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Olá,

Saber que você está lendo isto nos enche de alegria!


Apenas dois anos antes de escrever este material,
um movimento de latino-americanos para o Povo P.
não era mais do que um sonho. Porém, agora,
através de você e de muitos outros como você, o
Senhor tem tornado isso realidade.
Quero que saiba que você é a resposta às nossas
orações de alguns anos e, antes de nós, outros
obreiros também oraram por algumas décadas por
você e por um movimento de latinos. Estamos muito
emocionados em te ver aceitar com valentia o
chamado de Deus para sua vida e poder convidar os
outros a fazer o mesmo. Esperamos que este manual
te seja útil para completar o chamado de Deus para
a sua vida.
Orando por você,

David
Rede de Adoção aos P. (R.A.P.)

Nosso Propósito:
Facilitar um movimento de latino-americanos ao Povo P. a nível global.

Nossa Missão:
Informar e equipar a Igreja Centro/Sul-Americana sobre como: “tornar o
evangelho acessível ao Povo P.”

Nosso Princípios:
- Adoção: Envolver igrejas a se comprometerem com o Povo P a longo prazo
através da adoção.
- Foco: Sabemos que o trabalho com o Povo P. requer uma intencionalidade
focada e muito esforço, por isso, estamos focados exclusivamente nessa
etnia.
- Inovação: Estamos constantemente buscando maneiras de melhorarmos a
nós mesmos e a nossa estratégia em um mundo em constante mudança. O
propósito não muda, mas a estratégia é flexível.
- Facilitar: Nosso papel como rede é informar, facilitar e empoderar as igrejas
e agências de envio para chegar no Povo P. Nós não definimos estratégias de
campo, simplesmente equipamos os líderes para que o façam.
- Segurança: Sabemos do risco que muitos correm trabalhando com o Povo P.,
por isso somos sensíveis à hora de tomar as medidas de segurança
necessárias, procurando ser prudentes e sábios nas nossas decisões.
- Sinergia: Existimos para facilitar a colaboração entre os diferentes esforços
existentes para alcançar o Povo P. Por isso a rede não pertence nem se adere
a uma denominação específica.
Como Ler Este Manual:
Existem dois princípios chaves que devemos ressaltar antes que você comece a se capacitar para ser um
mobilizador da RAP: segurança e inovação.

A segurança e a discrição ao compartilhar sobre o Povo P. com outros é chave em vários níveis.
Primeiramente, atualmente existem obreiros no campo com famílias e equipes arriscando suas vidas para
trazer luz a este povo não alcançado. Quanto mais você for se envolvendo com a RAP, mais você
conhecerá sobre eles e, possivelmente, irá ouvir detalhes sobre a obra no campo que, se viessem à tona,
poderiam afetar esses indivíduos e seus familiares, podendo colocá-los em risco.

Em segundo lugar, Deus está te preparando para mobilizar outros ao Povo P. É possível que, futuramente,
Deus -- paixão e te convide a conhecer o campo para mobilizar de uma maneira mais informada, ou talvez
inclusive a tornar-se parte da obra no coração da terra P. Se você está envolvido publicamente com os
esforços de mobilização, o mais provável é que te neguem o visto e, ainda que você o recebesse, obreiros
e crentes P. manteriam distância de você por medo de serem associados com os seus esforços
mobilizadores.

Finalmente, você não sabe a quem Deus irá tocar em seus círculos de influência. Talvez o Senhor te use
para chamar muitos obreiros para o campo e, se estão conectados com a RAP ou contigo publicamente
de uma maneira que os expõe como obreiros, isso pode limitar as suas oportunidades de irem ou de
serem efetivos no campo.

Por essas três razões principais, você deve aprender a se comunicar com discrição e minimizar o seu
rastro virtual vinculado ao povo P. Você também deve ensinar àqueles que estão aprendendo contigo
a fazerem o mesmo.

O princípio da inovação é outro que é importante ressaltarmos agora. Deus te criou de uma maneira única
e criou cada público e cada indivíduo com os quais você irá compartilhar das necessidades do Povo P. de
uma maneira também individual. Além disso, Ele trabalha em temporadas diferentes de maneiras
diferentes e, à medida que o mundo vai mudando, precisamos nos adaptar a ele para sermos efetivos.
Por exemplo, há 200 anos não existiam problemas de cibersegurança e há 500 anos não precisávamos
pedir vistos. Peço encarecidamente que você tome esse treinamento como um exemplo daquilo que nos
serviu em um ponto da história. Nosso desejo é que você tenha discernimento e seja flexível ao escutar
Deus e ver como Ele está trabalhando no seu contexto. Busque aprender quais dons o Senhor te deu e
como você pode maximizá-los em seu chamado. Por favor, não utilize esse guia de maneira legalista, mas
simplesmente como um guia e uma ajuda para te informar do processo em que Deus está te levando para
influenciar outros.

É fundamental que você busque um equilíbrio entre ser flexível e se adaptar ao contexto em que o
Senhor te tem, mas também ser cuidadoso e detalhista em temas de segurança. Se você mantém esses
dois princípios, as possibilidades de que a tua influência em contexto restrito perdure é muito maior.
Nosso Propósito e Missão:

Nosso Propósito:
Facilitar um movimento de latino-americanos ao Povo P. a nível global.
Nossa Missão:
Informar e equipar a igreja Centro/Sul-Americana sobre como “tornar o evangelho acessível ao
Povo P.”

A RAP se originou de uma visão específica. Essa Visão, como qualquer outra, tem dois
componentes:
1. A Necessidade: a realidade presente que cria a necessidade de uma mudança urgente.
2. O Resultado Ideal: uma realidade hipotética alternativa à realidade atual que, se fosse
cumprida, resolveria a necessidade urgente que foi identificada.

Para entender as origens da RAP temos que entender a nossa visão. E, para entender a nossa
visão, temos que compreender a necessidade que originou o desejo urgente por uma solução
efetiva e o resultado ideal que a visão da RAP aponta como meta. Chegar ao resultado ideal ou
alcançar essa meta se torna claramente em nosso Propósito e em nossa Missão. Por isso, nossa
função específica recebida por Deus como RAP é poder colaborar com a sua missão e ver esse
propósito cumprido, chegar a esse resultado ideal e satisfazer a necessidade original. “Que todos
os povos o conheçam, possam ser salvos e não pereçam.”

I. A Necessidade:
a. Povo P. – Acesso ao Evangelho
Nossa necessidade se origina no coração de Deus, que criou a humanidade a sua imagem e
semelhança, com o propósito de entregar-nos seu amor imerecido e viver em relação conosco
eternamente sem nenhuma divisão ou ruptura em nossa intimidade com Ele. Porém, a raça
humana, que vive desde os primórdios, começando com Adão e Eva e continua com cada pessoa
no mundo até aqui, pecou contra Deus. Como resultado, nossa relação íntima e perfeita com Ele
se corrompeu.

Sabendo que nós fomos criados para uma relação com Ele e que tudo que é bom provém dEle,
concluímos que a nossa desobediência nos levou a um destino deplorável e também a sermos
despojados da sua presença, despojados do seu amor e expostos pela eternidade ao sofrimento,
ao tormento e à dor ativa no inferno.
Pese essa dura realidade: Deus nos amou quando nós éramos pecadores que o rejeitavam
ativamente por causa de nossas vidas pecaminosas. Ele decidiu criar uma maneira de restaurar
nossa relação com Ele e nos salvar daquele destino infernal merecido pelo nosso pecado, ao
enviar seu filho Jesus para viver uma vida perfeita na terra, quem nos ensinou como viver por
intermédio de uma relação com Deus. Ele pagou todo o preço pelos nossos pecados em uma
cruz.

Jesus viveu uma vida perfeita, foi o sacrifício de Deus; nEle foi colocado todo o castigo e
sofrimento que nossos pecados mereciam. Essa foi uma graça incondicional dada a toda
humanidade. Um presente de Deus que todos nós podemos receber livremente, um presente
com um único requisito: ser aceito livremente por nós.

Jesus trouxe consigo uma esperança maior e a oportunidade de uma nova vida em Deus para
nós. Essa é uma notícia maravilhosa para toda a raça humana e é um grande presente que Deus
deseja que todos aceitemos e recebamos para que a sua relação conosco seja restaurada. Porém,
a essência desta esperança se baseia em um evento histórico que ocorreu durante o século
primeiro. Por essa razão, o evangelho das “boas novas” são a nossa oportunidade de aceitar a
graça de Deus através de Jesus por intermédio do poder do seu Espírito Santo. Isso não é algo
que a humanidade pode deduzir ou inferir por si mesma; mas uma história que deve ser contada
a cada pessoa em cada nação, em sua própria língua e precisa ser entendida por cada indivíduo
pessoalmente, para que possa ter a oportunidade de receber a graça de Deus.

A difusão desta mensagem de boas novas acontecerá em todo o mundo. Porém, esta mensagem
enfrenta barreiras culturais, geográficas ou linguísticas que limitam sua circulação livremente.
Comunicá-la é a missão dada por Jesus à Igreja. Deus encarregou sua missão a nós, seus
discípulos, que escutamos, cremos e recebemos esse presente da graça, aqueles que obtiveram
uma vida nova através do sacrifício de Jesus. Devemos compartilhar esse presente com o resto
do mundo que ainda precisa ouvir a mensagem de amor e salvação.

Durante os últimos 2.000 anos, a Igreja compartilhou o evangelho a diversos grupos étnicos em
muitas regiões do mundo e em diferentes idiomas. E ainda que que o avanço seja muito
significativo, essa tarefa ainda não está completa. Dos milhares de grupos etnolinguísticos
identificados globalmente, cada um único em sua geografia, cultura e língua, podemos dizer que
apenas dois terços do total são considerados alcançados e o terço restante não alcançado.

Chamamos de “Alcançado” o grupo etnolinguístico no qual um mínimo de 2% de sua população


é crente, tem acesso ao evangelho através de meios de comunicação (emissoras, canais de tv,
jornais e/ou publicações), conta com tradução bíblica ou parte dela e uma igreja nativa forte que
faça discípulos em sua própria cultura. Para tornar isso mais claro, estima-se que uma em cada
50 pessoas em uma comunidade crê no evangelho, a comunidade geral está interessada, tem
acesso a escutar o evangelho durante sua vida e acesso a indagar mais sobre quem é Jesus e o
que fez por nós, se considera que esta comunidade foi Alcançada.

O outro terço do total dos grupos etno-linguísticos é considerado “Não Alcançado”. Isso significa
que, em sua população, existem menos que 2% de crentes e são considerados não alcançados
por não terem acesso ao evangelho. Isso pode significar que apenas 1 em cada 100 pessoas nesse
povo é crente ou, mais ainda, poderia significar que em milhares de pessoas desse povo etno-
linguístico seriam encontrados apenas um ou dois crentes, ou até mesmo nenhum.

O Povo P. é um povo etno-linguístico não alcançado. Eles são um povo de 54.000.000 de pessoas,
das quais estima-se que apenas 300 sejam crentes. Isso significa que para encontrar um crente
P. você precisa conhecer 260.000 pessoas dessa etnia. Conforme essas estatísticas, entendemos
que o Povo P. é um povo não alcançado. E não apenas um povo não alcançado, mas também um
povo massivo formado por milhões de pessoas que vivem e morrem sem acesso ao evangelho.
Segundo as estatísticas para esse povo, 2.300 pessoas morrem a cada dia sem escutar do maior
presente concedido por Deus para suas vidas. Essas notícias são duras, porque essas pessoas não
decidiram rechaçar a mensagem de Cristo, simplesmente nunca a puderam escutar.

Porque “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”


Mas, como invocarão aquele em quem não creram?
E como crerão naquele de quem não ouviram?
E como ouvirão se não há quem pregue?
E quem pregará sem terem sido enviados?
Rom 10:13-15a

Como mencionamos inicialmente, nosso primeiro componente de necessidade e urgência é esse:


“O Povo P. não tem acesso ao evangelho e essa geração inteira de 54.000.000 de pessoas P.
pode ir para o inferno sem nunca terem tido uma oportunidade de serem salvos e de restaurar
sua relação com Deus.”

b. Falta de Obreiros Latinos


O segundo componente de necessidade se origina no entendimento dos esforços missionários
históricos pelo Povo P. As missões para o povo se originaram a mais de 200 anos, e Deus
abençoou esses esforços que até agora começaram a preparar e a fertilizar o Povo P. para uma
boa semeadura da Palavra de Deus e uma grande seara de crentes P. Por esses esforços pioneiros
e valentes é que agora podemos saber daqueles 300 crentes do Povo P.

Atualmente, sabe-se da existência de 15 a 23 obreiros internacionais, trabalhando ativamente


entre o Povo P., que tem um bom entendimento do seu idioma e de sua cultura. Da mesma
forma, existem outros esforços que têm sido feitos com a ajuda de meios de comunicação, mídias
sociais e outros que envolvem talvez umas 100-200 pessoas focadas exclusivamente em criar
este acesso ao evangelho em comunidades P. Porém, estes esforços não são suficientes para
impactar aos 54.000.000 de pessoas que precisam escutar essa mensagem.

Temos consciência de que uma das razões mais significativas pela obra do Povo P. não estar
avançando é a falta de um grande número de obreiros focados neste povo (existem muitas outras
razões pela qual o trabalho é difícil, e implica altas medidas de segurança, sabedoria e muita
paciência que tampouco podem ser ignoradas.

‘A seara é grande, mas são poucos os trabalhadores. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande
trabalhadores para a sua seara’ – Jesus
Mateus 9:37-38

Hoje em dia, podemos dizer que estamos vendo, nesta época e em escala global, que o número
de missionários em contextos ocidentais (América do Norte, Europa) está diminuindo, devido ao
crescente secularismo nestas regiões. Porém, como resposta a essa diminuição, Deus está
permitindo que igrejas do Sul Global (Centro e Sul América, o Sul da África e a Ásia Oriental),
aumentem seus esforços missionários a nível global.

Historicamente, o trabalho no Povo P. tem sido feito majoritariamente por crentes provenientes
de um contexto ocidental e estes delegaram, de geração em geração, esta missão à Igreja. Isso
criou uma obra consistente no Povo P., e é ela que envolve estes 15-23 obreiros de campo e aos
outros com esforços paralelos (mídias sociais, rádio, etc...). Porém, muito poucos do Sul Global
enfocaram-se exclusivamente no Povo P., e entre os que trabalharam com ele, os esforços de
multiplicar latinos trabalhando na obra foram mínimos ou tiveram pouca atenção. Isso significa
que, a nível global, ainda que os obreiros do Sul Global estejam aumentando em número, o total
de obreiros do Sul Global enfocado no Povo P., incluindo Américas do Sul e Central, não tiveram
nenhuma mudança significativa. Esta falta de obreiros latinos é o segundo componente da
necessidade que originou a visão da RAP.

II. O Resultado Ideal:


a. O desejo de Deus para cada etnia
Conhecendo essa necessidade, criada pela falta de acesso do Povo P. ao evangelho, e pela falta
de obreiros, particularmente obreiros latinos, temos que voltar a Deus e à Sua Palavra e nos
perguntar qual é o seu desejo para o futuro dos P. como etnia e para as missões ao Povo P.
Quando encontrarmos sua resposta, encontraremos nosso resultado ideal.

Pela graça de Deus, sua Palavra diz-nos claramente sobre o futuro de Deus para a humanidade
e, especificamente, para cada etnia ou povo etno-linguístico. O Apóstolo Paulo, facilmente o
expert e líder mundial no tema de missões dos últimos 2000 anos, descreve o desejo de Deus em
1 Timóteo 2:4. “Ele quer que todos sejam salvos e que cheguem a conhecer a verdade!” Este
versículo fala sobre o desejo de Deus de que sua graça, através de Jesus, seja compartilhada a
maior quantidade de pessoas ao redor do mundo. Porém sabemos que cada indivíduo não irá
aceitar a mensagem do evangelho. É possível que Deus aceite o fato de que existam grupos etno-
linguísticos completos que não tenham acesso ao céu e não estejam representados no céu?

Através do apóstolo João, Deus nos dá sua resposta em Apocalipse 7:9. Deus dá a João uma visão
do céu e mostra-lhe o seguinte: “Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém
podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas.”

Deus explicitamente nos mostra que cada nação, povo, tribo ou língua estará representada no
céu. Quando lemos este versículo em grego, encontramos a palavra “ethnos”, da qual se deriva
a palavra etnia e o termo grupo etnolinguístico (um grupo que compartilha uma etnia e um
idioma específico). Deus verá cada etnia, cada tribo, cada povo e cada língua representados no
céu. Este é o seu desejo e o seu direito, pelo qual pagou com o sangue de Cristo.

b. O Nosso Mandato Missionário ao Povo P.


Sabendo que a responsabilidade de compartilhar o evangelho na terra é dada por Cristo a nós,
sua igreja, podemos então deduzir que a expectativa de Deus em cumprir este mandato em
Mateus 28:19-20 é de compartilhar o evangelho até que cada grupo étnico seja representado no
corpo da igreja global. Ou, nas palavras de Cristo: “em toda Judeia e Samaria, até os confins da
terra.”

Levando em conta que o Povo P. é um grupo etnolinguístico, podemos deduzir com certeza que
tudo o que foi dito até aqui se aplica especificamente a este povo. Deus verá essa etnia
representada no céu, e nos encarregou a responsabilidade de compartilhar o evangelho com
eles. Se estudarmos o Povo P. mais de perto, veremos que ele é composto por um conjunto de
60 tribos. Se voltarmos ao versículo de Apocalipse 7:9 vemos que Deus verá cada tribo
representada no céu; portanto, nosso mandato divino é de compartilhar o evangelho com o Povo
P. até que exista uma comunidade de crentes em cada uma das 60 tribos P.

c. Mandato à Igreja Global


Uma vez terminados com esta tarefa, veremos o cumprimento da visão de Deus para o Povo p.
Se este cumprimento do mandato de Deus ocorrer com cada grupo étnico, então, a premissa de
Mateus 24:14 será um fato.

“E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as
nações. Então, virá o fim.” – Mateus 24:14

Jesus diz claramente neste versículo que, uma vez pregado o evangelho a cada etnia, o fim, que
compreende os eventos de Apocalipse e a promessa de Cristo acerca da Sua volta, começará. A
frase a seguir é provavelmente a mais importante de todas escritas aqui: A segunda vinda de
Cristo está diretamente conectada biblicamente com o acesso que o Povo P. tem ao evangelho.
Se entendemos tudo isso, podemos resumir o desejo de Deus da seguinte maneira:
1. Deus verá o Povo P. representado no céu (Apocalipse 7:9)
2. Deus nos fez responsáveis de compartilhar essa mensagem de boas novas com eles.
(Mateus 28:19-20).
3. Apenas depois que o Povo P. e o resto das etnias do mundo escutarem as boas novas,
é que vamos ver o retorno de Cristo. (Mateus 24:14)

Vendo tudo isso, entendemos que a segunda vinda de Cristo está diretamente conectada
biblicamente com o acesso que o Povo P. tem ao evangelho. Se o desejo de Deus for cumprido
no Povo P., a vinda de Cristo se aproxima.

Como igreja, nós rendemos nossas vidas a Cristo. Ele é o nosso Salvador, tanto como nosso
Senhor. E como nosso Senhor e nosso Rei, seus desejos, e mandatos, são nossas ordens. Tendo
descoberto o desejo de Deus para o Povo P. para nosso papel em sua obra, temos nossas ordens
de marcha. E que alegria é poder colaborar com Deus em uma tarefa que está diretamente
conectada com o retorno de Cristo!

d. Chamado à Igreja Latina


Neste momento, você pode estar se perguntando: Mas, David, o que você descreveu está certo.
Porém, este mandato é para a Igreja Global em sua totalidade. Por que o RAP tem um foco
específico na Igreja Latina para cumprir esta tarefa?

Esta pergunta pode ser respondida de muitas maneiras. A resposta bíblica mais simples dita que
a Igreja Latina é parte da Igreja Global e, como a Bíblia não dita nenhuma exceção na Grande
Comissão que faça distinção entre igrejas de diferentes etnias em seu papel missionário, a Igreja
Latina pode claramente ver um chamado específico ao Povo P. escrito neste documento.

Porém, se buscarmos mais detalhadamente como é que Deus está trabalhando no mundo
durante a história, veremos que Ele vem desenvolvendo, por centenas de anos, um plano que
prepara a Igreja Latina para focar em compartilhar o evangelho com o Povo P. A lista a seguir,
que não é, de maneira alguma, exaustiva, de todas as maneiras pelas quais Deus tem preparado
os latinos para irem ao Povo P, descreve algumas das maneiras mais importantes através das
quais Deus tem trabalhado por centenas de anos até este momento:

1. Influência Árabe
No ano 711 a.C., os mulçumanos conquistaram grandes partes da Europa, incluindo a Espanha e
Portugal. A cultura árabe foi a influência de maior força na Hispânia (uma região que hoje inclui
Espanha e Portugal) por 781 anos até que as Cruzadas expulsaram as forças árabes da área. Por
essa razão, as culturas espanhola e portuguesa, que logo foram trazidas para todo o mundo latino
na América do Sul pelos conquistadores, foram fortemente influenciadas pela cultura árabe. Um
exemplo disso é a palavra “inshallah” que, em árabe, significa, “se Deus quiser”. Em espanhol
usa-se essa mesma palavra sem perceber. Através dos anos, “inshallah” tornou-se “ojalá” em
espanhol e “oxalá” em português.

Nossa cultura hispânica foi grandemente influenciada pela cultura árabe e, por isso, para nós
latinos é, em geral, muito mais fácil nos adaptar a conviver em países árabes em comparação
com os norte-americanos, sul-africanos e muitos grupos asiáticos, entre outros.

Essa mesma influencia árabe, foi trazida ao Povo P. com o Islã e, portanto, a cultura do Povo P. e
a cultura latina tem muitos dos mesmos valores fundamentais em comum. Nós, como hispânicos,
estamos em uma posição única para entender e nos adaptar à cultura P. com mais facilidade.

2. Islã e Catolicismo Nominal na América do Sul


Quando os conquistadores vieram para a América do Sul, eles trouxeram consigo o catolicismo
nominal da Europa. Este catolicismo, que você e eu conhecemos muito bem nos nossos
derredores, não é um baseado no evangelho da graça. O catolicismo nominal no mundo latina
dita que as pessoas são salvas pelas suas boas ações e atos de contrição como a oração ordenada
por uma cura depois de uma confissão.

Logo, isso se baseia em uma teologia de obras, em contraste com o fundamento da salvação pela
graça, que é a essência do evangelho. Não precisamos buscar por muito tempo para descobrir
que a mudança drástica que alterou o fundamento da mensagem do que é o catolicismo
ortodoxo que se adere ao evangelho foi a influência islâmica que dita que, se alguém não segue
certas regras e faz mais bem do que mal, será aceito por Alá no céu.

As regras que se aderem ao catolicismo nominal na América do Sul, que crê na salvação por obras
e as que se aderem ao islã podem ser diferentes. Porém, o fundamento da sua religião é o
mesmo. Pergunte a um católico que crê que é salvo por suas ações se ele está seguro de sua ida
ao céu e ele terá as mesmas dúvidas que um mulçumano. Ou peça a um mulçumano que te
explique seu rosário e verá as semelhanças que tem com a prática e as crenças que permeiam o
rosário católico.

Explico tudo isso para dizer que a Igreja Evangélica Latina, através dos anos, desenvolveu uma
teologia muito clara protegendo a verdade do evangelho e desacreditando da salvação por obras.
Esta mesma teologia é extremamente aplicável ao Islã e ao mundo mulçumano uma vez que se
aprende sua cultura e suas crenças específicas. O que os mulçumanos mais necessitam ver, assim
como os católicos nominais, são homens e mulheres que têm sua fé em Cristo, e que tem a paz
e a convicção de que são salvos pela sua graça.

3. Historicamente Não Existem Conflitos Políticos Entre Países P. e Latinos


Uma pessoa P. que se encontra com um norte-americano ou europeu em seu país de origem
pode assumir que este indivíduo é um espião. Também pode ter ressentimento histórico ou
pessoal, porque talvez alguém de sua família, tribo ou linhagem ancestral foi ferido ou perdeu
sua vida lutando uma guerra que envolvia seu país ocidental.

Porém, se uma pessoa P. se encontra com um brasileiro, um colombiano, um boliviano, um


equatoriano, um peruano, um guatemalteco, um argentino, um chileno ou um indivíduo de
qualquer outro país Sul Americano, ela não terá esses pensamentos. É provável que aquela seja
a primeira que ela conheceu daquele país. Possivelmente, ela não estará nem mesmo segura
sobre qual continente aquele país se encontra. Enquanto europeus e norte-americanos serão
observados com muita suspeita, os latinos serão bem recebidos com mais facilidade.

4. Clima Político em Países Latinos


Uma outra maneira única através da qual nós latinos temos sido preparados, em contraste com
os nossos irmãos europeus e norte-americanos é o clima político na América do Sul. Como
peruano, cresci em uma igreja cristã na qual a liderança havia vivido durante a época do Sendero
Luminoso. Terríveis atos terroristas durante esse período haviam polido a teologia da igreja do
Peru e trazido um entendimento do sofrimento e da perseguição como parte da vida de um
crente e da igreja.

Atualmente, a RAP está trabalhando em vários países, dentre eles Colômbia e Venezuela. Na
Colômbia, grupos guerrilheiros operaram por mais de 50 anos de uma maneira muito similar aos
grupos terroristas no Afeganistão e no Paquistão.

Os grupos em ambos os países têm ideologias e propósitos diferentes, mas o resultado deles é
similar de muitas maneiras. Ambos ganham dinheiro sequestrando indivíduos e buscando
recompensas. Ambos criam um ambiente político que faz tanto os colombianos quanto os P.
crescerem sabendo o que é ter guerra em seus países de origem e, em muitos casos, em suas
próprias comunidades. Seus filhos são recrutados, às vezes inclusive por coerção, a se unirem a
grupos guerrilheiros. Esses país tem estado politicamente divididos entre as pessoas que apoiam
o grupo guerrilheiro e aquelas que são contra eles. A população está cansada de violência e está
esperando e desejando encontrar paz. E, infelizmente, muitos tem histórias de amigos ou
parentes perdidos pela guerra e pela violência em seus contextos.

Historicamente, os nossos irmãos norte-americanos e europeus têm sido uma grande benção
para o Povo P., e podemos e devemos aprender muito com eles. Porém, em muitos casos, eles
não têm um entendimento profundo, forjado por anos de experiência, e desenvolvido em
comunidade com Deus, para falar com autoridade empírica sobre esses temas, até que passem
longos períodos nas regiões P. Esta é uma maneira única pela qual Deus nos preparou através da
dor e sofrimento para nos equipar para uma obra única. Por favor, não interprete isso mal; ainda
que temos essa experiência histórica que nos dá uma preparação chegar ao Povo P., estou
convencido que, em muitas áreas, nossos irmãos norte-americanos e europeus têm muito a nos
oferecer e ensinar de sua experiência trabalhando com o Povo P.
A Venezuela é outro exemplo excelente de como Deus está preparando a sua igreja através de
dificuldades. Hoje em dia, a Venezuela está em um de seus pontos mais baixos. A corrupção e a
inflação no país deixaram o povo venezuelano sem acesso a muitos bens básicos, principalmente,
comida e remédios. Os venezuelanos tiveram que aprender a sobreviver em condições
extremamente difíceis que o resto de nós não pode nem imaginar. Mas se observarmos de perto
a população afegã veremos que, em muitos casos, eles enfrentam situações nesse nível de
dificuldade em sua vida cotidiana.

Uma vez que compartilharmos com eles nossas histórias de vida, nossos pesares em comum com
o Povo P. criamos uma comunidade e uma relação única. Nós podemos, se assim desejarmos,
simpatizar com o Povo P. e prover-lhes palavras de encorajamento. Porém, apenas aqueles
seletos que enfrentaram dificuldades similares as que o Povo P. vive diariamente podem ter uma
empatia mais profunda com eles, criando uma conexão de coração a coração que os encoraje, e
lhes anuncie esperança e verdade, cujo microfone é um indivíduo que sofreu os seus mesmos
pesares.

O que vemos com os exemplos da Venezuela e Colômbia é que Deus permitiu que a comunidade
latina sofresse muitos pesares tanto no passado como no presente. E, em meio a essas
dificuldades, a igreja latina perseverou, cresceu e encontrou a graça de Deus em meio aos seus
conflitos. Nossa teologia de sofrimento e caráter de perseverança foram forjadas durante muitos
árduos anos. E agora que amadureceram, é hora de compartilhar da graça que temos encontrado
em Deus com nossos irmãos do povo P.

Meu desejo ao escrever este material é que você descubra individualmente e coletivamente com
os teus círculos de influência, como Deus te preparou para responder a dor que as pessoas P.
encontram dia após dia.

Quando um P. te contar sua história de dor, guerra, morte e desolação, você poderá responder-
lhe com esperança, baseado em suas próprias experiências, como Deus te forjou em meio às
situações mais árduas e difíceis da sua vida. Talvez a oportunidade de compartilhar o seu
testemunho com o Povo P. é a oportunidade redentora de Deus que transforma toda a dor e
conflito que você suportou e as usa para Sua glória e edificação do Seu reino. Este, creio eu, é o
resultado ideal de Deus para nós, a Igreja Latina.

III. Nosso Propósito:


Facilitar um movimento de latino-americanos ao Pueblo P. a nível global.

a. O Propósito da Igreja Latina e o Propósito da RAP


Neste ponto, temos que fazer uma distinção entre o propósito da RAP e o da Igreja Latina. A
nossa visão, que foi descrita anteriormente, é ver um movimento de latino-americanos ao Povo
P. globalmente. Esta é a nossa visão porque, como explicamos, estamos convencidos que este é
o chamado de Deus para a Igreja Latina. Em outras palavras, um movimento de latinos para
evangelização do Povo P. é um propósito da Igreja Latina. Nosso propósito como RAP é facilitar
esse movimento.

b. Uma Descrição Do Cumprimento Do Nosso Propósito


Para cumprir o nosso propósito de facilitar o propósito da Igreja Latina, temos que descrever em
detalhe o que significaria a Igreja Latina estar cumprindo seu propósito; o qual, se está sendo
facilitado pela RAP, significa que nós estamos cumprindo o nosso. Nosso entendimento, em
termos gerais, é que o propósito da Igreja Latina pode ser descrito em 5 etapas principais. Por
favor, não leia estas cincos etapas como um regime detalhado e legalista de como esperamos
que se desenvolva a obra, mas simplesmente como um mapa simplificado que, ao longo do
caminho, preencheremos com mais detalhes à medida que formos alcançando as diferentes
etapas.

1. A Igreja Se RESPONSABILIZA pelo Seu Chamado

A Igreja Latina precisa, primeiramente, assumir a responsabilidade do seu chamado de fazer


parte no cumprimento da Grande Comissão e, por extensão, de tornar o evangelho acessível para
o Povo P. Para chegar a isso, a igreja precisa primeiro dar alguns passos.

A Igreja Latina não irá trabalhar em meio ao Povo P. sem assumir responsabilidade e um
compromisso sério. Este compromisso entregado por Deus a todos os corações do corpo latino
não virá se a igreja não ora pedindo a Deus que atue em favor do Povo P. Mas a igreja não irá
orar pelo Povo P. até que tome consciência da desolação em que vivem pela falta do evangelho.
E a igreja nunca irá se conscientizar por um Povo do qual nunca ouviu falar. Aqui é onde devemos
começar como rede: informando a igreja sobre o Povo P.

Na maioria das vezes em que vou a uma região nova para compartilhar sobre o Povo P., a reação
que recebo é de surpresa. As pessoas vêm e me dizem: “Nunca ouvi falar desse povo antes.” A
Igreja Latina não é passiva em sua missão ao Povo P. por desobediência direta, mas por falta de
conhecimento. Esta é a nossa primeira missão: informar a Igreja Latina sobre o Povo P. e seu
chamado a eles. E, como representante de RAP, você a nossa primeira linha de batalha para
ganhar essa guerra.

Uma vez que uma igreja é informada (seja por RAP ou outro esforço) sobre o Povo P., Deus irá
tocar os corações de algumas pessoas e líderes que irão se conscientizar e ser encarregados por
Deus com este foco missionário a esse Povo. Não serão todos. Se todos fossemos ao Povo P.
quem iria ao resto do mundo? Mas irão haver vários dos quais Deus toca o coração de uma
maneira particular.

Quando percebermos que esta paixão se iluminou nos olhos dos crentes que antes não sabiam
sobre o Povo P., ou não tinham interesse nele, devemos guia-los à oração. A oração é a nossa
arma mais poderosa contra as forças do inimigo que impede o acesso dos obreiros ao mundo P.,
fecha o coração dos P. e nos enche de apatia pela sua necessidade do evangelho. Quando uma
igreja está ativa e informada orando pelo Povo P., ela já está causando um impacto na guerra
espiritual pelas almas das pessoas desse povo.

Quando uma igreja ora, cria-se um espaço para que a presença e o coração de Deus falem
diretamente sobre sua parte em completar essa tarefa. Não deveríamos nos surpreender quando
uma igreja que ora sentir, depois de uma temporada de oração, um chamado a se comprometer
e a se focar no Povo P. de forma ativa e missionária. Neste momento, precisamos introduzir a
conversa acerca da opção de adotar o Povo P. com foco missionário.

Esta não é uma decisão que deve ser tomada levianamente, porém, uma vez feita, deve ser
considerada em alto grau como um compromisso de extrema seriedade. Durante esse processo
de assumir o compromisso, a igreja começa a pesquisar mais sobre o Povo P. e a segunda etapa
começa.

2. A Igreja cria um PLANO para se focar no Povo P.


A igreja acabou de se comprometer a trabalhar com o Povo P. Em alguns casos, isso irá significar
uma adoção total e em outros a igreja simplesmente reconhece o chamado de um ou mais
indivíduos de sua congregação que deseja trabalhar com esse povo e é encarregada com a
responsabilidade de prepará-los bem para ir ao campo.

Seja qual for o motivo específico, a igreja se encontra com a necessidade de aprender mais sobre
o Povo P., sua cultura e o seu contexto particular. A igreja quer criar um plano para servir ao Povo
P. que seja efetivo e abençoe-o, mas ir ao campo muito apressadamente sem um bom
entendimento cultural, pode causa mais dano do que bem.

Se temas culturais mais profundos, assim como temas de segurança e protocolos de emergência,
não foram compartilhados antes, eles devem ser tocados profundamente nesta etapa. O ideal
seria que uma igreja que estivesse começando esta jornada pudesse se conectar com outras
igrejas mais adiantas no processo para aprender com elas.

Também é fundamental mencionar que algo transformador acontece quando os líderes da igreja
e alguns membros representantes da congregação podem ter contato direto com pessoas P.,
conhecê-los e interagir com eles cara-a-cara. Isso enche de cor uma visão preta e branca e ajuda
a intensificar a chama de paixão no chamado corporativo da igreja.

3. A Igreja TREINA Obreiros para Irem ao Povo P.


Uma vez que a igreja tenha preparado um plano específico de ação que envolva um
entendimento sábio da cultura e do contexto político do Povo P., e identificou as necessidades
desse povo e as fortalezas de sua igreja conectadas com estas ditas necessidades, a igreja poderá
identificar um plano de ação para treinar obreiros para irem ao Povo P.

Possivelmente, um plano de preparação excelente incluirá a colaboração com outras


organizações e igrejas que têm mais experiência nessa região específica. Começar a estabelecer
relações e alianças estratégicas com outros envolvidos nessa mesma tarefa é chave para poder
mutuamente nos ajudar de uma maneira que traga a glória de Deus e edifique Seu reino.

Finalmente, uma igreja enviando obreiros deve estar segura de que os pode enviar bem e de uma
maneira sustentável a longo prazo. Isto inclui buscar maneiras de manter o compromisso com o
Povo P. e seus obreiros durante o passar dos anos, além de ter um compromisso ativo de apoias
em oração e financeiramente seus obreiros de uma maneira que não esmoreça ou diminua. Uma
igreja também deve se preparar para cuidar dos seus missionários pastoralmente se eles tiverem
dificuldades emocionais, psicológicas ou espirituais e ter planos em prontidão para problemas
médicos, políticos e outros que possam surgir.

4. A Igreja AVALIA Seu Progresso e CORRIGE O FOCO da Sua Estratégia


Periodicamente, a igreja deverá reavaliar seu progresso. A obra em meio ao Povo P. é lenta, mas
quando não se tem um bom entendimento do contexto pode-se distinguir uma obra que dá
frutos e uma que não os traz. A igreja e os obreiros devem colaborar flexivelmente para afinar
seus planos assim que se derem conta de quais estratégias e táticas funcionam e quais não. A
missão e o propósito nunca mudam, mas a estratégia pode ser mudada.

Outro momento no qual há uma mudança na estratégia é quando surgem líderes nacionais.
Quando não existem crentes P., não existem líderes em meio a eles que queiram completar a
obra, os obreiros trabalham diretamente, mas uma vez que seu trabalho comece a frutificar e
estes líderes comecem a surgir, devemos nos focar em equipá-los com excelência e ajuda-los a
cumprir a obra ombro a ombro conosco, sem criar dependência.

5. O Grupo Étnico é considerado alcançado e a Igreja DELEGA o alcançar o resto da


comunidade a esforços nacionais.
Finalmente, chegará o dia em que o Povo P. terá um acesso relativamente bom ao evangelho
(este dia pode demorar décadas ou séculos). Uma vez que uma igreja nacional estiver
estabelecida e tenha ganhado força, progressivamente iremos delegar e entregar-lhes mais e
mais a responsabilidade de alcançar seus compatriotas. Eles são chamados pelo Pai a serem
evangelistas em seus povos e em suas cidades. Se ajudamos progressivamente a equipá-los bem
e serviçalmente, essa transição será natural e frutífera. Uma vez que essa meta for alcançada,
podemos buscar ao Senhor e pedir-Lhe que nos ajude a identificar outro povo não alcançado com
o qual poderemos começar o processo novamente.

IV. Nossa Missão:


Informar e equipar a igreja Centro/Sul-Americana sobre como “tornar o evangelho acessível ao
Povo P.”

a. O papel da RAP
Dada esta visão clara de Deus sobre como a Igreja Centro-Sul Americana deveria estar envolvida
em sua obra com o Povo P., nosso papel como facilitadores é facilmente dedutível. Começando
desde o primeiro passo em que apontamos para o fato de que nenhuma igreja irá se envolver
com o Povo P. sem estar informada, podemos definir nosso papel inicial como aquele de informar
as igrejas sobre este chamado e necessidade.

Uma vez que a igreja sentir este peso pelo Povo P., nos compete guiar-lhes a começar a orar de
maneira informada por esse povo e, paulatinamente, veremos surgir na igreja uma visão e o
desejo pelo envolvimento.

Quando isso ocorrer, devemos ajudar a facilitar conexões utilizando materiais, recursos ou outros
treinadores experientes em vários temas do Povo P., processo de adoção, segurança, etc.
Finalmente, estas igrejas focadas no Povo P. que surgirão nos diferentes lugares terão uma
necessidade de colaboração com outras igrejas com a mesma visão. Nosso papel quando isso
ocorrer é poder facilitar o diálogo e eventos que criem sinergia e colaboração entre todos estes
grupos.

V. Conclusão:
Como você pôde ver, o propósito, a missão e os princípios da RAP surgem de um chamado e da
grande necessidade de completar a Grande Comissão. Nosso chamado é claro. Facilitar um
movimento de latino-americanos ao Povo P. a nível global. E vamos informar e equipar a Igreja
Centro-Sul Americana sobre como “tornar o evangelho acessível ao povo P.” até que cada pessoa
P. que quiser escutar sobre Jesus tenha a oportunidade de fazê-lo. As estratégias e táticas
delineadas neste esboço podem mudar. É possível que chegue o dia em que esse material seja
inútil. Porém, enquanto exista alguma pessoa P. que clame a Deus por esperança e resposta e
não tenha maneira de encontrá-las em seu contexto e idioma, nosso chamado como rede a
focarmos em alcançar o Povo P. se mantém firme.

Na seção a seguir, vamos estudar os princípios específicos da RAP e, especificamente, como


cremos que proteger a cultura que aqueles princípios criam nos ajudará a completar esta tarefa.
Nossos Princípios:

Nossos Princípios:
- Adoção: Envolvemos as igrejas a se comprometerem a longo prazo com o Povo P. através
da adoção.
- Foco: Sabemos que o trabalho com o Povo P. exige uma intencionalidade focada e muito
empenho, portanto, estamos focados exclusivamente nesta etnia.
- Inovação: Estamos constantemente buscando maneiras de melhorar a nós e a nossa
estratégia em um mundo em constante mudança. O propósito não muda, mas a
estratégia é flexível.
- Facilitar: Nosso papel como Rede é informar, facilitar e empoderar as igrejas e agências
missionárias para chegar ao Povo P. Nós não definimos estratégias de campo, apenas
equipamos os líderes para que o façam.
- Segurança: Sabemos do risco que muitos correm trabalhando com o Povo P. Por isso,
somos sensíveis à hora de tomar as medidas de segurança necessárias, procurando ser
prudentes e sábios nas nossas decisões.
- Sinergia: Existimos para facilitar a colaboração entre os diferentes esforços existentes
para alcançar o Povo P. Portanto, a Rede não pertence nem se adere a uma denominação
específica.

I. Uma Nota Sobre Princípios e Cultura

Nesta seção, vamos descrever os princípios ideais que nós cremos que irão levar a RAP, uma rede
colaborativa internacional, a completar a meta de “facilitar um movimento de latino-americanos
ao Povo P. a nível global”. Cremos que estes princípios são importantes e queremos protegê-los
através do crescimento da RAP; porém, sabemos que essa é uma meta difícil. Com cada pessoa
e organização que a rede se une, novos valores e ideias entram em nosso contexto.

Ao longo do tempo, esta transformação será impossível de deter e, de fato, não devemos tentar
pará-la. Se a RAP segue crescendo de forma saudável, ela irá amadurecer. Em tempos de
constante mudança, estratégias irão fluir. Porém, os princípios que ditam as decisões, estes que
estão escritos acima e que vamos analisar em detalhe, devem ser protegidos. Não deveríamos
nos surpreender quando, dentro de alguns anos ou décadas, descobrirmos que manter os
protocolos de segurança signifique algo muito diferente do que significa hoje. Porém, no dia em
que nos tornamos descuidados na forma em que manejamos este chamado de Deus para nós,
vidas serão postas em risco desnecessário.

Em conclusão, os princípios devem ser protegidos durante o crescimento da rede. Porém, como
estes princípios se desenvolvem ao interagir com as situações da vida real irá mudar.
II. Adoção
Envolvemos as igrejas a se comprometerem a longo prazo com o Povo P. através da
adoção.

a. O que é a Adoção de um Povo Não Alcançado?


A Adoção de um Povo Não Alcançado (PNA) é um compromisso a longo prazo de uma igreja ou
organização a favor de uma etnia que ainda precisa de ajuda externa para ter acesso ao
evangelho. Neste caso, estamos falando do Povo P.

Adotar uma filha é uma decisão muito grande para uma família e requer todo um processo. A
adoção em uma família geralmente ocorre quando uma unidade familiar (seja um indivíduo,
casal, ou casal com filhos) descobre que existe outra pessoa, menor de idade, que necessita de
pais. Isso pode ser porque seus pais faleceram ou porque não podem cuidar dessa menina por
alguma razão. Esta unidade familiar, então, decide aceitar o papel paternal para esta menina e
se responsabiliza por cuidar dela até a maturidade. A família irá prover por essa menina durante
seus anos de formação para vê-la crescer até chegar à maturidade e tornar-se mulher adulta,
autônoma e independente, que possa formar sua própria família.

O mesmo ocorre quando uma igreja que adota a um PNA. Uma igreja autônoma e independente
na América Latina, que já chegou à maturidade, se dá conta de que em outra parte do mundo há
uma igreja frágil e em um estado vulnerável. Em um PNA, a igreja nacional não é autônoma nem
independente e precisa de ajuda para amadurecer e tornar-se autônoma e automultiplicável
(isso geralmente ocorre em um PNA quando 2% da população aceita o evangelho). Em alguns
casos, a igreja ainda não nasceu e não existem crentes. Esta igreja, assim como muitas pessoas
que virão a nascer no futuro, são criações de Deus que Ele ama que não chegaram à existência,
mas que são parte de Seu plano. Em outros casos, a igreja nacional é um bebê indefeso. Não sabe
como se alimentar já que, possivelmente, a Bíblia não está nem sequer disponível no seu idioma.
Pode ser que a igreja seja muito frágil e que, se não for protegida, pode morrer (por exemplo, a
perseguição poderia extinguir uma igreja nacional).

Dada esta realidade, a igreja autônoma e independente da América Latina pode decidir a respeito
dessa igreja vulnerável no Povo P.: nós vamos adotá-la. Vamos velar por seu bem-estar e
crescimento saudável envolvendo-nos das maneiras que Deus tornar possível a nós para amá-los
incondicionalmente e ser benção para eles. Queremos nos comprometer com este processo com
a meta de que um dia veremos a igreja nacional do Povo P. ser uma igreja madura, independente,
que se multiplica e inclusive toma a responsabilidade de ajudar outro PNA a ter uma igreja
madura em seu contexto.

b. Como é o Processo de Adoção?


Esse processo de adoção pode ser classificado de diferentes maneiras. Neste caso, vamos dividi-
lo em 5 etapas principais que são chaves para delinear o processo:
1. Conscientização e Visualização
Esta é a primeira etapa no processo de Adoção. Assim como o Povo P. não aceitará um evangelho
do qual nunca ouviu, e uma família não adotará um bebê que não sabe que existe. O primeiro
passo para a adoção do Povo P. (ou qualquer PNA) por uma igreja, é de saber de sua existência.
Se uma igreja não sabe o que é um PNA, não conhece sua responsabilidade e o seu papel na
Grande Comissão, e não sabe que o Povo P. existe, ela nunca se concentrará neles.

A conscientização se origina geralmente de duas maneiras diferentes, porém ambas têm um fator
comum: um convite de Deus através de uma força externa à igreja.

i. Maneira 1: Deus convida diretamente um membro da igreja a começar o processo de


investigação que os leva a conhecer a adoção e um PNA específica. Neste caso, Deus pode
colocar no coração de um membro da igreja um país ou uma cultura desconhecida à igreja.
Essa pessoa começa a investigar e eventualmente se depara com a informação que inicia o
efeito dominó que levará a igreja a adotar um PNA. Um paralelo a este cenário é quando Deus
põe no coração de um pai/mãe o desejo de adotar um filho. Previamente, eles não sabem de
nenhuma necessidade nem do processo de adoção. Porém, através deste convite de Deus,
eles começam a aprender sobre o processo legal de adoção e eventualmente conhecem a um
menino(a) o qual decidem adotar. Durante nossa jornada na RAP, vimos pessoas que nos
encontraram através de uma busca específica originada em um chamado de Deus para o Povo
P., adoção ou inclusive alguns dos países onde residem os P.
ii. Maneira 2: Deus convida indiretamente à igreja a considerar a adoção de um PNA através de
uma pessoa/organização externa. Isso é o que ocorre quando representantes da RAP visitam
igrejas que ainda não tiveram contato prévio e lhes conta sobre o Povo P. e os convidam a
começar a considerar a adoção de um PNA. Fazendo um paralelo com a adoção familiar, seria
quando uma pessoa sabe de um bebê específico que precisa ser adotado fala com uma família
que ainda não considerou a adoção previamente e os convida a considerar a adoção deste
menino(a). O fato de que esse convite seja feito de forma humana ao invés de ser
diretamente de Deus não o torna menos espiritual. Porém, uma igreja que escuta um convite
externo, deve perguntar a Deus se este convite vem dEle como parte de sua vontade para
aquela igreja especificamente.
Uma vez que a igreja se inteire por alguma dessas maneiras sobre o PNA e sobre a adoção, existe
um outro passo nesta etapa que deve ocorrer: a visualização. Quando uma família se inteira que
existem órfãos, isso não significa que eles vão adotar um. Inclusive, conhecer um órfão específico
não é garantia da adoção. Eu cresci no Peru, onde dia após dia víamos meninos nas ruas sem
famílias e minha família nunca decidiu levar um para casa.

Uma família precisa visualizar-se ou imaginar-se como seria ser um pai ou mãe adotivo. Ela tem
que ver este órfão como um menino(a) que merece o amor de uma família e que deve crescer
protegido e cuidado para tornar-se um membro funcional da sociedade. Uma família que sabe
que existe um órfão específico e sabe que existe um processo de adoção legal, necessita ainda
começar a sonhar, como família, inclusive também com Deus, sobre como prover um lugar para
este menino(a) e observar se está dentro das suas capacidades tornar essa mudança realidade.

O mesmo ocorre com uma igreja. O processo de visualizar ou imaginar um futuro diferente para
um PNA e para o seu envolvimento em ver essa mudança tornar-se realidade é muito importante.
A igreja deve entender e internalizar as seguintes verdades durante esta etapa:
i. Deus ama este PNA
ii. Deus quer um futuro diferente para este PNA que inclui uma igreja nacional madura e
autossustentável.
iii. Deus quer usar igrejas como a nossa para ver essa transformação ocorrer.
iv. Se decidimos aceitar seu convite, podemos nos tornar colaboradores com Deus para ver a
igreja nacional desse PNA alcançar a maturidade.
v. Este compromisso será pelo resto da existência de nossa igreja.
Uma vez que a igreja tenha internalizado estas verdades, ela pode passar à etapa seguinte de
uma maneira informada e com bem fundamentada. Antes de falar da etapa seguinte quero
mencionar em um nível prático as coisas que a igreja deve começar a fazer durante esta etapa
para avançar no processo:
i. Oração: desde o momento em que a igreja crê que poderia ser uma possibilidade considerar
a adoção de um PNA, a igreja deve orar pelo PNA e por seu processo de discernimento como
igreja. Sem oração, o espaço espiritual para discernir um chamado de Deus não irá existir.
ii. Educação: a igreja deve educar-se sobre o processo de Adoção e sobre o PNA. A igreja não
pode passar à etapa seguinte de assumir um compromisso sem saber que compromisso é
esse, ou com que grupo ela está se comprometendo. Quanto mais conhecimento a igreja
tiver sobre o PNA e o processo de adoção, mais a igreja terá contexto e informação para
ajudar em seu processo de discernimento.
iii. Viagens de Exploração: na medida do possível, se os representantes ou líderes da igreja
podem viajar ou visitar o PNA, ou sequer um diáspora, este é um passo chave no processo de
discernimento; do mesmo modo em que os pais adotivos, se possível, querem conhecer um
menino(a) e tê-lo em seus braços antes da adoção, isso irá ajuda-los a guiar sua decisão Um
espaço em que os líderes da igreja se sintam cara-a-cara com os membros do PNA irá ajuda-
los a descobrir um amor por eles entregado por Deus ou a clareza de que este PNA específico
não é um convite para eles.
2. Compromisso (Adoção) do PNA
Depois do primeiro passo, a igreja já sabe da existência do PNA e do processo de adoção
(conscientização) e está se imaginando em comunhão com Deus como poderiam se envolver e
tornar-se parte do crescimento da igreja no PNA (visualização). Uma vez que a igreja tenha
entendido a visão de Deus para o PNA e para a sua igreja alcançar o PNA, ela está pronta para a
segunda etapa: o compromisso.

Assim como a igreja, os pais adotivos têm um tempo de preparação antes da adoção formal e
lega. Eles precisam preparar seu lar para receber um novo membro em sua família, investir
finanças em comprar as coisas indicadas, coordenar o processo de adoção com um advogado e a
agência de adoção e muitas coisas mais. Porém, há um momento decisivo. O momento no qual
pai e mãe sentam-se na frente de um documento e, ao assiná-los, este menino(a) se torna,
legalmente, naquele instante, parte de sua família. A responsabilidade de cuidar dele, protegê-
lo e guiá-lo durante sua vida deixa de ser teoria e passar a ser realidade.

Esta etapa de compromisso é quando a igreja, na presença de Deus, aceita Seu convite a se
responsabilizar para que o evangelho alcance a esse PNA. Sabem tanto como cada pai no mundo
que não serão perfeitos, mas também sabem que, a partir desse momento, aceitaram um
compromisso diante de Deus que traz sérias responsabilidades a serem cumpridas.

Esta etapa deve incluir uma celebração como igreja na qual os líderes comunicam essa decisão
formal à congregação e coletivamente a igreja assume o compromisso de adotar o PNA. Isso é
algo que, a partir desse momento, irá definir a cultura dessa igreja específica. Quando um
membro novo se une a uma igreja, deve saber que está se tornando parte de uma igreja que
adotou um PNA específico, e que sua entrada como membro inclui esse compromisso com este
PNA.

Algumas igrejas escrevem esse compromisso em um documento que os líderes da igreja assinam
e, uma vez assinado, é posto visivelmente na igreja. Assim, cada membro pode refletir sobre o
significado do seu compromisso e os novos membros podem vê-lo exposto em algum lugar.

Para chegar neste momento de celebração (que, como cada bom pai adotivo sabe, é o final de
uma longa temporada de antecipação, porém, da mesma forma, um novo começo de jornada
que será levada pelo resto da vida da igreja), a igreja deve tomar algumas medidas práticas para
assegurar-se de que o compromisso é sério e genuíno para ela.
i. Compromisso da liderança e da igreja
Pode ser que este interesse em adotar um PNA comece com um ou mais membros da
congregação. Eventualmente, essa proposto chegará aos ouvidos dos líderes da igreja. Para
que uma adoção familiar cria uma boa dinâmica familiar, ambos pais devem estar
comprometidos com a adoção. A mãe não pode dizer ao pai que deseja adotar um filho e
escutar o pai dizer: “Se você quer adotar um filho, então adote, não me importo. Mas será
seu filho, não meu.”
Para que a adoção seja saudável e funcione, a equipe pastoral da igreja idealmente deve ver
este compromisso como um mandato de Deus para sua igreja (ou como, no mínimo, uma
excelente maneira de obedecer à Grande Comissão como Igreja) e apoderar-se da visão. De
uma forma ou de outra, o empoderamento é necessário, a permissão da liderança não é
suficiente.
ii. Compromisso por parte da congregação
A congregação é outra parte essencial do processo. Quantas vezes, como líderes nas igrejas,
tivemos ideias novas, as compartilhamos com a igreja e nos movemos nessa direção, apenas
para nos dar conta de que ninguém estava nos seguindo? Se a congregação não se apodera
do compromisso, a adoção não irá funcionar.
Outro desafio em meio a isso é manter a adoção viva depois do compromisso, tanto com a
congregação, tanto como com a liderança. Tanto quando a equipe pastoral muda como
quando entram novos membros e membros antigos saem da igreja, este compromisso de
adoção pode ser debilitado. Será importante manter visivelmente o compromisso vivo com
ambos grupos durante a vida da igreja.
iii. Calcular o custo
Finalmente, para que a adoção funcione, ambos, tanto a liderança da igreja como a
congregação, devem calcular o custo. Adotar um PNA não é fácil. Se a tarefa de alcança-los
fosse simples ou sem obstáculos, alguém já o teria feito nos últimos 2000 anos. No caso do
Povo P., por exemplo, existem muitos riscos no campo e muitos custos associados, tanto
sacrificiais quanto financeiros, para ter um ministério frutífero entre eles a longo prazo. A
igreja deve considerar se está disposta a sacrificar e a investir o necessário para levar adiante
essa meta. Perguntas como: “Estamos dispostos a enviar nossos filhos a servir ao Povo P.?”
devem ser respondidas.
Uma família não adota um filho sem primeiro considerar se poderá investir tempo para cria-
los e as finanças para prover-lhes.
3. Estratégia de envolvimento
Uma vez que a liderança e a congregação tenham concordado em adotar um PNA, é hora de
comemorar! Esta celebração é um momento comemorativa para a igreja na qual se inicia uma
relação íntima entre eles e o PNA. Foi um longo processo de discernimento até aqui, e a decisão
foi enfim tomada. Porém, esta decisão marca um novo começo. A igreja agora precisa aprender
como levar adianta seu compromisso.

Esta é uma fase de aprendizagem. A igreja se envolverá diretamente com o PNA (enviando
obreiros prontos para trabalhar entre eles) ou indiretamente (apoiando o trabalho feito em um
PNA por outros obreiros com oração, financeiramente, apoiando projetos específicos,
mobilizando outros a ir ao PNA, etc.). Porém, antes de lançar-se ao PNA, a igreja precisa aprender
sobre ele, sobre o trabalho já feito entre ele, oportunidades e sobre outros que estão atualmente
trabalhando entre ele, etc. Nesta fase, praticamente tudo será novo.

A meta dessa fase é uma investigação profunda que leve a igreja a responder bem às seguintes
perguntas:
i. De que maneira podemos nos envolver com o trabalho com o PNA de forma culturalmente
sensível e alinhada com a natureza da nossa igreja?
ii. Como devemos nos preparar para nos envolver de uma maneira sensata e efetiva?
iii. Em que áreas de aprendizagem requeremos de ajuda externa a nossa igreja para nos
preparar bem?
iv. Quais recursos (outros obreiros, igrejas, redes colaborativas como a RAP, livros,
treinamentos, etc.) estão a nossa disposição para satisfazer essas áreas de aprendizagem?
Quando a igreja puder responder bem a essas 4 perguntas, ela está em um bom momento para
seguir adiante.

Nota: outro de nossos princípios, a inovação, falará mais sobre isso, porém, em um contexto em
constante mudança, a igreja que deixa de aprender deixa de ser efetiva no campo. Enquanto a
igreja irá se “graduar” nas etapas 1 e 2, esta terceira etapa, de aprendizagem e criação de
estratégia, é uma que é constante e paralela ao desenvolvimento dos passos 4 e 5.

4. Treinando os Participantes
Uma vez definido o processo de preparação e treinamento para o envolvimento da igreja, os
candidatos que quiserem participar diretamente (seja a longo prazo ou a curto prazo visitando
os obreiros no campo) terão que ser treinados com excelência. Se a igreja identificou que seus
próprios recursos e conhecimentos são insuficientes para treinar um indivíduo e enviá-lo bem ao
campo, alianças estratégicas com redes colaborativas, agências enviadoras, denominações ou
outras igrejas com mais experiência, podem ser chaves nesta etapa.

Geralmente, organizações com uma visão ou interesse similar (por exemplo, ambas adotaram o
mesmo PNA), estarão muito interessadas em se ajudar mutuamente e buscar a maneira de seguir
adiante com a visão.

A própria congregação deve continuar aprendendo sobre a cultura do PNA e manter-se


informada sobre o progresso da obra para estar orando especificamente. Também, para manter
contato com os obreiros do campo, devem começar a ser treinados em detalhes de segurança e
comunicação e protocolos específicos para diferentes situações.

A igreja quer estar preparada para se comunicar de forma segura com seu obreiro no campo,
mas também para cuidar de sua família estendida em caso de emergência ou dos obreiros mesmo
durante um tempo de crises ou se tem que evacuar e retornam abatidos à igreja.

Quanto melhor a igreja se preparar para apoiar a obra, melhor será a experiência dos obreiros e
mais provável será que eles perdurem no campo por um longo prazo maximizando sua
efetividade e, portanto, o impacto da igreja com o PNA.

5. Envolvimento com o PNA


Finalmente, chega o dia em que os candidatos a serem obreiros foram preparados, a congregação
foi treinada e, ainda que o aprender seja contínuo e por toda a vida, a igreja se envolverá
diretamente pela primeira vez com o PNA. Esse é um dia emocionante e uma etapa em que a
igreja quer manter-se e crescer em capacidade e qualidade de seu envolvimento pelo resto de
sua vida organizacional.

Durante esta etapa, a igreja está envolvida no campo e constantemente avaliando seu progresso
e afinando sua estratégia baseando-se no aprendido. Durante as primeiras etapas, é importante
que a igreja compartilhe sua visão com outras igrejas e as convide a adotar um PNA junto deles.
Porém, durante esta etapa, a igreja pode ajudar outras igrejas em etapas de adoção anteriores e
aprender a enviar obreiros.
c. Por que a Adoção é Importante?
Acabo de descrever um processo de adoção específico. E com este nível de detalhamento, a
verdade é que é possível que a metodologia de adoção mude com o tempo. O que não pode
mudar é o processo de levar uma igreja em um PNA à maturidade, é a essência do compromisso
necessário a longo prazo. Adoção é um compromisso pela vida inteira, e seja por estes passos ou
por outros específicos que se desenvolvam nesse processo, o compromisso pela vida inteira com
um PNA é o que levará uma igreja a ter um impacto sério.

Com grupos como o Povo P., que tem um idioma e cultura difíceis de aprender e manejar, um
compromisso de curto prazo não tem impacto. Viagens informadas de curto prazo com uma
estratégia de longo prazo e em colaboração com um trabalho permanente têm valor; porém um
envolvimento curto, guiado pela emoção ao invés do compromisso, não apenas não causará
impacto, mas também é provável que, guiado por um desconhecimento profundo da cultura,
clima político, etc., seja perigoso em detrimento da obra em geral.

III. Foco
Sabemos que o trabalho com o Povo P. exige uma intencionalidade focada e muito
empenho, portanto, estamos focados exclusivamente nesta etnia.

a. O Que Significa Estarmos Focados?


Estar focados como organização no Povo P. significa que, como RAP, o nosso desejo é de
promover exclusivamente esforços que conduzam nossa missão de ver a Igreja Latina: “tornar o
evangelho acessível ao Povo P.”

Isto não é porque cremos que outras metas ou visões sejam menos importantes que a nossa.
Deus ama a cada PNA e tem um espaço reservado em Seu reino para cada um deles.

Isso simplesmente significa que reconhecemos nossa própria natureza humana. Existem outros
grupos mais fáceis de alcançar, onde a terra é mais fértil. Existem outros interesses da igreja onde
há mais oportunidades e portas abertas. E se começamos a trabalhar nossa visão e algo paralelo,
a facilidade e a velocidade do fruto em outros contextos poderão facilmente nos desfocar e nos
levar a fazer algo bom, mas não especificamente o que cremos que Deus nos chamou, como RAP,
para completar.

b. Como Nos Focamos?

Nos enfocamos mantendo-nos informados desse risco. A tentação de gravitar para o mais fácil é
uma das quais nós não somos impermeáveis. Satanás há séculos detém o controle do Povo P. e
não quer rendê-lo. Ele está feliz nos redirecionando a ser mais uma luz em uma cidade que
abunda com o evangelho.
É por isso mesmo que esse documento foi criado. Para ter uma guia que possa nos ajudar a
realinhar com a visão original que recebemos de Deus quando nos desfocarmos, submetendo
nossa autoridade à autoridade da Bíblia.

c. O que Acontece se Nos Desfocarmos?

Deu dá o fruto. Mas Ele também nos convida a plantar e a regar para que Ele faça o fruto crescer.
Se somos um dos poucos plantando e regando no Povo P. e nos desfocarmos, Deus não irá se
mover independentemente através de sua Igreja Global (não porque não possa, mas porque nos
delegou essa responsabilidade) e veremos uma população de mais de 54 milhões de pessoas P.
morrem sem o evangelho nos próximos 50-70 anos. Esse é o custo da desobediência da Igreja
Global com o Povo P.

Nota: isso não significa que, para pertencer a rede, cada igreja e organização dentro da RAP
estará exclusivamente foca apenas no Povo P. Porém, como RAP, um esforço coletivo com uma
missão clara, nos moverá juntos em uma direção.

IV. Inovação
a. O que é Inovação?
Inovação é criatividade aplicada a resolver novos desafios ou antigos obstáculos de uma maneira
melhor. Uma cultura de inovação, em sua essência, é uma que não diz “já temos as respostas”,
mas uma que se pergunta diariamente:
i. O que podemos melhorar?
ii. O que mudou ao nosso redor de nós que pode se tornar uma oportunidade?
A maioria das organizações jovens começam sendo muito flexíveis e inovadoras porque tudo é
novo para eles. Porém, com o tempo, frases como: “sempre o fizemos dessa maneira” e “se
funciona, por que mudar?” levam essas mesmas organizações a se tornarem obsoletas de pouco
a pouco.

Como o mundo em que trabalhamos (e o mundo do Povo P.) está em constante mudança, temos
que ser flexíveis a essas mudanças. Cada boa ideia que hoje em dia é inovadora tem uma data de
validade, porque o mundo ao redor dela irá mudar tanto que ela se tornará obsoleta.

O nosso problema não é apenas que o mundo segue mudando, mas que nem sequer
conseguimos resolver o problema atual e já surgem outras mudanças. O Povo P. segue sem
acesso ao evangelho. Apesar de muitos esforços durante os últimos 200 anos, a tarefa segue
pendente.

Não me interprete mal, os últimos 200 anos de esforço nos levaram longe. A tradução da Bíblia
está bastante avançada, e já existem os primeiros crentes entre o Povo P. Estes esforços do
passado foram nobres e temos muito o que aprender com eles. Sem eles, a missão não chegaria
ao ponto em que está hoje.
Porém, sem inovação, não irá avançar mais. Vários líderes através da história foram considerados
inventores da seguinte frase: “Para alcançar algo nunca antes alcançado, é preciso tentar algo
que nunca antes foi tentado.”

Essa é a realidade que nos força a inovar.

Como mencionei na introdução desse livro, há 50 anos, não havia um grupo político radical no
Povo P. Há 200 anos atrás não nos preocupávamos com cibersegurança e há 500 anos não nos
preocupávamos com vistos. Porém o mundo mudou e agora a maioria dos PNA requerem
plataformas de ‘acesso criativo’. Nesses contextos, os métodos prévios são obsoletos e os
métodos presentes estão envelhecendo de pouco a pouco.

Precisamos continuar juntos descobrindo o convite de Deus a sermos criativos, sábios e


estratégicos em um mundo em constante mudança.

b. Como Devemos Inovar?


Inovar é um processo que, para ser feito com excelência e sabedoria, deve se concentrar no
passado, no presente e no futuro. Uma cultura obsoleta é aquela que escolhe um ponto na
história (provavelmente na qual eram mais flexíveis já que eram uma organização jovem) e toma
todas suas decisões de maneira informada, mas depois fecham os olhos e ouvidos e fingem que
o mundo não muda, e é assim que se tornam obsoletos.

Uma cultura de inovação é aquela que sabe que o mundo de hoje não é o mundo do ano que
vem, não é o mundo de amanhã, nem que sequer o mundo de daqui a uma hora. Vivemos no
presente e esse é o único sobre o qual temos controle. Porém, aprendendo do passado, podemos
refletir em nossas boas e más decisões e também nas dos outros e usá-las como uma fundação
para o futuro. Também podemos ver a direção que as mudanças tomaram no mundo no passado
e no presente e isso nos ajudará a nos preparar vendo a trajetória geral que o futuro pode traçar.

Por isso é essencial estudar o passado. Uma vez escritas essas palavras, todas as ideias escritas
aqui começarão a envelhecer. Porém, tanto como eu aprendo dos meus predecessores e me
preparo diligentemente para operar com excelência no presente e no futuro, você, uma vez que
tenha lido isso, pode fazer o mesmo com um mundo que será diferente daquele que conheço ao
escrever esta oração.

c. O Risco De Não Inovar


Se um obreiro decidisse ignorar todas as mudanças dos últimos 200 anos, ele então
compartilharia com sua igreja suas intenções de ir imediatamente a outro continente
compartilhar com pessoas de outra nação a mensagem da verdade. Talvez ele buscasse alguma
informação sobre eles em sua biblioteca local e então cruzaria o Atlântico em um barco. Ele
avisaria a sua congregação para mandar apoio para ele no próximo barco. Chegaria então a essa
nação sem saber nada de sua cultura, idioma, sem se vacinar, sem tirar visto. Ao chegar, seria
detido por não estar com um visto e seria obrigado a voltar, ou preso por tentar entrar
ilegalmente. Não estando vacinado, estaria muito vulnerável às enfermidades locais. E ao não
aprender a cultura e o idioma ele poderia, facilmente, com sua própria vestimenta ou cultura,
ofender os locais de modo a colocar-lhe em sérios problemas. Ao invés de resolver facilmente
esse processo através tirando um visto, aplicando vacinas e compilando informação cultural, esse
obreiro pegaria sua caneta e escreveria a sua igreja uma carta sobre as dificuldades que
encontrou nesse novo contexto.

Esta história soa um pouco ridícula, porém, ao não inovar, essa situação pode facilmente ser a
nossa. Na última década, uma agência enviadora teve que tomar uma decisão: seus obreiros no
campo foram os primeiros obreiros no mundo a contrair ebola. O que a agência deveria fazer?
Deixar que fossem cuidados localmente ou arriscar-se a causar uma epidemia trazendo-os de
volta aos Estados Unidos para tratá-los?

A inovação pode chegar a ter implicações não apenas de efetividade, mas também de vida ou
morte.

V. Facilitar:
Nosso papel como rede é de informar, facilitar e empoderar as igrejas e agências de
envio para chegar no Povo P. Nós não definimos estratégias de campo,
simplesmente equipamos os líderes para que o façam.
a. O que é Facilitar?
Este princípio é um dos que ajuda a RAP a atuar tão fluidamente com uma ampla gama de
organizações, igrejas e denominações com facilidade. Facilitar significa, basicamente, que a RAP
como rede colaborativa é um guia e não um chefe.

Um chefe te dirá o que fazer e tem a capacidade de obrigar seus empregados a obedecê-lo. Isso
ocorre porque atrás de um chefe há uma estrutura organizacional que o apoia e, se o empregado
que receber a remuneração prometida, ele precisa obedecer a seu chefe. Para estabelecer essa
estrutura, precisa-se de um status legal, uma companhia/organização formal e muitos outros
detalhes que devem ser estabelecidos. Para uma pessoa buscando estabelecer um negócio, esta
estratégia faz sentido. Porém, para uma rede colaborativa, todos esses processos e estruturas
formais não apenas limitam a colaboração, mas também impedem um crescimento orgânico
rápido.

Um guia ou mentor, em contraste com um chefe, é alguém que passou por uma experiência ou
recorreu a um caminho antes e pode te mostrar como fazê-lo. Em sua natureza, o guia é alguém
que voluntariamente tem que decidir seguir e não é obrigado a obedecer. Um chefe é um líder
por autoridade, mas um guia é um líder por influência.

Liderar por influência ao invés de estabelecer uma estrutura de autoridade ajudará a RAP em
duas áreas:
1. As Pessoas/Grupos corretos vão se envolver
Nosso desejo é o de mobilizar ou inspirar pessoas a obedecer a um chamado ao Povo P. Se
eliminamos toda a burocracia já estabelecida em outras organizações, isso ajuda a cada
organização, isso ajuda a cada organização, igreja, denominação e indivíduo a discernir
diretamente como Deus o está chamando a se envolver.
As pessoas e grupos que se unem à RAP e se envolvem com a obra com os P. vão se envolver
por vontade própria e estarão pessoalmente interessados em ver esta meta alcançada. Dessa
forma, conseguimos membros de alto calibre da rede colaborando para completar uma
grande meta, juntos.

2. Apoio da Liderança Existente


Infelizmente, líderes em vários contextos se encontram em competição uns com os outros.
Eles veem sua visão como perpendicular a dos outros e seu primeiro instinto não é o de
colaborar. Em vários casos isso ocorre porque, através dos anos, eles foram feridos por outros
líderes que pareciam bem-intencionados.
Este sentimento, ainda que não seja ideal, deve ser respeitado. A RAP, ao expandir-se e
compartilhar uma visão unida para o Povo P., se deparará com vários líderes de igrejas e
outras organizações que tiveram essa experiência e, portanto, tomam muito cuidado antes
de convidar uma organização externa a se envolver com seu rebanho.
Como RAP, sabemos que Deus estabeleceu esses líderes em suas respectivas posições e que
tentar competir com eles, sobretudo no contexto do seu círculo de influência, não nos trará
bons resultados. Por isso é que esperamos ver interesse genuíno da liderança local em nos
convidar para compartilhar antes de nos envolvermos e, inclusive depois disso, deixamos que
a liderança local defina a velocidade e a natureza de nossa relação e de seu envolvimento
com o Povo P.

b. Como Facilitamos como Rede?

Como rede, o nosso papel é de facilitar é exercido de uma maneira muito simples. Operamos
como guias/ajudantes dos diferentes grupos e indivíduos em RAP na tomada de decisões sábias
em sua jornada para o Povo P.

Esta parte é chave: a Rede não toma decisões definitivas ou define estratégia de campo para uma
igreja. A RAP não irá dizer a uma igreja ou a um líder o que fazer. Queremos que Deus guie todo
esse processo. Nossa responsabilidade é de criar um espaço para que a igreja e seus líderes
tomem essas decisões.

Isso pode incluir uma grande gama de elementos. Por exemplo, para uma igreja que precisa de
mais informação e experiência para poder tomar sua decisão, a RAP pode busca a maneira de
facilitar-lhes a informação em seu idioma, treinamentos, ou conexões estratégicas com obreiros
ou outras igrejas com mais experiência. Esses são apenas alguns dos exemplos de como podemos
nos ajudar mutuamente para aprendermos juntos a cumprir essa tarefa.
Nossa recomendação, a cada indivíduo ou igreja tentando trabalhar em colaboração com outro
grupo em direção a esse objetivo, é falar primeiro com a liderança da igreja, ver se é uma igreja
centralizada ou descentralizada, e buscar a maneira de colaborar de uma forma mutuamente
benéfica que não esteja em conflito com a autoridade ou cultura de nenhum dos grupos.

c. O Risco de Impor ao Invés de Facilitar

Na prática, não se pode tentar impor suas ideias, projetos ou visões a outros livremente. E é
possível que isso funcione a curto prazo para coisas menores. Porém, a longo prazo, se o desejo
é uma relação simbiótica que perdure com outro indivíduo ou grupo, ambas as partes terão que
chegar a um acordo sentindo-se escutados e respeitados.

O risco de tentar impor uma visão própria é simples. Usarei o próximo exemplo para explicar esse
risco real. Imagine que você e eu temos uma relação profissional. Você recentemente escutou
da RAP pela primeira vez e decidiu se arriscar a me convidar para ir a sua igreja e ver se vocês
devem se envolver com a RAP. Nossa relação tem uma conta bancária de influência/confiança, e
esta começa em 0 quando no momento em que me conhece. Se nós dois temos uma experiência
positiva, sua confiança em mim e minha confiança em ti aumentarão mutuamente e, com ela,
aumentará a influência que teremos um no outro.

Cada vez que tivermos uma experiência positiva na qual você veja minha capacidade profissional
e o meu interesse em ver você e a sua igreja florescer, sua confiança em mim e, portanto, minha
influência sobre ti, aumentam (não em termos de controle, mas no sentido de que você levará
minha opinião em consideração com valor e peso). Cada uma dessas experiências é um depósito
no banco da confiança e influência. Mas o mesmo ocorre na ordem inversa. Se depois de um
tempo com uma boa relação, quando eu não agir pelo seu bem maior, mas tentar impor minha
perspectiva ou te manipular para o meu benefício, o montante bancário de confiança/influência
se reduz.

Como no começo ainda há um balanço positivo, você imaginará a melhor alternativa. Talvez você
tenha me entendido mal. Ou posso simplesmente estar em um dia ruim. Ou cometi um erro e
logo irei me desculpar.

Porém, se sigo atuando dessa maneira ao longo do tempo, essa conta reduzirá cada vez mais e
mais, até que chegue a ser negativa. Quando esse momento chegar, você decidirá que realmente
não deveria ter confiado em mim e que estou tentando te controlar ou te manipular. Como não
confia que tenho o seu bem maior em mente quando falo contigo, você não pode confiar em
mim e perco toda influência em sua vida.

O que acontece quando tentamos impor nossa opinião sobre os outros dessa maneira em lugar
de liderar por influência é que eventualmente nós ficamos sem influência e, uma vez que
chegamos a esse ponto, devido a nosso balanço negativo na conta de confiança pessoal com cada
pessoa, perdemos. A questão já não é mais se o Povo P. necessita do evangelho, ou se existe um
chamado de Deus para a igreja, o que importa é que você já não confia em mim e será
extremamente difícil mudar isso.

VI. Segurança:
Sabemos do risco que muitos correm trabalhando com o Povo P., por isso somos
sensíveis à hora de tomar as medidas de segurança necessárias, procurando ser
prudentes e sábios nas nossas decisões.
a. Por que Segurança?

Essa é uma pergunta que jovens com boas intenções e zelo de Deus fazem. Jesus morreu, Ele
assumiu riscos sabendo que não iriam acabar bem; isso não significa que deveríamos estar
dispostos a sermos torturados ou inclusive morrer sem reservas pelo evangelho? Não é contra
isso tomar precauções de segurança? Por acaso buscar segurança nesse mundo físico não é uma
marca de pouca fé?

Muito pelo contrário. Quero propor que manter uma filosofia e prática de segurança boa não
apenas tem muitas vantagens, mas também é boa mordomia de nossa parte. Comecemos
discutidos as vantagens que a segurança traz. Algumas poucas que vêm a minha mente agora são
as seguintes:
1. Proteção Contra a Oposição no Campo:
Na maioria dos contextos em que se pode encontrar uma grande população P., existem
entidades que estão opostas a que se estenda o evangelho entre elas. Há governos que não
permitem a entrada de obreiros em seus países e, portanto, outras plataformas são
necessárias para sermos luz nesses contextos. Também existem indivíduos ou grupos
políticos locais, religiosos ou outros cujos interesses estão em conflito com a nossa meta de
trazer as boas novas. Tomar precauções proverá uma proteção de valor imensurável para
você e para sua família no campo.

2. Duração da Obra:
Conheci um obreiro que gostava de dizer, entrar em (nome do país) para compartilhar a
mensagem é fácil. O problema é sair vivo. Seu comentário, ainda que soasse como piada,
tinha uma mensagem muito profundo. Qualquer um pode chegar em um país, entra e
começar a pregar nas ruas; porém, em alguns contextos, essa pessoa não durará muito tempo
e será deportada rapidamente, ou pior.
Como você sabe, a transformação do coração de um homem leva tempo. Deus trabalha nas
vidas das pessoas P. gradualmente e ver essa transformação leva um longo tempo. Quando
me converti, foi depois de uma temporada vendo uma grande transformação em meus pais
após escutarem as boas novas. No primeiro dia, quando voltaram para casa e disseram que
eram crentes, nada ocorreu.
O mesmo acontece conosco como obreiros. Levará tempo para aprender o idioma, entender
a cultura, fazer amizades e ser um testemunho visível que perdure na cultura e no contexto
P. Se você começa a aprender o idioma, mas é deportado antes de poder compartilhar as
boas novas no idioma local, qual impacto você causou?
A segurança é como a cera de uma vela. Uma vela tem um pavio. Se não fosse pela cera, o
pavio se consumiria rapidamente e a luz não duraria. Entretanto, porque a cera da vela
protege o pavio e a controla, essa luz pode brilhar por muito tempo.
Quer que sua luz no campo acenda rapidamente e depois desapareça? Ou quer que ela dure
por muito tempo e que outros possam confiar que dia após dia verão essa luz brilhar?

3. Oportunidades com os Locais


Nestes contextos nos quais a conversa é um grande risco para um local, pessoas P. que
poderiam querer se converter, mas que têm perguntas, serão muito receosos de com quem
ele as compartilha. Se vêm um obreiro que fala abertamente sobre as boas novas e as
compartilha sem discrição ou medidas de sensatez, é provável que se abstenham de
compartilhar dúvidas com ele. Se esse obreiro não é sensato em como e com quem
compartilha, como o homem P. saberá se, ao contar-lhe suas dúvidas sobre o Islã, o obreiro
comentará com os outros sobre elas colocando-o em risco? Um obreiro insensato não é um
obreiro em que os locais podem confiar suas perguntas e dúvidas. Um obreiro cuidadoso e
sensato, porém, é alguém que as pessoas P. percebem estar ciente dos riscos que eles tomam
ao compartilhar com ele suas dúvidas e perguntas e que ele irá proteger suas identidades e
respeitar sua privacidade.

4. Responsabilidade com Familiares, Obreiros e Locais


Finalmente, seus protocolos de segurança não têm consequência apenas para você. Ao ser
imprudente, você pode pôr seus familiares em risco. Membros de sua equipe que estão
publicamente conectados a você também podem estar em risco. Se você está em um país
fechado e descobrem que você é um obreiro, o que você pensa que a comunidade vai assumir
das outras 3 pessoas estrangeiras que trabalham na mesma ONG que você? Suas vidas e seus
familiares poderiam estar em risco por descuido.
E o seu amigo P. mais próximo com quem você se reúne semanalmente? Se você é um
obreiro, todos irão assumir que ele é crente. Talvez seja e, nesse caso, sua imprudência pode
levar um crente P. a perder a vida. Porém, e isso é uma possibilidade muito certa, talvez seu
amigo seja apenas um amigo que não seja crente e, ao perder sua vida, sua imprudência levou
a um não-crente a morrem sem nunca mais ter a oportunidade de ouvir o evangelho.
Exatamente o oposto do que você queria fazer. Não apenas isso, agora todos na comunidade
se dão conta que as pessoas P. que falam com estranhos acabam mortas. Talvez você e sua
família escapem sem problemas, mas agora todas as pessoas P. que eram amigos de
estrangeiros têm medo de falar com eles e isso impede o avanço da obra por um tempo. Tudo
por falta de cuidado. Não seja insensato. Nunca se sabe quem irá pagar o preço pelo seu
descuido.
Talvez você esteja se perguntando: mas quero apenas mobilizar, compartilhar com minha igreja
e convidar outros a ir ao campo. Não quero ir pessoalmente. Isso não significaria que a segurança
não se aplica a mim?

Isso está parcialmente certo. Existem aspectos de segurança que você não precisa aprender. Por
exemplo, provavelmente não precisar ser treinado no que fazer em caso de sequestro por um
grupo radical. Porém, existem outras partes, tais como cibersegurança que, pelas três razões a
seguir, se aplicam a você também.
1. Seu contato com obreiros ativos
Hoje em dia, existem obreiros no campo com suas famílias e equipes arriscando suas vidas
para trazer luz a este PNA. Quanto mais você se envolver com a RAP mais você conhecerá
sobre eles e possivelmente irá ouvir detalhes sobre a obra no campo que, se viessem à tona,
poderiam afetar esses indivíduos e colocá-los, e a seus familiares, em risco.
2. Não Feche Portas que Deus Pode Querer Abrir
Deus está te usando para mobilizar outros ao Povo P. Talvez Deus queira que no futuro você
mesmo se envolva com eles em zonas que envolvem um pouco de risco e discrição. Se você
deixar alguma marca virtual da sua conexão ou do seu interesse em alcançar o Povo P, isso
poderia fechar as portas e negar vistos para você no futuro.
3. O Seu Legado em Outros
Deus pode te usar poderosamente para mobilizar outros a irem ao campo. Você será a
primeira introdução aos princípios de segurança que eles precisam aprender gradualmente.
Sobretudo virtualmente, as decisões que se tomam em temas relacionados a sua segurança
e preparação para eles e suas igrejas, terão grande influência durante seu tempo no campo.
Espero que agora já esteja evidente porque boas medidas de segurança significam boa
mordomia. Poderia discutir esse tema extensamente, porém, em resumo, ser insensato colocará
em risco: você como pessoa (um templo confiado a você por Deus), sua família (filho(a)s de Deus
que Ele ama muito e quer proteger), sua equipe (servos de Deus a quem Ele ama e que o
obedecem fielmente), crentes P. (o futuro da igreja nacional que desesperadamente está lutando
pela sobrevivência e por crescimento), e não-crentes P. (pessoas que Deus te dá a honra de
conhecer aos quais Ele ama e por quais Jesus morreu e quer que O conheçam antes de morrer).
Além deles, você pode estar fechando as portas e eliminando oportunidades que Deus quer para
teu futuro ou instruindo inadequadamente os outros, o que limita seu legado e seu impacto no
campo.

Ser prudente em temas de segurança te oferece: melhores possibilidade de durar no campo e


melhores oportunidades para conversar com pessoas P. que têm dúvidas sobre sua religião. Em
resumo, administre melhor seu tempo e oportunidades para completar a visão que Deus te
entregou.
b. Como Estar Seguro Hoje em Dia?
Essa é uma boa pergunta, porém essa plataforma não é indicada para respondê-la. Escrevi outro
documento descrevendo as melhores práticas para o mundo em que vivo hoje e, no futuro,
existirão muitos outros que irão recompilar documentos e treinamentos similares. Porém, a
realidade é que nosso mundo muda constantemente. O mundo que existia quando eu escrevi
essa frase existe apenas no seu passado ao lê-la. E com ele mudam a tecnologia, a política e os
riscos, portanto, as melhores práticas de segurança também mudam. A melhor maneira de “estar
seguro hoje” é não assumir que o quê você aprendeu ontem irá funcionar sempre. Nunca deixa
de aprender. Como mencionei na introdução, segurança e inovação andam lado a lado.

c. Como Podemos Manter uma Cultura de Segurança em um Mundo em


Constante Mudança?

Essa é uma meta difícil. Manter a segurança em um mundo hipotético que não estivesse em
constante mudança seria difícil. Porque viver de uma maneira intencional na qual alguém precisa
permanecer sempre alerta e protegido pode ser entediante. Se você pensa que olhar para os dois
lados antes de atravessar a rua ou colocar o cinto de segurança te roubam segundos do dia,
considere colocar um VPN em seu computador que constantemente tornará sua internet mais
lenta. Será uma frustração quase impossível de suportar e pode parecer uma perda de tempo.

Temos que contar com essa parte do custo também. Não deixaremos que os riscos nos paralisem
de medo, isso é desobediência ao chamado de Deus. Porém tampouco vamos ignorar os passos
necessários para estabelecer um bom fundamento em nosso treinamento e rotina diária, isso
também é má mordomia. Temos que viver no equilíbrio de estar ciente do risco que existe na
obra (para nós e para nossos colegas no campo) e deixar que isso nos provenha um sentido de
urgência a sermos sensatos, porém não fiquemos nesses medos. Ainda que você ponha o cinto
de segurança por saber que dirigir é perigoso, isso não significa que você nunca sai de casa.

Também, como mencionei previamente, temos que aprender vorazmente. Primeiro devemos
aprender de obreiros com mais experiência, que já passaram por experiências traumáticas que
lhes ensinaram lições difíceis e, eventualmente, temos que aprender também (e não ao invés)
de um mundo em constante mudança. Como muda a tecnologia e o clima político nos contextos
P. por exemplo. Se podemos nos manter em uma mentalidade de aprendizagem e um
entendimento dos riscos (porém não desobediência por causa deles), estaremos bem
encaminhados para minimizar (ainda que não eliminar) riscos.

VII. Sinergia:
Existimos para facilitar a colaboração entre os diferentes esforços existentes para
alcançar o Povo P. Por isso a rede não pertence nem se adere a uma denominação
específica.
a. O que é Sinergia?
O dicionário define sinergia da seguinte maneira: “Coordenação de atividades cujo desempenho
é maior do que caso elas fossem realizadas separadamente”. Sinergia, em sua essência, significa
que quando trabalhamos juntos e colaboramos, o resultado é maior/melhor que o resultado dos
mesmos esforços de maneira individual.

Em um contexto missiológico, a Bíblia nos dá a entender repetidas vezes que temos que
completar a Grande Comissão de uma maneira unida. Como mencionei previamente, ao focar no
Povo P., a Igreja Latina tem vantagens culturais que a Igreja Norte-americana não tem. Porém,
para cada vantagem existente há também uma desvantagem. Os latinos têm mais dificuldade
para obter vistos, por exemplo. Porém também existem outros aspectos como, por exemplo, o
cuidado pastoral do obreiro no campo, no que certos grupos norte-americanos têm muito mais
experiência do que a maioria dos latinos.

Essa não é uma crítica aos latinos ou aos norte-americanos, mas apenas um reconhecimento de
que temos fortalezas diferentes. Por isso mesmo é que devemos colaborar. Isso não ocorre
apenas entre diferentes culturas, mas também entre denominações e outras organizações. Às
vezes as diferenças mais minúsculas não dividem, mas a realidade é que, se não trabalhamos
juntos para o reino, sobretudo em um lugar como o Povo P., não poderemos completar a meta.

A meta da RAP não é ver uma organização ou uma organização trabalhar com o Povo P. Nosso
desejo é o de ver que o corpo global de Cristo escutando seu chamado aos perdidos e que
deixemos nossas diferenças pela glória de Deus e pelo benefício dos P. Qualquer denominação
ou grupo pode pertencer a RAP, mas temos que entender que a meta de “tornar o evangelho
acessível ao Povo P.” é maior do que qualquer um de nós ou de nossas tribos.

Um outro comentário que compensa fazer aqui é o seguinte. Jesus disse que vão nos reconhecer
por amar-nos uns aos outros. Isso é totalmente certo. O Povo P. está cheio de inimizade. Cada
pessoa defende sua honra e à mais mínima ofensa os conflitos podem escalar facilmente. Por
que seriam atraídos por um evangelho que não traz reconciliação, mas simplesmente mais do
que eles já sabem? E, se não deixamos nossas divisões, não poderemos mostrar ao Povo P. que
há outra maneira de viver, em comunhão e amor.

b. Como Criamos Uma Cultura De Colaboração?

Essa meta não é fácil. Muito do que precisamos fazer para criar uma cultura de colaboração está
descrição na seção sobre facilitar, já que as duas coisas andam lado a lado. Porém, o primeiro é
começar conosco. Temos que deixar nosso orgulho e nosso legalismo de lado. Devemos
identificar realmente o que está na essência do dogma de Deus e o que é fundamental para o
evangelho e nos dar conta de que o resto de nossas preferências são um sacrifício pequeno a
fazer para que o Povo P. possa ser salvo.

Para manter a unidade, Timóteo foi circuncidado pelo pai das missões. Talvez não precisemos
chegar a esse extremo, mas, o que você está disposto a fazer para manter a paz, amar-nos uns
aos outros e trabalharmos juntos para o Reino?
VIII. Conclusão:
Espero que esta seção te tenha sido útil para identificar e entender os princípios que cremos que esse
esforço colaborativo chamado RAP precisará para completar sua missão. Como mencionei repetidas
vezes, a cultura de uma rede como essa é frágil. Nós podemos nos distanciar da missão rapidamente, mas
é ainda mais fácil perder nossa cultura ideal.

Para poder manter esses princípios todos temos que tomar parte em segui-los, ser exemplo, comunicá-
los, protegê-los e ajudar a rede a manter o curso regularmente. Minha oração é que, ao ver um esforço
como RAP que depende simplesmente da colaboração de diferentes grupos, você se envolva e convide a
outros a fazerem o mesmo, com excelência, seguindo esses princípios. Não por lealdade à RAP, que é
simplesmente um esforço humano e imperfeito de obedecer ao chamado de Deus, mas porque a RAP se
torna parte de sua expressão de obediência ao chamado de Deus ao Povo P. e às nações.

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