2371764.

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