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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA Ú NICA DA

COMARCA DE FORTALEZA - CE
RÉ U PRESO
PROCESSO CRIME Nº XXXXXXXXXXXXXXXX
CRISTIANO JOÃ O RODRIGUES, brasileiro, solteiro, pescador, residente e domiciliado na Rua
XXXX, vem, “mui” respeitosamente perante V. Exa., através de sua signatá ria “in fine”
assinada, com supedâ neo no art. 310, do Có digo de Processo Penal, e demais normas
aplicá veis à espécie, requerer LIBERDADE PROVISÓ RIA, pelas razõ es de fato e de direito a
seguir expostas:
BREVE RELATO DOS FATOS
Na data de 21 (vinte e um) de dezembro de 2005, no período da manhã , os Policiais
Militares que se encontravam de plantã o foram acionados pelo COPOM para verificar dois
indivíduos que transitavam nas proximidades da Danceteria XXX, estando estes com
produtos supostamente oriundos da prá tica de crime, sendo este realizado na madrugada
do mesmo dia, na residência de XXXX, situada na Rua XXXX, na Cidade de Navegantes/SC.
Posteriormente, ao se dirigirem ao local indicado, o Requerente e seu companheiro
caminhavam na altura da Rua XXXX, carregando os objetos descritos no auto de prisã o em
flagrante em fls. 11.
Que ao avistarem a viatura policial, tentaram fugir, vindo o acusado XXXX a ser detido e
logo em seguida o Requerente.
Assim, foram encaminhados à Delegacia de Polícia de Navegantes/SC, onde a vítima
identificou os objetos furtados.
DA CONDUTA DO ACUSADO
Cumpre ressaltar Exa., antes de qualquer coisa, e acima de tudo, que o Acusado XXXXX é
pessoa íntegra, de bons antecedentes e que jamais respondeu a qualquer processo crime.
Cabe também salientar MM. Juiz, que o Acusado jamais teve participaçã o em qualquer tipo
de delito, visto que é PRIMÁ RIO, conforme consta nos autos; possui BONS ANTECEDENTES,
sendo que sempre foi pessoa honesta e voltada para o trabalho; também possui PROFISSÃ O
DEFINIDA, (Pescador), sendo que trabalhava na Empresa Pioneira na Cidade de
Fortaleza/CE; possui RESIDÊ NCIA FIXA, qual seja, Rua XXXX, na Cidade de Fortaleza/CE;
nã o havendo assim, motivos para a manutençã o da Prisã o em Flagrante, porquanto o
Acusado possui os requisitos legais para responder o processo em liberdade.
Assim, o Autor possui ocupaçã o lícita e preenche os requisitos do pará grafo ú nico do art.
310 do Có digo de Processo Penal.
Destarte Exa., com a devida venia, nã o se apresenta como medida justa o encarceramento
de pessoa cuja conduta sempre pautou na honestidade e no trabalho.
DO DIREITO
Cumpre ressaltar mais uma vez que, nã o existe vedaçã o legal para que nã o seja concedida a
LIBERDADE PROVISÓ RIA, vez que o Acusado preenche os requisitos elencados no
pará grafo ú nico, do art. 310 do Có digo de Processo Penal, que assim determina:
“Art. 310. (...)
Se o juiz verificar, pelo auto de prisã o em flagrante, que o agente praticou o fato nas
condiçõ es constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Có digo Penal, poderá , fundamentadamente, conceder ao acusado
liberdade provisó ria, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob
pena de revogaçã o.
Os Tribunais têm firmado posiçã o favorá vel ao ora pleiteado, senã o vejamos:
“173834 – LIBERADE PROVISÓRIA – FURTO QUALIFICADO – ACUSADO PRIMÁRIO COM BONS ANTECEDENTES –
Inexistência de qualquer dos requisitos motivadores da prisão preventiva. Concessão. Possibilidade. É possível a
concessão da liberdade provisória ao acusado por furto qualificado, primário com bons antecedentes quando não
for preenchido nenhum dos requisitos dispostos no art. 312 do CPP, sendo insuficientes para manutenção do
encarceramento os indícios ou provas da existência do crime e de sua autoria.” (TACRIMSP – HC XXXXX/8 – 5ª C. –
Rel. Juiz Luís Ganzerla – DOESP 08.01.2001) JCPP. 312
“001620 – HABEAS CORPUS – FURTO QUALIFICADO – PRISÃO EM FLAGRANTE – PEDIDO DE LIBERDADE
PROVISÓRIA MEDIANTE O PAGAMENTO DE FIANÇA – POSSIBILIDADE – ORDEM CONCEDIDA – 1 – A prisão do
paciente não se enquadra em nenhuma das hipóteses elencadas no art. 323 do CPP, bem como não registra
antecedentes criminais, razão por que é de se conceder a liberdade provisória mediante pagamento de fiança. 2 –
O Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de que, “uma vez satisfeitos os pressupostos legais, a
prestação de fiança é direito do réu e não faculdade do juiz.” (TJAC – HC XXXXX-3 – (2.383) – C. Crim. – Rel. Des.
Feliciano Vasconcelos – J. 21.02.203) JCPP. 323
"80071785 – HABEAS CORPUS – CRIME DE FURTO QUALIFICADO – DESNECESSIDADE DA MANUTENÇÃO DA
MEDIDA RESTRITIVA DE DIREITO FACE A PRIMARIEDADE E RESIDÊNCIA FIXA – NÃO CONHECIMENTO – MERA
REITERAÇÃO – Negativa de autoria: Impossibilidade de apreciação. Desclassificação delitiva: Impossibilidade de
apreciação Nulidade processual por defesas conflitantes: Inocorrência. Excesso de prazo na formação da culpa:
Inocorrência. Liberdade provisória mediante fiança – Possibilidade – Fixação pelo juiz em valor exacerbado ante as
condições econômicas do paciente – Ordem concedida apenas para reduzir o quantum. Verificando-se que a
ordem de hábeas corpus é mera reiteração da impetração anteriormente já apreciada e denegada, não merece,
destarte, ser conhecido o pedido consubstanciado na peça exordial referente a negativa de autoria, ausência de
justificativa para decretação de prisão preventiva, desnecessidade da manutenção da medida restritiva de direito
face a primariedade, bons antecedentes e residência fixa. A participação ou não do ora paciente na prática da
infração penal que lhe foi imputada na peça exordial, tal verificação importaria “rogata vênia”, em análise de
prova, que é verdade em sede de hábeas corpus, salvo em condições excepcionais. A desclassificação postulada
pelo ora paciente não é juridicamente admissível através do remédio jurídico aforado, conforme cediço na
doutrina e orientação jurisprudencial já pacificada. Quanto à nulidade processual, face à configuração de defesas
conflitantes, não restou constatada a ocorrência de qualquer falha, tanto mais que não se apontou quais seriam,
não se podendo, destarte, verificar-se a caracterização, ou não, do constrangimento ilegal. No que concerne à
alegação de excesso de prazo na formação da culpa, segundo informações da autoridade judiciária, a tramitação
processual está em seu curso normal, considerando que trata-se de dois réus e que existe um grande acúmulo de
processos na comarca. A norma preconizada no artigo 325, do Código de Processo Penal, prescreve os limites do
valor da fiança a ser arbitrado pela autoridade, de acordo com a maior ou menor gravidade da infração, sendo que
a exegese do artigo 326, do mesmo diploma legal, estabelece os critérios objetivos e subjetivos para a mesma fixar
o valor da fiança, cabendo, assim, ao julgador, após atentar para a sanção máxima cominada “in abstracto”, ater-se
às condições pessoais e econômicas do preso, bem como à importância provável das custas do processo. Portanto,
tendo o ilustre magistrado arbitrado valor bastante elevado para conceder liberdade provisória à ré presa em
flagrante, deve ser reduzido o valor arbitrado para quantidade compatível com a situação econômica da paciente,
apresentando-se à vista dos dispositivos legais, justo e adequado, inclusive para eventual custas e despesas
processuais.” (Ordem de hábeas corpus concedida parcialmente (TJES – HC XXXXX – 1ª C. Crim. – Rel. Dês. Sérgio
Luiz Teixeira Gama – J. 12.05.2004) JCPP. 325, JCPP. 326)

Neste mesmo sentido, diz o insigne JULIO FABBRINI MIRABETE, inCÓ DIGO DE PROCESSO
PENAL INTERPRETADO, 8ª ediçã o, pá g. 670:
“Como, em princípio, ninguém dever ser recolhido à prisão senão após a sentença condenatória transitada em
julgado, procura-se estabelecer institutos e medidas que assegurem o desenvolvimento regular do processo com a
presença do acusado sem sacrifício de sua liberdade, deixando a custódia provisória apenas para as hipóteses de
absoluta necessidade.” Destaquei.

Mais adiante, comentando o pará grafo ú nico do art. 310, na pá g. 672, diz:
“Inseriu a Lei nº 6.416, de XXXXX-5-77, outra hipótese de liberdade provisória sem fiança com vínculo para a
hipótese em que não se aplica ao preso em flagrante qualquer das hipóteses em que se permite a prisão
preventiva. A regra, assim, passou a ser, salvo exceções expressas, de que o réu pode defender-se em liberdade,
sem ônus econômico, só permanecendo preso aquele contra o qual se deve decretara prisão preventiva. O
dispositivo é aplicável tanto às infrações afiançáveis como inafiançáveis, ainda que graves, a réus primários ou
reincidentes, de bons ou maus antecedentes, desde que não seja hipótese em que se pode decretar a prisão
preventiva. Trata-se, pois, de um direito subjetivo processual do acusado, e não uma faculdade do juiz, que
permite ao preso em flagrante readquirir a liberdade por não ser necessária sua custódia. Não pode o juiz,
reconhecendo que não há elementos que autorizariam a decretação da prisão preventiva, deixar de conceder a
liberdade provisória.” Destaquei.

E ainda:
“É possível a concessão de liberdade provisória ao agente primário, com profissão definida e residência fixa, por
não estarem presentes os pressupostos ensejadores da manutenção da custódia cautelar.” (RJDTACRIM 40/321).

E mais:
“Se a ordem pública, a instrução criminal e a aplicação da lei penal não correm perigo deve a liberdade provisória
ser concedida a acusado preso em flagrante, nos termos do art. 310, parágrafo único, do CPP. A gravidade do
crime que lhe é imputado, desvinculada de razões sérias e fundadas, devidamente especificadas, não justifica sua
custódia provisória” (RT 562/329)

Já o inciso LXVI, do art. 5º, da Carta Magna, diz o seguinte:


“LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
fiança;”

No inciso LIV, do mesmo artigo supracitado, temos:


“LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;”

Por fim, transcreve-se o inciso LVII, do mesmo artigo:


“LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;”
Desta forma ínclito Julgador, a concessã o de LIBERDADE PROVISÓ RIA ao Acusado é medida
que se ajusta perfeitamente ao caso em tela, nã o havendo, por conseguinte, razõ es para a
manutençã o da reclusã o do mesmo.
Aliá s MM. Juiz, nã o se pode ignorar o espírito da lei, que na hipó tese da prisã o preventiva
ou cautelar visa a garantia da ordem pú blica; da ordem econô mica; por conveniência da
instruçã o criminal; ou ainda, para assegurar a aplicaçã o da lei penal, que no presente caso,
pelas razõ es anteriormente transcritas, estã o plenamente garantidas.
Assim, requer-se a V. Exa., que seja concedida ao Acusado a liberdade provisó ria com ou
sem fiança, haja vista que o mesmo é pessoa idô nea da sociedade nã o havendo motivos
para manter-se em custó dia.
DO PEDIDO
Isto posto, tem a presente o objetivo de suplicar a V. Exa., em razã o dos motivos supra
transcritos, que conceda ao Acusado a LIBERDADE PROVISÓ RIA COM ou SEM FIANÇA,
respondendo o processo em liberdade, conforme preceitua a legislaçã o processual penal, e
demais normas, pois, assim, V. Exa. Estará promovendo a mais lídima JUSTIÇA!
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Fortaleza -CE, 20 de janeiro de 2016.
LEVY RANGEL MATIAS
OAB/CE – 29.468

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