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Ana Filipa Leal Da Silva Malta Impacto Do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos Com Depressão Moderada A Grave: Um Estudo Piloto
Ana Filipa Leal Da Silva Malta Impacto Do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos Com Depressão Moderada A Grave: Um Estudo Piloto
Ano 2019
Agradeço ao Professor Óscar Ribeiro por me ter dado “asas” para voar nesta
nova etapa da minha vida académico-profissional. Pelo seu profissionalismo e
mérito enquanto docente das Unidades Curriculares que serviram de base e
inspiração para este trabalho. Por nunca ter duvidado das minhas
capacidades. Pela sua disponibilidade. Por ter estado presente sempre que
fosse preciso e mesmo que não fosse preciso.
À Doutora Cátia Mateus por me ter “dado a mão” para entrar nesta aventura.
Por me ter dado a oportunidade de conhecer melhor uma das minhas paixões:
a Neuropsicologia. Por ter estado sempre ao meu lado.
À Doutora Joana por “abraçar” este projeto. Pela sua entrega e apoio
incondicionais. Por me ter permitido passar por esta experiência.
Aos meus pais, ao meu irmão, à minha avó e aos meus melhores amigos por
toda a motivação que me deram, por ouvirem os meus desabafos e por
estarem sempre comigo.
abstract Introduction: According to the World Health Organization, 4.4% of the world’s
population is affected by depressive disorders. These are characterized by
feelings of sadness, loss of interest or pleasure, feelings of guilt, emptiness or
low self-esteem and changes in appetite and sleep, which are accompanied by
somatic and cognitive changes that significantly impair the individual’s
functional capacity. The major cognitive domains that present changes include
memory, attention, and executive functions. Several studies on
psychotherapeutic and drug intervention in depressive disorders have shown
that cognitive deficits tend to remain after the remission of other depressive
symptoms. Recent research has suggested that computerized cognitive
training may be an effective treatment option since interventions using
technology seem to show more benefits in stimulating cognitive functions and
quality of life when compared to traditional rehabilitation and cognitive training
programs.
Objective: This is a pilot study that aims to evaluate the impact of
computerized cognitive training using COGWEB® in patients with moderate to
severe depression attending a Psychiatric Day Hospital (n=20). More precisely,
it aims to evaluate the effect of cognitive computer training on humor (severity
of depressive symptoms) and on a set of cognitive functions (attention, memory
and executive function).
Instruments and Methods: A consecutive non-probabilistic sample of clinical
patients was recruited and then divided into an experimental group (n=10),
which performed two cognitive training sessions per week, making up a total of
12 sessions, and a control group (n=10), who received no cognitive training.
Both groups underwent a pre- and post-test (before and after the intervention),
where the Beck Depression Inventory and a battery of neuropsychological tests
were applied (Montreal Cognitive Assessment, Trail Making Test A and B,
Clock Drawing Test, Stroop Color and Word Test, and Auditory Verbal Learning
Test). For statistical analysis, normality tests assessment was performed
through Shapiro-Wilk Test. Non-parametric tests included the Mann-Whitney
Test (to evaluate the differences between the control group and the
experimental group before and after the test) and the Wilcoxon Signed Ranks
Test (to analyze the differences over time compared through pre and post-test
results).
Results: In general, the patients who received cognitive training showed an
improvement in depressive symptoms and positive changes in all cognitive
functions under analysis when compared to the group of patients who did not
receive the cognitive computer training – these, in the post-test, presented
worse results in all the evaluated domains.
Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave
Índice
1. Introdução ………………………………………………………………………… 1
1.1. Funcionamento Cognitivo na Depressão ……………………………… 2
1.1.1. Atenção ……………………………………………………….... 4
1.1.2. Memória ………………………………………………………... 4
1.1.3. Funções Executivas …………………………………………….. 5
1.2. Reabilitação Cognitiva na Depressão …………………..……………… 5
1.2.1. Treino Cognitivo Computadorizado na Depressão ……….......... 6
1.2.2. COGWEB® …………………………………………………....... 8
i
Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave
Lista de Tabelas
ii
Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave
Lista de Anexos
iii
Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave
1. Introdução
1
Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave
tendem a permanecer após a remissão dos sintomas emocionais e somáticos (Baune et al.,
2010; Paelecke-Habermann et al., 2005; Solé, Jiménez, Martinez-Aran, & Vieta, 2015).
Este estudo propõe-se a avaliar o impacto que o treino cognitivo computadorizado (TCC)
tem no humor e nas funções cognitivas de indivíduos com diagnóstico de depressão, dadas as
evidências prévias de benefício quer ao nível do humor (Ge, Zhu, Wu, & McConnell, 2018),
quer ao nível cognitivo (Alvarez, Cortés Sotres, León, Estrella, & Sánchez Sosa, 2008).
Assim, o estudo inicia com uma abordagem ao funcionamento cognitivo na depressão, onde
são expostas as principais alterações cognitivas nos domínios que serão objeto de avaliação
(atenção, memória e funções executivas). Num segundo ponto é apresentado o tema da
reabilitação cognitiva na depressão e, em particular, o TCC e as suas vantagens no tratamento
da depressão e o prejuízo cognitivo que esta perturbação poderá causar. Este ponto finaliza
com uma breve apresentação do COGWEB®, o programa de estimulação cognitiva utilizado
nesta investigação. De seguida, passa-se para a descrição do estudo realizado, onde se
apresentam os objetivos, metodologia, análise dos resultados e discussão.
Para além das dificuldades de concentração e tomada de decisão inerentes aos critérios
para o diagnóstico das perturbações depressivas (APA, 2014), o comprometimento cognitivo
é frequentemente observado em pacientes com este diagnóstico (Ferreira et al., 2019)
estimando-se que esteja presente em dois terços dos pacientes (Rock et al., 2014).
O funcionamento cognitivo na depressão possui relevância clínica e pode ser objeto
específico de intervenção, uma vez que estes défices poderão reduzir as estratégias de
coping destes pacientes, torna-los mais propensos a recaídas e afetar a sua adesão ao
tratamento (Ahern & Semkovska, 2017; Bortolato et al., 2016; Lee et al., 2012; Rock et al.,
2014; Russo, Mahon, & Burdick, 2015; Si et al., 2019; Wagner et al., 2011).
Estudos sobre a prevalência de défices cognitivos na depressão têm demonstrado
resultados dissemelhantes (Bora, Harrison, Yücel, & Pantelis, 2013; Gonda et al., 2015;
McClintock, Husain, Greer, & Cullum, 2010; Wagner et al., 2011; Zaremba et al., 2019).
Segundo a meta-análise de Wagner e colegas (2011), há estudos que apontam défices
cognitivos em cerca de 70% dos pacientes, enquanto outros mostraram taxas de prevalência
entre 20% e 35%. Há outros estudos que sugerem comprometimento cognitivo em pacientes
com sintomatologia depressiva em todos os aspetos avaliados e outros, ainda, que sugerem
um pior desempenho em domínios como a velocidade de processamento, a atenção e o
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1.1.1. Atenção
A atenção pode estar afetada de modo negativo em indivíduos com perturbações
depressivas (Ferreira et al., 2019; Hammar, 2009; McClintock et al., 2010; Rock et al., 2014),
sendo que um estudo de Cohen, Lohr, Paul e Boland (2014) sugere que este é o domínio
cognitivo mais afetado em pacientes com essa sintomatologia; no entanto, os processos de
atenção não são todos afetados de igual modo e a atenção sustentada parece ser a mais
alterada (Cohen et al., 2014). Outros autores defendem que a atenção dividida é a mais
afetada nestes pacientes (Majer et al., 2004; McClintock et al., 2010).
Adicionalmente, pacientes com perturbação depressiva apresentam piores resultados
em tarefas que implicam, também, o uso da memória de trabalho e a velocidade de
processamento, além da capacidade de atenção e concentração (Cohen et al., 2014). Desta
forma, a atenção está relacionada com outros domínios cognitivos (Hammar, 2009).
Os pacientes com sintomatologia depressiva parecem demonstrar mais défices nos
resultados do Trail Making Test comparativamente a indivíduos saudáveis (Cohen et al.,
2014).
1.1.2. Memória
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das psicoterapias tradicionais. Além disso, para pacientes resistentes à medicação, este tipo de
abordagens pode ser uma boa alternativa (Calkins, McMorran, Siegle, & Otto, 2015).
Segundo o estudo de revisão sistemática recente de Ge e colegas (2018), há, ainda, uma
compreensão limitada acerca dos efeitos de intervenções cognitivas baseadas em tecnologia
relativamente ao humor; no entanto, de um modo geral, estudos que avaliaram sintomas de
ansiedade e depressão revelaram que elas apresentam efeito benéfico. Alguns estudos
avançam inclusive que os efeitos do TCC não se limitam à redução da sintomatologia
depressiva atual em pacientes com depressão, mas que também pode ser útil para aumentar a
resiliência em populações em risco de desenvolver esta perturbação, atuando de forma
preventiva (Hoorelbeke, Faelens, Behiels, & Koster, 2015).
Um estudo de Alvarez e colegas (2008), que teve como objetivo avaliar o impacto do
treino cognitivo no tratamento da depressão e o prejuízo cognitivo que a depressão poderá
causar, demonstrou que o tratamento farmacológico e o treino cognitivo foram capazes de
melhorar o estado depressivo dos pacientes. Contudo aqueles que receberam apenas o
primeiro, apesar da remissão do estado depressivo, continuaram a apresentar défices
associados à impulsividade e à atenção. Adicionalmente, os pacientes sujeitos ao treino
cognitivo revelaram uma ligeira diminuição no nível de ansiedade, enquanto que os pacientes
que receberam apenas tratamento farmacológico não tiveram nenhuma mudança a esse nível.
Assim, os resultados deste estudo revelaram que o tratamento farmacológico foi capaz de
reduzir os sintomas depressivos, mas acredita-se que o tratamento cognitivo seja uma
alternativa melhor, pois, além de reduzir o declínio cognitivo, não apresenta os efeitos
secundários dos antidepressivos.
Outro estudo de Calkins e colegas (2015), que visou perceber se o TCC estaria associado
a mudanças de humor numa amostra de adultos com depressão residentes na comunidade,
através da comparação entre grupo de indivíduos com Treino de Visão Periférica (TVP) e o
grupo com TCC verificou que, de facto, houve uma melhoria no humor deprimido no grupo
que realizou o TCC comparativamente ao grupo que realizou o TVP. Concluiu-se, também,
que no grupo de TCC a severidade da depressão passou de moderada a ligeira e o grupo de
TVP permaneceu com severidade moderada. O TCC revela, assim, ser uma intervenção
promissora na prática clínica, uma vez que poderá contribuir para a mudança do humor
deprimido dos pacientes e ser uma forma de complementar os tratamentos existentes de modo
eficaz e económico. No entanto, importará referir que na maioria dos estudos realizados até à
data, as medidas relativas ao humor apenas foram usadas no início do estudo, ou seja, a
sintomatologia depressiva apenas serviu de critério de inclusão ou exclusão e não como um
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Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave
fim. Por este motivo, há uma compreensão limitada dos efeitos das intervenções cognitivas
baseadas na tecnologia nas perturbações depressivas (Ge et al., 2018).
Algumas críticas apontadas ao TCC são o efeito de aprendizagem dos exercícios e a
dificuldade em controlar a motivação e as expectativas dos usuários (Motter et al., 2016).
Neste sentido, alguns autores sugerem que, em análises futuras, deve ser determinado se os
efeitos do TCC são influenciados pela gravidade da sintomatologia depressiva, se este tipo de
intervenção tem os mesmos efeitos para indivíduos atualmente sintomáticos
comparativamente aos que se encontram em remissão e definir a importância da quantidade e
frequência de administração (Calkins et al., 2015; Motter et al., 2016).
Apesar do número de estudos realizados acerca da depressão e do TCC ser muito
limitado, este tipo de intervenção parece melhorar significativamente o humor deprimido,
embora ainda não sejam resultados conclusivos devido ao frequente tratamento simultâneo da
intervenção baseada na tecnologia com o consumo de antidepressivos e a psicoterapia (Motter
et al., 2016).
1.2.2. COGWEB®
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1.3. Objetivos
2. Método
2.1. Desenho Experimental
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depressão moderada a grave sem treino cognitivo e, por sua vez, o grupo experimental por
indivíduos com depressão moderada a grave com treino cognitivo ao longo de seis semanas.
Trata-se de um estudo piloto, por ser uma investigação em pequena escala, com um
número reduzido de participantes (Freire & Almeida, 2008). É exploratório (Piovesan &
Temporini, 1995), na medida em que visa prover uma primeira compreensão sobre a eficácia
do TCC enquanto modalidade de intervenção relativamente recente e ainda pouco estudada
em indivíduos com diagnóstico de perturbação depressiva no contexto Português.
Adicionalmente, estima-se que o estudo contribua para o desenvolvimento e implementação
de intervenções que tenham por base a tecnologia, antecipando e avaliando possíveis
vantagens, dificuldades e limitações na sua operacionalização em contexto clínico/hospitalar.
2.2. Participantes
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2.3. Procedimento
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Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave
IV), de forma individual e num ambiente neutro a estímulos visuais e sonoros, com boas
condições de luminosidade e contendo apenas o material necessário para o efeito – mesa,
cadeiras, lápis e cronómetro.
A sequência de apresentação dos testes foi igual para todos os sujeitos, tendo estes
realizado primeiro o o Auditory Verbal Learning Test (AVLT), Trail Making Test (Parte A e
B), seguindo-se o Teste Stroop de Cores e Palavras, o Montreal Cognitive Assessment
(MoCA) e o Inventário de Depressão de Beck (BDI).
Cada participante do grupo experimental realizou duas sessões por semana durante
dois meses. Assim, no final da intervenção, cada adulto completou um plano de 12 sessões
(Anexo V), cuja descrição das atividades se encontra no Anexo VI. Cada sessão teve a
duração aproximada de 30 minutos. Estas sessões foram realizadas na sala polivalente do
Hospital de Dia Psiquiátrico que dispõe de quatro computadores e, nesse sentido, os pacientes
foram divididos em dois grupos para que fosse possível a sua realização de modo otimizado.
Todas as sessões foram dinamizadas pela investigadora responsável (estagiária de Psicologia).
Após os dois meses, os participantes de ambos os grupos foram submetidos a uma
reavaliação (pós-teste), onde se aplicaram os mesmos instrumentos do pré-teste.
2.4. Instrumentos
Sintomatologia depressiva
► Inventário de Depressão de Beck (BDI, Beck Depression Inventory; (Beck, Ward,
Mendelsohn, Mock, & Erbaugh, 1961), versão portuguesa aferida por Vaz Serra e Pio Abreu
(1973a,b). É um inventário de autorresposta que tem como objetivo a avaliação da severidade
sintomatológica depressiva (Beck et al., 1961). É constituído por 21 itens com quatro, cinco
ou seis afirmações que se referem à sintomatologia depressiva nos aspetos afetivos,
motivacionais, cognitivos e fisiológicos (Vaz-Serra, 1994). Os itens estão divididos em duas
subescalas: Subescala Afetiva e Subescala Somática. A Subescala Afetiva refere-se a: estado
de humor, pessimismo, sentimento de fracasso, sentimento de insatisfação, sentimentos de
culpabilidade, sentimentos de autopunição, ódio a si mesmo, autoacusações, desejos suicidas,
crises de choro, irritabilidade, afastamento social, incapacidade de decisão, distorção da
imagem corporal. A Subescala Somática refere-se a: incapacidade de trabalhar, perturbação
de sono, fadiga, perda de apetite, perda de peso, hipocondria e diminuição da líbido (Beck et
al., 1961; Vaz Serra e Pio Abreu, 1973a). Para cada item, o examinado deverá escolher a
afirmação (apenas uma) que melhor descreve o seu estado atual. A cada afirmação
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corresponde um valor (0, 1, 2 ou 3). A pontuação total varia entre 0 e 63, permitindo
diferenciar os níveis de depressão, desde “ausente” a “grave”. Assim, a cotação do
instrumento permite que a intensidade da sintomatologia depressiva seja categorizada da
seguinte forma: 1) não deprimido: 0-9; 2) estados depressivos leves: 10-20; 3) depressão
moderada: 21-30; e 4) depressão grave: pontuação global superior a 30 (Vaz Serra & Pio
Abreu, 1973a, 1973b).
A escolha deste instrumento e desta versão deveu-se ao facto de ser o utlizado pelos
profissionais do Hospital de Dia Psiquiátrico onde decorreu o estudo.
Cognição
►Montreal Cognitive Assessment (MoCA). Desenvolvido por Nasreddine e colegas
(2005) traduzido, adaptado e validado para Portugal por Freitas, Simões, Martins, Vilar e
Santana (2010). É um instrumento breve de rastreio cognitivo, sensível aos estados iniciais de
défice cognitivo e eficaz para distinguir entre desempenhos de adultos com envelhecimento
cognitivo normal e adultos com défice cognitivo (Freitas et al., 2010). A pontuação máxima é
de 30 pontos, sendo que as pontuações mais elevadas indicam melhores desempenhos. Avalia
oito domínios cognitivos que incluem as funções executivas, as capacidades visuoespaciais, a
memória, a atenção, a concentração e a memória de trabalho, a linguagem e a orientação
(Nasreddine et al., 2005). Os pontos de corte para a população portuguesa para o défice
cognitivo ligeiro são entre 21 e 17 e entre 16 e 14 para demência moderada (Freitas et al.,
2010). O sistema de cotação usado neste estudo teve por base a comparação com o
desempenho esperado para a população com a idade e escolaridade do participante.
►Trail Making Test (Parte A e B). Validado para a população portuguesa por Cavaco
e colegas (2013), o teste divide-se em duas partes: a Parte A avalia a atenção e a velocidade
de processamento e a Parte B que, além destas, avalia a memória de trabalho e as funções
executivas (Cavaco et al., 2013; Mcintyre et al., 2018; Sánchez-Cubillo et al., 2009). Em
ambas as partes o examinando deve desenhar um trajeto no menor tempo possível, sendo que
na parte A, deve desenhar o trajeto, por ordem crescente, do número 1 ao 25 e na parte B deve
unir números e letras, de forma alternada, respeitando a ordem dos números e do alfabeto,
entre os números 1 e 13 e entre as letras A até ao L, ou seja, 1-A, 2-B, 3-C e assim
sucessivamente (Cavaco et al., 2008). A cotação destas provas foi realizada num programa
disponível online (http://neuropsi.up.pt/), em que apenas é necessário introduzir o sexo, idade,
escolaridade e o tempo (em segundos) do sujeito de forma a obter as pontuações escalares do
mesmo.
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et al., 2015). A cotação destas provas foi realizada num programa disponível online
(http://neuropsi.up.pt/), em que é necessário introduzir o sexo, idade, escolaridade e a
pontuação bruta obtida em cada um dos cinco ensaios e no diferido (após 30 minutos), de
forma a obter as pontuações escalares do participante: Aprendizagem Total (TL),
Aprendizagem ao longo os ensaios (LOT), Evocação Diferida, Reconhecimento e
Percentagem de retenção (LTPR) (Cavaco et al., 2015).
3. Resultados
3.1. Características dos Participantes
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défice cognitivo moderado (45%) de acordo com os resultados obtidos no BDI e no MoCA,
respetivamente, no pré-teste.
A Tabela 1 apresenta as principais características da amostra. Foram encontradas
diferenças significativas entre as características do grupo experimental e do grupo de controlo
apenas no AVLT: Aprendizagem (Z=2.244; p<0.05) e Evocação diferida (Z=2.075; p>005).
Tabela 1
Características dos participantes e diferença entre os grupos no início do estudo (pré-teste).
Média de anos de
Escolaridade 9.10±3.635 8.50±3.240 -0.429 0.684
(anos, ±desvio padrão)
BDI 36.90±5.021 35.00±7.409 -1.114 0.912
MoCA 19.90±3.247 20.00±3.801 -1.190 0.853
TMT-A 66.70±16.097 67.80±18.287 -0.378 0.739
TMT-B 132.75±38.714 134.67±44.800 -0.096 0.963
Racio B-A 67.00±28.076 67.78±31.156 -0.289 0.815
AVLT: Total 39.20±9.931 35.90±10.418 -0.795 0.436
AVLT: Aprendizagem 11.20±3.795 15.40±4.195 -2.244 0.023*
AVLT: Evocação 8.00±3.300 5.40±3.307 -2.075 0.043*
Diferida
AVLT: Ensaio 1 5.60±2.119 4.10±1.729 -1.723 0.105
AVLT: Ensaio 5 9.90±2.644 9.10±2.558 -0.843 0.436
Teste do Relógio 13.30±4.968 14.50±3.504 -0.383 0.739
Teste de Stroop: 62.10±16.993 61.50±19.127 -0.076 0.971
Palavras
Teste de Stroop: Cores 47.40±10.102 47.20±12.848 -0.189 0.853
Teste de Stroop: Cor- 24.90±8.950 26.70±8.920 -0.304 0.796
Palavra
Fluência Verbal: “P” 10.90±4.404 8.90±3.929 -1.293 0.218
Fluência Verbal: 13.60±4.088 13.90±4.630 -0.114 0.912
“Animais”
Legenda: (Z) Valor do teste não paramétrico de Mann-Whitney; (p): nível de significância; (*) p<0.05.
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Tabela 2
Diferenças entre grupos após o Programa de Treino Cognitivo (pós-teste).
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Tabela 3
Diferenças no grupo experimental após o Programa de Treino Cognitivo.
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Tabela 4
Diferenças no grupo de controlo no Pós-teste.
4. Discussão
O objetivo do presente estudo foi avaliar o impacto do TCC em pacientes com depressão
moderada a grave no humor (severidade de sintomatologia depressiva) e num conjunto de
funções cognitivas. As principais áreas de intervenção foram a atenção, a memória e o
funcionamento executivo. Para tal, realizou-se um pré-teste para avaliar as funções cognitivas
em questão e a severidade da sintomatologia depressiva. Após dois meses, fez-se um pós-teste
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e todas as áreas foram novamente avaliadas através dos mesmos instrumentos do pré-teste.
Apenas um grupo de participantes (grupo experimental) foi submetido ao plano de TCC com
recurso ao COGWEB® ao longo dos dois meses, o que permitiu comparar as diferenças com o
grupo de controlo (sem o treino cognitivo).
Os principais resultados evidenciam que não foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas no desempenho cognitivo na maioria dos testes aplicados no
grupo experimental, comparativamente ao grupo de controlo; porém os adultos do grupo
submetido às sessões de treino cognitivo apresentaram melhorias, embora algumas não
tenham sido significativas, em todos os domínios cognitivos avaliados (atenção, memória e
funções executivas) após o programa de treino cognitivo. Por sua vez, o grupo sem
intervenção cognitiva, piorou o seu desempenho em grande parte dos testes aplicados no pós-
teste, em relação aos resultados obtidos no primeiro momento de avaliação. Deste modo, os
resultados do grupo experimental corroboram os resultados obtidos em vários estudos
anteriores que sugerem que as intervenções baseadas no TCC parecem ter um impacto
positivo na estimulação das funções cognitivas (Faucounau et al., 2010; Ge et al., 2018) e que
podem ser, por isso, um complemento de tratamento eficaz para adultos com sintomas
depressivos (Alvarez et al., 2008; Ge et al., 2018; Motter et al., 2016). Com efeito, os
resultados do grupo de controlo evidenciam, tal como em estudos anteriores, que o tratamento
conjunto da psicoterapia e a abordagem farmacológica é eficaz na melhoria do humor, mas
que os défices cognitivos tendem a persistir (Baune et al., 2010; Paelecke-Habermann et al.,
2005).
Após as sessões de treino cognitivo, não se registaram diferenças estatisticamente
significativas entre o grupo experimental e o grupo de controlo nos sintomas depressivos
avaliados pelo BDI; o grupo experimental apresentou uma melhoria significativa na
sintomatologia depressiva (27.40±13.418), mas a melhoria no grupo de controlo foi ainda
mais significativa (22.10±14.888). Relativamente ao MoCA, o grupo experimental apresentou
um desempenho significativamente melhor após as sessões de treino cognitivo (22.40±2.914)
e o grupo de controlo obteve uma pontuação pior em relação ao primeiro momento de
avaliação (19.70±4.029). Tais resultados podem justificar-se pelo facto dos pacientes do
grupo experimental terem conhecimento do objetivo da investigação/intervenção e, por isso,
no segundo momento de avaliação, a perceção de que iriam ser avaliados em componentes
que foram treinados ao longo das sessões poderá ter contribuído para um maior empenho e o
melhor desempenho cognitivo verificado no pós-teste, mas ter igualmente espoletado
sintomas de ansiedade que se repercutiram possivelmente na sintomatologia depressiva e/ou
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5. Implicações do estudo
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das funções cognitivas poderá ser o uso de um plano de TCC, tal como no presente estudo.
No entanto, é necessário que o técnico tenha em consideração o impacto que a intervenção
cognitiva poderá ter no humor dos pacientes, uma vez que esta pode induzir sentimentos de
frustração face à realização de tarefas, podendo suscitar inclusive sintomas de ansiedade com
relevância clínica e exacerbar alguns sintomas depressivos, tais como baixa autoestima.
Apesar de grande parte dos estudos se focarem na sintomatologia depressiva, as
abordagens mais recentes têm-se vindo a centrar nos défices cognitivos como o resultado da
eficácia clínica (Knight & Baune, 2018; McIntyre & Lee, 2015). Embora ainda seja uma
intervenção limitada em termos de estudos que comprovem a sua eficácia, a meta análise de
Motter et al. (2016) revelou melhorias nos domínios da atenção e memória de trabalho com
melhorias transferíveis para o funcionamento global diário em pacientes com perturbações
depressivas. É importante, pois, intervir nos domínios cognitivos, uma vez que o
comprometimento cognitivo parece ter impacto na vulnerabilidade emocional e social, que
resultará num maior risco de episódios depressivos recorrentes (Knight & Baune, 2018).
Referências
Ahern, E., & Semkovska, M. (2017). Cognitive functioning in the first-episode of major
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Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave
32
Impacto do Treino Cognitivo Computadorizado em Adultos com Depressão Moderada a Grave
ANEXOS
33
ANEXO I
Consentimento Informado
Objetivo da Investigação: Avaliar se o treino cognitivo computadorizado através dos exercícios propostos
pelo COGWEB® poderá ser uma opção eficaz de tratamento.
Procedimento e duração: A investigação decorrerá durante 2 meses. Haverá 2 momentos de avaliação: pré e
pós teste (após 2 meses do pós-teste), em que será aplicada uma bateria de testes neurocognitivos. Além
disso, os participantes serão submetidos a 2 sessões por semana de treino cognitivo computadorizado com a
duração de aproximadamente, 30 min, durante 3 meses.
Confidencialidade: A informação fornecida ou quaisquer dados recolhidos ao longo desta investigação serão
exclusivamente usados para fins de investigação, estando salvaguardada a confidencialidade das informações
recolhidas.
Natureza voluntária da sua participação: A natureza da sua participação nesta investigação é voluntária.
Se concordar em participar poderá desistir a qualquer momento da investigação, devendo para esse efeito
comunicá-lo à investigadora.
Contacto: Se tiver alguma questão relacionada com esta investigação poderá contactar a investigadora
responsável (anafilipamalta@ua.pt).
Eu, ________________________________, autorizo a utilização dos resultados obtidos pela minha participação na investigação.
Confirmo, ainda, que a minha participação foi voluntária, tendo sido informado(a) do procedimento e do direito a desistir a qualquer
momento.
Trilhas B (minutos)
Nº de erros: ____
Ratio B-A
AVLT- Aprendizagem
AVLT – Evocação Diferida
AVLT – Reconhecimento
AVLT- % de retenção
Teste do Relógio (MoCA)
Funções Executivas
Abstração (MoCA)
Iniciativa Verbal (MoCA)
Stroop – Palavras
Stroop – Cor
Stroop – Cor e Palavra
Stroop – Interferência
Praxias
Nomeação (MoCA)
Linguagem
Cálculo (MoCA)
BDI: _____
1. AVLT – Auditory Verbal Learning Test
Ler a lista de palavras 5x. O doente evoca todas as palavras em cada ensaio, quer já as tenha dito ou não anteriormente.
E1 E2 E3 E4 E5 DIFERIDO
Reconhecimento
LIVRO
CABEÇA TERRA
FLOR
ESPELHO PÃO
COMBOIO
COMBOIO FLOR
SAPATO CARTA SAPATO
ÁGUA JANELA AUTOMÓVEL
ESCALA PIANO
MESA
MONTANHA CAVALO
IGREJA
DEDO ÁGUA
RÁDIO
LENÇO UNHA
BOLA
BOLA SENHOR
DEDO NÚVEM RÁDIO
CARTA SINAL MESA
TERRA TOTAL
Totais parciais
2. Teste das Trilhas A
Fazer o exemplo. Não fazer o teste se > 2 erros. Assinalar erros cortando a linha e corrigindo, sem parar o cronómetro. Parar
após 3 minutos ou 4 erros.
3. Teste das Trilhas B
Fazer o exemplo. Não fazer o teste se > 2 erros. Assinalar erros cortando a linha e corrigindo, sem parar o cronómetro. Parar
após 6 minutos ou 4 erros.
4. STROOP – Teste de Cores e Palavras
45 segundos para cada tarefa. Anotar nº total de respostas corretas.
P PALAVRA
C COR
CP COR-PALAVRA
Fim
Início
Leia a série de letras (1 letra/segundo). O sujeito deve bater com a mão cada vez que for dita a letra A. Não se atribuem pon tos se > 2 erros.
Fluência verbal: Dizer o maior número possível de palavras que comecem pela letra “P” (1 minuto). Palavras
ABSTRACÇÃO
Semelhança p.ex. entre banana e laranja = fruta comboio - bicicleta relógio - régua
Examinador: ______________________________
Versão Portuguesa: M.R. Simões, S. Freitas, I. Santana, H. Firmino, C. Martins, Z. Nasreddine & M. Vilar
2008 – Serviço de Avaliação Psicológica, FPCE-UC & HUC
ID: ____ Momento de Avaliação: _____________________ Data: ________________
Neste questionário existem 21 grupos de afirmações. Em relação a cada grupo, leia cuidadosamente
todas as afirmações antes de fazer a sua escolha. A seguir selecione a afirmação (x) que melhor descreve a forma
como se sente neste momento.
FIM
ANEXO V
PLANO DE EXERCÍCIOS COGWEB® POR SESSÃO
Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial
Função
Semana 1
Função
Mente lógica 1 10’
executiva
Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial
Função
Semana 2
Contrário 1 10’
executiva
Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial
Cores que passam Atenção 2 10’
Sessão 5
Função
Semana 3
Função
Casa em chamas 1 10’
executiva
Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial
Função
Semana 4
Função
Combine a cor 1 10’
executiva
Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial
Função
Semana 5
Função
Sequências 3 10’
executiva
Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial
Função
Semana 6
Função
Sinais 3 10’
executiva
Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial
Função
Semana 7
Função
Encontre a distância 3 10’
executiva
Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial
Função
Semana 8
Contrário 4 10’
executiva
Função
Números ou letras 4 10’
executiva
Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial
Função
Casa em chamas 4 10’
executiva
Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial
Função
Semana 10
Função
No fundo do mar 5 10’
executiva
Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial
Função
Semana 11
Sinais 5 10’
executiva
Função
Sequências 5 10’
executiva
Função Nível
Nome exercício Tempo
cognitiva inicial
Sessão 23
Função
Contrário 4 10’
executiva
ANEXO VI
SESSÕES DE TREINO COGNITIVO
Sessão 1
Este exercício visa a memorização de palavras num curto período, sendo constituído por
duas tarefas. Na primeira tarefa, o doente deve memorizar uma lista de palavras e na
segunda são apresentadas várias palavras, em que o doente deve identificar as que
faziam parte da lista que memorizou.
Este exercício estimula os mecanismos de controlo inibitório. No ecrã aparece uma gaiola
e um pássaro, e as palavras “DENTRO” e “FORA”. Desta forma, o doente deve concentrar-
se na posição do pássaro e carregar na palavra que indica a posição contrária do mesmo.
A dificuldade desta tarefa vai aumentando com a introdução das palavras “CIMA” e
“BAIXO” e com a mudança de cor do pássaro.
Sessão 2
Este exercício tem como objetivo estimular o raciocínio lógico recorrendo ao pensamento
abstrato. Na parte superior do ecrã, surge um conjunto de figuras organizadas numa
sequência lógica, que se encontra incompleta. Em baixo, estão dispostas diferentes figuras
que poderão completar a sequência. Depois de perceber qual a lógica subjacente à
disposição das figuras superiores, o doente deve assinalar a alternativa que melhor a
completa.
Sessão 3
Memória – “Supermercado”
Através deste exercício recorre-se a uma tarefa frequente do dia a dia para estimular a
capacidade de manipular a informação retida temporariamente. Na primeira parte da
tarefa, é apresentada uma lista de compras para memorizar. De seguida, surge um
conjunto de imagens com objetos de supermercado, requerendo a identificação dos
produtos que constavam a lista de compras memorizada. Nos níveis mais avançados, cada
produto tem associada uma determinada quantidade.
Este exercício tem como objetivo os mecanismos de controlo inibitório. Numa posição
central do ecrã surge uma seta que indica uma determinada direção. O doente deve
carregar na seta que indica o sentido contrário ao apresentado pela seta no ecrã. Nos
níveis mais avançados, deve ajustar a sua resposta de acordo com a cor do semáforo, ou
seja, se a cor do semáforo for verde deve carregar na seta com o mesmo sentido; se for
vermelha, deve carregar na seta que aponta no sentido contrário do que vê no ecrã.
Sessão 4
Este exercício objetiva estimular a memória de curto prazo através de elementos visuais.
No ecrã surge um conjunto de figuras quadradas de várias cores. Desse conjunto, uma ou
mais figuras mudam de posição e de modo aleatório. Pretende-se, assim, que o doente
identifique os elementos que alteram a sua posição.
Com este exercício objetiva-se estimular a capacidade de atenção, através de uma tarefa
de comparação de elementos visuais. No ecrã encontram-se dois conjuntos de símbolos, o
objetivo da tarefa é que o doente compare os dois conjuntos e assinale, no conjunto da
direita, os símbolos que são diferentes em relação ao conjunto da esquerda.
Memória – “Janelas”
Este exercício tem como objetivo a estimulação da memória visual imediata. É constituído
por duas partes, onde na primeira surge no ecrã uma ou mais imagens de janelas com
vasos que o doente terá de memorizar e, na fase seguinte, terá de observar um conjunto
de janelas e assinalar a(s) imagem(s) que memorizou anteriormente.
Com este exercício pretende-se treinar a capacidade mnésica. Na primeira parte, são
apresentadas uma ou mais moradas para memorizar, que correspondem a locais onde
devem ser entregues as encomendas. De seguida, surge um mapa e é pedido ao doente,
de forma sequencial, que identifique o local onde deve ser entregue cada encomenda.
Este exercício pretende treinar a inibição de automatismos. No ecrã surge uma moldura e
o nome de uma cor, cada um com a sua cor, e ainda dois botões de resposta – “SIM” e
“NÃO”. Nos níveis 1, 2, 4, 5, 7 e 8 o doente deve carregar no botão “SIM” sempre que a
palavra escrita e a cor da moldura coincidirem. Nos níveis 3, 6 e 9 o botão “SIM” é para
quando a cor da moldura corresponder à cor das letras da palavra escrita.
Sessão 9
Este exercício visa treinar a capacidade de selecionar estímulos alvo na presença de outros
elementos. No ecrã encontra-se uma grelha de vários elementos (números ou letras) e há
um deles que é diferente dos restantes. O doente deve assinalar o elemento intruso.
Com este exercício visa-se treinar a flexibilidade cognitiva, usando como tarefa a
alternância entre elementos de uma ou mais categorias. No lado esquerdo do ecrã surge
um post-it com uma sequência que o doente terá de executar assinalando os respetivos
elementos dispersos no ecrã. O número de elementos e categorias e a complexidade da
sequência aumentam progressivamente.
Sessão 11