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Universidade de Aveiro Departamento de Educação e Psicologia

Ano 2019

ANA FILIPA LEAL DA IMPACTO DO TREINO COGNITIVO


SILVA MALTA COMPUTADORIZADO EM ADULTOS COM
DEPRESSÃO MODERADA A GRAVE: UM ESTUDO
PILOTO
Universidade de Aveiro Departamento de Educação e Psicologia
Ano 2019

ANA FILIPA LEAL DA IMPACTO DO TREINO COGNITIVO


SILVA MALTA COMPUTADORIZADO EM ADULTOS COM
DEPRESSÃO MODERADA A GRAVE: UM ESTUDO
PILOTO

Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos


requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Psicologia da Saúde e
Reabilitação Neuropsicológica, realizada sob a orientação científica do Doutor
Óscar Ribeiro, Professor Auxiliar do Departamento de Educação e Psicologia
da Universidade de Aveiro e da Doutora Aida Figueiredo, Professora Auxiliar do
Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Aveiro.
Dedico este trabalho a todos os que ambicionam construir conhecimento com
base na evidência empírica.
o júri

Presidente Professora Doutora Anabela Maria Sousa Pereira


Professora Associada com Agregação, Universidade de Aveiro

Vogal - Arguente Principal Doutora Ana Carla Seabra Torres Pires


Professora Adjunta, Escola Superior de Saúde Norte da Cruz Vermelha Portuguesa

Vogal - Orientador Professor Doutor Óscar Manuel Soares Ribeiro


Professor Auxiliar em Regime Laboral, Universidade de Aveiro
agradecimentos Sinto que tenho de agradecer àqueles que, de alguma forma, “caminharam”
lado a lado comigo ao logo de todo este percurso de aprendizagem, fora da
minha área de conforto, e me ajudaram a ultrapassar barreiras e a expandir os
meus horizontes.

Agradeço ao Professor Óscar Ribeiro por me ter dado “asas” para voar nesta
nova etapa da minha vida académico-profissional. Pelo seu profissionalismo e
mérito enquanto docente das Unidades Curriculares que serviram de base e
inspiração para este trabalho. Por nunca ter duvidado das minhas
capacidades. Pela sua disponibilidade. Por ter estado presente sempre que
fosse preciso e mesmo que não fosse preciso.

À Doutora Cátia Mateus por me ter “dado a mão” para entrar nesta aventura.
Por me ter dado a oportunidade de conhecer melhor uma das minhas paixões:
a Neuropsicologia. Por ter estado sempre ao meu lado.

À Doutora Joana por “abraçar” este projeto. Pela sua entrega e apoio
incondicionais. Por me ter permitido passar por esta experiência.

À Professora Aida Figueiredo por ter aceite a orientação.

Sem vocês, nada disto teria sido possível.


Obrigada por me fazerem acreditar no futuro da Psicologia que está bem
entregue a profissionais como vocês, que contribuem todos os dias para a
ciência.

A todos os utentes, por terem acreditado no meu trabalho, por todas as


palavras de incentivo, por todos os agradecimentos, por todos os momentos
que passamos juntos. Levo cada um de vocês no coração.

Aos meus pais, ao meu irmão, à minha avó e aos meus melhores amigos por
toda a motivação que me deram, por ouvirem os meus desabafos e por
estarem sempre comigo.

A todos, um muito obrigada, do fundo do meu coração.


palavras-chave depressão, cognição, neuropsicologia, treino cognitivo, memória, atenção,
funções executivas.

resumo Introdução: De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, as


perturbações depressivas atingem cerca de 4,4% da população mundial e
caracterizam-se por sentimentos de tristeza, perda de interesse ou prazer,
sentimentos de culpa, vazio ou de autoestima baixa e alterações no apetite e
no sono, sendo acompanhadas de alterações somáticas e cognitivas que
prejudicam significativamente a capacidade funcional do indivíduo.
As principais alterações cognitivas observadas na depressão ocorrem ao nível
da memória, atenção e funções executivas, sendo que vários estudos sobre a
intervenção psicoterapêutica e medicamentosa nas perturbações depressivas
têm revelado que os défices cognitivos tendem a permanecer após a remissão
de outros sintomas depressivos. A investigação recente tem vindo a sugerir
que o treino cognitivo computadorizado pode ser uma opção de tratamento
eficaz, visto que as intervenções que utilizam a tecnologia parecem
demonstrar mais benefícios na estimulação das funções cognitivas e na
qualidade de vida comparativamente a programas tradicionais de reabilitação e
treino cognitivo.
Objetivo: Trata-se de um estudo piloto que visa avaliar o impacto do treino
cognitivo computadorizado com recurso ao COGWEB® em pacientes com
depressão moderada a grave utentes de um Hospital de Dia Psiquiátrico
(n=20). Mais precisamente, destina-se a avaliar o efeito do treino cognitivo
computadorizado no humor (severidade de sintomatologia depressiva) e num
conjunto de funções cognitivas (atenção, memória e funcionamento executivo).
Instrumentos e Métodos: Os pacientes foram recrutados numa base de
amostragem não probabilística consecutiva e divididos entre um grupo
experimental (n=10), que realizou duas sessões de treino cognitivo por
semana perfazendo um total de 12 sessões, e um grupo de controlo (n=10),
sem treino cognitivo. Ambos os grupos realizaram um pré e um pós teste
(antes e depois da intervenção), onde foram aplicados o Inventário de
Depressão de Beck e uma bateria de testes neuropsicológicos (Montreal
Cognitive Assessment, Trail Making Test A e B, Teste do Relógio, Teste de
Stroop e Auditory Verbal Learning Test). Para análise estatística dos dados,
utilizou-se o teste de Shapiro-Wilk para testar a normalidade dos mesmos e os
testes não paramétricos: Mann-Whitney (para avaliar as diferenças entre o
grupo de controlo e o grupo experimental no pré e no pós teste) e o Wilcoxon
Signed Ranks Test (para analisar as diferenças ao longo do tempo
comparadas através dos resultados do pré e do pós teste).
Resultados: De um modo geral, os pacientes que realizaram o treino cognitivo
apresentaram uma melhoria na sintomatologia depressiva e alterações
significativamente positivas em todas funções cognitivas avaliadas (atenção,
memória e funções executivas), comparativamente ao grupo de pacientes que
não foi submetido a este treino cognitivo computadorizado, que, no pós-teste,
apresentou piores resultados em todos os domínios avaliados.
keywords depression, cognition, neuropsychology, cognitive training, memory, attention,
executive functions.

abstract Introduction: According to the World Health Organization, 4.4% of the world’s
population is affected by depressive disorders. These are characterized by
feelings of sadness, loss of interest or pleasure, feelings of guilt, emptiness or
low self-esteem and changes in appetite and sleep, which are accompanied by
somatic and cognitive changes that significantly impair the individual’s
functional capacity. The major cognitive domains that present changes include
memory, attention, and executive functions. Several studies on
psychotherapeutic and drug intervention in depressive disorders have shown
that cognitive deficits tend to remain after the remission of other depressive
symptoms. Recent research has suggested that computerized cognitive
training may be an effective treatment option since interventions using
technology seem to show more benefits in stimulating cognitive functions and
quality of life when compared to traditional rehabilitation and cognitive training
programs.
Objective: This is a pilot study that aims to evaluate the impact of
computerized cognitive training using COGWEB® in patients with moderate to
severe depression attending a Psychiatric Day Hospital (n=20). More precisely,
it aims to evaluate the effect of cognitive computer training on humor (severity
of depressive symptoms) and on a set of cognitive functions (attention, memory
and executive function).
Instruments and Methods: A consecutive non-probabilistic sample of clinical
patients was recruited and then divided into an experimental group (n=10),
which performed two cognitive training sessions per week, making up a total of
12 sessions, and a control group (n=10), who received no cognitive training.
Both groups underwent a pre- and post-test (before and after the intervention),
where the Beck Depression Inventory and a battery of neuropsychological tests
were applied (Montreal Cognitive Assessment, Trail Making Test A and B,
Clock Drawing Test, Stroop Color and Word Test, and Auditory Verbal Learning
Test). For statistical analysis, normality tests assessment was performed
through Shapiro-Wilk Test. Non-parametric tests included the Mann-Whitney
Test (to evaluate the differences between the control group and the
experimental group before and after the test) and the Wilcoxon Signed Ranks
Test (to analyze the differences over time compared through pre and post-test
results).
Results: In general, the patients who received cognitive training showed an
improvement in depressive symptoms and positive changes in all cognitive
functions under analysis when compared to the group of patients who did not
receive the cognitive computer training – these, in the post-test, presented
worse results in all the evaluated domains.
Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

Índice

Lista de Tabelas ……………………………………………………………………… ii


Lista de Anexos ……………………………………………………………………… iii

1. Introdução ………………………………………………………………………… 1
1.1. Funcionamento Cognitivo na Depressão ……………………………… 2
1.1.1. Atenção ……………………………………………………….... 4
1.1.2. Memória ………………………………………………………... 4
1.1.3. Funções Executivas …………………………………………….. 5
1.2. Reabilitação Cognitiva na Depressão …………………..……………… 5
1.2.1. Treino Cognitivo Computadorizado na Depressão ……….......... 6
1.2.2. COGWEB® …………………………………………………....... 8

1.3. Objetivos ………………………………………………………………..... 9


2. Método ………………………………………………………………...……..….…. 9
2.1. Desenho Experimental ………………………………………………………… 9
2.2. Participantes ………………………………………………………………....... 10
2.3. Procedimento ………………………………………………………………….. 11
2.4. Instrumentos. ……………………………………………………...…………... 12
2.5. Análise de Dados …………………………………………………….………... 15
3. Resultados ………………………………………………………………….……... 15
3.1. Características dos Participantes …………………………………………..…... 15
3.2. Diferenças entre grupos após o Programa de Treino Cognitivo ……….……… 16
3.3. Diferenças nos grupos ao longo do tempo …………………………………….. 17
4. Discussão ……………………………………………………………………..…… 19
5. Implicações do estudo ……………………………………………………..……... 23
Referências bibliográficas ………………………………………………………….. 24
Anexos ……………………………………………………………………..………… 33

i
Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

Lista de Tabelas

Tabela 1 – Características dos participantes e diferença entre os grupos no pré-teste


…...……………………………………………………………………………….. 16
Tabela 2 – Diferenças entre grupos após o Programa de Treino Cognitivo (pós-teste)
……………………………………………………………………………………. 17
Tabela 3 – Diferenças no grupo experimental após o Programa de Treino Cognitivo
…………………………………………………………………………………….. 18
Tabela 4 – Diferenças no grupo de controlo no Pós-teste ……………………….. 19

ii
Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

Lista de Anexos

Anexo I – Consentimento Informado


Anexo II – Ofício da Comissão de Ética
Anexo III – Autorização equipa do COGWEB®
Anexo IV – Protocolo de Avaliação Cognitiva
Anexo V – Plano de exercícios do COGWEB® por sessão
Anexo VI – Descrição detalhada de cada exercício do COGWEB® por sessão
Anexo VII – Diferenças ao longo do tempo na sintomatologia depressiva (BDI) e no
funcionamento cognitivo geral (MoCA) em ambos os grupos

iii
Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

1. Introdução

As perturbações depressivas são caracterizadas pela presença de sentimentos de tristeza,


perda de interesse ou prazer, sentimentos de culpa, vazio ou de autoestima baixa, alterações
no sono ou no apetite, sensação de cansaço e baixo nível de concentração (American
Psychological Association [APA], 2014; World Health Organization [WHO], 2017). São,
assim, acompanhadas de alterações somáticas e cognitivas que prejudicam a capacidade
funcional do indivíduo (Ferreira, Fernandes, Barbosa, Silva-Filho, & Barbosa, 2019).
Estima-se que 4,4% da população mundial é afetada pela depressão (WHO, 2017).
Segundo a Direção Geral da Saúde (DGS, 2017), está previsto que as perturbações
depressivas passem a ser a primeira causa de carga global de doença a nível mundial em 2030.
Dados da mesma entidade sugerem que, atualmente, Portugal apresenta uma das mais
elevadas prevalências de doenças mentais da Europa e, no que diz respeito à carga global de
doença, encontra-se significativamente pior em relação às perturbações depressivas
comparativamente aos restantes países, sendo que as perturbações do humor apresentam uma
prevalência de 7,9%.
Dados do relatório "Portugal - Saúde Mental em Números 2015" sugerem que Portugal é
o país da Europa com maior consumo de benzodiazepinas, o grupo farmacológico dos
ansiolíticos ou tranquilizantes mais prescritos no Sistema Nacional de Saúde (SNS) (DGS,
2016). Uma das metas do Programa Nacional para a Saúde Mental para 2020 consiste em
“inverter a tendência da prescrição de benzodiazepinas na população através da sua
estabilização” e, para tal, o objetivo é “melhorar a qualidade da continuidade de cuidados e de
reabilitação das pessoas com perturbações psiquiátricas” (DGS, 2017, p.14).
Atualmente existe um interesse crescente ao nível da Neuropsicologia em estudar
pacientes com depressão, uma vez que as perturbações depressivas parecem estar associadas
ao declínio cognitivo (Austin, Mitchell, & Goodwin, 2001; Nejati, Fathi, Shahidi, &
Salehinejad, 2019; Roca, Vives, López-navarro, García-campayo, & Gili, 2015; Wagner,
Tadić, Doering, Helmreich, & Lieb, 2011).
Considerando a presença de prejuízo cognitivo em pacientes com sintomatologia
depressiva, há uma necessidade clínica premente de novos tratamentos que visem a
estimulação cognitiva, uma vez que estudos sobre a intervenção terapêutica nas perturbações
depressivas demonstram que tratamentos baseados na psicoterapia e na prescrição de
antidepressivos revelam-se eficazes para melhorar o humor, mas que os défices cognitivos

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Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

tendem a permanecer após a remissão dos sintomas emocionais e somáticos (Baune et al.,
2010; Paelecke-Habermann et al., 2005; Solé, Jiménez, Martinez-Aran, & Vieta, 2015).
Este estudo propõe-se a avaliar o impacto que o treino cognitivo computadorizado (TCC)
tem no humor e nas funções cognitivas de indivíduos com diagnóstico de depressão, dadas as
evidências prévias de benefício quer ao nível do humor (Ge, Zhu, Wu, & McConnell, 2018),
quer ao nível cognitivo (Alvarez, Cortés Sotres, León, Estrella, & Sánchez Sosa, 2008).
Assim, o estudo inicia com uma abordagem ao funcionamento cognitivo na depressão, onde
são expostas as principais alterações cognitivas nos domínios que serão objeto de avaliação
(atenção, memória e funções executivas). Num segundo ponto é apresentado o tema da
reabilitação cognitiva na depressão e, em particular, o TCC e as suas vantagens no tratamento
da depressão e o prejuízo cognitivo que esta perturbação poderá causar. Este ponto finaliza
com uma breve apresentação do COGWEB®, o programa de estimulação cognitiva utilizado
nesta investigação. De seguida, passa-se para a descrição do estudo realizado, onde se
apresentam os objetivos, metodologia, análise dos resultados e discussão.

1.1. Funcionamento Cognitivo na Depressão

Para além das dificuldades de concentração e tomada de decisão inerentes aos critérios
para o diagnóstico das perturbações depressivas (APA, 2014), o comprometimento cognitivo
é frequentemente observado em pacientes com este diagnóstico (Ferreira et al., 2019)
estimando-se que esteja presente em dois terços dos pacientes (Rock et al., 2014).
O funcionamento cognitivo na depressão possui relevância clínica e pode ser objeto
específico de intervenção, uma vez que estes défices poderão reduzir as estratégias de
coping destes pacientes, torna-los mais propensos a recaídas e afetar a sua adesão ao
tratamento (Ahern & Semkovska, 2017; Bortolato et al., 2016; Lee et al., 2012; Rock et al.,
2014; Russo, Mahon, & Burdick, 2015; Si et al., 2019; Wagner et al., 2011).
Estudos sobre a prevalência de défices cognitivos na depressão têm demonstrado
resultados dissemelhantes (Bora, Harrison, Yücel, & Pantelis, 2013; Gonda et al., 2015;
McClintock, Husain, Greer, & Cullum, 2010; Wagner et al., 2011; Zaremba et al., 2019).
Segundo a meta-análise de Wagner e colegas (2011), há estudos que apontam défices
cognitivos em cerca de 70% dos pacientes, enquanto outros mostraram taxas de prevalência
entre 20% e 35%. Há outros estudos que sugerem comprometimento cognitivo em pacientes
com sintomatologia depressiva em todos os aspetos avaliados e outros, ainda, que sugerem
um pior desempenho em domínios como a velocidade de processamento, a atenção e o

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Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

funcionamento executivo, enquanto a memória não se encontra significativamente afetada


(Rist et al., 2009; Rock et al., 2014; Zaremba et al., 2019). Estes resultados podem dever-se,
em parte, à heterogeneidade das características clínicas, intervalos de idade, curso da doença
e medicação das amostras em estudo (Gonda et al., 2015; Russo et al., 2015).
Apesar desta heterogeneidade, resulta consensual a observação de um desempenho
cognitivo moderadamente reduzido em indivíduos com perturbação depressiva quando
comparados a indivíduos saudáveis (Ahern & Semkovska, 2017; Ferreira et al., 2019; Neu et
al., 2005; Roca et al., 2015; Rock et al., 2014; Snyder, 2013; Zaremba et al., 2019).
Adicionalmente, estudos realizados acerca das funções cognitivas após a remissão dos
sintomas clínicos da depressão não são conclusivos (Neu et al., 2005; Solé et al., 2015): há
estudos que apontam para a sua persistência, sobretudo nos domínios da memória, atenção e
funções executivas (Paelecke-Habermann et al., 2005; Russo, Mahon, & Burdick, 2015) e
outros que sustentam que os défices cognitivos dependem da severidade da depressão
(Austin et al., 2001).
A revisão sistemática de Rock e colegas (2014), demonstrou que o défice cognitivo,
nos domínios das funções executivas e da atenção, é uma característica central da depressão e
que tende a persistir após a remissão dos sintomas depressivos, ao contrário da velocidade de
processamento e memória, que tendem a melhorar (Lee et al., 2012; Paelecke-Habermann et
al., 2005). Num estudo em que foram comparados pacientes com perturbação depressiva com
um grupo de indivíduos saudáveis, verificou-se que os primeiros tiveram um desempenho
significativamente pior nos domínios de atenção, memória de trabalho, memória verbal de
longo prazo e fluência verbal (Landro, Stiles, & Sletvold, 2001). Uma revisão sistemática
mais recente, datada de 2017, revelou desvios ligeiros nas pontuações dos testes
neuropsicológicos que avaliam a atenção; desvios de grau moderado na velocidade de
processamento, raciocínio, inibição, fluência verbal e memória; e desvios graves no Teste de
Stroop (Ahern & Semkovska, 2017). Um estudo de Shimada e colegas (2014) concluiu,
também, que em testes cognitivos, como os testes de memória e evocação de palavras e no
Trail Making Test – Part A e Part B (TMT- A/B), adultos com sintomas depressivos
obtiveram pontuações mais baixas.
De seguida, descrevem-se as principais alterações cognitivas nos domínios da atenção,
memória e funções executivas, visto que as perturbações depressivas têm sido associadas
frequente e negativamente a estes domínios neuropsicológicos (Ahern & Semkovska, 2017;
Bora et al., 2013; Kaser, Zaman, & Sahakian, 2017; McClintock et al., 2010).

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Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

1.1.1. Atenção
A atenção pode estar afetada de modo negativo em indivíduos com perturbações
depressivas (Ferreira et al., 2019; Hammar, 2009; McClintock et al., 2010; Rock et al., 2014),
sendo que um estudo de Cohen, Lohr, Paul e Boland (2014) sugere que este é o domínio
cognitivo mais afetado em pacientes com essa sintomatologia; no entanto, os processos de
atenção não são todos afetados de igual modo e a atenção sustentada parece ser a mais
alterada (Cohen et al., 2014). Outros autores defendem que a atenção dividida é a mais
afetada nestes pacientes (Majer et al., 2004; McClintock et al., 2010).
Adicionalmente, pacientes com perturbação depressiva apresentam piores resultados
em tarefas que implicam, também, o uso da memória de trabalho e a velocidade de
processamento, além da capacidade de atenção e concentração (Cohen et al., 2014). Desta
forma, a atenção está relacionada com outros domínios cognitivos (Hammar, 2009).
Os pacientes com sintomatologia depressiva parecem demonstrar mais défices nos
resultados do Trail Making Test comparativamente a indivíduos saudáveis (Cohen et al.,
2014).
1.1.2. Memória

A presença de sintomatologia depressiva parece ter um impacto negativo na memória


explícita, implícita, de curto prazo, de longo prazo e de trabalho (Avila & Bottino, 2006;
McClintock et al., 2010; Wang et al., 2006), sendo que há evidência de uma correlação
positiva entre a gravidade da sintomatologia depressiva e os défices na memória (Lee et al.,
2012).
Estudos têm demonstrado que indivíduos com sintomatologia depressiva moderada a
grave, comparativamente a sujeitos saudáveis, apresentam défices no domínio da memória
verbal e visuoespacial (Neu et al., 2005; Wang et al., 2006) e que o desempenho destes
domínios poderá ser sensível às mudanças na sintomatologia (Bora et al., 2013; Zaremba et
al., 2019).
A memória de trabalho também parece estar afetada em pacientes com perturbações
depressivas, apresentando dificuldades no armazenamento de informações verbais, défices
nos processos de codificação e recuperação de informação (LeMoult & Gotlib, 2018; Snyder,
2013). No entanto, um estudo de Russo e colegas (2015) não evidenciou diferenças entre
pacientes com sintomatologia depressiva e indivíduos saudáveis na memória de trabalho e na
memória verbal.

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Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

Assim, vários estudos indicam que pacientes com sintomatologia depressiva


apresentam pior desempenho em tarefas de memória comparativamente a indivíduos
saudáveis. Existe também evidência de que esses pacientes melhoram significativamente os
défices de memória após o tratamento com antidepressivos ou outras terapias (Burt, 1995).
1.1.3. Funções executivas

Estudos têm vindo a demonstrar que pacientes com depressão, comparativamente a


indivíduos saudáveis, apresentam défices nas funções executivas, com um desvio grave na
flexibilidade cognitiva (shifting) e no controlo inibitório e moderado na memória de trabalho e
fluência verbal (Ahern & Semkovska, 2017; Esteves, Oliveira, Irigaray, & Argimon, 2017;
LeMoult & Gotlib, 2018; Snyder, 2013).
Estudos têm revelado que os principais défices cognitivos característicos da depressão
se centram no funcionamento executivo, sendo o comprometimento menos significativo nos
domínios da atenção e da memória (Ahern & Semkovska, 2017; Rock et al., 2014; Wagner et
al., 2011). Alguns autores defendem que o funcionamento executivo poderá ser
particularmente afetado e que os défices noutros domínios (memória, atenção, resolução de
problemas) podem surgir porque dependem, também, das funções executivas (Avila &
Bottino, 2006; LeMoult & Gotlib, 2018; Snyder, 2013).
De acordo com alguns autores, o desempenho em algumas medidas neuropsicológicas
das funções executivas é sensível à gravidade dos sintomas de depressão (Roca et al., 2015),
sendo que existem evidências de que o comprometimento destas funções é maior em
pacientes com sintomas depressivos mais graves (Snyder, 2013).

1.2. Reabilitação Cognitiva na Depressão

Pacientes com sintomatologia depressiva apresentam défices cognitivos que podem


persistir durante longos períodos, ainda que estejam submetidos a tratamento farmacológico e
psicoterapêutico (Priyamvada et al., 2015). Sendo esta disfunção cognitiva característica da
depressão, as intervenções baseadas no treino cognitivo têm vindo a suscitar interesse
crescente por parte de investigadores da área da saúde nos últimos anos (Nejati et al., 2019;
Russo et al., 2015; Siegle, Ghinassi, & Thase, 2007).
A reabilitação cognitiva dedica-se à estimulação de défices neurológicos através de
exercícios que atuem nas áreas responsáveis pela função cognitiva afetada ou em regiões
vizinhas que podem ser úteis na compensação desses défices. Para tal, o profissional começa

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Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

por identificar as funções cognitivas afetadas e as regiões cerebrais correspondentes através


da avaliação neuropsicológica e da neuroimagem (Siegle et al., 2007).
As técnicas inerentes à reabilitação cognitiva caracterizam-se pela sua facilidade de
aplicação, comparativamente às terapias tradicionais. Ou seja, uma vez que estas técnicas,
muitas vezes, não exigem lidar diretamente com aspetos da vida mais delicados enfrentados
pelos pacientes durante a terapia (e.g., a discussão de temas emocionais sensíveis) faz com
que haja uma maior adesão e motivação por parte destes (Siegle et al., 2007). Além disso,
Priyamvada e colegas (2015) defendem que a reabilitação psicossocial de pacientes com
sintomatologia depressiva deve envolver a reabilitação cognitiva, visto que a estimulação da
atenção e da memória pode aumentar a motivação e, por sua vez, o desempenho cognitivo e o
envolvimento terapêutico dos mesmos.
O papel da cognição tem vindo também a suscitar interesse quanto ao curso e
prognóstico das perturbações depressivas a médio e longo prazo, assim como quanto à adesão
terapêutica (Roca et al., 2015). O comprometimento cognitivo pode representar um alvo
valioso para novas terapias no tratamento da sintomatologia depressiva, uma vez que a
remediação dos défices cognitivos poderá ser importante para melhorar o resultado funcional
em pacientes com depressão (Rock et al., 2014); por exemplo, estudos têm evidenciado que
um pior desempenho por parte de indivíduos com o diagnóstico de perturbação depressiva na
esfera profissional parece estar fortemente associado a défices cognitivos e não tanto a
sintomas depressivos, sendo que este comprometimento cognitivo na depressão pode
dificultar, inclusive, a recuperação completa (Douglas et al., 2018; Si et al., 2019).
De um modo geral, os programas que envolvem o treino das funções cognitivas
defendem que a estimulação repetida a redes neuronais envolvidas nestas tarefas melhora a
neuroplasticidade cerebral, aumentando a capacidade cognitiva dos indivíduos, e que esta, por
sua vez, terá repercussões positivas nos domínios psicossociais dos mesmos (Knight &
Baune, 2018).
1.2.1. Treino Cognitivo Computadorizado (TCC) na Depressão

A meta-análise sobre o TCC e a recuperação funcional nas perturbações depressivas,


realizada por Motter e colegas (2016), sugere que TCC pode ser uma opção de tratamento
eficaz para adultos com depressão. As razões apontadas relativamente aos benefícios do TCC
referem-se ao facto deste tipo de tratamento poder ser usado em conjunto com outras terapias
convencionais para aumentar a eficácia da intervenção, assim como ao facto de ser algo
“acessível” o que permite uma utilização que não requer o mesmo nível de treino ou recursos

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Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

das psicoterapias tradicionais. Além disso, para pacientes resistentes à medicação, este tipo de
abordagens pode ser uma boa alternativa (Calkins, McMorran, Siegle, & Otto, 2015).
Segundo o estudo de revisão sistemática recente de Ge e colegas (2018), há, ainda, uma
compreensão limitada acerca dos efeitos de intervenções cognitivas baseadas em tecnologia
relativamente ao humor; no entanto, de um modo geral, estudos que avaliaram sintomas de
ansiedade e depressão revelaram que elas apresentam efeito benéfico. Alguns estudos
avançam inclusive que os efeitos do TCC não se limitam à redução da sintomatologia
depressiva atual em pacientes com depressão, mas que também pode ser útil para aumentar a
resiliência em populações em risco de desenvolver esta perturbação, atuando de forma
preventiva (Hoorelbeke, Faelens, Behiels, & Koster, 2015).
Um estudo de Alvarez e colegas (2008), que teve como objetivo avaliar o impacto do
treino cognitivo no tratamento da depressão e o prejuízo cognitivo que a depressão poderá
causar, demonstrou que o tratamento farmacológico e o treino cognitivo foram capazes de
melhorar o estado depressivo dos pacientes. Contudo aqueles que receberam apenas o
primeiro, apesar da remissão do estado depressivo, continuaram a apresentar défices
associados à impulsividade e à atenção. Adicionalmente, os pacientes sujeitos ao treino
cognitivo revelaram uma ligeira diminuição no nível de ansiedade, enquanto que os pacientes
que receberam apenas tratamento farmacológico não tiveram nenhuma mudança a esse nível.
Assim, os resultados deste estudo revelaram que o tratamento farmacológico foi capaz de
reduzir os sintomas depressivos, mas acredita-se que o tratamento cognitivo seja uma
alternativa melhor, pois, além de reduzir o declínio cognitivo, não apresenta os efeitos
secundários dos antidepressivos.
Outro estudo de Calkins e colegas (2015), que visou perceber se o TCC estaria associado
a mudanças de humor numa amostra de adultos com depressão residentes na comunidade,
através da comparação entre grupo de indivíduos com Treino de Visão Periférica (TVP) e o
grupo com TCC verificou que, de facto, houve uma melhoria no humor deprimido no grupo
que realizou o TCC comparativamente ao grupo que realizou o TVP. Concluiu-se, também,
que no grupo de TCC a severidade da depressão passou de moderada a ligeira e o grupo de
TVP permaneceu com severidade moderada. O TCC revela, assim, ser uma intervenção
promissora na prática clínica, uma vez que poderá contribuir para a mudança do humor
deprimido dos pacientes e ser uma forma de complementar os tratamentos existentes de modo
eficaz e económico. No entanto, importará referir que na maioria dos estudos realizados até à
data, as medidas relativas ao humor apenas foram usadas no início do estudo, ou seja, a
sintomatologia depressiva apenas serviu de critério de inclusão ou exclusão e não como um

7
Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

fim. Por este motivo, há uma compreensão limitada dos efeitos das intervenções cognitivas
baseadas na tecnologia nas perturbações depressivas (Ge et al., 2018).
Algumas críticas apontadas ao TCC são o efeito de aprendizagem dos exercícios e a
dificuldade em controlar a motivação e as expectativas dos usuários (Motter et al., 2016).
Neste sentido, alguns autores sugerem que, em análises futuras, deve ser determinado se os
efeitos do TCC são influenciados pela gravidade da sintomatologia depressiva, se este tipo de
intervenção tem os mesmos efeitos para indivíduos atualmente sintomáticos
comparativamente aos que se encontram em remissão e definir a importância da quantidade e
frequência de administração (Calkins et al., 2015; Motter et al., 2016).
Apesar do número de estudos realizados acerca da depressão e do TCC ser muito
limitado, este tipo de intervenção parece melhorar significativamente o humor deprimido,
embora ainda não sejam resultados conclusivos devido ao frequente tratamento simultâneo da
intervenção baseada na tecnologia com o consumo de antidepressivos e a psicoterapia (Motter
et al., 2016).
1.2.2. COGWEB®

O COGWEB® consiste num programa de estimulação cognitiva online que permite a


implementação de programas personalizados de treino e surgiu para responder às
necessidades de pacientes, profissionais e organizações na área da reabilitação cognitiva
(Cruz et al., 2013; Cruz et al., 2014). Trata-se de um programa que visa melhorar a eficiência
dos procedimentos de treino cognitivo em casa e possibilitar ao paciente uma maior facilidade
de acesso à intervenção, e que permite que parte do processo terapêutico se desloque do
hospital para as zonas de conforto do paciente; promove, ainda, o trabalho colaborativo entre
profissionais em diferentes partes do mundo (Cruz et al., 2014). O objetivo último desta
ferramenta é aumentar a qualidade e a intensidade geral dos programas de treino cognitivo
realizados pelos pacientes (Cruz et al., 2013).
Os pré-requisitos obrigatórios para o uso do COGWEB® são a existência de um
diagnóstico médico, uma caracterização neuropsicológica detalhada dos défices cognitivos
presentes e a existência de pelo menos um profissional de saúde disposto a gerir o programa
de tratamento para o doente em questão (Cruz et al., 2013).
O programa abrange diferentes graus de comprometimento, desde o funcionamento
normativo a défices moderados, uma vez que todos os exercícios têm níveis sequenciais de
dificuldade e foram projetados para uma diversidade de doenças e idades (Cruz et al., 2013).
As principais patologias que têm vindo a receber este tipo de tratamento são as que se

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Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

encontram associadas ao comprometimento cognitivo (doenças neurodegenerativas, lesões


cerebrais estruturais estáticas, esclerose múltipla, esquizofrenia, disfunção cognitiva de
natureza funcional e perturbação do défice de atenção e hiperatividade) (Cruz et al., 2014).
Este programa incorpora um sistema de armazenamento que regista continuamente o
desempenho do paciente nos diferentes exercícios de forma a auxiliar a supervisão do
profissional, permitindo ajustar os programas de acordo com a progressão dos pacientes e
avaliar a sua evolução clínica. Ele é implementado através da prescrição por um profissional
de saúde de sessões de exercícios, em formato de jogo de computador, que incidem nas várias
funções cognitivas, como atenção, funções executivas, memória, linguagem, praxias, gnose e
cálculo (Cruz et al., 2013).
Em complementaridade com o exposto, o COGWEB® promove, ainda, o trabalho
colaborativo entre profissionais. Isto é, após um acordo entre os profissionais e os pacientes,
os dados sobre os tratamentos prescritos e a evolução clínica podem ser compartilhados entre
os terapeutas, sendo estes estimulados a desenvolver projetos de pesquisa pessoal e em equipa
(Cruz et al., 2013).
Um estudo de Cruz e colegas (2013), conclui que o COGWEB® foi bem recebido
pelos pacientes e pelos seus familiares, que revelaram elevados níveis de motivação para usá-
lo diariamente.

1.3. Objetivos

O objetivo geral desta investigação é avaliar o impacto do TCC em pacientes com


depressão moderada a grave que frequentam um Hospital de Dia Psiquiátrico. Mais
precisamente, destina-se a avaliar o efeito do TCC no humor (severidade de sintomatologia
depressiva) e num conjunto de funções cognitivas (atenção, memória e funcionamento
executivo). Parte da hipótese que os pacientes que realizarem o treino cognitivo (grupo
experimental) apresentarão uma melhoria na sintomatologia depressiva e alterações positivas
nas funções cognitivas afetadas, comparativamente ao grupo de pacientes que não é
submetido a este TCC (grupo de controlo).

2. Método
2.1. Desenho Experimental

Este estudo constituiu-se por um pré-teste e um pós-teste aplicados ao grupo de


controlo e ao grupo experimental. O grupo de controlo foi constituído por indivíduos com

9
Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

depressão moderada a grave sem treino cognitivo e, por sua vez, o grupo experimental por
indivíduos com depressão moderada a grave com treino cognitivo ao longo de seis semanas.
Trata-se de um estudo piloto, por ser uma investigação em pequena escala, com um
número reduzido de participantes (Freire & Almeida, 2008). É exploratório (Piovesan &
Temporini, 1995), na medida em que visa prover uma primeira compreensão sobre a eficácia
do TCC enquanto modalidade de intervenção relativamente recente e ainda pouco estudada
em indivíduos com diagnóstico de perturbação depressiva no contexto Português.
Adicionalmente, estima-se que o estudo contribua para o desenvolvimento e implementação
de intervenções que tenham por base a tecnologia, antecipando e avaliando possíveis
vantagens, dificuldades e limitações na sua operacionalização em contexto clínico/hospitalar.

2.2. Participantes

A amostra em estudo é constituída por um total de 20 participantes, sendo que todos


frequentavam o Hospital de Dia Psiquiátrico. O Hospital de Dia Psiquiátrico é um Serviço
que providencia uma intervenção combinada, psicofarmacológica (com doses adaptadas a
cada paciente) e psicoterapêutica (individual e em grupo) aos seus pacientes que são
encaminhados para esse serviço em situações agudas (depressões graves e crises de vida).
Depois de admitidos, dependendo da severidade e urgência de tratamento de cada caso, os
utentes são encaminhados para o tratamento endovenoso (em casos mais graves e urgentes) ou
integrados no grupo psicoterapêutico do Hospital que inicia o tratamento pela manhã e
prolonga-se até à tarde, de segunda sexta feira, durante aproximadamente 10 semanas. Este
grupo psicoterapêutico é sempre constituído por 10 elementos e é aberto, isto é, as datas de
admissão e de alta têm por base cada utente e não o grupo, sendo que cada paciente se
encontra em diferentes níveis no processo terapêutico.
Foram convidados a participar no estudo os pacientes que: 1) tivessem uma idade
superior ou igual a 18 anos; 2) apresentassem diagnóstico clínico de depressão com
severidade moderada a grave (pontuação igual ou superior a 21 no Inventário de Depressão de
Beck); 3) fossem utentes, em tratamento ativo, no Hospital de Dia há menos de um mês; 4)
fossem beneficiários simultaneamente de tratamento psicológico e farmacológico para o
quadro depressivo e 5) apresentassem interesse e disponibilidade para comparecer às sessões.
Os critérios de exclusão foram 1) apresentar distúrbios de consciência que pudessem afetar a
cooperação na investigação e 2) apresentar problemas de visão graves.

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Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

A seleção da amostra neste estudo foi, então, baseada no contexto clínico/hospitalar,


seguindo uma amostragem não probabilística consecutiva (Luna, 1998) em que o
recrutamento dos participantes requeria o preenchimento dos critérios de seleção definidos
para a investigação. Foi um processo que decorreu de fevereiro a julho de 2019 e que
dependeu do número de admissões para o grupo psicoterapêutico do Hospital de Dia durante
este período. De modo a não interferir com o normal funcionamento da instituição,
designadamente em relação ao fluxo de pacientes, e em relação ao espaço disponível para
implementação das sessões de treino cognitivo, foi definido um total aproximado de 20
pacientes para incorporação neste estudo. A opção por este número de pacientes deveu-se ao
facto de se tratar de um estudo piloto e exploratório que não implica amostras de elevado
tamanho (Freire & Almeida, 2008; Piovesan & Temporini, 1995), Antes de serem submetidos
à investigação, os participantes preencheram o consentimento informado (Anexo I) que visou
formalizar a sua participação voluntária.
Tendo em conta os critérios de inclusão e de exclusão e os processos de recrutamento
dos participantes, a amostra foi dividida em dois grupos: grupo experimental (realização do
treino cognitivo) e grupo de controlo (sem treino cognitivo). Assim, todos os pacientes
admitidos em Hospital de Dia a partir de fevereiro de 2019 e que preenchessem os critérios
expostos foram, primeiramente, selecionados para o grupo experimental até perfazer um total
de 10 participantes. Os restantes pacientes que eram admitidos no Hospital de Dia e que
também satisfaziam os critérios de investigação constituíram o grupo de controlo, sendo que a
constituição deste último só ocorreu após terminar a implementação do programa de treino
cognitivo no grupo experimental (maio de 2019). Esta técnica de amostragem não
probabilística consecutiva define o carácter quase-experimental do presente estudo (Alferes,
Bidarra, Lopes, & Mónico, 2009; Freire & Almeida, 2008).

2.3. Procedimento

Primeiramente, realizou-se um pedido formal de permissão para implementar o estudo


à direção do Hospital e aos criadores do COGWEB®, tendo sido aprovado pela Comissão de
Ética do Centro Hospitalar em questão (Anexo II) e pela equipa do COGWEB® (Anexo III).
A primeira fase consistiu na explicação dos objetivos do estudo aos participantes,
seguindo-se da leitura e assinatura do consentimento informado por parte dos indivíduos
voluntários. O processo iniciava com o primeiro momento de avaliação (pré-teste) que
consistia na aplicação dos testes psicológicos presentes no Protocolo de Avaliação (Anexo

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Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

IV), de forma individual e num ambiente neutro a estímulos visuais e sonoros, com boas
condições de luminosidade e contendo apenas o material necessário para o efeito – mesa,
cadeiras, lápis e cronómetro.
A sequência de apresentação dos testes foi igual para todos os sujeitos, tendo estes
realizado primeiro o o Auditory Verbal Learning Test (AVLT), Trail Making Test (Parte A e
B), seguindo-se o Teste Stroop de Cores e Palavras, o Montreal Cognitive Assessment
(MoCA) e o Inventário de Depressão de Beck (BDI).
Cada participante do grupo experimental realizou duas sessões por semana durante
dois meses. Assim, no final da intervenção, cada adulto completou um plano de 12 sessões
(Anexo V), cuja descrição das atividades se encontra no Anexo VI. Cada sessão teve a
duração aproximada de 30 minutos. Estas sessões foram realizadas na sala polivalente do
Hospital de Dia Psiquiátrico que dispõe de quatro computadores e, nesse sentido, os pacientes
foram divididos em dois grupos para que fosse possível a sua realização de modo otimizado.
Todas as sessões foram dinamizadas pela investigadora responsável (estagiária de Psicologia).
Após os dois meses, os participantes de ambos os grupos foram submetidos a uma
reavaliação (pós-teste), onde se aplicaram os mesmos instrumentos do pré-teste.

2.4. Instrumentos

Sintomatologia depressiva
► Inventário de Depressão de Beck (BDI, Beck Depression Inventory; (Beck, Ward,
Mendelsohn, Mock, & Erbaugh, 1961), versão portuguesa aferida por Vaz Serra e Pio Abreu
(1973a,b). É um inventário de autorresposta que tem como objetivo a avaliação da severidade
sintomatológica depressiva (Beck et al., 1961). É constituído por 21 itens com quatro, cinco
ou seis afirmações que se referem à sintomatologia depressiva nos aspetos afetivos,
motivacionais, cognitivos e fisiológicos (Vaz-Serra, 1994). Os itens estão divididos em duas
subescalas: Subescala Afetiva e Subescala Somática. A Subescala Afetiva refere-se a: estado
de humor, pessimismo, sentimento de fracasso, sentimento de insatisfação, sentimentos de
culpabilidade, sentimentos de autopunição, ódio a si mesmo, autoacusações, desejos suicidas,
crises de choro, irritabilidade, afastamento social, incapacidade de decisão, distorção da
imagem corporal. A Subescala Somática refere-se a: incapacidade de trabalhar, perturbação
de sono, fadiga, perda de apetite, perda de peso, hipocondria e diminuição da líbido (Beck et
al., 1961; Vaz Serra e Pio Abreu, 1973a). Para cada item, o examinado deverá escolher a
afirmação (apenas uma) que melhor descreve o seu estado atual. A cada afirmação

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Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

corresponde um valor (0, 1, 2 ou 3). A pontuação total varia entre 0 e 63, permitindo
diferenciar os níveis de depressão, desde “ausente” a “grave”. Assim, a cotação do
instrumento permite que a intensidade da sintomatologia depressiva seja categorizada da
seguinte forma: 1) não deprimido: 0-9; 2) estados depressivos leves: 10-20; 3) depressão
moderada: 21-30; e 4) depressão grave: pontuação global superior a 30 (Vaz Serra & Pio
Abreu, 1973a, 1973b).
A escolha deste instrumento e desta versão deveu-se ao facto de ser o utlizado pelos
profissionais do Hospital de Dia Psiquiátrico onde decorreu o estudo.
Cognição
►Montreal Cognitive Assessment (MoCA). Desenvolvido por Nasreddine e colegas
(2005) traduzido, adaptado e validado para Portugal por Freitas, Simões, Martins, Vilar e
Santana (2010). É um instrumento breve de rastreio cognitivo, sensível aos estados iniciais de
défice cognitivo e eficaz para distinguir entre desempenhos de adultos com envelhecimento
cognitivo normal e adultos com défice cognitivo (Freitas et al., 2010). A pontuação máxima é
de 30 pontos, sendo que as pontuações mais elevadas indicam melhores desempenhos. Avalia
oito domínios cognitivos que incluem as funções executivas, as capacidades visuoespaciais, a
memória, a atenção, a concentração e a memória de trabalho, a linguagem e a orientação
(Nasreddine et al., 2005). Os pontos de corte para a população portuguesa para o défice
cognitivo ligeiro são entre 21 e 17 e entre 16 e 14 para demência moderada (Freitas et al.,
2010). O sistema de cotação usado neste estudo teve por base a comparação com o
desempenho esperado para a população com a idade e escolaridade do participante.
►Trail Making Test (Parte A e B). Validado para a população portuguesa por Cavaco
e colegas (2013), o teste divide-se em duas partes: a Parte A avalia a atenção e a velocidade
de processamento e a Parte B que, além destas, avalia a memória de trabalho e as funções
executivas (Cavaco et al., 2013; Mcintyre et al., 2018; Sánchez-Cubillo et al., 2009). Em
ambas as partes o examinando deve desenhar um trajeto no menor tempo possível, sendo que
na parte A, deve desenhar o trajeto, por ordem crescente, do número 1 ao 25 e na parte B deve
unir números e letras, de forma alternada, respeitando a ordem dos números e do alfabeto,
entre os números 1 e 13 e entre as letras A até ao L, ou seja, 1-A, 2-B, 3-C e assim
sucessivamente (Cavaco et al., 2008). A cotação destas provas foi realizada num programa
disponível online (http://neuropsi.up.pt/), em que apenas é necessário introduzir o sexo, idade,
escolaridade e o tempo (em segundos) do sujeito de forma a obter as pontuações escalares do
mesmo.

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Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

►Teste do Relógio. Trata-se de um instrumento de rastreio de funções executivas.


Solicita-se ao paciente que desenhe o mostrador de um relógio com todos os números,
indicando as 11 e 10. Neste estudo, utilizou-se o sistema de cotação proposto por Babins,
Slater, Whitehead, Chertkow e Chertkow (2008), aferido para a versão portuguesa por
Santana, Duro, Freitas, Alves e Simões (2013). O sistema de cotação é do tipo quantitativo
com um total de 18 pontos e avalia três componentes principais: a) o contorno do círculo (2
pontos); b) o centro do relógio (2 pontos); c) a presença e posicionamento dos números (6
pontos); d) a colocação e tamanho dos ponteiros (6 pontos); e e) a gestalt geral (2 pontos)
(Babins et al., 2008). Acredita-se que este tipo de cotação seja a mais sensível ao défice
cognitivo ligeiro e à doença de Alzheimer (Santana et al., 2013). O sistema de cotação usado
neste teve por base a comparação com o desempenho esperado para a população com a idade
e escolaridade do participante.
►Teste de Stroop de Cores e Palavras. Desenvolvido por Golden (1978) e adaptado
para a versão portuguesa por Golden e colegas (2013). Este teste tem como objetivo medir a
fluência verbal e o controlo inibitório. A primeira tarefa (Palavra) consiste em avaliar a
velocidade com que o sujeito lê as colunas de palavras presentes no cartão. Já a segunda tarefa
(Cor) pretende avaliar a velocidade com que se consegue nomear/dizer as cores de cada um
dos grupos de X que aparece no cartão. Por último, na terceira tarefa (Cor-Palavra) deve ser
dito o nome da cor da tinta com que está escrita cada palavra (Golden, Freshwater, &
Fernandes, 2013). O sistema de cotação usado neste estudo teve como base o desempenho
esperado para a população com a idade e escolaridade do participante.
►Auditory Verbal Learning Test (AVLT). Desenvolvido por Rey (1964) e validado
para a população Portuguesa por Cavaco e colegas (2015), este instrumento tem como
objetivo avaliar diferentes aspetos da memória e aprendizagem. É lida uma lista de 15
palavras ao participante (“livro, flor, comboio, sapato, água, espelho, cavalo, mesa, igreja,
rádio, bola, dedo, carta, faca, terra”) e, de seguida, é pedida a sua evocação imediata ao longo
de 5 ensaios. Após 30 minutos, volta a pedir-se ao sujeito a evocação da mesma lista de
palavras (evocação diferida). Finalmente, é lida uma lista de 30 palavras em que o
participante deverá identificar aquelas que faziam parte da lista inicial de 15 palavras
(reconhecimento) (Cavaco et al., 2015; Ivnik et al., 2007; Messinis, Tsakona, Malefaki, &
Papathanasopoulos, 2007; Vakil & Blachstein, 1993). Assim, este teste é constituído por três
fases: 1) evocação imediata de uma lista de 15 palavras (cinco ensaios); 2) memória diferida
(após 30 minutos do quinto ensaio) e 3) reconhecimento, o que permite explorar diferentes
aspetos dos mecanismo de codificação, armazenamento e recuperação da informação (Cavaco

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Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

et al., 2015). A cotação destas provas foi realizada num programa disponível online
(http://neuropsi.up.pt/), em que é necessário introduzir o sexo, idade, escolaridade e a
pontuação bruta obtida em cada um dos cinco ensaios e no diferido (após 30 minutos), de
forma a obter as pontuações escalares do participante: Aprendizagem Total (TL),
Aprendizagem ao longo os ensaios (LOT), Evocação Diferida, Reconhecimento e
Percentagem de retenção (LTPR) (Cavaco et al., 2015).

2.5. Análise de Dados

A informação demográfica (sexo, idade e escolaridade) e as pontuações obtidas no


MoCA, Trail Making Test (Parte A e B), Teste do Relógio, Teste de Stroop de Cores e
Palavras e o AVLT foram descritivas e comparadas entre os grupos através de estatística
descritiva e inferencial, respetivamente.
Como a amostra é pequena, realizou-se o teste de Shapiro-Wilk para testar a distribuição
das variáveis em estudo. Considerando que não foi possível assumir que as variáveis em
estudo seguiam uma distribuição normal em todos os resultados obtidos, utilizou-se o teste de
Mann-Whitney para analisar diferenças no primeiro momento de avaliação (pré-teste) entre o
grupo experimental e o grupo de controlo, que poderá ter impacto na efetividade do programa
de treino cognitivo. Para avaliar as diferenças entre o grupo experimental e o grupo de
controlo, no pós-teste, utilizou-se o teste de Mann-Whitney. As diferenças nos resultados de
cada teste ao longo do tempo foram comparadas através do pré e do pós-teste o teste não
paramétrico (Wilcoxon Signed Ranks Test). O nível de significância estatística foi α=0.05.
Todas as análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do SPSS 25.0.

3. Resultados
3.1. Características dos Participantes

Um total de 26 sujeitos participou neste estudo; destes, 20 concluíram o programa do


protocolo. Seis participantes (dropout= 23%) não completaram a investigação devido à falta
de assiduidade no cumprimento das sessões semanais estipuladas (que foi definida pela
ausência num total de 4 sessões) (8%) e no cumprimento das datas dos pós-testes (15%).
A amostra foi composta principalmente por mulheres (90%) em ambos os grupos, com
uma média de idade de 43.90 anos (DP=6.735) e a maioria com 10 a 12 anos de escolaridade
(55%). Grande parte dos participantes apresentava sintomatologia depressiva grave (85%) e

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Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

défice cognitivo moderado (45%) de acordo com os resultados obtidos no BDI e no MoCA,
respetivamente, no pré-teste.
A Tabela 1 apresenta as principais características da amostra. Foram encontradas
diferenças significativas entre as características do grupo experimental e do grupo de controlo
apenas no AVLT: Aprendizagem (Z=2.244; p<0.05) e Evocação diferida (Z=2.075; p>005).

Tabela 1
Características dos participantes e diferença entre os grupos no início do estudo (pré-teste).

Medidas Grupo Grupo de Controlo Z p value


Experimental
Média das idades (anos, 43.00±7.303 44.80±6.374 -0.417 0.684
±desvio padrão)

Feminino, nº (%) 9 (90%) 9 (90%) 0.000 1.00

Média de anos de
Escolaridade 9.10±3.635 8.50±3.240 -0.429 0.684
(anos, ±desvio padrão)
BDI 36.90±5.021 35.00±7.409 -1.114 0.912
MoCA 19.90±3.247 20.00±3.801 -1.190 0.853
TMT-A 66.70±16.097 67.80±18.287 -0.378 0.739
TMT-B 132.75±38.714 134.67±44.800 -0.096 0.963
Racio B-A 67.00±28.076 67.78±31.156 -0.289 0.815
AVLT: Total 39.20±9.931 35.90±10.418 -0.795 0.436
AVLT: Aprendizagem 11.20±3.795 15.40±4.195 -2.244 0.023*
AVLT: Evocação 8.00±3.300 5.40±3.307 -2.075 0.043*
Diferida
AVLT: Ensaio 1 5.60±2.119 4.10±1.729 -1.723 0.105
AVLT: Ensaio 5 9.90±2.644 9.10±2.558 -0.843 0.436
Teste do Relógio 13.30±4.968 14.50±3.504 -0.383 0.739
Teste de Stroop: 62.10±16.993 61.50±19.127 -0.076 0.971
Palavras
Teste de Stroop: Cores 47.40±10.102 47.20±12.848 -0.189 0.853
Teste de Stroop: Cor- 24.90±8.950 26.70±8.920 -0.304 0.796
Palavra
Fluência Verbal: “P” 10.90±4.404 8.90±3.929 -1.293 0.218
Fluência Verbal: 13.60±4.088 13.90±4.630 -0.114 0.912
“Animais”
Legenda: (Z) Valor do teste não paramétrico de Mann-Whitney; (p): nível de significância; (*) p<0.05.

3.2. Diferenças entre grupos após o Programa de Treino Cognitivo (pós-teste)

Considerando as diferenças entre o grupo experimental e o grupo de controlo após o


Programa de Treino Cognitivo (ver Tabela 2), foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas apenas no AVLT: Pontuação Total (Z=2.310; p<0.05), Ensaio um (Z=2.027;
p<0.05) e Ensaio cinco (Z=2.365; p<0.05), sendo que o grupo submetido ao treino cognitivo

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Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

apresentou melhores resultados comparativamente ao grupo de controlo. Não houve


diferenças estatisticamente significativas na sintomatologia depressiva nem no funcionamento
cognitivo geral avaliados, respetivamente, através do BDI e do MoCA, embora o grupo de
experimental apresentasse melhores resultados no MoCA (Z=1.594; p>0.05) e pior no BDI
(Z=1.023; p<=0.05) em relação ao grupo de controlo.

Tabela 2
Diferenças entre grupos após o Programa de Treino Cognitivo (pós-teste).

Grupo Grupo de Z p value


Medidas Experimental Controlo
(n=10) (n=10)
BDI 27.40±13.418 22.10±14.888 -1.023 0.315
MoCA 22.40±2.914 19.70±4.029 -1.594 0.123
TMT-A 52.30±16.918 60.90±21.268 -0.719 0.481
TMT-B 119.10±37.451 148.60±55.851 -0.870 0.393
Racio B-A 66.80±33.229 93.30±51.095 -1.134 0.280
AVLT: Total 48.10±10.257 35.50±14.144 -2.310 0.019*
AVLT: Aprendizagem 14.60±5.232 10.50±8.759 -1.099 0.280
AVLT: Evocação Diferida 9.40±4.169 6.30±3.653 -1.674 0.105
AVLT: Ensaio 1 6.70±1.494 5.00±2.000 -2.027 0.043*
AVLT: Ensaio 5 11.90±2.025 8.50±3.504 -2.365 0.019*
Teste do Relógio 16.30±1.160 14.10±2.961 -1.567 0.123
Teste de Stroop: Palavras 73.70±19.425 57.50±22.873 -1.324 0.190
Teste de Stroop: Cores 49.90±13.544 48.00±15.456 -0.454 0.684
Teste de Stroop: Cor- 28.30±6.601 26.80±13.028 -0.720 0.481
Palavra
Fluência Verbal: “P” 11.90±5.405 8.80±3.584 -1.557 0.123
Fluência Verbal: “Animais” 14.00±3.916 15.4±3.893 -0.798 0.436
Legenda: (Z) U de Mann-Whitney; (p): nível de significância; (*) p<0.05.

3.3. Diferenças nos grupos ao longo do tempo (dois meses)

Após o plano de 12 sessões que teve a duração de seis semanas, os participantes do


grupo experimental exibiram melhorias comparando os resultados obtidos entre o pré e o pós
teste em todos os testes aplicados, embora algumas diferenças não tenham sido
estatisticamente significativas. A Tabela 3 descreve as mudanças no momento de pós-teste
após o programa de treino cognitivo nos 10 participantes que foram submetidos (grupo
experimental). Verificou-se que após completarem o plano de sessões de treino cognitivo, os
participantes mostraram uma diminuição significativa na sintomatologia depressiva verificada
através da diminuição da pontuação do BDI (WSR=2.100; p<0.05) e um aumento na cotação
do MoCA (WSR=2.146; p<0.05). No pós-teste, o grupo submetido ao treino cognitivo teve
uma redução significativamente maior no tempo de execução do TMT-A (WSR=2.550;
p<0.01) e do TMT-B (WSR=2.243; p<0.05) e um aumento significativo na pontuação total do

17
Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

AVLT (WSR=2.654; p<0.01) e no número de palavras evocadas no Ensaio cinco


(WSR=2.395; p<0.01) e na pontuação do Teste do Relógio (WSR=2.388; p<0.01). No
entanto, não houve diferenças estatisticamente significativas no Teste de Stroop na tarefa de
Cores (WSR=1.326; p > 0.05) e Cor-Palavra (WSR=1.335; p>0.05), bem como nos exercícios
de Fluência Verbal do nome de Animais (WSR=0.409; p>0.05) e de palavras começadas pela
letra “P” (WSR=0.775; p>0.05) entre o primeiro e o segundo momento de avaliação, apesar
do desempenho ter melhorado.

Tabela 3
Diferenças no grupo experimental após o Programa de Treino Cognitivo.

Pré-teste Pós-teste WSR value p value


Medidas (n=10) (n=10)
Média DP Média DP
BDI 36.90 5.021 27.40 13.418 -2.100 0.018*
MoCA 19.90 3.247 22.40 2.914 -2.146 0.016*
TMT-A (segundos) 66.70 16.097 52.30 16.918 -2.550 0.006**
TMT-B (segundos) 132.75 38.714 119.10 37.451 -2.243 0.013*
Racio B-A (segundos) 67.00 28.076 66.80 33.229 -1.109 0.134
AVLT Total 39.20 9.931 48.10 10.257 -2.654 0.004**
AVLT Aprendizagem 11.20 3.795 14.60 5.232 -1.779 0.038*
AVLT Evocação Diferida 8.00 3.300 9.40 4.169 -2.101 0.018*
AVLT Ensaio 1 5.60 2.119 6.70 1.494 -1.741 0.041*
AVLT Ensaio 5 9.90 2.644 11.90 2.025 -2.395 0.009**
Teste do Relógio 13.30 4.968 16.30 1.160 -2.388 0.009**
Teste de Stroop: Palavras 62.10 16.993 73.70 19.425 -2.092 0.018*
Teste de Stroop: Cores 47.40 10.102 49.90 13.544 -1.326 0.093
Teste de Stroop: Cor- 24.90 8.950 28.30 6.601 -1.335 0.091
Palavra
Fluência Verbal: “P” 10.90 4.404 11.90 5.405 -0.775 0.219
Fluência Verbal: 13.60 4.088 14.00 3.916 -0.409 0.342
“Animais”
Legenda: (WSR) Wilcoxon signed ranks test; (p) nível de significância; (*) p<0.05; (**) p<0.01.

A Tabela 4 descreve as mudanças no grupo controlo entre o pré e o pós-teste. Os


participantes deste grupo não beneficiaram de qualquer sessão de treino cognitivo neste
intervalo, mantendo apenas as intervenções psicoterapêuticas e farmacológicas inerentes ao
Hospital de Psiquiátrico, comuns para ambos os grupos. No pós-teste, este grupo exibiu uma
redução significativamente maior na sintomatologia depressiva avaliada através do BDI
(WSR=2.499; p<0.01) e um aumento significativo no número de palavras evocadas no Ensaio
um do AVLT (WSR=1.852; p<0.05). No entanto, apesar das diferenças não serem
estatisticamente significativas, o grupo de controlo, após os dois meses, apresentou um pior
desempenho cognitivo no MoCA (WSR=0.180; p>0.05), no TMT-B (WSR=0.770; p>0.05),

18
Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

no AVLT: Pontuação Total (WSR=0.511; p>0.05), Aprendizagem (WSR=1.534; p>0.05) e


Ensaio cinco (WSR=0.086; p>0.05), no Teste do Relógio (WSR=0.172, p>0.05), no Teste de
Stroop na tarefa das Palavras (WSR=0.415, p>0.05) e na fluência verbal de palavras
começadas pela letra “P” (WSR=0.172, p>0.05).

Tabela 4
Diferenças no grupo de controlo no Pós-teste.

Pré-teste Pós-teste WSR value p value


Medidas (n=10) (n=10)
Média DP Média DP
BDI 35.00 7.409 22.10 14.888 -2.499 0.006**
MoCA 20.00 3.801 19.70 4.029 -0.180 0.429
TMT-A 67.80 18.287 60.90 21.268 -0.869 0.193
TMT-B 134.67 44.800 148.60 55.851 -0.770 0.221
Racio B-A 67.78 31.156 93.30 51.095 -1.304 0.096
AVLT Total 35.90 10.418 35.50 14.144 -0.511 0.305
AVLT Aprendizagem 15.40 4.195 10.50 8.759 -1.534 0.063
AVLT Evocação 5.40 3.307 6.30 3.653 -0.703 0.241
Diferida
AVLT Ensaio 1 4.10 1.729 5.00 2.000 -1.852 0.032*
AVLT Ensaio 5 9.10 2.558 8.50 3.504 -0.086 0.466
Teste do Relógio 14.50 3.504 14.10 2.961 -0.172 0.432
Teste de Stroop: 61.50 19.127 57.50 22.873 -0.415 0.339
Palavras
Teste de Stroop: Cores 47.20 12.848 48.00 15.456 -0.356 0.361
Teste de Stroop: Cor- 26.70 8.920 26.80 13.028 -0.562 0.287
Palavra
Fluência Verbal: “P” 8.90 3.929 8.80 3.584 -0.172 0.432
Fluência Verbal: 13.90 4.630 15.4 3.893 -1.257 0.105
“Animais”
Legenda: (WSR) Wilcoxon signed ranks test; (p) nível de significância; (*) p<0.05; (**) p<0.01.

Em anexo (Anexo VII) encontram-se as figuras que comparam a severidade da


sintomatologia depressiva baseada na pontuação do BDI e o funcionamento cognitivo geral
avaliado através do MoCA, ao longo do tempo.

4. Discussão

O objetivo do presente estudo foi avaliar o impacto do TCC em pacientes com depressão
moderada a grave no humor (severidade de sintomatologia depressiva) e num conjunto de
funções cognitivas. As principais áreas de intervenção foram a atenção, a memória e o
funcionamento executivo. Para tal, realizou-se um pré-teste para avaliar as funções cognitivas
em questão e a severidade da sintomatologia depressiva. Após dois meses, fez-se um pós-teste

19
Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

e todas as áreas foram novamente avaliadas através dos mesmos instrumentos do pré-teste.
Apenas um grupo de participantes (grupo experimental) foi submetido ao plano de TCC com
recurso ao COGWEB® ao longo dos dois meses, o que permitiu comparar as diferenças com o
grupo de controlo (sem o treino cognitivo).
Os principais resultados evidenciam que não foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas no desempenho cognitivo na maioria dos testes aplicados no
grupo experimental, comparativamente ao grupo de controlo; porém os adultos do grupo
submetido às sessões de treino cognitivo apresentaram melhorias, embora algumas não
tenham sido significativas, em todos os domínios cognitivos avaliados (atenção, memória e
funções executivas) após o programa de treino cognitivo. Por sua vez, o grupo sem
intervenção cognitiva, piorou o seu desempenho em grande parte dos testes aplicados no pós-
teste, em relação aos resultados obtidos no primeiro momento de avaliação. Deste modo, os
resultados do grupo experimental corroboram os resultados obtidos em vários estudos
anteriores que sugerem que as intervenções baseadas no TCC parecem ter um impacto
positivo na estimulação das funções cognitivas (Faucounau et al., 2010; Ge et al., 2018) e que
podem ser, por isso, um complemento de tratamento eficaz para adultos com sintomas
depressivos (Alvarez et al., 2008; Ge et al., 2018; Motter et al., 2016). Com efeito, os
resultados do grupo de controlo evidenciam, tal como em estudos anteriores, que o tratamento
conjunto da psicoterapia e a abordagem farmacológica é eficaz na melhoria do humor, mas
que os défices cognitivos tendem a persistir (Baune et al., 2010; Paelecke-Habermann et al.,
2005).
Após as sessões de treino cognitivo, não se registaram diferenças estatisticamente
significativas entre o grupo experimental e o grupo de controlo nos sintomas depressivos
avaliados pelo BDI; o grupo experimental apresentou uma melhoria significativa na
sintomatologia depressiva (27.40±13.418), mas a melhoria no grupo de controlo foi ainda
mais significativa (22.10±14.888). Relativamente ao MoCA, o grupo experimental apresentou
um desempenho significativamente melhor após as sessões de treino cognitivo (22.40±2.914)
e o grupo de controlo obteve uma pontuação pior em relação ao primeiro momento de
avaliação (19.70±4.029). Tais resultados podem justificar-se pelo facto dos pacientes do
grupo experimental terem conhecimento do objetivo da investigação/intervenção e, por isso,
no segundo momento de avaliação, a perceção de que iriam ser avaliados em componentes
que foram treinados ao longo das sessões poderá ter contribuído para um maior empenho e o
melhor desempenho cognitivo verificado no pós-teste, mas ter igualmente espoletado
sintomas de ansiedade que se repercutiram possivelmente na sintomatologia depressiva e/ou

20
Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

na avaliação devido às elevadas expetativas de melhoria. Na verdade, e atendendo à realidade


observada aquando dos momentos de avaliação, neste segundo momento de avaliação, os
pacientes que beneficiaram das sessões de TCC exibiam uma maior ansiedade de desempenho
nas tarefas quando sentiam que não melhoraram em relação ao pré-teste, admitindo sentirem-
se “frustrados” por não “alcançarem os resultados que estavam à espera”, procurando sempre
justificar os défices na execução das tarefas (e.g., “hoje não é um bom dia para a avaliação”,
“não dormi bem”, “a semana não foi boa”). Além disso, a melhoria no desempenho cognitivo
dos adultos do grupo experimental no presente estudo também pode ter sido devido aos
efeitos de aprendizagem inerentes ao treino (Motter et al., 2016). Já em relação ao grupo de
controlo, a avaliação sem expetativas de comparação ou melhoria, poderá justificar a redução
da sintomatologia depressiva mais significativa e um pior desempenho cognitivo, uma vez
que não foram submetidos a nenhuma intervenção de estimulação cognitiva.
Em conjunto, estes resultados sugerem que a intervenção baseada no TCC poderá ter um
impacto positivo nos domínios cognitivos mais afetados na depressão (atenção, memória e
funções executivas), embora não tenha um impacto tão significativo nos sintomas
depressivos. No entanto, é necessário ter em conta que, no pós-teste, a gravidade da
sintomatologia depressiva em ambos os grupos passou a situar-se entre “sem sintomatologia
depressiva”, “sintomas ligeiros”, “sintomas moderados” e “sintomas graves” e não apenas
entre “sintomas moderados” e “sintomas graves” como no momento de avaliação antes da
intervenção cognitiva. Desta forma, tendo em conta os resultados do presente estudo e da
meta-análise de Motter e colegas realizada em 2016, a qual considerou nove estudos sobre a
eficácia do TCC na sintomatologia depressiva, no funcionamento quotidiano e cognitivo, há
uma necessidade de mais estudos para sustentar os resultados do treino cognitivo no humor,
uma vez que apesar de as melhorias serem significativas, não é claro que se devam
exclusivamente ao TCC (Alvarez et al., 2008; Motter et al., 2016).
No que diz respeito aos domínios cognitivos avaliados, a memória foi o único onde se
registaram diferenças estatisticamente significativas entre o grupo experimental e o grupo de
controlo, no pós-teste. O grupo sem a intervenção de treino cognitivo apresentou pior
pontuação total (35.50±14.144) no AVLT, que representa a capacidade de recordar e
acumular palavras nos ensaios de aprendizagem (recuperação) (Vakil & Blachstein, 1993),
bem como na evocação imediata no ensaio um (5.00±2.000) e no ensaio cinco (8.50±3.504),
que geram informações sobre aquisição/codificação e taxa de aprendizagem (Cavaco et al.,
2015). Quase na sua totalidade (90%), o grupo experimental já não apresentou défices na
pontuação total do AVLT após as sessões de treino cognitivo. Por outro lado, o facto de não

21
Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

haver diferenças significativas entre o pré-teste e o pós-teste nas restantes pontuações do


AVLT, nomeadamente na evocação diferida, pode justificar-se pelo facto dos pacientes com
depressão, apesar da capacidade de aprendizagem diminuída, conseguirem armazenar a
informação e evocá-la após intervalo (Avila & Bottino, 2006).
A meta-análise de Snyder (2013) evidenciou que o desempenho em alguns testes
neuropsicológicos que avaliam as funções executivas apresenta uma correlação positiva com a
gravidade da sintomatologia depressiva, nomeadamente testes que envolvem controlo
inibitório, flexibilidade mental e fluência verbal. No entanto, os resultados deste estudo não
revelam diferenças estatisticamente significativas, após os pacientes terem sido submetidos ao
treino cognitivo no Teste de Stroop e na Fluência Verbal, o que pode sugerir que a intensidade
dos sintomas depressivos não afetou significativamente o desempenho dos pacientes nas
tarefas que implicam o uso das funções executivas, tal como se verificou no estudo de Esteves
e colegas (2017). Uma meta análise anterior à de Snyder (2013) já havia sugerido que o
domínio do funcionamento executivo permanece prejudicado durante o tratamento e a
recuperação das perturbações depressivas, uma vez que é um domínio de natureza
diversificada que exige o funcionamento de várias áreas cognitivas em simultâneo (Douglas
& Porter, 2009), o que também pode justificar os resultados aqui obtidos.
O presente estudo tem algumas limitações que importam evidenciar. Elas incluem o
número relativamente baixo de participantes que pode fazer com que o teste estatístico não
tenha poder suficiente para detetar as diferenças que existem entre os dois grupos, podendo
afetar a validade do estudo (Freire & Almeida, 2008). As diferenças nas características
individuais dos pacientes avaliados, como ser maioritariamente do sexo feminino - que afeta a
representatividade dos dados (Freire & Almeida, 2008), a severidade dos sintomas
depressivos e a medicação prescrita podem ser determinantes no funcionamento cognitivo e
no humor influenciando os resultados da intervenção. Relativamente à severidade da
sintomatologia depressiva, no momento de avaliação pré-teste, o grau dos sintomas
depressivos, que se situava entre moderado a grave, pode ter influenciado o desempenho dos
participantes; ou seja, quanto mais grave a sintomatologia, maior a dificuldade em motivar o
paciente a realizar as tarefas. Neste sentido, sugere-se que, para uma intervenção mais eficaz,
seja trabalhada simultaneamente a motivação do paciente, essencial para desenvolver todo o
trabalho terapêutico e de participação ativa no treino. De igual modo, é necessário ter em
conta que a medicação pode ter impacto nos resultados da intervenção, pelo que não se pode
concluir que os melhores resultados após a intervenção no grupo que beneficiou das sessões
de treino cognitivo, tenha sido devido exclusivamente a estas sessões, uma vez que os

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Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

antidepressivos podem contribuir positivamente para a fadiga, humor e motivação (Prado,


Watt, & Crowe, 2018) e, neste estudo, não se controlou a dose da medicação prescrita aos
participantes. Também o modo como foi realizado a distribuição dos participantes pelos dois
grupos pode levantar questões metodológicas e éticas que se impõe enunciar: apesar de se ter
tido em conta a seleção dos participantes do grupo de controlo só após o grupo experimental
ter concluído as sessões de treino cognitivo, sugere-se que, em estudos futuros os pacientes do
grupo de controlo sejam também beneficiários das sessões de treino cognitivo.
Pese embora as limitações apresentadas, os resultados obtidos neste estudo sugerem,
globalmente, que o programa de treino cognitivo baseado na tecnologia aqui utilizado
contribui para um melhor funcionamento cognitivo nos pacientes com depressão. O seu
carácter piloto e exploratório na instituição permite concluir pelas potencialidades futuras de
aplicação que o programa de treino cognitivo tem no contexto clínico/hospitalar aqui
considerado. Na realidade, ele não só foi bem aceite pelos pacientes com diagnóstico de
depressão, como estes admitiram sentirem-se surpreendentemente motivados em realizar as
sessões, pois, enquanto estavam envolvidos e concentrados nas tarefas cognitivas, não
pensavam acerca dos problemas e dificuldades de foro emocional. A facilidade de
administração e execução do TCC permitiu que os participantes se mantivessem empenhados
e expectantes, contribuindo para o seu envolvimento crescente ao longo das sessões e para o
interesse por parte dos mesmos em procurar outras atividades cognitivas fora das sessões por
percecionarem que, de facto, a melhoria na parte cognitiva tinha repercussões no dia a dia.
Como limitação do programa aponta-se o nível de exigência cognitiva das tarefas que podem
induzir sentimentos de frustração e intensificar o humor deprimido dos pacientes (já aqui
mencionado) e, naturalmente, os recursos humanos, tecnológicos e espaciais (salas equipadas
disponíveis) que a sua implementação implica.

5. Implicações do estudo

As implicações na prática clínica dos resultados deste estudo salientam a importância do


treino das funções cognitivas e não só de uma intervenção focada no humor em pacientes com
sintomatologia depressiva, o que possivelmente ajudará a alcançar uma recuperação mais
completa da perturbação depressiva, tal como sugerem os estudos de Bortolato e colegas
(2016). Estudos recentes sugerem que os défices cognitivos persistem após a remissão
sintomática, daí a necessidade de intervir nos domínios da cognição separadamente dos
sintomas de humor (Gonda et al., 2015; Knight & Baune, 2018). Uma sugestão de tratamento

23
Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave

das funções cognitivas poderá ser o uso de um plano de TCC, tal como no presente estudo.
No entanto, é necessário que o técnico tenha em consideração o impacto que a intervenção
cognitiva poderá ter no humor dos pacientes, uma vez que esta pode induzir sentimentos de
frustração face à realização de tarefas, podendo suscitar inclusive sintomas de ansiedade com
relevância clínica e exacerbar alguns sintomas depressivos, tais como baixa autoestima.
Apesar de grande parte dos estudos se focarem na sintomatologia depressiva, as
abordagens mais recentes têm-se vindo a centrar nos défices cognitivos como o resultado da
eficácia clínica (Knight & Baune, 2018; McIntyre & Lee, 2015). Embora ainda seja uma
intervenção limitada em termos de estudos que comprovem a sua eficácia, a meta análise de
Motter et al. (2016) revelou melhorias nos domínios da atenção e memória de trabalho com
melhorias transferíveis para o funcionamento global diário em pacientes com perturbações
depressivas. É importante, pois, intervir nos domínios cognitivos, uma vez que o
comprometimento cognitivo parece ter impacto na vulnerabilidade emocional e social, que
resultará num maior risco de episódios depressivos recorrentes (Knight & Baune, 2018).

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ANEXOS

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ANEXO I
Consentimento Informado
Objetivo da Investigação: Avaliar se o treino cognitivo computadorizado através dos exercícios propostos
pelo COGWEB® poderá ser uma opção eficaz de tratamento.
Procedimento e duração: A investigação decorrerá durante 2 meses. Haverá 2 momentos de avaliação: pré e
pós teste (após 2 meses do pós-teste), em que será aplicada uma bateria de testes neurocognitivos. Além
disso, os participantes serão submetidos a 2 sessões por semana de treino cognitivo computadorizado com a
duração de aproximadamente, 30 min, durante 3 meses.
Confidencialidade: A informação fornecida ou quaisquer dados recolhidos ao longo desta investigação serão
exclusivamente usados para fins de investigação, estando salvaguardada a confidencialidade das informações
recolhidas.
Natureza voluntária da sua participação: A natureza da sua participação nesta investigação é voluntária.
Se concordar em participar poderá desistir a qualquer momento da investigação, devendo para esse efeito
comunicá-lo à investigadora.
Contacto: Se tiver alguma questão relacionada com esta investigação poderá contactar a investigadora
responsável (anafilipamalta@ua.pt).

Eu, ________________________________, autorizo a utilização dos resultados obtidos pela minha


participação na investigação. Confirmo, ainda, que a minha participação foi voluntária, tendo sido
informado(a) do procedimento e do direito a desistir a qualquer momento.

Assinatura do participante: Data:


_______________________ ___ / ___ / _____

Assinatura do investigador: Data:


_______________________ ___ / ___ / _____

Eu, ________________________________, autorizo a utilização dos resultados obtidos pela minha participação na investigação.
Confirmo, ainda, que a minha participação foi voluntária, tendo sido informado(a) do procedimento e do direito a desistir a qualquer
momento.

Assinatura do participante: Data:


_______________________ ___ / ___ / _____

Assinatura do investigador: Data:


_______________________ ___ / ___ / _____
ANEXO II
ANEXO III
ANEXO IV
ID:_____ Momento de Avaliação: _____________________ Data: _____________________

PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO COGNITIVA


Idade: ______ Sexo: ____ Escolaridade: _______________

Sumário dos Resultados (* ligeiro; ** moderado; *** grave)


Teste Pontuação Grau OBS.
MoCA
Orientação (MoCA)
Trilhas A (minutos) Nº de erros: ____
Processamento
Velocidade de
Atenção e

Trilhas B (minutos)
Nº de erros: ____
Ratio B-A

Memória de Dígitos (MoCA)


AVLT- Total E1:____ E5:____ Nº intrusões: ____
Memória

AVLT- Aprendizagem
AVLT – Evocação Diferida
AVLT – Reconhecimento
AVLT- % de retenção
Teste do Relógio (MoCA)
Funções Executivas

Abstração (MoCA)
Iniciativa Verbal (MoCA)
Stroop – Palavras
Stroop – Cor
Stroop – Cor e Palavra
Stroop – Interferência
Praxias

Desenho do cubo (MoCA)

Nomeação (MoCA)
Linguagem

Cálculo (MoCA)

BDI: _____
1. AVLT – Auditory Verbal Learning Test
Ler a lista de palavras 5x. O doente evoca todas as palavras em cada ensaio, quer já as tenha dito ou não anteriormente.

E1 E2 E3 E4 E5 DIFERIDO

Reconhecimento
LIVRO
CABEÇA TERRA
FLOR
ESPELHO PÃO
COMBOIO
COMBOIO FLOR
SAPATO CARTA SAPATO
ÁGUA JANELA AUTOMÓVEL

ESPELHO COR EDIFÍCIO

CAVALO FACA LIVRO

ESCALA PIANO
MESA
MONTANHA CAVALO
IGREJA
DEDO ÁGUA
RÁDIO
LENÇO UNHA
BOLA
BOLA SENHOR
DEDO NÚVEM RÁDIO
CARTA SINAL MESA

FACA IGREJA PROFESSOR

TERRA TOTAL

Totais parciais
2. Teste das Trilhas A
Fazer o exemplo. Não fazer o teste se > 2 erros. Assinalar erros cortando a linha e corrigindo, sem parar o cronómetro. Parar
após 3 minutos ou 4 erros.
3. Teste das Trilhas B
Fazer o exemplo. Não fazer o teste se > 2 erros. Assinalar erros cortando a linha e corrigindo, sem parar o cronómetro. Parar
após 6 minutos ou 4 erros.
4. STROOP – Teste de Cores e Palavras
45 segundos para cada tarefa. Anotar nº total de respostas corretas.

PONTUAÇÃO BRUTA VALOR DE CORREÇÃO PONTUAÇÃO RESIDUAL NOTA T

P PALAVRA

C COR

CP COR-PALAVRA

INT Interferência (CP-CP’) CP’= CP-CP’=


Nome: _________________________ Idade: __________
VERSÃO PORTUGUESA Género: __________ Data de Nascimento: __________
Escolaridade: _____ Data de Avaliação: ____________

VISUO-ESPACIAL / EXECUTIVA Pontos


Copiar o Desenhar um Relógio (onze e dez)
cubo (3 pontos)

Fim

Início

Contorno Números Ponteiros


NOMEAÇÃO

MEMÓRIA Leia a lista de palavras. Boca Linho Igreja Cravo Azul


O sujeito deve repeti-la. Sem
Realize dois ensaios. 1º ensaio Pontua-
Solicite a evocação da lista ção
5 minutos mais tarde. 2º ensaio

ATENÇÃO Leia a sequência de números. O sujeito deve repetir a sequência.


(1 número/segundo) O sujeito deve repetir a sequência na ordem inversa.

Leia a série de letras (1 letra/segundo). O sujeito deve bater com a mão cada vez que for dita a letra A. Não se atribuem pon tos se > 2 erros.

Subtrair de 7 em 7 começando em 100.


4 ou 5 subtracções correctas: 3 pontos; 2 ou 3 correctas: 2 pontos; 1 correcta: 1 ponto; 0 correctas: 0 pontos

LINGUAGEM O gato esconde-se sempre que os cães


Repetir: Eu só sei que hoje devemos ajudar o João. entram na sala.

Fluência verbal: Dizer o maior número possível de palavras que comecem pela letra “P” (1 minuto). Palavras

ABSTRACÇÃO
Semelhança p.ex. entre banana e laranja = fruta comboio - bicicleta relógio - régua

EVOCAÇÃO DIFERIDA Boca Linho Igreja Cravo Azul


Deve recordar as palavras
SEM PISTAS Pontuação
apenas para
Pista de categoria evocação
Opcional SEM PISTAS
Pista de escolha múltipla

ORIENTAÇÃO Dia do mês Mês Ano Dia da Lugar Locali-


semana dade

Examinador: ______________________________
Versão Portuguesa: M.R. Simões, S. Freitas, I. Santana, H. Firmino, C. Martins, Z. Nasreddine & M. Vilar
2008 – Serviço de Avaliação Psicológica, FPCE-UC & HUC
ID: ____ Momento de Avaliação: _____________________ Data: ________________

INVENTÁRIO DE DEPRESSÃO DE BECK (BDI)


(Vaz Serra e Abreu, 1973)

Neste questionário existem 21 grupos de afirmações. Em relação a cada grupo, leia cuidadosamente
todas as afirmações antes de fazer a sua escolha. A seguir selecione a afirmação (x) que melhor descreve a forma
como se sente neste momento.

Não me sinto triste.


Ando triste.
1 Sinto-me triste o tempo todo e não consigo evitá-lo.
Estou tão triste ou infeliz que esse estado se torna penoso para mim.
Sinto-me tão triste ou infeliz que não consigo suportar mais este estado.
Não estou demasiado pessimista nem me sinto desencorajado em relação ao futuro.
Sinto-me com medo do futuro.
2 Sinto que não tenho nada a esperar do que surja no futuro.
Creio que nunca conseguirei resolver os meus problemas.
Não tenho qualquer esperança no futuro e penso que a minha situação não pode melhorar.
Não tenho a sensação de ter fracassado.
Sinto que tive mais fracassos que a maioria das pessoas.
3 Sinto que realizei muito pouca coisa que tivesse valor ou significado.
Quando analiso a minha vida passada, tudo o que noto são uma quantidade de fracassos.
Sinto-me completamente falhado como pessoa (pai/mãe, marido/mulher).
Não me sinto descontente com nada em especial.
Sinto-me aborrecido a maior parte do tempo.
4 Não tenho satisfação com as coisas que alegravam antigamente.
Nunca mais consigo obter satisfação seja com o que for.
Sinto-me descontente com tudo.
Não me sinto culpado de nada em particular.
Sinto, grande parte do tempo, que sou mau ou que não tenho qualquer valor.
5 Sinto-me bastante culpado.
Agora, sinto permanentemente que sou mau e não valho absolutamente nada.
Considero que sou mau e não valho absolutamente nada.
Não sinto que esteja a ser vítima de algum castigo.
Tenho o pressentimento que me pode acontecer alguma coisa de mal.
6 Sinto que estou a ser castigado ou que em breve serei castigado.
Sinto que mereço ser castigado.
Quero ser castigado.
Não me sinto descontente comigo.
Estou desiludido comigo.
7 Não gosto de mim.
Estou bastante desgostoso comigo.
Odeio-me.
Não sinto que seja pior do que qualquer outra pessoa.
8 Critico-me a mim mesmo pelas minhas fraquezas ou erros.
Culpo-me das minhas próprias faltas.
Acuso-me por todo o mal que me acontece.
Não tenho quaisquer ideias de fazer mal a mim mesmo.
Tenho ideias de pôr termo á vida, mas não sou capaz de as concretizar.
9 Sinto que seria melhor morrer.
Creio que seria melhor para a minha família se eu morresse.
Tenho planos concretos sob a forma como hei-de por termo à vida.
Matar-me-ia se tivesse oportunidade.
Atualmente não choro mais do que o costume.
10 Choro mais do que o costume.
Atualmente passo o tempo a chorar e não consigo parar de fazê-lo.
Costumava ser capaz de chorar, mas agora nem sequer consigo, mesmo quando tenho vontade.
Não fico agora mais irritado do que ficava.
11 Fico aborrecido ou irritado mais facilmente do que ficava.
Sinto-me permanentemente irritado.
Já não consigo ficar irritado por coisas que me irritavam anteriormente.
Não perdi o interesse que tinha nas outras pessoas.
Atualmente sinto menos interesse pelos outros do que costumava ter.
12 Perdi quase todo o interesse pelas outras pessoas, sentindo pouca simpatia por elas.
Perdi por completo o interesse pelas outras pessoas, não me importando absolutamente com nada a seu respeito.
Sou capaz de tomar decisões tão bem como antigamente.
13 Atualmente sinto-me menos seguro de mim e procuro evitar tomar decisões.
Não sou capaz de tomar decisões sem a ajuda de outras pessoas.
Sinto-me completamente incapaz de tomar qualquer decisão.
Não acho que tenho pior aspeto do que costumava.
Estou aborrecido porque estou a parecer velho e pouco atraente.
14 Sinto que se deram modificações permanentes na minha aparência que me tornaram pouco atraente.
Sinto que sou feio ou que tenho um aspeto repulsivo.
Sou capaz de trabalhar tão bem como antigamente.
Agora preciso de um esforço maior do que antes para começar a trabalhar.
15 Não consigo trabalhar tão bem como de costume.
Tenho de despender um grande esforço para fazer seja o que for.
Sinto-me incapaz de realizar qualquer trabalho, por mais pequeno que seja.
Consigo dormir tão bem como dantes.
16 Acordo mais cansado de manhã do que era habitual.
Acordo cerca de 1-2 horas mais cedo do que é costume e custa-me voltar a adormecer.
Acordo todos os dias mais cedo do que o costume e não durmo mais do que cinco horas.
Não me sinto mais cansado do quer o habitual.
17 Fico cansado com mais facilidade do que antigamente.
Fico cansado quando faço seja o que for.
Sinto-me tão cansado que sou incapaz de fazer seja o que for.
O meu apetite é o mesmo de sempre.
18 O meu apetite não é tão bom como costumava ser.
Atualmente o meu apetite está muito pior do que anteriormente.
Perdi por completo todo o apetite que tinha.
Não tenho perdido muito peso, se é que perdi algum, ultimamente.
19 Perdi mais de 2,5 quilos de peso.
Perdi mais de 5 quilos de peso.
Perdi mais de 7,5 quilos de peso.
A minha saúde não me preocupa mais do que o habitual.
Sinto-me preocupado com dores e sofrimento, com má disposição de estômago ou prisão de ventre ou ainda com outras
20 sensações físicas desagradáveis.
Estou tão preocupado com a maneira como me sinto ou com aquilo que sinto, que se me torna difícil pensar noutra coisa.
Encontro-me totalmente preocupado pela maneira como me sinto.
Não notei qualquer mudança recente no meu interesse pela vida sexual.
21 Encontro-me menos interessado pela vida sexual do que costumava estar.
Atualmente sinto-me muito menos interessado pela vida sexual.
Perdi completamente o interesse que tinha pela vida sexual.

FIM
ANEXO V
PLANO DE EXERCÍCIOS COGWEB® POR SESSÃO

Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial

Encontre a letra Atenção 3 10’


Sessão 1

Rápida memória Memória 3 10’

Função
Semana 1

Dentro ou fora 1 10’


executiva

Encontre o número Atenção 3 10’


Sessão 2

Cubos irrequietos Memória 3 10’

Função
Mente lógica 1 10’
executiva

Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial

Encontre a peça Atenção 3 10’


Sessão 3

Supermercado Memória 3 10’

Função
Semana 2

Contrário 1 10’
executiva

Diferença de letras Atenção 3 10’


Sessão 4

Onde passou Memória 3 10’

Letras e sílabas Linguagem 2 10’

Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial
Cores que passam Atenção 2 10’
Sessão 5

Tarefas semanais Memória 2 10’

Função
Semana 3

Números ou letras 2 10’


executiva

Compare a sequência Atenção 3 10’


Sessão 6

Peças que mudam Memória 2 10’

Função
Casa em chamas 1 10’
executiva
Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial

Diferença de símbolos Atenção 3 10’


Sessão 7
Janelas Memória 2 10’

Função
Semana 4

No momento certo 3 10’


executiva

Encontre o símbolo Atenção 3 10’


Sessão 8

Entregue a encomenda Memória 2 10’

Função
Combine a cor 1 10’
executiva

Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial

Descubra o intruso Atenção 3 10’


Sessão 9

Onde estavam Memória 3 10’

Função
Semana 5

Letras à vez 3 10’


executiva

Letra a letra Atenção 3 10’


Sessão 10

Sopa letras Memória 2 10’

Função
Sequências 3 10’
executiva

Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial

Bloco a bloco Atenção 3 10’


Sessão 11

Cartas trocadas Memória 2 10’

Função
Semana 6

No fundo do mar 3 10’


executiva

Balões em falta Atenção 4 10’


Sessão 12

Aguarde as palavras Memória 3 10’

Função
Sinais 3 10’
executiva
Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial

Casas de cor Atenção 3 10’


Sessão 13
Árvores Memória 3 10’

Função
Semana 7

Dentro ou fora 3 10’


executiva

Plantas Atenção 3 10’


Sessão 14

Países Memória 3 10’

Função
Encontre a distância 3 10’
executiva

Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial

Pássaros Atenção 2 10’


Sessão 15

Molduras Memória 3 10’

Função
Semana 8

Contrário 4 10’
executiva

Em quadrados Atenção 3 10’


Sessão 16

Sequências numéricas Memória 3 10’

Função
Números ou letras 4 10’
executiva

Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial

Página a página Atenção 3 10’


Sessão 17

Luzes em série Memória 2 10’


Semana 9

Mente rápida Cálculo 3 10’

Igual ou diferente Atenção 5 10’


Sessão 18

Paisagens Memória 3 10’

Função
Casa em chamas 4 10’
executiva
Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial

Padrões Atenção 4 10’


Sessão 19
Caras e nomes Memória 3 10’

Função
Semana 10

Letras à vez 5 10’


executiva

No ar ou no chão Atenção 2 10’


Sessão 20

Pares Memória 3 10’

Função
No fundo do mar 5 10’
executiva

Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial

Sem que apague Atenção 2 10’


Sessão 21

Telas Memória 4 10’

Função
Semana 11

Sinais 5 10’
executiva

Azulejos Atenção 3 10’


Sessão 22

Ordene as estrelas Memória 2 10’

Função
Sequências 5 10’
executiva

Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial
Sessão 23

Dominó Cálculo 3 10’

Longa memória Memória 4 20’


Semana 12

Quantos passaram Atenção 3 10’


Sessão 24

Ordene os números Memória 2 10’

Função
Contrário 4 10’
executiva
ANEXO VI
SESSÕES DE TREINO COGNITIVO
Sessão 1

Atenção – “Encontre a letra”

Este exercício tem como objetivo a estimulação da capacidade de seleção de estímulos


alvo, na presença de outros estímulos distrativos. Como instrução, surgem uma ou mais
letras (dependendo do nível de dificuldade do exercício). O doente deve selecionar a(s)
letra(s) indicada(s) na instrução, na matriz de letras que aparece no ecrã.

Memória – “Rápida memória”

Este exercício visa a memorização de palavras num curto período, sendo constituído por
duas tarefas. Na primeira tarefa, o doente deve memorizar uma lista de palavras e na
segunda são apresentadas várias palavras, em que o doente deve identificar as que
faziam parte da lista que memorizou.

Funções Executivas – “Dentro ou Fora”

Este exercício estimula os mecanismos de controlo inibitório. No ecrã aparece uma gaiola
e um pássaro, e as palavras “DENTRO” e “FORA”. Desta forma, o doente deve concentrar-
se na posição do pássaro e carregar na palavra que indica a posição contrária do mesmo.
A dificuldade desta tarefa vai aumentando com a introdução das palavras “CIMA” e
“BAIXO” e com a mudança de cor do pássaro.
Sessão 2

Atenção – “Encontre o número”

Este exercício tem como objetivo a estimulação da capacidade concentração através da


seleção de estímulos alvo: números. Cada nível de exercício inicia com uma instrução onde
é pedido ao doente que identifique um ou mais números (dependendo do nível onde se
encontra) na matriz apresentada no ecrã.

Memória – “Cubos irrequietos”

Este exercício visa o treino da capacidade de manipulação e manutenção temporária da


informação através de estímulos visuais. Desta forma, no ecrã surgem dois ou mais cubos
de diferentes cores que “acendem” por uma determinada sequência aleatória. Assim,
pretende-se que o doente memorize essa sequência e a reproduza, carregando nos cubos.

Funções Executivas – “Mente Lógica”

Este exercício tem como objetivo estimular o raciocínio lógico recorrendo ao pensamento
abstrato. Na parte superior do ecrã, surge um conjunto de figuras organizadas numa
sequência lógica, que se encontra incompleta. Em baixo, estão dispostas diferentes figuras
que poderão completar a sequência. Depois de perceber qual a lógica subjacente à
disposição das figuras superiores, o doente deve assinalar a alternativa que melhor a
completa.
Sessão 3

Atenção – “Encontre a peça”

Este exercício visa o treino da capacidade de seleção de estímulos alvo, na presença de


elementos distrativos. Como instrução, surgem uma ou mais peças (dependendo do nível
de dificuldade do exercício). O doente deve selecionar a(s) letra(s) indicada(s) na
instrução, na matriz de letras que aparece no ecrã.

Memória – “Supermercado”

Através deste exercício recorre-se a uma tarefa frequente do dia a dia para estimular a
capacidade de manipular a informação retida temporariamente. Na primeira parte da
tarefa, é apresentada uma lista de compras para memorizar. De seguida, surge um
conjunto de imagens com objetos de supermercado, requerendo a identificação dos
produtos que constavam a lista de compras memorizada. Nos níveis mais avançados, cada
produto tem associada uma determinada quantidade.

Funções Executivas – “Contrário”

Este exercício tem como objetivo os mecanismos de controlo inibitório. Numa posição
central do ecrã surge uma seta que indica uma determinada direção. O doente deve
carregar na seta que indica o sentido contrário ao apresentado pela seta no ecrã. Nos
níveis mais avançados, deve ajustar a sua resposta de acordo com a cor do semáforo, ou
seja, se a cor do semáforo for verde deve carregar na seta com o mesmo sentido; se for
vermelha, deve carregar na seta que aponta no sentido contrário do que vê no ecrã.
Sessão 4

Atenção – “Diferença de Letras”

Com este exercício pretende-se estimular a capacidade de atenção e concentração,


recorrendo-se a uma tarefa de comparação de conjuntos de letras. No ecrã, surge um
caderno aberto em que cada página contém um conjunto de letras. O objetivo é que o
doente compare os dois conjuntos e assinale, na página da direita, as letras que são
diferentes em relação ao conjunto da esquerda.

Memória – “Onde passou”

Este exercício pretende estimular a memorização de informação visual. No ecrã surge um


conjunto de peças coloridas que ficam brancas de forma sequencial, formando um
caminho. O doente deve memorizar o caminho que aparece a branco e reproduzi-lo
carregando nas peças pela mesma ordem.

Funções Executivas – “Letras e Sílabas”

Este exercício visa estimular a capacidade de associar determinados aspetos da


linguagem a imagens. No ecrã surgem várias imagens e, de acordo com a instrução de
cada nível, o utilizador deve selecionar aquelas que obedecem à regra mencionada na
instrução.
Sessão 5

Atenção – “Cores que passam”

Este exercício objetiva o treino da capacidade de Atenção Sustentada através de estímulos


visuais. No ecrã surgem objetos de várias cores, um de cada vez. O doente tem de
carregar em todos os objetos que tenham a cor ou as cores indicadas na instrução. Nos
níveis mais avançados, a identificação dos objetos deve respeitar a ordem determinada no
enunciado.

Memória – “Tarefas Semanais”

Este exercício pretende estimular a capacidade de retenção de informação. No ecrã


podem surgir uma ou mais tarefas comuns organizadas por dia e hora, dependendo do
nível. O doente deve memorizar as tarefas e de seguida arrastá-las para o respetivo dia e
hora no calendário, de acordo com a instrução.

Funções Executivas – “Números ou Letras”

Este exercício visa treinar a flexibilidade cognitiva e a inibição de respostas automáticas.


No ecrã surgem duas grelhas (uma composta por letras e outra composta por números) e
uma seta. O doente deve estar atento à seta. Sempre que estiver virada para cima deve
procurar uma determinada letra na grelha da esquerda. Se a seta estiver para baixo, deve
procurar um determinado número na grelha da direita. Nos níveis mais avançados,
aumentam as letras e números a procurar.
Sessão 6

Atenção – “Compare a sequência”

Com esta tarefa pretende-se estimular a capacidade de atenção e concentração,


recorrendo-se a uma tarefa de comparação de sequências de letras. No ecrã surgem dois
quadros com uma sequência de letras de diversas cores. O objetivo é que o doente com os
dois conjuntos de letras e assinale, no quadro da direita, as letras que são diferentes em
relação à sequência apresentada no quadro da esquerda.

Memória – “Peças que mudam”

Este exercício objetiva estimular a memória de curto prazo através de elementos visuais.
No ecrã surge um conjunto de figuras quadradas de várias cores. Desse conjunto, uma ou
mais figuras mudam de posição e de modo aleatório. Pretende-se, assim, que o doente
identifique os elementos que alteram a sua posição.

Funções Executivas – “Casa em chamas”

Este exercício pretende treinar a capacidade de inibição de respostas automáticas. No


ecrã surgem uma ou mais casas e o doente terá de carregar no respetivo extintor sempre
que a casa estiver em chamas.
Sessão 7

Atenção – “Diferenças de Símbolos”

Com este exercício objetiva-se estimular a capacidade de atenção, através de uma tarefa
de comparação de elementos visuais. No ecrã encontram-se dois conjuntos de símbolos, o
objetivo da tarefa é que o doente compare os dois conjuntos e assinale, no conjunto da
direita, os símbolos que são diferentes em relação ao conjunto da esquerda.

Memória – “Janelas”

Este exercício tem como objetivo a estimulação da memória visual imediata. É constituído
por duas partes, onde na primeira surge no ecrã uma ou mais imagens de janelas com
vasos que o doente terá de memorizar e, na fase seguinte, terá de observar um conjunto
de janelas e assinalar a(s) imagem(s) que memorizou anteriormente.

Funções Executivas – “No momento certo”

Com este exercício pretende-se treinar a inibição de respostas automáticas. No primeiro


nível, o doente deve responder a um determinado estímulo alvo, carregando na tecla
“espaço”. Nos níveis seguintes, só quando o(s) estímulo(s) alvo surgem emparelhados com
o símbolo verde, o doente deve efetuar a ação. Se o estímulo alvo aparece em paralelo
como símbolo vermelho, o utilizador deve inibir a ação e não dar qualquer resposta.
Sessão 8

Atenção – “Encontre o símbolo”

Este exercício visa o treino da capacidade de atenção e o objetivo é a procura de estímulos


alvo, na presença de elementos distrativos. No canto superior esquerdo do ecrã surgem
em destaque um ou mais símbolos. O doente deve assinalar esse(s) símbolo(s) de entre
um conjunto de figuras distribuídas pelo ecrã à direita.

Memória – “Entregue a encomenda”

Com este exercício pretende-se treinar a capacidade mnésica. Na primeira parte, são
apresentadas uma ou mais moradas para memorizar, que correspondem a locais onde
devem ser entregues as encomendas. De seguida, surge um mapa e é pedido ao doente,
de forma sequencial, que identifique o local onde deve ser entregue cada encomenda.

Funções Executivas – “Combine a cor”

Este exercício pretende treinar a inibição de automatismos. No ecrã surge uma moldura e
o nome de uma cor, cada um com a sua cor, e ainda dois botões de resposta – “SIM” e
“NÃO”. Nos níveis 1, 2, 4, 5, 7 e 8 o doente deve carregar no botão “SIM” sempre que a
palavra escrita e a cor da moldura coincidirem. Nos níveis 3, 6 e 9 o botão “SIM” é para
quando a cor da moldura corresponder à cor das letras da palavra escrita.
Sessão 9

Atenção – “Descubra o intruso”

Este exercício visa treinar a capacidade de selecionar estímulos alvo na presença de outros
elementos. No ecrã encontra-se uma grelha de vários elementos (números ou letras) e há
um deles que é diferente dos restantes. O doente deve assinalar o elemento intruso.

Memória – “Onde estavam”

Com este exercício pretende-se estimular a capacidade de memorização de estímulos


visuais. No ecrã surge uma grelha com uma ou mais imagens e o utilizador deve
memorizar a localização de cada uma das figuras. De seguida, a grelha surge vazia no
ecrã, tendo o doente de arrastar as imagens para os locais onde se encontravam no início
do exercício. Nos níveis seguintes, surgem também palavras para memorizar.

Funções Executivas – “Letras à vez”

Este exercício pretende trabalhar a flexibilidade cognitiva e a inibição de respostas


automáticas. No ecrã surge uma grelha composta por letras e um semáforo. O doente
deve estar atento à cor do semáforo. Sempre que estiver verde, deve procurar e assinalar
uma determinada letra. Se o semáforo estiver vermelho, o doente deve procurar e
assinalar outra letra. Nos níveis mais avançados, aumenta o número de letras a assinalar.
Sessão 10

Atenção – “Letra a letra”

O objetivo desta tarefa é treinar a capacidade de seleção de estímulos alvo, na presença


de elementos distratores. Na instrução do exercício surgem uma ou mais letras para
selecionar. O doente deve identificar a(s) letra(s), indicada(s) na instrução, na matriz que
surge no ecrã. Nos níveis mais avançados, a seleção das letras tem por base
determinada(s) condições que o utilizador deve cumprir.

Memória – “Sopa de Letras”

O objetivo deste exercício é melhorar a capacidade de memorização de palavras. O


exercício é composto por duas tarefas. Na primeira, são apresentadas uma ou mais
palavras e é pedida a memorização da(s) mesma(s). A segunda tarefa implica que o
doente identifique numa grelha as palavras memorizadas, carregando em cima delas.

Funções Executivas – “Sequências”

Com este exercício visa-se treinar a flexibilidade cognitiva, usando como tarefa a
alternância entre elementos de uma ou mais categorias. No lado esquerdo do ecrã surge
um post-it com uma sequência que o doente terá de executar assinalando os respetivos
elementos dispersos no ecrã. O número de elementos e categorias e a complexidade da
sequência aumentam progressivamente.
Sessão 11

Atenção – “Bloco a bloco”

Através de uma tarefa de comparação de imagens, pretende-se estimular a capacidade


de atenção. No ecrã surgem dois conjuntos de blocos. No conjunto do lado esquerdo, um
ou mais blocos (mediante o nível) estão em falta. O objetivo é que o utilizador compare
os dois conjuntos e assinale no conjunto da direita os blocos que estão em falta no
conjunto da esquerda.

Memória – “Cartas trocadas”

Através de estímulos visuais, pretende-se melhorar a capacidade de manutenção


temporária da informação. Surgem no ecrã dois ou mais envelopes com o respetivo selo,
para que o doente memorize a posição de cada selo. De seguida, aparecem novamente os
envelopes, com a mesma disposição ou uma disposição diferente, e o doente deve indicar
se a disposição dos selos é a mesma que memorizou.

Funções Executivas – “No fundo do mar”

Este exercício pretende treinar os mecanismos de inibição de respostas automáticas. No


primeiro nível, o utilizador deve responder a um determinado estímulo alvo, carregando
na tecla “espaço”. Nos níveis seguintes, apenas quando o(s) estímulo(s) alvo surgem
emparelhados com o símbolo verde, o doente deve efetuar a ação. Se o estímulo alvo
aparece em paralelo com o símbolo vermelho, o utilizador deve inibir a ação e não dar
qualquer resposta.
Sessão 12

Atenção – “Balões em falta”

Este exercício visa estimular a capacidade de atenção através de uma tarefa de


comparação de figuras. No ecrã surgem dois conjuntos de balões e a dado momento
desaparecem alguns balões no conjunto da esquerda. O objetivo é que o doente compare
os dois conjuntos e assinale, no conjunto da direita, os balões que estão em falta no
conjunto da esquerda.

Memória – “Aguarde as palavras”

Este exercício tem como objetivo a memorização temporária de informação e a sua


posterior evocação (palavras ou frases, mediante o nível em que se encontra).
Primeiramente, é pedido ao doente que memorize um conjunto de palavras ou frases. Na
segunda parte, são apresentados vários elementos em movimento no ecrã e o doente
deverá assinalar a informação que memorizou (reconhecimento).

Funções Executivas – “Sinais”

Este exercício pretende trabalhar a inibição de respostas automáticas e é constituído por


dois tipos de tarefas. Na primeira, o doente deverá carregar no número que surge na
imagem, independentemente do número de lados da figura. Na segunda tarefa, deve
pressionar o botão que contém o mesmo número de lados da figura que surge no ecrã.
ANEXO VII
Figura 1. Diferenças nos grupos ao longo do tempo na severidade da sintomatologia
depressiva (BDI).

A Figura 1 compara a severidade da sintomatologia depressiva baseada na


pontuação do BDI ao longo do tempo, sendo que no pré-teste, o grupo experimental
apresentava maioritariamente sintomas graves (90%) e moderados, enquanto que no
pós-teste os sintomas depressivos situaram-se entre “sem sintomas depressivos”
(10%), “sintomas ligeiros” (20%), “sintomas moderados” (30%) e “sintomas graves”
(40%). No pré-teste, no grupo de controlo, 80% dos participantes apresentava
sintomas depressivos graves e 20% “sintomas moderados”; no pós-teste, 20% não
apresentava sintomatologia depressiva, 40% apresentava “sintomas ligeiros”, 10%
“sintomas moderados” e 30% sintomas graves.
Figura 2. Diferenças nos grupos ao longo do tempo no funcionamento cognitivo
(MoCA).

A Figura 2 apresenta o funcionamento cognitivo geral avaliado através do


MoCA, entre o pré e o pós teste em ambos os grupos. No grupo experimental, no
pré-teste, 10% participantes não apresentavam défices cognitivos, 20%
apresentavam “défices ligeiros”, 30% “défices moderados” e 40% “défices graves”;
no pós-teste, 40% não apresentou défices cognitivos, 30% apresentou “défices
ligeiros”, 10% “défices moderados” e 20% apresentou “défices graves”, enquanto
que no pré-teste, a maioria apresentava “défices graves” (40%) e “défices
moderados” (10%) e 10% não apresentava défice. No grupo de controlo, no pré-
teste e no pós-teste, os défices cognitvos situaram-se entre “défices ligeiros” (10%),
“défices moderados” (60%) e “défices graves” (30%).

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