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COLARES, A.; COLARES, M.

Questões estruturais e desafios das políticas educacionais


para além do contexto de excepcionalidade. IN: Ilma P. A. V. et al. (org.). Formação de
Professores para a Educação Básica. Petrópolis: Vozes, 2022. Cap. 1, p. 15-38.

Rodrigo Domingos1

Objetivo geral: O capítulo 1 tem como objetivo apresentar questões, desafios e perspectivas no
processo de formação para professores da Educação Básica.

Palavras-chave: Neoliberalismo. História. Conjuntura. Contexto. Privatização.

Este trabalho trata de uma apreciação sobre o tema do artigo cuja autora se debruça a refletir,
a saber “Questões estruturais e desafios das políticas educacionais para além do contexto de
excepcionalidade”. Para esse trabalho, escolhi três ideias e as destaco como principais porque
me tocaram enquanto estudante e pesquisado. Mais à frente busco tecer outras justificativas.

No contexto de incertezas e incompletudes que estamos vivendo, abordar questões referentes


à conjuntura das políticas educacionais é, além de necessário, um desafio. Cabe, desde já,
expressar meu contentamento com o acesso essa obra. Tanto do ponto de vista semântico,
quanto epistemológico, me debruçar sobre o pensamento da autora, tem me permitido
despertar para questões que ainda não havia refletido. Ao mesmo tempo, os questionamentos
e reflexões apresentados pela autora tem me levado a refletir sobre a minha formação
acadêmica e a minha prática pedagógica na condição de formando e estagiário de História da
Educação Básica. Para efeito de apresentação de forma que o texto elaborado tenha
consonância com os meus pontos de vista, eu estou me graduando em História e, como
estagiário, tenho me dedicado a compartilhar meus conhecimentos em uma escola estadual na
cidade de Belo Horizonte, onde “Me movo como educador, porque primeiro me movo como
gente” (Freire, p. 92).

A autora aborda, já nas primeiras linhas do seu artigo, algo que chama muito a atenção que é a
concomitância da educação escolar em relação aos desdobramentos dos processos históricos. À
primeira vista a abordagem parece ser simplista, no entanto, refletindo de forma mais aprofundada e
menos reducionista, pode-se inferir que a educação escolar é eivada de processos históricos e muitas
vezes influenciada por momentos, contextos e conjunturas que podem decisivamente lança-la a diante,

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Graduando em História pela UNA
mudar seu rumo ou até mesmo, danificar seu processo. Eu teço esse comentário a partir de um
argumento da autora, quando ela assegura que:

A educação escolar se desenvolve concomitante aos acontecimentos gerais que


constituem a história; todavia tem as suas particularidades, podendo apresentar
descompassos em relação à conjuntura. As instituições escolares, mesmo sendo
receptiva a mudança, são também muito marcadas por continuidades que lhes
asseguram o reconhecimento da sociedade como local de formação das gerações
futuras, em Sintonia com os avanços de cada época, porém, sem rompimentos bruscos
quanto às tradições (Colares et al., 2022, p. 15).

A partir dos estudos e pesquisas que temos realizado no curso de História e corroborando com
(Colares et al, 2022), compreendemos que a educação é processual, formativa e está
diretamente ligada às expectativas de uma sociedade. Muitas vezes a educação avança, ou
muitas vezes vive morosidade em seus processos. A relação entre educação escolar e contexto
histórico é profunda e complexa. A educação escolar é fortemente influenciada pelo contexto
histórico em que ocorre, e, ao mesmo tempo, desempenha um papel fundamental na formação
e na influência desse contexto.

Paulo Freire, via a educação como uma prática profundamente enraizada no contexto e na conjuntura
da sociedade. Ele acreditava que o impacto da conjuntura e do contexto na educação era significativo.
Por conta disso, enfatizava a importância do Diálogo com a Realidade; da conscientização do
educando e da contextualização do conteúdo como forma de emancipação e transformação social. Para
Freire, a educação não era apenas um meio de adaptação à sociedade, mas uma ferramenta para
transformá-la. Ele via a educação como um caminho para desafiar estruturas de poder, superar
desigualdades e promover a justiça social.

Em sua célebre obra "Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa," Paulo
Freire (Freire, 1997) conceitua a educação de uma maneira que reflete sua abordagem pedagógica
crítica e emancipatória. Freire destaca que a educação, para ele, é muito mais do que a mera
transmissão de conhecimento. Ele afirma que a educação é um ato de conhecimento, diálogo e
transformação.

Posso estar equivocado, mas lendo (Colares et al., 2022) acho que a educação escolar pode apresentar
descompassos com a conjuntura em várias situações devido a uma série de fatores, a) muitas vezes, os
currículos escolares demoram a ser atualizados para refletir as mudanças na sociedade, tecnologia e
economia. Isso pode resultar em um ensino desatualizado e desconectado da realidade dos alunos; b) a
qualidade da educação pode variar significativamente entre diferentes regiões e escolas, criando
desigualdades. Além disso, nem todos os alunos têm igualdade de acesso a recursos educacionais e
tecnológicos, o que pode agravar essas discrepâncias; c) a sociedade está constantemente mudando
devido a fatores como avanços tecnológicos, mudanças demográficas e desafios ambientais. A
educação pode não acompanhar essas mudanças de maneira eficaz; d) Em alguns casos, o sistema
educacional pode continuar enfatizando habilidades e conhecimentos do passado, que podem não ser
mais tão relevantes no mundo contemporâneo. Isso pode prejudicar a preparação dos alunos para o
futuro; e) as políticas educacionais, se não estiverem alinhadas com as necessidades atuais, podem
criar descompassos. Isso pode incluir políticas de avaliação, financiamento inadequado e reformas que
não consideram as realidades das escolas e dos alunos e; f) em um mundo interconectado, a educação
muitas vezes é organizada em disciplinas separadas. Isso pode não refletir as complexidades dos
desafios atuais, que frequentemente exigem uma abordagem multidisciplinar.

Senti falta no texto de (Colares et al., 2022) uma assertiva enfatizando que para superar esses
descompassos, muitas vezes é necessário repensar as práticas educacionais, promover uma cultura de
inovação na educação e adotar abordagens flexíveis e centradas no aluno. A educação deve estar
preparada para se adaptar às mudanças na sociedade e na economia, de modo a fornecer as habilidades
e o conhecimento necessários para os alunos enfrentarem os desafios do mundo contemporâneo.

O processo de privatização da educação pública tem avançado de diferentes formas,


sendo parte das estratégias do capital para a superação de sua crise estrutural que o
impele à busca incessante de novas formas de acumulação. Os grandes veículos de
comunicação tradicionais (jornais, rádios e TVs) mas também os novos formatos que
estão sob o domínio do capital massificam na população a existência de uma crise de
qualidade da educação pública e do próprio Estado no oferecimento dos serviços
públicos. Concomitantemente, disseminam como solução o ajuste dos serviços
públicos aos moldes da gestão empresarial, apresentando-a como mais produtiva e
eficiente (Colares et al., 2022, p. 24).
Ranqueamento, competitividade, performatividade, são introduzidos no cotidiano das
escolas, comprometendo a formação para a cidadania, com respeito à diversidade e
objetivando o fortalecimento dos princípios de solidariedade e da busca do bem-estar
coletivo. Tudo isso desafia a nos posicionarmos nesse campo de disputas. Precisamos
nos manter alerta e resistir. É esse nosso papel enquanto educadores comprometidos
com as causas pelas quais já tantos já se empenharam ao longo da história (Colares et
al., 2022, p. 25).

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