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PROGRAMA: “ ESCOLHAS PROFISSIONIAS”1

Sandra Isabel Dias Santos


Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra
Câmara Municipal da Trofa
sandrasantos.21@portugalmail.pt

O Programa: “Escolhas Profissionais” foi desenvolvido com alunos que frequentavam o 9º


ano de escolaridade na Escola Básica do 2º e 3º ciclo de São Romão do Coronado. Este organiza-se
em 3 capitulos, os quais estão subdivididos em 16 sessões, onde se abordam temáticas distintas. As
sessões estão organizadas por objectivos gerais, específicos, respectivo enquadramento teórico,,
descrição das actividades e respectiva avaliação. Cada sessão pretende auxiliar o aluno na construção
do seu projecto de vida profissional abrangendo o desenvolvimento de determinadas competências e
habilidades em diferentes planos: plano cognitivo, psicomotor, afectivo, emocional, social e
comportamental. Em cada sessão existem diversos tipos de actividades a implementar que
pressupõem uma diversidade de objectivos a atingir.
O Programa “Escolhas Profissionais” tem como objectivos gerais, auxiliar o aluno na
construção do seu projecto de vida profissional. As sessões de orientação escolar e profissional
pretendem ser um processo de ajuda, no sentido de capacitar o indivíduo para se auto-ajudar, ou seja,
auto-orientar-se. O seu objectivo é potencializar a prevenção e o desenvolvimento integral do
indivíduo, abarcando a dimensão pessoal, profissional, familiar, social e educativa.

Palavras-chave: Orientação escolar e profissional, aconselhamento, carreira

1 – Introdução

“A orientação escolar e profissional significa algo mais do que obter uma profissão”
(Chamberlain, 1994), não é um acto pontual, mas sim um processo contínuo que se estende ao
longo da vida e onde podem intervir vários agentes. Apesar de ser um processo de ajuda, a
orientação tem a finalidade de capacitar o indivíduo para se auto-ajudar, ou seja, auto-orientar-
se. O seu objectivo é potencializar a prevenção e o desenvolvimento integral do indivíduo,
abarcando a dimensão pessoal, profissional, familiar, social e educativa.
No âmbito da orientação, deve-se informar sobre o mundo do trabalho, preparando os
sujeitos para lidar com este e neste sentido activar os processos de inserção vocacional na
complexidade ocupacional e profissional, os quais se desenvolvem ao longo do ciclo de vida do
indivíduo, estando assim permanentemente em construção.
Numa época em que a concorrência entre os profissionais se faz sentir de uma forma
cada vez mais intensa e onde as oportunidades em algumas profissões são cada vez mais
escassas enquanto outras se desenvolvem a grande ritmo, o acesso à informação, o auto-
conhecimento e a escolha adequada aos interesses e aptidões do aluno é fundamental para o
sucesso profissional e para o bem estar pessoal.
1
Nota: Este estudo sobre o abandono escolar precoce é resultado de uma investigação efectuado no
âmbito do Seminário em Formação e Tecnologias Educacionais, do 5º ano da Licenciatura em Ciências
da Educação da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.

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Contudo, normalmente os jovens não têm experiência no mundo do trabalho nem dos
tipos de oportunidades de formação existentes. Tal facto acaba por se traduzir nas dificuldades
que experimentam em cumprir compromissos autónomos e pessoais. Não é raro encontrar
jovens que não demonstram nenhuma especialização de interesses e que fazem uma
representação mental errada das profissões e das oportunidades de formação, para além de terem
uma percepção bastante radical da sua relação com o mundo. Dado este panorama geral, que
também se verifica na Escola Básica do 2º e 3º Ciclos de São Romão do Coronado, este
programa surgiu de uma solicitação do Conselho Executivo e Pedagógico do respectivo
Agrupamento de escolas.
O programa “Escolhas Profissionais” reveste-se de um conjunto de acções pensadas
para os alunos do 9º ano de escolaridade, por ser neste grau de escolaridade que os estudantes
são convidados a escolher a área de formação que irão seguir no Secundário e, caso seja esta a
sua opção, no Ensino Superior. O que nele se propõe consiste, basicamente, num conjunto de
princípios e estratégias que se concentra na exploração da sua relação com o mundo da
educação/formação e com o mundo das profissões, ou seja, na exploração dos seus
compromissos. Um dos objectivos deste programa é sensibilizar (e auxiliar) os jovens para a
necessidade de investirem na tarefa de construção dos seus projectos vocacionais.

2 – Enquadramento teórico

Segundo Santos (1996), inicialmente as profissões eram herdadas familiarmente, assim


a família era considerada a grande instituição educativa, auxiliada pela comunidade. Naquela
época, ao nascer, o indivíduo já ganhava o nome e o ofício de seu pai, que também já carregava
essa herança do berço. As vocações desencadeavam-se por razões de ideais, onde a liberdade de
opções era diminuta. Segundo esta perspectiva, o problema da escolha vocacional dos jovens
era reduzido a uma questão de (falta de) conhecimento. No entanto, este modo de selecção das
vocações, assente predominantemente na transmissão de informação relativa a formações e
profissões, não se tem revelado eficaz na promoção de comportamentos de exploração
vocacional.
Porém, a emergência de comportamentos vocacionais, o confronto dos estilos de vida
das sociedades rurais com os apelos da vida e do mundo do trabalho moderno, leva a novas
formas de organização social e profissional. Assiste-se a um período de profundas mutações
sócio-culturais, fruto do advento das economias urbanas e industriais, a um aumento da
incerteza em torno dos itinerários profissionais. É neste contexto que surgem as grandes
organizações, onde o desempenho profissional se alinha pela progressão numa carreira. O ideal

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não era já mais o conservar de uma tradição artesanal, familiar e/ou comunitária, ou o descobrir
de uma vocação, o ideal era a luta pelo sucesso numa carreira, pelo desempenho. Daqui nasce a
importância da orientação, que é ajudar na escolha de uma profissão, de modo a que se produza
uma adaptação perfeita que por sua vez proporcione condições de sucesso num mundo laboral
em que a competitividade na carreira se vai graduando. A orientação deve assim ser encarada
como apoio sistemático à construção de projectos de vida, de modo a que seja dada a todos, a
oportunidade de em qualquer altura das suas trajectórias, educativa ou profissional, explorarem
e (re) direccionarem a sua relação de investimento com o mundo.
Pode-se considerar o livro escrito por Talcott Parsons em 1909, “A Escolha da
Profissão” (Choosing a Vocation), como o momento do nascimento da psicologia vocacional
(Savickas, 1995). Nele se estabeleceu a orientação profissional numa base científica,
apresentando-se métodos objectivos para a compreensão dos indivíduos e das profissões, bem
como técnicas de adaptação que se socorrem do que tem sido designado por raciocínio
verdadeiro. Não obstante vários desenvolvimentos posteriores terem introduzido algumas
inovações, nomeadamente a proposta de Super (1953, 1990), no sentido de uma perspectiva
centrada no desenvolvimento de carreiras dos indivíduos, em cujo planeamento estes
desempenhem parte activa, tenham capacidade de decisão e assimilem informações úteis sobre
si próprio e sobre o meio, continuam-se a empregar métodos de aconselhamento baseados em
componentes como o diagnóstico, a identificação de problemas, a intervenção, a análise, a
informação e a avaliação (Savickas, 1995; Peavy, 1992).

3 - O conceito de Orientação Vocacional

A palavra orientação vocacional indica uma realidade muito complexa, muito se tem
escrito sobre este tema. Cada autor apresenta o problema de uma determinada óptica. Porém,
face à multiplicidade de definições de orientação profissional existentes, seleccionei aqueles
mais pertinentes que darão um contributo mais concreto para o trabalho em questão.
Segundo Ralph Strathmore2, a orientação vocacional é essencialmente uma ajuda
científica prestada ao indivíduo para que escolha uma profissão na qual tenha satisfação em
trabalhar, oportunidades de progresso e recompensa adequada. Analisando-se o tipo de
indivíduo e a profissão ou profissões em que está interessado, podemos descobrir qual a
profissão em que poderá aplicar melhor suas habilidades, faculdades, talento e possibilidades.
Essa análise levá-lo-á à profissão que melhor lhe servirá como veículo de auto-expressão.

2
(citado por Nérici, I. G. (1983). Introdução à Orientação Educacional. Brasil: Editora Atlas.)

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Porém, em contrapartida a Associação Nacional de Orientação Profissional dos Estados
Unidos sustenta que a orientação profissional é o processo de auxiliar o indivíduo a escolher
uma profissão, a preparar-se para a mesma, nela ingressar e progredir.
Em 1979, Pelletier et al consideraram que o papel do orientador consiste em auxiliar o
indivíduo não só a desenvolver uma imagem verdadeira de si mesmo e do mundo do trabalho,
mas em auxiliá-lo também a verificar essa imagem em contacto com a realidade e a actualiza-la
de modo satisfatório. Ajudá-lo a compreender para onde vai, isto é, as etapas pelas quais deve
passar, os factores capazes de influenciar as suas decisões quanto à carreira, a natureza das
tarefas de que deve desincumbir-se para conseguir uma adaptação vocacional satisfatória, a
maneira de cumprir essa tarefa e as condições que facilitam ou dificultam o seu cumprimento.
Em 2003, Gomes sustentou que a intervenção da orientação profissional consiste em
criar condições para que a relação sujeito - mundo se vá progressivamente (re) construindo,
proporcionando aos jovens experiências de aproximação à vida activa susceptíveis de os ajudar
a transformar a sua relação com o mundo. É no seio dessas experiências de acção, de contacto
directo com pessoas e situações representativas da vida adulta e do mundo profissional, que os
jovens vão construindo os seus interesses e melhorando o conhecimento de si próprios e da
realidade circundante (Campos & Coimbra, 1991).
Tais experiências devem ser significativas para os sujeitos, isto é, devem corresponder
às suas necessidades, interesses e desejos (por outras palavras, devem fundamentar-se na relação
actual de investimento) e devem, tanto quanto possível, ser originadas na insatisfação sentida
pelo sujeito.
A orientação vocacional deve ser processada de maneira eficaz, para tal a educação,
mais concretamente a escola, desempenha um papel fundamental na sedimentação de
determinados conhecimentos, sentimentos e atitudes. Não se deve restringir à contemplação das
necessidades, interesses e aptidões dos indivíduos mas sim influenciá-los para a tomada de
decisão no que concerne ás actividades profissionais necessárias ao desenvolvimento
económico, social, científico e cultural da comunidade. A orientação deve preocupar-se com
aspectos de socialização ocupacional, para posteriormente poder trabalhar no modo como os
indivíduos, irão desenvolver a sua identidade, construir sentidos para a sua vida vocacional
(Santos, 1996).
Carlsen (1988) afirma que para orientar é fulcral perceber em que consiste o trabalho,
na sua diversidade de acepções culturais, enquadramentos sociais, políticos e, interpretar o
sentido deste na vida das pessoas, deve-se informar sobre o mundo dos ofícios e sobre o eu que
procura, interroga, se afirma em desenvolvimento e, deve-se acompanhar cada individualidade
na teia sócio-cultural, na construção de sentidos personalizados.

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4 - Os objectivos da orientação escolar e profissional

Numa perspectiva de apoio sistemático à gestão de carreira, é fundamental que a


orientação vocacional promova os seguintes objectivos desenvolvimentais:

" Eliminar a insegurança, o medo em face da escolha, procurando identificar as


dificuldades que impedem a pessoa de realizar uma escolha profissional;

" Orientar o educando para que conheça suas aptidões, interesses, objectivos, capacidades,
competências, aspirações, ligadas a um propósito de vida, descobrindo assim a sua
verdadeira tendência profissional, seus talentos e sua personalidade;

" Abrir caminhos para clarificar o pensamento, procurando desenvolver a capacidade de


reflexão e auto-conhecimento; a fim de possibilitar opções e escolhas mais claras de
acordo com o crescimento interno e com os ideais da pessoa;

" Consciencializar sobre a natureza do mercado de trabalho e sobre a importância de levar


em consideração esse mesmo mercado aquando da tomada de decisões vocacionais;

" Orientar para que o sujeito escolha a profissão que melhor lhe ajuste, fomentando uma
promoção de comportamentos de exploração vocacional da realidade envolvente;

Como o desenvolvimento vocacional dos jovens ocorre mediante um processo


cumulativo de construção de significados pessoais a partir de situações e de experiências reais
de aproximação à vida activa, é necessário que essas experiências sejam significativas para os
sujeitos.

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5 – A orientação escolar e profissional em Portugal

Em Portugal, a criação de áreas de pré-especialização em Orientação Escolar e


Profissional ocorreram na década de 70, nas recém criadas licenciaturas em Psicologia nas
universidades portuguesas. Em Portugal, os serviços de psicologia e orientação nas escolas
foram criados, no início da década de 90, com o Decreto-Lei nº 190/91 de 17 de Maio, na
sequência de actividades desenvolvidas, nos anos 70, por professores peritos orientadores
formados no Instituto de Orientação Profissional e, a partir de 1983, por Psicólogos conselheiros
de orientação diplomados pelas Faculdades de Psicologia e Ciências da Educação.
Os Serviços de Psicologia e Orientação são serviços de desenvolvimento vocacional e
representam um bem público e privado, na medida em que permitem ir ao encontro
simultaneamente das necessidades da sociedade e dos indivíduos.
Segundo Leitão et al (2001), de acordo com o Decreto-Lei n.º 190/91, de 17 de Maio, as
actividades, estruturas e serviços de Orientação Escolar e Profissional no âmbito do sistema
educativo têm como objectivos principais, contribuir em todos os níveis do sistema educativo,
para o desenvolvimento das capacidades dos alunos e para a construção da sua identidade
pessoal, num mundo de acentuada mobilidade social, cultural e tecnológica, participando na
formação integral dos alunos e, por conseguinte, na concretização de uma das finalidades do
sistema educativo. Os SPOs estão organizados em equipas uni e multidisciplinares sediadas em
escolas da rede escolar das Direcções Regionais de Educação.
Neste contexto, os SPOs, pela sua dependência governamental, pelo seu enquadramento
institucional e pelos seus objectivos e intervenções, constituem organismos privilegiados que a
sociedade portuguesa possui para influenciar o desenvolvimento vocacional de sectores
prioritários da população.

6 – Programa: “Escolhas Profissionais”

O programa: “Escolhas Profissionais” reveste-se de um conjunto de acções pensadas


para os alunos do 3º ciclo do Ensino Básico e, em particular para os alunos do 9º ano, por ser
neste grau de escolaridade que os estudantes são convidados a escolher a área de formação que
irão seguir no Secundário e, caso seja esta a sua opção, no Ensino Superior. Foi especialmente
concebido tendo em vista a intervenção directa junto dos jovens que frequentam o 9º ano da
respectiva escola. O que nele se propõe consiste, basicamente, num conjunto de princípios e
estratégias que se concentra na exploração da sua relação com o mundo da educação/formação e
com o mundo das profissões. Um dos objectivos deste programa é sensibilizar (e auxiliar) os
jovens para a necessidade de investirem na tarefa de construção dos seus projectos vocacionais.

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Este programa foi desenvolvido em horário extra curricular, nas aulas de Orientação
Escolar e Profissional estabelecidas entre os representantes do Conselho Pedagógico e
Directores de Turma do 9º ano da Escola Básica do 2º e 3º Ciclos de São Romão do Coronado.

6.1 - Objectivos do programa: “Escolhas Profissionais”

O Programa “Escolhas Profissionais” tem como objectivos gerais, auxiliar o aluno na


construção do seu projecto de vida profissional. As sessões de orientação escolar e profissional
pretendem ser um processo de ajuda, no sentido de capacitar o indivíduo para se auto-ajudar e
se auto-orientar. O seu objectivo é potencializar a prevenção e o desenvolvimento integral do
indivíduo, abarcando a dimensão pessoal, profissional, familiar, social e educativa.
Através deste programa, os alunos terão a oportunidade de, a qualquer altura da sua
trajectória educativa, explorar o seu relacionamento com o mundo da educação/formação e/ou
das profissões.
Orientar o educando para que conheça suas aptidões, interesses, objectivos,
capacidades, competências, aspirações, ligadas a um propósito de vida, descobrindo assim a sua
verdadeira tendência profissional, seus talentos e sua personalidade é uma das linhas de força
deste programa educativo.
Pretende-se assim, abrir caminhos para clarificar o pensamento, oferecendo como
possibilidades capacidade de reflexão e auto conhecimento, a fim de possibilitar opções e
escolhas mais claras de acordo com o crescimento interno e com os ideais da pessoa.

6.2 - Caracterização da população alvo


O Programa “Escolhas Profissionais” foi desenvolvido com alunos que frequentavam o
9º ano de escolaridade na Escola Básica do 2º e 3º ciclo de São Romão do Coronado. Após uma
reunião com os representantes do Conselho Científico e do Conselho Pedagógico da referida
escola, o programa: “Escolhas Profissionais” foi devidamente analisado e validado.
Inicialmente, este programa estava previsto ser dinamizado apenas com alguns alunos
que, em carácter voluntário, pretendiam obter informações e apoio no aconselhamento de
carreira. No entanto, nessa reunião ficou decidido que inicialmente o programa iria ser
desenvolvido em todas as turmas com todos os alunos.
Este programa foi implementado em todas as turmas do 9º ano da referida escola, no
entanto, desde o início do programa foi salientada a importância do mesmo e o carácter
voluntário da participação dos alunos.

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6.3 - Estrutura do programa: “Escolhas Profissionais”
O programa: “Escolhas Profissionais” organiza-se em 3 módulos, os quais estão
subdivididos em 16 sessões, onde se abordam temáticas distintas. Cada sessão pretende a
auxiliar o aluno na construção do seu projecto de vida profissional abrangendo o
desenvolvimento de determinadas capacidades e competências em diferentes domínios:
cognitivo, psicomotor, afectivo, emocional, social e comportamental. Em cada sessão existem
diversos tipos de actividades a implementar que pressupõem uma diversidade de objectivos a
atingir.

6.3.1 - Capítulo nº1 – Balanço de Competências


O primeiro capítulo do Programa: “Escolhas Profissionais” é intitulado “Balanço de
competências”. Pretendeu-se que os participantes adquirissem uma atitude mais objectiva face à
intervenção e forma de abordar os seus problemas relativamente à carreira, através da reflexão
sobre as suas expectativas em relação ao processo de orientação escolar e profissional.
Este capítulo teve também como objectivos desenvolver o auto-conhecimento, essencial
ao processo de transição para o mundo do trabalho e contribuir para o estabelecimento de uma
relação de confiança entre o profissional de orientação e os participantes. Este primeiro capítulo
visava igualmente explorar as representações que os jovens fazem do mundo do trabalho, tendo
em consideração o seu todo, atendendo não só aos aspectos relativos à formação escolar e
profissional, mas também a outras dimensões da vida.
Este primeiro capítulo é composto por um total de oito sessões:
A primeira sessão intitulada: “Desenvolvimento da colaboração entre Directores de
Turma, docentes e pais”, foi levada a cabo particularmente com os representantes do Conselho
Executivo e Conselho Pedagógico do Agrupamento de Escolas de Coronado e Covelas, mais
concretamente da Escola Básica do 2º e 3º ciclos de São Romão do Coronado. O objectivo desta
sessão era dar a conhecer o referido projecto especificando o seu enquadramento, metodologias,
finalidades, formas de actuação e avaliação.
A segunda sessão denominada: “Sensibilização da comunidade escolar”, teve como
objectivos principais dar a conhecer o programa: “Escolhas Profissionais”, seus objectivos,
metodologias, formas de actuação e avaliação e promover o envolvimento da família na vida da
escola e no processo de construção vocacional.
A terceira sessão: “Programa: Escolhas Profissionais – Porquê”, foi dedicada
principalmente ao conhecimento dos alunos que iriam participar no programa, conhecer as suas
expectativas, o que esperam e ambicionam encontrar no programa: “Escolhas Profissionais”.

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Tendo o auto-conhecimento como chave para o crescimento e a sobrevivência no
mercado de trabalho neste novo século, pedir aos participantes para resumirem e prestar
informações sobre si próprios poderá aumentar a tomada de consciência e contribuir para um
melhor conhecimento dos restantes membros do grupo, promovendo desse modo uma atmosfera
de grupo benéfica e dinâmica, imprescindível às actividades que integram um processo de
orientação escolar e profissional. Foi neste sentido que foi dinamizada a sessão nº 4 – “Gnosei
Seatum – Conhece-te a ti mesmo”.
A sessão nº 5 foi dedicada ao preenchimento do COPS. Existe uma diversidade de
inventários de interesses disponíveis e segundo Savickas (1998), os psicólogos continuam a
depositar a sua confiança no conhecimento dos padrões de interesses para compreenderem as
motivações dos clientes, no sentido de os ajudarem a lidar com as decisões de carreira que
decorrem dos seus projectos de vida. Para além dos inventários de interesses existentes, optou-
se por considerar o Career Occupational Preference System (COPS).
A sessão nº 6 – “Interesses e aptidões” teve como objectivo identificar as tarefas
rotineiras que os participantes gostam de executar e descobrir os motivos subjacentes às suas
preferências.
A sessão nº 7 intitulada “Conhecimento de estudos” pretendia conhecer o Sistema
Educativo Português e informar sobre a oferta de formação escolar e profissional existente.
Conhecer os principais cursos do Ensino Secundário e conhecer as principais disciplinas
referentes a cada curso eram os principais objectivos da sessão nº 8 “Ensino Secundário”
Visto as actividades serem destinadas a alunos que frequentam o 9º ano, optou-se por
utilizar como ponto de partida, um balanço de competências de cada aluno. É importante
sublinhar que este balanço pretendeu ser uma reflexão entre as opções existentes na sociedade
actual e as preferências individuais de cada aluno.

6.3.2 - Capitulo nº 2 – Exploração do Mundo do Trabalho


Num processo de preparação da transição para a vida activa, é importante que os alunos
desenvolvam os conhecimentos que têm acerca do mundo do trabalho. Assim, no segundo
capítulo intitulado “Exploração do mundo do trabalho” pretende-se proporcionar aos alunos o
conhecimento do mercado de trabalho através do contacto com diversas profissões.
É fundamental explorar as representações que os jovens fazem do mundo do trabalho,
bem como as relações que com ele estabelecem, como forma de os preparar para explorarem
directamente essa realidade. Finalmente, através das actividades sugeridas, os participantes
tomarão consciência de que os seus projectos de carreira dependem da sua própria iniciativa e
de que desempenhar um papel activo e assumir uma atitude exploratória constituirão factores

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determinantes no seu projecto de orientação escolar e profissional, à medida que o forem
construindo e implementando (Coimbra & Campos, 1992).
Neste capítulo, os alunos são confrontados com actividades que os levam a explorar o
mundo laboral de forma a incrementar as suas experiências e conhecimentos sobre determinadas
profissões, tendo em consideração as várias características que lhes estão associadas, e
alternativas escolares e formativas após a conclusão da escolaridade obrigatória.
Através da confrontação com perfis profissionais, o aluno estará em condições de
elencar as áreas que precisará de desenvolver, bem como as estratégias a implementar tendo em
vista a sua transição para o mercado de trabalho.
Este capítulo é composto por cinco sessões:
A sessão nº 9 – “Entrevista a um profissional” destinou-se a auxiliar os participantes, de
acordo com os seus interesses, viver uma experiência de exploração a partir da qual fosse
possível contactar com profissionais.
Conhecer os diferentes percursos profissionais e conhecer diferentes profissões foram os
objectivos da sessão nº 10 intitulada: “Workshop´s com profissionais”.
A sessão nº 11 “Feira das Profissões” teve como objectivo promover o desenvolvimento
de competências de decisão vocacional com vista à prevenção do abandono escolar e a uma
adequada inserção profissional. Este certame constituiu um espaço de informação sobre o leque
de opções a nível de cursos superiores e alternativas de qualificação profissional, criado
prioritariamente a pensar nos estudantes que se vêem confrontados com a necessidade de
efectuar escolhas e definir o seu percurso escolar ou profissional. O evento teve como
objectivos gerais associar a escola ao mundo do trabalho e orientar as escolhas
escolares/vocacionais dos alunos, promovendo a relação escola e comunidade.
Conhecer a realidade do mundo do trabalho, das profissões e dos seus profissionais e
conhecer as oportunidades de formação profissional e do mercado de emprego foram os
objectivos centrais da sessão nº 12 – “O mundo das profissões”.
A sessão nº 13 – “Cantinho informativo” constituiu-se na construção de um espaço
informativo que visava essencialmente promover a participação activa dos alunos no seu
processo de decisão. A construção deste espaço de informação foi necessário, uma vez que nem
todos os alunos tiveram a oportunidade de explorar as informações que estiveram disponíveis na
feira das profissões.

6.3.3 - Capitulo nº 3 – Caminhos para o futuro


O processo de orientação escolar e profissional provoca mudanças no modo como os
jovens encaram o mundo do trabalho e influencia a relação de compromisso estabelecida com

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este. A mudança dos compromissos acontece desde o início do processo, mas especialmente
durante os últimos momentos.
Assim sendo, este capítulo representa o culminar da intervenção de orientação escolar e
profissional dedicada às actividades de integração no mercado de trabalho.
Neste capítulo sugerem-se várias actividades, sendo o objectivo das mesmas encorajar
os participantes a continuar a explorar o mundo do trabalho, preparar os jovens para a acção,
antecipando alguns dos problemas com que poderão ser confrontados, especialmente no que se
refere ao processo de aproximação ao mercado de trabalho: o que devem saber, o que podem
esperar, etc.
Este 3º capitulo é composto por três sessões:
A sessão nº 14 intitulada “Técnicas activas de procura de emprego” teve como objectivo
fornecer ao aluno todo um conjunto de informações úteis e relevantes para a entrada no mercado
de trabalho. Esta actividade proporcionou aos alunos uma maior capacidade de sensibilização
para a diversidade de desafios e oportunidades existentes no mundo do trabalho, permitindo
desenvolver as suas competências de comunicação.
Conhecer diferentes locais onde procurar informações sobre emprego foi o principal
objectivo da sessão nº 15 denominada “Onde procurar informação”.
A sessão nº 16 dedicou-se à “Avaliação final do programa Escolhas Profissionais”.

6.4 - Formas de Avaliação do Programa Escolhas Profissionais


A avaliação está sempre presente no nosso quotidiano. Durante o dia somos avaliados
e avaliamos de diversas formas: como nos comportamos com outras pessoas, o que falamos, a
maneira como falamos. Assim, a avaliação aqui é entendida como um aglomerado de
informações com vista à tomada de decisão (McLoughlin & Lewis, 2001). Assim, pretendeu-se
fazer um balanço da forma como decorreram as sessões, nomeadamente no que respeita aos
seus conteúdos, actividades desenvolvidas e às metodologias utilizadas.
Os recursos metodológicos adoptados foram a construção de um parecer qualitativo
onde os alunos teriam que dar as suas opiniões face ao programa e a construção de um
questionário de avaliação com respostas fechadas composto por diversos itens, os quais
abordavam questões referentes à organização da sessão, do programa, das metodologias, e do
comunicador (competências não-verbais, competências verbais e relacionais).
A utilização de meios informáticos ao permitir manipular rapidamente quantidades
consideráveis de dados, veio transformar a sua análise. No âmbito desta avaliação, procedeu-se
à utilização do programa SPSS para o tratamento dos dados. A utilização deste programa

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revelou-se deveras útil para o tratamento da informação, uma vez que permitiu a obtenção da
análise sequencial correspondente a cada variável.
Existiu uma conotação positiva por parte da maioria dos inquiridos no que se refere ao
item sobre a organização da sessão. Assim, podemos constatar que 43,1% dos inquiridos
afirmaram terem gostado das condições de trabalho e 51,7% afirmaram que a sala era adequada.
No que respeita à documentação disponibilizada pelo animador durante as sessões, 46,6% dos
inquiridos sustentaram que esta documentação tinha qualidade enquanto que 37,9% afirmaram
que a mesma era de óptima qualidade.
Relativamente à duração do programa, a maioria dos inquiridos (34,5%) referiu que este
teve uma duração aceitável, enquanto que 32,8% avaliaram como boa a duração deste programa.
A maioria dos inquiridos (58,6%) considerou como muito importante a dinamização de tal
programa.
Relativamente aos objectivos, podemos afirmar que 51,7% referiu como boa a sua
explicitação, o facto de terem sido devidamente apresentados e explicitados no início do
programa contribui para a obtenção destes resultados. No que respeita à selecção e organização
dos conteúdos, 58,6% dos inquiridos consideraram que estes estavam bem definidos e o facto de
terem sido previamente seleccionados, em conjunto com o animador, contribuiu para que todos
tivessem um papel activo na sua dinamização e para o incremento da motivação e envolvimento
dos participantes. Os itens respeitantes à coerência (62,1%) e à pertinência dos conteúdos
(43,1%) também obtiveram uma avaliação positiva pela maioria dos inquiridos. Estes dados
vêm corroborar o facto de que a prévia selecção dos conteúdos e estruturação do programa, em
conjunto com os alunos, incrementou o sucesso da sua dinamização e potenciou um papel mais
activo por parte dos participantes, uma vez que ao participarem na construção do programa,
sentiram-se mais responsáveis pela sua concretização.
A maioria dos indivíduos (72,4%) avaliou positivamente a utilidade e diversidade das
estratégias de formação. Relativamente aos meios de comunicação utilizados, a maioria dos
indivíduos (53,4%) considerou que estes eram bastante adequados.
Pela interpretação dos resultados obtidos, no questionário de avaliação final do
programa “Escolhas Profissionais”, podemos afirmar que a grande maioria dos inquiridos
(60,3%) considera que o comunicador teve um bom desempenho.
Analisando cada item em pormenor podemos apurar que a maioria dos participantes
(46,6%) considera que as sessões decorreram com um elevado grau de eficácia. Relativamente
aos conteúdos, 46,6% considerou que estes tiveram um elevado grau de importância. No que
concerne às metodologias, 56,9% dos participantes consideraram que estas foram utilizadas de
forma diversificada e eficaz. A prestação do comunicador é avaliada de foram bastante positiva

3260
pela maioria dos inquiridos (50%). Relativamente ao grupo, 51,7% dos indivíduos consideram
que o formador teve uma boa prestação no decurso do programa.

7 - Conclusões

O Programa “Escolhas Profissionais” tinha como principais objectivos apoiar os alunos


no aconselhamento de careira, auxiliar nas suas escolhas profissionais e facultar informações
úteis para a construção dos seus projectos de vida profissionais. Com o decorrer do programa
foram concretizados os seus principais objectivos. As actividades desenvolvidas e as
informações facultadas neste programa, poderão ter contribuído para que os alunos se sintam
agora melhor preparados para fazer as suas opções escolares e profissionais.

O programa “Escolhas Profissionais” teve a duração de 5 meses, tendo sido realizado de


Janeiro a Maio, o que não permitiu realizar um maior número de actividades necessárias ao
processo de orientação escolar e profissional. Assim, foram seleccionadas as sessões mais
importantes a trabalhar com os alunos. O facto de os grupos de trabalho serem constituídos por
um número elevado de participantes dificultou o desenvolvimento do programa. Assim, um
outro programa de orientação escolar e profissional a ser implementado na Escola Básica do 2º
e 3º ciclo de São Romão do Coronado deveria sê-lo durante todo o ano lectivo, pois só deste
modo haveria tempo para trabalhar determinadas temáticas pormenorizadamente e seria possível
efectuar um aconselhamento de carreira individualizado.

Relativamente às metodologias utilizadas na dinamização deste programa, a maioria dos


jovens afirma que o facto de se terem utilizado meios informáticos suscitou maior interesse e
fomentou uma maior participação. O facto de, em cada sessão, cada aluno ficar responsável por
trazer a sua música favorita para ouvir na aula, fomentou o gosto pela participação no programa
e aumentou o entusiasmo pelo mesmo. O recurso à música foi uma estratégia utilizada para
cativar os alunos e para os envolver no programa, esta estratégia embora simples foi muito
eficaz.
Por último, no que concerne à avaliação do programa, pela análise dos Diários de
Bordo, onde os alunos manifestaram as suas opiniões face ao decorrer de cada sessão, podemos
afirmar que o programa foi avaliado de forma bastante positiva, pois os jovens afirmaram ter
gostado das actividades realizadas e principalmente da forma como foram dinamizadas. A
avaliação final do programa foi bastante positiva, uma vez que a maioria dos jovens afirmou ter
gostado de todas as sessões e dos contributos fornecidos. Alguns destacaram ainda a

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importância dos conteúdos abordados e a forma simples, rápida e eficaz como foram
transmitidos.

Abstract
The Program: "Professional Choices" were developed with pupils who were in 9º year
of the Basic School of São Romão do Coronado. This is organized in 3 chapters, which are
subdivided in 16 sessions, where if they approach thematic distinct. The sessions are organized
by general, specific objective, respective theoretical framing, description of the activities and
respective evaluation. Each session intends to assist the pupil in the construction of its project of
professional life being enclosed the development of determined abilities and abilities in different
plans. In each session diverse types of activities exist to implement that they estimate a diversity
of objectives to reach. The Program "Professional Choices" has as objectives generalities, to
assist the pupil in the construction of its project of professional life. The sessions of pertaining
to school and professional orientation intend to be an aid process, in the direction to enable the
individual auto-to help themselves, or either, auto-to guide. Its objective is to potencializar the
prevention and the integral development of the individual, being accumulated of stocks
personal, professional, familiar, social and educative the dimension.
Word-key:
Pertaining to school and professional orientation, concealing, career

8 - Referências bibliográficas:

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