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ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

SDE3956 AULA 02
Conceituação e importância da
Orientação Profissional

A prática do profissional que atua com a orientação pode ser considerada uma atividade de maior
importância na vida de um indivíduo adulto, pois, mesmo que os interesses profissionais comecem a
emergir na adolescência, é no início da vida adulta que tendem a se resolver, concluindo uma etapa
marcada por conflitos que culmina em uma decisão que vai definir e permear todos os aspectos da sua
vida adulta. A escolha profissional passa por todo um processo que envolve questões como
identificações, aptidões e interesses, expectativas e influências familiares, além das perspectivas que o
jovem possui com relação ao futuro. Todos esses elementos devem ser considerados pelo profissional
no momento da investigação
É na Psicologia que encontramos os meios, os instrumentos
adequados, que levem o sujeito a uma reflexão e compreensão
de si mesmo através da Orientação Profissional, possibilitando
uma escolha mais consciente e, portanto, com maior
possibilidade de assertividade. Sabemos que a função do
psicólogo é promover a saúde; assim, sendo o momento da
escolha profissional imbuído de conflitos, medos, ansiedades,
nada mais adequado do que o profissional da área para auxiliar
o jovem a atingir de maneira mais correta, lúcida e ajustada o
caminho a seguir. Longe de ser uma tarefa fácil, há muito a
compreender e muito a fazer para modificar os quadros
estatísticos que apresentam a situação do jovem no Brasil.
Ainda hoje, encontramos cenário parecido, em que a problemática que envolve a escolha se traduz também na dificuldade para se
manter no curso escolhido. É comum encontrarmos no meio acadêmico o aluno que está na sua segunda ou terceira escolha
profissional; aquele que fez um, dois ou mais períodos de uma faculdade e depois desiste, tendo de iniciar outra faculdade,
permeando, assim, uma série de tentativas para encontrar seu caminho acadêmico e profissional. De acordo com dados do censo
do Ensino Superior, disponíveis no portal do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), em 2011
o número total de matrículas nas Instituições de Ensino Superior (IES) foi de 6.739.689, enquanto em 1991 foram registradas cerca
de 1.500.000. Em relação à quantidade de cursos oferecidos, o número saltou de 4.908, em 1991, para 30.420, em 2011. Dados
informativos do INEP apresentam uma taxa de evasão dos alunos que ingressaram no ensino superior no ano de 2005 de 33% a
38,8% nas instituições públicas e de 44,7% nas instituições privadas. No Brasil, muitas pesquisas e estudos buscam compreender as
variáveis relacionadas à evasão com interesse em acompanhar o fenômeno e desenvolver estratégias para formular planos de
ações institucionais de prevenção, além de pesquisas que possam aprofundar o estudo do assunto na realidade brasileira.
Estamos diante de um perfil desanimador, e esse cenário faz
suscitar no estudante de psicologia, ciência que investiga o
comportamento e os processos mentais, os seguintes
questionamentos: com tantas mudanças ocorridas desde as
últimas décadas, com a tecnologia trabalhando em função da
qualidade de vida, a era digital criando e fomentando novas
formas de comunicação, com a facilidade de acessibilidade dos
alunos nas escolas via internet, que oferece novas formas e
condições para que o aluno supere suas limitações e possa
partilhar do conhecimento que é universal, por que tanta
dificuldade em se encontrar na escolha profissional?
O caro aluno já deve ter percebido que essa questão não é fácil de ser
respondida. Para Mello (2002), no trajeto entre o sucesso, a satisfação e a
realização pessoal, passamos por variáveis que compõem uma equação muito
complexa, na qual alguns fatores devem ser considerados, tais como: aptidões,
conhecimentos, interesses, valores, ideais, objetivos de vida, sentimentos,
personalidade, família, instituições, sociedade etc. Segundo Mello (2002):
Soares (2002) sinaliza que, ao escolher seu trabalho, o jovem percorre um longo caminho
de tomada de consciência de fatores que poderão se tornar barreiras para a definição do
seu trabalho. Para tanto, propôs que ele deve conhecer a si mesmo, a família e o social, e
o papel do orientador é alcançar, na sua proposta de intervenção, os três eixos. Então o
foco do psicólogo seria trabalhar com o jovem o autoconhecimento, ou seja, a consciência
de si mesmo e a realidade do mundo ocupacional, o seu contexto sociopolítico. Antes,
porém, de ingressarmos nessa seara, vamos conhecer um pouco os conceitos e a
trajetória histórica que envolvem a orientação profissional.
Mello (2002) ressalva que uma vocação individual possui
componentes que já nascem com a pessoa, mas que, para que
se transformem em atributos pessoais, formadores de uma
vocação precisam passar por um processo de desenvolvimento
ou maturação, não sendo, portanto, algo determinado por
herança genética ou preestabelecido desde o nascimento – e
sim uma criação.
Orientação Vocacional

É um dos campos de atividade dos cientistas sociais. Como tal, compreende uma série de dimensões
ou ramos, que vão desde o aconselhamento na elaboração de planos de estudo até a seleção de
bolsistas, quando o critério seletivo é a vocação. Portanto constitui uma ampla gama de tarefas, que
inclui o pedagógico e o psicológico, em nível de diagnóstico, de investigação, de prevenção e a solução
da problemática vocacional. (BOHOSLAVSKY, 2003) Na Coletânea de convenções e resoluções da OIT
(caderno 1), encontramos a seguinte definição: “Orientação profissional, na perspectiva psicológica,
significa a ajuda prestada a uma pessoa com vistas à solução de problemas relativos à escolha de uma
profissão ou ao progresso profissional, tomando em consideração as características do interessado e a
relação entre essas características e as possibilidades no mercado de emprego” (BRASIL, s/d).
Mello (2002) chama a atenção para o fato de que o orientador
vocacional orienta o processo, mas não o cliente, ou seja, ajuda
o orientando a orientar-se a si próprio, se informando,
analisando e interpretando os dados e fatos em colaboração
com o psicólogo. O autor ainda acrescenta que
Assim, a ideia de que o indivíduo escolhe sua ocupação ou profissão a partir das condições
sociais e de suas habilidades, aptidões, interesses e dons (vocação) é algo que teve início
quando se instalou na sociedade o modelo de produção capitalista; nele, a ocupação era
determinada por laços de sangue, vinha de berço. Foi no período do capitalismo que o
sujeito passou a vender sua força de trabalho para sobreviver, e o destino está nas mãos de
cada um e a escolha é colocada em questão. Surgem as teorias e técnicas para que o homem
certo esteja no local certo. (BOCK, 2002) Já orientação profissional, na perspectiva
psicológica, pode ser compreendida por uma ajuda prestada a uma pessoa com a finalidade
de solucionar problemas relativos à escolha de uma profissão ou ao progresso profissional,
considerando as características da pessoa e o mercado de trabalho.
Para Liebesny & Ozella (2002), de acordo com a ótica sócio-histórica, a intervenção a partir da
Orientação Profissional é uma das formas de promover um conjunto de ações que possibilitem
colocar o jovem no papel de sujeito do seu processo de individuação e construção de um projeto
de vida, sendo o agente de escolhas e sujeito de projetos, ações e transformações. Tais conjuntos
de ações são considerados a partir de promoção de saúde e objetivam a construção de
possibilidades para a constituição de um sujeito social
Os termos orientação vocacional e orientação profissional são
utilizados por muitos profissionais como sinônimo, mas para o
senso comum ainda se utiliza o termo vocacional que se
encontra, no imaginário da sociedade, ligado à aplicação de
testes vocacionais. Porém, a escolha por uma carreira a ser
seguida deve levar em consideração bem mais do que os
interesses e as aptidões do sujeito. Precisa considerar uma
análise do que a sociedade pode oferecer em termos de
oportunidades ao jovem ingressante no mercado de trabalho
mediante suas expectativas ocupacionais.

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