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CURSO DE PREGAÇÃO BÍBLICA

TELEPROMPTER

AULA 3

AS QUALIDADES DO PREGADOR

Olá! Você acabou de ingressar no curso de pregação bíblica.


Bem-vinda! Bem-vindo! Nossa aula de hoje é sobre o pregador. Você
sabe que qualquer cristão pode e deve testemunhar de sua fé. Mas
quanto à pregação: Quem é que pode ser um pregador? O que é
necessário?
Não é qualquer pessoa que está habilitada a ser um pregador
da Palavra de Deus. Nem mesmo o melhor orador poderia fazê-lo
com êxito, se lhe faltassem aquelas virtudes espirituais que somente
o verdadeiro crente possui e aquele dom específico para pregar que
o Espírito de Deus concede. A seguir examinaremos algumas das 1

principais características que se espera encontrar em um pregador


de êxito.

Consagração
É a completa entrega da vida a Deus, sem qualquer reserva. O
indivíduo oferece a Deus tudo que é e tudo quanto possui, desejando
pertencer-lhe para sempre. É a aceitação de Cristo como Senhor,
além de Salvador.
Após esta entrega inicial, a vida continua, e, com o passar do
tempo, devido ao nosso aprendizado cada vez maior das Sagradas
Escrituras e à nossa comunhão com Deus, descobriremos fraquezas
e pecados que jamais suspeitávamos.
Podemos ilustrar dizendo que somos como uma laranja, que
possui diversos gomos e que, na verdade, alguns deles foram
entregues ao domínio de Deus, e outros não. Estes gomos são as
áreas de nossa vida, tais como: as relações familiares, a
alimentação, o trabalho, a recreação, a vida sexual, os bens materiais
etc. Deus espera que – pela sua graça – todos os pecados sejam
abandonados, e todas as fraquezas vencidas, e que lhe entreguemos
todas as áreas de nossa vida. É por isso que não basta uma entrega
completa inicial. Ela precisa ser renovada a cada dia.
Nenhum cristão deve ser desonesto, mentiroso, intemperante,
preguiçoso, fornicário ou adúltero! E o que esperar de um pregador?
Como pode alguém com estes pecados ou outros semelhantes,
esperar orientar o povo de Deus? Que Deus não permita!
Em seus ensinos, Jesus frequentemente convidava seus
ouvintes a uma entrega total. Certa vez Ele disse: “Qualquer de vós
que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo” (Lc
14:33). Esse “tudo” pode variar de pessoa para pessoa, mas sempre 2

se refere a tudo aquilo que, se conservado, nos impediria de manter


um relacionamento adequado, profundo e duradouro com Cristo.
Pode ser um objeto, uma atividade, um relacionamento, um mau
hábito, um vício, um pecado – qualquer coisa a qual temos amado
mais do que a Jesus. É justamente isto que Deus quer que
abandonemos. Um pregador, mais que qualquer outra pessoa, deve
ser alguém consagrado ao Senhor.

Dependência do Espírito Santo


Além de ser um homem de Deus, continuamente guiado por Seu
Espírito, o pregador precisa de Sua ajuda na tarefa da pregação.
Deve depender do Espírito:
1. Na escolha do tema ou do texto que servirá de base para sua
mensagem, de modo que supra as necessidades espirituais de seus
ouvintes. Somente o Espírito conhece cada coração e sabe tudo que
está envolvido. Somente ele conhece plenamente as capacidades e
conhecimentos do pregador e sabe como este pode ser usado com
maior eficiência.
2. No preparo da mensagem. É necessária sabedoria para
pesquisar e encontrar os diferentes materiais de apoio e saber
colocar tudo isso na ordem que se mostre a mais eficaz.
3. Na exposição da mensagem. Agora que o sermão está
pronto, precisa ser pregado e, enquanto Seu servo se dispõe a falar,
o Espírito Santo deve ungir seu coração, sua mente e seus lábios, de
modo que profira a mensagem certa da maneira certa. É necessário
também que Ele esteja no auditório limitando a operação das forças
do mal, abrandando o coração, iluminando a mente e atraindo a
vontade. Somente Ele pode causar a conversão. “A pregação da
Palavra não será de nenhum proveito sem a contínua presença e 3

ajuda do Espírito Santo. Este é o único Mestre eficaz da verdade


divina. Unicamente quando a verdade chega ao coração
acompanhada pelo Espirito, vivificará a consciência e transformará a
vida.” – Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, 396.

Identificação Com a Mensagem


Um pregador identificado com sua mensagem é aquele que
possui três características:
1. Ele entende a mensagem. Que calamidade é alguém se
atrever a discursar sobre algo que ele mesmo não compreende o
suficiente. Seria como um cego guiando outro cego. Pior ainda,
ridículo mesmo, seria agir como um cego tentando guiar alguém com
a visão perfeita, que é o que às vezes acontece quando o pregador
não entende bem o assunto que está explanando, mas há entre os
ouvintes quem seja mestre na matéria em questão.
2. Ele crê que aquilo que está expondo é a verdade. Não basta
ter conhecimento do assunto. Precisa crer que as coisas são
realmente assim e que sua mensagem é relevante para os ouvintes.
3. Ele precisa estar procurando viver a mensagem. Porque o
pregador também é um pecador rodeado de tentações e fraquezas e
não alguém perfeito em si mesmo, pode não estar vivendo
plenamente em alguma das áreas de sua vida, mas se ele fez uma
entrega completa a Deus, e está confiando na graça de Deus e sua
vida é de contínuo crescimento espiritual, ele pode perfeitamente
pregar o ideal de Deus, embora, como dissemos, ele próprio ainda
não tenha atingido esse ideal. Mas, se ele está em falta em algum
aspecto de sua vida e não tem reconhecido seu erro, nem se
apropriado da ajuda oferecida pelo Senhor, então não deve se 4

atrever a pregar o tal assunto. Suas palavras não podem ser um


disfarce daquilo que ele é.
Quando o pregador não crê ou não busca viver a mensagem que
está apresentando, de algum modo (talvez por causa do semblante
ou do tom da voz) há ouvintes que sentem isso e acabam não dando
valor à mensagem. Deste modo, “quando a teoria da verdade é
repetida sem que se sinta sua sagrada influência na alma do orador,
esta é rejeitada como um erro e o que a apresenta se torna
responsável pela perda de almas”. – Idem, Obreiros Evangélicos,
253. Por outro lado, há poder na sinceridade.

Humildade
Infelizmente há pessoas que usam o púlpito com propósitos
escusos ou dúbios, onde a intenção ilícita é chamar a atenção para
si mesmas. Isso pode ser feito de muitas maneiras: Através de um
vocabulário rebuscado, da oratória pomposa, de argumentos sutis,
de ilustrações pessoais que enalteçam o orador e de vestuário e
adornos ostensivos. Deste modo desviam o foco da mensagem e
de Cristo para o próprio eu. Tal procedimento é tão descabido como
visitar um salão de artes onde se encontra exposto um quadro no
valor de 100 milhões de dólares e então, não prestar atenção na tela
nem na moldura que a envolve, e sim no prego que segura o quadro.
Cristo e sua verdade são o quadro e a moldura, e nós, os pregadores,
não passamos de pregos. Nossa função é manter o quadro numa
boa posição para que possa ser visto e admirado pelas pessoas. E
enquanto isto acontece, ficarmos escondidos, atrás do quadro.
É bastante significativo o exemplo de Paulo. Embora tenha sido
um dos mais destacados servos de Deus, de todos os tempos,
possuía uma visão bastante humilde de si mesmo considerando-se 5

“o principal” dos pecadores e “o menor de todos os santos”, chagando


a afirmar que “nada sou” (1Tm 1:15; Ef 3:8; 2Co 12:11). Seu
testemunho como pregador do evangelho também deveria ser o
nosso: “Também jamais andamos buscando glória de homens, nem
de vós, nem de outros” (1Ts 2:6), “porque não nos pregamos a nós
mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como
vossos servos, por amor de Jesus” (2Co 4:5).

Entusiasmo
Esta qualidade está intimamente relacionada com as anteriores.
Aquelas são o fundamento desta. Significa “Deus no íntimo”. O
entusiasmo é responsável pelas grandes façanhas da humanidade.
O pregador cheio de entusiasmo move seus ouvintes. Por estar
sumamente interessado no assunto, por crer nele, e por esperar que
sua mensagem seja vitoriosa, é que ele fica entusiasmado. Esta é a
energia que o impulsiona a falar.

Conhecimento
Tem conhecimento aquele que possui uma gama de
informações e as entende. Elas podem provir de diversas fontes:
leituras, conversação, experiências da vida, participação de cursos,
etc. O pregador deve falar somente aquilo que está no âmbito de seu
conhecimento, e deve conhecer sempre muito mais sobre o assunto
do que aquilo que vai expor. Deve crescer continuamente em
conhecimento e buscar atualizar-se a fim de estar a par realidade na
qual está inserido. Embora conheça um pouco de muitas coisas,
deve, sobretudo, conhecer a Bíblia, que é sua principal ferramenta
de trabalho. Precisa estar bem familiarizado com ela.

Memória 6

É a faculdade de reter as ideias adquiridas anteriormente, de


poder lembrá-las. O pregador precisa recordar números, datas,
nomes, fatos, textos etc. Embora ele possa escrever completamente
seus sermões e então lê-los aos ouvintes, este procedimento, de
modo geral, prejudica a receptividade por parte dos ouvintes, pois
poucas pessoas toleram ouvir com interesse uma leitura,
especialmente se for longa.

Imaginação
Também chamada de criatividade. Torna os fatos vivos e reais.
É ela que dá colorido à mensagem, e sugere as mais belas
comparações e as mais formosas e adequadas figuras para os seus
pensamentos. A imaginação transforma velhas verdades em
mensagens atuais. Reveste velhos pensamentos com roupagem
nova. A imaginação do pregador deve ter como objetivo tornar o
auditório receptivo à mensagem, com naturalidade e sem esforço.
Assim, ela busca novos caminhos para o entendimento da
mensagem.

Vocabulário
É o conjunto de vocábulos que uma pessoa costuma usar.
Quando o vocabulário de alguém é reduzido, pobre, ele não
consegue expressar o que pensa. Por outro lado, quem tem um
vocabulário rico é capaz de compreender tudo aquilo que as pessoas
falam ou escrevem. O pregador, porém, em seu mister, deve evitar
palavras difíceis, técnicas, vulgares e chavões.
O vocabulário ideal é aquele que se adapta ao auditório, de
modo que todos entendam a mensagem. Embora simples, traduz as
ideias com clareza. Quanto maior o vocabulário de um orador, maior
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será também sua capacidade de adaptação aos mais diferentes tipos
de auditório.

Síntese
Consiste em dizer somente o que for necessário. O pregador não
deve ficar enrolando ou divagando. Sua mensagem deve ser concisa,
sem, contudo, excluir ou mutilar as informações essenciais.

Fluência
É falar com naturalidade, facilidade, espontaneidade. O orador
fala sem hesitações ou tropeços e concatena bem as ideias. Não
existem pausas longas ou fora de lugar, nem expressões tão
seguidamente repetidas como: “hã”, “né” e outras similares.
Também ele não inicia uma frase e imediatamente se arrepende,
volta e recomeça. Observe os exemplos que seguem:
▪ “Como disse o apóstolo Paulo”, “Como disse o apóstolo
Pedro”;
▪ “Boa noite!”, “Bom dia!”; e
▪ “Certa vez eu estava em Vitória”, “Certa vez eu estava em
Curitiba”.
Ser fluente também implica em ter uma comunicação tão natural
que o auditório não percebe que o orador está se valendo das
técnicas da oratória.
Note, porém, que ninguém começa falando em público já sendo
fluente. Isso vem com o tempo e a prática.

Coragem
É firmeza, intrepidez, ousadia. Há certos momentos em que o
pregador sabe que a mensagem que Deus lhe deu para comunicar
irá de encontro à conduta, às expectativas e à opinião geral dos
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ouvintes, e que proporcionará oportunidade para criar um clima de
desentendimento e de má vontade para com ele. Mas, se é isto que
deve pregar, precisará de muita coragem para fazê-lo.

Observação
O pregador poderá se valer dos mais variados elementos do dia
a dia para enriquecer e ilustrar sua mensagem. Para isto, deverá
estar atento a todas as coisas que o cercam. Era assim que Jesus
fazia. Seus ensinos eram permeados por parábolas baseadas em
coisas da natureza e do cotidiano das pessoas.
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TAREFA PARA CASA – Faça uma lista anotando todas essas
qualidades. Pense em cada uma delas em relação à sua vida. Quais
delas você possui? Quais precisam ser aperfeiçoadas? Escolha uma
delas e escreva uma meia página mencionando o que você pode
fazer de concreto para que essa qualidade seja sua.
ENCERRAMENTO – Meus irmãos, nosso estudo de hoje teve como
foco o pregador. Se Deus o chamou para pregar, ele também o está
chamando para desenvolver as qualidades que estudamos.
Submeta-se a Ele e peça Sua ajuda. Mas se esforce. Faça sua parte.
Fique com Deus e até a próxima aula!

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