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TRABALHO DA URBEL
O percurso do trabalho da Urbel no território do empreendimento PAC Bacias teve início em 2013, visando
acolher as demandas sociais do território referentes às obras estruturantes, além de desencadear um
processo para remoção de cerca de 1600 famílias das áreas de risco de inundação; visto que tais riscos,
certamente, seriam potencializados com a execução das obras de macrodrenagem.
O trabalho de remoção das famílias das áreas de risco obedece ao plano de reassentamento e medidas
compensatórias (2014?) que prevê um conjunto de ações específicas (abordagem inicial, selagem, cadastro,
negociação...) com as famílias diretamente afetadas, no sentido de reduzir os impactos acima mencionados
e integrá-lo as à nova realidade de moradia. Atualmente os dados de remoção dão conta de que a Urbel já
removeu 53% dos imóveis cadastrados.
ESTRATÉGIAS DE ATUAÇÃO
As estratégias essenciais que guiam o processo de ocupação coletiva das áreas incluem: 1) Participação
Comunitária através da formação de Grupo Gestores Locais à medida que a Urbel realiza reuniões
regulares, assembleias comunitárias e workshops para envolver os moradores e atores locais na tomada de
decisões relacionadas à apropriação de áreas livres. Esses grupos tornam-se corresponsáveis pelas ações
locais; 2) Mapeamento Participativo à medida que os Grupos Gestores se envolvem na identificação de
espaços potenciais para uso comunitário, considerando suas necessidades e aspirações; 3) Diagnóstico
Comunitário buscando identificar recursos locais, habilidades e interesses que possam contribuir para a
apropriação e desenvolvimento das áreas livres; 4) Capacitação Comunitária respeitando as experiências
vividas, mas buscando desenvolver habilidades em gestão comunitária, sustentabilidade ambiental e
desenvolvimento de lideranças; 5) Articulação de Parcerias - Alinhar esforços para otimizar recursos,
conhecimentos e apoio técnico. 6) Planejamento Participativo (Elaboração de uma Agenda Comum): -
Envolver os membros da comunidade na elaboração de planos para a apropriação e uso das áreas livres. 7)
Realização de Mutirões e Criação de Vínculos Sociais para o fortalecimento e a coesão social, no sentido
de promover um senso de pertencimento e responsabilidade compartilhada.
Essa forma de trabalhar tem dado resultados importantes nas comunidades e tem se constituído no
modelo a ser seguido para apropriação das novas áreas.
COMO AS ÁREAS SÃO PRIORIZADAS
As áreas são priorizadas a partir do nível de Risco indicado na mancha de inundação. A mancha apresenta
quatro níveis de risco de inundação; Baixo, Médio, Alto e Muito Alto. São priorizados os atendimentos das
famílias residentes em áreas de risco muito alto e alto de inundação e outras situações de riscos pontuais,
geológicos ou construtivos, verificados ao longo da poligonal de remoção do empreendimento. A partir daí
e à proporção que os imóveis são removidos, são formados trechos 1, abrindo-se novas frentes de trabalho,
momento em que as comunidades são convidadas à participação. A ampliação da participação comunitária
é dada num processo sistmático de conscientização dos moradores.
Essa forma de trabalhar tem dado resultados importantes nas comunidades e tem se constituído no
modelo a ser seguido para apropriação das novas áreas.
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Para efeito das estratégias de atuação, um "trecho” refere-se a uma área que vai surgindo à medida que os imóveis são
demolidos. Trata-se de uma parte específica ou área delimitada dentro de um bairro. Pode ser um conjunto de quarteirões, ruas ou
uma subdivisão específica com características peculiares. Normalmente identificam-se os trechos a partir do nome da rua cujas
demolições estão inseridas ou por nome afetivo, descrito no Biomapa.
Parquinho, Área de Convivência e
Agrofloresta.
Rua Vinte e Três Novo Aarão Reis Lorena Implantado e em funcionamento: O
Grupo Gestor terá pela frente algunas
corresponsabilidades com a Urbel.
Avenida Um Novo Aarão Reis Michelle Já existem pessoas mobilizadas e
motivadas para as atividades. Falta
iniciar o processo de forma articulada
conforme Plano de Ação (2023).
Ouro Minas Ouro Minas Dilson Foi realizado um trabalho inicial.
Maria Aparecida Formação do Grupo Gestor em
Andamento
Rua Buranhém Novo Aarão Reis --- Não iniciado
Rua Doze Novo Aarão Reis Michelle Já existem pessoas mobilizadas e
motivadas para as atividades. Falta
iniciar o processo de forma articulada
conforme Plano de Ação (2023).
Rua Três Novo Aarão Reis
A Urbel conta com uma é uma coalizão de organizações, instituições escolares e entidades locais que se
unem com o objetivo de promover o crescimento e bem-estar das comunidades do empreendimento. Essas
parcerias visam a colaboração em projetos, programas ou iniciativas que beneficiem a comunidade,
abrangendo áreas como educação, lazer e entretenimento, geração de renda e infraestrutura. Essa
abordagem coletiva busca maximizar os recursos e conhecimentos disponíveis para impulsionar o
desenvolvimento sustentável da comunidade em questão.
No bairro Ribeiro de Abreu a Urbel conta especialmente com o Comupra, a escola municipal Secretário
Humberto Almeida, o colégio estadual Bolivar Tinoco Mineiro, o Instituto educacional Anni, os Centros de
Saúde e com o Movimento Deixem o Onça Beber Água Limpa. No Novo Aarão Reis contam-se, atualmente,
com a Escola de Arquitetura da UFMG, o Instituto de Mulheres Amadas/IMA, o Instituto Rocha de Ações
Sociais, O Centro de Saúde, o CRAS, a Escola Municipa l Herbert José de Souza e, no bairro Ouro Minas a
Urbel conta com o apoio do Centro de Saúde e das lideranças comunitárias.
O trabalho da Urbel começou a ser delineado a partir de 2013, tendo evoluído, principalmente, a partir das
ações em parceria com as comuniades e organizações sociais e educacionais locais (Citar todas) e em
função dos direcionamentos ocorridos com as obras da Sudecap. Tais acontecimentos influenciaram o
desenho e o modelo de atuação do trabalho que vem sendo implementado. O histórico a seguir destaca os
principais marcos institucionais no caminho percorrido:
2.1 Entre 2013 a 2015
A principal preocupação no período foi com a gestão social do empreendimento, envolvendo a Execução do
PTTS, tendo como ponto de partida o levantamento socioeconômico, a definição de critérios, notificação
aos moradores e realização de vistorias. Este processo foi do início ao fim coordenado pela Urbel e
executados pela Assessoria Social e Pesquisa/ASP, empresa contratada para executar o programa.
Nesse período as ações da Urbel aconteceram na perspectiva de promover mudanças de atitude e valores
em relação à preservação do meio ambiente, ao patrimônio e à vida saudável; buscando, portanto, permitir
que o ser-humano viva num ambiente o mais equilibrado possível.
Nesse período a Urbel removeu os primeiros 79 imóveis da área de risco de inundação no bairro Ribeiro de
Abreu, o que significou centenas de família livres das tensões e preocupações com as cheias do Ribeirão
Onça. Esse resultado estimulou as primeiras articulações em torno da ocupação coletiva da área
remanescente das demolições e desencadeou processos que mais à frente, suscitou a ideia da construção
de um Parque CiliarComunitário.
Em 2017 a Urbel fomentou articulações locais para discutir formas de ocupação coletiva que impedissem
que a nova área remanescente fosse novamente ocupada e que outras famílias voltassem à área de risco.
Nesse processo, foi importante a participação da comunidade, através do Conselho Comunitário Unidos
pelo Ribeiro de Abreu/Comupra2, da Escola de Arquitetura da UFMG e das escolas municipais do território
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O Comupra é idealizador do Movimento Deixem o Onça Beber Água Limpa, uma iniciativa popular que articula um
conjunto de entidades públicas e privadas que busca contribuir para melhoria da qualidade de vida da comunidade
do Ribeirão Onça, que através de uma convergência de esforcos - Poder Público, Educação e Comunidade –
deram novos contornos às áreas liberadas, na rua Antônio Ribeiro de Abreu. Cada uma dessas partes
contribui com recursos únicos. Escola e Universidade forneceram as perspectivas do campo educacional,
conhecimento especializado, pesquisas e extensão. A prefeitura disponibilizou financiamentos, material,
pessoal qualificado e acesso a serviços públicos, enquanto a comunidade ofereceu informações sobre suas
necessidades, mão de obra, recursos locais, além de uma bandeira de luta consistente em prol da
revitalização do ribeirão Onça.
Resultado desse processo foi a realização das oficinas atinentes ao trabalho social que contribuíram com as
transformações desejadas: mutirão de limpeza das margens do Ribeirão; cursos de manuseio e criação com
bambu, matéria prima muito disponível na região, que culminaram com a instalação de cercas e mobiliários
urbanos e brinquedos; oficinas de jardinagem que proporcionaram plantio de mudas; oficinas sobre uso de
material reciclado que contribuíram com a instalação de Parquinho, Campinho, Horta comunitária e
diversos plantios para reflorestamento da área; tais ações têm dado certo e já se espalham ao longo do
território. Além de tudo isso, vale a pena ressaltar o início da participação assisidua, propositiva e
consistente da Urbel nos Eventos do Movimento Deixem o Onça Beber Água Limpa.
Atualmente no bairro Ribeiro de Abreu já são 290 imóveis removidos da área de risco de inundação, o que
significa centenas de família livres das tensões e preocupações com as cheias do Ribeirão Onça. Como já se
contou, à medida que os imóveis vêm sendo removidos e as famílias reposicionadas em locais mais seguros
na cidade, as áreas liberadas estão ganhando novos usos que foram pensados coletivamente e vem sendo
instalados junto com a comunidade.
Atrelado ao processo de remoções com cerca de 400 moradias fora da área de risco, esse período foi um
marco do trabalho da Urbel. A partir de um conjunto de processos colaborativos realizou-se a Oficina de
Mapa Afetivo ou Biomapa envolvendo todas as comunidades do empreendimento o que culminou na
atual fisionomia da forma de ocupação coletiva.
As discussões foram realizadas em grupos. Nos trabalhos de grupo, foram identificadas as Áreas da
comunidade (áreas afetivas) onde discutiu-se o que fazer, como fazer e quais propostas eram mais
exequíveis, partindo-se do ponto de vista da importância e uso comunitários, adequação ao contexto do
parque e possibilidades de execução em processo de mutirão através de oficinas comunitárias. As
comunidades fizeram as seguintes propostas de usos coletivos: Trilha Ecológica, Viveiros de mudas, Jardins
filtrantes, Anfiteatro, Quiosques, Horta comunitária, Parquinho, Campinho, Mirante, Agroflorestas, Área de
convivência, Pista de caminhada, Jardins, Memorial do Ribeirão Onça e Monumento Onça.
Como resultado dessa caminhada, o bairro Novo Aarão Reis já conta com uma Horta comunitária frondosa
e diversificada. A horta já dá passos importantes e frutos para vários gostos. Diariamente, a terra recebe
tratamento pelas mãos de Elenilza, Francisco e Maria, responsáveis imediatos pela manutenção e cuidado
da horta comunitária. Em troca, o resultado cresce a olhos vistos: pés de diversos frutos como, banana,
maracujá, milho, e hortifrutigranjeiros como, mandioca e milho abrem espaço ao longo do terreno que
antes viviam famílias em área de risco de inundação. A horta incentiva a colaboração entre os moradores,
fortalecendo os laços sociais e promovendo o senso de responsabilidade compartilhada.
Pomar comunitário: O pomar não apenas oferecerá uma fonte de alimentos frescos e saudáveis, mas
também cria um ambiente verde e agradável para os moradores desfrutarem. Isso promove a
nas áreas de educação, saúde, trabalho, lazer, geração de renda, ecologia e consciência da cidadania.
sustentabilidade, incentiva a interação social e aumenta a conscientização sobre a importância da
agricultura local. O Pomar conta atualmente com mais de 700 arvores frutíferas e certamente será um
ambiente muito frequentado pela comunidade.
Parque infantil: O parquinho do Novo Aarão Reis foi construído coletivamente em parceria com a
comunidade e a Escola de Arquitetura da UFMG. É um espaço valioso para as crianças brincarem e se
exercitarem, promovendo um estilo de vida ativo e saudável. Além disso, é um local de encontro para
famílias e vizinhos, fortalecendo os laços socioculturais da comunidade.
Pergolado Comunitário: Assim como o Parquinho, o Pergolado Comunitário também foi pensado e
construído coletivamente em parceria com a Escola da Arquitetura da UFMG. O pergolado oferece um
espaço sombreado onde as pessoas podem se reunir, relaxar e socializar. Ele já vem sendo utilizado para
atividades como eventos culturais, reuniões da comunidade, aulas de ioga, atendimento psicoterapêutico
comunitário, ou simplesmente, o um lugar para desfrutar ao ar livre.
Pista de Caminhada: A pista de caminhada que está em execução, proporcionará um local seguro e
convidativo para as pessoas se exercitarem, melhorarem a saúde cardiovascular e desfrutarem da natureza.
A pista é útil para os alunos da Escola Municipal Herbert José de Souza, porque permite acessibilidade do
trecho da Cachoeira até às escadarias da escola.
Essas conquistas não apenas melhoram a qualidade de vida dos moradores, mas também fortalecem o
senso de pertencimento e coesão na comunidade. A participação ativa dos moradores na formulação e
implementação desses projetos cria um vínculo significativo entre eles e o espaço público, incentivando o
cuidado e a preservação a longo prazo.
Além disso, essas conquistas servem como exemplos inspiradores para outras áreas do Parque
comunidades que desejam melhorar seus próprios espaços públicos e promover a participação cidadã no
planejamento urbano. A celebração desses marcos é um lembrete poderoso de que quando as pessoas se
unem com um propósito comum, elas podem transformar positivamente o ambiente em que vivem.