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Lista 2 - Teoria dos Números

Matheus Ferreira de Jesus

Exercı́cio 4
Seja n ∈ N dado. Mostre que um, e apenas um, dos três
primeiros números a seguir é divisı́vel por 3: n, n + 1, 2n + 1.
Para provar o enunciado, tendo em mente que um número n apenas pode ser
escrito de três formas: 3q, 3q + 1 ou 3q + 2, analisaremos cada caso:
Supondo primeiramente que 3|n, pode-se escrever n da seguinte forma:

n = 3q

Somando 1 à equação:
n + 1 = 3q + 1
Desta forma, como a representação de um número na forma euclidiana é única,
pode-se afirmar que a divisão de n + 1 por 3 resulta em resto 1.
Analisando agora o número de forma 2n + 1:

n = 3q

Multiplicando a equação por 2:

2n = 6q = 3(2q)

Adicionando 1 à equação:

2n + 1 = 3(2q) + 1

Assim, a divisão do número 2n + 1 por 3 também resulta em resto 1. Portanto,


caso o n seja divisı́vel por 3, n + 1 e 2n + 1 não podem ser diviseis por 3.
Agora, considerando que n não seja divisı́vel por 3, e tenha resto 1:

n = 3q ′ + 1
Somando 1 à equação novamente:

n + 1 = 3q ′ + 2

Assim, n + 1 ainda não será divisı́vel por 3.


Analisando 2n + 1:
2n + 1 = 6q ′ + 3

1
Colocando 3 em evidência:
2n + 1 = 3(2q ′ + 1)
Logo, se n não for divisı́vel por 3, e apresentar resto 1, 3|2n + 1.
Como último caso, consideramos que:
n = 3q ′′ + 2

De forma análoga:
n + 1 = 3q ′′ + 3
n + 1 = 3(q ′′ + 1)
Para 2n + 1:
2n + 1 = 6q ′′ + 5 = 6q ′′ + 3 + 2
Colocando 3 em evidência:
2n + 1 = 3(2q ′′ + 1) + 2
Portanto, mesmo para o caso de n ter resto 2 em sua divisão por 3, 2n + 1 ainda
será divisı́vel por 3. Prova-se, assim, que para todos os casos possı́veis, apenas
um dos números pode ser divisı́vel por 3.

1 Exercı́cio 6
Mostre que:
A soma de quatro inteiros consecutivos nunca é um quadrado.

Inicialmente, vamos supor que existe uma soma soma de quatro inteiros con-
secutivos que resulta em um quadrado, e assim, provaremos o enunciado por
contradição:
A soma de quatro inteiros consecutivos pode ser escrita de forma:
n + (n + 1) + (n + 2) + (n + 3) = 4n + 6
Caso a soma resulte em um quadrado:
4n + 6 = p2
Colocando 2 em evidência:
2(2n + 3) = p2
Para a hipótese ser verdadeira, é necessário que na fatoração do termo 2n + 3
esteja contido o número 2, ou seja, 2n + 3 têm que ser divisı́vel por 2. Assim,
pelo algoritmo da divisão:
2n + 3 = 2q
Como 2n + 3 também pode ser escrito como 2(n + 1) + 1:
2(n + 1) + 1 = 2q
O que resulta em uma contradição, não é possı́vel que um mesmo número possa
ser escrito de duas formas diferentes na representação euclidiana. Desta forma,
pode-se afirmar que a hipótese é falta, e que a soma de quatro inteiros consecu-
tivos nunca é um quadrado.

2
A soma dos quadrados de quatro inteiros consecutivos nunca é um
quadrado. Mostre o mesmo para a soma dos quadrados de três intei-
ros consecutivos.

De forma análoga ao exercı́cio anterior, suponhamos que existe uma soma dos
quadrados de três inteiros inteiros que resulte em um quadrado:

n2 + (n + 1)2 + (n + 2)2 = p2

Aplicando a distributividade:

n2 + n2 + 2n + 1 + n2 + 4n + 4 = p2

3n2 + 6n + 5 = p2
Colocando 3 em evidência:

3(n2 + 2n + 1) + 2 = p2

Contudo, não existe um quadrado de um inteiro que seja da forma 3k +2. Pode-
se perceber tal fato analisando as três possibilidades de escrita de um número
quando dividido por 3:
Se m = 3q:
m2 = 9q 2 = 3(3q 2 )
Se m = 3q + 1:
m2 = 9q 2 + 6q + 1 = 3(3q 2 + 3q) + 1
Se m = 3q + 2:

m2 = 9q 2 + 12q + 4 = 3(3q 2 + 4q + 1) + 1

Assim, qualquer quadrado de um número inteiro é de forma 3k ou 3k + 1,


tornando assim o resultado obtido para p2 um absurdo. Desta forma, prova-se
que a soma dos quadrados de três numeros inteiros consecutivos nunca é um
quadrado.

Exercı́cio 10
Mostre que nenhum número da forma 11, 111, 1111, · · ·,
ou 44, 444, 4444, · · · ou 55, 555, 5555, · · · é a soma de dois
quadrados perfeitos.
Primeiramente, provaremos que não existe nenhum quadrado ou soma de dois
quadrados da forma 4n + 3. Como um número só pode ser escrito das formas:
4n, 4n + 1, 4n + 2 ou 4n + 3, analisaremos todas as situações:
Para 4n:
(4n)2 = 16n2

Para 4n + 1:

(4n + 1)2 = 16n2 + 8n + 1 = 4(4n2 + 2n) + 1

3
Para 4n + 2:

(4n + 2)2 = 16n2 + 16n + 4 = 4(4n2 + 4n + 1)

Para 4n + 3:

(4n + 3)2 = 16n2 + 24n + 9 = 4(4n2 + 6 + 2) + 1

Desta forma, um quadrado só pode ser expresso de forma 4n ou 4n + 1. Assim,


a soma de dois quadrados pode ser de forma 4n, 4n + 1 ou 4n + 2.
Números de forma 11, 111, 1111, ···, podem ser escritos de forma 12−1, 112−1,
1112 − 1, · · ·.
Como 12, 112, 1112, · · ·, podem ser escritos como uma soma, onde r =
{0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}:

12 + r1 102 + r2 103 + · · · + rn 10n

Como as potências de 10 a partir de 102 são divisı́veis por 4, e 12 pode ser


escrito como 4(3), então todos os números de forma 12, 112, 1112, · · ·, são da
forma 4n. Assim, 12 − 1, 112 − 1, 1112 − 1, · · ·, são de forma 4n + 3. Contudo,
não é possı́vel que números de forma 4n + 3 sejam expressos como uma soma
de dois quadrados.
Sabendo disso, números de forma 55, 555, 5555, · · ·, têm justificativa análoga.
Pois podem ser escritos como 5(11), 5(111), 5(1111), · · ·, o que resulta em:

5(4n + 3) = 4(5n) + 15 = 4(5n + 3) + 3

Logo, números de forma 55, 555, 5555, ···, também são expressos da forma 4n+3,
os tornando impossı́veis de serem descritos como somas de dois quadrados

Exercı́cio 15
Exiba um número natural que ao ser dividido por 14, deixa
resto 13, ao ser dividido por 9, deixa resto 8 e ao ser dividido
por 7, deixa resto 6.
Pelo enunciado, o número n pode ser escrito das três seguintes formas, com a1 ,
a2 , a3 ∈ Z, a1 , a2 , a3 ≥ 0:

n = 14a1 + 13 (i)
n = 9a2 + 8 (ii)
n = 7a3 + 6 (iii)

Igualando (i) à (ii)


14a1 + 13 = 9a2 + 8
14a1 + 5 = 9a2

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Fazendo o mesmo com (i) e (iii)

7a3 + 6 = 14a1 + 13

7a3 = 14a1 + 7
a3 = 2a1 + 1
Desta forma, percebemos que para qualquer valor natural de a1 , a3 também
será natural. Logo, caso encontrarmos um número a1 , que satisfaça a igualdade
14a1 + 5 = 9a2 , será possı́vel determinar um dos números que satisfazem o
enunciado.
Como 9a2 = 14a1 + 5, é possı́vel dizer que:

9|14a1 + 5

Assim, podemos reescrever:

9|9a1 + 5a1 + 5 = 9|9a1 + 5(a1 + 1)

Para que a sentença seja verdadeira:

9|(5a1 + 1)

Logo, o menor número possı́vel que verifique a senteça é a1 = 8. Se a1 = 8:

n = 14(8) + 13 = 125

Verificando para (ii):


125 = 9a2 + 8
a2 = 13

Para (iii):
125 = 7a3 + 6
a3 = 17

Portanto, um dos números possı́veis é 125.

Exercı́cio 20
Sabendo que os números p, p + 10 e p + 14 são primos, en-
contre p. Dica: Encontre os restos das divisões por 3.
Como definição dos números primos, sabe-se que: Um número natural maior
que 1 é primo se e somente se o número é divisı́vel apenas por 1 e por si próprio.
Desta forma, como análise primária, analisaremos a paridade do número p:
Se p é par, então p + 10 e p + 14 também são pares. Contudo, isso significaria
que ambos os três números são divisı́veis por 2, o que não pode ser verdade,
dado que os números são primos. Logo, p é impar.

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Além disso, um número só pode ser escrito de três diferentes formas: 3n, 3n + 1,
3n + 2. Assim, analisaremos os três casos possı́veis:
Se p = 3n:
p = 3n
p + 10 = 3n + 10 = 3(n + 3) + 1
p + 14 = 3n + 14 = 3(n + 4) + 2

Se p = 3n + 1:
p = 3n + 1
p + 10 = 3n + 11 = 3(n + 3) + 2
p + 14 = 3n + 15 = 3(n + 5)

Se p = 3n + 2
p = 3n + 2
p + 10 = 3n + 12 = 3(n + 4)
p + 14 = 3n + 14 = 3(n + 4) + 2

Percebe-se, que no caso p = 3n + 1, p + 14 será múltiplo de 3, e no caso


p = 3n + 2, p + 10 será múltiplo de 3. Contudo, pela definição de números
primos, um número k primo só pode ser múltiplo de um número diferente de 1,
caso ele seja o próprio número. Se p + 10 ou p + 14 forem iguais a 3:

p + 10 = 3

p = −7
Contudo, p é um natural maior que 1, logo p não pode ser da forma 3n + 1 ou
3n + 2. Como só existem três possibilidades, p é da forma 3n. E pelo mesmo
motivo anterior, se p é múltiplo de 3, então:

p=3

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