Você está na página 1de 16

ESTRUTURAS AGRÁRIAS E PRODUÇÃO AGRÍCOLA

Os sistemas agrícolas surgiram em adaptação às condições naturais, com os sistemas intensivo e


extensivo a serem os mais utilizados.

Sistema intensivo
 Áreas de abundância de água e solos ricos;
 Culturas de regadio – precisam de ser irrigadas;
 Solos continuamente ocupados ao longo do ano;
 Regime de policultura – vários produtos cultivados simultaneamente na mesma parcela,
geralmente de pequena dimensão e forma irregular, o que dificulta a mecanização.

Sistema extensivo
 Áreas com pouca água e solos pobres;
 Culturas de sequeiro – sem necessidade de rega;
 Rotação de culturas, em folhas (setores) que, em cada ano, produzem uma cultura diferente,
ficando uma folha em pousio – em descanso, para o solo recuperar, ou com plantas que
melhoram a fertilidade.
 Regime de monocultura – um só cultivo na mesma parcela, de grande dimensão e forma regular.
Com a modernização da agricultura, nos países desenvolvidos, estes sistemas começaram a mudar,
passando a dominar a monocultura, mas de forma intensiva, muito mecanizada e com aplicação de
agroquímicos: pesticidas, etc. É uma agricultura de mercado, que procura produzir o máximo, com o
mínimo de custos de produção e sem prejuízos.
A agricultura tradicional
continua a usar sistemas
antigos em muitos países em
desenvolvimento e em certas
áreas rurais de países
desenvolvidos, onde a
população idosa produz para
autoconsumo.

FATORES CONDICIONANTES DA AGRICULTURA


Fatores físicos Fatores humanos
 Clima  Históricos e culturais
 Relevo  Povoamento e demografia
 Qualidade dos solos  Políticas agrícolas
 Disponibilidade de água  Científicos e tecnológicos
 Económicos
CLIMA
Coincidência da estação mais quente com a mais seca.
Distribuição irregular da precipitação ao longo do ano.
Variabilidade interanual da precipitação

1. Maior ocorrência de precipitação nos meses de outono e inverno, os mais frios, de menor
crescimento das plantas.
2. A estação mais quente, de maior potencial energético, é limitada pela escassez de precipitação -
custos com o regadio.
3. Os anos ora muito chuvosos, ora muito secos causam prejuízos avultados na produção agrícola.

Mais favorável nas regiões agrárias do litoral (EDM, BL e RO) e nos Açores, com:

 Temperatura amena e baixa amplitude térmica anual;


 Precipitação abundante, mais elevada no inverno e diminuindo de norte para sul e do litoral para
o interior;
 Humidade relativa do ar elevada.

Menos favorável para a maioria das culturas nas regiões agrárias do interior norte (TM e BI) e do sul
continental (ALE e ALG), com:

 Temperatura baixa no inverno, com neve e geada frequentes, e alta no verão;


 Precipitação pouco abundante no inverno e escassa no verão, principalmente no Alentejo e
Algarve, com risco elevado de seca;
 Humidade relativa baixa, sobretudo no verão, em que, com as temperaturas altas, se criam
condições para a ocorrência de incêndios.

RELEVO
Declive acentuado
Orientação das vertentes
Elevada altitude

1. Os terrenos acidentados dificultam a mecanização e a modernização das explorações.


2. Quanto maior o declive, maior o deslizamento do solo por ação dos agentes erosivos,
empobrecendo-o.
3. A altitude influencia as condições de temperatura e humidade - seleção de espécies e cultivo por
andares.
4. As vertentes umbrias não favorecem a prática agrícola, devido à menor incidência da radiação
solar.

Mais favorável nas regiões agrárias:

 Do litoral a norte do Tejo, com planícies onde morre a base das vertentes do interior
montanhoso e onde os rios finalizam o seu curso.
 Do sul, nas peneplanícies do Alentejo e no Algarve, nos vales das serras de pouca altitude e na
fértil planície do litoral.

Desfavorável nas regiões agrárias:

 Do interior norte, com planaltos e montanhas acima dos 8oo metros.


 Da ilha da Madeira, quase toda de vertentes íngremes e vales estreitos.

QUALIDADE DOS SOLOS

A maior ou menor qualidade dos solos depende de fatores como:

 As formações geológicas do subsolo, entre as quais as que deram origem aos sedimentos que
se depositam;
 O relevo, que nas áreas de…
- maior altitude e vertentes íngremes, favorece os processos de erosão, tornando os solos
pobres, ou mesmo inexistentes;
- menor altitude, como os vales entre vertentes, muitas vezes com cursos de água, e nas
planícies dos rios, nos cursos médio e inferior, favorece a deposição de grande quantidade de
sedimentos minerais e orgânicos, formando solos profundos e espessos, de materiais finos e
ricos em nutrientes, muito férteis;
 A vegetação, que, quando é mais diversa e de folha caduca, forma mais húmus e enriquece o
solo.

DISPONIBILIDADE DE ÁGUA

A abundância ou escassez de água depende de fatores como:

 O clima, pela maior ou menor abundância de precipitação:


 A presença de aquíferos subterrâneos, que alimentam nascentes e cursos de água;
 A rede hidrográfica, pela fertilidade das margens dos rios, que depositam sedimentos e
disponibilizam água doce para rega.

HISTÓRICOS E CULTURAIS

No noroeste (EDM e BL), a grande fragmentação da propriedade resultou…

 Do longo processo de povoamento, muito marcado pela fixação humana, e do parcelamento


das terras pelo clero e pela nobreza;
 Do sistema de partilha de heranças, que, até ao século XIX, repartia a terra por todos os filhos;
 De uma estrutura marcada pelo grande número de casos em que é o proprietário a cultivar a
terra.

No Ribatejo e no Alentejo, o predomínio de grandes propriedades deve-se…

 À Reconquista mais tardia e organizada, que terminou com a doação de vastos domínios aos
nobres e às ordens religiosas militares;
 À aquisição, no século XIX, pela burguesia, de vastas propriedades, para a agricultura;

POVOAMENTO E DEMOGRAFIA

No interior norte (TM e BI), o povoamento menos denso originou uma tradição de partilha
comunitária das tarefas agrícolas e, por vezes, da propriedade, originando:

 Explorações de maior dimensão, mas inferior ás do sul do país;


 A pobreza, o que incentivou o êxodo rural e a emigração, condicionando a substituição de
gerações e a modernização agrícola.
POLÍTICAS AGRÍCOLAS (PAC)

 Determinam as quantidades e as espécies a cultivar.


 Influenciam os preços no produtor e no consumidor.
 Regulamentam as práticas e tecnologias de produção adotadas.
 Apoiam o rendimento dos agricultores através de subsídios ligados ou desligados da produção.
 Promovem a inovação e a modernização do setor através de incentivos financeiros.

REGIÕES AGRÁRIAS

Em Portugal, com base nas características naturais e humanas,


definiram-se nove regiões agrárias.

 Entre Douro e Minho (EDM)


 Trás-os-Montes (TM)
 Beira Litoral (BL)
 Beira Interior (BI)
 Ribatejo e Oeste (RO)
 Alentejo (ALE)
 Algarve (ALG)

ENTRE DOURO E MINHO

Principais fatores condicionantes:

1. Temperaturas médias anuais amenas


2. Relevo aplanado
3. Pluviosidade abundante
4. Solos relativamente férteis
Morfologia agrária: minifúndios fechados, de traçado irregular e muito fragmentados.
Povoamento: disperso.
Sistema de cultura: intensivo, em regime de policultura associado a uma agricultura de regadio, com
forte recurso a sistemas de rega.
Principais culturas agrícolas:
temporárias - milho, culturas hortícolas, floricultura, prados temporários e culturas forrageiras;
permanentes - vinha.

TRÁS-OS-MONTES

Principais fatores condicionantes:

1. Solos pouco férteis


2. Precipitação escassa
3. Elevada amplitude térmica anual
4. Relevo planáltico, cortado por vales profundos
Morfologia agrária: campos abertos de pequena/média dimensão e traçado regular.
Povoamento: concentrado.
Sistema de cultura: extensivo, em regime de monocultura de sequeiro e com recurso à rotação de
culturas e ao pousio, aliado à criação de gado ovino e caprino. Nas áreas montanhosas recorre-se à
técnica de cultivo em socalcos (Alto Douro Vinhateiro).
Principais culturas agrícolas:
temporárias - centeio, trigo, batata, prados temporários e culturas forrageiras; permanentes - olival,
vinha amendoeiras e castanheiros.

BEIRA LITORAL

Principais fatores condicionantes:

1. Temperaturas amenas
2. Pluviosidade abundante
3. Relevo acidentado
4. Solos relativamente férteis (rega intensa)
Morfologia agrária: minifúndios, quase sempre vedados e de contornos irregulares.
Povoamento: misto.
Sistema de cultura: intensivo, com predomínio da policultura e forte recurso ao regadio.
Principais culturas agrícolas:
temporárias - milho, arroz, batata, produtos hortícolas, floricultura, prados temporários e culturas
forrageiras;
permanentes - vinha e olival.

BEIRA INTERIOR

Principais fatores condicionantes:

1. Solos pouco férteis


2. Relevo acidentado
3. Forte amplitude térmica anual
4. Precipitação reduzida

Morfologia agrária: campos de pequena e média dimensão, quase sempre abertos e de traçado
regular.
Povoamento: concentrado.
Sistema de cultura: extensivo, de sequeiro, com predomínio da monocultura dos pousios longos,
sobretudo para sul da Cordilheira Central, compensados com a exploração florestal e a criação de gado.
Principais culturas agrícolas:
temporárias - milho, centeio, aveia, prados temporários e culturas forrageiras;
permanentes - olival, vinha, castanheiros, amendoeiras, cerejeiras, pastagens permanentes.

RIBATEJO E OESTE

Principais fatores condicionantes:

1. Verões quentes, longos e secos e invernos amenos


2. Precipitação fraca e irregular
3. Relevo aplanado
4. Planície aluvial do Tejo muito fértil
Morfologia agrária: campos de média e grande dimensão abertos e regulares.
Povoamento: misto.
Sistema de cultura: predomina o intensivo, com destaque para a monocultura especializada, muito
regada, mecanizada e orientada para o mercado.

Principais culturas agrícolas:


temporárias - milho, arroz, prados temporários e culturas forrageiras, horticultura e floricultura;
permanentes - vinha, olival, pinheiro, nogueira e frutos frescos, sobretudo pereira e macieira.

ALENTEJO

Principais fatores condicionantes:

1. Verões quentes, longos e secos e invernos amenos


2. Precipitação fraca e irregular
3. Relevo aplanado
4. Baixa fertilidade natural dos solos

Morfologia agrária: latifúndios, de forma regular e, geralmente, sem vedações - abertos.


Povoamento: concentrado.
Sistema de cultura: extensivo, em regime de monocultura de sequeiro, com recurso ao afolhamento,
que inclui pousios muito longos, compensados com a exploração de montado, olival e criação de gado.
Principais culturas agrícolas:
temporárias - trigo, aveia, cevada e culturas industriais, sobretudo girassol;
permanentes - olival, vinha, sobreiro, azinheira, pinheiro e pastagens permanentes.

ALGARVE

Principais fatores condicionantes:

1. Solos pouco férteis


2. Verões quentes, longos e secos e invernos amenos
3. Relevo aplanado no litoral e montanhoso no interior
4. Pluviosidade escassa
Morfologia agrária: campos de média dimensão, de contornos variáveis, abertos no interior serrano
e fechados no litoral.
Povoamento: alternância entre o concentrado, nas áreas montanhosas e o disperso nas áreas mais
aplanadas.
Sistema de cultura: litoral - sistema intensivo ligado à policultura e ao regadio; interior - sistema
extensivo associado à monocultura e ao sequeiro.
Principais culturas agrícolas:
temporárias - trigo, aveia, cevada, horticultura e floricultura;
permanentes - alfarrobeira, amendoeira, figueira, olival e pomares de citrinos, sobretudo laranjeiras e
tangerineiras.

R. A. DOS AÇORES

Principais fatores condicionantes:


1. Baixa insolação
2. Relevo montanhoso
3. Elevada fertilidade natural dos solos
4. Precipitação média anual elevada
5. Baixa amplitude térmica anual

Morfologia agrária: predominam os campos de pequena a média dimensão, com formas


tendencialmente irregulares, e quase sempre vedados com sebes, arbustos ou muros de pedra solta
(cerrados).
Povoamento: misto.
Sistema de cultura: policultura intensiva nas altitudes mais baixas e pastagens permanentes de suporte
à alimentação animal nas regiões mais altas.
Principais culturas agrícolas:
temporárias - prados temporários e culturas forrageiras, milho, batata, beterraba e cevada;
permanentes - vinha, tabaco e chá.

R. A. DA MADEIRA

Principais fatores condicionantes:

1. Amenidade térmica
2. Baixa pluviosidade
3. Elevada fertilidade natural dos solos
4. Relevo montanhoso e exposição solar das vertentes

Morfologia agrária: microfúndios, fechados e de traçado irregular. Nas vertentes mais íngremes
recorre-se ao cultivo em socalcos.
Povoamento: disperso.
Sistema de cultura: intensivo, em regime de policultura, estratificado em altitude e apoiado por uma
extensa rede de canais (levadas) que asseguram a irrigação.
Principais culturas agrícolas:
temporárias - horticultura, floricultura e batata;
permanentes - vinha e frutos subtropicais, sobretudo banana.

AS PAISAGENS AGRÁRIAS

Espaço rural Espaço agrário Espaço agrícola SAU

Espaços ocupados Superfície Agrícola


Onde se desenvolvem Áreas de produção
com produção Utilizada: Área que
as atividades agrícolas e agrícola, florestal e
vegetal e criação de está ocupada com
outras ligadas à animal, pastagens,
animais cultivos vegetais
agricultura ou ao modo habitações,
de vida e à cultura e infraestruturas e
saber da população equipamentos de
agrícola, assim como atividade agrícola
empresas industriais e (canais de rega e
de serviços, etc. palheiros)
NOVOS SISTEMAS AGRÍCOLAS

 Modernização agrícola houve um domínio da monocultura no sistema intensivo


- Permite produzir mais e com menor custo, já que exige:
- Menos trabalho humano
- Menor diversidade de técnicas, procedimentos e máquinas
 Culturas de sequeiro passaram a ser regadas para acelerar e melhorar a produção
 Policultura ocupa explorações modernas de grande dimensão, horticultura
 Domínio da agricultura mecanizada, com agroquímicos e voltada para o mercado
 Agricultura nacional desenvolveu com normas europeias
- Respeito pelo ambiente
- Vocacionada para práticas ecológicas
 O crescimento e a internacionalização das empresas agrícolas levaram ao aumento da
agricultura superintensiva
Agricultura superintensiva – Monocultura de elevada densidade e uso intensivo de
agroquímicos, com regadio.

A agricultura superintensiva coloca problemas ambientais:

 Degradação dos solos – a monocultura gera uma absorção continua do mesmo tipo de
nutrientes, destruindo o equilíbrio natural dos solos, e como tal, fazendo diminuir a sua
fertilidade;
 Perda de biodiversidade – a ocupação agrícola em grande escala destrói ecossistemas locais e
impede a interação de espécies que se equilibravam mutuamente.

SUPERFÍCIE AGRÍCOLA UTILIZADA (SAU)


Culturas Pastagens
Terras aráveis Hortas familiares
permanentes permanentes
Ocupam as terras
por mais de 5 anos, Áreas com vegetação
com repetidas herbácea,
Superfície ocupada com
colheitas e, espontânea ou
Terras com produção produtos hortícolas ou
geralmente, semeada por mais de
vegetal frutos destinados ao
ocupam grandes 5 anos, com espécies
autoconsumo
áreas, como a que se destinam ao
vinha, o olival e os pasto de animais
pomares
Terras retiradas da
produção (pousio),
ou que sejam
mantidas em boas
condições
agroambientais
Com um ciclo vegetativo
Terras ocupadas com que não excede 1 ano ou,
estufas ou cobertas não sendo anuais,
Culturas temporárias
por estruturas fixas ressemeadas com
ou móveis intervalos não superiores
a 5 anos
As pastagens permanentes:

 Açores – condições climáticas favorecem a formação de prados naturais e a criação de gado


bovino
 EDM – importantes pelas mesmas razões e para o gado ovino
 BI – incluem áreas de montanha, além gado bovino, ovino e caprino
 ALE – investimento em prados artificiais, com modernos sistemas de rega, gado bovino, ovino e
suíno

A repartição da SAU reflete as


desigualdades de relevo, densidade
demográfico e dimensão dos campos.

AS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS

o As explorações agrícolas diminuíram (maior em TM, EDM, BL)


o A dimensão média das explorações e a SAL total aumentaram (o inverso)

Exploração agrícola – Unidade técnico-económica que utiliza fatores de produção (mão de obra,
máquinas, terrenos …) e que satisfaz obrigatoriamente as condições seguintes:
1 – Ter produção agrícola ou manter em boas condições agroambientais as terras que não utiliza para fins
produtivos.
2 – Atingir ou ultrapassar uma certa dimensão (área, nº de animais)
3 – Estar submetida a uma gestão única
4 – Ter localização bem determinada e identificável

Alentejo – explorações de grande dimensão, que constituíam vastos latifúndios

BL, EDM, RAM – exploração de pequena ou média dimensão, minifúndios. A menor dimensão torna
menos viável a modernização, pois há máquinas que não podem ser utilizadas e o pequeno agricultor
tem menor poder económico, além de não justificar investimentos elevados em tecnologia

Dimensão económica das explorações

 Pequenas explorações condiciona a modernização agrícola


- pequenos agricultores têm menor poder económico e menor qualificação
- capacidade de investimento e inovação é limitada
- à pequena dimensão física corresponde uma pequena dimensão económica
 Em Portugal, a maioria dos produtores gere a exploração em nome próprio – produtor agrícola
singular – tem se registado um aumento das explorações geridas por sociedades

PRODUÇÃO AGRÍCOLA VEGETAL

 Varia em volume e valor de acordo com as condições meteorológicas do ano agrícola ou por
outras causas, mas a tendência geral é de aumento.
- destaque das culturas para a indústria e para as hortícolas
 Nem sempre a maior área de cultivo corresponde à de maior produção, difere das características
de culturas, dos solos e das práticas agrícolas
 A produtividade agrícola é a quantidade produzida por unidade de superfície

As principais produções por região

As produções agrícolas variam de região para região em resultado das condições edafoclimáticas.
Condições naturais de relevo, solos, geologia e clima.

 Com as novas tecnologias estas limitações são cada vez mais colmatadas com recurso a
estufas, a fertilizantes e outras técnicas.
 Em Portugal a maioria das explorações têm uma especialização (focam-se nas monoculturas).

Vantagens da monocultura e monopecuária:

o simplifica o trabalho do agricultor;


o menor diversidade de maquinaria e de equipamentos;
o reduz os custos de produção;
o aumenta a produtividade agrícola e o rendimento.
Cereais de
Cereais de
sequeiro e Horticultura
regadio e de Viticultura Fruticultura Olivicultura
oleaginosa intensiva
alagamento
s
- Litoral a - ALE - EDM - um pouco por Em diferentes - todo o sul,
norte do tejo - BI - BL todo o país regiões: sobretudo ALE
- Algarve - TM - RO com adaptação - BI: cereja e interior e TM
- São Miguel - ALG ao relevo onde maçã (áreas mais secas)
- Alentejo - RAA se encontra - RO: pêra rocha
(rega Áreas com diferenças no - ALG: citrinos
artificial) humidade e Douro e Pico
próximos de
centros urbanos

DISTRUIBUIÇÃO DAS PRINCIPAIS OTE

A PRODUÇÃO AGRÍCOLA ANIMAL

O nº de explorações diminuiu e o nº de cabeças de gado aumentou explicando o aumento da


dimensão média das explorações que favorecem a produtividade.

Gado ovino, caprino e bovino Gado suíno Aves Regime


Apenas uma pequena parte é
Regime extensivo, pode ser feito
criada ao ar livre todo o resto é
devido à facilidade de alimentação Regime intensivo
criado em gaiolas encaixadas umas
destes tipos de gado.
nas outras e alimentadas a ração
intensivo – animais alimentados por rações e, geralmente, criados em espaços fechados ou confinados.

Regime extensivo – animais criados ao ar livre e alimentados em pastagens. Por vezes, são recolhidos
no inverno, mas são alimentados por forragens cultivadas para esse fim.
* Os produtos animais são sobretudo as carnes, com claro destaque para as de suíno e de aves, de
seguida os ovos e em terceiro o queijo.
Açores EDM TM e BI BL RO ALE
Gado Gado Gado ovino e Suínos Aves Maior produtor devido ao território ser
bovino em bovino caprino, pois maior destacam-se os ovinos associados
regime estão bem ao montado alentejano e os bovinos que
tradicional adaptados à pastam em prados naturais, mas
montanha sobretudo artificiais irrigados com
sistemas de rega

POPULAÇÃO AGRÍCOLA

A população ativa no setor agrícola tem vindo a diminuir devido à modernização da agricultura que
liberta a mão de obra e os jovens adultos tendem a mudar-se para a cidade ou a trabalhar na cidade,
continuando a residir no espaço rural – êxodo agrícola.

A população agrícola familiar tem uma grande importância pois representa grande parte da mão de
obra na agricultura.

Estrutura etária

NA população agrícola os produtores singulares (PS) e os dirigentes das sociedades agrícolas (DSA)
têm maior relevância. São quem toma as decisões mais importantes.

A população rural, sobretudo no interior tem uma estrutura etária envelhecida. Os DSA têm uma
média de idades inferior, em cerca de 10 anos à dos PS.

O maior envelhecimento dos PS reduz a sua capacidade de inovar e arriscar, o que limita a
modernização e o aumento da produtividade.

Níveis de qualificação escolar e profissional

A estrutura etária e os níveis de qualificação influenciam a forma como se gerem as práticas


agrícolas, a produtividade e a sustentabilidade. Estes fatores são mais favoráveis nas sociedades
agrícolas.

Na última década o n° de PS com escolaridade acima do 1° ciclo aumentou (atingindo 43%), no caso
dos DSA são apenas 11% os que têm menos do que o 39 ciclo, 89% têm maior escolaridade quase metade
do nível superior.

As pessoas mais jovens e de maior qualificação apresentam vantagens:

 Maior capacidade de arriscar e investir, pois as qualificações dão-lhes conhecimento e


confiança
 Têm mais perspetivas de futuro e mais energia física e mental
 Aderem mais à inovação, em práticas e tecnologias mais eficazes e sustentáveis, e às normas
da EU, no domínio da segurança ambiental e alimentar

Fontes de rendimento dos produtores singulares


Apenas uma parte dos produtores se dedica a tempo inteiro à exploração. Os restantes trabalham
simultaneamente noutras atividades (pluriatividade), o que lhes permite complementar o rendimento
geralmente baixo, que obtêm na exploração (plurirrendimento).

PROBLEMAS ESTRUTURIAS DA AGRICULTURA PORTUGUESA

Apesar dos progressos, os problemas estruturais ainda condicionam aspetos técnicos, organizativos
e de inserção nos mercados.
Ainda são problemas Sinais de mudança Podem ajudar
Gradual aumento da dimensão média
Predomínio de
das explorações Digitalização de progressos
explorações de pequena
Crescimento do n° de sociedades agrícolas e bons resultados obtidos,
dimensão física e
agrícolas que geram investimento e inovação
económica
Maiores áreas de regadio
Aumento da idade média dos
agricultores inferior ao da população
População agrícola
total Pluriatividade nas áreas com maior
envelhecida
"regresso" às áreas rurais de jovens diversificação do emprego, que ajuda
Com baixas qualificações
com qualificações a evitar o abandono das áreas rurais
Abandono das áreas rurais
Aumento da formação profissional
dos agricultores
Aumento da especialização das
Défice de organização dos Existência de recursos genéticos
explorações
agricultores com vocação para o mercado
Aumento das exportações
Dificuldades em competir Potencial de produção com
Diversificação das produções
nos mercados comunitário qualidade diferenciada no azeite,
Expansão do comercio eletrónico,
e de países terceiros vinho e hortofrutícolas
mesmo entre pequenos produtores

Outros aspetos que podem condicionar o setor agrícola

O uso dos solos nem sempre respeita a sua aptidão natural: alguns com aptidão agrícola são
utilizados para outros fins, sobretudo urbanos, enquanto solos com limitações são cultivados.

As práticas incorretas que afetam a fertilidade e degradam os solos:

 A utilização excessiva ou incorreta de fitofármacos degrada e polui os solos, diminuindo a sua


fertilidade.
 A monocultura mobiliza continuamente os mesmos nutrientes e minerais, acabando por
empobrecer o solo, além de levar à perda de biodiversidade.
 A excessiva mobilização dos solos e utilização de máquinas pesadas.

A POLÍTICA AGRÍCOLA COMUM (PAC)

A agricultura foi eleita como 1ª prioridade no tratado de Roma - fundação da Comunidade Económica
Europeia (CEE) em 1957, porque a agricultura europeia era um setor pouco desenvolvido e com fracos
rendimentos, o que resultava numa grande desigualdade entre o nível de vida das áreas rurais e das
áreas urbanas.

Nos países da CEE, a agricultura:


 usava, sobretudo, técnicas tradicionais e máquinas pesadas que realizavam apenas as tarefas
mais repetitivas e morosas;
 apresentava produtividade muito baixa e não permitia aos agricultores obter rendimentos
suficientes para sustentar a família;
 não garantia o abastecimento agroalimentar da comunidade, o que fazia com que todos os anos
faltasse um ou mais produtos no mercado.

Os preços variam muito e tornavam-se muito altos para os produtos que, em cada ano, eram mais
escassos, pelo que se verificava uma grande disparidade entre o nível de vida nas cidades e nas áreas
rurais.

A Política Agrícola Comum (PAC) foi criada para fazer face a essas debilidades agrícolas, uma
realidade confirmada pelos seus objetivos iniciais.

- Aumentar a produtividade da agricultura, desenvolvendo o progresso técnico, garantindo o


desenvolvimento racional da produção agrícola.
- Garantir assim um padrão de vida justo para a população agrícola, em particular, aumentando a renda
individual daqueles que trabalham na agricultura.
- Estabilizar os mercados. PAC: conjunto de diretivas, normas e apoios
- Garantir a segurança do abastecimento. definidos para o setor agrícola e espaço rural
- Garantir preços razoáveis aos consumidores. da CEE.

EVOLUÇÃO DA PAC AO LONGO DOS ANOS

o 1957 – Tratado de Roma – instituiu a PAC


o 1962 – Início da PAC, 3 princípios ou pilares
1 - Unicidade 2 – Preferência comunitária 3 - Solidariedade
Projeto de mercado único e Fixar preços mínimos das Criação do FEOGA: fundo europeu de
uniformização das técnicas importações e subsidiar as orientação e garantia agrícola, que financia
e normas do setor exportações as medidas e a PAC

* Primeiros 20 anos da PAC


Progressos Problemas
Grande aumento da produção; Produção em excesso;
Mecanização, novas tecnologias e Aumento das despesas da PAC - armazenamento dos
investigação científica; excedentes;
Aumento do nível de vida dos agricultores. Degradação ambiental (uso de agroquímicos);

o 1984 - Quotas (limites) à produção de certos produtos


o 1986 - Portugal passa a membro efetivo da CEE, mas começa a beneficiar da PAC em 1977
o 1988 - Set-aside (subsídios para não cultivar uma parte da exploração)
o 1992 – 1º Reforma da PAC
1 - Reequilíbrio dos mercados 2 - Preservação ambiental
Continuação das quotas e do set-aside. Incentivos:
Redução dos preços garantidos aos produtores. - ao pousio temporário;
Incentivos a produções industriais e energéticas. - à agricultura biológica;
Incentivos à pluriatividade e reforma antecipada. - à silvicultura.
o 1999 - Reforço das medidas da 1° reforma e redefinição dos pilares da PAC

1 – Equilíbrio dos mercados 2 – Desenvolvimento rural


Continuar a reduzir a produção de certos Com base na sua multifuncionalidade económica,
produtos, evitando excedentes. social, ambiental e de ordenamento do território.
o 2003 - 2ª Reforma da PAC- mantém os pilares:
- os produtores passam a ter liberdade de escolher o que produzir, de modo a responder à procura dos
mercados;
- passa a ser efetuado num pagamento único por exploração (em vez de o fazer para cada
produto);
- princípio da condicionalidade - para receber ajudas, a produção tem de respeitar as normas de
proteção ambiental.
o 2013 – 3ª Reforma da PAC - mantém os pilares e as alterações têm como objetivos:
- distribuir de forma mais equitativa os apoios da PAC;
- simplificar os instrumentos e mecanismos de pagamento e controlo da PAC;
- promover uma agricultura mais ecológica e competitiva.

INTEGRAÇÃO DA AGRICULTURA PORTUGUESA NA PAC

A agricultura portuguesa, quando se iniciou o processo de adesão de Portugal à CEE, em 1977, tinha
um enorme atraso face aos restantes países comunitários:

 A produtividade e o rendimento eram muito inferiores aos da média europeia;


 O investimento era muito reduzido e as técnicas bastante artesanais;
 A insuficiência das infraestruturas agrícolas e as estruturas fundiárias eram um entrave ao
desenvolvimento do setor;
 A fraca organização e pouca experiência de mercado dificultaram a integração, sobretudo após
a entrada em vigor das regras do Mercado Único.

Estas fragilidades foram reconhecidas no Programa de Pré-adesão e no Tratado de Adesão,


permitindo beneficiar de condições especiais, numa integração faseada.

Com o tempo verificou-se que os benefícios foram superiores às dificuldades, foram registados
enormes progressos, grande parte devidos aos apoios comunitários do PEDAP ate 1995, do PAMAF
(Programa de Apoio à Modernização Agrícola e Florestal). Ocorreu assim, o desenvolvimento do setor
agrícola e das áreas rurais, com programas de formação profissional nos vários ramos da agricultura,
mas também a revitalização do artesanato e das tradições locais e da recuperação do património.

A NOVA PAC 2023-2027


ETG
DOP IGP Produtos com
Produtos agrícolas e Com características ou características peculiares,
alimentares de reputação especificas que produzidos com
características especificas, associam um produto a uma ingredientes tradicionais e
produzidos com dada região, onde é segundo métodos também
ingredientes da região onde realizada pelo menos uma tradicionais
são transformados e fase do progresso de Ex: bacalhau da cura
preparados com métodos produção tradicional portuguesa
tradicionais reconhecidos. Ex: cereja do Fundão
Ex: pera-rocha do Oeste

Vai exigir progressos significativos na sustentabilidade agrícola, dando atenção redobrada ao


ambiente, ao bem-estar animal, à ocupação ordenada dos territórios rurais e à qualidade de vida nas
áreas rurais e à sua competitividade.

Continuar a desenvolver o setor agrário

Em Portugal tem havido enormes progressos, mas há sempre mais a fazer para tornar todos os
setores da nossa agricultura mais competitivos.

 Redimensionar as explorações Permite aumentar a dimensão física, dando à exploração maior


capacidade de investimento em tecnologia e inovação, maior
agrícolas pelo
capacidade de produção e, assim, maior dimensão económica
emparcelamento
 Melhorar a organização dos
Permite contratar serviços em comum, nomeadamente de
produtos em associações,
gestão, tecnologia, marketing, formação, etc.
sociedades ou cooperativas E também uma forma de ganhar dimensão e ter maior
 Melhorar as redes de capacidade de negociação e de fazer parcerias com empresas
publicitação e de distribuidoras
Utilizar as novas formas de marketing e comercio eletrónico
comercialização para promoção e venda das produções agrícolas, e promover a
"marca" Portugal no mercado europeu e mundial

Apostar na qualidade dos produtos, valorizando as especialidades, saberes e técnicas regionais e


locais, com maior valor acrescentado, através da sua certificação, pela EU.

O processo de certificação é importante para o consumidor, garante a qualidade e a origem dos


produtos. Aos produtores protege-os da falsificações e concorrência desleal, e facilita a sua difusão e
consumo no mercado, ajudando assim a economia local.

GARANTIR A SUSTENTABILIDADE

Os sistemas de produção agrícola e pecuárias têm impactes ambientais muito elevados. Os principais
têm origem:
A utilização de inseticidas, pesticidas, e fitofármacos, assim como a fertilização do solo com nitratos
e fosfatos, contamina os solos e os recursos hídricos, superficiais (por escorrência) e subterrâneos (por
infiltração). Este problema é mais grave nas áreas de agricultura intensiva em modelos convencionais.

O uso intensivo do solo, sem recurso ao pousio ou à ocupação com plantas que regeneram o solo,
bem como a maior mobilização dos solos e a utilização de maquinaria pesada contribuem para o
empobrecimento e a erosão dos solos, prejudicando também os habitats de muitas espécies, incluindo
as que garantem a formação de nutrientes no solo (minhocas).

Na pecuária, sobretudo nas explorações de regime intensivo, os dejetos sólidos e líquidos e as águas
das lavagens têm graves impactes. A legislação obriga ao seu tratamento em extrações próprias, e
muitas unidades já fazem a sua valorização. Porém, muitas vezes são lançados sem qualquer
tratamento prévio nos cursos de água, provocando a morte de peixes e a eutrofização das águas.

A agricultura biológica ou modo de produção biológico (MPB) integra-se no objetivo de garantir a


sustentabilidade das áreas rurais, numa lógica de produção com qualidade, preservando os recursos
naturais. Em Portugal este tem vindo a aumentar, assim como a variedade dos produtos e a área de
SAU ocupada.

Para alem da agricultura biológica, a PAC propõe e apoia 2 modos de produção sustentável:

Proteção integrada - integração de medidas para diminuir o desenvolvimento de organismos nocivos,


mantendo o uso de fitofármacos e outras formas de intervenção em níveis económica e
ecologicamente justificáveis

Produção integrada - é um sistema agrícola de produção de alimentos e outros produtos alimentares


de alta qualidade, com gestão racional dos recursos naturais e privilegiando a utilização dos
mecanismos de regulação natural presentes nas unidades produtivas da exploração, que, geralmente,
se complementam.

APOIOS DA PAC AO DESENVOLVIMENTO RURAL

Apesar dos progressos alcançados, a concorrência internacional e as exigências da PAC colocam


desafios que obrigam o setor agrícola português a aprofundar a sua modernização. Esta é uma medida
integrada na política de desenvolvimento rural que, desde 1999, a PAC tem valorizado cada vez mais,
sendo fator de sustentabilidade económica, social e ambiental.

Os principais fundos comunitários de financiamento desta política são:

FEAGA: Fundo Europeu Agrícola de Garantia

FEADER: Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural

Você também pode gostar