Você está na página 1de 17
PSICOLOGIA CLINICA EDA SAUDE Instrumentos de Avaliagao Cootdenagao Miguel M. Gongalves / Mario R. SimGes / Leandro S. Almeida 5 E Questiondrio de Esquemas de Young 1 1 (¥SQ-S3) Danlel Rjo 11.1 IndicagSes (© Questionario de Esquemas de Young, 3+ versio revista (Young Schema Questionnaire = Standardized items 3rd Version - YSQ-S3; Young, 2005; versio portuguesa de Pinto-Gouveiz, Rij, & Salvador, néo publicado), avalia os 18 esquemas mal-adaptativos pprecoces propostos no modelo da Terapia Focada nos Esquemas como associados a psicopatologis severa, nomeadamente patologia da personalidade, Foi concebido para uso com poptlagées elinicas, tendo vindo a ser utilizado quer em contextos de avalia- io clinica quer de investigacéo. Destina-se a ser respondido por adultos, podendo ser utiizado com maiores de 16 anos. 11.2, Histéria ‘0 conceito deesquema cognitivo constitui um dos constructos tebricos mais utiizados pelos investigadores para explicar o comportamento humano, nomeedamente 0 com- portamento atsociado & psicopatologia (cf. Rijo, 2009). Nas iltimas décadas, virios au- tores conceptualizaram as perturbagdes mentais mais invalidantes a partir da existencia de esquemas cognitivos disfuncionais, nucleares e precocemente originados na vida do individuo (eg., Beck, Davis, & Freeman, 2015; Safran & Segal, 1990; Young, Klosko, & ‘Weishaar, 2003; Rafaeli, Bernstein, & Young, 2011). Estes modelos tebricos obrigaram ‘a um maior refinamento do constructo de esquema cognitivo e renovaram 0 debate acerca da relugio entre cognigio, afeto, motivagdo e comportamento, conduzindo a ‘uma crescente complexificagio do modelo cognitive. Embora com slgumas diferengas entre si, todas as teorias esquemiticas defendem que 0 individuo desenvolve estruturas de conhecimento a partir da sua interagio com 0 meio, 150 FSICOLOGIA CUNICA £ 04 SAUDE INSTRUMENTOS DE AVALIAGAO estruturas através das quaistentaexplicara inluéncia das experiénciaspassadas no pro- cessamento de nova informacio, o que permite fazer previsdes acerca do mundo, Estas estraturas ou esquemas possuem uma funcio adaptativa, organizando experiéncias em padrdes de significado e reduzindo a complexidade do ambiente. Sio estes esquemas, tcitos por dfinigdo, que tornam eficaz 0 pensamento possivel a ago, na medida em que limitam, conduzem ¢ organizam o processamento de informacao (James, Southam, & Blackburn, 2004), Por outras palavras a atividade dos esquemas que orienta as ope ages ou processos cogaitivos. Sendo responséveis pela condugao do processamento de informagio, os esquemas ni ‘6 fornecem critérios que permitem a regulagéo da atencdo, come também estruturam, sequéncias de informagéo, de modo a poderem ser codifcadas, armazenadas e recu- pperadas pela meméria (Ingram & Kendall, 1986). Esta condugio do processamento de informagio ests, por sua ver, dependente do contetido do esquema, contetido este que, dizendo respeito a informagio acerca de um determinado dominio, inclui representa- Ges de objetos particulares, acontecimentos,sequéncias de acontecimentos,situagbes, procedimentos, exemplos ¢ relagbes entre exemplos. Em resumo, através da sua influéncia no processamento de informagao, os esquemas permitem identificar e classificar estimulos com maior rapidez, preencher informagio em falta e selecionar uma estratégia para obter mais informagdo, resolver um problema ou atingir um objetivo (Williams, Watts, MacLeod, & Mathews, 1997). No entanto, 0 ‘mesmo procedimento pode tornar-se uma desvantagem, principalmente se 0 esquema jndo ¢ relevante para dar sentido &situacio atuale, apesar disso, continua a dirigt 0 processamento de informagio, dando origem a erros, distorgdes e enviesamentos. Este aspeto é tanto mais disfuncional quanto a ativagdo de um esquema implica também a inibigdo de outros competitivos, que poderiam ser mais adequados para 0 processa- ‘mento da mesma informagdo (Mandler, 1985). ‘A terapia cognitiva de Beck fornece uma aplicagéo altamente claborada desta perspe- tiva a psicopatologia. Beck conceptualiza as perturbages emocionais e da personali- dade como resultando de esquemas disfuncionais ou mal-adaptativos, que distorcem a percecio e 0 pensamento, consistindo a terapia num processo de colaboragio entre te- rapeuta e doente, cujo objetivo &a modificagao dos esquemas subjacentes aos sintomas dos individuos em tretamento (Beck etal, 2015). Considerando a abordagem coguitiva

Você também pode gostar