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RICHARD BAXTER - O PASTOR AVIVADO

Richard Baxter foi o pastor e o evangelista mais destacado da época puritana. Os seus sucessos na
povoação de Kidderminster foram assombrosos. A Inglaterra ainda não tinha visto antes nenhum ministério
parecido. A povoação tinha cerca de 2000 habitantes e na maioria eram ignorantes, grosseiros e
degenerados. Mas, depois da chegada de Baxter, a situação modificou-se de forma dramática. Ele disse:
“Agradou a Deus converter a muitos... Inclusive a famílias inteiras e em numerosos grupos entraram na
Igreja”. Um século depois, quando George Whitefield visitou Kidderminster, escreveu a um amigo o seguinte:
“Fui grandemente animado ao descobrir que um aroma suave da doutrina, das obras e da disciplina do
Senhor Baxter, ainda permaneciam nesse lugar”.
Baxter cria que o ensino era a tarefa principal do ministro.
Baxter disse o seguinte: “Se Deus reformasse os ministros e os avivasse a cumprir zelosa e
fielmente os seus deveres, então, certamente o povo seria reformado e despertado. Todas as
Igrejas serão fortalecidas ou debilitadas na mesma medida em que o ministério seja forte ou
débil”

O livro O Pastor Reformado ( No inglês moderno, “ avivado “ ) foi e ainda é,


dinamite; e como tal causou um impacto imediatamente. C. H. Spurgeon comentava
que tinha o hábito de escutar a leitura deste livro aos domingos pela tarde. O assunto
é que cada pastor deverá efetuar um plano para evangelizar e ensinar
sistematicamente a todas as pessoas que assistem na sua Igreja.
O pastor ”AVIVADO”
1. O CUIDADO DE NÓS MESMOS. - “Olhai, pois, por vós, e por todo o
rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para
apascentardes a Igreja de Deus, que Ele resgatou com o Seu
próprio sangue.” (At 20:28 )
1.2: A NATUREZA DESTE CUIDADO.
1 - . Primeiro, tem cuidado de ti mesmo. Assegura-te de que hás sido
verdadeiramente convertido. Toma cuidado de não estares pregando
acerca de Cristo a outros, enquanto que tu mesmo estejas sem Cristo. Foi
prometida aos fiéis pregadores do Evangelho uma recompensa gloriosa,
mas tu jamais desfrutarás desta recompensa, a menos que tu mesmo
tenhas recebido primeiro o Evangelho. Há muitos pregadores que estão
agora no Inferno, os quais advertiam, muitas vezes, os seus ouvintes da
necessidade de escapar dele. Ser não convertido é terrível, mas ser um
pregador não convertido é muito pior. Contudo, é comum que um
pregador não convertido não se precate da sua própria condição.
Diariamente tem contato com as verdades preciosas e exteriormente vive
uma vida santa. Ajudar-te-á no dia do juízo dizeres: “Senhor, Senhor,
preguei em Teu nome”, somente para escutares as terríveis palavras
“aparta-te de Mim, não te conheço”? Aconselho-te a que confesses os
teus pecados diante da tua grei e lhes peças que orem pela conversão do
seu ministro. Oxalá que cada estudante de teologia entendesse isto. De
que vale estudar, se isto não nos conduz ao conhecimento de Deus e da
Sua graça salvadora? A única sabedoria verdadeira consiste em ver,
adorar, amar e a deleitar-se em Deus, tal como Ele Se revelou na Sua
criação
2 - . Sê diligente em manter-te numa boa e saudável condição
espiritual. Primeiro prega os teus sermões a ti mesmo. O teu povo
observará se tu tens passado muito tempo com Deus e eles serão
beneficiados. O que mais ocupa o teu coração ser-lhes-á comunicado
mais eficazmente a eles. Se o nosso amor, a nossa fé ou a nossa
reverência diminuem logo se manifestará na nossa pregação, quiçá nem
tanto no que pregamos, mas na maneira como o fazemos. E o nosso povo
sofrerá. Se por outro lado, estivermos cheios de amor, de fé e de zelo,
então o nosso ministério trará refrigério e alento. Passai muito tempo
em comunhão com Deus. Se não fizerdes isto, então tudo irá mal.
Deveis obter dEle o fogo celestial para consumir os vossos sacrifícios. Se
o teu ardor for artificial não podes esperar a bênção de Deus. Os pecados
vergonhosos e as heresias começam normalmente com pequenos
desvios. Frequentemente Satanás aparece como um anjo de luz para te
atrair às trevas. Se cederes ante o orgulho ou caíres no erro, então serás
uma maldição em lugar de uma bênção para o povo de Deus. Portanto,
toma cuidado tanto para teu próprio benefício, como para o de outros.
Sobe ao púlpito no zelo do Senhor, para que os corações dos ouvintes
possam ser aquecidos, antes de saíres do serviço.

3- Assegura-te de que o teu estilo de vida não contradiga o teu ensino, de


outro modo, terminarás desfazendo todo o bem que pudesses ter feito.Se
as nossas vidas forem inconsistentes, as pessoas logo pensarão que há
muito pouca verdade no cristianismo e que a nossa pregação é somente
palavreado. Se o que dizemos é a sério, então púnhamos em prática o que
dizemos. Uma só palavra de soberba, uma explosão de irritação, ou um
só ato egoísta podem destruir rapidamente todos os teus trabalhos.
Não estás preparado para aguentar insultos e ofensas, não estás
disposto a controlar o teu temperamento, a mortificar o teu orgulho e a
acomodares-te aos pobres para ganhar almas? É estranho ver como
alguns pregam muito cuidadosamente, mas vivem
descuidadamente.Devemos ter muito cuidado de ser fazedores da palavra
e não somente “faladores”, enganando-nos a nós mesmos. Devemos ser
tão cuidadosos acerca da nossa forma de viver, tal como somos
cuidadosos a pregar. Se desejamos ganhar almas, então esta será a
nossa meta, tanto como quando estamos no púlpito, como tanto quando
estamos fora dele. Sê diligente para usar toda a tua vida para Deus e não
simplesmente a tua língua.
Mantém uma conduta e uma forma de falar que sejam irrepreensíveis. A
tua vida deveria condenar o pecado e inspirar a piedade em todos os
aspectos.Se quiseres que o povo cuide bem das suas famílias,
então, deverias cuidar bem da tua. Não há nada que se compare
com a mansidão e a auto negação como meios para vencer os
preconceitos. Resiste à tentação de usar a tua autoridade para
pressionares as pessoas à submissão e à obediência. Sê amigo de todos,
especialmente dos membros pobres da tua Igreja. Isto pode ser um
caminho eficaz para fazeres muito bem.

Rogo-te que sejas generoso e compassivo. Usa os teus recursos


materiais para suprir as necessidades dos outros. Provê livros espirituais
e edificantes para o teu povo.Não é um crente verdadeiro aquele que
recusa compartilhar o que tem quando Cristo lho peça. Se mais ministros
praticassem a auto negação, isto abriria mais corações para receberem a
mensagem da tua pregação. A religião sem auto negação é
hipocrisia. Não é necessário que vivamos como num mosteiro, não
obstante, devemos usar tudo o que temos para Cristo.
4. Toma cuidado para não caíres nos pecados que condenas nos outros . Como
podes exaltar a Cristo como Senhor, se tu estás quebrantando as Suas leis? É
mais fácil condenares o pecado que vencê-lo. Toma cuidado para manteres o
teu corpo: “sob disciplina não seja que, depois de teres pregado a outros, tu
mesmo venhas a ser desqualificado”. (1Co 9:27)

5. Assegura-se de teres o que necessitas para seres um bom ministro do Jesus


Cristo. Temos de vencer muitos preconceitos e muita obstinação.
Necessita-se de muita capacidade para fazer com que a verdade seja clara
ante a consciência de cada um. Requer-se muito conhecimento para
responder a todos os argumentos errados contra a verdade. Necessita-se
de muita sabedoria para aconselhar. Isto é algo que uma pessoa qualquer
possa fazer? Não pensas que é necessário fazeres um grande esforço
para te equipares a fim de cumprires uma obra tão exigente? Subtraíres-te
aos teus estudos não te ajudará a ser um bom pregador. Somente Deus
nos pode ajudar e equipar-nos, mas se nós formos frouxos e negligentes
no uso dos meios que Ele nos tem dado, isto apagará o Espírito. Portanto,
não percas mais tempo. Estuda, ora, investiga e pratica! Este é o caminho
para melhorares as tuas habilidades.

2: MOTIVOS PARA TOMARMOS CUIDADO DE NÓS


MESMOS.

1. Toma cuidado de ti mesmo porque tu, igualmente


como outros, tens uma alma para ganhar ou para perder. Ainda que pudesses
pregar o Evangelho e também guiar outros a Cristo, mas, sem santidade
jamais serás salvo. Podes pregar acerca de Cristo e não obstante
descuidá-lo; podes pregar sobre o Espírito e estar-Lhe resistindo. Podes
falar acerca da fé e permanecer incrédulo; podes ensinar acerca da
conversão e permanecer não convertido. E podes pregar sobre o Céu,
enquanto que continuas vivendo mundanamente.Poderias ser o maior
pregador do mundo, mas sem a graça de Deus no teu coração,
continuarás como não salvo. Os pregadores do Evangelho serão julgados
pelo Evangelho. Portanto, toma cuidado, porque tu tens uma alma que
será salva ou perdida eternamente.

2. Como todos os outros, tu tens uma natureza caída


com tendências pecaminosas. Se Adão sendo sem pecado, caiu porque não
tomou cuidado, quanto mais, deveríamos tê-lo nós! Tal como uma
pequena faísca pode começar um incêndio florestal, assim também um
pecado conduz a outros.Até os crentes mais santos têm nos seus
corações restos de orgulho, de incredulidade, de ambição egoísta e todo
o tipo de pecado. Somos seduzidos facilmente pela necedade e pela
concupiscência; e então, o nosso juízo distorce-se, o nosso zelo esfria-se
e a nossa diligência debilita-se. Se tu não tomares cuidado do teu
coração traiçoeiro, muito em breve este encontrará uma
oportunidade para te enganar. Os pecados que pensavas que tinham
sido desarraigados há muito tempo, reviverão. Posto que tu és tão débil e
propenso a pecar, deves ter muito cuidado de ti mesmo.

3. Toma cuidado porque és um alvo especial de Satanás. Como servo de


Cristo, representas uma ameaça séria para o poder de Satanás. Este sabe
que se tu caíres, então a tua Igreja será uma presa fácil para ele. Ele usará
contra ti as mais subtis sugestões, as tentações mais persistentes e os
ataques mais ferozes. Satanás pode disfarçar-se como um anjo de luz. Ele
pode enganar facilmente os homens mais inteligentes sem que eles se
dêem conta. Tu podes pensar que estás avançando muito em tua fé,
quando em realidade tens estado traindo a Cristo. Tu não verás o fio e o
gancho, muito menos o vê o sutil pescador, enquanto que ele te está
tentando com seu anzol. Este anzol será tão atraente para a tua natureza e
para o teu temperamento que tu serás fortemente atraído por ele. Se
Satanás tiver êxito em arruinar-te, então ele usar-te-á para tu arruinares
outros. Será um triunfo para Satanás que tu sejas infiel ou que caias em
pecado. Ele reprovará a Igreja dizendo: “Este é o vosso piedoso
pregador”. Glorificarse-á contra Cristo e dir-Lhe-á: “Eu posso converter
os Teus melhores servos em traidores”. Finalmente, acusar-te-á a ti de
teres manchado e desacreditado o teu ofício. Portanto, toma cuidado de
não dares a Satanás a oportunidade de gabar-se acerca da tua caída.

4. Toma cuidado de ti mesmo, porque muitos


olhos estão postos sobre ti. Se caíres em qualquer sentido, todo o mundo
escutará a triste noticia. Outros podem pecar sem que muitos o notem,
mas tu não. Deverias dar graças porque isto te ajudará a tomar cuidado.
Portanto, vive como alguém cuja vida está exposta publicamente à vista
de todos. Há pessoas maliciosas que estariam dispostas a deleitar-se nos
teus mais pequenos erros. Se eles não podem encontrar em ti nenhum
falta, estarão até dispostos a inventá- las. Portanto, quão cuidadosamente
deveríamos viver ante os olhos de tantos maliciosos observadores!
5. Toma cuidado de ti mesmo porque os teus pecados envolvem maior
culpabilidade. a. Posto que tu sabes mais que os outros, então tu pecas mais
contra a luz. Os teus pecados envolvem mais hipocrisia. A tua
tarefa é a de pregar contra o pecado, expondo a sua natureza vil. Como
podes ser privadamente indulgente? Serás um inimigo do pecado em
público, mas seu amigo em secreto? Os teus pecados são mais
traiçoeiros. Cada crente declara a sua lealdade a Cristo estando contra o
pecado. Sendo ministro, essa lealdade é maior. Cada vez que tu pregas
sobre o pecado ou o juízo; e cada vez que administras o Batismo ou a
Ceia do Senhor, isto implica o teu rechaço do pecado e a tua união com
Cristo. Que classe de traidor serias, se abrigasses lugar no teu coração
para o pecado!
6. Toma cuidado de ti mesmo porque os teus deveres requerem uma graça
especial. Os dons e as habilidades inferiores podem ser suficientes para
os deveres menos exigentes. Todavia, se vieres a ser ministro do
Evangelho, necessitarás mais que uma quantidade ordinária de graça.
Deverias assegurar-te de que Deus realmente te tem chamado e equipado
para esta obra. Alguns que tinham servido a Cristo numa posição menos
exigente, entraram para o ministério só para trazer um desastre sobre a
Igreja. Se queres pelejar as batalhas do Senhor e aguentar as cargas do
ministério, então, certamente terás de ter muito cuidado de ti mesmo.

7. Toma cuidado de ti mesmo, porque a honra do Senhor depende de ti. Quanto


mais perto estamos de Deus, mais os nossos fracassos trarão desonra ao
Seu nome. Para um crente verdadeiro a honra de Deus é mais preciosa
que a própria vida. Suportarias que as pessoas atirassem à cara de Deus
a sujidade dos teus próprios pecados? Pensa sobre a dor que os demais
crentes sofreriam por causa das tuas ofensas. Portanto, tem cuidado
acerca de cada palavra e de cada determinação que tomas, porque a
reputação de Deus ante o mundo é da tua responsabilidade. Se falhares,
Deus restaurará a Sua própria honra, mas a tua própria vergonha não será
tirada tão facilmente.
8. Toma cuidado de ti mesmo porque o êxito da tua obra depende disto. Rara vez
Deus usa homens que não são aptos para a grande obra do Evangelho .

a. Esperas que Deus usará homens que vivam para eles


mesmos e não para a Sua glória? Alguns entram no ministério como
numa carreira ou para ganhar o respeito e uma reputação para si
mesmos, ou por algum outro motivo egoísta. Deveria surpreender-nos o
fato de que Deus não abençoe tal ministério? Os resultados da tua obra
são somente o que esperaríamos de agências humanas e naturais.

b. Podes esperar o êxito, se fores um


ministro infiel ou descuidado no teu trabalho? Se a tua fé for
somente intelectual e o teu ardor é pura emoção, então a tua pregação
será inútil. Podes tu chamar seriamente os pecadores a arrependerem-se,
se tu nunca apreciaste a baixeza do pecado e o valor da
santidade? Podes ter compaixão pelos outros e procurar conduzi-los a
Cristo, se não tens tido compaixão de ti mesmo e tampouco foste a
Cristo? É impossível amares os outros mais do que a ti
mesmo. Não podes advertir as pessoas sobre o Inferno, se tu não creres
nele. Se queres ganhar almas, então deverias crer firmemente na Palavra
de Deus, na vida vindoura e viver uma vida cheia de zelo e santidade.
Aqueles que descuidam as suas próprias almas não são aptos para
cuidar de outros.
c. É possível pelejares contra Satanás, se fores seu servo? A
pessoa não convertida é serva de Satanás. Este é o porquê de muitos
ministros religiosos serem inimigos de Cristo. Eles podem falar sobre
Cristo e a piedade, mas em secreto estarão fazendo tudo o que é contra
Ele. Caluniam a todos aqueles que amam a Cristo chamando-lhes
hipócritas ou fanáticos. O inimigo mais perigoso é aquele que está
no meio de nós. Eles podem dar a aparência de serem pregadores
ortodoxos, mas por dentro são controlados pela mundanalidade, pelo
orgulho, pela incredulidade e por uma aversão à piedade. Os hipócritas
podem parecer sinceros porque é mais fácil falar contra o pecado que
vencê-lo. Eles podem estar felizes quando outros se arrependem, mas ao
mesmo tempo podem continuar desfrutando das suas concupiscências
secretas. Não podes pelejar seriamente contra o pecado e Satanás, a
menos que verdadeiramente os odeies como os destruidores das almas
dos homens e como os inimigos de Cristo. Muito longe de odiar o pecado,
um não crente ama-o mais que tudo. Tal homem está totalmente
incapacitado para conduzir o povo de Deus e rogar a outros para que
renunciem ao mundo e à carne.
d. As pessoas não levarão a sério ao homem cuja vida não
concorda com a sua pregação. Pensarão que não fala a sério, porque
não faz o que diz. Se alguém disser que sua casa está a arder enquanto
que se relaxa numa poltrona, todos pensarão que está brincando. As
pessoas estão mais dispostas a crer no que vêem que no que escutam.
Pensarão que a tua pregação contra o pecado é puro palavreado, se
observarem que és egoísta, mundano ou descuidado. Seria como dizer-
lhes: “Não há nenhum dano ou perigo”. Se tu falhas em corrigires o teu
próprio comportamento e a tua maneira pecaminosa de falar, eles
pensarão que estas coisas não são importantes. Além disso, isto dar-
lhes-á um pretexto para criticar os ministros mais piedosos dizendo:
“Eles inquietam-nos com a sua pregação sobre o juízo e o Inferno,
enquanto que tu te ris e brincas connosco”. Eles pensarão que pregas
somente porque te pagam. É suficiente, para fazer daquele que fala de
Cristo aos domingos, um ministro do Cristo, mas que durante a semana
vive para agradar-se a si mesmo?

Finalmente, recorda que o êxito dos teus trabalhos depende


inteiramente da bênção do Senhor. Cristo prometeu ao Seus
servos fiéis que a Sua presença estará com eles; que o Seu
Espírito Santo morará neles; que as Suas palavras estarão nos
seus lábios e que Satanás será derrotado ante eles. Mas estas
promessas não são para os Seus servos infiéis. De fato, a
infidelidade provocará ele ser abandonado e a trazer ruína sobre
todas as suas obras. Na Sua soberania, é possível que Deus
pudesse usá-lo para fazer algum benefício ao Seu povo, mas isso
seria algo incomum.
Postado por GELSON LARA às 12:14 Nenhum comentário: Links para esta postagem
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6 de julho de 2013
William Chalmers Burns – O tutor de Hudson Taylor
William Chalmers Burns – O
tutor de Hudson Taylor

( O avô das missões modernas )

William foi influenciado por grandes


pregadores bretões, poderosos
ministros evangélicos que sofreram,
triunfaram e morreram pela fé na
Escócia.Seu pai foi um apóstolo do
reavivamento, revelado na história
dos poderosos movimentos do
Espírito Santo. Na geração de William
ocorreria um novo reavivamento, 100
anos mais tarde, em 1840, quando
Deus o usou grandemente. William
Chalmers Burns era amigo de Robert
Murray McCheyne, era missionário e
pregador itinerante, e acabou seus
dias como missionário à China, onde
conheceu e influenciou a J. Hudson
Taylor.

Seu nascimento

Nasceu em 10 de Abril de 1815, na


cidade de Dun,Escócia.Sua inclinação era
correr atrás de riquezas que lhe pudessem
trazer junto prazeres. Advogados eram ricos e
viviam em belas casas e mansões, e portanto,
ele se tornou um Advogado. Ele cegamente
falou a seus pais que ele não queria ser um
pobre pregador e que ele estava indo para o
mundo em busca de dinheiro.

Sua Conversão

Antes de obter o seu diploma, Deus alterou os


planos de William. Isto aconteceu através das
suas duas irmãs, que não se conformavam
com o descuido com que William tratava sua
alma. William era obediente aos pais,
inteligente, brilhante, amava aos seus
familiares e amigos, no entanto ele não era
salvo e estava a caminho do inferno. Elas
foram compelidas pelo Espírito a escrever
para William uma carta urgente,
admoestando-o a largar o mundo e aceitar o
glorioso Filho de Deus como Salvador e
Senhor. William foi grandemente tocado pela
carta e pediu para as irmãs enviarem para ele
alguma literatura que o ajudasse. Elas
enviaram o livro de Thomas Boston -
"Fourfold State"-. Outro livro que ajudou por
este tempo foi o livro de Pike - "Early Piety".
Sozinho com Deus, com lágrimas nos olhos,
ele creu em Deus para salvação. A esse
respeito ele disse: "Eu tinha a esperança de
ser salvo pela soberania do infinitamente
gracioso Deus; e quase no mesmo instante,
eu senti que podia deixar minha presente
ocupação e devotar minha vida a Jesus, como
ministro do glorioso evangelho pelo qual eu
tinha sido salvo".

Seu Chamado para a pregação

Logo após a sua conversão,


William chegou inesperadamente na casa de
seu pai, que era pastor em Kilsyth, e entrou
na sala. Surpreso, seu pai lhe perguntou:
"William, o que você está fazendo aqui?!". Ele
havia cavalgado trinta e seis milhas de
Edimburgo até Kilsyth, trazendo as boas
novas de sua conversão. Então ele virou-se
para a sua mãe e disse: "Mãe, o que você
diria se eu te contasse que eu quero ser um
ministro do evangelho acima de tudo o
mais!?". Nem precisa dizer qual era o
pensamento de sua mãe. Ela e toda a sua
família estavam entusiasmados com a notícia.
Imediatamente puseram-se a ouvir o relato de
sua conversão, como aconteceu aquela
revolução em sua vida. Gastaram a manhã
conversando sobre isso, ao redor da lareira.
Sua mãe, observando o rosto decidido de seu
filho, e a nova expressão de alegria em sua
face, sabia que, por mais precipitado que
parecesse, a sua decisão de ser um ministro
do evangelho era algo para a vida e para a
morte. Nada o demoveria disso.

Logo o jovem William deixou as coisas deste


mundo de lado. O odor das "ervas do Egito"
eram ofensivas a ele, enquanto que a vida de
autocontrole e piedade que ele buscou viver
eram provas da profundidade da atuação do
Espirito Santo na sua alma. Foi na
universidade de Glasgow que ele ouviu um
médico missionário chamado Dr. Carlton
falando sobre a sua viagem à China, de como
ele se colocou no altar de Deus para um
trabalho missionário para com os ímpios
esquecidos naquela terra distante e a forma
como Deus o enviou. Mais tarde esse relato
seria usado por Deus para estimulá-lo a
também ser um missionário.

O jovem Burns foi licenciado


para pregar e ocupar o lugar no púlpito de
Robert Murray McCheyne, na igreja de St.
Peter , em Dundee. Ele aceitou a oferta, tendo
a idade de 24 anos, dizendo: "Eu sou
realmente impróprio, eu não sou adequado
para assumir este árduo porém nobre
trabalho. Mas, o que importa? Gloria seja
dada a Jesus, sua graça é suficiente para
mim, porque seu poder se aperfeiçoa na
fraqueza!".

De acordo com o que se percebe nos livros a


respeito de McCheyne, havia uma
extraordinária similaridade entre estes dois
servos de Deus, porém seus dons e
temperamentos eram notoriamente
diferentes. McCheyne era um poeta, de
temperamento suave, meigo, dócil.
Destacava-se o amor e a reverência. Em
Burns via-se palavras mais fortes, diretas ao
pregar a verdade de Deus. Ele fazia o povo
tremer ante o poder de Deus. Em outras
palavras, McCheyne era um pastor e Burns
era um evangelista. McCheyne gastava o seu
tempo em adoração, oração e contemplação
do grande amor de Cristo demostrado no
calvário, enquanto que Burns preocupava-se
muito com as almas que iam para o inferno
sem salvação, passando o tempo em agonia
de alma pelos não salvos.

Um dia, sua mãe fora fazer compras em


Glasgow e o perdeu na multidão. Recuou
sobre seus próprios passos e encontrou Burns
com a expressão de grande sofrimento e
agonia. Sua mãe perguntou se ele estava
doente ou com dor. Ele então respondeu: "Ó
mamãe, ó mamãe!! O andar destas pessoas
sem Cristo em direção ao inferno parte o meu
coração".

Sua atuação na igreja em St.Peter, o relato do


Dr. F.B.Mayer explica que Burns era jovem,
inexperiente, sem nenhum peculiar dom
poético na pregação, mas que foi
grandemente respeitado pela sua congregação
, porque, ainda que suas palavras eram
poucas, diretas, pouco adornadas, no entanto
vinham cheias de poder, como flechas
lançadas por um exímio atirador. Essa flechas
atingiam em cheio o coração e a consciência
dos ouvintes. Por tudo isso o povo o
considerava como um "mensageiro de Deus".
Literalmente pode-se dizer dele que suas
palavras não eram cheias de sabedoria
humana, mas uma demonstração do Espírito e
de poder. O resultado visível foi um aumento
no entendimento espiritual do povo e um tom
elevado de solenidade e sobriedade se tornou
generalizado entre os crentes daquela igreja.

O templo já tinha se enchido antes, mas agora


a multidão se tornou mais densa e
entusiástica que antes. As salas se encheram
de pessoas até não Ter mais lugar. Alma após
alma vinham a ele para dizer como
encontraram paz ao crer nas palavras que ele
havia pregado. Assim, os primeiros quatro
meses em Dundee foram meramente um
prefácio de coisas melhores que os meses
seguintes foram testemunha.
Reavivamento em Kilsyth

Enquanto Burns ministrava na Igreja de St.


Peter, Dundee, em Kilsyth o Senhor estava
começando a se mover de uma maneira
extraordinária. O pai de William decidiu pregar
diante do monumento a James Robe,
protagonista de um reavivamento na Igreja
em Kilsyth à 100 anos atras. Seu objetivo era
entusiasmar os crentes a orarem por um novo
avivamento e pela salvação das almas
perdidas. "Deus não está morto!" ele
exclamava. "O Evangelho não perdeu o seu
poder. Somos nós que perdemos o nosso
poder junto à Deus. Deus está pronto agora
mesmo para nos dar a mesma benção que Ele
deu a 100 anos atrás - e muito mais! Vocês
estão prontos para deixar que Deus sonde os
vossos corações, para ver que ali não há
pecado que faça o Senhor voltar atrás em
suas bênçãos?"

Os crentes ouviram estas palavras e não se


furtaram a buscar a face de Deus em
humilhação e contrição permanecendo assim
muito tempo. A sensação geral era de estar
no "vale dos ossos secos". Nesta atmosfera foi
que William chegou de Dundee para passar
um tempo na companhia dos irmãos da igreja
e de seus familiares, por ocasião da Ceia do
Senhor, onde foi fortemente relembrado o
custo da salvação - o precioso sangue de
Cristo. William veio somente como um
membro da igreja e não pretendia pregar,
mas os planos de Deus eram diferentes. Seu
tio, Dr. Burns, pediu para que ele pregasse
em seu lugar. William aceitou e pregou no
Sábado e no Domingo e seu discurso causou
tanta impressão nos ouvintes, que seu pai e
seu tio pediram que ele pregasse uma vez
mais na Terça-feira, no mercado. Esta Terça,
dia 23 de julho de 1839, permanece como um
dos grandes dias em toda a história dos
reavivamentos. Aquela manhã foi fixada por
toda a eternidade dentro do conselho de Jeová
como uma nova etapa na história da
redenção de Deus.

Durante a noite anterior, o


povo de Deus se colocou em oração durante a
noite toda, esquecendo-se das horas, tão
ocupados estavam em suas orações. Por
muitas semanas William Burns estava tão
ocupado em oração que nem ele descansou.
Por causa da chuva, a grande multidão que
tinha se ajuntado no mercado agora se reunia
dentro da igreja, com suas roupas de
trabalho, homens, mulheres e crianças , junto
com alguns dos mais devassos pecadores do
distrito. Eles cantaram o Salmos 102, e
quando o narrador do hino leu as seguintes
linhas:

"O tempo do seu favor chegou!


Atente bem, é agora vem o fim."
A palavra AGORA tocou seu próprio coração (o
de William) e encorajou-o na esperança de
que o tempo de Deus era agora, e estava em
Suas mãos realizar um novo avivamento. O
texto escolhido foi um outro salmo, o 110. Foi
um sermão muito cuidadoso em sua ordem de
exposição, e também evangelístico em seu
ensino. Quando William ia chegando ao fim do
seu sermão, ele subitamente sentiu-se guiado
pelo Espírito Santo para contar alguns dos
poderosos avivamentos na história da Escócia.
Contou sobre John Livingstone, como Deus
operara por meio dele no reavivamento à 100
anos atrás. Contou que Livingstone estava por
terminar a mensagem, quando caiu uma
chuva sobre o povo, e como o povo começou
a se movimentar par ir embora, ele disse: "Se
uns pequenos pingos de chuva tão facilmente
afastam vocês de ouvir a mensagem de Deus,
então que dirá no dia do julgamento, quando
Deus fará chover fogo e enxofre sobre os que
rejeitam a Cristo?" Então Livingstone os
incitava a buscar a "cidade de refúgio" em
Cristo. O resultado disso foi que 500 pessoas
foram convertidas por ocasião de seu sermão.

Enquanto Burns contava a história, a emoção


ia tomando conta da multidão. O que se
seguiu foi memorável. O próprio William
narrou assim: " Eles (o povo) choravam e se
lamentavam, intermeado com súbitos
momentos de alegria e oração, junto com
alguns do povo de Deus. A impressão que eu
tive do púlpito era do estado dos ímpios na
volta de Cristo, no dia do julgamento. Alguns
demonstravam grande agonia - outros caiam
no chão como mortos".

Este movimento prosseguiu durante semanas,


permanecendo estável e aprofundando-se
cada vez mais. William, que pretendia voltar a
Dundee naquele dia, ainda pregou mais três
vezes naquele mesmo dia, e nos dias
seguintes. Mal acabava a primeira pregação
já em seguida começava o outro. Às vezes ia
até tarde da noite, e assim se sucedia no dia
seguinte. Esse temor e emoção tomou conta
da cidade e arredores, lembrando um pouco o
avivamento que se deu nos EUA sob Jonathan
Edwards. O tema das conversas era sobre as
coisas do Senhor. Era verdadeiramente o céu
na terra, na região de Kilsyth. Toda a Escócia
ouviu a grande nova com alegria, e centenas
de intercessores por avivamento literalmente
saltaram de alegria.

O Reavivamento em Dundee e Perth

Ao retornar para Dundee em Agosto de


1839 William encontrou o mesmo cenário
que havia deixado em Kilsyth. Se sua
oração antes era cheia de poder, agora
também tinha se tornada mais profunda.
Robert McCheyne estava doente, quase à
morte, no Líbano e William se colocou
em oração junto à sua congregação em
Dundee por McCheyne. No final da sua
primeira pregação em Dundee, William
fez um breve relato do que estava
acontecendo em Kilsyth e chamou os
não-convertidos a deixar a sua condição
de pecado. Dr. Andrew Bonar narrou
estes fatos assim: "de repente o poder de
Deus pareceu descer, e todos começaram
a chorar de grande emoção - a mão de
Deus se revelou neste dia e nas semanas
seguintes".

Tão grande era a fome pela Palavra que


Burns pediu ajuda a outros pregadores.
Ele dificilmente encontrava tempo para
comer ou dormir, porque a multidão
seguia-o por onde ele fosse em Dundee.
Era claro para todos que o jovem ministro
tinha construído seu ministério em
Kilsyth e Dundee sobre o fundamento que
tinha deixado seu pai e McCheyne, mas
também era claro que o fator principal do
avivamento era o extraordinário poder de
Burns na pregação e na oração. Como
John Welsh, ele gastava noites em
intercessão agonizante pelas almas dos
perdidos. "Oh! Suas orações! Eu não
consigo fugir delas" - disse certa vez um
seu ouvinte.

"Com a calma da exaltação, com santa


persuasão, e com riqueza suprema na
exposição, ele podia mostrar a glória de
Cristo e as maravilhas da redenção;
então, com um brilho espiritual,
terminava com uma visão que parecia
que os céus se abriam para que eles o
vissem, e centenas de corações se
prostrassem em adoração, num senso de
presença inefável de Deus", palavras
estas ditas por outro ouvinte.
Em seguida, retornou McCheyne de sua
viagem à terra santa, e juntou-se a
William na tarefa de fortalecer os jovens
convertidos na fé e levar mais almas à
Cristo.

Convites de toda a Escócia chegavam ao


jovem William, mas ele somente podia ir
onde o Espírito Santo de Deus o enviasse.
A próxima cena de poderosa visitação do
Espírito Santo foi na cidade de Perth.
William foi ali para pregar por três dias e
acabou ficando três meses. Ele mesmo
descreve o que aconteceu ali: " A igreja
era uma massa sólida de vida, mas vida
física e não espiritual. Eu tinha clara
direção para falar baseado em Dt. 32:35
em meu sermão: "Minha é a vingança e a
recompensa, ao tempo em que resvalar o
seu pé; porque o dia da sua ruína está
próximo, e as coisas que lhes hão de
suceder se apressam a chegar". Eu tomei
como base o sermão de Jonathan
Edwards . Durante a pregação, estas
afirmações foram acompanhadas de uma
medida extraordinária do Espírito Santo,
e o sentimento dos ouvintes se tornou
tão intenso que, quando um homem nas
galerias exclamou audivelmente, "Senhor
Jesus, venha e me salve", a grande
massa da congregação deu um audível
sinal de emoção ao chorar em voz alta.
Eu imediatamente comecei a repetir,
como em Kilsyth, o convite de Isaías,
dizendo que Jesus é o Dom de Deus que
traz libertação. Homens e mulheres
literalmente se banharam em choro, em
agonia de alma."

Burns era um grande pregador ao ar


livre. Onde os homens se congregavam,
ele estava ali para pregar a eles: no
mercado, nas feiras, nos parques. Ele era
o homem dos homens. Centenas podiam
ouvi-lo. Algumas vezes, como John
Wesley, às cinco da manha se podia ouvir
as suas palavras. Algumas vezes
McCheyne deixava Dundee e se juntava a
Burns em seus encontros evangelísticos.
Como a multidão crescia cada vez mais,
ele escreveu uma carta à McCheyne para
que ele o ajudasse, e dedicasse a sua
vida inteira à evangelização e ao
fortalecimento na fé dos novos
convertidos. Nessa carta ele clamou
que McCheyne deixasse a
acomodação. "Não espere pela
chamada da igreja. A chamada de
Cristo é melhor. Almas estão
perecendo. Vamos socorrê-
los. Não me entenda mal; eu não estou
desvalorizando o trabalho pastoral, mas
apenas vendo que a necessidade urgente
está aqui". McCheyne respondeu dizendo
que ele estava buscando cumprir o que o
Senhor tinha para ele: "Nós não podemos
ver com os olhos dos outros. Temos que
cumprir o caminho que o Senhor tem
para nós - isto é o mais importante. O
trabalho de Deus pode florescer por nós,
se ele florescer mais ricamente em nós".
Pouco tempo depois o Senhor o chamaria
para a glória (1843).

William Chalmers Burns pregou em


muitas cidades, espalhando o evangelho
por toda a Escócia. Muitos livros podiam
ser escritos demonstrando o caráter e o
ministério dele. Mas creio que até aqui
temos uma idéia de como era esse
grande homem de Deus. Ele se tornou
conhecido posteriormente porque foi um
missionário ousado na China.

Do Canadá para a China

De Dundee, o Espirito Santo chamou Burns


para ir ao Canadá, onde permaneceu dois
anos, pregando em Montreal e outras cidades.
Sofreu muito nas mãos dos romanistas, que
dificultaram o evangelho; Mesmo com o
trabalho intenso, não negligenciava a
comunhão pessoal com Deus: "Eu tenho
algumas suaves e doces visões de Cristo
assentado ao lado direito do Pai".

Não devemos nos esquecer que a chamada


original de Burns era para ir pregar o
evangelho em terras distantes, aos pagãos.
Lembre-se que ele se ofereceu à Sociedade
Missionária da Universidade de Glasgow para
ir à Índia, mas eles não puderam enviá-lo.
Quando foi chamado ele estava no meio do
reavivamento em seu país, e então não
poderia deixá-lo; porém ele não se esqueceu
do seu chamado. Agora no Canadá, ele sentiu
que havia chegado o tempo de ir pregar a
mensagem onde ainda não havia sido
proclamada. Orava: "Óh, abençoado Espírito
Santo, que terra pagã Tu queres me enviar
agora?". Mais tarde veio uma carta de
Londres, perguntando aos irmãos na Escócia
se podiam recomendar algum missionário
para ser enviado à China. Quando Burns
tomou conhecimento da carta , entendeu ser
este um sinal enviado por Deus para o seu
chamado. Ele escreveu ao comitê em Londres:
"Eu estou pronto a ser queimado pelo Reino
de Deus. Eu estou pronto a sofrer qualquer
dificuldade, se eu, por qualquer meio, possa
salvar alguns. O desejo do meu coração é
tornar conhecido meu glorioso Redentor para
aqueles que nunca ouviram falar dele". O
comitê em Londres recebeu a sua carta com
grande entusiasmo, já que eles conheciam o
sofrimento de Burns com os Romanistas na
Escócia e Canadá, e sabiam que, se há um
homem na Escócia que tinha paixão pelas
almas, esse homem era William Chalmer
Burns.

Então, após viver situações que lembravam o


Pentecostes, esse ardente apóstolo foi
abruptamente transferido para uma terra que
não gosta de estrangeiros - uma terra de
ídolos e adoradores pagãos. Ao invés de
pregar para milhares, agora pregava para dois
ou três. Tinha nesta ocasião a idade de 31
anos. Eu creio que nenhum outro episódio
mostra tão claramente o caráter deste
homem, como o fato de deixar popularidade,
prestígio, saúde e o amor dos amigos e pelos
amigos em função das almas perdidas num
país distante. Perguntado pelo Sínodo quando
ele estaria pronto para ir `a China,
respondeu: "AGORA!", mesmo sem precisar
voltar à Escócia . Ele foi o primeiro missionário
Inglês à China enviado pela igreja
Presbiteriana.

Enquanto esperava a saída do navio em


Junho, ele pregava diariamente na Inglaterra.
Seus pais, seu irmão Isley e sua esposa
vieram para visitá-lo e permaneceram até que
ele deixou à Inglaterra. A sua saída da
Inglaterra foi repentina. O navio à vela - The
Mary Bannatyne - dependia dos ventos
favoráveis para partir, então não havia dia
marcado para sair. Num dia, ao anoitecer,
após pregar na igreja escocesa de Woolwich,
perto de Londres, veio a notícia de que o
navio ia partir e o esperava em Portsmouth.
William rapidamente partiu de trem até o local
e embarcou no navio para a longa viagem. O
último sinal que seu irmão - Isley -
conseguiu ver de William foi ele estar em
pé, junto ao convés, com a Bíblia
levantada na mão direita, apontando para
ela com a esquerda, "como se", disse
Isley, "para dizer que ali estava a única
coisa digna de viver em todo o mundo, e
que a Bíblia era o meio de união eterna
entre aquele que parte e aquele que fica.
O navio ia desaparecendo na escuridão...
Eu continuava a ver a William, na mesma
atitude, mesmo que agora desaparecido
totalmente na escuridão. Eu fui separado, não
somente de um irmão, mas de um verdadeiro
santo de Deus".

William embarcou, esperando nunca mais ver


seus amados e sua amada Escócia
novamente.

Seu diário durante a viagem é extremamente


interessante. Era Junho quando deixou a
Inglaterra e não chegaria a Hong Kong antes
de Novembro. Durante este tempo William
continuou como tinha começado, orando pela
sua família em sua cabine ao amanhecer e ao
anoitecer, e, quando o capitão permitia, em
outras partes do navio. Estudava o chinês,
usando o Novo Testamento em chinês do Dr.
Morrinson, tomando conhecimento desta
língua, e indo além de suas próprias
expectativas, aprendendo rapidamente esta
nova língua. Numa noite de Sábado, perto da
ilha de Luzon, abateu-se-lhes uma violenta
tempestade, a ponto de romper o mastro
principal. A tempestade durou até Segunda-
feira, deixando o barco à deriva, ao sabor das
ondas, levando-o em direção da costa
perigosamente. Porém, inesperadamente, o
vento mudou de direção e os livrou. Mais
tarde William acrescentou que acreditara ser
esta tempestade para o bem espiritual de
muitos dos seus companheiros de viagem.
Certamente eles ficaram impressionados com
a fé, a firmeza na verdade de Deus que
William demonstrou neste período. O capitão
permitiu que realizasse cultos de adoração no
barco. Como ele disse, para ele morrer ou
viver era algo de pouco valor , mas sim o
salvar almas. E era isso que ele buscava fazer
em qualquer circunstância.

A China

Burns trabalhou em Canton onde ele


tentou pregar em Chinês para
prisioneiros em uma jaula comum. Dali
ele foi para a ilha de Amoy e traduziu
uma edição do "O Peregrino" e um livro
de hinos. Depois, de cidade em cidade,
ele ia distribuindo literatura evangelística
e pregando ao ar livre. Durante uma
destas viagens, ele parou em Pechuia,
uma cidade central e comercial muito
importante. Ali um avivamento começou,
e foi tal que relembrava o avivamento
que ele presenciou na Escócia. O povo
voltava com grande comoção para os
caminhos de Deus, e os chineses
destruíam seus ídolos e símbolos
ancestrais - objetos amados pelos
chineses como símbolo de veneração. A
simplicidade e o zelo destes novos
convertidos literalmente estontearam a
comunidade e o movimento alastrou-se
espontaneamente como fogo, de vila em
vila.
Os últimos dias de um santo

Com exceção de uma curta visita à


Escócia sete anos mais tarde, em 1854, o
resto de seus dias foram gastos na China.
Ali, vestido como um nativo daquele
país, e somente com companhia chinesa
ele procurou tornar conhecido as
verdades salvadoras do seu glorioso
evangelho. Foi em Shangai que Burns
entrou em contato com outro homem de
Deus, Hudson Taylor. Taylor percebeu
rapidamente que ali estava um pioneiro
no evangelho, um homem único em
termos de piedade e amor pelas almas.
Mais e mais vezes Taylor comentava em
suas audiências na Inglaterra e Estados
Unidos como sua própria vida havia sido
influenciada e enriquecida com a vida de
William Chalmers Burns. Taylor assim
escreveu a respeito de Burns: "Aqueles
meses felizes foram de uma alegria e
conforto inexplicáveis para mim. Seu
amor pela Palavra era admirável, e sua
santidade, vida de reverência e constante
comunhão com Deus fez crescer nossa
comunhão ao ponto do meu coração ficar
profundamente impressionado com ele.
Sua participação nos avivamentos e suas
perseguições no Canadá, Dublin e no
sudeste da China foram instrutivos tanto
quanto interessantes. Com um verdadeiro
discernimento espiritual ele geralmente
apontava para os propósitos de Deus nas
dificuldades, com isso Deus estava dando
as nossas vidas um grande valor, pois
participamos nos planos de Deus. Sua
visão especialmente a respeito do
evangelismo como sendo o grande
trabalho da Igreja, e a ordem bíblica de
envio de evangelistas como uma ordem
perdida, e que devia ser restaurada,
foram pensamentos que estimularam e
produziram a conseqüente organização
missionária ao interior da China."

J. Hudson Taylor se tornou o fundador da


Missão ao Interior da China, e pode se
dizer com segurança que esse poderoso
movimento espiritual teve origem com
William Chalmers Burns, pois ele
influenciou grandemente a vida e o
pensamento do fundador.
Em 1867, William foi para Nieuchwang,
na esperança de estabelecer uma missão
na Manchuria. Sua saúde, porém, estava
gradualmente deteriorando, e, em janeiro
de 1868 ele teve uma queda abrupta da
temperatura e em seguida uma febre
alta, da qual ele nunca se recuperou. Um
santo do lugar, chamado Wanghwang,
que era seu auxiliar no ministério,
cuidava dele com ternura. "às vezes ele
sorria" disse Wanghwang, e eu
perguntava porquê. Ele respondia: "Deus
está falando comigo agora, e eu estou
extremamente feliz" Seus últimos
pensamentos forma a respeito do cuidado
com os crentes chineses. Dizia: "quando
eu for, vocês não terão mais um
missionário aqui. Vocês precisam orar
muito, pensar e ler muito, só então vocês
poderão obter sabedoria. Aleluia! Eu
encontrarei vocês no Céus".

O pai de William tinha sido chamado para


a glória a alguns anos antes, mas sua
mãe ainda estava viva, e enquanto ainda
tinha forças ele escreveu para ela uma
poucas linhas de conforto e de despedida.
Um irmão missionário estava com Burns
quando o fim chegou. Ele leu para ele o
salmo favorito de todos os filhos da
Escócia . No silencio patético daquele
quarto solitário, a voz da leitor foi
abruptamente interrompido com essas
solenes palavras, "SIM, AINDA QUE EU
ANDE PELO VALE..."; e a voz de Burns se
tornou mais forte e completou o Salmo
para ele. Então após ler o décimo quarto
capítulo do evangelho de João e
repetindo a oração do Senhor, William
juntou todas as forças que ainda tinha, e
com grande alegria, juntou-se na final e
triunfante nota, "PARA ELE SEJA O
REINO, O PODER E A GLORIA...", a voz
falhou, a face calma se tornou
acinzentada. O fim logo chegou.

O corpo foi sepultado num cemitério para


estrangeiros em Nieuchwang, mas depois
foi removido para um novo lugar, no qual
se lê a seguinte inscrição:

REV. WILLIAM C. BURNS, M. A.


Missionário para os chineses.
Nascido em Dundee, Escócia,
em 1º de Abril de 1815.
Chegou à China em Novembro de 1847.
Morreu em Nieuchwang, em 4 de Abril de
1868.

"Você conhece William Burns?", um


missionário foi perguntado. "Se eu
conheço?" disse o missionário, "toda a
China o conhece e sabe que ele foi o
homem mais santo que aqui viveu!".

Que vida! Que vida vivida para Deus!


Certamente a vida deste crente é um
estímulo para todos nós nestes dias
fáceis, dias de luxúria e egocentrismo
disfarçado.

A antítese apostólica
resume bem a vida de Burns: "COMO NÃO
TENDO NADA, E POSSUINDO TODAS AS
COISAS".

"Tão vividamente eu relembro os


momentos, a poucos anos atrás",
escreveu seu irmão e biógrafo, "quando
ele retornou da China, ele tinha consigo
apenas algumas páginas impressas em
Chinês, uma bíblia inglesa e uma chinesa,
uma roupa chinesa simples, um ou dois
pequenos livros, uma lanterna chinesa e
uma bandeira azul escrito: "O barco do
evangelho". Certamente ele era um
homem muito, muito pobre", disse seu
irmão Isley.

Sim, isto está absolutamente correto, e


ao mesmo tempo absolutamente falso.
Desde que Cristo estava com ele, e ele
viveu somente para Ele e para torná-lO
conhecido, ele era rico acima de toda a
imaginação. Uma vez ele disse: "estar em
união com Cristo, que é o Leão de Israel,
e caminhar muito próximo a Ele, que é
Sol e Escudo - é tudo o que um pobre
pecador necessita para ser feliz entre
este mundo aqui e o Céus". Que assim
seja conosco também.

Fonte: Adaptado e resumido por Valdir


Noll a partir do livro William Chalmers
Burns - James A. Stewart - Editora
Lamplighter Publications.

Postado por GELSON LARA às 01:45 Nenhum comentário: Links para esta postagem
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30 de junho de 2013
John Woolman - O SEGREDO DA FELICIDADE

O SEGREDO DA FELICIDADE

VOCÊ GOSTARIA DE
FAZER DE SUA VIDA UMA
COMPLETA FESTA DE PAZ E DE
ALEGRIA?
John Woolman (alfaiate Quacker do século XVIII, cujo
diário é um clássico da espiritualidade) o fez.

Ele resolveu organizar seus afazeres exteriores de tal


modo que pudesse estar, a cada momento, atento àquela
voz. Simplificou sua vida à base de sua relação com o
Centro divino.
Nada mais valia tanto quanto a atenção à Raiz de todo
viver que ele descobria dentro de si mesmo. E a
descoberta Quacker é justamente esta: os sussurros de
orientação, amor e presença divinos, mais preciosos que o
céu e terra. John Woolman nunca permitiu que as
exigências do seu negócio ultrapassassem suas
necessidades reais.
Quando vinham muitos clientes, ele os mandava para
outro lugar, para comerciantes e alfaiates mais
necessitados. Sua vida exterior tornou-se simplificada à
base de uma integração interior. Descobriu que podemos
ser homens e mulheres guiados pelo céu, e se rendeu
completamente, sem reservas àquela orientação, tornado-
se aquecido e próximo ao Centro.
Eu disse que sua vida exterior tornou-se
simplificada, e usei de propósito a voz passiva. Ele
não precisou lutar e renunciar e se esforçar para
alcançar a simplicidade.
Ele rendeu-se ao Centro, RENDEU-SE AO ESPÍRITO
SANTO e sua vida tornou-se simples. Era sinótico;
tinha singeleza de visão. “Se o teu olho for singelo,
todo o corpo será cheio de luz”. Seus muitos egos
integravam-se num só ego verdadeiro, cujo único
objetivo era de andar humildemente na presença,
orientação e vontade de Deus.

Era como se houvesse nele um presidente que no


silêncio solene da interioridade, percebia o consenso
da reunião. Eu direi que o método Quacker de
conduzir as reuniões administrativas aplica-se
também, individualmente às nossas vidas interiores.
O Santo observava, na vida interior de John
Woolman, como fez Jesus quando observou as
pessoas colocando suas ofertas na tesouraria.
E debaixo do olhar silencioso daquele que é Santo
estamos todos, quer o saibamos, quer não. No centro, no
abismo onde habita o Eterno no fundo do nosso ser,
nossos programas, doações e oferenda de tarefas
realizadas estão sendo constantemente reavaliadas. Não
conseguíamos dizer “não” a eles, porque pareciam tão
importantes. Mas se centrarmo-nos e vivermos no Silencio
que é mais precioso do que a vida, e levarmos o nosso
programa para os lugares silenciosos do coração, com
abertura total, prontos a fazer ou renunciar segundo a Sua
direção, muitas das coisas que fazemos perderão a sua
importância. Eu gostaria de testificar isso, como
experiência pessoal, fruto da graça. Essa reavaliação
daquilo que fazemos ou tentamos fazer, é feita para nós, e
aí sabemos o que fazer e que deixar de fazer.

Quero falar com muita


intimidade e seriedade a respeito daquele que é mais
precioso do que a vida. Será que você realmente
deseja viver sua vida, cada momento dela, na
presença dele? Você o almeja, suspira por Ele? Ama
sua presença? Cada gota do seu sangue o ama? Cada
suspiro é uma oração, um louvor a Ele? Você canta e
dança dentro de si mesmo, enquanto se regozija no
amor dele? Está decidido a ser dele, e somente dele,
andando a cada momento em santa obediência?
Sei que estou falando como um evangelista dos
velhos tempos, mas não posso me conter, nem posso
ser correto e convencional. Já vivemos tempo demais
sendo corretos e reprimidos. O gozo do amor de
Deus, de nosso amor a Deus e do amor dele a nós
está queimando forte. “Amarás ao Senhor teu Deus
com todo teu coração, alma, mente e força”. Amamos
mesmo, de verdade? Das nossas mentes sai um fluxo
de amor em direção a Deus, sempre, o dia todo?
Intercalamos o nosso trabalho com orações e
louvores a Ele? Vivemos firmes na paz de Deus, uma
paz no fundo de nossa alma, onde não há mais tensão
e Deus já é vencedor sobre o mundo e sobre nossas
fraquezas?
Esta vida, esta paz contínua, duradoura e infalível,
este poder sereno, esta conquista interior sobre nós
mesmos e conquista exterior sobre o mundo - tudo
isso é para nós. É uma vida livre de tensão, ansiedade
e pressa, porque algo da Paciência Cósmica de Deus
nos é dado. Será que nossas vidas são inabaláveis,
porque estamos plantados bem na rocha, enraizados
e arraigados no amor de Deus? Este é o primeiro e o
maior mandamento.
Você quer viver numa presença divina tão estupenda
que a vida seja transformada e transfigurada e
transmudada em paz, poder, glória e milagre? Se quiser,
pode. Mas se você disser que não tem tempo para descer
aos silêncios recriadores, só posso responder: Então você
não quer realmente, você ainda não ama a Deus sobre tudo
mais no mundo, com todo seu coração, alma, mente e
força. Porque, exceção feita a tempos de doença na família
e quando os filhos são pequenos, quando estamos sob
grandes pressões, acabamos descobrindo tempo para
aquilo que realmente queremos fazer.
Desejo ser drástico e impiedoso em desmascarar
qualquer fingimento na questão da devoção e singeleza de
amor a Deus. Mas devo confessar que não leva tempo,
nem complica seu programa. Tenho descoberto que uma
vida de sussurros de adoração, de louvor e de oração pode
permear o dia. É possível ter um dia muito cheio, no
sentido exterior, e mesmo assim estar continuamente na
Santa Presença.
Precisamos, isto sim, de uma tranqüila meia hora ou hora
de leitura e reflexão. Mas podemos levar os silêncios
recriadores dentro de nós, quase o tempo todo. Com
alegria leio o irmão Lawrence (irmão leigo francês do
século XVIII), na sua “Prática da Presença de Deus”. No
final da quarta conversação, diz-se dele: “Nunca estava
apressado nem ocioso, mas fazia tudo a seu tempo, com
uma serenidade ininterrupta e espírito tranqüilo”. A hora
de negócios, diz ele, para mim não difere da hora de
oração, e no barulho e tinido de minha cozinha, com várias
pessoas pedindo coisas ao mesmo tempo, possuo a Deus
com a mesma tranqüilidade, como se estivesse ajoelhado
recebendo o sacramento. “A verdadeira razão de não
recolhermo-nos, não centrarmo-nos, não é falta de tempo;
em muitos de nós, ao que me parece, é a falta de um
prazer entusiasta nele, de um profundo amor dirigido a Ele
em todo momento do dia e da noite.
Deve ficar claro que estou falando de um estilo
revolucionário de viver. A religião não é algo que
acrescentamos às nossas outras tarefas, assim tornando
ainda mais complexas as nossas vidas. A vida com Deus é
o Centro da Vida, e tudo mais é remoldado e integrado de
acordo. É isso que dá singeleza de visão. O mais
importante não é estar sempre passando copos de água
fria para um mundo sedento. É possível estarmos tão
ocupados tentando cumprir o segundo grande
mandamento, “Amarás a teu próximo como a ti mesmo”,
que ficamos subdesenvolvidos na nossa devoção a Deus.
Mas, temos que amar a Deus tanto quanto ao próximo.
Estas coisas deveríamos fazer sem deixar a outra pela
metade.

casa onde morava John Woolman

Acabou de nascer uma canção para


celebrar a memória de uma pessoa
admirável: John Woolman. No Brasil,
infelizmente, pouca gente o conhece.
Não há quase texto algum sobre ele.
Fico até na obrigação de escrever algo.
Ele foi um cristão quacker que viveu
nos Estados Unidos há muito tempo
(1720-1772). Três coisas me deixam
impressionado na vida desse
camarada: o amor pela natureza, o
amor pelos povos indígenas e o amor
pelos afrodescendentes (na época
escravos).
Mesmo sendo desaconselhado a correr
os riscos, Woolman decidiu conhecer e
viver um tempo entre os índios
Wehaloosing, considerados hostis. A
eles, Woolman falou de Jesus. Durante
toda a sua vida lutou pelo fim da
escravidão dos negros. Por esse
motivo, não usava roupa, sapato ou
qualquer artefato produzido por mão de
obra escrava. Quando visitava
fazendas, preferia ficar hospedado nas
senzalas do que nas casas dos
senhores.
Pregador itinerante, conservacionista
antes do tempo, queria o diálogo entre
os povos.
Li o seu diário e lá encontrei passagens
como esta: "O amor foi o primeiro
movimento, e então senti o desejo de
passar um tempo com os índios, para
que eu pudesse sentir e entender sua
vida e seu espírito, e também ter a
felicidade de receber alguma instrução
da parte deles, ou quem sabe eles
poderão ser de alguma forma ajudados
pela minha vida entre eles..." (The
Journal of John Woolman).
Canção para John Woolman
Ele anda na floresta lentamente
E molha os pés nas águas da manhã
Coração de índio, cheiro de hortelã
Ele deixa a sua aldeia, seu conforto
E entrega a Deus os rumos do amanhã
Coração de índio, cheiro de hortelã
É cruzar a fronteira e deixar-se levar
Pelo Vento ao deserto e ao chão
E ali achar o seu irmão
O perigo é não amar
A vergonha é não sonhar
O engano é não enxergar
O olhar do outro
Ele anda pelas casas e fazendas
E vê ao longe os campos de algodão
Coração de negro, olhos na amplidão
Ele sente o corte fundo sobre a pele
E a lágrima esquecida no porão
Coração de negro, olhos na amplidão
Criciúma, 9 maio 2013.

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