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Como estruturar uma pregação

Resumo do livro: Como fazer uma pregação? – Comunidade Católica Shalom


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Aspectos estruturais

Para que uma pregação seja efetuada de forma clara e compreensível não é suficiente saber o que falar, mas
também como se expressar. Há prega- dores bem intencionados, que dedicam um tempo considerável refletindo
sobre o que pregar e muito pouco tempo sobre como fazê-lo. Uma coisa não nula a outra. Como pregar é tão
importante quanto o que pregar. "A preocupação com a forma de pregar também é uma atitude profundamente
espiritual". O cérebro humano tem o seguinte automatismo: "O que eu não entendo não absorvo e não acolho." A
ideia é fazer com que o discurso seja ordenado, organizado, para assim transmitir uma mensagem criativa, inteligente
e, ao mesmo tempo, lógica e de fácil compreensão para os ouvintes.

Existe uma infinidade de métodos para se organizar um esquema de pregação. Um pregador experiente, aos
poucos, vai desenvolvendo o seu próprio esquema, dando um tom original às suas exposições.

Vou apresentar a você o esquema mais simples que conheço e que uso regularmente. Esse esquema se divide
em quatro partes: apresentação, introdução, desenvolvimento e conclusão.

Apresentação:

Estando diante de uma assembleia, é comum sermos apresentados por alguém antes de começarmos a
pregação. Contudo, se você sentir que existe algo sobre sua pessoa que precisa ainda ser falado, não hesite. É
importante fazermos uma boa apresentação. Isso porque as pessoas têm a tendência de resistir a receber coisas de
estranhos. Além disso, se o povo não souber quem você é ficará disperso, divagando a respeito de onde você é, qual
é o seu nome, sua idade, se é casado etc.

A assembleia fará o seguinte raciocínio: Quem é esse? O que ele fez ou viveu de extraordinário para estar aqui
pregando para nós? A identidade e origem do pregador pode dar-lhe autoridade. Um conselho útil é que, se você traz
algum tipo de deficiência ou debilidade visível, como uma cicatriz, ou se manca um pouco, se está muito gripado, ou
mesmo se traz um curativo, deve-se fazer um breve comentário sobre isso. Mas, atenção, que seja de forma otimista,
engraçada, fazendo as pessoas rirem com você dessa situação, sempre evidenciando a graça de Deus que faz tudo
concorrer para o bem dos que o amam. Fazendo assim, você neutraliza os efeitos dispersantes da imaginação e puxa
a atenção dos ouvintes para o que você tem a dizer, e não para sua deficiência ou debilidade.

Vamos a um exemplo de apresentação:

- Pregador: Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

- Assembleia: Para sempre seja louvado!

- Pregador: Bom dia!

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- Assembleia: Bom dia!

- Pregador: Meu nome é Francisco, sou mineiro, natural de Belo Horizonte, tenho 28 anos, sou casado com a
Mariana e pai de duas lindas crianças: a Vanessa e o Luiz. Eu e minha esposa somos membros consagra- dos
da Comunidade X. Gostaria de dizer que é uma alegria muito grande estar aqui hoje com vocês para juntos,
crescermos na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.

Viu como é simples? O objetivo é dar-se a conhecer, pelo menos naquilo que for mais essencial. Isso vai gerar na
assembleia uma relação de empa- tia e identificação com o pregador. Vamos a outro exemplo, dessa vez de alguém
que está com a saúde debilitada:

- Pregador: Bom dia, povo de Deus!

- Assembleia: Bom dia!

- Pregador: Meu nome é André, tenho 25 anos e sou seminarista da diocese X. Vamos hoje refletir um pouco
sobre o amor de Deus. Estou, como vocês podem perceber, meio rouco, mas Deus usou até da jumenta de
Balaão para profetizar. (risos) Vamos rezar uma "Ave Maria" para que Ele se utilize também de mim e que eu
tenha voz para pregar até o fim.

Introdução:

Terminando a apresentação, seja perspicaz e criativo, procurando sempre deixar um gancho pelo qual você
possa ir, de imediato, para a introdução. Na introdução, já se é possível ao povo perceber se terá que ouvir ou aturar
um pregador. Os três primeiros minutos são decisivos. Por isso, inicie sua introdução com uma ideia forte e palavras
impactantes e provocadoras. Isso causará nas pessoas o desejo de ouvi-lo e saber o que tem a dizer.

Quando um nadador profissional vai disputar uma prova, não pode nem pensar em errar na largada. Se errar,
pode não ter tempo de corrigir-se. Assim acontece com o pregador: se errar no início da pregação, pode não ter mais
a atenção da assembleia. O principal objetivo da introdução é despertar o interesse, é deixar claro para os ouvintes
quero assunto sobre o qual você vai falar tem importância para a vida deles.

A plateia precisa identificar-se com os problemas que você deseja abordar. Ela precisa se ver no seu discurso.
Use a curiosidade e a imaginação do povo a seu favor. A introdução precisa desembocar em algumas ideias mestras.
Eu sugiro que não seja mais que três. Chegando a esse ponto, terá condições de ir para a terceira parte do esquema
da pregação: o desenvolvimento.

Desenvolvimento:

Desenvolver é aprofundar, discorrer, virando e revirando o assunto, analisando o problema proposto, usando
as três ideias mestras, nascidas na introdução, conduzindo a assembleia para um ângulo específico.

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Nessa fase, discorremos a respeito das ideias, dando exemplos, contando fatos e experiências vividas por nós
ou por outras pessoas, fundamentando tudo na Palavra de Deus e na doutrina da Igreja, tudo feito de forma ordenada
e lógica. É horrível quando, ao término de uma pregação, os ouvintes dizem assim: "Falou muito bonito, mas não
entendi nada. Sobre o que ele falou mesmo, hein?"

Segundo o padre João Mohana, no desenvolvimento das ideias, precisamos evitar alguns inconvenientes. São eles:

1. Falar tempo desproporcional sobre um só ponto,

2. Entrar em pormenores inúteis;

3. Repetir fatos ou passagens já demasiadamente conhecidos;

4. Mostrar-se apaixonado pelo que interessa mais a si do que aos outros;

5. Deixar em segundo plano o que é do interesse ou da necessidade da assembleia;

6. Improvisar o conteúdo, que daria mais frutos se elaborado após um estudo minucioso.

7. Dizer tudo quanto se sabe sobre o assunto.

Gostaria de acrescentar algo a esses conselhos dados por Mohana. Alguns pregadores têm a tentação de
transformar seu discurso numa palestra de autoajuda, recorrendo mais a um psicologismo do que à Palavra de Deus,
dando mais ouvido aos teóricos da personalidade do que aos autores sagrados.

A Palavra de Deus e os documentos da Igreja devem ser o referencial absoluto do pregador. Isso não quer dizer
que ele, em alguns momentos, não possa ilustrar sua fala com os dizeres dos mestres da cultura e da ciência. Ele pode
fazê-lo, porém sua primeira referência é o discurso da fé.

Conclusão:

Feito um bom desenvolvimento, é chegada a hora da conclusão. Façamos primeiramente um resumo. Na


introdução, o pregador aponta um problema. No desenvolvimento, reflete com mais profundidade sobre as questões
levanta- das e, na conclusão, precisa propor soluções e moti- var a ação.

A assembleia precisa concordar com o problema que o pregador apontou. Durante o desenvolvimento, deve
acompanhar seu raciocínio de modo a dizer interiormente: "É isso mesmo!" Com isso não quero dizer que o pregador
deve ser sempre aplaudido e seu discurso aceito por todos. Sempre haverá quem recuse, rejeite ou discorde do que o
pregador falou. Contudo, sem perder o senso de autocrítica e a humildade, ele deve ficar firme, se tem consciência de
que está ancorado não na sua verdade, mas na verdade de Deus e da Igreja.

O ministro da Palavra precisa ter sensibilidade e estar atento aos mecanismos de funcionamento do cérebro
de sua plateia, de modo a colocar esses estágios de construção do pensamento a seu favor. isso supõe, por parte do
ministro, o conhecimento da cultura, nível de escolaridade e áreas de atuação do seu público. Como falamos
anteriormente: São jovens? São casais? São empresários? Isso é importante e determina a abordagem a ser feita.

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A conclusão deve ser impactante, assim como a introdução. Deve-se terminar bem o que se começou bem.
Para tanto, a conclusão deve ser lúcida, de modo a provocar na plateia a seguinte reflexão: "Nossa! A solução para
esse problema era tão simples! Como eu nunca pensei nisso antes?"

A pregação termina quando ela consegue provocar na assembleia a ação desejada. Se o objetivo era, por
exemplo, provocar sede pela oração, reacender o ardor evangelizador, renovar o amor à Virgem Maria, a resposta
deve ser concreta. É claro que o ministro deve vigiar-se com relação à avidez pelos frutos. Numa perspectiva natural,
o fruto é a última coisa que se vê ao plantar a semente. A colheita dos frutos nem sempre é vista pelo pregador. O
resultado final é um processo que demanda tempo.

Deve-se cuidar para não deixar nenhuma ideia desenvolvida sem conclusão. Outra coisa importante de se
observar é que muitas vezes as pessoas têm dificuldade de sair da abstração e encarnar as ideias no cotidiano. Por
isso, o pregador deve ter um apurado senso prático, de modo a propor for- mas concretas de viver sua mensagem no
dia a dia. E sempre terminar a fala num tom otimista, com esperança, mesmo que se tenha falado coisas
desconfortáveis aos ouvidos mais sensíveis.

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Resumo do Livro: Como fazer uma pregação
Autor: Rodrigo Santos – Comunidade Católica Shalom
Editora: Edições Shalom
Resumo: Maker Mendonça

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