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Resumo de Direito Eleitoral
Resumo de Direito Eleitoral
CÓDIGO:
2382022213
TIPO DE MATERIAL:
E-book
NOME DO ÓRGÃO:
Tribunal Superior Eleitoral – TSE
Tribunal Regional Eleitoral – TRE
ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO:
7/2023
Sumário
Apresentação.....................................................................................................................4
1. Direito Eleitoral............................................................................................................5
3. Princípios Eleitorais.....................................................................................................43
4. Justiça Eleitoral...........................................................................................................54
6. Alistamento Eleitoral....................................................................................................112
7. Inelegibilidades...........................................................................................................153
8. Partidos Políticos........................................................................................................216
9. Sistemas Eleitorais......................................................................................................247
10. Eleições.....................................................................................................................259
11. Coligações.................................................................................................................263
Apresentação
Ainda ausente do currículo regular dos cursos de graduação em Direito como disci-
plina obrigatória, o Direito Eleitoral é de grande importância para se entender o complexo de
regras jurídicas que disciplinam o processo de votação e eleição daqueles que vão se cons-
tituir como representantes dos cidadãos em nosso país, mostrando-se, dessa maneira, como
instrumento essencial para o regular funcionamento do sistema democrático.
Este resumo, portanto, deve estar nos seus arquivos para o estudo do Direito Eleitoral e
tem a finalidade de lhe dar as ferramentas necessárias para ajudá-lo a enfrentar as questões
do concurso público unificado da Justiça Eleitoral.
O presente resumo, de leitura clara e fácil, desprovido de pretensões de profundidade
acadêmica, explica, uma a uma, as principais atividades eleitorais, a começar pela própria
conceituação do Direito Eleitoral; principais fontes; direitos políticos previstos em nossa Cons-
tituição; momento em que o cidadão procede o alistamento eleitoral, angariando a capacidade
eleitoral ativa e passiva, ou seja, de votar e ser votado; estrutura da Justiça Eleitoral; inelegi-
bilidades; funções democráticas das agremiações políticas; peculiaridades inerentes ao sis-
tema eleitoral brasileiro e todo o procedimento necessário à realização de eleições no país.
Além disso, quando necessário e com base em questões de concursos anteriores, tra-
taremos aqui das fases importantes para o processo eleitoral, destacando a teoria apenas
se relevante, além da sua vinculação com os julgados pela mais alta Corte competente para
essa seara especializada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Inovações legislativas recentes, tais como a Lei n. 14.208/2021 e a Lei n. 14.211/2021,
de dezembro de 2013, que buscaram diminuir o custo das campanhas eleitorais também
estão contempladas nesta obra, que tem, na sua atualização e consonância com a mais
hodierna interpretação do TSE e do Supremo Tribunal Federal, um de seus diferenciais.
E aí? Quer se tornar um servidor da Justiça Eleitoral? Vamos juntos nessa jornada.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
WESLEI MACHADO
1. DIREITO ELEITORAL
Pode‑se dizer, por consequência, que o Direito Eleitoral tem por objeto o alistamento
eleitoral, a aquisição, a perda e a suspensão dos direitos políticos, sistemas eleitorais, propa-
ganda eleitoral, garantias eleitorais, crimes e ilícitos eleitorais, eleições etc.
Joel José Cândido (2006, p. 23) conceitua o Direito Eleitoral como sendo
o ramo do Direito Público que trata de institutos relacionados com os direitos polí-
ticos e das eleições, em todas as suas fases, como forma de escolha dos titulares
de mandatos eletivos e das instituições de Estado.
Ainda, somente para frisar, cita‑se o conceito elaborado por José Jairo Gomes
(2012, p. 19):
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Direito Eleitoral é o ramo do Direito Público cujo objeto são os institutos, as normas
e os procedimentos regularizadores dos direitos políticos. Normatiza o exercício
do sufrágio com vistas à concretização da soberania popular.
Por fim, deve-se distinguir o Direito Eleitoral do Direito Partidário. Para tanto, recorre-se
à classificação constitucional dada aos Direitos Fundamentais. Esta é a referida classificação
dos Direitos Fundamentais adotadas pela CF/88:
Fontes Materiais
Fontes materiais são os diversos fatores sociais, éticos, políticos, econômicos, reli-
giosos que condicionam a formação e o surgimento das normas jurídicas. Para José Jairo
Gomes (2008, p. 18), “a lei não decorre da atividade impessoal, harmônica e coerente de um
legislador justo e onipresente”.
Como exemplos de fontes materiais, pode‑se citar a atuação dos grupos organizados
da sociedade, a atividade exercida pelos lobbys, as manifestações da sociedade e a pressão
de segmentos sociais e de sindicatos.
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Professor: Weslei Machado
Fontes Formais
Por sua vez, as fontes formais são os meios pelos quais uma norma jurídica ingressa
na ordem jurídica e passa a regular os fatos. Segundo Miguel Reale (2001, p. 144), as fontes
formais são “os processos ou meios em virtude dos quais as regras jurídicas se positivam
com legítima força obrigatória, isto é, com vigência e eficácia no contexto de uma estrutura
normativa”.
São fontes formais do Direito Eleitoral:
Esse diploma legislativo foi editado antes da Constituição Federal de 1988. Desse
modo, algumas de suas disposições afrontam as novas normas constitucionais e, por essa
razão, foram revogadas. Exemplo dessa afirmativa é a vedação de exercício dos direitos
políticos aos analfabetos, inscrita no art. 5º do Código Eleitoral. Essa regra eleitoral viola o
texto constitucional que permite aos analfabetos, de forma facultativa, o exercício dos direitos
políticos ativos. Por essa razão, não foi recepcionada pela nova ordem constitucional instau-
rada pela CF/88.
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Professor: Weslei Machado
Pois bem, é preciso analisar o modo pelo qual o Código Eleitoral foi recepcionado pela
CF/88. Pode-se afirmar que parte do Código Eleitoral foi recepcionada com status de lei
complementar. Isso porque a Constituição Federal, em seu art. 121, exige a edição de lei
complementar para tratar sobre organização e competências da Justiça Eleitoral. Todos os
artigos do Código Eleitoral que se refiram à organização e às competências da Justiça Elei-
toral têm status de lei complementar. Essa parte está presente principalmente entre os arts.
12 a 41 do CE.
O restante do Código Eleitoral foi recepcionado com status de lei ordinária, pois, para
tratar de Direito Eleitoral, em regra, basta a edição de uma lei ordinária. A esse respeito:
• Lei dos Partidos Políticos (Lei n. 9.096/1995) – Dispõe sobre os partidos políticos e
regulamenta os arts. 17 e 14, § 3º, da Constituição Federal.
Embora não seja uma lei especificamente sobre o Direito Eleitoral, tem um estreito rela-
cionamento com essa matéria, especialmente no que diz respeito à regulamentação da filia-
ção partidária, uma das condições impostas ao exercício do direito à elegibilidade.
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Professor: Weslei Machado
Art. 105. Até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral,
atendendo ao caráter regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer san-
ções distintas das previstas nesta Lei, poderá expedir todas as instruções neces-
sárias para sua fiel execução, ouvidos, previamente, em audiência pública, os
delegados ou representantes dos partidos políticos.
Ressalta‑se que, no exercício de sua competência regulamentar, o TSE não pode con-
trariar as disposições legislativas. A resolução eleitoral deve ser secundum ou praeter legem.
Essas resoluções têm função precípua de regulamentar a aplicabilidade das leis eleitorais.
No mesmo sentido, veja a seguinte lição dada pelo Ministro Eros Grau, no julgamento da
Consulta n. 1.587, no Tribunal Superior Eleitoral:
O Tribunal Superior Eleitoral não está autorizado, nem pela Constituição, nem por
lei nenhuma, a inovar o ordenamento jurídico, obrigando quem quer que seja a
fazer ou a deixar de fazer alguma coisa.
Caso a resolução afronte disposições legislativas, ter‑se‑á uma ilegalidade, que poderá
ser combatida por meio de mandado de segurança ou recurso. Não se pode combater
essa ilegalidade por meio de ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribu-
nal Federal.
Entretanto, se a Resolução do TSE inovar no ordenamento jurídico, dispondo sobre
matéria ainda não tratada pelo Poder Legislativo, será possível que essa afronta ao princípio
da separação dos poderes seja corrigida por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade.
Deve-se atentar, ainda, que, de forma excepcional e transitória, o Supremo Tribunal
Federal reconheceu que o Tribunal Superior Eleitoral pode editar resoluções que inovem no
ordenamento jurídico, desde que:
1
Esta é a ementa da decisão exarada pelo STF, no julgamento da ADI n. 3.999, a qual reconheceu a constitucionalidade da Resolução do TSE n. 22.610/2007:
“3. O Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento dos Mandados de Segurança 26.602, 26.603 e 26.604 reconheceu a existência do dever cons-
titucional de observância do princípio da fidelidade partidária. Ressalva do entendimento então manifestado pelo ministro-relator. 4. Não faria sentido a
Corte reconhecer a existência de um direito constitucional sem prever um instrumento para assegurá-lo. 5. As resoluções impugnadas surgem em contexto
excepcional e transitório, tão somente como mecanismos para salvaguardar a observância da fidelidade partidária enquanto o Poder Legislativo, órgão
legitimado para resolver as tensões típicas da matéria, não se pronunciar. 6. São constitucionais as Resoluções 22.610/2007 e 22.733/2008 do Tribunal
Superior Eleitoral. Ação direta de inconstitucionalidade conhecida, mas julgada improcedente.” (ADI n. 3.999, DJe, de 17/04/2009)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Aliás, com a finalidade de deixar mais clara a limitação ao exercício da função regula-
mentar pela Justiça Eleitoral, no ano de 2021, previu-se a impossibilidade de sua utilização
para tratar da organização de partidos políticos. A esse respeito, veja o teor do art. 23-A do
Código Eleitoral:
Competência Legislativa
As normas eleitorais, como visto, surgem a partir da elaboração das fontes formais pelo
órgão competente. Mas, qual órgão possui competência para legislar sobre Direito Eleitoral?
Essa pergunta é respondida pelo art. 22, I, da CF/88, nos seguintes termos:
Essa competência da União é exercida pelo Congresso Nacional, pois a este órgão
cabe, com a sanção do Presidente da República, dispor sobre as matérias do art. 22 da
CF/88 (art. 48, caput, da CF/88).
Por sua vez, os demais entes federativos, Estados-membro, Distrito Federal e municí-
pios não podem tratar de normas sobre Direito Eleitoral. Isso porque a competência foi atri-
buída de forma privativa para a União.
Uma vez delimitada a competência legiferante em matéria eleitoral, deve-se analisar
qual o instrumento legislativo será utilizado pelo Poder Legislativo da União para tratar das
normas eleitorais.
Pois bem! Em regra, a criação de normas eleitorais ocorrerá por meio da produção
de lei ordinária. Basta uma lei ordinária para tratar dos diversos temas eleitorais, como, por
exemplo, alistamento, eleição, propaganda eleitoral, financiamento de campanha e condi-
ções de elegibilidade.
Entretanto, em algumas situações, é exigível, em determinados temas eleitorais, a
edição de lei complementar. Esses casos estão previstos no art. 14, § 9º, e no art. 121, caput,
ambos da CF/88, nos seguintes moldes:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribu-
nais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais.
Por exclusão, os demais assuntos do Direito Eleitoral poderão ser estabelecidos por lei
ordinária.
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A Constituição Federal, em seu art. 1º, parágrafo único, prescreve que todo poder
emana do povo, que o exerce diretamente ou por meio de representantes eleitos. Esse poder
é denominado de soberania popular. Na verdade, segundo o Texto Constitucional, “todo”
poder pertence ao povo, e, para exercê-lo, existem duas maneiras: diretamente, por meio
dos instrumentos de exercício direto de democracia (voto, plebiscito, referendo etc.); indireta-
mente, por meio dos cidadãos eleitos para o exercício de mandatos representativos no Poder
Legislativo e no Poder Executivo.
Com efeito, a soberania popular pode ser exercida de forma direta ou indireta. O povo
exerce seu poder diretamente quando, sem intermediação, interfere na formação da vontade
política do Estado. Por sua vez, exercerá seu poder indiretamente por meio da escolha de
representantes populares. Esses representantes serão responsáveis pela elaboração de leis
e atos normativos em nome do povo.
Nos termos do art. 14, caput, da CF, a soberania popular será exercida por meio do
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto e, nos termos da lei, mediante:
• plebiscito;
• referendo;
• iniciativa popular de leis;
• ação popular, entre outros instrumentos de exercício direto de poder pelo povo.
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Professor: Weslei Machado
• sufrágio universal;
• voto direto e secreto;
• referendo;
• plebiscito;
• iniciativa popular de leis.
Os direitos políticos podem ser classificados em direitos políticos ativos ou direitos polí-
ticos passivos. Assim, os:
ATENÇÃO
Todo cidadão tem direito político ativo. Isso quer dizer que qualquer cidadão alistado peran-
te a Justiça Eleitoral será titular do direito de votar, independentemente de qualquer outra
circunstância.
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ATENÇÃO
Somente poderá exercer os direitos políticos passivos o cidadão que preencher todas as
condições de elegibilidade e não se encaixar em nenhuma situação de inelegibilidade.
Não são todos os cidadãos que podem exercer o direito de ser votado, diferentemente do
direito de votar.
A classificação anterior não é suficiente para encaixar uma série de direitos políticos.
Por essa razão, com a finalidade de classificar didaticamente todos os direitos políticos, a
doutrina construiu outra classificação, que divide os direitos políticos em positivos e negati-
vos. Desse modo, os:
Segundo Dirley da Cunha Júnior, “são prerrogativas que asseguram ao povo a facul-
dade de participar democraticamente do governo, quer por seus representantes, quer por si”.
A partir disso, podem ser classificados como direitos políticos positivos os seguintes
instrumentos de exercício da soberania popular:
– direito de votar;
– direito de ser votado;
– direito de participar em referendo;
– direito de participar em plebiscito;
– iniciativa popular de leis;
– ação popular.
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Além disso, no que se refere à aplicação das restrições à cidadania, deve-se levar em
consideração o princípio da tipicidade eleitoral. A partir dessa norma, somente será admi-
tida a limitação de direitos políticos nas hipóteses expressamente previstas na Constituição
Federal ou em lei.
Aliás, a restrição de direitos políticos por meio dos institutos da perda e da suspensão
somente é admitida nos casos estabelecidos no art. 15 da Constituição Federal. Não se
admite a instituição de novas hipóteses de perda e suspensão de direitos políticos por meio
de legislação infraconstitucional.
Por sua vez, a restrição do direito político passivo por meio das inelegibilidades somente
cabe por meio de previsão contida em norma constitucional (art. 14, §§ 4º a 7º) ou disposição
de lei complementar. Isso porque o art. 14, § 9º, da Constituição Federal, prevê a possibili-
dade de criação de outras hipóteses de inelegibilidade, além daquelas estabelecidas no texto
constitucional, desde que haja a instituição de lei complementar.
Após essas considerações, podem ser classificadas como direitos políticos negativos:
• hipóteses de inelegibilidades;
• hipóteses de perda dos direitos políticos;
• hipóteses de suspensão dos direitos políticos.
Direito ao Sufrágio
Segundo Gilmar Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco, “os direitos políticos abran-
gem o direito ao sufrágio, que se materializa no direito de votar, de participar da organização
da vontade estatal e no direito de ser votado”.
Da mesma forma, Alexandre de Moraes reconhece que o direito ao sufrágio abrange o
direito de votar e de ser votado, sendo a essência dos direitos políticos. Desse modo, o direito
ao sufrágio abrange:
Contudo, não se pode confundir voto e sufrágio. Embora haja uma íntima ligação entre
esses dois institutos, eles não se confundem. De acordo com José Afonso da Silva:
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ATENÇÃO
A Constituição Federal dispõe que o sufrágio é universal. Em um primeiro momento, pode-
-se pensar que todas as pessoas são titulares de direitos políticos, dada a característica da
universalidade. Não obstante, somente são titulares do direito ao sufrágio as pessoas que
preencherem os requisitos constitucionais para a aquisição dos direitos políticos. Essas
pessoas são denominadas de cidadãos.
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Direito ao Voto
Como visto, o direito ao voto é classificado como direito político ativo. Todo cidadão que
possuir a capacidade eleitoral ativa terá direito de exercitar o voto.
O direito ao voto pode ser conceituado, segundo José Jairo Gomes, como:
Voto: Características
• pessoalidade – o voto só pode ser exercido pessoalmente. O eleitor não pode outorgar
procuração para que outrem exerça o voto em seu lugar. A pessoalidade é essencial
para a garantia da sinceridade e da autenticidade do voto.
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Plebiscito e Referendo
Plebiscito e referendo são consultas formuladas ao povo para que delibere sobre
matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou admi-
nistrativa.
O plebiscito é convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo,
cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido.
O referendo é convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo,
cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição.
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Professor: Weslei Machado
Alistamento Eleitoral
O alistamento eleitoral é o ato pelo qual o eleitor se torna cidadão. Trata-se de proce-
dimento administrativo desenvolvido perante a Justiça Eleitoral e tem a finalidade de aferir o
preenchimento dos requisitos de alistabilidade. Segundo José Jairo Gomes:
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A Constituição Federal, em seu art. 14, § 1º, enumera os requisitos necessários para o
alistamento eleitoral. Assim, são requisitos de alistabilidade:
ATENÇÃO
Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor
de brasileiros, nos termos do art. 12, § 1º, da Constituição Federal, serão atribuídos os di-
reitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. Isso quer dizer
que os portugueses podem se alistar no Brasil, desde que haja o preenchimento desses
dois requisitos: residência permanente no Brasil e reciprocidade. O português é o único
estrangeiro que pode se tornar um cidadão brasileiro.
Art. 30. A partir da data em que a pessoa completar 15 anos, é facultado o seu
alistamento eleitoral.
§ 1º Nos anos em que se realizarem eleições ordinárias, o alistamento de que trata
o caput deste artigo deverá ser solicitado até o encerramento do prazo fixado para
requerimento de operações do cadastro.
§ 2º O alistamento será requerido diretamente pela pessoa menor de idade e inde-
pende de autorização ou assistência de seu/sua representante legal.
§ 3º O título eleitoral emitido nas condições deste artigo somente surtirá o efeito
previsto no art. 11 desta Resolução quando a pessoa completar 16 anos.
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Professor: Weslei Machado
Destaque-se, por fim, não ser exigível, para fins de alistamento eleitoral, a alfabetização
ou sequer a fluência em língua portuguesa. Assim, admite-se o alistamento eleitoral de um
brasileiro que não saiba se exprimir em língua nacional, conforme se infere do art. 13, § 3º,
da Resolução-TSE n. 23.659/2021:
Art. 13.
§ 3º Não se exigirá a fluência na língua portuguesa para fins de alistamento, as-
segurando-se a cidadãos e cidadãs indígenas, o uso de suas línguas maternas e
processos próprios de aprendizagem.
Espécies de Alistamento
Alistamento obrigatório
Atente-se para o fato de que a Constituição Federal, em seu art. 14, § 1º, I, prevê o alis-
tamento eleitoral obrigatório aos maiores de dezoito anos. Contudo, a partir de uma interpre-
tação sistemática, pode-se concluir que não basta esse requisito, sendo exigido, ainda, que
a pessoa tenha menos de setenta anos e seja alfabetizada.
Alistamento facultativo
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Professor: Weslei Machado
Você deve estar pensando: existe outra classe de pessoas que também possui limita-
ções físicas que podem tornar oneroso o exercício dos direitos políticos: pessoas com defi-
ciência (PcDs).
Os próprios autores Gilmar Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco respondem a essa
pergunta, baseados em um julgamento do Tribunal Superior Eleitoral, nos seguintes moldes:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Art. 15. Não estará sujeita às sanções legais decorrentes da ausência de alista-
mento e do não exercício do voto a pessoa com deficiência para quem seja impos-
sível ou demasiadamente oneroso o cumprimento daquelas obrigações eleitorais.
§ 1º A pessoa nas condições do caput deste artigo poderá, pessoalmente ou por
meio de curador /curadora, apoiador/apoiadora ou procurador/procuradora devi-
damente constituído(a) por instrumento público ou particular, requerer:
a) a expedição da certidão prevista no inciso VII do art. 3º desta Resolução, com
prazo de validade indeterminado, se ainda não houver se alistado eleitora; ou
b) caso já possua inscrição eleitoral, o lançamento da informação no Cadastro
Eleitoral, mediante comando próprio que a isentará da sanção por ausência às
urnas ou aos trabalhos eleitorais.
§ 2º O requerimento a que se refere o parágrafo precedente deverá ser dirigido ao
juízo eleitoral, acompanhado de autodeclaração da deficiência ou documentação
comprobatória.
§ 3º Na avaliação da impossibilidade ou da onerosidade para o exercício das obri-
gações eleitorais, serão consideradas, também, a situação socioeconômica da
pessoa requerente e as barreiras de qualquer natureza que dificultam ou impedem
o seu alistamento ou direito ao voto.
§ 4º A providência a que se refere a alínea b do § 1º deste artigo inativará a situa-
ção de eventual registro por ausência às urnas ou aos trabalhos eleitorais, desde
que esta decorra da situação descrita no caput.
§ 5º O disposto neste artigo não constitui exceção ao alistamento eleitoral obriga-
tório e não exclui o gozo de direitos políticos que dele decorram, cabendo ao tribu-
nal regional eleitoral, sempre que possível, viabilizar o atendimento em domicílio
para fins de alistamento, nos termos do art. 46 desta Resolução.
§ 6º A Justiça Eleitoral empreenderá esforços para garantir a acessibilidade nos
cartórios eleitorais e postos de atendimento, ainda que por meio de acordo ou
convênio com o Município ou Estado.
Alistamento Vedado
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Quanto ao alistamento vedado, o Código Eleitoral, em seu art. 5º, II, prescreve que o
alistamento é proibido àqueles que não saibam se exprimir em língua nacional. Esse inciso
está revogado. Veja o seguinte julgado do TSE:
JURISPRUDÊNCIA
Consoante o § 2º do artigo 14 da CF, a não alistabilidade como eleitores somente
é imputada aos estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório,
aos conscritos, observada, naturalmente, a vedação que se impõe em face da
incapacidade absoluta nos termos da lei civil.
Sendo o voto obrigatório para os brasileiros maiores de 18 anos, ressalvada a
facultatividade de que cuida o inciso II do § 1º do artigo 14 da CF, não há como en-
tender recepcionado preceito de lei, mesmo de índole complementar à Carta Mag-
na, que imponha restrição ao que a norma superior hierárquica não estabelece.
Vedado impor qualquer empecilho ao alistamento eleitoral que não esteja previsto
na Lei Maior, por caracterizar restrição indevida a direito político, há que afirmar a
inexigibilidade de fluência da língua pátria para que o indígena ainda sob tutela e
o brasileiro possam alistar-se eleitores.
Declarada a não recepção do art. 5º, inciso II, do Código Eleitoral pela Constituição
Federal de 1988. (TSE, PA n. 19.840/2010)
Elegibilidade
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Ressalte-se que essa norma constitucional pode ser classificada como norma de efi-
cácia contida. Isso quer dizer que, desde a promulgação da Constituição, todo cidadão que
quisesse concorrer a cargos públicos eletivos deveria preencher os requisitos constitucionais
inscritos no art. 14, § 3º, para exercer o direito à elegibilidade. Entretanto, é possível que o
legislador ordinário institua novos critérios para o exercício do direito político passivo.
Não se pode confundir as condições de elegibilidade com as inelegibilidades. São
institutos distintos e com finalidades distintas. Para deixar clara essa diferenciação, veja o
seguinte julgado do TSE:
JURISPRUDÊNCIA
Não há que confundir, em face de nosso sistema constitucional, pressupostos (ou
condições) de elegibilidade e inelegibilidades, embora a ausência de qualquer da-
queles ou a incidência de qualquer destas impeça alguém de poder candidatar-se
a eleições municipais, estaduais ou federais.
Pressupostos de elegibilidade são requisitos que se devem preencher para que se
possa concorrer a eleições. Assim, estar no gozo de direitos políticos, ser alistado
como eleitor, estar filiado a partido político, ter sido escolhido como candidato do
Partido a que se acha filiado, haver sido registro, pela Justiça Eleitoral, como can-
didato por esse partido.
Já as inelegibilidades são impedimentos que, se não afastados por quem preen-
cha os pressupostos de elegibilidade, lhe obstam concorrer a eleições, ou – se su-
pervenientes ao registro ou se de natureza constitucional – servem de fundamento
à impugnação de sua diplomação, se eleito. (Processo Administrativo 19.899, rel.
Min. Ari Pargendler, de 30.9.2008, Res.-TSE n. 22.948)
Nacionalidade Brasileira
É a primeira das condições de elegibilidade enumerada pela CF/88 (art. 14, § 3º, I). A
Constituição Federal não permite que todos os residentes no Brasil possam ser candidatos.
Tutela, assim, os interesses nacionais, permitindo que somente os brasileiros participem do
processo eleitoral como candidatos.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Dessa forma, exige-se a nacionalidade brasileira para que a pessoa possa concorrer a
cargos eletivos. Aos brasileiros natos, a elegibilidade é plena a todos os cargos, de modo que
o impedimento para os naturalizados ocorre nas seguintes hipóteses:
Alistamento Eleitoral
A plenitude de direitos políticos é condição sine qua non para a elegibilidade. Isso quer
dizer que, para o exercício do direito à elegibilidade, o cidadão não pode incidir em nenhuma
das hipóteses de perda ou de suspensão dos direitos políticos.
ATENÇÃO
As inelegibilidades não afetam a plenitude do exercício dos direitos políticos. Somente as
hipóteses de perda ou suspensão retiram o pleno gozo dos direitos políticos. As inelegibi-
lidades constituem restrição somente para o exercício do direito à elegibilidade. O cidadão
inelegível poderá exercer os demais direitos políticos.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
há pleno exercício dos direitos políticos quando o cidadão pode exercer o conjun-
to dos direitos a ele conferidos, tais como exercício do voto (capacidade eleitoral
ativa), de concorrer a cargos eletivos (capacidade eleitoral passiva), de participar
de partidos políticos, de utilizar instrumentos constitucionais e legais, de ter efetiva
participação e influência nas atividades de governo.
Haverá restrições aos direitos políticos nos casos de perda e suspensão desses direi-
tos. Essas hipóteses que afastam a plenitude do exercício dos direitos políticos estão esta-
belecidas no art. 15 da Constituição Federal. Veja a seguir.
Domicílio Eleitoral
O conceito legal de domicílio eleitoral está descrito no art. 42, parágrafo único, do
Código Eleitoral. Veja.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
JURISPRUDÊNCIA
Domicílio eleitoral. O domicílio eleitoral não se confunde, necessariamente, com
o domicílio civil.
A circunstância de o eleitor residir em determinado município não constitui obstá-
culo a que se candidate em outra localidade onde é inscrito e com a qual mantém
vínculos (negócios, propriedades, atividades políticas).
(Recurso Especial n. 18.124, rel. Min. Garcia Vieira, de 16.11.2000)
JURISPRUDÊNCIA
DIREITO ELEITORAL. CONTRADITÓRIO. DEVIDO PROCESSO LEGAL. INOB-
SERVÂNCIA. DOMICÍLIO ELEITORAL. CONCEITUAÇÃO E ENQUADRAMEN-
TO. MATÉRIA DE DIREITO. MÁ–FÉ NÃO CARACTERIZADA. RECURSO CO-
NHECIDO E PROVIDO.
I – O conceito de domicílio eleitoral não se confunde com o de domicílio do direito
comum, regido pelo Direito Civil. Mais flexível e elástico, identifica-se com a resi-
dência e o lugar onde o interessado tem vínculos políticos e sociais.
II – Não se pode negar tais vínculos políticos, sociais e afetivos do candidato com
o município no qual, nas eleições imediatamente anteriores, teve ele mais da me-
tade dos votos para o posto pelo qual disputava.
Contudo, para que seja viável a participação das eleições, não basta a demonstra-
ção da existência de vínculos entre o cidadão e a circunscrição do cargo eleitoral ao qual o
cidadão pretende concorrer. Na verdade, precisa-se da existência do domicílio eleitoral pelo
prazo de seis meses antes da data das eleições, segundo o art. 9º da Lei n. 9.504/97.
Art. 9º. Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral
na respectiva circunscrição pelo prazo de seis meses e estar com a filiação defe-
rida pelo partido no mesmo prazo.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Filiação Partidária
Para concorrer a cargo eletivo, o eleitor deverá estar filiado a um partido político. Isso
porque o exercício do direito à elegibilidade depende dos partidos políticos. Para José
Jairo Gomes:
JURISPRUDÊNCIA
Consulta. Militar da ativa. Concorrência. Cargo eletivo. Filiação partidária. Inexigi-
bilidade. Res.-TSE n. 21.608/2004, art. 14, § 1º. 1. A filiação partidária contida no
art. 14, § 3º, V, Constituição Federal não é exigível ao militar da ativa que preten-
da concorrer a cargo eletivo, bastando o pedido de registro de candidatura após
prévia escolha em convenção partidária (Res.-TSE n. 21.608/2004, art. 14, § 1º).
(Res. n. 21.787, de 1º.6.2004, rel. Min. Humberto Gomes de Barros.)
Consulta. Prazo. Filiação partidária. Magistrado. Comprovação. Afastamento.
Função. Magistrado que pretenda se aposentar para satisfazer a condição de ele-
gibilidade de filiação partidária, objetivando lançar-se candidato às eleições, so-
mente poderá filiar-se a partido político depois de publicado o ato que comprove
seu afastamento de forma definitiva e até seis meses antes do pleito que dese-
ja disputar.
(Res. n. 22.179, de 30.3.2006, rel. Min. Cesar Asfor Rocha.)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Idade Mínima
JURISPRUDÊNCIA
Indefere‑se pedido de registro de candidato que não possui, na data da posse, a
idade mínima para o cargo que pretende disputar, por ausência da condição de
elegibilidade prevista no art. 14, § 3º, VI, da Constituição Federal (AgRgRO n. 911,
Rel. Min. Marcelo Ribeiro).
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
O cidadão que deseja candidatar‑se precisa ter seu nome escolhido pela convenção do
partido ao qual esteja filiado para concorrer a determinado cargo eletivo. Dessa forma, dispõe
o art. 8º da Lei n. 9.504/1997,
Art. 8º. A escolha dos candidatos pelos partidos e a deliberação sobre coligações
deverão ser feitas no período de 20 de julho a 5 de agosto do ano em que se
realizarem as eleições, lavrando-se a respectiva ata em livro aberto, rubricado
pela Justiça Eleitoral, publicada em vinte e quatro horas em qualquer meio de
comunicação.
Art. 7º. As normas para a escolha e substituição dos candidatos e para a formação
de coligações serão estabelecidas no estatuto do partido, observadas as disposi-
ções desta Lei
§ 1º Em caso de omissão do estatuto, caberá ao órgão de direção nacional do
partido estabelecer as normas a que se refere este artigo, publicando-as no Diário
Oficial da União até cento e oitenta dias antes das eleições.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Por fim, destaque-se que a Lei das Eleições criou a candidatura nata, instituto por meio
da qual os deputados federais, deputados estaduais, deputados distritais e vereadores, e
quem tivesse exercido esses cargos nos últimos quatro anos, seriam, automaticamente, can-
didatos nas próximas eleições. Veja a seguir o teor do dispositivo mencionado.
JURISPRUDÊNCIA
1. Conquanto tenham sido feitas modificações no art. 17, § 1º, da Constituição Fe-
deral, por meio da Emenda Constitucional n. 97/2017, manteve-se a plena eficácia
da essência do parâmetro constitucional invocado (autonomia partidária).
2. A “candidatura nata”, prevista no art. 8º, § 1º, da Lei n. 9.504/1997, é incompatí-
vel com a Constituição Federal, tanto por violar a isonomia entre os postulantes a
cargos eletivos quanto por atingir o âmago da autonomia partidária.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
[...]
4. A imunização pura e simples do detentor de mandato eletivo contra a vontade
colegiada do partido representa privilégio injustificado, que contribui tão só para a
perpetuação de ocupantes de cargos eletivos, em detrimento de outros pré-candi-
datos, sem qualquer justificativa plausível para o funcionamento do sistema demo-
crático e sem que haja meios para que o partido possa fazer imperar os objetivos
fundamentais inscritos em seu estatuto.
Quitação Eleitoral
Para o TSE,
No que concerne às multas aplicadas pela Justiça Eleitoral, serão considerados quites
os candidatos que, até a formalização do pedido de registro de candidatura, tenham compro-
vado o parcelamento da dívida regularmente cumprido.2
O exercício da elegibilidade fica condicionado à quitação junto à Justiça Eleitoral em
razão da determinação do art. 11, inciso VI, da Lei das Eleições.
Quanto ao conceito de quitação eleitoral, atente-se para o novo conceito introduzido
pela Lei n. 12.034/2009, que alterou o art. 11, § 7º, da Lei n. 9.504/1997. Antes da referida
Lei n. 12.034/2009, somente estaria quite com a Justiça Eleitoral o candidato que tivesse as
suas contas aprovadas. Após a Lei n. 12.034/2009, basta o candidato apresentar as contas
de campanha. Observe a nova redação do dispositivo:
Lei n. 9.504/97
Art. 11. Omissis
§ 7º A certidão de quitação eleitoral abrangerá exclusivamente a plenitude do gozo
dos direitos políticos, o regular exercício do voto, o atendimento a convocações da
Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de mul-
tas aplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, e a apre-
sentação de contas de campanha eleitoral. (Incluído pela Lei n. 12.034, de 2009)
§ 8º Para fins de expedição da certidão de que trata o § 7º, considerar-se-ão quites
aqueles que: (Incluído pela Lei n. 12.034, de 2009)
2
Tribunal Regional Eleitoral do Acre/FCC – Fundação Carlos Chagas/Analista Judiciário/Área Judiciária/2010/Questão 40.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Quanto a este último aspecto, cuidado! Para fins de quitação eleitoral, basta que o cida-
dão tenha apresentado as contas de campanha relacionadas às eleições passadas. Não é
exigível a aprovação dessas contas.
Desse modo, ainda que o candidato tenha tido as suas contas rejeitadas, estará quite
com a Justiça Eleitoral. De acordo com o TSE, em sessão realizada no dia 28/6/2012, a não
aprovação de contas de campanha não impede a emissão da certidão de quitação eleitoral e
o registro de candidaturas às eleições.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
JURISPRUDÊNCIA
As inelegibilidades e as condições de elegibilidade são aferidas ao tempo do re-
gistro da candidatura. Precedentes do TSE. Diversa é a situação da condição de
idade mínima, que se verifica na data prevista da posse, por expressa previsão
legal (§ 2º do art. 11 da Lei n. 9.504/1997) (Ac. de 20/9/2004 no REspe n. 22.900,
Rel. Min. Luiz Carlos Madeira).
Art. 9º. Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral
na respectiva circunscrição pelo prazo de seis meses e estar com a filiação defe-
rida pelo partido no mesmo prazo.
Elegibilidade do Militar
O militar alistável é elegível. Isso quer dizer que a única espécie de militar que não pode
candidatar-se a cargos eletivos é o conscrito. Todos os demais militares, não importa a Força
ou a patente, são elegíveis.
Entretanto, a elegibilidade dos militares depende do atendimento dos seguintes requisi-
tos inscritos no art. 14, § 8º:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Há uma restrição constitucional para que o militar possa filiar-se a partidos políticos
estatuída no art. 142, § 3º, inc. V, e no art. 42, § 1º, ambos da Constituição Federal.
Surge uma dúvida: a filiação partidária é uma das condições de elegibilidade e não
existe candidatura avulsa. Como o militar poderá concorrer a cargos eletivos se não
pode filiar-se a partidos políticos?
JURISPRUDÊNCIA
Militar da ativa (subtenente), com mais de dez anos de serviço. Sendo alistável e
elegível, mas não filiável, basta-lhe, nessa condição excepcional, como suprimen-
to da prévia filiação partidária, o pedido do registro da candidatura, apresentado
pelo partido e autorizado pelo candidato. Só a partir do registro da candidatura e
ate a diplomação ou o regresso a Força Armada, manter-se-á o candidato na con-
dição de agregado (cf, art. 14, parágrafos 3º, V, e 8, II e art. 42, parag. 6º; CE, art.
5º, parágrafo único e Lei n. 6.880/80, art. 82, XIV e parag. 4º). (Acórdão n. 11.314)
Os direitos políticos são espécie de direitos fundamentais. Essa constatação pode ser
confirmada a partir da análise de sua topografia na Constituição. O Título II da CF trata dos
Direitos e Garantias Fundamentais e é subdividido em 5 (cinco) capítulos. São eles:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Os direitos políticos podem ser restringidos por meio de 4 (quatro) tipos de institu-
tos. São eles:
Vamos, a partir de agora, estudar os institutos perda e suspensão dos direitos políticos.
A perda dos direitos políticos é uma hipótese de restrição definitiva desses direitos.
Segundo José Jairo Gomes,
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
perder é deixar de ter, possuir, deter ou gozar algo; é ficar privado. Como é óbvio,
só se perde o que se tem. A ideia de perda liga-se à definitividade; a perda é sem-
pre permanente, embora se possa recuperar o que se perdeu.
Tanto a perda quanto a suspensão dos direitos políticos, como já ressaltado, so-
mente poderão ocorrer nos casos taxativamente previstos na Constituição. Logica-
mente, não necessariamente nas previsões do art. 15, como é o caso da hipótese
prevista no art. 12, § 4º, II. Assim, determina essa norma legal que será declarada
a perda da nacionalidade brasileira administrativamente, quando a pessoa adquirir
outra nacionalidade por naturalização voluntária. Como consequência desta alte-
ração em sua condição jurídica, tornando-se estrangeiro, por óbvio não mais terá
direitos políticos no Brasil.
Esse direito permite que a pessoa se recuse a cumprir a obrigação legal a todos imposta.
Entretanto, caso decida exercê-lo, estará obrigado a efetuar a prestação alternativa.
A partir de uma interpretação meramente gramatical do art. 15, inc. IV, da CF, poder-se-
-ia concluir que a mera recusa do cumprimento da obrigação legal a todos imposta geraria
a perda dos direitos políticos. Isso porque, de acordo com essa regra constitucional, gera
restrição dos direitos políticos a “recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
alternativa”. A norma constitucional usa uma conjunção alternativa, ou seja, ou um fato ou o
outro atrairia a incidência da norma constitucional.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Atente-se para o fato de que, nas questões de Direito Eleitoral, deve-se adotar a posi-
ção de que a recusa ao cumprimento da obrigação legal a todos imposta e da prestação
alternativa configura hipótese de suspensão dos direitos políticos. Esse é o entendimento
adotado pelo Tribunal Superior Eleitoral, conforme se vê no art. 21, II, b da Resolução-TSE
n. 23.659/2021.
A suspensão dos direitos políticos é uma restrição temporária do exercício desses direi-
tos. Dirley da Cunha Júnior faz uma importante distinção entre cassação, perda e suspensão
dos direitos políticos:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
cionalmente indicadas por ela. Cassação dos direitos políticos é privação abusiva,
ao desamparo abusiva, ao desamparo da Constituição, muito utilizada durante
o regime da ditadura militar que assolou o país, sobretudo no período de 1960 e
1970. Por isso mesmo, é expressamente vedada pela Constituição.
A doutrina aponta que ocorre a suspensão dos direitos políticos nas seguintes hipóteses:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
JURISPRUDÊNCIA
MEDIDA DE SEGURANÇA. SUSPENSÃO DE DIREITOS POLÍTICOS. NATURE-
ZA CONDENATÓRIA. POSSIBILIDADE.
Não obstante tratar-se de sentença absolutória imprópria, a decisão que impõe
medida de segurança ostenta natureza condenatória, atribuindo sanção penal,
razão por que enseja suspensão de direitos políticos nos termos do art. 15, III, da
Constituição Federal. (PA n. 19.297, DJ de 11.4.2006)
JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL. CANDIDATO CONDENADO PELA PRÁTICA DE CON-
TRAVENÇÃO PENAL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 15, INCISO III.
A DISPOSIÇÃO CONSTITUCIONAL, PREVENDO A SUSPENSÃO DOS DIREI-
TOS POLÍTICOS, AO REFERIR–SE A CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA
EM JULGADO, ABRANGE NÃO SÓ AQUELA DECORRENTE DA PRÁTICA DE
CRIME, MAS TAMBÉM A DE CONTRAVENÇÃO PENAL.
(Recurso Especial n. 13.293, rel. Min. Eduardo Ribeiro, de 7.11.1996)
• improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º – de acordo com o art. 37, § 4º,
da Constituição Federal, os atos de improbidade administrativa importarão a suspen-
são dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da sanção
penal cabível.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Veja que, dentre outras consequências jurídicas, a condenação pela prática de improbi-
dade administrativa poderá acarretar a suspensão dos direitos políticos pelo prazo estabele-
cido em lei e fixado em sentença.
Diferentemente da suspensão dos direitos políticos decorrente da condenação criminal
transitada em julgado, nessa hipótese, a restrição dos direitos políticos não é automática e
depende de expresso estabelecimento em sentença com a devida fundamentação. A esse
respeito, veja a lição de Carlos Eduardo de Oliveira Lula:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
3. PRINCÍPIOS ELEITORAIS
Os princípios podem ser indicados como as normas que condicionam a aplicação das
regras eleitorais e a criação das normas jurídico-eleitorais. Possuem um conteúdo genérico e
abstrato. Afirma‑se que os princípios são o alicerce, a base, a estrutura básica de um sistema.
Os princípios eleitorais estão, em sua maioria, elencados na Constituição Federal. Bus-
ca‑se, por meio dessas normas estruturais, a correspondência entre a vontade do povo e a
formação das políticas governamentais. Ainda, tenta‑se afastar a influência do poder econô-
mico e do poder político.
Democracia
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
JURISPRUDÊNCIA
Asseverou‑se que estaria correto o entendimento do TSE no sentido de que a nor-
ma contida no § 9º do art. 14 da CF, na redação que lhe deu a ECR n. 4/1994, não
é autoaplicável (Enunciado n. 13 da Súmula do TSE), e que o Judiciário não pode,
sem ofensa ao princípio da divisão funcional do poder, substituir‑se ao legislador
para, na ausência da lei complementar exigida por esse preceito constitucional,
definir, por critérios próprios, os casos em que a vida pregressa do candidato impli-
cará inelegibilidade. Concluiu‑se, em suma, que o STF e os órgãos integrantes da
justiça eleitoral não podem agir abusivamente, nem fora dos limites previamente
delineados nas leis e na CF, e que, em consequência dessas limitações, o Judi-
ciário não dispõe de qualquer poder para aferir com a inelegibilidade quem inele-
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Com a edição da Lei Complementar n. 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), essa lacuna
legislativa foi suprida. Atualmente, candidatos que possuem vida pregressa compromete-
dora, nos termos atualmente prescritos no art. 1º, inc. I, alínea ‘e’, da Lei Complementar n.
64/90, estarão inelegíveis e, por esse motivo, não poderão candidatar-se a cargos eletivos.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Inclusive, de acordo com o inc. V, § 3º, art. 14, da CF/1988, somente é possível con-
correr a um cargo público eletivo por meio dos partidos políticos. De acordo com José Jairo
Gomes (2008: p. 29),
[...] o esquema partidário é assegurado pela Lei Maior que erigiu a filiação parti-
dária como condição de elegibilidade. Assim, os partidos políticos detêm o mo-
nopólio das candidaturas, de sorte que, para ser votado, o cidadão deve filiar‑se.
Inexistem no sistema brasileiro candidaturas avulsas.
A soberania popular é exercida por meio do sufrágio universal. Mas o que é sufrágio?
Sufrágio é o direito conferido ao cidadão para que possa validamente participar da for-
mação da vontade estatal. Traduz‑se no direito de votar e ser votado. Diz‑se que o sufrágio,
ou seja, os direitos políticos, são universais porque não podem ser criados critérios, obstácu-
los e óbices para que o sufrágio seja exercido.
A afirmação de que o sufrágio é universal não indica que toda e qualquer pessoa possui
direitos políticos no Brasil. Somente as pessoas que preencherem os requisitos constitucio-
nais poderão exercer o direito ao voto e o direito de ser votado. Na verdade, “sufrágio univer-
sal é aquele em que o direito de votar é atribuído ao maior número possível de nacionais. As
eventuais restrições só devem fundar‑se em circunstâncias que naturalmente impedem os
indivíduos de participar do processo político” (GOMES, 2008: p. 36).
Partido Político é uma pessoa jurídica de direito privado, que se destina a assegurar, no
interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os
direitos fundamentais definidos na Constituição.
Em razão de suas funções e atribuições na democracia brasileira, a Constituição Fede-
ral adotou o princípio da liberdade de organização partidária. Dessa forma, o partido tem
autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento. Também é livre a
criação, fusão, incorporação e extinção de agremiações partidárias, desde que se respeite a
soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da
pessoa humana.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
De acordo com o art. 17, § 1º, da CF/1988, o estatuto do partido político deve estabele-
cer normas de fidelidade e disciplina partidárias.
A agremiação partidária tem importante papel, conforme visto no estudo do princípio da
democracia partidária, no processo eleitoral. Por esse motivo, o ocupante de cargo eletivo
deve pautar a sua atuação de acordo com os valores, ideais, orientação programática e prin-
cípios defendidos pelo partido pelo qual foi eleito.
Esse princípio tem uma faceta administrativa, implicando a possibilidade de aplicação
de sanções aos filiados que adotem condutas contrárias às orientações da direção parti-
dárias. Caso esteja prevista no Estatuto, é possível até mesmo a expulsão do parlamentar
indisciplinado.
Por outro lado, esse princípio tem um viés jurisdicional e, desde 27/3/2007 (TSE, CTA
n. 1398), possibilita que os filiados eleitos possam perder seu mandato eletivo caso se des-
filiem de seu partido de origem sem que exista uma justa causa. Para o Ministro César Asfor
Rocha, no julgamento da Consulta‑TSE n. 1.398,
Busca‑se garantir a igualdade de todos os candidatos perante a lei eleitoral. Esse prin-
cípio decorre diretamente do princípio da moralidade. As eleições devem estar livres de cor-
rupção, fraude e abuso do poder econômico.
Os candidatos devem disputar o pleito eleitoral em paridade de condições. Pela
lisura das eleições, os meios empregados nas propagandas, nas campanhas, devem ser
éticos e justos.
Como exemplificação desse princípio, cita‑se o art. 23 da Lei Complementar n. 64/1990:
Art. 23. O Tribunal formará sua convicção pela livre apreciação dos fatos públicos
e notórios, dos indícios e presunções e prova produzida, atentando para circuns-
tâncias ou fatos, ainda que não indicados ou alegados pelas partes, mas que pre-
servem o interesse público de lisura eleitoral.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
• corolário da moralidade;
• tutela a integridade e a ética nas eleições;
• busca assegurar a legitimidade política;
• coíbe o uso indevido dos meios de comunicação;
• garante que os candidatos terão tratamento isonômico e que concorrerão em igualdade
de condições.
Esse princípio direciona as atividades da Justiça Eleitoral. Isso porque o juiz deve preser-
var a soberania popular quando estiver analisando nulidades que possam viciar as eleições.
Assim, o Código Eleitoral adotou um sistema mitigado de nulidade de votos, e as
nulidades, mesmo que absolutas, podem ser convalidadas, desde que não arguidas no
momento oportuno.
Esta é a disposição do art. 149 do Código Eleitoral: “não será admitido recurso contra
a votação, se não tiver havido impugnação perante a mesa receptora, no ato da votação,
contra as nulidades arguidas”. Vê‑se, portanto, que se houver alguma nulidade no ato de
votar, e esta não for arguida imediatamente, o vício será desconsiderado.
Outra consequência desse princípio é a regra do art. 219 do Código Eleitoral:
Art. 219. Na aplicação da lei eleitoral o juiz atenderá sempre aos fins e resulta-
dos a que ela se dirige, abstendo‑se de pronunciar nulidades sem demonstração
de prejuízo.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
JURISPRUDÊNCIA
(...) por força do art. 16 da Constituição, inovação salutar inspirada na preocupação
da qualificada estabilidade e lealdade do devido processo eleitoral: nele a preocu-
pação é especialmente de evitar que se mudem as regras do jogo que já começou,
como era frequente, com os sucessivos “casuísmos”, no regime autoritário.
A norma constitucional – malgrado dirigida ao legislador – contém princípio que
deve levar a Justiça Eleitoral a moderar eventuais impulsos de viradas de jurispru-
dências súbitas, o ano eleitoral, acerca de regras legais de densas implicações na
estratégia para o pleito das forças partidárias. (ADI n. 2.628, DJ de 5.3.2004)
A doutrina também nos traz importante lição sobre o princípio da anualidade eleitoral:
JURISPRUDÊNCIA
O princípio da Anualidade das leis eleitorais é uma proteção outorgada à socie-
dade contra os casuísmos existentes na esfera política. É, na verdade, uma con-
sequência do princípio da segurança jurídica, fundamental para o exercício dos
direitos políticos não se veja embaraçado em face de eventuais circunstâncias do
jogo do poder. Pretendeu o constituinte impedir que situações concretas, interes-
ses ocasionais, conduzissem a alterações da legislação eleitoral, maculando a
legitimidade das eleições.
Deve ser entendido, portanto, enquanto um importante mecanismo de defesa das
minorias, de modo a impedir a deformação do processo eleitoral mediante altera-
ções casuísticas das maiorias de plantão, rompendo a igualdade de oportunidades
entre partidos e candidatos. É, pois, um dos pilares do próprio regime democráti-
co, composto que é pelo binômio vontade da maioria/direito das minorias. (Carlos
Eduardo de Oliveira Lula)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publi-
cação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.
(Redação dada pela Emenda Constitucional n. 4, de 1993)
A partir da análise dessa norma constitucional, constata-se que a lei que alterar o pro-
cesso eleitoral tem vigência imediata. Não possui vacatio legis. Desse modo, não se aplica
às leis que alterarem o processo eleitoral o art. 1º da Lei de Introdução às Normas de Direito
Brasileiro (LINDB). Veja a redação do art. 1º da LINDB:
Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta
e cinco dias depois de oficialmente publicada.
Novamente, esse artigo não é aplicável somente às leis que alterem o processo eleito-
ral. Isso quer dizer que as leis que alterarem o processo eleitoral nunca terão vacatio legis, e
a sua vigência é sempre imediata. Não obstante, as leis que tiverem o condão de alterarem
o processo eleitoral só serão aplicadas às eleições que ocorrerem após 1 (um) ano da data
de sua publicação. Teremos uma lei vigente, eficaz e apta a produzir efeitos, mas que, por
prescrição constitucional, será aplicada 1 (um) ano após à publicação.
Veja o seguinte exemplo de publicação de uma lei alteradora do processo eleitoral (con-
sidere as eleições municipais de 2028).
EXEMPLO
a) Lei A publicada no dia 30 de setembro de 2027 – sabe-se que, em 2028, as elei-
ções ocorrerão em 1º de outubro (1º domingo de outubro). Nessa situação, como
a Lei A foi publicada 1 (um) ano antes da data da eleição, será aplicada a essas
eleições.
b) Lei A publicada no dia 2 de outubro de 2027 – embora a lei tenha vigência ime-
diata, não será aplicada às eleições de 2028. A lei que altere o processo eleitoral
somente será aplicável às eleições que ocorram até 1 (um) ano da data de sua
publicação, inclusive.
c) Lei A publicada no dia 6 de outubro de 2027 – embora a lei tenha vigência ime-
diata, não será aplicável às eleições de 2028. Somente será aplicável às eleições
que ocorrerem após o dia 7 de outubro.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Deve-se descobrir o que pode ser entendido por processo eleitoral. Isso porque o prin-
cípio da anterioridade eleitoral não é aplicável a todas as leis eleitorais, mas somente àquelas
que alterarem o processo eleitoral.
ATENÇÃO
O princípio da anterioridade eleitoral é aplicável unicamente às leis que alterem o proces-
so eleitoral. Não confunda. Não são todas as leis eleitorais que sofrem a incidência dessa
disposição constitucional.
JURISPRUDÊNCIA
“PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA ANTERIORIDADE ELEITORAL: SIGNIFICA-
DO DA LOCUÇÃO “PROCESSO ELEITORAL” (CF, ART. 16). - A norma consubs-
tanciada no art. 16 da Constituição da República, que consagra o postulado da an-
terioridade eleitoral (cujo precípuo destinatário é o Poder Legislativo), vincula-se,
em seu sentido teleológico, à finalidade ético-jurídica de obstar a deformação do
processo eleitoral mediante modificações que, casuisticamente introduzidas pelo
Parlamento, culminem por romper a necessária igualdade de participação dos que
nele atuam como protagonistas relevantes (partidos políticos e candidatos), vul-
nerando-lhes, com inovações abruptamente estabelecidas, a garantia básica de
igual competitividade que deve sempre prevalecer nas disputas eleitorais. Prece-
dentes. - O processo eleitoral, que constitui sucessão ordenada de atos e estágios
causalmente vinculados entre si, supõe, em função dos objetivos que lhe são ine-
rentes, a sua integral submissão a uma disciplina jurídica que, ao discriminar os
momentos que o compõem, indica as fases em que ele se desenvolve:
(a) fase pré-eleitoral, que, iniciando-se com a realização das convenções partidá-
rias e a escolha de candidaturas, estende-se até a propaganda eleitoral respectiva;
(b) fase eleitoral propriamente dita, que compreende o início, a realização e o en-
cerramento da votação e
(c) fase pós-eleitoral, que principia com a apuração e contagem de votos e ter-
mina com a diplomação dos candidatos eleitos, bem assim dos seus respectivos
suplentes. (ADI n. 3345, DJ de 19.08.2010)
Além disso, essa alteração do processo eleitoral tem que ser capaz de provocar, con-
forme jurisprudência do STF consolidada no julgamento da ADI n. 3.741:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
A prescrição constitucional dispõe que “a lei que alterar o processo eleitoral”. O que
pode ser entendido pelo vocábulo lei. Lei é um ato normativo elaborado pelo Poder Legisla-
tivo de acordo com as disposições contidas nas regras do processo legislativo.
Esse princípio somente se aplica às leis? Essa disposição constitucional pode ser
aplicável a todas as espécies normativas?
JURISPRUDÊNCIA
4. Enquanto o art. 150, III, b, da CF encerra garantia individual do contribuinte (ADI
939, rel. Min. Sydney Sanches, DJ 18.03.94), o art. 16 representa garantia indivi-
dual do cidadão-eleitor, detentor originário do poder exercido pelos representantes
eleitos e “a quem assiste o direito de receber, do Estado, o necessário grau de
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
De acordo com essa decisão do STF, além de ficar consignado que as emendas cons-
titucionais que alterem o processo eleitoral devem observar o princípio da anterioridade elei-
toral, conclui-se, ainda, que o princípio da anterioridade é uma cláusula pétrea.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
4. JUSTIÇA ELEITORAL
A Justiça Eleitoral é composta por órgãos que integram a estrutura do Poder Judiciário
da União. Não é uma estrutura que pode ser criada pelos Estados. Seu orçamento é apro-
vado pelo Congresso Nacional. Seus servidores são federais, e, se esses forem vítimas de
crime no exercício de suas atribuições, a Justiça Comum Federal será competente para pro-
cessar e julgar esse crime.
Apesar de ser um ramo Especializado da Justiça da União, a Justiça Eleitoral não possui
um quadro próprio de magistrados. Os juízes que a integram pertencem a outros tribunais,
como será visto oportunamente.
São órgãos que compõem a Justiça Eleitoral, nos termos do art. 118 da CF:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Dos órgãos que compõem a Justiça Eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral, os tribunais
regionais eleitorais e as juntas eleitorais são órgãos colegiados, ou seja, compostos por
vários membros, enquanto os juízes eleitorais são órgãos monocráticos, aqueles nos quais a
decisão se dá de forma singular.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Esse ramo do Poder Judiciário, como visto, não possui um quadro próprio de membros.
Nos tribunais eleitorais, tem-se, nas suas composições, duas classes de membros: os efeti-
vos e os substitutos. Evita-se, assim, o não julgamento de feitos eleitorais, caso os membros
efetivos estejam impossibilitados de comparecer às sessões de julgamento.
Quanto à escolha, os substitutos dos membros efetivos dos Tribunais eleitorais são
escolhidos, na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada catego-
ria (art. 15 do Código Eleitoral). Serão convocados se faltar quórum legal para a realização
das sessões jurisdicionais e administrativas do TSE.
Os membros dos Tribunais eleitorais podem servir por dois anos, no mínimo, à Jus-
tiça Eleitoral, sendo possível sua recondução para um único biênio subsequente. Portanto,
a Constituição Federal veda a permanência no exercício da jurisdição eleitoral por mais de
dois biênios consecutivos, mas não veda a possibilidade de um de seus membros servir à
Justiça Eleitoral por mais de dois biênios, desde que alternados.
O § 2º do art. 121 da CF/1988 é esclarecedor:
A Justiça Eleitoral, portanto, é um ramo especializado que tem a função de realizar todos
os procedimentos administrativos referentes à realização das eleições, bem como resolver
as questões que advenham do processo eleitoral. Não se subordina ao Poder Executivo nem
ao Poder Legislativo, é órgão do Poder Judiciário, sendo seus membros dotados de garantias
constitucionais, as quais viabilizam sua efetiva e independente atuação no cumprimento de
suas competências.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Vê-se, então, que o mandato dos integrantes da Justiça Eleitoral é de dois anos e, ao
final, poderão ser reconduzidos para um único biênio consecutivo.
ATENÇÃO
É possível que um determinado juiz integre um tribunal eleitoral por mais de três biênios,
desde que não sejam consecutivos.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
EXEMPLO
Gestão do fundo partidário; condução do alistamento eleitoral; administração do
exercício do direito de propaganda partidária etc.
ATENÇÃO
As Seções Eleitorais não se referem a limites territoriais em que Juízes ou Tribunais exer-
cem suas funções. Uma seção eleitoral é uma divisão de eleitores para o exercício do voto.
Assim, somente litígios referentes ao exercício da soberania popular e dos direitos polí-
ticos são julgados pela Justiça Eleitoral. Litígios que envolvam matérias relacionadas aos
partidos políticos não são da competência desse ramo do Poder Judiciário. Isso porque o
Direito Eleitoral trata dos direitos políticos unicamente. O tema partidos políticos é da esfera
do Direito Partidário.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Excepcionalmente, a Justiça Eleitoral julga litígios que não estão relacionados direta-
mente ao Direito Eleitoral. Isso ocorre nas situações a seguir.
• Ações sobre perda de mandato por infidelidade partidária: ainda que o instituto infi-
delidade partidária não tenha nenhum liame com o Direito Eleitoral e refira-se ao vínculo
entre o candidato eleito e o seu partido político, no julgamento do MS n. 26.002/STF,
a Corte Suprema decidiu que essa lides instauradas entre os filiados eleitos e os seus
partidos políticos seriam decididos pela Justiça Eleitoral.
• Ações que envolvam litígios partidários: desde que estes impactem na realização
das eleições. A esse respeito:
JURISPRUDÊNCIA
É competência da Justiça Eleitoral analisar controvérsias sobre questões internas
das agremiações partidárias quando houver reflexo direto no processo eleitoral,
sem que esse controle jurisdicional interfira na autonomia das agremiações parti-
dárias, garantido pelo art. 17, § 1º, da CF. (Agravo Regimental no Recurso Espe-
cial n. 26.412, rel. Min. Cesar Rocha, de 20.9.2006)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Código Eleitoral
Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior,
XII – responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese
por autoridade com jurisdição, federal ou órgão nacional de partido político;
Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos Tribunais Regionais:
VIII – responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em
tese, por autoridade pública ou partido político;
Função regulamentar: o TSE pode expedir instruções sobre a execução das leis elei-
torais. Essas instruções não podem inovar no ordenamento jurídico e devem respeitar o prin-
cípio da legalidade.
O Tribunal Superior Eleitoral é o órgão máximo da Justiça Eleitoral. Sua sede é em Bra-
sília e, nas matérias de sua competência, exerce jurisdição em todo o território nacional. Será
composto, no mínimo, por sete membros (art. 119 da CF/1988).
• Jurisdição e sede
O TSE possui sede na capital da República. Trata-se de uma determinação do art. 12,
inc. I do Código Eleitoral. Isso significa que o local físico, o prédio no qual os ministros do
TSE se reúnem para decidir as questões eleitorais, está situado, atualmente, em Brasília.
Caso a capital da República fosse mudada, a sede do TSE também seria, pois o CE fala que
a sede deve ser na capital da República, e não necessariamente em Brasília. Lembre-se
que até 1960 a sede do TSE era no Rio de Janeiro, pois lá era a capital da República. Com
a mudança da capital para Brasília, mudou-se, por disposição regimental, também a sede
do Tribunal.
Apesar de ter sua sede na capital da República, o TSE exerce sua jurisdição em
todo o país.
Inicialmente, esclarecemos que jurisdição nada mais é do que o poder/dever de dizer
o direito.
Ora, então isso significa que o TSE pode apreciar originariamente qualquer maté-
ria eleitoral decorrente de fatos relacionados com o Direito Eleitoral ocorridos com
qualquer cidadão, em qualquer lugar do país?
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Na verdade, o Código Eleitoral, em seu art. 12, inc. I, disse menos do que deveria. A
preocupação do dispositivo legal foi a de não limitar geograficamente a atuação do TSE NAS
MATÉRIAS DE SUA COMPETÊNCIA.
EXEMPLO
Um candidato a governador pelo Estado do Amazonas pratica captação ilícita de
sufrágio em um de seus municípios. A competência originária para apreciar esta
matéria não é do TSE, mas sim do TRE. Poderá o TSE até apreciá-la em grau de
recurso, mas isso não necessariamente deva ocorrer, pois pode a matéria não per-
mitir o enquadramento em nenhum recurso. Nesse caso, de forma alguma os preju-
dicados podem ir diretamente ao TSE e exigir a prestação jurisdicional pelo Tribunal.
EXEMPLO
Imagine outra hipótese. Um candidato a presidente da República, realiza, no mesmo
município do Estado do Amazonas em que o candidato a Governador esteve, abuso
de poder econômico. De quem é a competência? Do TRE ou do TSE?
Agora, você vai entender por que afirmamos que o dispositivo legal disse menos
do que deveria.
O TSE é competente para efetuar o registro de candidatos a presidente e vice-pre-
sidente (veremos isso com detalhes mais adiante). É também competente para
apreciar qualquer ato de tais candidatos que atentem contra a legislação eleitoral.
Desse modo, se um candidato a presidente da República realiza abuso de poder
econômico, não importa em que lugar do país, o TSE é o competente para apre-
ciar a matéria.
Então, podemos afirmar que realmente o TSE tem jurisdição em todo país, mas
desde que a matéria seja de sua competência.
• Composição
Segundo o art. 119 da Constituição Federal, o TSE compõe-se de, no mínimo, 7 (sete)
membros/ministros: sendo 3 (três) ministros do STF; 2 (dois) ministros do STJ; e dois advo-
gados. Esta é a prescrição contida no art. 119 da Constituição Federal:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
COMPOSIÇÃO DO TSE
A expressão constitucional “no mínimo”, contida no art. 119 da CF, permite que se
aumente o número de membros do TSE. Não permite, de outro modo, a sua diminuição.
Mas como e qual instrumento legal deve ser utilizado para se proceder ao permitido
aumento na composição do TSE?
Não será necessária a edição de uma emenda à Constituição, pois se a própria CF diz
que a composição é mínima (art. 119), já há uma permissão para que o legislador infracons-
titucional faça a alteração.
Assim, vamos para a legislação infraconstitucional (aquela que é hierarquicamente
inferior à Constituição). Aqui temos basicamente duas possibilidades: lei ordinária ou lei
complementar.
Uma leitura do art. 96, inc. I, alínea “b”, combinado com o art. 121, ambos da Constitui-
ção Federal, revela-nos que essa alteração só pode ser feita por meio de lei complementar
de iniciativa privativa do TSE. Veja a redação dos dispositivos referidos:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
• Escolha de ministros
O estudo do processo de escolha dos ministros do TSE pode ser didaticamente dividido
em duas partes: escolha dos ministros da classe do STF e STJ e escolha dos ministros da
classe dos advogados/juristas.
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DA CLASSE DO STF
O mesmo esquema didático do STF pode ser utilizado para explicar a escolha de minis-
tros do TSE junto ao STJ, afinal o processo de escolha é idêntico nos dois tribunais.
Para finalizar esse assunto, observe que não há interferência do Presidente da Repú-
blica no processo de escolha dos ministros das classes do STF e do STJ.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Dessa forma, para cada uma dessas vagas, o STF encaminha uma lista tríplice ao pre-
sidente da República, a fim de que esse proceda à nomeação.
Apesar de o processo de escolha dos advogados que compõem o TSE ser bastante
simples, há algumas peculiaridades que o envolvem e sobre as quais vale a pena tecer
alguns comentários.
A primeira delas se refere aos requisitos exigidos para compor a lista tríplice: idonei-
dade moral e notável saber jurídico.
A idoneidade moral deve ser comprovada por meio de certidões, as quais juntadas aos autos
da lista tríplice comprovam objetivamente o requisito requerido. De outro modo, o notável saber
jurídico é um conceito indeterminado, sobre o qual recai uma análise subjetiva por parte do STF.
ATENÇÃO
Uma vez elaborada a lista tríplice pelo STF, o presidente da República não poderá recu-
sá-la, sendo que sua escolha deve recair, obrigatoriamente, entre um dos advogados nela
constante.
LISTA TRÍPLICE
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
Art. 20, inciso II – incompatibilidade da advocacia com membros de órgãos do
Poder Judiciário. Interpretação de conformidade a afastar da sua abrangência os
membros da Justiça Eleitoral e os juízes suplentes não remunerados. (ADI n. 1127
MC /DF. Min. Rel. Paulo Brossard. Tribunal Pleno. DJ 29.6.01)
Portanto, esses ex-membros não precisam esperar 3 (três) anos para atuar no juízo ou
tribunal do qual se afastaram.
Para finalizar, cabe somente lembrar que, a exemplo dos ministros provenientes do STF
e STJ, aqui o processo de escolha dos ministros substitutos é idêntico ao dos ministros efe-
tivos, ou seja, nomeação do presidente da República a partir de lista tríplice elaborada pelo
STF (art. 1º, parágrafo único, do RITSE)
JURISPRUDÊNCIA
QUESTÃO DE ORDEM. MAGISTRADO ELEITORAL. CLASSE JURISTA. ART.
95, PARÁGRAFO ÚNICO, V, DA CONSTITUIÇÃO. INAPLICABILIDADE. A res-
trição prevista no art. 95, parágrafo único, V, da Constituição não se aplica aos
ex-membros de Tribunais Eleitorais, oriundos da classe dos juristas.
2. Questão de ordem resolvida. (PET 3020, TSE)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
EXEMPLO
O ministro A é nomeado para compor o TSE na classe do STJ. Após algum tempo,
seu filho B é nomeado ministro do STF e, por eleição, em escrutínio secreto naquela
Corte, é escolhido para compor o TSE. Isso é possível? Claro que não! Enquanto
o ministro A, da classe do STJ, estiver no TSE, seu filho B, ministro do STF, não
poderá compor o Tribunal.
A outra vedação, que se aplica somente aos membros da classe dos advogados
(art. 16, § 2º, do CE), afirma que a escolha desses membros não poderá recair em cidadão
que esteja nas situações listadas a seguir.
a) Ocupe cargo público de que seja demissível ad nutum (cargo em comissão).
b) Seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada com subvenção, privilégio,
isenção ou favor em virtude de contrato com a administração pública.
c) Exerça mandato de caráter político, federal, estadual ou municipal.
Ambas as vedações são aplicáveis tanto aos membros efetivos quanto aos membros
substitutos do Tribunal.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
EXEMPLO
Imagine, por hipótese, que, em janeiro de 2032, João da Silva, ministro do STF,
torne-se ministro efetivo do TSE. Passados dois anos (2032 – 2033), finda o seu
biênio obrigatório, também chamado 1º biênio. A partir daí, ele ainda poderá exer-
cer um 2º biênio (2034 – 2035) sem que haja qualquer impedimento, desde que o
STF o eleja por meio de um escrutínio secreto. Agora, findo os dois biênios, um 3º
biênio (2036 – 2037) está vedado.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
• Composição do TRE
O TRE é composto por 7 (sete) juízes, sendo sua composição denominada de mista
ou eclética (Ramayana, 2006, p. 25). Isso porque em sua estrutura há juízes tanto do Poder
Judiciário da União (Juiz Federal), quanto do Poder Judiciário Estadual (Desembargado-
res e Juízes de Direito) e da classe ou categoria dos advogados, nos termos do art. 120, §
1º, da CF.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
COMPOSIÇÃO DO TRE
Analisando a composição dos TREs, pode-se afirmar, ainda, que todos eles terão 7
(sete) juízes. No entanto, não se pode afirmar que haverá identidade na sua composição sob
o aspecto qualitativo. Em alguns TREs teremos 2 (dois) desembargadores do TJ, 2 (dois)
juízes de direito, 2 (dois) advogados e 1 (um) juiz do TRF (2ª instância da Justiça Federal),
enquanto em outros, no lugar deste último membro – juiz do TRF – haverá um juiz federal (1ª
instância da Justiça Federal).
A resposta é muito simples. Sabe-se que existem apenas 5 (cinco) Tribunais Regionais
Federais no Brasil, cada um deles representando uma região.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
REGIÃO SEDE
TRF 1ª REGIÃO BRASÍLIA
TRF 2ª REGIÃO RIO DE JANEIRO
TRF 3ª REGIÃO SÃO PAULO
TRF 4ª REGIÃO PORTO ALEGRE
TRF 5ª REGIÃO RECIFE
TRF 6ª REGIÃO MINAS GERAIS
Lembre-se agora que o art. 120, § 1º, inc. II, da CF, afirma que nos Estados onde houver
sede de TRF, um juiz deste tribunal será escolhido para compor o respectivo TRE. Logo, o
TRE-DF, TRE-RJ, TRE-SP, TRE-RS, TRE-MG e TRE-PE (sedes de TRF) possuem em suas
respectivas composições um juiz do TRF (órgão de 2ª instância da Justiça Federal). De modo
diverso, nos demais TREs, onde não há sede de TRF, no lugar do juiz de TRF temos, neces-
sariamente, um juiz federal (órgão de 1ª instância da Justiça Federal).
Passa-se à análise da forma de escolha de juízes dos TREs, tanto daqueles provenien-
tes de Tribunais, quanto daqueles oriundos da advocacia.
Da mesma forma que fizemos ao estudar a escolha de membros do TSE, vamos, dida-
ticamente, dividir o estudo da escolha de juízes do TRE.
a) Escolha de juízes dentre desembargadores e juízes de Direito da Justiça Estadual.
b) Escolha de juiz do TRF/Justiça Federal.
c) Escolha de juízes dentre advogados (ou juristas como alguns preferem).
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Como já vimos, para a escolha do membro do TRE na classe do TRF/JF, há duas pos-
sibilidades:
a) nos Estados onde houver Sede de TRF, é escolhido um juiz do TRF;
b) nos Estados onde não houver sede de TRF, é escolhido um juiz federal.
A escolha desse juiz do TRE na classe do TRF/JF não ocorre por meio de elei-
ção. A escolha é feita arbitrariamente pelo TRF sem qualquer tipo de eleição entre
seus membros.
Isso não é difícil de perceber após uma leitura cuidadosa do art. 120 da CF/88. Veja que
a menção à necessidade de eleição, pelo voto secreto, somente se aplica às alíneas “a” e
“b” do inc. I do referido artigo. Não se aplica, de maneira alguma, ao inc. II, o que desobriga
o TRF de realizar qualquer eleição para a escolha de membro de TRE.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
§ 1º Os TRE’s compor-se-ão:
(...)
III – por nomeação, pelo presidente da República, de dois Juízes dentre seis advo-
gados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo TJ.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
ATENÇÃO
Aqui cabe a mesma observação feita anteriormente quanto à lista tríplice para escolha dos
membros do TSE. Uma vez elaborada pelo TJ e homologada pelo TSE, o presidente da
República não poderá recusar a lista tríplice, sendo que sua escolha deve recair, obrigato-
riamente, entre um dos advogados nela constante.
LISTA TRÍPLICE
COMPETENTE
REQUISITOS RESPONSÁVEL
PARA SUA
NECESSÁRIOS PELA NOMEAÇÃO
ELABORAÇÃO
IDONEIDADE MORAL PRESIDENTE DA
TJ
NOTÁVEL SABER JURÍDICO REPÚBLICA
JURISPRUDÊNCIA
Tribunal Regional Eleitoral. Juízes da classe de Advogados. Artigos 120, § 1º, inc.
III, e 94, parágrafo único, da Constituição. Compete exclusivamente ao Tribunal
de Justiça do Estado a indicação de advogados, para composição de Tribunal
Regional Eleitoral, nos termos do art. 120, § 1º, inc. III, da Constituição, sem a
participação, portanto, do órgão de representação da respectiva classe, a que se
refere o parágrafo único do art. 94, quando trata da composição do quinto nos
Tribunais Regionais Federais, dos Estados, do Distrito Federal e Territórios. (MS
21.060, DJ de 23.8.1991)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
JURISPRUDÊNCIA
Art. 20, inciso II – incompatibilidade da advocacia com membros de órgãos do
Poder Judiciário. Interpretação de conformidade a afastar da sua abrangência os
membros da Justiça Eleitoral e os juízes suplentes não remunerados. (ADI n. 1127
MC /DF. Min. Rel. Paulo Brossard. Tribunal Pleno. DJ 29.6.01)
A segunda, a exemplo do que ocorre com os membros do TSE na classe dos advoga-
dos, revela-se na desnecessidade dos juízes do TRE, da classe dos advogados, cumprirem,
ao término de sua atuação no Tribunal, a “quarentena” estabelecida no art. 95, parágrafo
único, inc. V, da CF.,
JURISPRUDÊNCIA
QUESTÃO DE ORDEM. MAGISTRADO ELEITORAL. CLASSE JURISTA. ART.
95, PARÁGRAFO ÚNICO, V, DA CONSTITUIÇÃO. INAPLICABILIDADE. A res-
trição prevista no art. 95, parágrafo único, V, da Constituição não se aplica aos
ex-membros de Tribunais Eleitorais, oriundos da classe dos juristas.
2. Questão de ordem resolvida. (PET 3020, TSE)
Por último, mas não menos importante, tem-se que o processo de escolha dos juízes
substitutos do TRE é idêntico ao dos juízes efetivos, ou seja, para os juízes substitutos oriun-
dos da advocacia, dá-se a nomeação do presidente da República a partir de lista tríplice ela-
borada pelo TJ.
Agora que já explicamos o processo de escolha de todas as classes de juízes do TRE,
vamos a um quadro resumo para facilitar seu estudo e encerrar este assunto.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
JUÍZES DO TRE
(Processo de escolha)
As vedações à escolha dos juízes do TRE são as mesmas aplicadas à escolha dos
membros do TSE.
As vedações expressas no Código Eleitoral aplicáveis aos juízes do TRE estão elenca-
das no art. 25, §§ 6º e 7º, do CE.
A primeira delas, constante no art. 25, § 6º, do CE, afirma que não podem fazer parte
do TRE pessoas que tenham entre si parentesco, ainda que por afinidade, até o 4º grau,
excluindo-se, neste caso, a que tiver sido escolhida por último. Essa vedação se aplica
a todos os juízes do TRE, não importando a classe/categoria do ministro.
Caso você ainda não tenha gravado os graus de relação de parentesco, reveja as prin-
cipais relações de parentesco, explicitadas nos quadros “Relação de Parentesco por Con-
sanguinidade” e “Relação de Parentesco por Afinidade”.
Para não termos dúvidas acerca da ocorrência desse impedimento, vamos a um
caso prático.
EXEMPLO
O desembargador “A” é nomeado para juiz do TRE. Após algum tempo, seu cunhado
“B” é nomeado juiz do TRF e escolhido para compor o mesmo TRE. Isso é possí-
vel? Claro que não! Enquanto o juiz “A”, da classe dos desembargadores do TJ,
estiver no TRE, seu cunhado “B”, juiz do TRF, não poderá compor o TRE.
A outra vedação (art. 25, § 7º, do CE) afirma que a escolha desses membros não
poderá recair naqueles que estejam nas situações listadas abaixo.
a) Ocupe cargo público de que seja demissível ad nutum (cargo em comissão).
b) Seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada com subvenção, privilégio,
isenção ou favor em virtude de contrato com a administração pública.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Neste último tópico acerca do TRE, estudaremos sobre a temporalidade de seus mem-
bros no exercício das funções eleitorais.
Como vimos antes, na Justiça Eleitoral, em detrimento à garantia da vitaliciedade, apli-
ca-se o princípio da temporariedade do exercício das funções eleitorais, ou seja, todos os
seus membros — integrantes do TSE ou TRE, juiz eleitoral ou componente de junta elei-
toral — exercem a função eleitoral por um período determinado.
Para os juízes dos tribunais eleitorais — TSE e TRE — esse período de exercício das
funções eleitorais está expressamente determinado no art. 121, § 2º, nos seguintes termos:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Portanto, os juízes do TRE são escolhidos para exercerem as funções eleitorais por um
período de, no mínimo, 2 (dois) anos (um biênio), somente podendo se afastar antes do tér-
mino do mandato em razão de um motivo justificado.
Segundo o art. 14, § 1º, do CE, em regra, os biênios serão contados a partir da
posse, ininterruptamente, sem o desconto de qualquer afastamento nem mesmo o
decorrente de licença, férias, ou licença especial.
EXEMPLO
Imagine, por hipótese, que, em janeiro de 2032, Antônio se torne juiz efetivo de um
TER e, em janeiro de 2033, entre de licença médica e retorne ao Tribunal somente
em outubro do mesmo ano. Considerando que não há, durante o período de sua
licença médica, suspensão da contagem do seu biênio, passados dois meses do
seu retorno (novembro e dezembro de 2033), ocorrerá o término do seu 1º biênio
(2032 – 2033).
Existe, no entanto, uma exceção a essa regra. O art. 14, § 3º, do CE, afirma que da
homologação da respectiva convenção partidária até a apuração final da eleição, não pode-
rão servir como juízes nos Tribunais Eleitorais, ou como juiz eleitoral, o cônjuge, parente
consanguíneo legítimo ou ilegítimo, ou afim, até o segundo grau, de candidato a cargo eletivo
registrado na circunscrição (incluído pela Lei n. 4.961, de 4/5/1966). Nesse caso, segundo
o art. 14, § 1º c/c § 3º, do CE, esse período de afastamento dos juízes impedidos não é
computado para fins de contagem do biênio.
A regra de contagem ininterrupta de biênios, bem como a exceção do art. 14, § 3º c/c
§ 1º, do CE, é aplicável a todos os membros da Justiça Eleitoral, incluindo aí os minis-
tros do TSE.
Agora que você já sabe que os juízes do TRE (e os demais membros da Justiça Elei-
toral) exercem as funções eleitorais por, no mínimo, um biênio (2 anos) e que a contagem
desses biênios se faz de forma ininterrupta, com uma única exceção contida no art. 14, § 3º,
do CE, vamos estudar a possibilidade de, ao término do 1º biênio de mandato, haver recon-
dução ao cargo.
Sobre esse assunto temos que, a despeito do mandato de 2 anos (um biênio), é possível
haver a recondução de um membro do TRE para um único período subsequente, também de
2 anos (2º biênio). No entanto, um terceiro mandato em sequência (3º biênio) é vedado por lei.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
EXEMPLO
Imagine, por hipótese, que, em janeiro de 2032, Antônio, desembargador do TJ,
torne-se juiz efetivo do TRE. Passados dois anos (2032 – 2033), finda o seu biênio
obrigatório, também chamado 1º biênio. A partir daí, poderá ele ainda exercer um 2º
biênio (2034 – 2035) sem que haja qualquer impedimento, desde que o TJ o eleja
por meio de um escrutínio secreto. Agora, findo os dois biênios, um 3º biênio (2036
– 2037) está vedado.
Juiz Eleitoral
Como visto, a Justiça Eleitoral não possui um corpo próprio de magistrados. Desse
modo, as funções eleitorais em qualquer instância da Justiça Eleitoral — instância superior
(TSE), 2ª instância (TRE) e 1ª instância (Juiz Eleitoral) — são exercidas por um corpo de
juízes “emprestado” de outros Tribunais e, também, da advocacia.
Especificamente na 1ª instância, a função eleitoral, na qualidade de juiz eleitoral, é
exercida monocraticamente por um juiz de direito componente da Justiça Estadual. Assim,
temos na Justiça Eleitoral:
Justiça eleitoral
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
a) Se na comarca houver apenas um juiz, a escolha recairá sobre ele, passando a acu-
mular as funções eleitorais.
b) Caso haja na comarca mais de um juiz de direito, o TRE deverá designar o juiz elei-
toral observando o critério da antiguidade na comarca, atendendo ao sistema de rodízio, que,
por sua vez, pode ser afastado, pelo TRE, por maioria, em razão da conveniência do serviço
eleitoral.
Nesse processo de escolha junto à magistratura estadual, o TRE poderá escolher
magistrado vitalício, ou não, no cargo de juiz de direito. Desse modo, mesmo que o juiz
estadual esteja ainda em período de estágio probatório do seu cargo, isso não o impedirá de
assumir as funções eleitorais. Uma vez escolhido, o juiz eleitoral despachará todos os
dias na sede de sua zona eleitoral (art. 34 do CE).
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Neste último tópico sobre Juiz Eleitoral, vamos estudar sobre a temporalidade do juiz de
direito no exercício das funções eleitorais.
Embora não se tenha uma regra expressa para se definir o período em que o juiz de
direito deva exercer as funções eleitorais, segue-se a mesma lógica definida para os juízes
dos Tribunais, constante no art. 121, § 2º, da CF:
Assim, o juiz eleitoral designado pelo TRE deverá servir por 2 (dois) anos, havendo
rodízio, sempre que possível.
A regra de contagem dos biênios do juiz eleitoral segue a regra geral de contagem
de biênios da Justiça Eleitoral, contida no art. 14, § 1º, do CE. Nos termos desse disposi-
tivo, os biênios devem ser contados a partir da posse, ininterruptamente, sem o desconto de
qualquer afastamento nem mesmo o decorrente de licença, férias, ou licença especial.
O art. 14, § 1 c/c § 3º, do CE, traz a única exceção à regra ininterrupta de con-
tagem. Segundo esse dispositivo, o afastamento dos juízes eleitorais em decorrência do
registro de candidatura na sua circunscrição de seu cônjuge, parente consanguíneo legítimo
ou ilegítimo, ou afim, até o segundo grau, que se inicia na data da convenção partidária que
escolheu o candidato e termina na apuração final da eleição, não é computado para fins de
contagem de biênio.
Junta Eleitoral
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Quadro comparativo
A junta eleitoral é composta por um juiz de direito, que atua como presidente, e 2
(dois) ou 4 (quatro) cidadãos de notória idoneidade (art. 36 do CE). Observe que o presidente
da junta eleitoral não precisa ser um juiz de direito no exercício das funções, ou seja, não
precisa ser um juiz eleitoral. Basta, para tanto, ser um juiz de direito da Justiça Estadual, que
goze das garantias da magistratura (art. 37 do CE).
Em face da expressão “dois ou quatro cidadãos” contida na definição de sua composi-
ção, podemos, em tese, encontrar juntas eleitorais com apenas 3 (três) integrantes, sendo
1 (um) juiz de direito, na qualidade de presidente e mais 2 (dois) cidadãos; ou com 5 (cinco)
integrantes: 1 (um) juiz de direito, como presidente, e mais 4 (quatro) cidadãos.
No exercício das funções eleitorais, os membros da junta eleitoral gozam de plenas
garantias da magistratura, no que for aplicável.
(Com 5 integrantes)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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(Com 3 integrantes)
No que concerne ao número de juntas eleitorais, pode haver uma ou várias em uma
zona eleitoral. Na verdade, o limite do número de juntas eleitorais está relacionado apenas
com o número de juízes de direito que gozem das garantias asseguradas à magistratura, e
estejam, assim, aptos a presidi-las.
Os integrantes da junta eleitoral serão nomeados 60 dias antes da eleição pelo Presi-
dente do TRE, após aprovação do Tribunal Regional Eleitoral.
Até 10 (dez) dias antes da nomeação pelo presidente do TRE, os nomes das pessoas
indicadas para compor as juntas serão publicados no órgão oficial do Estado, podendo qual-
quer partido, no prazo de 3 (três) dias, em petição fundamentada, impugnar as indicações
(art. 36, § 2º, do CE).
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Assim como vimos nos demais órgãos da Justiça Eleitoral, existem algumas vedações
a serem observadas na escolha de membros de junta eleitoral. Nos termos do art. 36, § 3º,
do CE, não podem ser nomeados membros das juntas:
a) os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o segundo grau, inclu-
sive, e bem assim o cônjuge. Dessa forma, não pode ser integrante de junta eleitoral:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Para que não reste nenhuma dúvida, vamos a uma hipótese didática.
EXEMPLO
Imagine, por hipótese, que João, servidor do STF, seja pai de Antônio, funcionário de
um Shopping Center. Suponha ainda que não tenham eles nenhum tipo de paren-
tesco, seja por consanguinidade ou afinidade, com os candidatos aos cargos de
uma determinada eleição e não sejam membros de diretorias de partidos políticos.
Em razão de suas qualidades pessoais, João e Antônio são nomeados para compor
a mesma Junta Eleitoral. Isso é possível?
Claro que não! Apesar de não incidirem individualmente em nenhuma das veda-
ções para integrar uma junta eleitoral, os dois — pai e filho — não podem compor
a mesma junta eleitoral (art. 64 da Lei n. 9.504/97).
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Além disso, cumpre informar que a CF, no seu art. 121, deixou a cargo de lei comple-
mentar a definição da competência dos órgãos da Justiça Eleitoral.
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribu-
nais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais.
Na verdade, para a definição da competência dos órgãos da Justiça Eleitoral, não houve
a edição de nenhuma lei complementar, e sim a recepção da Lei Ordinária n. 4.737/65 —
Código Eleitoral — com status de lei complementar, especificamente na parte que trata da
definição de competência dos órgãos da Justiça Eleitoral.
Portanto, o estudo da competência dos órgãos da Justiça Eleitoral revela-se no estudo
do Código Eleitoral, mais precisamente dos quatro títulos da sua “Parte Segunda”.
Segundo o art. 23, VI, do CE, compete privativamente ao TSE fixar as datas para as
eleições de presidente e vice-presidente da República, senadores e deputados federais,
quando não o tiverem sido por lei.
De modo similar, compete privativamente ao TRE, nos termos do art. 30, IV, do CE,
fixar a data das eleições de governador e vice-governador, deputados estaduais, prefeitos,
vice-prefeitos, vereadores e juízes de paz, quando não determinada por disposição constitu-
cional ou legal.
Da análise desses dispositivos legais, conclui-se, de imediato, que a competência dos
órgãos da Justiça Eleitoral — TSE e TRE — para fixar datas de eleições a cargos eletivos é
residual. Isso significa que se tais datas já houverem sido objeto de fixação em lei, ficam sem
aplicação os dispositivos legais que conferem aos órgãos da Justiça Eleitoral esta tarefa.
Atualmente, em face da existência dos arts. 28 e 29, II, da CF, e arts. 1º e 2º da Lei n.
9.504/97, que fixam as datas dos referidos cargos eletivos, não se faz necessária a atuação
dos órgãos da Justiça Eleitoral.
Note-se, entretanto, que os dispositivos do CE que conferem a competência em análise
aos órgãos da Justiça Eleitoral não estão revogados, mas apenas momentaneamente sem
aplicação. Caso os dispositivos legais que hoje regem a matéria sejam revogados, podem
sim os órgãos da Justiça Eleitoral atuar no vazio legislativo.
Para facilitar seu estudo, vamos a um quadro esquemático.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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(Competência residual)
– Registro de candidatura
– Expedição de diplomas
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EXPEDIÇÃO DE DIPLOMAS
É muito comum pensar que cabe aos juízes eleitorais a expedição de diplomas de vere-
adores, prefeitos e vice-prefeitos. No entanto, observe que compete às Juntas Eleitorais
e não aos juízes eleitorais a expedição dos diplomas dos eleitos para os cargos muni-
cipais. Assim, podemos afirmar que, dentre os órgãos componentes da Justiça Eleitoral, os
juízes eleitorais são os únicos que não possuem competência para expedição de diplomas.
– Conflito de jurisdição
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Suspeição ou Impedimento
Os membros que compõem os órgãos da Justiça Eleitoral, com exceção dos compo-
nentes das juntas eleitorais – servem, salvo motivo justificado, por dois anos, no mínimo, e
nunca por mais de dois biênios consecutivos.
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A regra geral então é o exercício por no mínimo dois anos. Entretanto, a expressão
“salvo motivo justificado” permite, como exceção à regra, que mesmo antes de completar
dois anos de efetiva prestação jurisdicional na seara eleitoral venham os membros da Justiça
Eleitoral a se afastar do cargo. Nesse processo de pedido de afastamento dos seus mem-
bros, a atuação dos tribunais eleitorais se dá da seguinte forma:
Aqui, gostaríamos que você notasse, em especial, que o pedido de afastamento dos
membros de TREs é concedido pelo próprio tribunal regional (art. 30, III, CE), mas somente
após aprovação do TSE.
Nos demais casos, é intuitivo o processo: o TRE concede e aprova o afastamento dos
juízes eleitorais a ele vinculados; e o TSE, como órgão de cúpula da Justiça Eleitoral, con-
cede, após deliberação própria, o afastamento de seus membros (art. 23, III, CE).
JURISPRUDÊNCIA
A expressão crime comum, na linguagem constitucional, é usada em contrapo-
sição aos impropriamente chamados crimes de responsabilidade, cuja sanção é
política, e abrange, por conseguinte, todo e qualquer delito, entre outros, os crimes
eleitorais. Jurisprudência antiga e harmônica do STF [...]. (CJ n. 6.971, Rel. Min.
Paulo Brossard. DJ de 21.2.92).
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Feito esse esclarecimento inicial, cumpre informar que o art. 22, I, d, CE, que afirma a
competência do TSE para julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos
cometidos pelos seus próprios juízes e pelos juízes dos Tribunais Regionais Eleitorais, está
revogado pelos arts 102, I, “c”, e 105, I, “a”, ambos da CF/88.
No que se refere aos membros do TSE, a competência para julgá-los nos crimes
penais comuns, incluindo os crimes eleitorais, é do STF. A esse respeito:
Quanto aos crimes comuns, incluindo também os eleitorais, cometidos pelos membros
do TREs, a competência é do STJ.
No que se refere aos crimes cometidos pelos juízes eleitorais, mantém-se a distinção
entre crimes eleitorais e comuns, mesmo para fins de competência. Os Juízes Eleitorais, nos
crimes eleitorais e conexos, são julgados pelo respectivo Tribunal Regional Eleitoral, como
estabelece o art. 29, I, “d” do referido código, enquanto nos crimes comuns, a competência é
do Tribunal de Justiça – TJ.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Vamos estudar esse assunto usando uma metodologia um pouco diferente da que
vínhamos utilizando.
Primeiro, vamos tratá-lo no âmbito dos tribunais eleitorais — TSE e TRE — depois, ao
final, no Juiz Eleitoral.
Inicialmente, tenha em mente que: para que o mandado de segurança seja impetrado
na justiça eleitoral, deverá ele guardar afinidade com questões eleitorais, ou seja, deverá
atacar ato de autoridades eleitorais ou afetas a elas no âmbito do processo eleitoral.
Além disso, saiba que a competência para julgar o mandado de segurança é determi-
nada pela órbita a que pertence a autoridade coatora e pela sua localização territorial, a exce-
ção dos casos expressamente estabelecidos na Constituição e nas leis infraconstitucionais.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
A competência para julgar mandado de segurança contra atos dos membros dos tri-
bunais regionais eleitorais é do respectivo TRE. Essa afirmação é válida tanto para atos de
natureza eleitoral, quanto para atos administrativos relacionados ao funcionamento do res-
pectivo tribunal. Nesse sentido a jurisprudência do TSE.
JURISPRUDÊNCIA
A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que compete ao TRE o julga-
mento de mandado de segurança contra atos de seus membros (Precedentes:
AgR-MS n. 4.139/PR, Rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJE de 17.3.2009; AgR-MS n.
3.370/BA, Rel. Min. Eros Grau, DJ de 24.6.2008). (MS 4279, DJe 14.4.2010)
Quando o ato impugnado via mandado de segurança for do colegiado do TRE (e não
apenas de um de seus membros), há que se fazer uma distinção: para atos de natureza
administrativa — atos pertinentes ao funcionamento do próprio tribunal — o competente é o
próprio TRE; para atos de natureza eleitoral, a competência é do TSE.
JURISPRUDÊNCIA
A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que os TRE’s são competentes
para julgar mandado de segurança contra seus atos de natureza administrati-
va. (MS 3370, DJ 24.6.2008).
No que se refere aos mandados de segurança contra atos de juízes eleitorais, a com-
petência para julgá-los é do TRE ao qual está vinculado o juiz eleitoral cujo ato tenha sido
impugnado.
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QUADRO DE COMPETÊNCIAS
(Mandado de segurança)
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QUADRO DE COMPETÊNCIAS
No Juiz Eleitoral
EXEMPLO
Imagine, por hipótese, que o Secretário de Saúde de um município do Estado de
São Paulo emita, ex-ofício, dentro do período de três meses que antecedem a elei-
ção, um ato transferindo professores para uma unidade de ensino de difícil acesso,
em razão de tais professores não manifestarem apoio à candidatura de determi-
nado candidato. Esse ato ilegal pela sua correlação com o processo eleitoral é
passível de mandado de segurança pelos prejudicados perante a Justiça Eleitoral,
sendo competente para julgá-lo o juiz eleitoral da respectiva circunscrição. Essa
competência é definida, primeiro, em razão da órbita de atuação da autoridade coa-
tora ser municipal; e, segundo, pelo fato de não haver determinação legal dispondo
de forma taxativa a autoridade competente para apreciar a matéria.
Pedido de Desaforamento
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Feitos esses esclarecimentos iniciais, a competência para julgá-los pode ser assim
explicitada.
PEDIDOS DE DESAFORAMENTO
O processo de divisão ou criação de zonas eleitorais nos Estados pode ser dividido em
duas etapas: na primeira, os TREs elaboram e encaminham a proposta de criação ou altera-
ção ao TSE (art. 30, IX, CE); na segunda, a Corte Suprema Eleitoral aprova a proposta das
cortes regionais (art. 23, VIII, CE).
Uma vez criada a zona eleitoral, é possível ainda que essa seja objeto de divisão em
seções eleitorais. A competência para proceder a essa divisão é do juiz eleitoral, e não do
TRE a que ele esteja vinculado (art. 35, X, CE).
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Por último, vale ressaltar ainda que, criadas as seções, cabe ainda ao juiz eleitoral
designar, até 60 dias antes das eleições, os locais onde elas serão efetivamente instaladas
para funcionar no dia das eleições (art. 35, XIII, CE).
A requisição de força federal é ato dirigido ao Poder Executivo para garantir o cumpri-
mento da lei, de decisão judiciária ou para garantir a lisura do pleito eleitoral.
Trata-se de uma prerrogativa privativa do TSE no âmbito da Justiça Eleitoral. Assim,
mesmo quando um tribunal regional dela pretende fazer uso, essa requisição deve necessa-
riamente ser dirigida ao TSE para que este então encaminhe o pedido ao Poder Executivo.
Vamos a um esquema didático para facilitar o estudo.
Consultas Eleitorais
A função consultiva é uma das funções peculiares da Justiça Eleitoral. Tem como fina-
lidade esclarecer dúvidas sobre a matéria eleitoral a partir de questionamentos elaborados,
em tese, aos tribunais eleitorais.
O Código Eleitoral atribui somente aos tribunais eleitorais — TSE (art. 23, XIII) e TRE
(art. 30, VIII) — a competência para responder consultas. Assim, os juízes eleitorais e as
juntas eleitorais não podem, em hipótese alguma, se pronunciar por meio delas.
Nesse caso, a competência não é definida a partir do objeto da discussão, mas sim em
face da pessoa/órgão do consulente (aquele que faz a consulta).
Ao TSE, somente podem formular consultas autoridade pública com jurisdição federal
(presidente e vice-presidente da República, deputado federal, senador, ministro de Estado
etc.) ou partido político, por meio de seu órgão de direção nacional.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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CONSULTAS ELEITORAIS
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Quanto às decisões do TSE, temos quem em regra tais decisões são irrecorríveis. No
entanto, como exceção, é possível impugná-las quando contrariarem a Constituição e as
denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança, sendo o STF o órgão compe-
tente para julgamento dos recursos (art. 121, § 3º, CF).
É claro que essa matéria está intimamente relacionada com as espécies de recurso no
âmbito da Justiça Eleitoral, mas não vamos nos esquecer que a matéria a ser tratada aqui
é de competência, então vamos nos ater a este assunto e, no momento oportuno, ou seja,
num tópico específico de recursos, trataremos com mais detalhes de cada um dos possíveis
meios de impugnação previstos no âmbito da Justiça Eleitoral.
Existem outras competências que achamos melhor estudá-las de forma isolada. É o
que vamos fazer agora na 2ª parte deste subtítulo.
Nesta 2ª parte, que vamos iniciar agora, existem algumas delas que são próprias de
um ou outro órgão, tornando necessário seu estudo de forma isolada. Mas não se preocupe,
vamos sistematizar este estudo trazendo primeiro as principais competências do TSE, para
em seguida tratar das do TRE, juízes eleitorais e, finalmente as das juntas eleitorais.
Competências do TSE
A maior parte das competências do TSE, que estudaremos a seguir, se relaciona com
a sua organização administrativa. Essa relação facilita o estudo dessas competências, pois
torna quase intuitivo o seu aprendizado. Vamos às principais delas, fazendo, quando neces-
sário, algum esclarecimento.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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LISTA TRÍPLICE
Competências do TRE
Continuando nosso estudo, temos ainda algumas competências dos TREs, que mere-
cem uma especial atenção. Vamos a elas (faremos algum esclarecimento quando necessário).
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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erroneamente, que compete ao juiz eleitoral a sua constituição, quando, na verdade, tal
competência é do TRE.
• Designar, onde houver mais de uma vara, aquela ou aquelas, a que incumbe o serviço
eleitoral.
• Aplicar as penas disciplinares de advertência e de suspensão até 30 (trinta) dias aos
juízes eleitorais.
• Indicar ao Tribunal Superior as zonas eleitorais ou seções em que a contagem dos
votos deva ser feita pela mesa receptora.
Agora, veremos algumas competências do juiz eleitoral, as quais não devem ser
esquecidas.
• Processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada
a competência originária do Tribunal Superior e dos Tribunais Regionais.
• Indicar, para aprovação do Tribunal Regional, a serventia de justiça que deve ter o
anexo da escrivania eleitoral.
• Dirigir os processos eleitorais e determinar a inscrição e a exclusão de eleitores.
• Expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor.
• Mandar organizar em ordem alfabética, relação dos eleitores de cada seção, para
remessa a mesa receptora, juntamente com a folha individual de votação (art. 35, XI, CE).
• Nomear, 60 dias antes da eleição, em audiência pública anunciada com pelo menos 5
(cinco) dias de antecedência, os membros das mesas receptoras: em cada seção elei-
toral temos uma mesa receptora de votos composta por um presidente, um primeiro e
um segundo mesários, dois secretários e um suplente, sendo que todos são nomeados
pelo juiz eleitoral competente.
• Fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos não alistados, por dispensa-
dos do alistamento, um certificado que os isente das sanções legais.
Para finalizar esta exposição, vamos tratar aqui das competências das juntas eleitorais.
As juntas eleitorais possuem apenas, e tão somente, 4 (quatro) competências.
Vamos a elas.
• Expedir diploma aos eleitos para cargos municipais: nós já tratamos dessa competência
no início deste tópico, mas não custa nada reiterar que a expedição dos diplomas dos
eleitos para os cargos municipais – prefeito, vice-prefeito e vereador – são de compe-
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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tência da junta eleitoral. Não se esqueça! Não cabe ao juiz eleitoral a expedição de
diplomas, nem mesmo dos diplomas relativos aos cargos municipais.
• Apurar no prazo de 10 (dez) dias, as eleições realizadas nas zonas eleitorais sob a sua
jurisdição.
• Resolver as impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos de con-
tagem e da apuração. É isso mesmo! Os incidentes verificados durante os trabalhos
de contagem e apuração dos votos são resolvidos pelas juntas eleitorais e não pelos
juízes eleitorais.
• Expedir os boletins de apuração.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Constituição Federal
Art. 128. O Ministério Público abrange:
I – o Ministério Público da União, que compreende:
a) o Ministério Público Federal;
b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
II – os Ministérios Públicos dos Estados.
• Unidade – por esse princípio, todos os membros do MPU integram um só órgão sob
direção do procurador-geral da República. Atente-se para o fato de que essa unidade
não indica que o Ministério Público dos Estados e o Ministério Público da União consti-
tuem um só órgão. Na verdade, o MPU é um único órgão e é integrado por seus diver-
sos membros.
• Indivisibilidade – indica que os membros do Ministério Público não se vinculam aos
processos em que atuam e podem ser substituídos por outros membros de acordo com
as normas previstas na lei de organização do MP. Trata-se de uma decorrência do prin-
cípio da unidade, pois a atuação de cada membro do MP é a atuação do próprio Minis-
tério Público. Assim, caso haja substituição de um membro do MP por outro, não haverá
nenhuma consequência jurídica, já que ambos representam o MP. Sobre a matéria:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Procurador-Geral Eleitoral
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Art. 24. Compete ao Procurador Geral, como Chefe do Ministério Público Eleitoral;
I – assistir às sessões do Tribunal Superior e tomar parte nas discussões;
II – exercer a ação pública e promovê‑la até final, em todos os feitos de competên-
cia originária do Tribunal;
III – oficiar em todos os recursos encaminhados ao Tribunal;
IV – manifestar‑se, por escrito ou oralmente, em todos os assuntos submetidos à
deliberação do Tribunal, quando solicitada sua audiência por qualquer dos juízes,
ou por iniciativa sua, se entender necessário;
V – defender a jurisdição do Tribunal;
VI – representar ao Tribunal sobre a fiel observância das leis eleitorais, especial-
mente quanto à sua aplicação uniforme em todo o País;
VII – requisitar diligências, certidões e esclarecimentos necessários ao desempe-
nho de suas atribuições;
VIII – expedir instruções aos órgãos do Ministério Público junto aos Tribunais
Regionais;
IX – acompanhar, quando solicitado, o Corregedor Geral, pessoalmente ou por
intermédio de Procurador que designe, nas diligências a serem realizadas.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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regionais da República no Estado e no Distrito Federal, ou, onde não houver, dentre os pro-
curadores da República vitalícios, para um mandato de dois anos. Somente pode ser recon-
duzido uma única vez.
Se houver prévia autorização do procurador‑geral da República, os Procuradores Regio-
nais Eleitorais poderão requisitar membros do Ministério Público dos Estados para auxiliá-
‑los no exercício de suas atribuições, não tendo esses, assento nas sessões do TRE (§ 4º,
art. 27, CE).
Pode ser destituído pelo procurador‑geral eleitoral, antes do término de seu mandato,
desde que haja manifestação favorável da maioria absoluta do Conselho Superior do Minis-
tério Público Federal.
No que se refere às competências do PRE, o Código Eleitoral prescreve que “compete
aos Procuradores Regionais exercer, perante os Tribunais junto aos quais servirem, as atri-
buições de Procurador‑Geral”.
Promotores Eleitorais
Esse promotor eleitoral é um membro do Ministério Público do Estado que oficia perante
o Juiz de Direito incumbido da jurisdição eleitoral. São indicados pelo procurador-geral de
Justiça e nomeados pelo procurador regional eleitoral. A esse respeito, tem-se o art. 79 da
Lei Complementar n. 75/1993:
Art. 79. O Promotor Eleitoral será o membro do Ministério Público local que oficie
junto ao Juízo incumbido do serviço eleitoral de cada Zona.
Parágrafo único. Na inexistência de Promotor que oficie perante a Zona Eleitoral,
ou havendo impedimento ou recusa justificada, o Chefe do Ministério Público local
indicará ao Procurador Regional Eleitoral o substituto a ser designado.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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• Direto da doutrina
A esse respeito:
JURISPRUDÊNCIA
1. Incompetência originária do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL para conhecer
e dirimir conflito de atribuições entre membros de ramos diversos do Ministério
Público. Inaplicabilidade do art. 102, I, f, da CF, por ausência de risco ao equilíbrio
federativo. 2. Impossibilidade de encaminhamento do conflito de atribuição para
o Procurador-Geral da República, enquanto autoridade competente, pois é parte
interessada na solução da demanda administrativa, uma vez que acumula a Che-
fia do Ministério Público da União com a chefia de um de seus ramos, o Ministério
Público Federal, nos termos da LC 75/1993. 3. Os membros do Ministério Público
integram um só órgão sob a direção única de um só Procurador-Geral, ressalvan-
do-se, porém, que só existem unidade e indivisibilidade dentro de cada Ministério
Público, inexistindo qualquer relação de hierarquia entre o Ministério Público Fe-
deral e os dos Estados, entre o de um Estado e o de outro, ou entre os diversos ra-
mos do Ministério Público da União. 4. EC 45/2004 e interpretação sistemática da
Constituição Federal. A solução de conflitos de atribuições entre ramos diversos
dos Ministérios Públicos pelo CNMP, nos termos do artigo 130-A, § 2º, e incisos I
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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6. ALISTAMENTO ELEITORAL
O alistamento eleitoral é o ato jurídico por meio do qual se admite um cidadão no corpo
eleitoral, organizado e mantido pela Justiça Eleitoral. Para a admissão de uma pessoa no
cadastro eleitoral, existem vários requisitos que devem ser observados. Segue os principais
conceitos de alistamento eleitoral apontados pela doutrina.
Para José Jairo Gomes (2012, p. 119),
Para finalizar, segue o elucidativo conceito de alistamento eleitoral trazido por Zilio (p. 96):
De acordo com o Código Eleitoral, o alistamento eleitoral é composto por duas fases:
qualificação e inscrição do eleitor. Em primeiro lugar, o eleitor apresenta seus dados pessoais
para a comprovação do preenchimento dos requisitos de alistabilidade. Depois, o juiz eleito-
ral determina sua inscrição no cadastro eleitoral.
Os requisitos exigidos para que se possa alistar estão delineados na Constituição Fede-
ral, no Código Eleitoral e, ainda, na Resolução TSE n. 21.538/2003 do Tribunal Superior
Eleitoral.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Apesar de o alistamento eleitoral ser obrigatório para a maioria das pessoas, para algu-
mas se trata de um procedimento facultativo, enquanto outras se encontram impedidas de
se alistar.
Analisa-se então os casos em que a lei impõe, faculta e impede o alistamento eleitoral.
• Obrigatoriedade do alistamento
No Brasil o alistamento é obrigatório para os maiores de dezoito anos (art. 14, § 1º,
I, CF). Essa obrigatoriedade é válida tanto para o brasileiro nato quanto para o brasileiro
naturalizado.
O brasileiro nato que não se alistar até os 19 anos, ou o naturalizado que não se alistar
até um ano depois de adquirida a nacionalidade brasileira, ficará sujeita a multa imposta pelo
juiz eleitoral e cobrada no ato da inscrição (art. 8º, CE, e art. 33 da Res.-TSE 23.659/2021).
Todavia, não se aplica a referida multa àquele que requerer sua inscrição eleitoral até
o centésimo quinquagésimo primeiro dia (151 dias) anterior à eleição subsequente à
data em que completar 19 anos (art. 8º c/c art. 91, Lei 9.504/97 e art. 33, parágrafo primeiro
da Resolução-TSE n. 23.659/2021).
A esse respeito, veja o teor do dispositivo da Resolução-TSE n. 23.659/2021:
Art. 33. Incorrerá em multa a ser imposta pelo juízo eleitoral e cobrada no ato do
alistamento a pessoa brasileira:
I – nata, nascida em território nacional, que não se alistar até os 19 anos;
II – nata, nascida em território nacional ou nascida no exterior, filha de brasileiro
ou brasileira registrada em repartição diplomática brasileira, que não se alistar até
os 19 anos; e
III – naturalizada, maior de 18 anos, que não se alistar até um ano depois de ad-
quirida a nacionalidade brasileira.
§ 1º Não se aplicará a sanção prevista no caput deste artigo:
a) à pessoa brasileira nata que requerer sua inscrição eleitoral até o 151º dia an-
terior à eleição subsequente à data em que completar 19 anos, na hipótese do
inciso I deste artigo, ou à data em que se completar um ano de sua opção pela
nacionalidade brasileira, na hipótese do inciso II deste artigo;
b) à pessoa que se alfabetizar após a idade prevista no art. 32 desta Resolução; e
c) à pessoa que declarar, perante qualquer juízo eleitoral, sob as penas da lei, seu
estado de pobreza.
Vamos a uma hipótese didática, que trata da não aplicação da multa àqueles que se
inscrevem após completarem 19 anos.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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EXEMPLO
Imagine que Antônio, brasileiro nato, morador do Distrito Federal, completou 19 anos
em 01/02/2007, vindo a solicitar sua inscrição eleitoral somente em 01/02/2010.
Pela regra do art. 8º do CE, o brasileiro nato deve se alistar até os 19 anos, sob
pena de multa. Porém, nesse caso, a Antônio não foi cominada nenhuma multa,
visto que ele solicitou sua inscrição antes do centésimo quinquagésimo primeiro dia
anterior à eleição presidencial de 2010, que é a subsequente ao seu aniversário, já
que no DF não houve eleições em 2008 por se tratar de uma eleição para cargos
municipais.
Se Antônio morasse em qualquer outra unidade da Federação, ele poderia se alis-
tar, sem o pagamento de multa, somente até o centésimo quinquagésimo primeiro
dia anterior à eleição de 2008, pois diferente do DF, nesses lugares há eleições
municipais.
• Facultatividade do alistamento
É facultativo o alistamento para os analfabetos (art. 14, § 1º, II, a, CF). Se o anal-
fabeto deixar de sê-lo, deverá requerer sua inscrição eleitoral, não se sujeitando à multa
imposta pelo juiz eleitoral e cobrada no ato da inscrição (art. 8º, CE, e art. 15 da Res.-TSE
21.538/03).
Do mesmo modo, é facultativo o alistamento também para os maiores de dezesseis e
menores de dezoito anos (art. 14, § 1º, II, c, CF), bem assim para os maiores de 70 anos
(art. 14, § 1º, II, b, CF).
No que se refere à idade, o art. 30 da Res.-TSE 23.659/2021 traz uma hipótese em
que o alistamento eleitoral pode facultativamente ser realizado por quem ainda não comple-
tou 16 anos.
Segundo o referido artigo da resolução, é facultado o alistamento, do menor com 15
anos. No entanto, o título emitido nessas condições somente surtirá efeitos com o imple-
mento da idade de 16 anos. Com essa prescrição referida na Resolução-TSE n. 23.659/2021:
Art. 30. A partir da data em que a pessoa completar 15 anos, é facultado o seu
alistamento eleitoral.
§ 1º Nos anos em que se realizarem eleições ordinárias, o alistamento de que trata
o caput deste artigo deverá ser solicitado até o encerramento do prazo fixado para
requerimento de operações do cadastro.
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Resolucao-TSE n. 23.659/2021
Art. 15. Não estará sujeita às sanções legais decorrentes da ausência de alista-
mento e do não exercício do voto a pessoa com deficiência para quem seja impos-
sível ou demasiadamente oneroso o cumprimento daquelas obrigações eleitorais
§ 1º A pessoa nas condições do caput deste artigo poderá, pessoalmente ou por
meio de curador /curadora, apoiador/apoiadora ou procurador/procuradora devi-
damente constituído(a) por instrumento público ou particular, requerer:
a) a expedição da certidão prevista no inciso VII do art. 3º desta Resolução, com
prazo de validade indeterminado, se ainda não houver se alistado eleitora; ou
b) caso já possua inscrição eleitoral, o lançamento da informação no Cadastro
Eleitoral, mediante comando próprio que a isentará da sanção por ausência às
urnas ou aos trabalhos eleitorais.
§ 2º O requerimento a que se refere o parágrafo precedente deverá ser dirigido ao
juízo eleitoral, acompanhado de autodeclaração da deficiência ou documentação
comprobatória.
§ 3º Na avaliação da impossibilidade ou da onerosidade para o exercício das obri-
gações eleitorais, serão consideradas, também, a situação socioeconômica da
pessoa requerente e as barreiras de qualquer natureza que dificultam ou impedem
o seu alistamento ou direito ao voto.
§ 4º A providência a que se refere a alínea b do § 1º deste artigo inativará a situa-
ção de eventual registro por ausência às urnas ou aos trabalhos eleitorais, desde
que esta decorra da situação descrita no caput.
§ 5º O disposto neste artigo não constitui exceção ao alistamento eleitoral obriga-
tório e não exclui o gozo de direitos políticos que dele decorram, cabendo ao tribu-
nal regional eleitoral, sempre que possível, viabilizar o atendimento em domicílio
para fins de alistamento, nos termos do art. 46 desta Resolução.
§ 6º A Justiça Eleitoral empreenderá esforços para garantir a acessibilidade nos
cartórios eleitorais e postos de atendimento, ainda que por meio de acordo ou
convênio com o Município ou Estado
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Veja que, de acordo com o TSE, o alistamento eleitoral dos PNEs é obrigatório. Con-
tudo, aplicando o princípio da isonomia e equiparando os PNEs, que tenham um excessivo
ônus ou impossibilidade fática de exercício das obrigações eleitorais, aos maiores de 70
anos, que também têm natural dificuldade de exercício das obrigações eleitorais, previu-se a
não imposição de sanções pelo não cumprimento das obrigações eleitorais.
Essa previsão da regulamentação expedida pelo Tribunal Superior Eleitoral sobre o tra-
tamento a ser conferido às Pessoas com Necessidades Especiais que tenham uma exces-
siva dificuldade para o exercício das obrigações eleitorais suscitou uma discussão sobre a
natureza jurídica do alistamento eleitoral nesse caso.
Acerca desse tema, existem duas correntes doutrinárias que analisam a espécie do
alistamento das Pessoas com Necessidades Especiais graves. Com efeito, há doutrinadores
que afirmam que o alistamento e o voto são obrigatórios a todos os portadores de necessida-
des especiais. Nesse sentido, de acordo com Cerqueira e Cerqueira (2010, p. 86):
Por outro lado, reconhece-se, também, em nível doutrinário, que se faculta o cumpri-
mento das obrigações eleitorais a essa classe de cidadãos.
JURISPRUDÊNCIA
Controvérsia interessante colocou-se perante a Justiça Eleitoral a propósito da
obrigatoriedade do voto dos portadores de deficiência grave, cuja situação impos-
sibilite ou torne extremamente oneroso o exercício de suas obrigações eleitorais.
A questão ganha relevância tendo em vista que norma do Código Eleitoral, ante-
rior à Constituição de 1988, que desobrigava o alistamento do “inválido” (art. 6º,
I). O Tribunal Superior Eleitoral, respondendo uma consulta formulada pelo TRE/
ES, observou que a ausência de qualquer disciplina constitucional sobre matéria
tão relevante sugeria não um silêncio eloquente, mas uma clara “lacuna” suscetí-
vel de ser colmatada mediante interpretação que reconhecesse também o caráter
facultativo do alistamento e do voto aos maiores de 70 anos, atentou certamente,
para as prováveis limitações físicas decorrentes de sua idade, de modo a não
transformar o exercício do voto em transtorno ao seu bem-estar. [...] Cuidar-se-ia
de uma “lacuna” suscetível de ser superada com base nos próprios princípios es-
truturantes do sistema constitucional, suficientes a legitimar uma cláusula implícita
que justificasse outras exceções ao alistamento obrigatório, desde que compatível
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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com o “projeto” fixado pelo texto constitucional. [...] Por esses fundamentos, expe-
diu- se a Resolução n. 21.920, publicada no DJ de 1º/10/2004, que eximiu de san-
ção a pessoa portadora de deficiência que torne impossível ou demasiadamente
oneroso o cumprimento das obrigações eleitorais, relativas ao alistamento e ao
exercício do voto. (MENDES et al, 2009, p. 781-782)
ALISTAMENTO ELEITORAL
(Obrigatoriedade e facultatividade)
• Impedimento do alistamento
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JURISPRUDÊNCIA
A palavra “conscrito” constante deste dispositivo alcança também aqueles matricu-
lados nos órgãos de formação de reserva e os médicos, dentistas, farmacêuticos e
veterinários que prestam serviço militar inicial obrigatório (Res.-TSE n. 15.850/89).
JURISPRUDÊNCIA
Consoante o § 2º do artigo 14 da CF, a não alistabilidade como eleitores somente
é imputada aos estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório,
aos conscritos, observada, naturalmente, a vedação que se impõe em face da
incapacidade absoluta nos termos da lei civil. (TSE, PA n. 19.840/2010).
Cumpre ainda informar que, recentemente, o TSE decidiu que a vedação ao alista-
mento para os que não saibam exprimir-se na língua nacional, contida no art. 5º, II, CE, não
foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988. Segundo o TSE:
JURISPRUDÊNCIA
Vedado impor qualquer empecilho ao alistamento eleitoral que não esteja previsto
na Lei Maior, por caracterizar restrição indevida a direito político, há que afirmar
a inexigibilidade de fluência da língua pátria para que o indígena ainda sob tu-
tela e o brasileiro possam alistar-se eleitores. Declarada a não recepção do art.
5º, inciso II, do Código Eleitoral pela Constituição Federal de 1988. (TSE, PA n.
19.840/2010).
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EXEMPLO
Um jovem entre os 16 e 18 anos requereu com sucesso seu alistamento eleitoral.
Passados dois anos, o jovem completou 18 anos e foi selecionado para cumprir o
serviço militar obrigatório, ou seja, tornou-se um conscrito. Durante o período de
serviço militar, se sobrevier uma eleição, pode o conscrito, que já havia sido inscrito
no cadastro geral de eleitores, por meio do alistamento eleitoral, exercer o direito
de votar na eleição?
O TSE decidiu que não pode o conscrito, mesmo que já tenha inscrição eleitoral,
exercer o direito do voto (PA 16.337, DJ de 14.5.98).
Qualificação e Inscrição
Procedimento do Alistamento
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Esquematicamente:
A partir daqui, há duas possibilidades. O juiz poderá deferir ou indeferir pedido. Vamos
estudar primeiro o caso de deferimento.
Art. 52. Havendo dúvida quanto à identidade da pessoa, do vínculo invocado para
a fixação do domicílio ou de outro requisito indispensável para o deferimento do
pedido, o juízo poderá determinar a adoção de diligências ou notificar a(o) reque-
rente para que compareça ao cartório eleitoral.
§ 1º A notificação a que se refere o caput deste artigo poderá ser feita por meio do
serviço de que trata o inciso II do art. 44 desta Resolução e indicará com precisão
o documento faltante ou o esclarecimento a ser prestado, bem como o prazo no
qual a determinação deve ser atendida.
§ 2º Provimento da Corregedoria-Geral Eleitoral disporá sobre os prazos para
complementação de documentos e de atendimento a diligências.
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Art. 57. Qualquer partido político e o Ministério Público Eleitoral poderão interpor
recurso contra o deferimento do alistamento ou da transferência, no prazo de 10
dias, contados da disponibilização da listagem prevista no art. 54 desta Resolução.
Art. 58. Indeferido o alistamento ou a transferência, poderão interpor recurso, no
prazo de 5 dias:
a) o eleitor ou a eleitora, contando-se o prazo respectivo a partir da data em que for
realizada a notificação sob uma das formas previstas no art. 55 desta Resolução;
b) o Ministério Público Eleitoral, fluindo o prazo respectivo da disponibilização da
listagem prevista no art. 54 desta Resolução.
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Domicílio Eleitoral
O Código Eleitoral define domicílio eleitoral, para efeito de inscrição, o lugar de resi-
dência ou moradia do requerente e, verificado ter o alistando mais de uma, considerar-se-á
domicílio qualquer delas (art. 42, CE).
Esse conceito, um tanto restrito, foi, no entanto, elastecido pela jurisprudência dos Tri-
bunais, os quais passaram a admitir como prova de domicílio não só a moradia, mas também
outros vínculos, tais como negócios, propriedades, atividades políticas, atividades sociais,
vínculos de afetividade etc. Essa orientação jurisprudencial veio a confirmar a ideia de que
o domicílio eleitoral não se confunde com o domicílio civil. Veja a jurisprudência do TSE
nesse sentido:
JURISPRUDÊNCIA
O conceito de domicílio eleitoral não se confunde com o de domicílio do direito
comum, regido pelo Código Civil. Mais flexível e elástico, identifica-se com a resi-
dência e o lugar onde o interessado tem vínculos políticos e sociais (Ac. 16.937,
DJ de 29.8.2000).
O domicílio eleitoral não se confunde, necessariamente, com o domicílio civil. A
circunstância de o eleitor residir em determinado município não constitui obstáculo
a que se candidate em outra localidade onde é inscrito e com a qual mantém víncu-
los (negócios, propriedades, atividades políticas) (Ac. 18.124, DJ de 16.11.2000).
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Ao requerer sua inscrição eleitoral, o alistando deve fazê-lo no seu domicílio eleitoral. E
isso é intuitivo, pois são as pessoas ali domiciliadas, as quais possuem interesse na melhoria
do local, que devem escolher os seus mandatários. Não é razoável que pessoas estranhas
ao local e que com ele não possua nenhum vínculo participe desse processo.
Desse modo, pode-se afirmar que o domicílio na circunscrição é condição imprescindí-
vel para o deferimento do pedido de inscrição eleitoral pelo juiz.
Na verdade, a comprovação do domicílio no local da inscrição é imprescindível não
somente no momento da primeira inscrição, mas também no procedimento de transferência
dessa inscrição para outra zona eleitoral. Aliás, esse é o nosso próximo assunto.
Transferência Eleitoral
Requisitos
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EXEMPLO
Imagine que Antônio, servidor público federal, seja removido no interesse da Admi-
nistração da cidade de Brasília para a cidade de Belo Horizonte. Em razão disso,
Antônio e sua esposa, Maria, providenciam sua mudança para a nova cidade. Logo
após se instalarem na cidade, mais precisamente 1 mês depois, Maria se dirige ao
cartório eleitoral e solicita a transferência do seu título eleitoral de Brasília para Belo
Horizonte. Mesmo Maria não sendo servidora pública, o juiz eleitoral deverá deferir
seu pedido, haja vista sua mudança de domicílio ter sido ocasionada pela remoção
de seu marido, servidor público.
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Seção III
DA TRANSFERÊNCIA
Art. 37. A transferência será realizada quando a pessoa desejar alterar seu do-
micílio eleitoral, em conjunto ou não com eventual retificação de dados ou regu-
larização de inscrição cancelada, e for encontrado em seu nome, em município
diverso ou no exterior, número de inscrição regular, suspensa ou, se cancelada,
por motivo que permita sua reutilização.
Art. 38. A transferência só será admitida se satisfeitas as seguintes exigências:
I – apresentação do requerimento perante a unidade de atendimento da Justiça
Eleitoral do novo domicílio no prazo estabelecido pela legislação vigente;
II – transcurso de, pelo menos, um ano do alistamento ou da última transferência;
III – tempo mínimo de três meses de vínculo com o município, dentre aqueles ap-
tos a configurar o domicílio eleitoral, nos termos do art. 23 desta Resolução, pelo
tempo mínimo de três meses, declarado, sob as penas da lei, pela própria pessoa
( Lei n. 6.996/1982, art. 8º);
IV – regular cumprimento das obrigações de comparecimento às urnas e de aten-
dimento a convocações para auxiliar nos trabalhos eleitorais. § 1º Os prazos pre-
vistos nos incisos II e III deste artigo não se aplicam à transferência eleitoral de:
a) servidor público civil e militar ou de membro de sua família, por motivo de remo-
ção, transferência ou posse ( Lei n. 6.996/1982, art. 8º, parágrafo único); e
b) indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência, trabalhadores rurais safristas
e pessoas que tenham sido forçadas, em razão de tragédia ambiental, a mudar
sua residência.
§ 2º Não comprovada de plano a regularidade das obrigações referidas no inciso
IV deste artigo, e não sendo o caso de isenção, será cobrada do eleitor multa no
valor arbitrado pelo juízo da zona eleitoral de sua inscrição.
§ 3º Se a multa devida por ausência às urnas ou por desatendimento a convoca-
ções para os trabalhos eleitorais ainda não tiver sido arbitrada pelo juízo eleitoral
competente, o eleitor ou a eleitora poderá optar, desde logo, por recolhê-la no
valor máximo, não decuplicado, previsto na legislação.
§ 4º Feito o pagamento da multa, será concluída a transferência e, se for o caso
do § 3º deste artigo, será feita a comunicação ao juízo competente, com vistas à
extinção de eventual procedimento administrativo em que se apure a situação de
mesário faltoso.
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tiva (art. 15, IV, CF) e a condenação por ato de improbidade administrativa (art. 15, V, CF).
Em havendo perda ou suspensão de direitos políticos, têm-se como consequência jurídica o
cancelamento da inscrição (art. 71, CE).
Neste ponto, faz-se oportuno uma observação. A doutrina majoritária e até mesmo a
Res.-TSE 23.659/2021, no seu art. 51, entende que nos casos de suspensão de direitos
opera-se a suspensão da inscrição eleitoral e não o seu cancelamento. Todavia, as bancas
de concurso, como CESPE, FCC e outras, vêm cobrando a literalidade do art. 71 do Código
Eleitoral. Assim, nesses casos, para fins de concurso público, opera-se o cancelamento da
inscrição eleitoral.
Seção II
DAS RESTRIÇÕES A DIREITOS POLÍTICOS E DE SUA REGULARIZAÇÃO
Art. 18. Tomando conhecimento de fato ensejador de suspensão de direitos polí-
ticos ou de impedimento ao exercício do voto, a zona eleitoral competente provi-
denciará o imediato registro da situação no Cadastro Eleitoral.
§ 1º Quando não for de sua competência realizar a anotação, o juízo eleitoral co-
municará o fato diretamente à zona eleitoral à qual pertencer a inscrição do eleitor
ou da eleitora.
§ 2º Tratando-se de pessoa que não possui inscrição eleitoral, o registro será feito
diretamente na base de perda e suspensão de direitos políticos, pela corregedoria
regional eleitoral que primeiro tomar conhecimento do fato.
§ 3º Constatada a ocorrência de hipótese ensejadora de perda de direitos polí-
ticos, a Corregedoria-Geral Eleitoral providenciará a imediata atualização da si-
tuação das inscrições no Cadastro Eleitoral e na base de perda e suspensão de
direitos políticos.
Art. 19. A regularização de situação eleitoral de pessoa com restrição de direi-
tos políticos somente será possível mediante a comprovação de haver cessado o
impedimento.
§ 1º A regularização de inscrição envolvida em coincidência com a de pessoa que
perdeu ou está com seus direitos políticos suspensos somente será feita mediante
a comprovação de tratar-se de eleitor diverso.
§ 2º Para os fins deste artigo, a pessoa interessada deverá preencher requerimen-
to e instruir o pedido com declaração de situação de direitos políticos e documen-
tação comprobatória de sua alegação.
§ 3º Comprovada a cessação do impedimento, será comandado o código ASE
próprio e/ou inativado(s), quando for o caso, o(s) registro(s) correspondente(s) na
base de perda e suspensão de direitos políticos.
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CAPÍTULO VI
DO BATIMENTO DE DADOS BIOGRÁFICOS E DE DADOS BIOMÉTRICOS
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 77. O batimento consiste em procedimento que compara dados mantidos nos
cadastros do Tribunal Superior Eleitoral, com a finalidade de aferir se cada pessoa
mantém apenas uma única inscrição eleitoral.
Art. 78. O Tribunal Superior Eleitoral realizará batimentos de dados biográficos e
biométricos, em âmbito nacional, com o objetivo de:
I – identificar situações que exijam averiguação; e
II – expurgar inconformidades e outras irregularidades de inscrições eleitorais. Pa-
rágrafo único. As inconformidades a que se refere o inciso I do caput deste artigo
consistem em uma das seguintes situações, que demandarão tratamento:
a) duplicidade, quando houver indício de que uma única pessoa possui duas ins-
crições eleitorais, em decorrência de uma inscrição indevida, seja por equívoco no
atendimento ou pela tentativa maliciosa de obtenção de uma segunda inscrição
eleitoral;
b) pluralidade, quando houver indício que uma única pessoa possui três ou mais
inscrições eleitorais, em decorrência de inscrições indevidas, seja por equívoco
no atendimento ou pela tentativa maliciosa de obtenção de múltiplas inscrições
eleitorais; e
c) incoincidências, quando, na realização de transferência ou revisão eleitoral,
forem coletados dados biométricos que não coincidam com os já constantes do
cadastro para a inscrição eleitoral transferida ou revisada, indicando um possível
equívoco de atendimento ou a utilização indevida de dados da pessoa por outrem.
Art. 79. As operações de alistamento, transferência e revisão somente serão inclu-
ídas no cadastro ou efetivadas após submetidas a batimento de dados biográficos.
Parágrafo único. A inclusão ou efetivação da operação não impede a adoção
de medidas posteriores destinadas a identificar inconsistências, hipótese na qual
será observado o procedimento previsto nos arts. 63 a 67 desta Resolução.
Art. 80. Detectada a inconformidade, a inscrição ficará sujeita a apreciação e de-
cisão de autoridade judiciária.
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Seção II
DO PROCESSAMENTO DAS INCONFORMIDADES
Art. 81. Realizado o batimento, o Tribunal Superior Eleitoral expedirá:
I – Relação dos grupos de inscrições e/ou RAEs envolvidos em duplicidade, plu-
ralidade ou incoincidência, emitida por ordem de número de grupo, contendo os
dados necessários à individualização dos eleitores agrupados;
II – Comunicação eletrônica dirigida à autoridade judiciária incumbida da aprecia-
ção do caso, noticiando a existência de inscrição envolvida em duplicidade, plura-
lidade ou incoincidência, para devido processamento; e
III – Notificação, na forma do caput e do § 1º do art. 55 desta Resolução, dirigida
ao eleitor cuja inscrição estiver em situação “não liberada”, para que, no prazo de
20 dias a contar da data do batimento, requeira a regularização de sua situação
eleitoral.
Art. 82. Recebida a comunicação de que trata o inciso II do art. 81 desta Re-
solução, a autoridade judiciária deverá, de ofício e imediatamente, determinar a
autuação dos procedimentos no PJe e publicar, no sítio do tribunal regional, edital
informando as inscrições agrupadas.
Parágrafo único. O edital ficará disponível pelo prazo de 20 dias a contar do
batimento.
Art. 83. Sendo possível concluir, desde logo, que o grupo é formado por pessoas
distintas, o juiz determinará a regularização da situação da inscrição do eleitor que
não possuir outra liberada, regular ou suspensa.
Art. 84. Não sendo possível concluir de plano pela inexistência da irregularidade,
o juiz poderá determinar as diligências que entender necessárias para a apuração
da irregularidade, inclusive mediante expedição de ofício à Zona Eleitoral a que
pertencem as demais inscrições envolvidas na duplicidade ou na pluralidade.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Art. 87. Identificada situação em que a mesma pessoa possua duas ou mais ins-
crições eleitorais liberadas ou regulares, agrupadas ou não pelo batimento de da-
dos biográficos, o cancelamento recairá, preferencialmente, na seguinte ordem:
I – na inscrição mais recente, efetuada contrariamente às instruções em vigor;
II – na inscrição que não corresponda ao domicílio eleitoral do eleitor ou da eleitora;
III – na inscrição que não foi utilizada para o exercício do voto pela última vez;
IV – na mais antiga.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
DECISÃO RECURSO
JUIZ ELEITORAL DE SUA CIRCUNSCRIÇÃO AO CORREGEDOR REGIONAL
CORREGEDOR REGIONAL ELEITORAL AO CORREGEDOR-GERAL
Seção III
DA APURAÇÃO DE ILÍCITO PENAL
Art. 91. Confirmada a existência de duas ou mais inscrições em cada grupo rela-
tivas a uma mesma pessoa e afastada a hipótese de evidente falha dos serviços
eleitorais, o Ministério Público Eleitoral será comunicado para avaliar a existência
de indícios de ilícito penal eleitoral e, se for o caso, requisitar à Polícia Federal a
instauração de inquérito policial.
§ 1º O disposto no caput deste artigo não prejudica a requisição da instauração do
inquérito por iniciativa de autoridade judiciária.
§ 2º Quando no local da infração não existirem órgãos da Polícia Federal, a Polícia
do respectivo Estado terá atuação supletiva.
§ 3º Concluído o inquérito ou requerida a dilação de prazo para a sua conclusão,
a autoridade policial que o presidir encaminhará os autos ao juízo eleitoral ao qual
couber a decisão na esfera penal, que os remeterá ao Ministério Público Eleitoral
para, conforme o caso, manifestar-se sobre o pedido de dilação do prazo, oferecer
denúncia ou requerer o arquivamento do inquérito.
§ 4º Arquivado o inquérito ou julgada a ação penal, o juízo eleitoral, comunicará a
decisão à autoridade judiciária competente para adoção de medidas cabíveis na
esfera administrativa.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Seção II
DO CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO ELEITORAL POR AUSÊNCIA A TRÊS
ELEIÇÕES CONSECUTIVAS
Art. 130. Será cancelada a inscrição do eleitor ou da eleitora que se abstiver de
votar em três eleições consecutivas, salvo se houver apresentado justificativa para
a falta ou efetuado o pagamento de multa.
§ 1º Para fins de contagem das três eleições consecutivas, considera-se como
uma eleição cada um dos turnos do pleito.
§ 2º Não se aplica o disposto no caput deste artigo às pessoas para as quais:
a) o exercício do voto seja facultativo;
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Título Eleitoral
Art. 68. A via impressa do título eleitoral será confeccionada com informações,
características, formas e especificações constantes do modelo Anexo I.
Parágrafo único. Nos títulos eleitorais expedidos em decorrência da utilização da
sistemática de coleta de dados biométricos constará a expressão “identificação
biométrica”.
Art. 69. A via digital do título eleitoral será expedida por meio de aplicativo da
Justiça Eleitoral (“e-título” ou outro que venha a substituí-lo) e deverá observar as
normas de acessibilidade, na forma da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência e dos protocolos técnicos aplicáveis.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Parágrafo único. O aplicativo de que trata o caput deste artigo deverá estar dis-
ponível nas lojas virtuais para dispositivos móveis.
Art. 70. Para a obtenção da via digital do documento, serão exigidos dados míni-
mos acerca da identidade da pessoa eleitora.
§ 1º É obrigatória a coincidência dos dados informados pelo eleitor ou pela eleitora
com os constantes do Cadastro Eleitoral.
§ 2º Na hipótese de inexistência de nome de pai ou mãe no documento de identi-
ficação, a pessoa deverá preencher a opção “Não Consta” no campo destinado a
essa informação.
Art. 71. A validação da via digital do título de eleitor poderá ser realizada nas pá-
ginas do Tribunal Superior Eleitoral e dos tribunais regionais eleitorais na internet,
ou pela leitura do QR Code disponível no próprio aplicativo.
Art. 72. O eleitor que tenha biometria registrada na Justiça Eleitoral poderá utilizar
a via digital do título de eleitor como identificação para fins de votação, devendo
respeitar a vedação legal ao porte de aparelho de telefonia celular dentro da cabi-
ne de votação.
Art. 73. Quando registrado no Cadastro Eleitoral, o nome social constará da via
impressa e digital do título eleitoral.
Art. 74. O eleitor que possua inscrição eleitoral regular ou suspensa poderá soli-
citar, a qualquer tempo:
I – a impressão do título eleitoral; e
II – a via digital do título eleitoral, por meio do aplicativo.
§ 1º Constará como data de emissão do título, seja a via impressa ou digital, a do
requerimento da última operação eleitoral efetivada.
§ 2º O título eleitoral impresso ou digital comprova o alistamento e a existência
de inscrição regular ou suspensa na data de sua emissão, mas não faz prova da
quitação eleitoral ou da regularidade de obrigações eleitorais específicas.
§ 3º A via impressa do título somente será entregue pela(o) atendente da Justiça
Eleitoral à pessoa eleitora, vedada a interferência ou intermediação de terceiros.
Cadastro Eleitoral
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Seção V
DO ACESSO ÀS INFORMAÇÕES CONSTANTES DO CADASTRO ELEITORAL
Art. 10. O acesso a informações constantes do Cadastro Eleitoral por instituições
públicas e privadas e por pessoas físicas se dará conforme a Lei Geral de Prote-
ção de Dados e a resolução do Tribunal Superior Eleitoral que tratar do acesso a
dados constantes dos sistemas informatizados da Justiça Eleitoral.
§ 1º A Corregedoria-Geral Eleitoral editará provimento estabelecendo níveis de
acesso aos dados do Cadastro Eleitoral por servidoras, servidores, colaboradoras
e colaboradores, em conformidade com a Política de Segurança da Informação
editada pelo Tribunal Superior Eleitoral.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Justificativa Eleitoral
Existem dois prazos para que o eleitor possa justificar a sua ausência ao pleito eleito-
ral. São eles:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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CAPÍTULO IX
DAS PROVIDÊNCIAS E PENALIDADES DECORRENTES DA AUSÊNCIA ÀS
URNAS OU DA NÃO APRESENTAÇÃO AOS TRABALHOS ELEITORAIS SEM
JUSTIFICATIVA
Seção I
DA MULTA
Art. 126. Incorrerá em multa a ser arbitrada pelo juiz ou pela juíza eleitoral e
cobrada na forma prevista na legislação eleitoral e nas normas do Tribunal Su-
perior Eleitoral que dispuserem sobre a matéria o eleitor ou a eleitora que deixar
de votar e:
I – não se justificar, nos seguintes prazos:
a) 60 dias, contados do dia da eleição; e
b) 30 dias, contados do seu retorno ao país, no caso de se encontrar no exterior
na data do pleito, salvo se lhe for mais benéfico o prazo da alínea a deste inciso.
II – tiver o processamento de seu pedido de justificativa rejeitado pelo sistema, em
razão do preenchimento com dados insuficientes ou inexatos, que impossibilitem
sua identificação no cadastro eleitoral, ou
III – tiver seu pedido de justificativa indeferido pelo juiz ou pela juíza da zona a que
pertence sua inscrição eleitoral.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Parágrafo único. Nos prazos previstos no inciso I deste artigo, o eleitor ou a elei-
tora poderá formular o requerimento de justificativa por ferramenta eletrônica dis-
ponibilizada pela Justiça Eleitoral ou perante o juízo de qualquer zona eleitoral em
que se encontre, devendo o cartório providenciar a remessa ao juízo competente.
Art. 127. A fixação da multa observará a variação entre o mínimo de 3% e o máxi-
mo de 10% do valor utilizado como base de cálculo, podendo ser decuplicado em
razão da situação econômica do eleitor ou da eleitora.
§ 1º Para fins de fixação da multa, considera-se como uma eleição cada um dos
turnos do pleito, inclusive em caso de renovação das eleições, bem como o dia de
votação em plebiscito ou referendo.
§ 2º Antes de arbitrada a multa pelo juízo competente, o eleitor ou a eleitora que
pretender obter certidão de quitação ou requerer operação por meio do serviço dis-
ponibilizado no sítio do Tribunal Superior Eleitoral poderá quitá-la pelo pagamento
do valor máximo, correspondente a 10% do valor utilizado como base de cálculo.
§ 3º A pessoa que declarar, sob as penas da lei, perante qualquer juízo eleitoral,
seu estado de pobreza ficará isento do pagamento da multa por ausência às urnas.
Art. 128. O recolhimento da multa será feito nas formas previstas para a arre-
cadação de valores ao Tesouro Nacional, cabendo aos tribunais eleitorais dis-
ponibilizar, em seus sítios eletrônicos e aplicativos, ferramentas que facilitem o
adimplemento.
Parágrafo único. Identificado o pagamento da multa, a zona eleitoral em que
a pessoa for inscrita eleitora registrará a circunstância no histórico da inscrição
mediante comando de código de ASE específico, devendo ser extinto eventual
procedimento administrativo para apuração da falta.
Art. 129. A pessoa que deixar de se apresentar aos trabalhos eleitorais para os
quais foi convocada e não se justificar perante o juízo eleitoral nos 30 dias seguin-
tes ao pleito incorrerá em multa.
§ 1º A fixação da multa a que se refere o caput observará a variação entre o míni-
mo de 10% e o máximo de 50% do valor utilizado como base de cálculo, podendo
ser decuplicada em razão da situação econômica do eleitor ou eleitora, ficando o
valor final sujeito a duplicação em caso de:
a) a mesa receptora deixar de funcionar por sua culpa; ou
b) a pessoa abandonar os trabalhos no decurso da votação sem justa causa, hipó-
tese na qual o prazo aplicável para a apresentação de justificativa será de 3 dias
após a ocorrência.
§ 2º A aplicação da multa de que trata este artigo observará, no que couber, o
disposto nos §§ 1º a 3º do art. 127 desta Resolução. § 3º Recolhida a multa, será
observado o previsto no art. 128 desta Resolução.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Revisão de Eleitorado
Esse instrumento permite à Justiça Eleitoral aferir se os eleitores inscritos em uma zona
ou município possuem efetivamente seus domicílios eleitorais nessas localidades.
Assim, esse instrumento tem a finalidade de permitir que se mantenha a regularidade e
atualidade das informações constantes do cadastro eleitoral.
Quando for determinada a realização de uma revisão de eleitorado, convoca-se todos
os eleitores para que possam se recadastrar e, para tanto, deverão comprovar seu domicílio
eleitoral por meio de apresentação de documentação ante a zona eleitoral ao qual são inscri-
tos. Constatadas irregularidades, cancela-se as inscrições eleitorais daqueles que, de forma
irregular, forem inscritos perante o cartório eleitoral.
Para facilitar nosso estudo, dividiremos as hipóteses de revisão de eleitorado em:
a) revisão de eleitorado de ofício;
b) revisão de eleitorado mediante provocação.
Em qualquer caso, não se admite a realização de revisão de eleitorado em ano eleitoral,
salvo em situações excepcionais, quando expressamente autorizada pelo Tribunal Superior
Eleitoral.
Quanto à condução dos trabalhos afetos à revisão do eleitoral, compete ao juiz eleitoral
presidi-la, dando início aos procedimentos no prazo máximo de 30 dias, a contar da data da
determinação do TRE ou TSE, conforme o caso. Nesse sentido:
Resolucao-TSE n. 23.659/2021
Art. 109. A revisão de eleitorado deverá ser sempre presidida pelo juiz ou juí-
za eleitoral da respectiva zona, cabendo ao tribunal regional eleitoral indicar, nos
municípios com mais de uma zona eleitoral, o juiz ou juíza que coordenará os
trabalhos.
§ 1º A fiscalização da revisão de eleitorado será desempenhada pela(o) represen-
tante do Ministério Público que oficiar perante o juízo eleitoral.
§ 2º O tribunal regional eleitoral, por intermédio da corregedoria regional, inspecio-
nará os serviços de revisão.
Essa hipótese de revisão de eleitorado somente pode ser determinada pelo TSE. Será
feita independentemente de provocação, já que o Tribunal Superior Eleitoral deverá agir
de ofício.
São as seguintes hipóteses que fazem com que seja determinada a realização de revi-
são de eleitorado pelo TSE, de ofício:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
A revisão de eleitorado de ofício somente pode ser determinada pelo Tribunal Superior
Eleitoral, especificamente pela Corregedoria-Geral Eleitora.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
De posse da listagem e do caderno de revisão, cabe ao juiz eleitoral publicar, com ante-
cedência mínima de 5 (cinco) dias do início do processo revisional, edital para dar conheci-
mento da revisão aos eleitores cadastrados no(s) município(s) ou zona(s), convocando-os a
se apresentarem, pessoalmente, no cartório ou nos postos criados, em datas previamente
especificadas, para que se proceda a revisão de suas inscrições eleitorais.
Esse edital que será publicado pelo juiz eleitoral precisa (art. 114 da Resolução-TSE n.
23.659/2021):
I – a convocação dos eleitores do(s) município(s) ou da(s) zona(s) para, ressalvadas as
hipóteses expressas no próprio edital, comparecer, pessoalmente, à revisão de eleitorado,
a fim de confirmarem seu domicílio, sob pena de cancelamento da sua inscrição eleitoral,
sem prejuízo da apuração de fraude no alistamento ou na transferência, se constatada irre-
gularidade;
II – a exigência de apresentação de:
a) documento de identidade;
b) comprovante de domicílio, conforme especificado no art. 118 desta Resolução; e
c) se possível, título eleitoral ou documento comprobatório da condição de eleitor;
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
III – as datas de início e término dos trabalhos revisionais, a área e o período abrangi-
dos e os dias e locais onde funcionarão postos de revisão; e
IV – as hipóteses de dispensa do comparecimento à revisão de eleitorado.
Da mesma forma que o alistamento eleitoral, o comparecimento à revisão somente
poderá ser feito pessoalmente pelo eleitor, exige-se o comparecimento do próprio eleitor na
revisão, o qual deverá apresentar documentos relativos à sua qualificação e de comprovação
do seu domicílio eleitoral.
A comprovação do domicílio eleitoral poderá ser feita mediante um ou mais documentos
dos quais se infira ser o eleitor residente ou ter vínculo profissional, patrimonial ou comunitá-
rio no município a abonar a residência exigida. Na hipótese de ser a prova de domicílio feita
mediante apresentação de contas de luz, água ou telefone, nota fiscal ou envelopes de cor-
respondência, esses deverão ter sido, respectivamente, emitidos ou expedidos nos 3 (três)
meses anteriores ao início do processo revisional.
Sobre a comprovação do domicílio eleitoral, importante destacar o teor das prescrições
contidas no art. 118 da Resolução-TSE n. 23.659/2021:
Art. 118. A comprovação do domicílio poderá ser feita por meio de um ou mais
documentos dos quais se infira a existência de vínculo residencial, afetivo, familiar,
profissional, comunitário ou de outra natureza que justifique a escolha da localida-
de pela pessoa para nela exercer seus direitos políticos.
§ 1º Para os fins de comprovação de vínculo residencial, serão aceitas contas de
luz, água ou telefone, bem como notas fiscais ou envelopes de correspondência,
desde que tenham sido emitidos ou expedidos nos 3 meses anteriores ao compa-
recimento à revisão.
§ 2º A comprovação de vínculos diversos do residencial poderá ser feita por meio
de documentos adequados à sua natureza, não se exigindo antecedência mínima
em hipóteses, tais como a de apresentação de cartão de usuário do Serviço Único
de Saúde - SUS ou de comprovante de matrícula em instituição de ensino, nas
quais a antiguidade não é essencial à constituição do vínculo.
§ 3º A declaração do eleitor ou da eleitora de que pertence a comunidade indígena
ou quilombola ou de que se trata de pessoa em situação de rua dispensará a com-
provação documental do vínculo de que trata do caput deste artigo.
§ 4º Em qualquer outra situação na qual subsista dúvida quanto à idoneidade da
documentação apresentada ou sendo tal documentação inexistente, a pessoa po-
derá declarar, sob as penas da lei, que tem domicílio no município.
Art. 119. Na análise das declarações do eleitor ou da eleitora e da documentação
comprobatória da identidade e do domicílio eleitoral, o juiz ou a juíza adotará a
interpretação mais benéfica ao cidadão, sendo-lhe facultado, todavia, determinar
realização de diligências, inclusive verificação in loco, antes de decidir.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Parágrafo único. As diligências a que se refere o caput deste artigo poderão ser
realizadas por meio de convênios ou com apoio de outras instituições públicas.
Depois dos trabalhos de revisão, o juiz eleitoral deve ouvir o Ministério Público e, após,
determinará o cancelamento das inscrições eleitorais. Esse cancelamento dependerá de
homologação pelo Tribunal Regional Eleitoral do respectivo estado, por meio da ação da
Corregedoria Regional Eleitoral.
Neste ponto, a Resolução-TSE n. 23.659/2021 dispõe que:
Subseção VI
Da decisão de cancelamento da inscrição
Art. 122. Concluídos os trabalhos de revisão, o juiz ou a juíza juntará aos autos
relatório sintético das operações de RAE realizadas, extraído do Sistema Elo e,
ouvido o Ministério Público, determinará o cancelamento das inscrições relativas
a eleitoras e eleitores que não tenham comparecido.
§ 1º Não serão canceladas as inscrições que, embora pertinentes ao período de
abrangência das revisões de eleitorado:
I – sejam atribuídas a eleitoras e eleitores já identificados biometricamente, desde
que atendidos os requisitos de qualidade dos dados biométricos e que tenha ha-
vido expressa dispensa do comparecimento ao cartório eleitoral pela norma que
determinar o procedimento revisional;
II – tenham em seu histórico registro do comando alusivo a deficiência que impos-
sibilite ou torne extremamente oneroso o cumprimento das obrigações eleitorais; e
III – tenham em seu histórico registro ativo do comando alusivo à suspensão de
direitos políticos fundada em condenação criminal.
§ 2º O cancelamento das inscrições com fundamento neste artigo somente deverá
ser efetivado no sistema após a homologação da revisão pelo tribunal regional
eleitoral.
Art. 123. A sentença de cancelamento de inscrições deverá ser específica para
cada município abrangido pela revisão e prolatada no prazo máximo de 10 dias
contados da data do retorno dos autos do Ministério Público, podendo o tribunal
regional eleitoral fixar prazo inferior.
§ 1º A sentença de que trata o caput deste artigo deverá relacionar todas as inscri-
ções que serão canceladas no município.
§ 2º As eleitoras e os eleitores atingidas(os) pela sentença, presumindo-se do não
comparecimento à revisão que se encontram em lugar incerto e não sabido, serão
intimadas(os) por edital, sem prejuízo do envio de comunicação por meio de apli-
cativo da Justiça Eleitoral, quando se tratar de pessoa que dele for usuária.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Seção III
DA HOMOLOGAÇÃO DA REVISÃO DE ELEITORADO
Art. 124. Transcorrido o prazo recursal, o juiz ou juíza eleitoral fará minucioso re-
latório dos trabalhos desenvolvidos, que encaminhará, com os autos do processo
de revisão, à corregedoria regional eleitoral.
Art. 125. Apreciado o relatório e ouvido o Ministério Público, a corregedora ou
corregedor regional eleitoral:
I – indicará providências a serem tomadas, se verificar a ocorrência de vícios com-
prometedores à validade ou à eficácia dos trabalhos;
II – submetê-lo-á ao tribunal regional, propondo:
a) a homologação da revisão, se entender pela regularidade dos trabalhos revi-
sionais; ou
b) a não homologação da revisão, se verificar o não comparecimento de quanti-
tativo que ultrapasse 20% do total de convocados para o procedimento ou a exis-
tência de circunstâncias peculiares que impeçam o adequado atendimento das
demandas de regularização das inscrições que vierem a ser canceladas.
Parágrafo único. Na hipótese da alínea b do inciso II do caput deste artigo, o tri-
bunal regional eleitoral determinará que, uma vez concluído o processamento dos
arquivos de urna e retomadas as operações do Cadastro Eleitoral, seja reaberto
o atendimento às eleitoras e aos eleitores submetidos à revisão, fixando o limite
para a conclusão dos trabalhos e eventual suspensão durante o recesso forense,
e comunicará esta decisão ao Tribunal Superior Eleitoral.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Seção III
DA APURAÇÃO DE ILÍCITO PENAL
Art. 91. Confirmada a existência de duas ou mais inscrições em cada grupo rela-
tivas a uma mesma pessoa e afastada a hipótese de evidente falha dos serviços
eleitorais, o Ministério Público Eleitoral será comunicado para avaliar a existência
de indícios de ilícito penal eleitoral e, se for o caso, requisitar à Polícia Federal a
instauração de inquérito policial.
§ 1º O disposto no caput deste artigo não prejudica a requisição da instauração do
inquérito por iniciativa de autoridade judiciária.
§ 2º Quando no local da infração não existirem órgãos da Polícia Federal, a Polícia
do respectivo Estado terá atuação supletiva.
§ 3º Concluído o inquérito ou requerida a dilação de prazo para a sua conclusão,
a autoridade policial que o presidir encaminhará os autos ao juízo eleitoral ao qual
couber a decisão na esfera penal, que os remeterá ao Ministério Público Eleitoral
para, conforme o caso, manifestar-se sobre o pedido de dilação do prazo, oferecer
denúncia ou requerer o arquivamento do inquérito.
§ 4º Arquivado o inquérito ou julgada a ação penal, o juízo eleitoral, comunicará a
decisão à autoridade judiciária competente para adoção de medidas cabíveis na
esfera administrativa.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
7. INELEGIBILIDADES
JURISPRUDÊNCIA
[...] A inelegibilidade importa no impedimento temporário da capacidade eleitoral
passiva do cidadão, que consiste na restrição de ser votado, não atingindo, por-
tanto, os demais direitos políticos, como, por exemplo, votar e participar de parti-
dos políticos. [...] (Ac. de 3.6.2004 no AgRgAg n. 4.598, rel. Min. Fernando Neves)
JURISPRUDÊNCIA
[...] Inelegibilidade. Suspensão. Direitos políticos. Não configuração. [...]
3. A inelegibilidade atinge tão somente o jus honorum, não se impondo – à míngua
de incidência de qualquer das hipóteses do art. 15 da Constituição Federal – res-
trição ao direito de filiar-se a partido político e/ou exercer o direito de votar. [...]
(Ac. de 18.10.2004 no REspe no 22.014, rel. Min. Caputo Bastos.)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Inelegibilidades: Classificação
Inelegibilidades Constitucionais
• inalistabilidade;
• analfabetismo;
• inelegibilidade decorrente da reeleição para o terceiro mandato consecutivo;
• inelegibilidade decorrente da incompatibilidade;
• inelegibilidade decorrente do parentesco.
Inalistáveis
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Pelo art. 14, § 2º, da CF/88, são inalistáveis os estrangeiros e, durante o período do
serviço militar obrigatório, os conscritos.
Entretanto, a doutrina critica essa previsão constitucional. Isso porque o inalistável não
pode adquirir ou titularizar direitos políticos no Brasil. Isso quer dizer que ele não pode ficar
inelegível. A inelegibilidade é uma causa impeditiva ao direito de ser votado.
Ora, mas como o inalistável estará impedido de exercer um direito que ele não tem?
• Analfabetos
A partir dessa norma constitucional, vê-se que o analfabeto não pode ser candidato.
Entretanto, deixe-se claro que o analfabeto tem o direito de votar.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
são ou redação de um texto. Possuem séria dificuldade de leitura e, também, para expressar-
-se por escrito. José Jairo Gomes apresenta um conceito geral de analfabeto:
De modo geral, pode-se dizer que analfabeto é quem não domina um sistema
escrito de linguagem, carecendo dos conhecimentos necessários para ler e es-
crever um texto simples em seu próprio idioma. Assim, a noção de analfabetismo
prende-se ao domínio da escrita e da compreensão de textos, ainda que singelos.
Por outro lado, o domínio de tal sistema em algum grau justifica o status de alfa-
betizado – ou, pelo menos, de semialfabetizado.
JURISPRUDÊNCIA
Carteira Nacional de Habilitação. Comprovação da Condição da Alfabetizado para
fins de deferimento do registro de candidatura
Súmula-TSE n. 55
A Carteira Nacional de Habilitação gera a presunção da escolaridade necessária
ao deferimento do registro de candidatura.
EXERCICIOS DE FIXACAO de Mandato anterior ao pedido de registro de candi-
datura. Causa não comprobatória da alfabetização
Súmula TSE n. 15: “O exercício de cargo eletivo não é circunstância suficiente
para em recurso especial. determinar-se a reforma da decisão mediante a qual o
candidato foi considerado analfabeto”.
Ausência de comprovante de escolaridade. Teste de alfabetização
ELEIÇÕES 2008. Agravo regimental. Recurso especial. Registro de candidatura.
Analfabetismo. Art. 29, IV, § 2º, da Res.-TSE n. 22.717. Declaração de próprio pu-
nho. Presença do juiz eleitoral ou de serventuário da Justiça Eleitoral. Exigência.
Teste. Rigor excessivo. Precedente. Outros meios de aferição. Observância do fim
constitucional. Agravo provido.
1. Na falta do comprovante de escolaridade, é imprescindível que o candidato
firme declaração de próprio punho em cartório, na presença do juiz ou de serven-
tuário da Justiça Eleitoral, a fim de que o magistrado possa formar sua convicção
acerca da condição de alfabetizado do candidato.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
• Reeleição
O art. 14, § 5º, da CF/88, prevê a possibilidade de os chefes do Poder Executivo pode-
rem concorrer à reeleição. Lembre-se que, originariamente, não era viável a reeleição do
chefe do Poder Executivo. Isso porque, como característica de regimes republicanos, tem-se
a temporariedade dos mandatos e a necessidade de alternância do titular da Chefia do Poder
Executivo.
Entretanto, para permitir a implantação e a conclusão de projetos e programas de
governo, alterou-se o texto constitucional para permitir-se que os integrantes de cargos ele-
tivos do Poder Executivo pudessem reeleger-se para um único período subsequente. Com
essa alteração constitucional, privilegiou-se a continuidade político-administrativa. Com a
possibilidade de um novo mandato para o presidente, o governador e o prefeito viabilizam
o término de obras ou a continuação de mudanças que tenham sido implantadas durante o
primeiro mandato.
Essa é a redação do dispositivo constitucional sob análise:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Essa previsão permite que os chefes do Poder Executivo possam exercer dois man-
datos consecutivos. No terceiro mandato sucessivo, os ocupantes de cargos da Chefia do
Executivo estarão inelegíveis para o mesmo cargo.
Ao defender a adoção da reeleição no Brasil, Michel Temer aduz:
JURISPRUDÊNCIA
O instituto da reeleição tem fundamento não somente no postulado da continuida-
de administrativa, mas também no princípio republicano, que impede a perpetua-
ção de uma mesma pessoa ou grupo no poder. O princípio republicano condiciona
a interpretação e a aplicação do próprio comando da norma constitucional, de
modo que a reeleição é permitida por apenas uma única vez. Esse princípio impe-
de a terceira eleição não apenas no mesmo Município, mas em relação a qualquer
outro Município da federação. Entendimento contrário tornaria possível a figura do
denominado ‘prefeito itinerante’ ou do ‘prefeito profissional’, o que claramente é
incompatível com esse princípio, que também traduz um postulado de temporarie-
dade/alternância do exercício do poder. Portanto, ambos os princípios – continui-
dade administrativa e republicanismo – condicionam a interpretação e a aplicação
teleológicas do art. 14, § 5º, da Constituição. O cidadão que exerce dois mandatos
consecutivos como prefeito de determinado Município fica inelegível para o cargo
da mesma natureza em qualquer outro Município da federação. (RE 637.485, rel.
min. Gilmar Mendes, julgamento em 1º-8-2012, Plenário, DJE de 21-5-2013, com
repercussão geral.)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Para concorrer ao mesmo cargo, ou seja, para o exercício do direito à reeleição, não
é necessário o afastamento antecipado do cargo (desincompatibilização). Logo, o titular de
cargo de Chefia do Poder Executivo, caso queira reeleger-se, não necessita afastar-se de
seu cargo no prazo de 6 (seis) meses antes da data das eleições. Nesse sentido, veja o
seguinte julgado do STF:
JURISPRUDÊNCIA
Não se tratando, no § 5º do art. 14 da Constituição, na redação dada pela EC
16/1997, de caso de inelegibilidade, mas, sim, de hipótese em que se estipula ser
possível a elegibilidade dos chefes dos Poderes Executivos, federal, estadual,
distrital, municipal e dos que os hajam sucedido ou substituído no curso dos man-
datos, para o mesmo cargo, para um período subsequente, não cabe exigir-lhes
desincompatibilização para concorrer ao segundo mandato, assim constitucional-
mente autorizado. Somente a Constituição poderia, de expresso, estabelecer o
afastamento do cargo, no prazo por ela definido, como condição para concorrer à
reeleição prevista no § 5º do art. 14 da Lei Magna, na redação atual. Diversa é a
natureza da regra do § 6º do art. 14 da Constituição, que disciplina caso de ine-
legibilidade, prevendo-se, aí, prazo de desincompatibilização. A EC 16/1997 não
alterou a norma do § 6º do art. 14 da Constituição. Na aplicação do § 5º do art.
14 da Lei Maior, na redação atual, não cabe, entretanto, estender o disposto no §
6º do mesmo artigo, que cuida de hipótese distinta. A exegese conferida ao § 5º
do art. 14 da Constituição, na redação da EC 16/1997, ao não exigir desincompa-
tibilização do titular para concorrer à reeleição, não ofende o art. 60, § 4º, IV, da
Constituição, como pretende a inicial, com expressa referência ao art. 5º, § 2º, da
Lei Maior. Não são invocáveis, na espécie, os princípios da proporcionalidade e
razoabilidade, da isonomia ou do pluripartidarismo, para criar, por via exegética,
cláusula restritiva da elegibilidade prevista no § 5º do art. 14 da Constituição, na
redação da EC 16/1997, com a exigência de renúncia seis meses antes do pleito,
não adotada pelo constituinte derivado. (ADI 1.805-MC, Rel. Min. Néri da Silveira,
julgamento em 26-3-1998, Plenário, DJ de 14-11-2003.)
Por sua vez, se os chefes do Poder Executivo (presidente, governador e prefeito) quise-
rem concorrer a outros cargos devem renunciar aos respectivos mandatos até 6 (seis) meses
antes do pleito, nos termos do art. 14, § 6º, da CF:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Diante dessa prescrição, para o exercício do direito à reeleição, não é exigível a desin-
compatibilização. Por outro lado, se o chefe do Poder Executivo quiser concorrer para qual-
quer outro cargo eletivo, deve renunciar ao seu cargo até a data definida na norma, sob pena
de ser considerado inelegível em razão de sua incompatibilidade.
A partir da permissão para a reeleição, o presidente, governador e prefeito, bem como
os respectivos vices, caso tenham sucedido ou substituído o titular no curso do mandato,
podem candidatar-se para o mesmo cargo para um único período subsequente. Para o ter-
ceiro mandato consecutivo, estarão inelegíveis.
Na verdade, no que se refere aos vices, o STF entendia que a aplicabilidade da ree-
leição para o terceiro mandato consecutivo somente os alcançaria, desde que tivessem se
tornado titular do cargo de chefe do Poder Executivo no curso do mandato. Com efeito,
entendia-se que a vedação à reeleição do presidente, governador e prefeito somente poderia
ser aplicada para quem fosse titular do cargo, pois reeleição é definida como uma eleição
para o mesmo cargo. Por esse modo, em razão do vice não ser o titular do cargo de chefe do
Executivo, não se poderia falar em reeleição para um cargo que ele não ocupa nos casos de
ocorrerem apenas a substituição.
EXEMPLO
Um cidadão foi eleito duas vezes para o cargo de vice-governador. Ao longo do
primeiro mandato, exerceu temporariamente, mediante substituição, o cargo de
governador em virtude de licenças do titular do cargo. No segundo mandato, em
razão da vacância do cargo de governador em decorrência da morte do titular, o
vice sucedeu-o e exerceu um mandato tampão.
Diante dessa circunstância, pergunta-se: esse cidadão poderá concorrer à reelei-
ção para o período imediatamente posterior?
A resposta a essas indagações foi dada pelo STF, no seguinte julgado:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Entretanto, ao final desse segundo mandato, esse cidadão não poderá concorrer a
uma nova eleição para o mesmo cargo, ainda que o primeiro tenha sido um man-
dato tampão, pois veda-se a reeleição para o terceiro mandato consecutivo.
JURISPRUDÊNCIA
(...) Vice-prefeito que ocupou o cargo de prefeito por força de decisão judicial que
determinou o afastamento do titular. Registro de candidatura a uma terceira assun-
ção na chefia do Poder Executivo municipal. (...) Nos termos do § 5º do art. 14 da
CF, os prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos
poderão ser reeleitos para um único período subsequente. (RE 464.277-AgR, Rel.
Min. Ayres Britto, julgamento em 9-10-2007, Primeira Turma, DJE de 4-4-2008.)
JURISPRUDÊNCIA
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIO-
NAL. ELEITORAL. VICEPREFEITO. SUBSTITUIÇÃO OU SUCESSÃO. DISCUS-
SÃO IMPROFÍCUA NO QUE RESPEITA À APLICAÇÃO DO ART. 14, § 5º, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. REELEIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO REGI-
MENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
I – Os prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso do mandato
poderão ser reeleitos para um único período subsequente, nos termos do § 5º do
art. 14 da Constituição Federal.
II – No que respeita à aplicação do art. 14, § 5º, para o fim de permitir-se a reeleição,
é improfícua a discussão da ocorrência de substituição ou sucessão. Precedentes.
III – Agravo regimental a que se nega provimento. (AgR no RE n. 756.073, Rel.
Min. Ricardo Lewandwski, Segunda Turma, DJe de 13.2.2014)
Aliás, nesse último julgado, o Min. Ricardo Lewandoski, em seu voto, aduziu que a apli-
cação do art. 14, § 5º, da CF/88, não depende da análise da natureza do exercício do cargo
de chefe do Poder Executivo, pois “tanto a sucessão quanto a substituição do titular são atin-
gidas pelo limite constitucional da reeleição para um único período”.
A proibição de concorrer para três mandatos consecutivos somente se aplica aos chefes
do Poder Executivo. Essa norma constitucional não se aplica aos membros do Poder Legis-
lativo. Os deputados federais, estaduais e distritais, os senadores e vereadores podem se
reeleger por vários mandatos consecutivos.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
Inelegibilidade. Art. 14, § 7º, da CB. O art. 14, § 7º, da CB, deve ser interpretado de
maneira a dar eficácia e efetividade aos postulados republicanos e democráticos
da Constituição, evitando-se a perpetuidade ou alongada presença de familiares
no poder. (RE 543.117-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 24-6-2008, Se-
gunda Turma, DJE de 22-8-2008.)
Inelegibilidade Reflexa
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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• o titular paradigma deve ser ocupante de cargo eletivo no Poder Executivo (presidente,
governador ou prefeito). Isso porque o parentesco com membros do Poder Legislativo
não atrai a incidência de inelegibilidades;
• devem ser cônjuge ou parentes, consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou
por adoção;
• desejam concorrer a qualquer cargo eletivo no âmbito territorial em que o titular exerça
o seu mandato.
EXEMPLO
Parentes do prefeito não podem concorrer a cargos eletivos no Município que o
titular exerce o mandato; parentes do governador não podem eleger-se no Estado
que o titular exerce o mandato; os parentes do presidente da República não podem
concorrer a nenhum cargo eletivo, em razão de o titular exercer seu mandato em
todo o país.
• aplica-se aos parentes dos que houverem substituído o chefe do Executivo nos seis
meses anteriores ao pleito (período de desincompatibilização).
3
A convivência marital, seja união estável ou concubinato, gera inelegibilidade reflexa em função de parentesco por afinidade (Precedentes: Recurso Ordi-
nário n. 1.101, Rel. Min. Carlos Ayres Britto, DJ de 2.5.2007; Recurso Especial Eleitoral n. 23.487, Rel. Min. Caputo Bastos, sessão de 21.10.2004; Recurso
Especial Eleitoral n. 24.417, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ de 13.10.2004; Consulta n. 845, Rel. Min. Luiz Carlos Madeira, DJ de 8.5.2003).
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
CONSTITUCIONAL E ELEITORAL. MORTE DE PREFEITO NO CURSO DO
MANDATO, MAIS DE UM ANO ANTES DO TÉRMINO. INELEGIBILIDADE DO
CÔNJUGE SUPÉRSTITE. CF, ART. 14, § 7º. INOCORRÊNCIA. 1. O que orientou
a edição da Súmula Vinculante 18 e os recentes precedentes do STF foi a preo-
cupação de inibir que a dissolução fraudulenta ou simulada de sociedade conjugal
seja utilizada como mecanismo de burla à norma da inelegibilidade reflexa prevista
no § 7º do art. 14 da Constituição. Portanto, não atrai a aplicação do entendimento
constante da referida súmula a extinção do vínculo conjugal pela morte de um dos
cônjuges. 2. Recurso extraordinário a que se dá provimento. (RE n. 758.461, Rel.
Teoria Zavascki, Tribunal Pleno, DJe de 30.10.2014)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Por sua vez, não terá a configuração da inelegibilidade reflexa nas seguintes situações:
• o parentesco com o vice não gera inelegibilidade, a menos que ele tenha substituído ou
sucedido o titular dentro dos 6 (seis) meses anteriores ao pleito;
• não gera a inelegibilidade o parentesco com os auxiliares do titular;
• o cônjuge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o segundo grau, são elegíveis
no território de jurisdição do titular, desde que este não esteja no exercício de mandato
fruto de reeleição. (Res. n. 21.786, de 1º.6.2004, rel. Min. Humberto Gomes de Barros).
Dessa forma, se o chefe do Poder Executivo renunciar seis meses antes da elei-
ção, seu cônjuge e parente ou afins até segundo grau poderão candidatar-se a
todos os cargos eletivos, inclusive à Chefia da Executivo até então por ele ocu-
pada, desde que esse pudesse concorrer a sua própria reeleição, afastando-se
totalmente a inelegibilidade reflexa.
Caso, porém, o Chefe do Poder Executivo estiver exercendo o 2º mandato conse-
cutivo, a renúncia não terá nenhum efeito para a finalidade de afastar a inelegibi-
lidade reflexa quanto a disputa para a chefia do Executivo. Nessa hipótese, se ao
próprio chefe do Executivo está vedada a tentativa de perpetuação no cargo por
mais de dois mandatos, igualmente, não se permitirá essa continuidade via reflexa.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
Elegibilidade: cônjuge e parentes do chefe do Poder Executivo: elegibilidade para
candidatar-se à sucessão dele, quando o titular, causador da inelegibilidade, pu-
desse, ele mesmo, candidatar-se à reeleição, mas se tenha afastado do cargo até
seis meses antes do pleito. 1. A evolução do Direito Eleitoral brasileiro, no campo
das inelegibilidades, girou durante décadas em torno do princípio basilar da ve-
dação de reeleição para o período imediato dos titulares do Poder Executivo: re-
gra introduzida, como única previsão constitucional de inelegibilidade, na primeira
Carta Política da República (Const. 1891, art. 47, § 4º), a proibição se manteve
incólume ao advento dos textos posteriores, incluídos os que regeram as fases de
mais acendrado autoritarismo (assim, na Carta de 1937, os arts. 75 a 84, embora
equívocos, não chegaram à admissão explícita da reeleição; e a de 1969 (art. 151,
§ 1º, a) manteve-lhe o veto absoluto). 2. As inspirações da irreelegibilidade dos
titulares serviram de explicação legitimadora da inelegibilidade de seus familiares
próximos, de modo a obviar que, por meio da eleição deles, se pudesse conduzir
ao continuísmo familiar. 3. Com essa tradição uniforme do constitucionalismo re-
publicano, rompeu, entretanto, a EC 16/97, que, com a norma permissiva do § 5º
do art. 14 CF, explicitou a viabilidade de uma reeleição imediata para os Chefes do
Executivo. 4. Subsistiu, no entanto, a letra do § 7º, atinente a inelegibilidade dos
cônjuges e parentes, consanguíneos ou afins, dos titulares tornados reelegíveis,
que, interpretado no absolutismo da sua literalidade, conduz a disparidade ilógica
de tratamento e gera perplexidades invencíveis. 5. Mas, é lugar comum que o or-
denamento jurídico e a Constituição, sobretudo, não são aglomerados caóticos de
normas; presumem-se um conjunto harmônico de regras e de princípios: por isso,
é impossível negar o impacto da Emenda Constitucional n. 16 sobre o § 7º do art.
14 da Constituição, sob pena de consagrar-se o paradoxo de impor-se ao cônjuge
ou parente do causante da inelegibilidade o que a este não se negou: permanecer
todo o tempo do mandato, se candidato à reeleição, ou afastar-se seis meses,
para concorrer a qualquer outro mandato eletivo. 6. Nesse sentido, a evolução
da jurisprudência do TSE, que o STF endossa, abandonando o seu entendimento
anterior. (RE n. 344882, Julgado em 07.04.2003)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
O domicílio eleitoral na circunscrição e a filiação partidária, constituindo condições
de elegibilidade (CF, art. 14, § 3º), revelam‑se passíveis de válida disciplinação
mediante simples lei ordinária. Os requisitos de elegibilidade não se confundem,
no plano jurídico‑conceitual, com as hipóteses de inelegibilidade, cuja definição –
além das situações já previstas diretamente pelo próprio texto constitucional (CF,
art. 14, §§ 5º a 8º) – só pode derivar de norma inscrita em lei complementar (CF,
art. 14, § 9º) (STF. ADI n. 1.063. Rel. Min. Celso de Mello).
Diante desse julgado, pode-se afirmar que o não preenchimento de algumas das condi-
ções de elegibilidade será chamado de “não elegibilidade”. Por sua vez, o cidadão que incidir
em uma das hipóteses de inelegibilidade será chamado de “inelegível”.
Inelegibilidades Infraconstitucionais
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
(1) a regra inscrita no § 9º do art. 14 da Constituição, na redação dada pela Emen-
da Constitucional de Revisão n. 4/94, não é auto-aplicável, pois a definição de
novos casos de inelegibilidade e a estipulação dos prazos de sua cessação, a fim
de proteger a probidade administrativa e a moralidade para o exercício do man-
dato, considerada a vida pregressa do candidato, dependem, exclusivamente, da
edição de lei complementar, cuja ausência não pode ser suprida mediante inter-
pretação judicial. (Rcl. n. 6534, julgado em 25.9.2008)
JURISPRUDÊNCIA
O art. 16 da Constituição, ao submeter a alteração legal do processo eleitoral à
regra da anualidade, constitui uma garantia fundamental para o pleno exercício
de direitos políticos. Precedente: ADI n. 3.685, Rel. Min. Ellen Gracie, julg. em
22/3/2006. A LC n. 135/2010 interferiu numa fase específica do processo eleitoral,
qualificada na jurisprudência como a fase pré-eleitoral, que se inicia com a escolha
e a apresentação das candidaturas pelos partidos políticos e vai até o registro das
candidaturas na Justiça Eleitoral. Essa fase não pode ser delimitada temporal-
mente entre os dias 12 e 30 de junho, no qual ocorrem as convenções partidárias,
pois o processo político de escolha de candidaturas é muito mais complexo e tem
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
Ac.-TSE, de 26/10/2006, no REspe n. 25.586: [...] o art. 18 da LC n. 64/1990 é apli-
cável aos casos em que o titular da chapa majoritária teve seu registro indeferido
antes das eleições. Assim, o partido tem a faculdade de substituir o titular, sem
qualquer prejuízo ao vice. Entretanto, a cassação do registro ou diploma do titular,
após o pleito, atinge o seu vice, perdendo este, também, o seu diploma, porquanto
maculado restou a chapa. Isso com fundamento no princípio da indivisibilidade da
chapa única majoritária [...]. Desse modo, [...] incabível a aplicação do art. 18 da
LC n. 64/1990, pois, no caso dos autos, a candidata a prefeita teve seu registro
indeferido posteriormente às eleições.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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O art. 1º, inciso I, alínea a, da LC n. 64/1990 repete a disposição contida no art. 14, §
4º, da Constituição Federal. Esta é a disposição referida:
Essa hipótese de inelegibilidade é aplicável aos membros do Poder Legislativo que per-
derem seus mandatos parlamentares em virtude de exercício de cargo, emprego ou função
nas hipóteses vedadas pelo art. 544 da CF/88 ou de quebra de decoro parlamentar. Não se
aplica essa hipótese de inelegibilidade quando a perda do mandato parlamentar decorrer da
aplicação das demais situações prescritas no art. 55 da CF/88.
Os casos de perda de mandato parlamentar estão previstos no art. 55 da Constituição
Federal. São elas:
4
II – desde a posse:
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer
função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, "a";
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, "a";
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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emprego ou função pública. Trata-se de consequência jurídica mais intensa e extensa do que
a inelegibilidade.
Sobre essa situação de inelegibilidade, José Jairo Gomes (2012, p. 175) ensina que:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
O abuso de poder econômico concretiza-se com o mau uso de recursos patrimo-
niais, exorbitando os limites legais, de modo a desequilibrar o pleito em favor dos
candidatos beneficiários. (RO n. 1.445, DJe de 6/8/2009)
JURISPRUDÊNCIA
O abuso de poder político, para fins eleitorais, configura-se no momento em que
a normalidade e a legitimidade das eleições são comprometidas por condutas de
agentes públicos que, valendo-se de sua condição funcional, beneficiam candida-
turas, em manifesto desvio de finalidade. (RCED n. 661, DJe de 21/9/2010)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes. Com isso, a depender da interpretação a ser
dada a essa disposição normativa, somente poderão ocorrer duas situações:
JURISPRUDÊNCIA
4. As causas de inelegibilidade dispostas nas alíneas d e h aplicam-se não somen-
te a quem praticou o abuso de poder na eleição para a qual concorreu (visando
beneficiar a própria candidatura), mas também a quem cometeu o ilícito na eleição
na qual não se lançou candidato, vindo a favorecer a candidatura de terceiro.
5. Ademais, as referidas alíneas, na parte em que dispõem “para a eleição na
qual concorrem ou tenham sido diplomados”, limitam-se a fixar o termo inicial de
incidência da inelegibilidade – qual seja, a eleição na qual concorreu o candidato
beneficiado pelo abuso, que pode ou não ser o autor do ilícito – e não a estabele-
cer as pessoas que estão sujeitas a ela. (REspe n. 151-05/COARI/AM, Red. para
o acórdão Min. João Otávio Noronha, DJe de 3/2015)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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EXEMPLO
Imagine um cidadão que tenha sido condenado pela prática de abuso de poder
econômico no julgamento do pedido de uma Ação de Investigação Judicial Eleito-
ral. Esse cidadão praticou o ilícito eleitoral para beneficiar a candidatura de terceiro
nas eleições de 2022.
Com base nessa situação, indaga-se:
a) a partir de quando e até quando estará inelegível?
b) o cidadão poderá concorrer às eleições de 2022?
Para viabilizar sua análise, informa-se:
a) as eleições de 2022 ocorreram no dia 2 de outubro de 2022;
b) as eleições de 2030 ocorreram no dia 5 de outubro de 2030.
A alínea “d” prescreve que a inelegibilidade do abuso de poder incide para a eleição
para a qual foi praticado o ilícito, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito)
anos subsequentes. Assim, a partir da previsão legal em comento, o cidadão ficará
inelegível a partir da eleição de 2022. Logo, como a eleição de 2022 foi realizada
no dia 2 de outubro, o cidadão do presente caso concreto estará inelegível desde o
dia 2 de outubro de 2022 até o dia 2 de outubro de 2030.
Por essa razão, como a data de realização das eleições de 2030 foi dia 5 de outu-
bro, e a inelegibilidade do cidadão perdurou até o dia 2 de outubro, ele poderá par-
ticipar das eleições de 2030.
Por essa disposição legal, os prazos contados em anos devem terminar em dia igual ao
de início do ano correspondente. Com isso, a Lei das Inelegibilidades determina que a ine-
legibilidade decorrente do abuso de poder tem início a partir da data da eleição para a qual
o ilícito foi cometido e dura para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes,
terminando em igual dia ao da data da eleição.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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A esse respeito, veja o seguinte julgado que demonstra esse posicionamento do TSE:
JURISPRUDÊNCIA
CONSULTA. LEI COMPLEMENTAR N. 135/2010. APLICAÇÃO RETROATIVA.
ALÍNEA D. TSE. MANIFESTAÇÃO. EXISTÊNCIA. CONTAGEM DE PRAZO. TER-
MO INICIAL E FINAL. DATA DAS ELEIÇÕES. CONHECIMENTO PARCIAL.
1. Para ser conhecida a consulta pressupõe uma dúvida plausível quanto ao al-
cance do preceito legal.
2. O prazo de inelegibilidade de 8 (oito) anos previsto na alínea d do inciso I do
art. 1º da LC n. 64/90 deve ter início na data da eleição do ano da condenação
por abuso de poder, expirando no dia de igual número de início do oitavo ano
subsequente, como disciplina o art. 132, § 3º, do Código Civil, seguindo a mesma
regra estabelecida para a alínea j do mesmo dispositivo legal, nos moldes do que
decidido no julgamento do REspe n. 74-27 (Fênix/PR) e do REspe n. 93-08 (Ma-
nacapuru/AM). (CTA n. 433-44, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 1º.7.2014)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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6
O termo “ficha suja” refere-se a existência de condenações criminais e “ficha limpa”, por consectário lógico, refere-se à inexistência de condenações crimi-
nais.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Atente-se para o fato de que a presente inelegibilidade somente terá aplicação para as
condenações decorrentes da prática de um dos tipos penais listados no art. 1º, inc. I, alínea
‘e’, da Lei Complementar n. 64/90. Não pode haver a incidência dessa restrição em caso de
condenações criminais por crimes não previstos na alínea ‘e’, já que o rol legal é taxativo e
não admite interpretação ampliativa.
Além disso, de forma explícita, a Lei das Inelegibilidades, afastou a incidência desse
impedimento da cidadania, ainda que, em tese, o tipo penal se amoldasse a um dos crimes
da alínea ‘e’, quando o crime for classificado como crime culposo7, crime de menor potencial
ofensivo8 e crimes sujeitos à ação penal privada.
Dentre as inovações introduzidas pela Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar n.
135/2010), tem-se a possibilidade de incidência da inelegibilidade ainda que não haja deci-
são transitada em julgado. Isso porque a presente restrição do direito político aplica-se a
partir do momento em que houver uma manifestação judicial de órgãos colegiados, ainda que
haja a interposição de recursos pendentes de julgamento.
Discutiu-se sobre a compatibilidade da presente previsão legal restritiva de direitos,
ainda que não houvesse o trânsito em julgado de sentença condenatório. A indagação decor-
reu do princípio constitucional do princípio da presunção de não culpabilidade, que pres-
7
Código Penal
Art. 18 – Diz-se o crime:
Crime culposo
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
8
Lei n. 9.099/95
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena
máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
creve que ninguém deve ser considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença
condenatória9.
Ao analisar a constitucionalidade dessa alteração promovida pela Lei da Ficha Limpa,
o Supremo Tribunal Federal entendeu que o princípio da presunção de não culpabilidade
deve ter sua aplicabilidade restringida ao campo penal, interpretando-se restritivamente a
prescrição constitucional. Com isso, no âmbito eleitoral, em razão da exigência da que can-
didatos tenham moralidade para exercer cargos eletivos, pode-se impedi-los de participar de
eleições, ainda que não haja decisões condenatórias transitadas em julgado. A esse respeito,
veja o seguinte julgado:
JURISPRUDÊNCIA
2. A razoabilidade da expectativa de um indivíduo de concorrer a cargo público
eletivo, à luz da exigência constitucional de moralidade para o exercício do man-
dato (art. 14, § 9º), resta afastada em face da condenação prolatada em segunda
instância ou por um colegiado no exercício da competência de foro por prerroga-
tiva de função, da rejeição de contas públicas, da perda de cargo público ou do
impedimento do exercício de profissão por violação de dever ético-profissional.
3. A presunção de inocência consagrada no art. 5º, LVII, da Constituição Federal
deve ser reconhecida como uma regra e interpretada com o recurso da metodolo-
gia análoga a uma redução teleológica, que reaproxime o enunciado normativo da
sua própria literalidade, de modo a reconduzi-la aos efeitos próprios da condena-
ção criminal (que podem incluir a perda ou a suspensão de direitos políticos, mas
não a inelegibilidade), sob pena de frustrar o propósito moralizante do art. 14, §
9º, da Constituição Federal. 4. Não é violado pela Lei Complementar n. 135/10 o
princípio constitucional da vedação de retrocesso, posto não vislumbrado o pres-
suposto de sua aplicabilidade concernente na existência de consenso básico, que
tenha inserido na consciência jurídica geral a extensão da presunção de inocência
para o âmbito eleitoral. 5. O direito político passivo (ius honorum) é possível de
ser restringido pela lei, nas hipóteses que, in casu, não podem ser consideradas
arbitrárias, porquanto se adequam à exigência constitucional da razoabilidade,
revelando elevadíssima carga de reprovabilidade social, sob os enfoques da vio-
lação à moralidade ou denotativos de improbidade, de abuso de poder econômico
ou de poder político. 6. O princípio da proporcionalidade resta prestigiado pela Lei
Complementar n. 135/10, na medida em que: (i) atende aos fins moralizadores
a que se destina; (ii) estabelece requisitos qualificados de inelegibilidade e (iii)
impõe sacrifício à liberdade individual de candidatar-se a cargo público eletivo
que não supera os benefícios socialmente desejados em termos de moralidade e
9
Constituição Federal
Art. 5º. Omissis
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Como visto, exige-se a existência de decisões colegiadas para a aplicação dessa alínea
e do inciso I do art. 1º da Lei Complementar n. 64/90. A existência de decisões colegiadas
privilegia o princípio da proporcionalidade, pois não seria razoável permitir que decisões pro-
feridas por órgãos monocráticos, sujeitas à falibilidade humana, pudessem provocar o impe-
dimento de exercício da cidadania. Por se tratar de restrição de direito político, espécie de
direito fundamental, deve-se exigir a existência de decisão qualificada por uma manifestação
plúrima de vontades.
Em regra, a colegialidade é própria das segundas instâncias ou das instâncias especiais
ou extraordinárias do Poder Judiciário. Não obstante, há órgãos colegiados que compõe o
primeiro grau de jurisdição: os tribunais do júri. As decisões do tribunal do júri, nos termos de
prescrição constitucional, são regidas pelo princípio da soberania dos vereditos. Essa carac-
terística indica a certeza da decisão desse órgão colegiado, somente podendo ser reformada
em hipóteses excepcionais.
Por essa razão, ainda que a decisão colegiada seja proferida pelo tribunal do júri, órgão
que integra o primeiro grau de jurisdição, haverá a incidência da inelegibilidade decorrente
da vida pregressa.
JURISPRUDÊNCIA
Incorre em inelegibilidade aquele que foi condenado por crime doloso contra a vida
julgado pelo Tribunal do Júri, que é órgão judicial colegiado, atraindo a incidência
do disposto no art. 1º, inciso I, alínea e, n. 9, da LC n. 64/90, com as modificações
introduzidas pela LC n. 135/10. (REspe n. 611-03, DJe de 21.5.2013)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Com base nesse entendimento, o STF, por meio de interpretação conforme à Consti-
tuição, determinou que o período de inelegibilidade cumprido em período anterior à data do
trânsito em julgado da sentença condenatória deve ser deduzido do prazo de 8 (oito) anos
inscrito na alínea e do inciso I do art. 1º da Lei Complementar n. 64/90.
Por essa disposição, o oficial (militar) que for declarado indigno ou incompatível com o
seu posto ou função ficará inelegível pelo prazo de 8 (oito) anos. Essa sanção será imposta
àqueles que por vários motivos descumpriram seu dever, traindo a confiança em si deposi-
tada pela Nação, pelos Estados ou pelo Distrito Federal. Essas penas estão previstas nos
arts. 100 e 101 do Código Penal Militar e uma vez aplicadas, de forma automática, fazem
com que o cidadão fique inelegível.
Frise-se que a presente inelegibilidade não é uma das sanções decorrentes da decla-
ração da indignidade ou incompatibilidade com o oficialato. Na verdade, uma vez aplicada
essas sanções militares, como decorrência legal, o cidadão será considerado inelegível. Tra-
ta-se de um efeito secundário da sentença condenatória à sanção militar.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, apli-
cando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os or-
denadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa
condição; (Redação dada pela Lei Complementar n. 135/2010)
Art. 1º Omissis
§ 4º-A. A inelegibilidade prevista na alínea “g” do inciso I do caput deste artigo não
se aplica aos responsáveis que tenham tido suas contas julgadas irregulares sem
imputação de débito e sancionados exclusivamente com o pagamento de multa.
(Incluído pela Lei Complementar n. 184, de 2021)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Os gestores públicos têm o dever de prestar contas do uso dos recursos públicos que
estavam sob sua responsabilidade. Essa exigência decorre do princípio republicano, que
permite a punição e responsabilização daqueles que exercem cargos, empregos ou fun-
ções públicas.
Em regra, as contas devem ser prestadas perante os tribunais de contas, que exer-
cem, auxiliando o Poder Legislativo, a análise contábil, financeira, orçamentária, operacional
e patrimonial da Administração Pública Direta ou Indireta. Nessa fiscalização, são aferidas
a legalidade, a legitimidade, a economicidade dos gastos públicos, assim como a aplicação
das subvenções e renúncia de receitas. Trata-se de exercício de função fiscalizatória.
No exercício das atribuições de análise das prestações de contas, os Tribunais de
Contas exercem duas funções: emitem parecer prévio sobre as contas apresentadas ou
julgam as contas apresentadas. Veja que, a depender da situação, os Tribunais de Contas
não possuem a competência para aprovar ou rejeitar as contas, mas somente emitem um
parecer para viabilizar o julgamento delas pelo Poder Legislativo.
É de suma importância a definição do órgão competente para julgamento das contas,
pois essa inelegibilidade depende de que as contas sejam rejeitadas pelo órgão competente.
Isso quer dizer que a emissão de parecer prévio pelos tribunais de contas não pode atrair a
incidência da alínea g, já que, nessa situação, o órgão competente para julgar as contas é o
Poder Legislativo.
Em linhas gerais, pode-se definir que o chefe do Poder Executivo, quando estiver
gerindo recursos do seu próprio ente federativo, terá suas contas julgadas pelo Poder Legis-
lativo. Diante desses casos, o Tribunal de Contas somente emitirá um parecer prévio pela
aprovação ou pela rejeição das contas. Aliás, a regra de definição de competência para jul-
gamento das contas do chefe do Poder Executivo tem status constitucional, nos arts. 3110 e
7111 da CF/88.
Entretanto, há uma discussão jurisprudencial sobre a competência para julgamento das
contas do chefe do Poder Executivo. Segundo esse entendimento, em razão de o art. 1º, inc.
I, alínea ‘g’, da Lei Complementar n. 64/90 prescrever que, para os ordenadores de despe-
sas, deve-se aplicar o art. 71, inc. II, da CF/88, quando as contas forem apresentadas pelos
ordenadores de despesas, para a definição da competência de julgamento das contas do
chefe do Poder Executivo, deve-se fazer uma distinção:
10
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder
Executivo Municipal, na forma da lei.
§ 1º - O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais
de Contas dos Municípios, onde houver.
§ 2º - O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois
terços dos membros da Câmara Municipal.
11
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
I – apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de
seu recebimento;
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
Obviamente, lei de inelegibilidades cria causas de inelegibilidade, não define re-
gras de competência constitucional; quando muito, exige decisão do órgão com-
petente. A competência para o julgamento de contas é matéria constitucional (arts.
31 e 71 da CF/1988), sendo modelo de reprodução obrigatória pelos estados (art.
75 da CF/1988), conforme ressaltado anteriormente. [...]
Em síntese, a interpretação constitucional do tema - competência para o julga-
mento das contas de prefeito que atua como ordenador de despesas - leva à con-
clusão de que a Câmara de Vereadores é o órgão competente para julgar todas as
contas do chefe do Executivo municipal, atuando o TCE como órgão auxiliar, por
meio da emissão de parecer prévio. Esse entendimento não impede o Tribunal de
Contas de emitir parecer específico sobre as contas de gestão do prefeito e enca-
minhá-lo para julgamento do órgão competente: a Câmara de Vereadores. (RO n.
1067-38, voto do Min. Gilmar Mendes, PSESS de 16.9.2014)
JURISPRUDÊNCIA
A competência para o julgamento das contas de prefeito atinentes a convênios é
do Tribunal de Contas, hipótese em que lhe compete decidir e não somente opinar.
(AgR-REspe n. 482-80, Rel. Min. Laurita Vaz, PSESS 17.12.2012)
JURISPRUDÊNCIA
O órgão competente para julgamento da prestação de contas relativas a convê-
nios federais é o Tribunal de Contas da União, e não o do Estado. (AgR-REspe n.
10402, Rel. Min. Nacy Nadrighi, PSESS de 8.11.2012)
Por fim, os demais administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valo-
res públicos da Administração Direta e Indireta, e daqueles que derem causa a perda, extra-
vio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público terão as suas contas
julgadas pelos Tribunais de Contas.
A incidência da inelegibilidade em estudo exige a avaliação, pela Justiça Eleitoral, da
competência para o julgamento das contas. Se a decisão que rejeitou as contas foi proferida
pelo órgão competente preencher-se-á um dos requisitos para impedir o cidadão de partici-
par do pleito.
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Decisão Irrecorrível
O art. 1º, inc. I, alínea g, da Lei Complementar n. 64/90, exige, para a incidência da ine-
legibilidade, que a decisão proferida pelo órgão competente seja irrecorrível.
Inicialmente, deve-se frisar que o julgamento das contas não constitui exercício de
função jurisdicional. Com efeito, o Poder Legislativo e os Tribunais de Contas exercem função
fiscalizatório-administrativa ao julgar as contas dos administradores públicos. Essa é a razão
pela qual, após a rejeição das contas, admite-se a desconstituição da decisão pelo Poder
Judiciário, pois essa decisão não é acobertada pelo fenômeno jurídico coisa julgada.
De qualquer forma, a decisão de rejeição de contas somente produzirá efeitos no âmbito
jurídico-eleitoral após se tornar irrecorrível. Isso quer dizer que, para o impedimento à elegi-
bilidade, exige-se a definitividade da decisão de rejeição de contas no âmbito administrativo.
Trata-se de uma forma de evitar a restrição do direito político passivo antes da existência
de um pronunciamento com certo grau de certeza pelo Tribunal de Contas ou pelo Poder
Legislativo.
Após a definitividade das decisões dos Tribunais de Contas, admite-se a interposição do
recurso de revisão. Esse meio de impugnação somente pode ser manejado pela parte preju-
dicada após a aquisição da característica da definitividade da decisão que rejeita às contas.
No âmbito federal, essa é a prescrição regimental que viabiliza a utilização do recurso
de revisão:
A partir dessa prescrição, vê-se que a natureza jurídica do recurso de revisão é aná-
loga a da ação rescisória. Isso porque o recurso de revisão e a ação rescisória são utilizados
com a finalidade de desconstituir decisões definitivas. A ação rescisória quer alterar decisões
judiciais; o recurso de revisão, por sua vez, viabiliza, decisões administrativas das Cortes
de Contas.
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Além disso, o recurso de revisão não é dotado de efeito suspensivo. Essa ausência de
efeito suspensivo faz com que a interposição de meio de impugnação não afaste a definiti-
vidade da decisão de rejeição e nem os efeitos eleitorais da decisão. Assim, ainda que haja
recurso de revisão, se preenchidos os demais requisitos, o cidadão estará inelegível. A esse
respeito, veja a seguinte decisão do TSE.
JURISPRUDÊNCIA
3. Irrecorribilidade da decisão de rejeição de contas. O recurso de revisão pressu-
põe justamente a irrecorribilidade dadecisão do Tribunal de Contas, à semelhança
da ação rescisória (art. 35 da Lei n. 8.443/1992 e art. 288 do Regimento Interno
do TCU). Precedentes.
4. O sobrestamento do recurso de revisão para aguardar o julgamento de caso
semelhante pelo Tribunal de Contas não retira o caráter definitivo da rejeição de
contas, competindo ao interessado buscar a concessão de efeito suspensivo ao-
recurso de revisão, demonstrando os requisitos necessários, ou pleitear a suspen-
são ou a anulação da rejeição de contas no Poder Judiciário competente.
5. O sobrestamento do recurso de revisão obviamente não se presta a alterar si-
tuação jurídica existente - rejeição de contas -, devendo o interessado utilizar-se
da via administrativa ou judicial própria. (RO n. 1187-97, Rel. Min. Gilmar Mendes,
PSESS de 2.10.2014)
A alínea g do inc. I do art. 1º da Lei Complementar n. 64/90 exige, para a sua incidên-
cia, que a rejeição de contas decorra da existência de irregularidade insanável que configure
ato doloso de improbidade administrativa. Com essa previsão, conclui-se que nem todas as
rejeições de contas atraem essa inelegibilidade, mas somente aquelas proferidas em razão
da constatação da presença de um vício insanável enquadrável como improbidade adminis-
trativa na forma dolosa.
A configuração de ato doloso de improbidade administrativa requer a prática conduta
marcada pela má-fé, por desvios de valores, danos ao erário, reconhecimento de nota de
improbidade, grave violação a princípios da Administração Pública ou que atraia benefícios
ilícitos ao administrador público12.
A existência da irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade admi-
nistrativa deve ser aferida caso a caso. Não há como, de forma apriorística, estabelecer uma
regra geral para que, a partir dela, defina-se que há ato doloso de improbidade administra-
tiva. A título exemplificativo, mostrar-se-á algumas situações jurisprudenciais em que houve
o reconhecimento de ato doloso de improbidade administrativa:
12
(RO 1067-1 1/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, publicado em sessão em 30.9.2014)
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JURISPRUDÊNCIA
Consoante a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, com exceção de falhas
de natureza formal, o descumprimento da Lei de Licitações constitui irregularidade
insanável que configura ato doloso de improbidade administrativa. (AgR-RO n.
2094-93, Rel. Min. João Otávio
JURISPRUDÊNCIA
O descumprimento da Lei de Licitações e a contratação de pessoal sem a realiza-
ção de concurso público constituiirregularidade insanável que configura ato doloso
de improbidade administrativa. Precedentes. (AgR-RO n. 759-44, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, PSESS de 16.10.2014)
• Danos ao erário
JURISPRUDÊNCIA
Como o dano ao erário pode ocorrer de forma culposa ou dolosa, segundo a dou-
trina de Direito Administrativo, compete à Justiça Eleitoral verificar a presença,
na decisão de rejeição de contas, de elementos mínimos que demonstrem que a
conduta foi praticada dolosamente e que se enquadra em uma das figuras típicas
da Lei de Improbidade, não sendo suficiente, para fins de inelegibilidade da alínea
g, o dano ao erário decorrente de conduta culposa. Circunstância ausente no caso
concreto. (Ro n. 585-36, Rel. Min. Luciana Lóssio, PSESS de 3.10.2014)
JURISPRUDÊNCIA
Não recolhimento de contribuições previdenciárias constitui irregularidade insa-
nável que configura ato doloso de improbidade administrativa, apta a configurar
a causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, g, da LC n. 64/90. Precedentes.
(AgR-RO n. 879-45, Rel. Min. Henrique Neves, PSESS de 19.9.2014)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
Segundo a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, o pagamento a maior de
remuneração a agentes públicos (dentre eles o próprio agravante) configura ato
doloso de improbidade administrativa, configurando-se o dolo genérico na medi-
da em que o administrador deixa de observar os dispositivos constitucionais que
vinculam sua atuação. Incidência da inelegibilidade do art. 1º, I, g, da LC 64/90.
(AgR-REspe n. 958-90, Rel. Min. João Otávio Noronha, DJe de 24.6.2014)
JURISPRUDÊNCIA
A omissão no dever de prestar contas relativas a recursos provenientes de con-
vênio, dando ensejo à tomada de contas especial, não configura ato doloso de
improbidade administrativa para incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º, I,
g, da LC n. 64/90, quando demonstradas a regularidade na aplicação dos recursos
e a ausência de prejuízo ao erário. (AgR-REspe, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe
de 2.4.2014)
JURISPRUDÊNCIA
O pronunciamento do Tribunal de Contas da União assentando o desvio de finali-
dade na aplicação de recursos de convênio e imputando débito ao administrador
implica a situação jurídica geradora da inelegibilidade prevista no artigo 1º, inciso
I, alínea g, da Lei Complementar n. 64/1990. (REspe n. 493-45, Rel. Min. Marco
Aurélio, DJe de 3.10.2013)
JURISPRUDÊNCIA
Configura irregularidade insanável, reveladora de ato doloso de improbidade,
deixar de incluir, na proposta orçamentária, valores requisitados pelo Judiciário
para satisfação de precatórios. (REspe n. 527-54, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe
d 2.9.2013)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
Está consolidado nesta Corte o entendimento de que a irregularidade decorrente
da extrapolação do limite máximo previsto no artigo 29-A, I, da Constituição Fe-
deral para as despesas do Poder Legislativo é insanável e constitui ato doloso de
improbidade administrativa. (AgR-REspe n. 396-59, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe
de 17.5.2013)
JURISPRUDÊNCIA
O Tribunal Superior Eleitoral possui jurisprudência no sentido de que o pagamento
de verba indenizatória a vereadores, pela participação em sessão extraordinária,
constitui irregularidade insanável e ato doloso de improbidade administrativa, ap-
tos a atrair a inelegibilidade da alínea g do inciso I do art. 1º da LC n. 64/90. (AgR-
-REspe n. 338-10, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 15.5.2013)
Além disso, ainda que na decisão de rejeição de contas conste, de forma explícita, que
as contas estão sendo rejeitadas em razão da existência de irregularidade insanável que
configure ato doloso de improbidade administrativa, a competência para aferir a natureza da
decisão que rejeitou as contas é da Justiça Eleitoral. Em outras palavras: a avaliação do tipo
de irregularidade que ensejou a rejeição das contas deve ser feita pela Justiça Eleitoral.
Contudo, não cabe à Justiça Eleitoral avaliar o acerto ou o desacerto da decisão da Corte
de Contas. Na verdade, a Justiça Eleitoral analisa o vício apontado pelo Tribunal de Contas
como fundamento para rejeitar as contas. Caso esse fato ensejador da rejeição de contas
configure irregularidade insanável, a Justiça Eleitoral declarará que o cidadão é inelegível.
JURISPRUDÊNCIA
3. Uma vez rejeitadas as contas, a Justiça Eleitoral não só pode como deve pro-
ceder ao enquadramento jurídico das Irregularidades como sanáveis ou Insaná-
veis, para fins de incidência da Inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea ‘g’, da Lei
Complementar n. 64/90. Entretanto, não lhe compete aferir o acerto ou desacerto
da decisão emanada pela Corte de Contas. (AgR-Respe n. 482-80/AC, Rei. Mm,
Laurita Vaz, PSESS de 17.12.2012)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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A parte final da disposição normativa dessa inelegibilidade prescreve que não haverá
sua incidência caso haja decisão judicial anulando ou suspendendo os efeitos da manifesta-
ção de rejeição das contas. Frise-se que a mera propositura da ação judicial para desconsti-
tuir ou sustar os efeitos da decisão de rejeição de contas não é circunstância suficiente para
afastar o reconhecimento da presente situação de inelegibilidade.
Com efeito, para o afastamento da inelegibilidade decorrente da rejeição, exige-se deci-
são judicial anulatória ou decisão judicial liminar que suspenda os efeitos da rejeição das
contas. A competência para julgamento da ação anulatória da decisão da Corte de Contas
é da Justiça Comum Estadual ou Federal. Deveras, a Justiça Eleitoral não tem competência
para anular ou suspender os efeitos da decisão que rejeita as contas dos administradores
públicos. Por consequência, a Justiça Eleitoral não pode avaliar o acerto ou desacerto da
decisão proferida pela Justiça Comum e, uma vez proferida a decisão anulatória ou liminar de
suspensão da rejeição das contas, independentemente de qualquer circunstância, afastada
estará a incidência da presente inelegibilidade. Nesse sentido:
JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. ELEIÇÕES 2012. PRE-
FEITO. REJEIÇÃO DE CONTAS. DECISÃO LIMINAR. JUSTIÇA FEDERAL. SUS-
PENSÃO. INELEGIBILIDADE. DESPROVIMENTO.
1. Não compete à Justiça Eleitoral examinar a correção da decisão da Justiça Co-
mum que ensejou a suspensão da causa de inelegibilidade imputada ao candidato.
2. Havendo decisão judicial suspendendo os efeitos do acórdão que rejeitou as
contas do recorrido, não há como atrair-se a inelegibilidade de que cuida o art. 1º,
I, g, da LC n. 64/90. (REspe n. 151-43, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 25.6.2014)
O art. 11, § 5º, da Lei n. 9.504/97, determina que, até o dia 5 de julho do ano da eleição,
os Tribunais e Conselhos de Contas devem disponibilizar para a Justiça Eleitoral a relação
dos que tiveram suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas
por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível, salvo quando a decisão tiver sido anu-
lada ou com efeitos suspensos pelo Poder Judiciário.
Veja que, para operacionalizar a aplicação e o reconhecimento da inelegibilidade decor-
rente da rejeição de contas, a Lei das Eleições criou uma obrigação de encaminhamento de
relação com os nomes dos que tiveram suas contas rejeitadas. A partir dessa comunicação,
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JURISPRUDÊNCIA
A jurisprudência desta e. Corte Superior Eleitoral entende que o mero fato de o
nome do candidato constar na lista prevista no art. 11, § 5º, da Lei n. 9.504/97 - o
qual prevê hipótese de simples procedimento informativo - não gera, por si só, a
inelegibilidade contida no art. 1º, I, g, da Lei Complementar n. 64/90. (AgR-REspe
n. 32.984, Rel. Min. Felix Fischer, PSESS de 13.11.2008)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
Assim, a existência de condenação14 por abuso de poder em sede de ação de
investigação judicial é suficiente para a incidência das inelegibilidades da alínea d
e h, independentemente de o condenado ter ou não disputado a eleição na qual
praticou o ilícito.
Ressalte-se que não se trata, na espécie, de conferir interpretação extensiva às
alíneas d e h, as quais, como quaisquer causas de inelegibilidade, são de legali-
dade estrita15.
Cuida-se, na verdade, de interpretar sistemática e teleologicamente os referidos
dispositivos, pois o objetivo maior da
Lei Complementar n. 64/90 – norma regulamentadora do art. 14, § 9º, da CF/8816
– é restringir a capacidade eleitoral passiva dos que tenham atentado contra a
normalidade e a legitimidade do pleito por meio da influência do poder econômico
e político e, ainda, daqueles que não possuam idoneidade moral para o exercício
de mandato eletivo.
14
Condenação em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, conforme expressamente previsto no art. 1º, I, d e h, da LC n. 64/90.
15
Cito, dentre inúmeros precedentes: AgR-REspe 906-67/RN, Rel. Min. Dias Toffoli, PSESS em 8.11.2012;
AgR-REspe 109-07/SC, Rel. Min. Arnaldo Versiani, PSESS em 18.10.2012; RO 4425-92/SP, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, PSESS em 25.11.2010.
16
Art. 14. [Omissis]
[...]
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade
para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na admi-
nistração direta ou indireta.
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Nessas situações, o cidadão ficará inelegível para a eleição em que houve a prática
do abuso de poder, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes. Assim
como na interpretação da contagem do prazo de duração da inelegibilidade da alínea d do
inciso I do art. 1º da Lei Complementar n. 64/90, o prazo de 8 (oito) anos é contado a partir
da data da eleição para a qual se praticou o ilícito eleitoral e termina no dia igual ao de início
do oitavo ano seguinte.
Essa inelegibilidade impede os que exercem ou tenham exercido nos últimos 12 meses
cargos ou funções de direção, administração ou representação em instituições financeiras
(estabelecimentos de crédito, financiamento ou seguro) que estejam sofrendo processo de
liquidação judicial ou extrajudicial. Essa inelegibilidade perdurará até que o cidadão que incida
nessa circunstância seja isento de qualquer responsabilidade em decorrência dos eventos
que culminaram com o processo de liquidação.
Vê-se que a alínea i não fixou um prazo específico de duração dessa inelegibilidade.
Na verdade, segundo o dispositivo legal, haverá impedimento à elegibilidade até que os que
exercem cargo ou função de direção, administração em estabelecimentos de crédito, finan-
ciamento ou seguro em processo de liquidação judicial ou extrajudicial, sejam exonerados de
qualquer responsabilidade.
Contudo, o art. 14, § 9º, da CF/88, ao permitir a instituição de inelegibilidades infracons-
titucionais, prescreve que a lei complementar deverá estabelecer as hipóteses de inelegibili-
dade, assim como estabelecer os prazos de sua cessação. Não se pode criar inelegibilidade
com duração indeterminada, sob pena de violação inconstitucional aos direitos políticos.
Além disso, a inelegibilidade inscrita no art. 1º, inc. I, alínea i, da Lei Complementar
64/90, afeta o exercício da capacidade eleitoral passiva daquele que exerce ou tenha exer-
cido cargo ou função de direção, administração ou representação em estabelecimento de
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Esta inelegibilidade está prevista no art. 1º, inciso I, alínea j, da Lei Complementar n.
64/1990, que tem o seguinte teor:
para melhor cumprir os seus eminentes fins tutelares, a Constituição preferiu fa-
lar de corrupção naquele sentido coloquial [não tecnicamente penal] de “cons-
purcação”, “degeneração”, “putrefação”, “degradação”, “depravação” (RESPE n.
28.040, DJ de 1º/7/2008).
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Assim, aquele que for condenado por ter praticado corrupção eleitoral ficará inelegível,
nos termos da disposição em análise;
• captação ilícita de sufrágio – ilícito eleitoral previsto no art. 41-A da Lei n. 9.504/1997,
que se configura com a prática dos atos de, a partir do registro de candidatura até a data
da eleição, “doar, oferecer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou
vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública”;
• doação, captação ou gastos ilícitos de recursos em campanhas eleitorais, nos termos
do art. 30-A da Lei n. 9.504/1997;
• condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas eleitorais, conforme lista
de atos proibidos inscrita nos arts. 73 e ss. da Lei n. 9.504/1997.
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JURISPRUDÊNCIA
3. A causa de inelegibilidade disposta no art. l, I, j, da Lei Complementar n. 64/90,
com redação conferida pela Lei Complementar n. 135/2010, incide com a mera
condenação por captação ilícita de sufrágio, independentemente de ter sido apli-
cada a sanção de cassação do registro ou do diploma cumulativamente com a de
multa. Precedente. Isto ocorre porquanto, uma vez praticada a conduta de capta-
ção ilícita de sufrágio, é inafastávei a aplicação da pena de cassação do registro
ou do diploma, não sendo sua imposição objeto de juízo de discricionariedade do
julgador. Precedentes. 4. Agravo regimental não provido. (AgR-RO n. 979-17/PA,
PSESS em 5.10.2010, rei. Min. Aldir Guimarães Passarinho Junior)
Além disso, os defensores de que essa hipótese de inelegibilidade pode ser reconhe-
cida quando somente há a imposição da pena pecuniária afirmam que também é possível a
condenação pela prática de captação ilícita de sufrágio de quem não participou das eleições
ou de quem não foi eleito. Nessa situação, a cassação do registro ou do diploma não poderá
ser aplicada, mas só a multa. Essa também é uma circunstância que, segundo a jurisprudên-
cia, faz com que se reconheça a possibilidade de declaração da inelegibilidade em discussão
para aquele que foi condenado por captação ilícita de sufrágio e sofreu a imposição somente
da pena de multa. Nesse sentido:
JURISPRUDÊNCIA
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. FUNGIBILIDADE
RECURSAL RECEBIMENTO COMO RECURSO ORDINÁRIO. SATISFAÇÃO
DOS PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS. AUSÊNCIA DE ERRO GROSSEIRO E
MÁ-FÉ. ELEIÇÕES 2010. DEPUTADO ESTADUAL. CONDENAÇÃO POR CAP-
TAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. IMPOSIÇÃO APENAS DA PENA DE MULTA, EM
RAZÃO DE O CANDIDATO NÃO TER SIDO ELEITO. INCIDÊNCIA DA CAUSA DE
INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, I, J, DA LC N. 64190, COM REDAÇÃO DA LC N.
135/2010. NÃO PROVIMENTO.
1. (...) A Lei Complementar n. 135/2010 aplica-se às eleições de 2010, de modo que
condenação por captação ilícita de sufrágio anterior à edição da LC n. 135/2010
enseja a aplicação da causa de inelegibilidade prevista na LC n. 64/90 com reda-
ção dada pela LC n. 135/2010. Precedentes.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Por outro lado, ainda, segundo a jurisprudência do TSE, nos demais ilícitos eleitorais,
somente haverá a aplicação da inelegibilidade se houver a aplicação da sanção de cassação
do registro ou do diploma.
JURISPRUDÊNCIA
1. A inelegibilidade referente à condenação por conduta vedada, por órgão cole-
giado ou com trânsito em julgado, prevista na alínea j do inciso I do art. 1º da LC
n. 64/90, somente se configura caso efetivamente ocorra a imposição da sanção
de cassação de registro ou de diploma no respectivo processo. 2. Evidencia-se
não configurada a hipótese de inelegibilidade da alínea j se o candidato foi conde-
nado pelas instâncias ordinárias apenas ao pagamento de multa pela prática de
conduta vedada. Agravo regimental não provido. (AgR-REspe n. 230-34, rei. Min.
Arnaldo Versiani, PSESS em 30.10.2012.)
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JURISPRUDÊNCIA
Não incide a inelegibilidade da alínea j do inciso I do art. 1º da LC n. 64/90 se,
em virtude da procedência de ação de impugnação de mandato eletivo proposta
contra Prefeito e Vice-Prefeito, o candidato teve cassado o seu mandato de Vice-
-Prefeito apenas por força da indivisibilidade da chapa, conforme dispõem os arts.
91 do Código Eleitoral e 3º, § 1º, da Lei n. 9.504/97, havendo, ainda, o Tribunal
Regional Eleitoral reconhecido que ele não teve participação nos fatos apurados
naquele processo e que deram origem à condenação eleitoral. (REspe n. 2-06,
Rel. Min. Arnaldo Versiani, PSESS em 9.10.2012)
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JURISPRUDÊNCIA
não compete à Justiça Eleitoral examinar a tipicidade do fato que deu origem à
renúncia, para verificar se o Senador sofreria, ou não, a perda de seu mandato
por infração a dispositivo da Constituição Federal [... ]. Interessa à Justiça Eleitoral
apenas verificar se, nos termos da alínea k, houve renúncia ‘desde o oferecimento
da representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por in-
fringência a dispositivo da Constituição Federal (Recurso Ordinário n. 645-80, rei.
Min. Arnaldo Versiani, PSESS em 11. 9.2010).
Aliás, mesmo que não tenha sido instaurado o processo para cassação do mandato, se
a petição ou representação que possa ter essa consequência tiver sido oferecida/protoco-
lizada, o ocupante do cargo eletivo que renunciar ficará inelegível pelo período restante do
mandato para o qual foi eleito, bem como nos 8 (oitos) anos subsequentes.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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A Constituição Federal, em seu art. 37, caput, prescreve que o princípio da moralidade
administrativa é aplicável à Administração Pública de qualquer dos Poderes da União, do
DF, dos Estados e dos Municípios. A partir desse princípio constitucional, para a validade da
atuação de agentes públicos, exige-se a sua compatibilidade com a lei, bem como com a
moralidade.
Por esse motivo, em razão da incompatibilidade com a ética que deve pautar a edição
e prática de atos administrativos, a Lei de Improbidade Administrativa prescreve que devem
ser considerados atos de improbidade administrativa:
17
Constituição Federal
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
Art. 37. Omissis
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressar-
cimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
AGRAVO REGIMENTAL. ELEIÇÕES 2012. CANDIDATO A VEREADOR. REGIS-
TRO DE CANDIDATURA INDEFERIDO PELO TRE. RECURSO ESPECIAL ELEI-
TORAL. SUPOSTA INCIDÊNCIA NA CAUSA DE INELEGIBILIDADE DO ART. 1º,
INCISO I, ALÍNEA L, DA LEI COMPLEMENTAR N. 64/1990. AUSÊNCIA DE RE-
QUISITO. REGISTRO DEFERIDO. DESPROVIMENTO DO RECURSO.
1. Com base no direito fundamental à elegibilidade, a interpretação do art. 1º, in-
ciso I, alínea L, da LC n. 64/1990 leva à conclusão de que nem toda condenação
por improbidade administrativa é suficiente para fazer incidir a causa de inelegibi-
lidade ali referida, mas somente as que preencham cumulativamente os seguintes
requisitos:
i) decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado do Poder
Judiciário;
ii) condenação por improbidade administrativa na modalidade dolosa;
iii) conduta ímproba que acarrete dano ao erário e enriquecimento ilícito;
iv) suspensão dos direitos políticos;
v) prazo de inelegibilidade não exaurido;
vi) condenação colegiada não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário.
2. A incidência da causa de inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea L, da LC n.
64/1990 pressupõe análise vinculada da condenação colegiada imposta em ação
de improbidade administrativa, não competindo à Justiça Eleitoral, em processo
de registro de candidatura, promover novo julgamento da ação de improbidade,
para chegar à conclusão não reconhecida pela Justiça Comum competente: o
dano ao erário.
3. Ausência de condenação por dano ao erário ou referência expressa a prejuízo
aos cofres públicos. Com fundamento na compreensão da reserva legal proporcio-
nal, as causas de inelegibilidade devem ser interpretadas restritivamente, evitan-
do-se a criação de restrição de direitos políticos sobre bases frágeis e inseguras,
como a possibilidade de dispensar determinado requisito da causa de inelegibili-
dade, ofensiva à dogmática de proteção dos direitos fundamentais. Precedentes.
(AgR-REspe n. 8922/RS, DJe de 11.12.2014, Rel. Min. Gilmar Mendes);
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Essa inelegibilidade tem previsão no art. 1º, inc. I, alínea m, da Lei Complementar
n. 64/1990:
Por essa prescrição legal, estará inelegível aqueles que sofrerem sanção imposta pelo
órgão profissional competente, por terem praticado infração ética no exercício da profissão.
Contudo, essa inelegibilidade somente incidirá se o cidadão for excluído do exercício da
profissão.
Desse modo, caso o cidadão pratique falta disciplinar por violação de prescrições éticas
no exercício de sua profissão, mas somente seja punido com advertência, multa, ou suspen-
são do exercício profissional, não haverá a incidência da inelegibilidade em comento.
Uma vez presentes os elementos fáticos para a incidência da norma, o cidadão ficará
inelegível pelo prazo de 8 (oito) anos a contar do momento em que se tornar irrecorrível
a decisão sancionatória proferida pelo órgão profissional. A esse respeito, veja o ensina-
mento de Zilio:
O prazo de inelegibilidade, segundo a dicção legal, é de oito anos, não sendo esclare-
cido o termo inicial da restrição. Porque as demais hipóteses normativas da nova normativas
da nova lei complementar trazem a decisão como termo inicial da inelegibilidade, possí-
vel o recurso à analogia, adotando idêntica solução, com a necessária adequação ao caso
concreto da alínea m. Com o fito de evitar a aplicação de sanção extremamente gravosa
18
Jurisprudência – “A causa de inelegibilidade prevista no art. l, 1, É, da Lei Complementar n. 64190 - decorrente de condenação à pena de suspensão dos
direitos políticos em sede de ação civil pública por ato doloso de improbidade administrativa - incide até o transcurso do prazo de oito anos contados do
cumprimento da pena”. (ED-REspe n. 365-37, Rel. Min. Arnaldo Versiani, PSESS em 11.9.2012)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Sabe-se que a Constituição Federal, em seu art. 14, § 7º, prescreve que são inelegí-
veis, na circunscrição do titular, o cônjuge, bem como os parentes consanguíneos ou afins
até o segundo grau ou por adoção dos chefes do Poder Executivo (presidente da República,
governador e prefeito) e de quem os houver substituído nos 6 (seis) meses anteriores da data
da eleição.
Para evitar a incidência dessa inelegibilidade constitucional, aqueles que seriam afeta-
dos por esse impedimento, reflexo da elegibilidade, simulavam a quebra do vínculo conjugal
ou de companheirismo. Levando em consideração essa realidade, o Supremo Tribunal Fede-
ral editou a Súmula Vinculante n. 18, com o seguinte teor:
JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante n. 18 – A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal,
no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do art. 14 da
Constituição Federal.
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A partir dessa nova inelegibilidade introduzida pela Lei Complementar n. 135/2010, caso
reste demonstrado que o vínculo conjugal ou de companheirismo foi desfeito com a finali-
dade de afastar a incidência da inelegibilidade reflexa, ambos os cônjuges ou companheiros
ficarão inelegíveis a partir do momento que a decisão judicial que reconhecer esse especial
fim de agir for proferida por órgão colegiado ou transitar em julgado. Essa inelegibilidade per-
dura pelo prazo de 8 (oito) anos.
O servidor público pode, caso pratique infração disciplinar de natureza grave, perder
o seu cargo em virtude de demissão. Deveras, essa sanção é uma penalidade disciplinar e
pode ser aplicada em virtude da prática de algumas situações ilícitas após o regular desen-
volvimento de um processo judicial ou administrativo.
Segundo a alínea o do inciso I do art. 1º da Lei Complementar n. 64/90, essa hipótese
de inelegibilidade será aplicável aos servidores públicos que forem demitidos após o regu-
lar desenvolvimento de um processo administrativo ou judicial, que ficarão inelegíveis pelo
prazo de 8 (oito) anos a contar da data da decisão.
Da mesma forma que outras hipóteses de inelegibilidade, é possível a suspensão dos
efeitos dessa inelegibilidade desde que por meio de decisão judicial. Para tanto, o servi-
dor público poderá ajuizar ação anulatória para desconstituir a decisão sancionatório e, se
houver determinação de suspensão liminar dos efeitos da sanção ou anulação da demissão,
afastada estará a incidência dessa situação de inelegibilidade.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Nos termos do art. 1º, inciso I, alínea p, da Lei Complementar n. 64/1990, são inelegíveis:
JURISPRUDÊNCIA
A alínea p do inciso I do art. 1º da LC n. 64/90 não exige, para a incidência da
inelegibilidade, que os dirigentes das pessoas jurídicas responsáveis por doações
eleitorais irregulares integrem a relação processual da representação respectiva,
mas tão somente que a doação irregular tenha sido reconhecida por meio de deci-
são transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado. A inelegibilidade não
atinge a pessoa jurídica condenada na referida representação, mas, sim, seus
dirigentes. (REspe n. 406-69, Rel. Min. Henrique Neves, DJe de 4.6.2013)
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Essa inelegibilidade está prevista no art. 1º, inciso I, alínea q, da Lei Complementar n.
64/1990, da seguinte forma:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham exercido cargo ou função
de direção, administração ou representação nas empresas de que tratam os arts.
3º e 5º da Lei n. 4.137, de 10 de setembro de 1962, quando, pelo âmbito e nature-
za de suas atividades, possam tais empresas influir na economia nacional;
e) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de empresas que atuem no
Brasil, nas condições monopolísticas previstas no parágrafo único do art. 5º da lei
citada na alínea anterior, não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6 (seis) meses
antes do pleito, a prova de que fizeram cessar o abuso apurado, do poder econô-
mico, ou de que transferiram, por força regular, o controle de referidas empresas
ou grupo de empresas;
f) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito, ocupado cargo
ou função de direção, administração ou representação em entidades representa-
tivas de classe, mantidas, total ou parcialmente, por contribuições impostas pelo
poder Público ou com recursos arrecadados e repassados pela Previdência Social;
g) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das funções, tenham exercido
cargo de presidente, diretor ou superintendente de sociedades com objetivos ex-
clusivos de operações financeiras e façam publicamente apelo à poupança e ao
crédito, inclusive através de cooperativas e da empresa ou estabelecimentos que
gozem, sob qualquer forma, de vantagens asseguradas pelo poder público, salvo
se decorrentes de contratos que obedeçam a cláusulas uniformes;
h) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito, hajam exercido cargo ou
função de direção, administração ou representação em pessoa jurídica ou em em-
presa que mantenha contrato de execução de obras, de prestação de serviços ou
de fornecimento de bens com órgão do Poder Público ou sob seu controle, salvo
no caso de contrato que obedeça a cláusulas uniformes;
i) os que, membros do Ministério Público, não se tenham afastado das suas fun-
ções até 6 (seis) meses anteriores ao pleito;
j) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos órgãos ou entidades da
Administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e dos Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder Públi-
co, não se afastarem até 3 (três) meses anteriores ao pleito, garantido o direito à
percepção dos seus vencimentos integrais;
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8. PARTIDOS POLÍTICOS
Em primeiro lugar, faz-se uma distinção técnica: o Direito Eleitoral não trata da matéria
referente aos partidos políticos. O Direito Eleitoral está relacionado à soberania popular, aos
Direitos Políticos, às eleições.
O ramo do Direito que cuida da criação, organização e relações partidárias é o Direito
Partidário. Embora haja uma íntima relação entre eleições e partidos políticos, os tópicos
relacionados aos partidos políticos submetem-se a princípios específicos e, por isso, há esse
ramo Direito Partidário, distinto do Direito Eleitoral.
Em razão da influência de alguns institutos do Direito Partidário no processo eleitoral
e da importância dos partidos políticos no regime democrático brasileiro, tratar-se-á, nessa
obra, sobre os principais aspectos sobre a criação, organização e participação em partidos
políticos.
Os partidos políticos têm sua disciplina normativa inscrita no art. 17 da Constituição
Federal e na Lei n. 9.096/95.
Aliás, tem-se que fazer uma constatação que vai auxiliar a compreender e interpretar as
disposições constitucionais e legais relacionadas aos partidos políticos.
A Constituição Federal trata dos partidos políticos no art. 17. O artigo 17 está inscrito no
Título II da CF. O Título II é dividido em Capítulos, nos termos a seguir.
Qual a importância dessa constatação? Por que tem que ser feita essa visualização
para compreender as normas sobre partidos políticos?
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Após esse panorama inicial sobre o direito partidário na CF, passa-se a análise dos prin-
cipais temas sobre partidos políticos.
Com a finalidade de regulamentar as disposições constitucionais relativas aos partidos
políticos foi editada a Lei n. 9.096/95, também conhecida como Lei dos Partidos Políticos.
Essa lei foi organizada da seguinte forma:
Para cumprir os objetivos da presente obra, decidimos não tratar sobre todos os aspec-
tos da Lei dos Partidos Políticos, mas somente sobre os tópicos com maior conexão com o
Direito Eleitoral.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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De acordo com Bulos, os “partidos políticos são associações de pessoas, unidas por
uma ideologia ou interesses comuns, que, organizadas estavelmente, influenciam a opinião
popular e a orientação política do país”.
Para fixar, Celso Ribeiro Bastos afirma que “trata-se de uma organização de pessoas
reunidas em torno de um mesmo programa político com a finalidade de assumir o poder e
de mantê-lo ou, ao menos, de influenciar na gestão da coisa pública através de críticas e
oposição”.
A partir desses dois conceitos, pode-se tirar alguns elementos importantes:
1º – trata-se de uma associação de pessoas;
2º – pessoas unidas em torno de um mesmo programa ou mesma ideologia política;
3º – querem, de forma legítima, acessar o poder e definir a gestão da coisa pública.
Por sua vez, esse é o conceito legal de partido político, inscrito no art. 1º da Lei
n. 9.096/95:
Quanto à natureza jurídica, os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito pri-
vado. Essa caracterização está contida no art. 44 do Código Civil:
Dessas disposições legais, pode-se concluir que o partido político não é uma pessoa
jurídica de direito público. Não integra o Estado. Ainda que o partido político possua funções
eminentemente ligadas ao interesse público, mesmo que as agremiações partidárias sejam
indispensáveis ao regime democrático, são pessoas jurídicas de direito privado.
Confirmando essa autonomia dos partidos políticos frente ao Estado, a Constituição
Federal, ao tratar da matéria partidária, garante às agremiações autonomia para organiza-
rem-se, funcionarem e definirem sua estrutura interna.
Em razão dessa natureza jurídica privatística, ou seja, como os partidos políticos são
pessoas jurídicas eminentemente privadas, os litígios que envolvam os órgãos partidários ou
os partidos políticos e os seus filiados são julgados pela Justiça Comum. Com efeito, com-
pete à Justiça Comum o julgamento dos processos instaurados entre órgãos partidários ou
entre esses e os seus filiados. Não é da Justiça Eleitoral essa competência.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Contudo, a Justiça Eleitoral tem uma atribuição administrativa, no que tange à repartição
do fundo partidário e do programa partidário. Veja que a Justiça Eleitoral não julga processos
judiciais partidários, mas administra o exercício de alguns direitos dos partidos políticos.
De forma excepcional, no âmbito judicial, a Justiça Eleitoral somente terá competência para
julgar litígios partidários que tenham reflexos no processo eleitoral. Esta é a jurisprudência do TSE:
JURISPRUDÊNCIA
É competência da Justiça Eleitoral analisar controvérsias sobre questões internas
das agremiações partidárias quando houver reflexo direto no processo eleitoral,
sem que esse controle jurisdicional interfira na autonomia das agremiações parti-
dárias, garantido pelo art. 17, § 1º, da CF. (Agravo Regimental no Recurso Espe-
cial n. 26.412, rel. Min. Cesar Rocha, de 20.9.2006)
JURISPRUDÊNCIA
Eleitoral. Partido político. Mandado de Segurança. Sanção disciplinar consistente
na expulsão do partido. Cabimento da segurança. Recurso tempestivo: seu pro-
cessamento.
I – Atingindo a sanção disciplinar o status do filiado e, por isso, sua condição de
elegibilidade, a este deve ser assegurada a garantia constitucional do mandado de
segurança e a jurisdição da justiça eleitoral.
II – Recurso interposto tempestivamente perante a direção partidária e dirigido à
Convenção Nacional: deferimento parcial da segurança para que o citado recurso
seja processado e decidido pelo órgão competente, a Convenção Nacional.”
(Mandado de Segurança n. 1.534, Rel. Min. Diniz de Andrada, DJ de 1º.9.1993)
Disposições Preliminares
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Para ter uma ideia, hoje temos 33 partidos políticos registrados no TSE. Existem, aproxi-
madamente, 18 partidos políticos em formação. Estima-se que poderemos ter quase 50 parti-
dos nas eleições de 2018. Imagine uma eleição com 50 partidos. Ainda assim, não é possível
o estabelecimento de uma barreira legal proibindo a criação de novos partidos políticos.
A própria Constituição, no mesmo art. 17, caput, responde essa nossa indagação:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Por essa razão, a Constituição proíbe aos partidos a utilização de organização parami-
litar. Essa proteção ao princípio do regime democrático, fez com que a Lei n. 9.096/95 pre-
visse que “é vedado ao partido político ministrar instrução militar ou paramilitar, utilizar-se de
organização da mesma natureza e adotar uniforme para seus membros”.
Veja que, de acordo com a Lei dos Partidos Políticos, existem três formas de o partido
político violar o regime democrático:
• Caráter nacional – todo partido político precisa ter caráter nacional. É impossível a cria-
ção de um partido político de âmbito estadual ou municipal. A forma de comprovação do
caráter nacional de um partido político é por meio do apoiamento mínimo de eleitores.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
JURISPRUDÊNCIA
O Tribunal Superior Eleitoral já assentou a constitucionalidade do apoiamento mí-
nimo de eleitores, previsto no art. 9º, § 1º, da Lei n. 9.096/1995, por ser um critério
para verificação do caráter nacional.
(RPP n. 613-60/DF, rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 22.5.2014)
Nos termos do art. 7º, § 1º, da Lei n. 9.096/1995, o apoiamento se consubstancia
na comprovação do apoio de eleitores não filiados a partido político, no período de
dois anos contados da aquisição do registro civil, correspondente a, pelo menos,
0,5% (cinco décimos por cento) dos votos dados na última eleição geral para a
Câmara dos Deputados, não computados os votos em branco e os nulos, distribu-
ídos por um terço, ou mais, dos Estados, com um mínimo de 0,1% (um décimo por
cento) do eleitorado que haja votado em cada um deles.
Essa adesão ao partido deve ser obtida no prazo de dois anos, contados a partir
do registro da agremiação partidária no cartório, ou seja, a partir do dia de aqui-
sição da personalidade jurídica no Cartório Civil, salvo em relação aos partidos
constituídos anteriormente à publicação da Lei n. 13.165/2015, por ser este o do-
cumento legal que inaugurou a necessidade de observância desse prazo. A esse
respeito, veja o seguinte julgado do Tribunal Superior Eleitoral:
CONSULTA. CRIAÇÃO. PARTIDO POLÍTICO. PRAZO. APOIAMENTO DE
ELEITORES.
1. A consulta preenche os requisitos de admissibilidade previstos no art. 23, inciso
XII, do Código Eleitoral.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Os apoiadores devem ter inscrição eleitoral em pelo menos um terço dos Estados, ou
seja, 9 (nove) Estados ou 8 (oito) Estados mais o Distrito Federal. Isso quer dizer que o par-
tido político não pode buscar as assinaturas de eleitores em um único Estado ou região do
país. Aliás, essa exigência se revela absolutamente coerente com o objetivo do apoiamento
de eleitores, que é a de demonstrar o caráter nacional do partido político em formação.
Em cada um dos Estados, a agremiação em formação deve obter o apoio de, pelo
menos, um décimo por cento de eleitorado que tenha votado em cada um deles.
Com o preenchimento desse requisito, o partido político em formação terá comprovado
a exigência constitucional do caráter nacional.
Com o preenchimento desses três requisitos, o partido político terá comprovado a exi-
gência constitucional do caráter nacional.
Não são todos os partidos que possuem direito ao funcionamento parlamentar, mas
somente aqueles que preencham os requisitos da lei.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Art. 3º É assegurada, ao partido político, autonomia para definir sua estrutura in-
terna, organização e funcionamento.
§ 1º. É assegurada aos candidatos, partidos políticos e coligações autonomia para
definir o cronograma das atividades eleitorais de campanha e executá-lo em qual-
quer dia e horário, observados os limites estabelecidos em lei. (grifo nosso)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
RESERVA CONSTITUCIONAL DE DISCIPLINAÇÃO ESTATUTÁRIA (CF, ART. 17, § 1º). –
O postulado constitucional da autonomia partidária criou, em favor dos Partidos
Políticos – sempre que se tratar da definição de sua estrutura, de sua organização
ou de seu interno funcionamento – uma área de reserva estatutária absolutamen-
te indevassável pela ação normativa do Poder Público. Há, portanto, um domínio
constitucionalmente delimitado, que pré-exclui – por efeito de expressa cláusula
constitucional (CF, art. 17, § 1º) – qualquer possibilidade de intervenção legislativa
em tudo o que disser respeito à intimidade estrutural, organizacional e operacional
dos Partidos Políticos.
(ADI-MC 1407, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 24.11.2000)
Entretanto, segundo Nelson Nery Jr. (2017, p. 370), há limites ao exercício do direito de
autonomia pelas agremiações partidárias. Inadmite-se cláusulas estatutárias que afrontem
normas constitucionais. Veja a referida lição doutrinária.
JURISPRUDÊNCIA
De nossa parte, asseveramos que nos partidos políticos, apesar de possuírem au-
tonomia para organizar sua estrutura interna (CF, art. 17, § 1º), a referida organi-
zação não poderá ser destoante em relação aos demais preceitos constitucionais.
Assim, os partidos não poderão se estruturar de maneira não democrática, ou
seja, além da atuação, a estruturação do partido político deverá ser democrática,
o que repercute em diversos pontos gerenciais do partido, merecendo destaque a
impossibilidade de expulsar membros ou filiados sem a observância do due pro-
cess of law, ou então praticar perseguição ideológica.
É mister destacar que, da mesma maneira que é importante garantir autonomia
partidária para os partidos se organizarem, também é imprescindível assegurar
que o funcionamento do partido nunca ponha em risco o correto funcionamento
do Estado Democrático de Direito. Até porque não faria sentido, sob o pretexto de
garantir autonomia partidária dos partidos políticos, que eles pudessem agir e se
organizar de maneira contrária aos preceitos elementares da Constituição Fede-
ral, inclusive os insculpidos na CF.
No mesmo sentido caminhou a jurisprudência do TSE. Ao julgar o RPP 1417-96,
DJE de 15.3.2016, o Ministro Henrique Neves da Silva consignou que “não há
como se conceber que em uma democracia os principais atores da representa-
ção popular não sejam, igualmente, democráticos. Este, inclusive, é o comando
expresso no art. 17 da Constituição da República que, ao assegurar a autonomia
partidária, determina expressamente que sejam ‘resguardados a soberania na-
cional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da
pessoa humana’”.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
Na linha da jurisprudência deste Tribunal, pode-se concluir que a autonomia parti-
dária, insculpida no art. 17, § 1º, da CF, não é absoluta. Ao revés, encontra limites
nas balizas estabelecidas no caput do art. 17 da Carta Magna, especialmente no
que se refere à necessidade de se observar o princípio democrático na organiza-
ção interna dos Partidos Políticos.
(RPP 1417-96/DF, rel. designado Min. Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, DJe de
15.3.2018)
No ponto, acrescento que esse entendimento gerou uma reação legislativa do Con-
gresso Nacional, que, pela Lei n. 13.831/2019, alterou o art. 3º da Lei dos Partidos Políticos,
cujo texto passou a ser o seguinte:
Art. 3º. É assegurada, ao partido político, autonomia para definir sua estrutura
interna, organização e funcionamento.
(...)
§ 2º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir o prazo de du-
ração dos mandatos dos membros dos seus órgãos partidários permanentes ou
provisórios.
§ 3º O prazo de vigência dos órgãos provisórios dos partidos políticos poderá ser
de até 8 (oito) anos.
§ 4º Exaurido o prazo de vigência de um órgão partidário, ficam vedados a extin-
ção automática do órgão e o cancelamento de sua inscrição no Cadastro Nacional
da Pessoa Jurídica (CNPJ).
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Contudo, essa alteração legislativa passou a sofrer forte resistência no TSE, por alon-
gar sobremaneira a vigência de órgãos que, em tese, não poderiam se perpetuar por um
longo período.
O STF também não era simpático ao texto da lei, o que culminou com o julgamento da
ADI 6.230, em que aquele Tribunal decidiu por manter no ordenamento jurídico o § 2º do art.
3º, introduzido pela Lei n. 13.831/2019, mas deu-lhe interpretação conforme à Constituição
para assentar que os partidos políticos podem, no exercício de sua autonomia constitucional,
estabelecer a duração dos mandatos de seus dirigentes desde que compatível com o prin-
cípio republicano da alternância do poder concretizado por meio da realização de eleições
periódicas em prazo razoável.
Melhor sorte não teve a nova redação do § 3º do art. 3º da Lei n. 9.096/1995, que foi
declarada inconstitucional pelo STF, no julgamento da referida ADI, expurgando, de vez, a
possibilidade de os partidos constituírem comissões provisórias com prazo de vigência de 8
(oito) anos.
Os efeitos da decisão foram modulados para valer a partir de janeiro de 2023, ficando
ainda previsto a necessidade de participação dos partidos políticos, em conjunto com o TSE,
mediante audiência ou consulta pública, no estabelecimento democrático e republicano de
prazo razoável de duração das comissões provisórias, bem como de adequação dos estatu-
tos vigentes à decisão proferida pelo STF.
Mais recentemente, o Congresso Nacional, por meio da Lei n. 14.211\2021, introduziu o
art. 23-A no Código Eleitoral, para reafirmar a impossibilidade de o TSE, por meio de norma
regulamentar, tratar da organização dos partidos políticos.
Ao tratar do tema, o Supremo Tribunal Federal fixou a ideia do exercício da autonomia
partidária limitada a preceitos constitucionais. Confira:
JURISPRUDÊNCIA
O princípio da igualdade material é prestigiado por ações afirmativas. No entanto,
utilizar, para qualquer outro fim, a diferença estabelecida com o objetivo de supe-
rar a discriminação ofende o mesmo princípio da igualdade, que veda tratamento
discriminatório fundado em circunstâncias que estão fora do controle das pessoas,
como a raça, o sexo, a cor da pele ou qualquer outra diferenciação arbitrariamente
considerada. Precedente do CEDAW. 3. A autonomia partidária não consagra re-
gra que exima o partido do respeito incondicional aos direitos fundamentais, pois
é precisamente na artificiosa segmentação entre o público e o privado que reside
a principal forma de discriminação das mulheres.
(ADI 5617, rel. Min. Edson Fachin, DJe de 3.10.2018)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Para finalizar, vale lembrar a polêmica decisão do TSE, que novamente põe em discus-
são o princípio da autonomia partidária. Ao responder à Consulta n. 0603816-39/DF, aquele
Tribunal decidiu que a previsão de reserva de vagas para a disputa de candidaturas propor-
cionais, inscrita no § 3º do artigo 10 da Lei n. 9.504/1997, deve ser observada para a compo-
sição das comissões executivas e diretórios nacionais, estaduais e municipais dos partidos
políticos, de suas comissões provisórias e demais órgãos equivalentes. (CTA n. 0603816-39/
DF, rel. Min. Rosa Weber, julgado em 19/5/2020).
Organização e Funcionamento
O partido político adquire personalidade jurídica com o registro de seus atos constituti-
vos no Cartório de Registro Civil e de Pessoas Jurídicas, do local de sua sede.
ATENÇÃO
O partido político deve ser registrado no Cartório de Registro Civil e de Pessoas Jurídicas,
do local de sua sede. Não pode ser registrado em um Cartório de Registro Civil de Pessoas
Jurídicas de outra localidade.
Esse pedido de registro, que é dirigido ao Cartório de Registro Civil e de Pessoas Jurí-
dicas, do local de sua sede, deve ser subscrito pelos fundadores da agremiação partidária.
Ressalte-se que, em razão do caráter nacional exigível dos partidos, há uma determina-
ção de que esse requerimento de registro deva ser subscrito por, pelo menos, 101 fundado-
res, com domicílio eleitoral em, no mínimo 1/3 dos Estados. Como exigência formal, o pedido
de registro deve ser acompanhado de:
1º – cópia autêntica da ata da reunião de fundação do partido;
2º – exemplares do Diário Oficial que publicou, no seu inteiro teor, o programa e
o estatuto;
3º – relação de todos os fundadores com o nome completo, naturalidade, número do
título eleitoral com a Zona, Seção, Município e Estado, profissão e endereço da residência.
Caso sejam atendidas essas exigências legais, o partido político terá o deferimento do
seu pedido de registro e adquirirá personalidade jurídica. Após a obtenção da personalidade
jurídica, o partido político deverá obter o apoiamento mínimo de eleitores.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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É o apoio de eleitores não filiados a partidos políticos que correspondam a, pelo menos,
meio por cento dos votos dados na última eleição para a Câmara dos Deputados, alcan-
çados no período de dois anos. Deve-se considerar, assim, o número de votos dados na
anterior eleição para Deputado Federal. Do total de votos, calcula-se meio por cento. Para
esse cálculo do número mínimo de eleitores que deve apoiar a criação de um novo partido
político, deve desconsiderar os votos em branco e nulos, ou seja, considerar somente os
votos válidos.
2º – Esse apoiamento deve ser buscado em, no mínimo, um terço dos Estados. Isso
quer dizer que o partido político não pode buscar as assinaturas de eleitores em um único
Estado da Federação. Aliás, esse instituto quer exigir que os partidos políticos tenham cará-
ter nacional. Portanto, deve-se demonstrar o apoio para a criação de um partido político em
diversos entes federativos.
3º – Como requisito final para a comprovação do apoiamento mínimo, exige-se que, em
cada um dos Estados em que o partido buscou o apoio, deve-se obter assinatura de, pelo
menos, um décimo por cento do eleitorado que haja votado nesse ente federativo.
Caso o partido obtenha o apoiamento mínimo, atendendo as exigências contidas no art.
7º, § 1º, da Lei n. 9.096/95, deverá registrar seu estatuto no TSE.
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Federações Partidárias
Os partidos políticos, dada a sua autonomia partidária, poderão se unir com outras agre-
miações partidárias, de forma temporária, com a finalidade de disputar as eleições. Nesse
caso, define-se como estratégia para disputar as eleições a união com outros partidos políticos.
Nesse caso, tem-se a formação das coligações, uma espécie de pessoa jurídica pro
tempore, cuja existência jurídica está limitada à disputa eleitoral e depende, para o seu surgi-
mento, de decisão a ser tomada exclusivamente pelos próprios partidos políticos.
A partir da edição da Emenda à Constituição n. 97/2017, limitou-se a formação de coli-
gações apenas às eleições majoritária, ou seja, para as disputas para os cargos de presi-
dente, governador, prefeito e senador. Por consequência, por se tratar de cargos regidos pelo
sistema eleitoral proporcional, não se admite a formação de coligações para as eleições para
os cargos de deputado federal, deputado estadual, deputado distrital e vereador.
Além dessa forma de união de partidos políticos, a Lei n. 14.211/2021 permitiu a união
partidária por meio da constituição de federações. Com efeito, nos termos do art. 11 da Lei n.
9.096/95, dois ou mais partidos políticos poderão reunir-se em federação, a qual, após sua
constituição e respectivo registro perante o Tribunal Superior Eleitoral, atuará como se fosse
uma única agremiação partidária.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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I – a federação somente poderá ser integrada por partidos com registro definitivo
no Tribunal Superior Eleitoral. Em outras palavras, partidos políticos em formação,
ainda que tenham personalidade jurídica decorrente do registro no cartório de re-
gistro civil de pessoas jurídicas, não poderão participar de federações;
II – os partidos reunidos em federação deverão permanecer a ela filiados por, no
mínimo, 4 (quatro) anos. Aliás, o descumprimento dessa permanência mínima de
quatro anos em uma federação tem como consequência a perda do direito de in-
gressar em nova federação e de celebrar coligações nas duas eleições seguintes
e, até que se complete o prazo mínimo de existência da federação, a impossibili-
dade de participar da distribuição dos recursos do fundo partidário;
III – a federação poderá ser constituída até seis meses antes da data das eleições;
IV – a federação terá abrangência nacional e seu registro será encaminhado ao
Tribunal Superior Eleitoral.
Art. 11-A
§ 6º O pedido de registro de federação de partidos encaminhado ao Tribunal Su-
perior Eleitoral será acompanhado dos seguintes documentos: (Incluído pela Lei
n. 14.208, de 2021)
I – cópia da resolução tomada pela maioria absoluta dos votos dos órgãos de
deliberação nacional de cada um dos partidos integrantes da federação; (Incluído
pela Lei n. 14.208, de 2021)
II – cópia do programa e do estatuto comuns da federação constituída; (Incluído
pela Lei n. 14.208, de 2021)
III – ata de eleição do órgão de direção nacional da federação. (Incluído pela Lei
n. 14.208, de 2021
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Do Funcionamento Parlamentar
Art. 12. O partido político funciona, nas Casas Legislativas, por intermédio de uma
bancada, que deve constituir suas lideranças de acordo com o estatuto do partido,
as disposições regimentais das respectivas Casas e as normas desta Lei.
No que se refere ao direito dos partidos políticos de constituir bancadas, indicar lide-
ranças, no exercício do direito ao funcionamento parlamentar, o art. 17 da Constituição
prescreve que:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Todavia, inicialmente, a Lei n. 9.096/95 optou por instituir uma cláusula transitória, con-
tida nos seus arts. 56 e 57, que deveria valer até o art. 13 (cláusula de barreira definitiva)
começar a produzir efeitos.
Pois bem, em conformidade com o disposto nas cláusulas transitórias, essas produzi-
ram seus efeitos até o ano de 2006.
A partir de 2007, o art. 13 deveria, então, a começar a produzir seus efeitos. Essa pres-
crição legal trazia disciplina mais severa para a atribuição do direito ao funcionamento par-
lamentar e isso mitigaria o exercício desse direito, bem como dos direitos ao funcionamento
parlamentar, ao acesso gratuito ao rádio e televisão e ao recebimento do fundo partidário
da maioria dos partidos registrados no TSE. À época, dos 27 partidos registrados, apenas 7
continuariam a exercer de forma plena tais direitos.
Nesse contexto, o art. 13 da Lei n. 9.096/95 foi declarado inconstitucional pelo Supremo
Tribunal Federal por violar o pluripartidarismo e a proporcionalidade/razoabilidade. Veja o jul-
gado do STF que reconheceu a incompatibilidade desse dispositivo com a Constituição Federal.
JURISPRUDÊNCIA
PARTIDO POLÍTICO - FUNCIONAMENTO PARLAMENTAR - PROPAGANDA
PARTIDÁRIA GRATUITA - FUNDO PARTIDÁRIO. Surge conflitante com a Consti-
tuição Federal lei que, em face da gradação de votos obtidos por partido político,
afasta o funcionamento parlamentar e reduz, substancialmente, o tempo de pro-
paganda partidária gratuita e a participação no rateio do Fundo Partidário. (ADI n.
1.351, DJ de 30.3.2007)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Do Programa e do Estatuto
Todo partido político possui dois documentos: o estatuto e o programa. Ambos são
indispensáveis, tendo cada qual uma finalidade própria. Temos que diferenciá-los e descobrir
os requisitos inerentes a cada um deles.
Estatuto partidário é o documento que cuida da organização, funcionamento e estru-
tura interna. Possui claramente um caráter organizatório. Por sua vez, o programa partidário
contém a ideologia e os objetivos políticos de um partido político. Por isso, esse documento
é chamado de programático.
O art. 15 da Lei n. 9.096/95 dispõe que o estatuto de um partido político deverá conter,
no mínimo, as seguintes disposições:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Embora não haja uma relação direta com o capítulo que trata do programa e do estatuto
partidário, o legislador, de forma um tanto atabalhoada, decidiu nele inserir o art. 15-A, que
trata da responsabilidade dos órgãos partidários, inclusive civil e trabalhista.
Por meio desse dispositivo, só poderá ser responsabilizado por um ilícito civil, traba-
lhista ou eleitoral, o órgão partidário que tiver cometido o ato punível. Veja o teor da referida
disposição:
Filiação Partidária
Esse assunto tem uma dupla feição: trata-se do vínculo jurídico existente entre um par-
tido político e um cidadão, sendo um dos requisitos para que se possa concorrer a cargos ele-
tivos. A regulamentação da filiação partidária está contida nos arts. 16 a 22 da Lei n. 9.096/95.
A filiação partidária é um vínculo jurídico existente entre uma agremiação partidária e
um cidadão. Aliás, esse vínculo é indispensável àqueles que queiram concorrer a cargos
públicos eletivos.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
De acordo com o art. 16 da Lei n. 9.096/95, só pode filiar-se a partidos políticos o cida-
dão que estiver no pleno gozo de seus direitos políticos. Assim, aquele que incidir em uma
das hipóteses de perda ou de suspensão dos direitos políticos não poderá filiar-se a um par-
tido político.
Precisamos que você preste atenção em alguns detalhes importantes sobre a filiação
partidária:
• a pessoa não pode filiar-se a partido político, mas somente o cidadão. Não se esqueça:
cidadão é o alistado perante a Justiça Eleitoral;
• aquele que incidir em qualquer uma das hipóteses de perda ou suspensão dos direitos
políticos não pode filiar-se a partidos políticos, já que, nessas circunstâncias, não estará
no pleno gozo de seus direitos políticos;
• o inelegível pode filiar-se a partidos políticos. O único tipo de direito que o inelegível não
pode exercer é o direito político passivo, ou seja, não pode ser eleito. Os demais direitos
do inelegível não sofrem restrições.
Pelo exposto, o cidadão que estiver no pleno gozo de seus direitos políticos poderá
requerer a qualquer partido político sua filiação partidária. Esse pedido será considerado
deferido, para todos os efeitos, desde que o cidadão atenda as regras estatutárias do partido.
Entretanto, para o exercício do direito político de concorrer a cargos eletivos, não basta
a filiação partidária, exige-se também um período mínimo de vinculação com o partido polí-
tico para que o cidadão esteja apto a concorrer a um cargo eletivo. Essa é a exigência feita
pelo art. 9º da Lei n. 9.504/97, da seguinte forma:
A Constituição, em seu art. 14, § 3º, inc. V, diz que para concorrer a cargos eletivos
é exigível a filiação partidária, mas não exige um prazo mínimo de vinculação. Essa
previsão do art. 9º da Lei n. 9.504/97, que prevê a necessidade de, no mínimo, seis
meses de filiação partidária para concorrer a cargos eletivos, é constitucional?
O art. 14, § 3º, da CF é uma norma de eficácia contida e o legislador, desse modo, pode
dispor sobre outros requisitos para o exercício do direito à elegibilidade. Essa disposição que
exige um prazo mínimo de filiação partidária é constitucional. Isso porque exige dos pleite-
antes a cargos eletivos uma identificação ideológica e programática do filiado com o partido
pelo qual quer disputar as eleições.
Esse prazo de filiação partidária pode ser alterado por meio de uma previsão feita no
estatuto do partido político. Mas essas alterações devem respeitar as seguintes limitações:
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Para tanto, deve a Justiça Eleitoral disponibilizar eletronicamente aos órgãos nacional
e estaduais dos partidos políticos, conforme sua circunscrição eleitoral, acesso a todas as
informações de seus filiados constantes do cadastro eleitoral, incluídas as relacionadas a
seu nome completo, sexo, número do título de eleitor e de inscrição no Cadastro de Pessoa
Física (CPF), endereço, telefones, entre outras.
Finalizando esse assunto — Filiação Partidária — avalia-se as formas de extinção da
filiação partidária.
Inicialmente, aquele que quer se desfiliar do partido ao qual é vinculado deverá comuni-
car, de forma escrita, ao Juiz Eleitoral da Zona em que for inscrito. Caso o filiado de um par-
tido político filie-se a uma nova agremiação e não faça a devida comunicação, prevalecerá a
inscrição mais recente, devendo a Justiça Eleitoral determinar o cancelamento das demais.
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Além de a filiação partidária poder ser extinta por meio de ato voluntário, existem outras
hipóteses de cancelamento da filiação partidária.
• Morte.
• Perda dos direitos políticos. Na sua prova, não esqueça: a suspensão dos direitos polí-
ticos não acarreta o cancelamento da filiação partidária.
• Expulsão do partido político.
• Outras formas previstas no estatuto, com comunicação obrigatória ao atingido no prazo
de 48 horas.
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Com base nessa previsão constitucional, o Democratas fez uma consulta ao Tribunal
Superior Eleitoral (Consulta n. 1.398) e formulou o seguinte questionamento:
JURISPRUDÊNCIA
DIREITO CONSTITUCIONAL E ELEITORAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITU-
CIONALIDADE. RESOLUÇÃO N. 22.610/2007 DO TSE. INAPLICABILIDADE DA
REGRA DE PERDA DO MANDATO POR INFIDELIDADE PARTIDÁRIA AO SIS-
TEMA ELEITORAL MAJORITÁRIO.
1. Cabimento da ação. Nas ADIs 3.999/DF e 4.086/DF, discutiu-se o alcance do
poder regulamentar da Justiça Eleitoral e sua competência para dispor acerca da
perda de mandatos eletivos. O ponto central discutido na presente ação é total-
mente diverso: saber se é legítima a extensão da regra da fidelidade partidária aos
candidatos eleitos pelo sistema majoritário.
2. As decisões nos Mandados de Segurança 26.602, 26.603 e 26.604 tiveram
como pano de fundo o sistema proporcional, que é adotado para a eleição de de-
putados federais, estaduais e vereadores. As características do sistema proporcio-
nal, com sua ênfase nos votos obtidos pelos partidos, tornam a fidelidade partidá-
ria importante para garantir que as opções políticas feitas pelo eleitor no momento
da eleição sejam minimamente preservadas. Daí a legitimidade de se decretar a
perda do mandato do candidato que abandona a legenda pela qual se elegeu.
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JURISPRUDÊNCIA
Súmula 67 - A perda do mandato em razão da desfiliação partidária não se aplica
aos candidatos eleitos pelo sistema majoritário.
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Art. 22-A. Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar, sem
justa causa, do partido pelo qual foi eleito.
Parágrafo único. Consideram-se justa causa para a desfiliação partidária somen-
te as seguintes hipóteses:
I – mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;
II – grave discriminação política pessoal; e
III – mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias que antecede o
prazo de filiação exigido em lei para concorrer à eleição, majoritária ou proporcio-
nal, ao término do mandato vigente.
No que se refere às hipóteses propriamente ditas, temos que a primeira delas, con-
substanciada na mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário, exige uma
alteração da diretriz nacional da agremiação ou da adoção de uma postura contrária a histo-
ricamente adotada por ela.
Quanto à hipótese de justa causa alusiva à grave discriminação pessoal, o Tribunal
Superior Eleitoral exige para sua ocorrência a demonstração de fatos certos e determina-
dos que tenham o condão de afastar o mandatário do convívio da agremiação ou revelem
situações claras de desprestígio ou perseguição (RESPE n. 0600462-25/PR, rel. Min. Edson
Fachin, DJe de 28/5/2020).
Desse modo, meras desavenças políticas entre órgãos partidários ou entre seus filia-
dos são inábeis à configuração de grave discriminação política pessoal. Tampouco se afigura
motivo suficiente para legitimar a desfiliação a insatisfação do trânsfuga em relação à opção
da agremiação em não o lançar como candidato no pleito, visto que essas circunstâncias não
desbordam os acontecimentos afetos à vida política partidária.
A última das hipóteses legais refere-se à mudança de partido político do parlamentar
efetuada durante o período de trinta dias que antecede o prazo de filiação exigido em lei para
concorrer à eleição, majoritária ou proporcional, ao término do mandato vigente.
O prazo de filiação, como sabemos, é de seis meses antes do pleito. Assim, nos trinta
dias anteriores a esse prazo, abre-se para os mandatários de cargo eletivo que desejem
concorrer a cargo majoritário ou proporcional a possibilidade de mudança de partido, sem
justa causa.
Observe, todavia, que essa regra se aplica apenas aos que estejam no último ano do
mandato, de modo que não estão abarcados por essa hipótese um vereador em exercício
que queira concorrer ao cargo de deputado estadual, porquanto no ano da eleição estadual,
o vereador ainda estará no seu segundo ano do mandato, e não no último, como exige a lei.
A reforma eleitoral de 2017 previu uma nova hipótese fática autorizativa para a troca de
partido político sem perda do mandato.
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Nesse caso, destaca-se que essa mudança de partido do parlamentar não implica o
recálculo para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao
tempo de rádio e de televisão, ou seja, o partido que receber o parlamentar não terá, sob
esses aspectos, benefício algum.
Evidentemente que nos casos de expulsão do parlamentar do partido, não se abre a
possibilidade de ser ajuizada uma ação de perda de mandato contra sua pessoa, porquanto
a decisão de se filiar a outro partido não decorreu de sua vontade.
JURISPRUDÊNCIA
A infidelidade partidária fica descaracterizada quando o desligamento de filiado
decorre de decisão de expulsão proferida pela agremiação política à qual estava
vinculado, sendo incabível, inclusive, a ação de perda de cargo eletivo.
(AI n. 0600545-41/PR, rel. Min. Edson Fachin, DJe de 5.3.2020)
Para finalizar este tópico, vale ressaltar as recentes alterações no texto constitucional e
na jurisprudência do TSE sobre a matéria.
A EC. n. 111 incluiu no texto constitucional o art. 17, § 6º, criando uma nova hipótese de
justa causa: a carta de anuência do partido.
A carta de anuência é simplesmente uma autorização do partido para o parlamentar se
desfiliar dos seus quadros sem ficar sujeito a uma ação por perda de mandato eletivo.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
A legitimidade para propor a ação de perda de mandato eletivo por infidelidade partidá-
ria foi conferida ao partido de origem do requerido, o qual deverá formular o pedido no prazo
decadencial de 30 dias a partir da desfiliação.
Caso o partido, no prazo decadencial, não proponha a ação de decretação de perda
do mandato eletivo por infidelidade, surge, de forma subsidiária, a legitimidade do Ministério
Público ou do suplente para a propositura da demanda nos 30 dias subsequentes. Esse é o
teor do art. 1º da Res.-TSE n. 22.610/2007:
Art. 1º O partido político interessado pode pedir, perante a Justiça Eleitoral, a de-
cretação da perda de cargo eletivo em decorrência de desfiliação partidária sem
justa causa.
§ 2º - Quando o partido político não formular o pedido dentro de 30 (trinta) dias da
desfiliação, pode fazê-lo, em nome próprio, nos 30 (trinta) subsequentes, quem
tenha interesse jurídico ou o Ministério Público eleitoral.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Existem duas formas de extinção de um partido político: uma decorrente de fatos lícitos
e outra decorrente da prática de fatos ilícitos pela agremiação partidária.
Licitamente, o partido poderá ser extinto por meio da dissolução, incorporação ou fusão.
Nessas hipóteses, independentemente, de intervenção ou aquiescência da Justiça Eleitoral,
o partido terá o cancelamento de seu registro junto ao Cartório de Registro Civil e de Pessoas
Jurídicas.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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3º. não ter prestado, nos termos desta Lei, as devidas contas à Justiça Eleitoral
– obrigação inerente a todo partido político de prestar contas à Justiça Eleitoral em razão do
recebimento de recursos públicos oriundos do Fundo Partidário;
4º. que mantém organização paramilitar – violação do princípio do regime democrá-
tico, também previsto no art. 17 da Constituição Federal.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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9. SISTEMAS ELEITORAIS
[...] Tem por função a organização das eleições e a conversão dos votos em man-
datos políticos. Em outros termos, visa proporcionar a captação eficiente, segura
e imparcial da vontade popular democraticamente manifestada, de sorte que os
mandatos eletivos sejam conferidos e exercidos com legitimidade. É também sua
função estabelecer meios para que os diversos grupos sociais sejam representa-
dos, bem como para que as relações entre representantes e representados se for-
taleçam. A realização desses objetivos dependem da implantação de um sistema
eleitoral confiável, dotado de técnicas seguras e eficazes, cujos resultados sejam
transparentes e inteligíveis. (GOMES, 2012, p.109)
Pelo sistema majoritário reputa-se eleito o candidato que obtiver a maioria dos votos. O
objetivo desse sistema é garantir que o candidato mais votado seja eleito.
• maioria simples ou relativa – reputa-se eleito o candidato que obtiver o maior número
de votos válidos, independentemente do percentual de votação por ele alcançado
(turno único);
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Por maioria absoluta compreende-se a metade dos votos mais um voto. Todavia, se o
total de votantes encerrar um número de votantes ímpar, a metade será uma fração. Nesse
caso, deve-se compreender por maioria absoluta o primeiro número inteiro acima da fração.
Não sendo alcançado tal percentual de votação, realiza-se um 2º turno, considerando-se
eleito aquele que tiver a maioria simples dos votos válidos.
Entretanto, para o cômputo dos votos para a definição das eleições, a Constituição
Federal somente reconhece como válidos os votos efetivamente atribuídos a candidatos ou
a legenda partidária. Na contagem dos votos válidos das eleições majoritárias exclui-se os
votos nulos e os votos em branco (art. 77, § 2º, CF/1988).
• presidente;
• governador;
• prefeito;
• senador.
[...] sendo por natureza, sistema aberto e flexível, ele favorece e estimula, a funda-
ção de novos partidos, acentuando desse modo o pluralismo político de democra-
cia partidária. Torna a vida política mais dinâmica e abre à circunscrição das ideias
e das opiniões a novos condutores que impedem uma rápida e eventual esclerose
do sistema partidário.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
• deputados federais;
• deputados estaduais;
• vereadores.
Sistema Majoritário
• maioria simples (art. 29, inciso II, CF/1988) – Município com até 200 mil eleitores;
• maioria absoluta – municípios com mais de 200 mil eleitores.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Sistema Proporcional
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Assim, o quociente eleitoral obtém-se com a divisão dos votos válidos, que é o somató-
rio dos votos dados a candidatos inscritos e às legendas partidárias, pelo número de cadei-
ras que estão em disputa no parlamento. Nesse cálculo, despreza-se a fração se for igual
ou inferior e meio, e, se superior, arredonda-se para o primeiro número inteiro subsequente.
Além disso, para o cálculo do quociente eleitoral, os votos em branco e os nulos devem
ser desconsiderados.
Faz-se uma ressalva: se nenhum Partido alcançar o quociente eleitoral, serão conside-
rados eleitos, até serem preenchidos todos os lugares, os candidatos mais votados. Trata-
-se da hipótese em que, em razão de uma impossibilidade material, será adotado o sistema
majoritário por maioria simples para a eleição dos cargos do Poder Legislativo.
Após a determinação do quociente eleitoral (número mínimo de votos que as legendas
partidárias devem atingir para elegerem candidatos), deve-se calcular o quociente partidá-
rio. Essa fórmula do quociente partidário está prevista no art. 107 do Código Eleitoral, nos
seguintes termos:
Art. 107. Determina-se para cada partido o quociente partidário dividindo-se pelo
quociente eleitoral o número de votos válidos dados sob a mesma legenda, des-
prezada a fração. (Redação dada pela Lei n.14.211, de 2021)
O quociente partidário definirá quantos candidatos foram eleitos por cada partido polí-
tico. Segue a fórmula utilizada para o cálculo do quociente partidário:
Nos termos do art. 107 do CE, a fração deve ser desprezada, independente se menor
ou maior a meio, diferentemente do que ocorrer no cálculo do quociente eleitoral.
Cada partido elegerá tantos candidatos quanto o seu quociente partidário indicar, na
ordem da votação nominal que cada um tenha recebido, desde que tenha candidatos com
votação nominal mínima. Deveras, para a evitação de escolha de candidatos por partidos
políticos apenas com a finalidade de conquistarem votos e elegerem consigo candidatos com
votação inexpressiva, o art. 108 do Código Eleitoral passou a exigir:
Art. 108. Estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um partido que te-
nham obtido votos em número igual ou superior a 10% (dez por cento) do quo-
ciente eleitoral, tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, na or-
dem da votação nominal que cada um tenha recebido. (Redação dada pela Lei
n.14.211, de 2021)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Para a distribuição das vagas restantes, que não puderam ser atribuídas aos partidos
por meio do cálculo do quociente partidário, chamadas de sobras eleitorais, deve-se utilizar
a técnica da maior média.
Para o cálculo da maior média, deve-se dividir o número de votos válidos atribuídos a
cada partido pelo número de lugares por ele obtido, mais um, cabendo ao partido que apre-
sentar a maior média um dos lugares a preencher. Esse cálculo deverá ser repetido para a
distribuição de cada um dos lugares restantes. Essa fórmula é tratada pelo art. 109 do Código
Eleitoral:
Art. 109. Os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes partidários
e em razão da exigência de votação nominal mínima a que se refere o art. 108
serão distribuídos de acordo com as seguintes regras: (Redação dada pela Lei n.
13.165, de 2015)
I – dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada partido pelo número
de lugares por ele obtido mais 1 (um), cabendo ao partido que apresentar a maior
média um dos lugares a preencher, desde que tenha candidato que atenda à exi-
gência de votação nominal mínima; (Redação dada pela Lei n.14.211, de 2021)
II – repetir-se-á a operação para cada um dos lugares a preencher; (Redação
dada pela Lei n. 13.165, de 2015)
III – quando não houver mais partidos com candidatos que atendam às duas exi-
gências do inciso I deste caput, as cadeiras serão distribuídas aos partidos que
apresentarem as maiores médias. (Redação dada pela Lei n.14.211, de 2021)
§ 1º O preenchimento dos lugares com que cada partido for contemplado far-se-á
segundo a ordem de votação recebida por seus candidatos. (Redação dada pela
Lei n.14.211, de 2021)
§ 2º Poderão concorrer à distribuição dos lugares todos os partidos que partici-
param do pleito, desde que tenham obtido pelo menos 80% (oitenta por cento)
do quociente eleitoral, e os candidatos que tenham obtido votos em número igual
ou superior a 20% (vinte por cento) desse quociente. (Redação dada pela Lei
n.14.211, de 2021)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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EXEMPLO
Município A possui 9 cargos de Vereador na Câmara Municipal. Na eleição, apu-
rou-se 50.000 votos válidos. Nessa eleição, esses foram os votos recebidos
pelos partidos:
Partido A – 12.000 votos;
Partido B – 15.000 votos;
Partido C – 4.000 votos;
Partido D – 19.000 votos.
Inicialmente, deve-se calcular o quociente eleitoral:
50.000 (votos válidos)/9 (número de cadeiras) = 5.555,55.
Como a fração é superior a meio deve-se arredondar o resultado para o primeiro
número inteiro subsequente. Logo, o quociente eleitoral será de 5.556.
Neste exemplo, verifica-se que cada partido, para eleger um candidato deve conse-
guir, no mínimo, 5.556 votos.
Após, passa-se ao cálculo do quociente partidário de cada partido:
Partido A: 12.000/5.556 = 2,159 (quociente partidário desse partido é 2, desconsi-
dera-se a fração);
Partido B: 15.000/5.556 = 2,699 (quociente partidário desse partido é 2, desconsi-
dera-se a fração);
Partido C: não atingiu o quociente eleitoral e, por essa razão, não elegerá nenhum
candidato;
Partido D: 19.000/5.556 = 3,419 (quociente partidário desse partido é 3, desconsi-
dera-se a fração).
Verifica-se que, após o cálculo do quociente partidário, os partidos preencheram 7
vagas. Restam duas cadeiras. Deve-se utilizar a técnica da maior média. Para cada
uma das vagas, faz-se um cálculo da maior média.
Assim:
Partido A: 12.000 votos/2 + 1 = 4.000;
Partido B: 15.000 votos/2 + 1 = 5.000;
Partido D: 19.000 votos/3 + 1 = 4.750.
Tendo o Partido B obtido a maior média, ficará com a 8ª vaga. Resta uma vaga.
Faz-se novamente o cálculo da maior média.
Partido A: 12.000 votos/2 + 1 = 4.000.
Partido B: 15.000 votos/3 + 1 = 3.750 (lembrando que no cálculo anterior ele ganhou
mais uma vaga).
Partido D: 19.000 votos/3 + 1 = 4.750.
Tendo o Partido D obtido a maior média, ficará com a última vaga.
Por fim, estas foram as vagas conquistadas pelos partidos:
Partido A – 2 cadeiras;
Partido B – 3 cadeiras;
Partido D – 4 cadeiras.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Com a determinação das vagas conquistadas pelos partidos, resta, ainda, saber quem
serão os candidatos que ocuparão as vagas. O Código Eleitoral adotou o sistema da lista
aberta. Esta é a determinação do art. 109, § 1º, do CE:
Far-se-á pequenas observações quanto ao nosso sistema bicameral, dada a sua rele-
vância para a aplicabilidade das regras de sistemas eleitorais. No Brasil, o Poder Legislativo
da União é composto por duas Casas: o Senado Federal e a Câmara dos Deputados.
O Senado Federal é formado por 81 Senadores. Existem três senadores para cada
estado e três para o DF (representação igualitária). Quanto à Câmara dos Deputados, atu-
almente tem em sua composição 513 deputados federais, nos termos do art. 1º da Lei Com-
plementar n. 78/1993. Esta é a redação do dispositivo:
Por disposição constitucional, nenhum estado poderá ter menos de oito e mais de 70
deputados federais.
De forma diversa do modelo federal, os estados possuem composição unicameral no
que se refere à organização do Poder Legislativo.
O número de deputados estaduais corresponde ao triplo do número de deputados fede-
rais. Esse cálculo somente será aplicado até que se atinja o número de trinta e seis deputa-
dos estaduais. Para os Estados que possuem mais de doze representantes na Câmara dos
Deputados, veja o que diz a Constituição Federal:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Logo, todas as vezes que um Estado atingir o limite de trinta e seis deputados, o cálculo
dos excedentes não será mais o correspondente ao triplo dos deputados federais, mas será
obtido por meio da soma dos deputados federais acima de doze.
EXEMPLO
Estado A – possui 8 deputados federais.
Estado B – possui 12 deputados federais.
Estado C – possui 13 deputados federais.
Estado D – possui 14 deputados federais.
Dessa forma, o número de deputados estaduais de cada um desses entes federa-
tivos será de:
Estado A: 8 x 3 (triplo) = 24 deputados estaduais;
Estado B: 12 x 3 (triplo) = 36 deputados federais;
Estado C: (12 x 3) + 1 = 37 deputados estaduais;
Estado D: (12 x 3) + 2 = 38 deputados estaduais.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Pode-se perceber que a CF/88 não estabeleceu a data de realização das eleições para
os cargos do Poder Legislativo. Essa tarefa foi cumprida pela Lei das Eleições (Lei n. 9.504),
nos seguintes moldes:
Suplência
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
O Estado‑membro dispõe de competência para disciplinar o processo de escolha,
por sua Assembleia Legislativa, do governador e do vice‑governador do Estado,
nas hipóteses em que se verificar a dupla vacância desses cargos nos últimos dois
anos do período governamental. Essa competência legislativa do Estado‑membro
decorre da capacidade de autogoverno que lhe outorgou a própria CR. As condi-
ções de elegibilidade (CF, art. 14, § 3º) e as hipóteses de inelegibilidade (CF, art.
14, § 4º a § 8º), inclusive aquelas decorrentes de legislação complementar (CF,
art. 14, § 9º), aplicam‑se de pleno direito, independentemente de sua expressa
previsão na lei local, à eleição indireta para governador e vice‑governador do Es-
tado, realizada pela Assembleia Legislativa em caso de dupla vacância desses
cargos executivos no último biênio do período de governo. (ADI 1.057‑MC, Rel.
Min. Celso de Mello, Julgamento em 20‑4‑1994, Plenário, DJ de 6/4/2001)
JURISPRUDÊNCIA
MANDADO DE SEGURANÇA. CHEFIA DO PODER EXECUTIVO. DUPLA VA-
CÂNCIA. ELEIÇÕES SUPLEMENTARES. ART. 81, § 1º, CF/1988. OBSERVÂN-
CIA NÃO OBRIGATÓRIA. LEI ORGÂNICA MUNICIPAL. PARÂMETRO. VACÂN-
CIA. PRIMEIRO BIÊNIO. ELEIÇÕES DIRETAS. SEGURANÇA DENEGADA.
1. O art. 81, § 1º, da CF/1988, não é de reprodução obrigatória pelos entes mu-
nicipais. Precedente do STF. Assim, compete à Lei Orgânica Municipal dispor
acerca da modalidade de eleição no caso de dupla vacância no Poder Executivo
Municipal.
2. Na espécie, o art. 45, § 1º, da Lei Orgânica do Município de Kaloré/PR prescre-
ve que, ocorrendo dupla vacância nos últimos dois anos de mandato, a eleição de
ambos os cargos pela Câmara Municipal será feita trinta dias depois de aberta a
última vaga. No entanto, a vacância ocorreu no primeiro biênio, razão pela qual as
novas eleições devem ser realizadas de forma direta. Precedente”. (MS n. 77186,
DJe de 1º/8/2011)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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10. ELEIÇÕES
Para cada eleição realizada no Brasil, o legislador editava uma lei, a qual estabelecia as
regras a serem observadas naquele pleito. Essa sistemática padecia de um sério problema, qual
seja: o legislador era frequentemente influenciado pelo grupo político dominante a época da sua
edição, surgindo daí diplomas normativos casuísticos, os quais, ao invés de regular o processo
eleitoral, acabavam por legalizar situações esdrúxulas que comprometiam a lisura do pleito.
Com a finalidade de evitar a prática desses casuísmos e garantir maior isonomia e
segurança jurídica na realização das eleições, foi editada a Lei n. 9.504/97 — denominada de
Lei das Eleições. Na gênese da Lei das Eleições, o propósito era criar uma lei que a partir da
sua edição servisse ao disciplinamento de todas as eleições vindouras. A aplicação a todas
as eleições seguintes impunha ao legislador atuar de forma isonômica, pois o grupo político
dominante naquele momento poderia, no momento seguinte, estar afastado do poder.
Não obstante termos hoje uma lei que estabelece normas para as eleições — Lei das
Eleições — o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com base nos art. 1º, parágrafo único, do
Código Eleitoral e art. 105 da Lei das Eleições, atendendo ao caráter regulamentar e sem
restringir direitos ou estabelecer sanções distintas das previstas em Lei, expede, até o
dia 5 de março do ano da eleição, instruções necessárias para a fiel execução dos dispositi-
vos da Lei das Eleições. No processo de edição dessas instruções, o TSE realiza audiências
públicas, nas quais delegados e representantes dos partidos políticos contribuem na forma-
ção e aperfeiçoamento dessas normas.
Logo, não se esqueça que, em complementação às disposições da Lei das Eleições,
tem-se as instruções do TSE, as quais não podem, como já visto, restringir direitos ou esta-
belecer sanções distintas das previstas em lei.
Disposições Gerais
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Vamos a uma hipótese fática para não restar nenhuma dúvida sobre esse assunto.
EXEMPLO
Paulo, Antônio e José participaram da eleição para governador de São Paulo. O
total de votos disputados no Estado somou 1.000.000 (um milhão de votos).
Paulo obteve 460.000 votos; Antônio conseguiu 300.000; José obteve 140.000 e os
demais 100.000 foram de votos brancos ou nulos.
Nesse caso, há necessidade de um 2º turno ou Paulo foi eleito já no 1º turno?
Em uma análise apressada, alguém poderia afirmar que há a necessidade de um
segundo turno, pois Paulo não conseguiu nem ao menos a metade de votos do
Estado, quanto mais a metade mais um (conceito de maioria absoluta).
Todavia, não se esqueça que para fins de cálculo da maioria absoluta deve-se
excluir do total de votos os brancos e nulos. Logo, o parâmetro para saber se Paulo
obteve a maioria absoluta é 900.000 (1.000.000 - 100.000), que nesse caso é da
ordem de 450.001 (900.000/2 + 1). Logo, Paulo, com 460.000 votos, foi eleito já
no 1º turno.
CARGOS REQUISITOS
Presidente e governador 1) Nenhum candidato alcançou maioria absoluta
1) Nenhum candidato alcançou maioria absoluta
Prefeito
2) Município com mais de 200 mil eleitores
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JURISPRUDÊNCIA
Consulta - Candidato a Vice-Governador de Estado - Substituição anterior ao se-
gundo turno por morte, desistência ou impedimento legal - Hipótese de aplica-
ção do art. 13, parágrafo 2º da lei 9.504/97. Consulta respondida afirmativamente
(TSE, CTA n. 418, 26/3/1998)
Vai-se aqui aproveitar para aprofundar o assunto. Veja algumas hipóteses nas eleições
para prefeito, governador ou presidente, começando com a que acabamos de estudar.
a) Morte, impedimento ou desistência do titular da chapa entre os 1º e 2º turnos: a
chapa inteira fica comprometida, convocando-se o remanescente com maior votação.
b) Morte, impedimento ou desistência do vice da chapa entre os 1º e 2º turnos: faz-se
a substituição do vice, observando as regras do art. 13, § 2º, da LE.
c) Morte, impedimento ou desistência do titular ou vice da chapa antes da realização
do 1º turno: substituição do candidato por outro, desde que o pedido seja feito no prazo de
até 20 dias antes da data das eleições, respeitado o prazo de 10 dias da ocorrência do fato
gerador da substituição ou da notificação ao partido da decisão judicial que deu origem à
substituição (art. 13, § 1º, da LE), salvo se se tratar de falecimento. Nesse caso, a substitui-
ção poderá ocorrer até a data da eleição.
d) Morte, impedimento ou desistência do titular da chapa após o resultado da eleição
e antes da diplomação: diplomação do vice como titular (lembre-se do caso Sarney, que foi
diplomado presidente da República, em face da morte de Tancredo Neves, à época candi-
dato eleito à Presidência da República).
e) Morte, impedimento ou desistência do vice da chapa após o resultado da eleição e
antes da diplomação: diplomação do titular sem vice.
Para finalizar, vale ressaltar, ainda, que a eleição do presidente, governador e prefeito
importará também a do vice (art. 2º, § 4º, da LE). É o chamado princípio da indivisibilidade
da chapa única majoritária.
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Esse princípio é de grande utilidade prática, tanto que o TSE por diversas vezes dele já
fez uso. Veja as jurisprudências a seguir.
JURISPRUDÊNCIA
O atual entendimento do TSE determina o litisconsórcio passivo necessário entre
o prefeito e seu vice nos processos que poderão acarretar a perda do mandato
eletivo, como é o caso do recurso contra expedição de diploma (TSE, AI 11.963,
DJE 11/5/2010)
JURISPRUDÊNCIA
Em razão do princípio da indivisibilidade da chapa única majoritária, o cancela-
mento do registro do titular, após o pleito, atinge o registro do vice, acarretando a
perda do diploma de ambos (TSE, Respe 25.586, DJ 6/12/2006)
ATENÇÃO
Evidentemente que aqui não estamos falando de morte, impedimento ou desistência do
titular, pois como já afirmamos, nesses casos o vice assume (caso Sarney/Tancredo). A ju-
risprudência em análise se refere a um cancelamento da chapa em razão da inobservância
das normas eleitorais, cuja consequência trouxe benefícios escusos para a chapa como
um todo, beneficiando titular e vice. É por isso que ambos devem ser penalizados e não
apenas aquele que efetivamente cometeu o ilícito eleitoral.
ATENÇÃO
Lembre-se, como já foi dito, que o cancelamento ou indeferimento do registro de candida-
tura do titular antes da eleição não inviabiliza a chapa, bastando que, observado os prazos
legais, seja feita a devida substituição.
Nesse sentido:
JURISPRUDÊNCIA
O indeferimento do pedido de registro de candidato a prefeito não prejudica o re-
gistro do vice-prefeito, nem o indeferimento do registro do vice-prefeito prejudica o
do prefeito, desde que o indeferimento do pedido de registro tenha ocorrido antes
das eleições e que haja a devida substituição no prazo legal (TSE, CTA 1533, DJ
6/8/2008).
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11. COLIGAÇÕES
Formação de Coligações
Por fim, para finalizar esse tópico, é importante avaliar a verticalização de coligações.
Em 10/8/01, o TSE, na consulta 715, entendeu que
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19
Atualmente, essa é a redação do art. 17, parágrafo primeiro da Constituição Federal: Art. 17, § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir
sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcio-
namento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais,
sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas
de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 97, de 2017)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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A coligação pode ter denominação própria que poderá ser a junção de todas as siglas
dos partidos coligados. No entanto, essa denominação não poderá coincidir, incluir ou fazer
referência a nome ou número de candidatos, nem conter pedido de voto para o partido (art.
6º, §§ 1º e 1-A, LE).
Desse modo, em uma eleição na cidade de São Paulo os partidos coligados PMDB,
PT e PSDB podem, por exemplo, denominar essa coligação de “Por amor a São Paulo” ou
simplesmente Coligação PMDB/PT/PSDB. De modo algum, a denominação pode ser, por
exemplo, “Pedro para melhorar São Paulo”, “13412 o melhor para São Paulo” ou “Vote em
Pedro, o melhor para São Paulo”.
Apesar de ter sido dada às coligações a opção de denominação própria ou a junção
de todas as siglas dos partidos coligados, na propaganda eleitoral as coligações devem se
apresentar ao eleitor, observando regras específicas, quais sejam:
Art. 6º Omissis.
§ 1º-A. A denominação da coligação não poderá coincidir, incluir ou fazer refe-
rência a nome ou número de candidato, nem conter pedido de voto para partido
político. (Incluído pela Lei n. 12.034, de 2009)
§ 2º Na propaganda para eleição majoritária, a coligação usará, obrigatoriamente,
sob sua denominação, as legendas de todos os partidos que a integram; na pro-
paganda para eleição proporcional, cada partido usará apenas sua legenda sob o
nome da coligação.
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Prazo de Realização
Até pelos objetivos a que servem, essas convenções devem ser realizadas no período
de 20 de julho a 5 de agosto do ano em que se realizarem as eleições, lavrando-se a respec-
tiva ata em livro aberto e rubricado pela Justiça Eleitoral (art. 8º da LE). Após a lavratura da
ata da convenção partidária, com a finalidade de dar publicidade às deliberações do órgão
partidário, deve-se publicá-la em 24 horas em qualquer meio de comunicação.
Logo, não se pode admitir que após esse prazo (5 de agosto) venham as coligações
uma vez formadas sofrerem alterações na sua composição, nem que haja, fora das exce-
ções legais, substituição dos candidatos nelas escolhidos.
Nesse sentido, a jurisprudência do TSE:
JURISPRUDÊNCIA
é vedada a inclusão de partido político estranho à formação inicial da coligação
deliberada em convenção no período de que trata o art. 8º da Lei n. 9.504/97
(TSE, Respe 24.076, j. 21/10/04)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Note-se, porém, que é possível que durante a convenção partidária não se concretize
a formação de coligações, sendo admissível que nela se decida apenas delegar à Comis-
são Executiva ou a outro órgão partidário a efetiva formação de coligação ou a escolha de
candidatos.
Nesse caso, segundo o TSE, o prazo final para deliberação passa a coincidir com o
prazo final para registro de candidatura, que é o dia 15 de agosto do ano da eleição (TSE,
Respe 26.763, j. 21/9.2006). Observe que aqui não há qualquer alteração na formação de
coligações ou de nomes de candidatos outrora firmados em convenção partidária, mas sim
uma postergação da efetiva formação de coligações e escolha de nomes de candidatos, dei-
xando a decisão a cargo de um órgão do partido, que o fará até a data do registro de candi-
datura, que é o dia 5 de julho do ano da eleição.
Nesse sentido, a jurisprudência do TSE:
JURISPRUDÊNCIA
Escolha de candidatos e deliberação sobre coligações. Delegação para órgão de
direção partidária. Deliberação após o prazo do art. 8º da lei n. 9.504/97, mas no
prazo do art. 11 da mesma lei. Possibilidade. (TSE, Respe 26.763, j. 26.763)
Procedimentos
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Nos termos da nova redação do art. 7º, § 2º, dada pela Lei n. 12.034/09, o órgão de
direção nacional pode anular a deliberação do órgão inferior e os atos dela decorrentes.
Não é necessária a convocação de uma convenção nacional para tanto, como preconizava
a antiga legislação.
Segundo o art. 7º, § 3º, da LE, essa anulação deve ser comunicada à Justiça Eleitoral
no prazo de 30 dias após a data limite para o registro de candidatos. Evidentemente que essa
comunicação pode ocorrer antes do prazo legal.
Se da anulação decorrer a necessidade de escolha de novos candidatos, o pedido de
registro deverá ser apresentado à Justiça Eleitoral nos 10 dias seguintes ao fato. Observe,
portanto, que o registro desses novos candidatos pode ocorrer até mesmo depois do dia 5
de julho (prazo final para registro de candidatura), desde que observado o prazo de 10 dias
supracitado.
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Candidatura Nata
Traz-se, nesse tópico, uma das decisões legislativas mais esdrúxulas que já se teve
notícia neste País. Os congressistas, querendo a todo custo se perpetuarem no poder, resol-
veram legislar em causa própria e criaram a denominada candidatura nata.
Esse instituto, contido no art. 8º, § 1º, da LE, assegurava aos detentores de mandato
de deputado federal, estadual ou distrital, ou de vereador e aos que tivessem exercido esses
cargos em qualquer período da legislatura, o direito ao registro de candidatura para o mesmo
cargo pelo partido a que estivessem filiados.
Esse dispositivo foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, no julga-
mento da ADI 2.530, em razão da violação, em tese, do princípio da autonomia partidária e da
isonomia. Portanto, não há direito a candidatura nata a nenhum congressista neste País.
JURISPRUDÊNCIA
1. Conquanto tenham sido feitas modificações no art. 17, § 1º, da Constituição
Federal, por meio da Emenda Constitucional n. 97/2017, manteve-se a plena efi-
cácia da essência do parâmetro constitucional invocado (autonomia partidária). 2.
A “candidatura nata”, prevista no art. 8º, § 1º, da Lei n. 9.504/1997, é incompatível
com a Constituição Federal, tanto por violar a isonomia entre os postulantes a
cargos eletivos quanto por atingir o âmago da autonomia partidária. 3. A criação
desse instituto ocorreu nos anos 1970 e teve o nítido propósito de proteger os ti-
tulares de mandatos parlamentares contra rivalidades internas em seus partidos,
fomentadas por agentes externos, porquanto, à época, as agremiações estavam
sujeitas a fortes e súbitas intervenções estatais. Em contexto de ampla liberdade
de funcionamento dos partidos, como o instaurado a partir da Constituição de
1988, esse mecanismo deixou de ser compatível com a autonomia interna dos
partidos. 4. A imunização pura e simples do detentor de mandato eletivo contra a
vontade colegiada do partido representa privilégio injustificado, que contribui tão
só para a perpetuação de ocupantes de cargos eletivos, em detrimento de outros
pré-candidatos, sem qualquer justificativa plausível para o funcionamento do sis-
tema democrático e sem que haja meios para que o partido possa fazer imperar
os objetivos fundamentais inscritos em seu estatuto. 5. A ação foi julgada proce-
dente para declarar-se a inconstitucionalidade material do art. 8º, § 1º, da Lei n.
9.504/1997. 6. Os efeitos da declaração de inconstitucionalidade devem incidir
apenas a partir de 24 de abril de 2002 (quando suspensa a eficácia do dispositivo
impugnado pelo Supremo Tribunal Federal na medida cautelar deferida nestes
autos), preservados todos os atos anteriores a essa data, praticados com suporte
no dispositivo declarado inconstitucional.
(ADI 2530, DJe de 6.12.2021)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Segundo o art. 8, § 2º, da LE, é possível a utilização gratuita de prédios públicos para
a realização de convenções partidárias. Essa possibilidade não se restringe ao uso de os
partidos políticos para realização de convenções partidárias, alcança também outros eventos
análogos, mas que guardem, obviamente, íntima relação com a atividade partidária, a citar
como exemplo a realização de prévias de um partido para a escolha de candidatos ao pleito
majoritário.
Nessa situação de utilização de prédios públicos por agremiações partidárias, eventual
dano ocorrido em razão do evento partidário impõe a esse a obrigação de repará-lo.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Natureza Jurídica
Requisitos
O partido ou coligação fará o pedido de registro dos candidatos que foram escolhi-
dos nas convenções partidárias. O pedido de registro deve ser instruído com os seguintes
documentos:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Caso seja necessário, o juiz eleitoral abrirá prazo de setenta e duas horas para diligên-
cias (art. 11, § 3º, Lei n. 9.504/1997). Diante dessa situação, caso o juiz não abra prazo para
o candidato suprir a omissão, o candidato poderá juntar o documento na fase de recurso.
Sobre o assunto, esse é o entendimento jurisprudencial sumulado pelo TSE:
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 3 – No processo de registro de candidatos, não tendo o juiz aberto prazo
para o suprimento de defeito da instrução do pedido, pode o documento, cuja falta
houver motivado o indeferimento, ser juntado com o recurso ordinário.
Da Quantidade de Candidatos
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JURISPRUDÊNCIA
Candidatos para as eleições proporcionais. Preenchimento de vagas de acordo
com os percentuais mínimo e máximo de cada sexo.
O § 3º do art. 10 da Lei n. 9.504/1997, na redação dada pela Lei n. 12.034/2009,
passou a dispor que, “do número de vagas resultante das regras previstas neste
artigo, cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e
o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo”, substituin-
do, portanto, a locução anterior “deverá reservar” por “preencherá”, a demonstrar
o atual caráter imperativo do preceito quanto à observância obrigatória dos per-
centuais mínimo e máximo de cada sexo.
O cálculo dos percentuais deverá considerar o número de candidatos efetiva-
mente lançados pelo partido ou coligação, não se levando em conta os limites
estabelecidos no art. 10, caput e § 1º, da Lei n. 9.504/1997.
3. Não atendidos os respectivos percentuais, cumpre determinar o retorno dos
autos ao Tribunal Regional Eleitoral, a fim de que, após a devida intimação do
partido, se proceda ao ajuste e regularização na forma da lei.
Recurso especial provido. (TSE, Respe n. 78432, Publicado em Sessão:
12/08/2010).
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
CANDIDATURAS – GÊNERO – PROPORCIONALIDADE. Deixando o partido
polí- tico de esgotar as possibilidades de indicação de candidatos – artigo 10,
cabe- ça, da Lei n. 9.504/1997 –, irrelevante é o fato de, na proporcionalidade
entre homens e mulheres, surgir fração, ainda que superior a 0,5%, em relação a
qualquer dos gêneros.
(RESPE n. 64228, Rel. Min. Marco Aurélio Mendes De Farias Mello, PSESS em
09/09/2010)
Aliás, esse percentual de candidaturas de cada sexo não deve ser observado
apenas no momento inicial da formalização dos pedidos de registro de candidatura
pelos partidos políticos, mas também quando da apresentação dos candidatos às
vagas remanescentes e na substituição de candidatos. Nesse sentido, veja o seguinte
acórdão do TSE:
JURISPRUDÊNCIA
ELEIÇÕES 2014. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL.
CANDIDATO A DEPUTADO FEDERAL. SERVIDOR PÚBLICO. AUSÊNCIA DE
DO- CUMENTO INDISPENSÁVEL. COMPROVANTE DE DESINCOMPATIBILI-
ZAÇÃO. DESCUMPRIMENTO DE PERCENTUAIS PARA CANDIDATURA DE
CADA SEXO. SUBSTITUIÇÃO DE CANDIDATO POR OUTRO DO MESMO
GÊNERO. IMPOSSIBI- LIDADE NO CASO. REGISTRO DE CANDIDATURA
INDEFERIDO.
1. Conquanto se discuta nos autos a apresentação de documentação ne-
cessária para comprovar a desincompatibilização, há questão jurídica an-
tecedente suficiente ao deslinde da causa, razão pela qual se conhece do
recurso como especial.
2. O art. 19, § 7º, da Res.-TSE n. 23.405/2014 (art. 10, § 3º, da Lei n. 9.504/1997)
tem como finalidade garantir o pluralismo e, ao fazer reserva percentual para
cada sexo, busca assegurar maior equilíbrio na representatividade de gêne-
ros no cenário político.
3. A observância dos percentuais mínimo e máximo de candidaturas por sexo é in-
dispensável para garantir a efetividade da citada norma, não merecendo guarida a
alegação de que se trata de substituição de candidato por outro do mesmo gênero.
4. A conclusão regional está em harmonia com a jurisprudência deste Tribunal Su-
perior, segundo a qual, não ultrapassado o prazo para substituição, “os percentuais
de gênero previstos no art. 10, § 3º, da Lei n. 9.504/1997 de- vem ser observados
tanto no momento do registro da candidatura, quanto em eventual preenchimento
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
Ação direta julgada procedente para: (i) declarar a inconstitucionalidade da ex-
pressão “três” contida no art. 9º da Lei 13.165/2015; (ii) dar interpretação conforme
à Constituição ao art. 9º da Lei 13.165/2015 de modo a (a) equiparar o patamar
legal mínimo de candidaturas femininas (hoje o do art. 10, § 3º, da Lei 9.504/1997,
isto é, ao menos 30% de cidadãs), ao mínimo de recursos do Fundo Partidário a
lhes serem destinados, que deve ser interpretado como também de 30% do mon-
tante do fundo alocado a cada partido, para eleições majoritárias e proporcionais,
e (b) fixar que, havendo percentual mais elevado de candidaturas femininas, o
mínimo de recursos globais do partido destinados a campanhas lhes seja alocado
na mesma proporção; (iii) declarar a inconstitucionalidade, por arrastamento, do §
5º-A e do § 7º do art. 44 da Lei 9.096/95.
• Identificação Nominal
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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A Justiça Eleitoral indeferirá todo pedido de variação de nome coincidente com nome de
candidato à eleição majoritária, salvo para candidato que esteja exercendo mandato eletivo
ou o tenha exercido nos últimos quatro anos, ou que, nesse mesmo prazo, tenha concorrido
em eleição com o nome coincidente.
• Identificação Numérica
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Aos partidos fica assegurado o direito de manter os números atribuídos à sua legenda
na eleição anterior, e aos candidatos, nesta hipótese, o direito de manter os números que
lhes foram atribuídos na eleição anterior para o mesmo cargo (§ 1º do art. 15 da Lei das
Eleições).
Quanto aos candidatos à reeleição, é assegurada prioridade na manutenção dos núme-
ros pelo qual concorreram na eleição anterior (§ 2º do art. 15 da Lei das Eleições).
Substituição de Candidatos
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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ATENÇÃO
Existem dois prazos que devem ser seguidos pelo partido para que o pedido de substitui-
ção de candidatos aos cargos proporcionais seja deferido:
1º prazo – até 10 dias a partir da ocorrência do fato;
2º prazo – até 20 dias antes das eleições.
A partir da reforma eleitoral de 2013, portanto, com a edição da Lei n. 12.891/2013, não
é mais possível a substituição de candidatos aos cargos majoritários até à véspera do pleito.
Com efeito, a substituição de qualquer candidato, independentemente se se tratar de candi-
dato a cargo majoritário ou proporcional, somente poderá ocorrer até 20 dias antes da data
das eleições.
JURISPRUDÊNCIA
CONSULTA. CANDIDATOS A GOVERNADOR E VICE VINCULADOS A PARTI-
DOS POLÍTICOS DISTINTOS. COLIGAÇÃO. MORTE DO TITULAR. SUCES-
SÃO. HIPÓTESES POSSÍVEIS. RESPOSTAS CORRESPONDENTES.
a) Se o evento morte ocorrer após a convenção partidária e até o dia do primeiro
turno da eleição, a substituição dar-se-á por decisão da maioria absoluta dos ór-
gãos executivos de direção dos partidos políticos coligados, podendo o substituto
ser filiado a qualquer partido integrante da coligação, desde que o partido ao qual
pertencia o substituído renuncie ao direito de preferência. Nessa hipótese, a subs-
tituição poderá ser requerida até vinte dias antes da eleição, desde que observado
o prazo de dez dias, contados do fato (art. 51, caput e § 1º, c.c. o art. 52, caput,
ambos da Instrução n. 105) (Adaptado à nova disposição introduzida pela Lei n.
12.891/2013);
b) Se a sucessão ocorrer entre o primeiro e o segundo turnos da eleição, con-
vocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação; se, na hipótese dos
parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com
a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso (art. 28 c.c. o art. 77, §§ 4º e 5º, da
Constituição Federal);
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Cancelamento do Registro
• Legitimidade Ativa
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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– Coligação Partidária – o partido político coligado não tem legitimidade para, isola-
damente, impugnar o registro de candidatura, e não é possível à coligação sanar o
defeito no recurso para a instância superior, pois isso encontra óbice na Súmula n.
11 do TSE (AgrRESPE n. 18.708);
– Candidatos – deverão ser representados por seu advogado.
Os eleitores não detêm legitimidade ativa para impugnar pedido de registro de candi-
datura. É certo que o art. 97, § 3º, do Código Eleitoral Brasileiro assegurava ao eleitor a legi-
timação para impugnar registro de candidatura com fundamento em alegação de inelegibili-
dade. Contudo, tal dispositivo acha-se revogado desde a Lei Complementar n. 5/1970, que
versava sobre inelegibilidades, e que reservou apenas aos candidatos, aos partidos, às coli-
gações e ao Ministério Público a legitimidade ativa para impugnar o registro de candidatura.
• Legitimidade Passiva
Prazos
A AIRC pode ser proposta no prazo de cinco dias, contados a partir da publicação do
edital com a lista nominal dos pré-candidatos que requereram o registro de candidatura.
Se se tratar de inelegibilidade superveniente, a causa que afasta a elegibilidade não
poderá ser arguida por meio da AIRC, nem pode o juiz conhecer de ofício, pois o prazo
para propositura da AIRC já terá se escoado. Essa inelegibilidade deverá ser levantada no
Recurso contra a Expedição de Diploma.
Competência
A AIRC deve ser proposta perante a Justiça Eleitoral. Será competente para conhecer
da AIRC o juiz qualificado para deferir ou indeferir o pedido de registro de candidatura. Assim,
será competente para processar e julgar a AIRC:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
A propaganda eleitoral pode ser definida como aquela em que os partidos políticos e
os candidatos buscam a captação de votos do eleitorado para a escolha de representantes,
os quais ocuparão cargos eletivos. Por meio da propaganda eleitoral, demonstra-se ao elei-
torado que um determinado candidato é o mais apto a ocupar uma determinada cadeira em
disputa. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, entende-se por propaganda eleitoral:
Constitui ato de propaganda eleitoral aquele que leva ao conhecimento geral, ain-
da que de forma dissimulada, a candidatura, a ação política ou as razões que
induzam a concluir que o beneficiário seja o mais apto para a função pública. (AI
n. 9936, DJe de 5/8/2010)
O Código Eleitoral elenca uma série de conteúdos que não poderão ser veiculados por
meio da propaganda eleitoral. São elas:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Art. 41. A propaganda exercida nos termos da legislação eleitoral não poderá ser
objeto de multa nem cerceada sob alegação do exercício do poder de polícia ou de
violação de postura municipal, casos em que se deve proceder na forma prevista
no art. 40. (Redação dada pela Lei n. 12.034, de 2009)
§ 1º O poder de polícia sobre a propaganda eleitoral será exercido pelos juízes
eleitorais e pelos juízes designados pelos Tribunais Regionais Eleitorais. (Incluído
pela Lei n. 12.034, de 2009)
§ 2º O poder de polícia se restringe às providências necessárias para inibir práti-
cas ilegais, vedada a censura prévia sobre o teor dos programas a serem exibidos
na televisão, no rádio ou na internet. (Incluído pela Lei n. 12.034, de 2009)
No exercício do poder de polícia, não cabe ao Juiz Eleitoral aplicar multas eleitorais de
ofício. Caso constate a prática de propaganda eleitoral irregular, deve o juiz eleitoral provi-
denciar a cessação da imediata da conduta e, se for provocado pelos legitimados (Ministério
Público, partidos políticos, coligações e candidatos) aplicará as sanções cabíveis. A esse
respeito, este é o entendimento sumulado do TSE:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 18 do TSE – Conquanto investido de poder de polícia, não tem legiti-
midade o juiz eleitoral para, de ofício, instaurar procedimento com a finalidade de
impor multa pela veiculação de propaganda eleitoral em desacordo com a Lei n.
9.504/1997.
Identificação e Idioma
Propaganda Extemporânea
JURISPRUDÊNCIA
[...]. Propaganda antecipada. Divulgação. Texto. Internet. Blog Conotação eleito-
ral. Presente. [...]. 1. Nos termos da jurisprudência da Corte, deve ser entendida
como propaganda eleitoral antecipada qualquer manifestação que, antes dos três
meses anteriores ao pleito, leve ao conhecimento geral, ainda que de forma dis-
simulada, a candidatura, mesmo que somente postulada, a ação política que se
pretende desenvolver ou as razões que levem a inferir que o beneficiário seja o
mais apto para a função pública. [...] 3. A garantia constitucional da livre manifes-
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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tação do pensamento não pode servir para albergar a prática de ilícitos eleitorais,
mormente quando está em jogo outro valor igualmente caro à própria Constitui-
ção, como o equilíbrio do pleito. 4. Divulgada, por meio de página na internet, a
candidatura e os motivos pelos quais a candidata seria a mais apta para o exercí-
cio do cargo público, é de se reconhecer a prática de propaganda antecipada; [...]
(Ac. de 17.3.2011 no R-Rp n. 203745, rel. Min. Marcelo Ribeiro.)
JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL. PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA. DIVULGA-
ÇÃO DE DISCURSOS PROFERIDOS EM EVENTO PARTIDÁRIO POR MEIO DO
TWITTER. TWITTER É CONVERSA ENTRE PESSOAS. RESTRIÇÃO ÀS LIBER-
DADES DE PENSAMENTO E EXPRESSÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO DA PROPA-
GANDA EXTEMPORÂNEA.
1. O Twitter consiste em uma conversa entre pessoas e, geralmente, essa co-
municação está restrita aos seus vínculos de amizade e a pessoas autorizadas
pelo usuário.
2. Impedir a divulgação de um pensamento ou opinião, mesmo que de conteúdo
eleitoral, no período vedado pela legislação eleitoral, em uma rede social restrita
como o Twitter, é impedir que alguém converse com outrem. Essa proibição impli-
ca violação às liberdades de pensamento e de expressão.
3. Não há falar em propaganda eleitoral realizada por meio do Twitter, uma vez
que essa rede social não leva ao conhecimento geral as manifestações nela
divulgadas.
4. A divulgação no Twitter de manifestação de cunho eleitoral no âmbito de evento
partidário não tem o condão de caracterizar propaganda eleitoral extemporânea.
(Respe n. 7.464/RN, DJe de 15.10.2013)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Após reforma eleitoral, realizada pela Lei n. 12.981/2013, houve a enumeração de con-
dutas que não deverão ser consideradas propaganda extemporânea. Esta é a prescrição
normativa contida nos arts. 36-A e 36-B da Lei n. 9.504/97 sobre a matéria:
Art. 36-A. Não configuram propaganda eleitoral antecipada, desde que não en-
volvam pedido explícito de voto, a menção à pretensa candidatura, a exaltação
das qualidades pessoais dos pré-candidatos e os seguintes atos, que poderão ter
cobertura dos meios de comunicação social, inclusive via internet: (Redação dada
pela Lei n. 13.165, de 2015)
I – a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevis-
tas, programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive
com a exposição de plataformas e projetos políticos, observado pelas emissoras
de rádio e de televisão o dever de conferir tratamento isonômico; (Redação dada
pela Lei n. 12.891, de 2013)
II – a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e
a expensas dos partidos políticos, para tratar da organização dos processos elei-
torais, discussão de políticas públicas, planos de governo ou alianças partidárias
visando às eleições, podendo tais atividades ser divulgadas pelos instrumentos de
comunicação intrapartidária; (Redação dada pela Lei n. 12.891, de 2013)
III – a realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de material
informativo, a divulgação dos nomes dos filiados que participarão da disputa
e a realização de debates entre os pré-candidatos; (Redação dada pela Lei n.
13.165, de 2015)
IV – a divulgação de atos de parlamentares e debates legislativos, desde que não
se faça pedido de votos; (Redação dada pela Lei n. 12.891, de 2013)
V – a divulgação de posicionamento pessoal sobre questões políticas, inclusive
nas redes sociais; (Redação dada pela Lei n. 13.165, de 2015)
VI – a realização, a expensas de partido político, de reuniões de iniciativa da socie-
dade civil, de veículo ou meio de comunicação ou do próprio partido, em qualquer
localidade, para divulgar ideias, objetivos e propostas partidárias. (Incluído pela
Lei n. 13.165, de 2015
VII – campanha de arrecadação prévia de recursos na modalidade prevista no
inciso IV do § 4º do art. 23 desta Lei. (Incluído dada pela Lei n. 13.488, de 2017)
§ 1º É vedada a transmissão ao vivo por emissoras de rádio e de televisão das
prévias partidárias, sem prejuízo da cobertura dos meios de comunicação social.
(Incluído pela Lei n. 13.165, de 2015)
§ 2ºNas hipóteses dos incisos I a VI do caput, são permitidos o pedido de apoio
político e a divulgação da pré-candidatura, das ações políticas desenvolvidas e
das que se pretende desenvolver. (Incluído pela Lei n. 13.165, de 2015)
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Por outro lado, ter-se-á a propaganda eleitoral antecipada, nos seguintes casos:
Propaganda Irregular
Segundo o art. 37 da Lei das Eleições, nos bens cujo uso dependa de cessão ou permis-
são do poder público, ou que a ele pertençam, e nos bens de uso comum, inclusive postes de
iluminação pública, sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e
outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de propaganda de qualquer natureza,
inclusive pichação, inscrição a tinta e exposição de placas, estandartes, faixas, cavaletes,
bonecos e assemelhados.
A reforma eleitoral realizada pela Lei n. 12.034/2009 trouxe o conceito de bens de uso
comum para fins de fixação do limite dessas regras:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Por outro lado, admite-se a colocação de mesas para distribuição de material de cam-
panha e a utilização de bandeiras ao longo das vias públicas, desde que móveis e que não
dificultem o bom andamento do trânsito de pessoal e de veículos.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Por fim, “em ônibus e táxis não pode ser afixada propaganda eleitoral, quer em sua
parte interna, quer na externa.” (Res. TSE n. 13.062)
A violação a essas proibições sujeita o responsável, após a notificação e comprovação,
à restauração do bem e, caso não cumprida no prazo, a multa.
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Propaganda em Outdoors
É vedada a utilização de outdoors para fins de propaganda eleitoral, sob pena de impo-
sição de multa eleitoral e determinação de retirada da propaganda irregular, nos seguin-
tes termos:
Lei n. 9.504/1997
Art. 43. São permitidas, até a antevéspera das eleições, a divulgação paga, na
imprensa escrita, e a reprodução na internet do jornal impresso, de até 10 (dez)
anúncios de propaganda eleitoral, por veículo, em datas diversas, para cada can-
didato, no espaço máximo, por edição, de 1/8 (um oitavo) de página de jornal
padrão e de 1/4 (um quarto) de página de revista ou tabloide. (Redação dada pela
Lei n. 12.034, de 2009)
Ao final de cada inserção, deverá ser mostrado o valor pago pelo candidato ao jornal
para veicular sua propaganda.
A inobservância desses critérios sujeita os responsáveis pelos veículos de divulgação
e os partidos, coligações ou candidatos beneficiados a multa. Aliás, segundo entendimento
jurisprudencial do TSE, a sanção pecuniária poderá ser imposta aos candidatos beneficiados
com essa propaganda irregular, ainda que não sejam os responsáveis pela veiculação da
propaganda. A esse respeito, veja o seguinte julgado:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
Propaganda eleitoral irregular. Publicação de anúncio. 1. O art. 43, § 2º, da Lei
n. 9.504/97 estabelece a possibilidade de imposição de multa tanto aos respon-
sáveis pelos veículos de divulgação como aos partidos, coligações e candidatos
beneficiados, o que não implica a necessidade de formação de litisconsórcio pas-
sivo. 2. A multa prevista no citado § 2º do art. 43 pode ser aplicada aos candidatos
beneficiados, não exigindo que eles tenham sido responsáveis pela veiculação da
propaganda paga, na imprensa escrita, que extrapolou o limite legal. [...]
(Ac. de 6.11.2012 no AgR-AI n. 27205, rel. Min. Arnaldo Versiani.)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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JURISPRUDÊNCIA
1. A Democracia não existirá e a livre participação política não florescerá onde a
liberdade de expressão for ceifada, pois esta constitui condição essencial ao plu-
ralismo de ideias, que por sua vez é um valor estruturante para o salutar funciona-
mento do sistema democrático.
2. A livre discussão, a ampla participação política e o princípio democrático estão
interligados com a liberdade de expressão, tendo por objeto não somente a prote-
ção de pensamentos e ideias, mas também opiniões, crenças, realização de juízo
de valor e críticas a agentes públicos, no sentido de garantir a real participação
dos cidadãos na vida coletiva.
3. São inconstitucionais os dispositivos legais que tenham a nítida finalidade de
controlar ou mesmo aniquilar a força do pensamento crítico, indispensável ao re-
gime democrático. Impossibilidade de restrição, subordinação ou forçosa adequa-
ção programática da liberdade de expressão a mandamentos normativos cercea-
dores durante o período eleitoral.
4. Tanto a liberdade de expressão quanto a participação política em uma Demo-
cracia representativa somente se fortalecem em um ambiente de total visibili-
dade e possibilidade de exposição crítica das mais variadas opiniões sobre os
governantes.
5. O direito fundamental à liberdade de expressão não se direciona somente a pro-
teger as opiniões supostamente verdadeiras, admiráveis ou convencionais, mas
também aquelas que são duvidosas, exageradas, condenáveis, satíricas, humo-
rísticas, bem como as não compartilhadas pelas maiorias. Ressalte-se que, mes-
mo as declarações errôneas, estão sob a guarda dessa garantia constitucional.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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O comício pode ser realizado até 48 horas antes das eleições. Para a sua realização, é
dispensável a licença da autoridade policial ou judicial. Deve-se comunicar a autoridade poli-
cial no mínimo vinte e quatro horas antes de sua realização, a fim de que essa lhe garanta,
segundo a prioridade do aviso, o direito contra quem tencione usar o local no mesmo dia e
horário (§ 1º do art. 39 da Lei das Eleições).
Na realização do evento, pode ser utilizada aparelhagem sonora fixa no horário com-
preendido entre 8 e 24 horas. Entretanto, no comício de encerramento da campanha, o prazo
para o seu encerramento poderá ser prorrogado por mais duas horas. Pode-se utilizar telão,
desde que para retransmitir imagens do próprio comício. Fica vedada a utilização de trios elé-
tricos em campanhas eleitorais, exceto para a sonorização (§ 10, art. 39, Lei n. 9.504/1997).
Entretanto, é permitida a circulação de carros de som e minitrios como meio de propa-
ganda eleitoral, desde que observado o limite de 80 (oitenta) decibéis de nível de pressão
sonora, medido a 7 (sete) metros de distância do veículo, e mantendo-se a distância mínima
de 200 metros dos seguintes locais:
• das sedes dos Poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do Distrito Fede-
ral e dos Municípios, das sedes dos Tribunais Judiciais, e dos quartéis e outros estabe-
lecimentos militares;
• dos hospitais e casas de saúde;
• das escolas, bibliotecas públicas, igrejas e teatros, quando em funcionamento.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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• carro de som – veículo automotor que usa equipamento de som com potência nominal
de amplificação de, no máximo, 10.000 (dez mil) watts;
• minitrio – veículo automotor que usa equipamento de som com potência nominal de
amplificação maior que 10.000 (dez mil) watts e até 20.000 (vinte mil) watts;
• trio elétrico – veículo automotor que usa equipamento de som com potência nominal
de amplificação maior que 20.000 (vinte mil) watts.
JURISPRUDÊNCIA
1. Por sua natureza de propaganda eleitoral, o showmício é voltado ao público em
geral e presta-se para o convencimento do eleitorado mediante oferecimento de
entretenimento, ou, mais especificamente, de show artístico no contexto do comí-
cio ou de evento eleitoral realizado para a promoção de candidatura, nos quais o
artista e o candidato dividem o palco/palanque com o objetivo de obter votos.
2. O Supremo Tribunal Federal reconhece a instrumentalidade da liberdade de
expressão no contexto político-eleitoral, visto que se destina a estimular e ampliar
o debate público, permitindo que os eleitores tomem conhecimento dos diversos
projetos políticos em disputa. O destinatário último da troca de informações du-
rante o período eleitoral é o cidadão eleitor, titular do direito ao voto, que deve ser
exercido de forma livre e soberana. Não são admitidas, por contrárias à liberdade
de expressão, limitações que venham a desencorajar o fluxo de ideias e propostas
de cada candidato, ou a exercer uma censura prévia quanto a determinado conte-
údo, cabendo a responsabilização, a posteriori, por eventuais abusos praticados
no exercício desse direito. Precedentes: ADI n. 3.741/DF, Tribunal Pleno, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, DJe de 23/2/07; ADI n. 4.451/DF, Tribunal Pleno, Rel. Min.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Alexandre de Moraes, DJe de 6/3/19; ADI n. 4.650/DF, Tribunal Pleno, Rel. Min.
Luiz Fux, DJe de 24/2/16.
3. É também assegurado a todo cidadão manifestar seu apreço ou sua antipatia
por qualquer candidato, garantia que, por óbvio, contempla os artistas que esco-
lherem expressar, por meio de seu trabalho, um posicionamento político antes,
durante ou depois do período eleitoral. A proibição dos showmícios e eventos as-
semelhados não vulnera a liberdade de expressão, já que a norma em questão
não se traduz em uma censura prévia ou em proibição do engajamento político
dos artistas, visto que dela não se extrai impedimento para que um artista mani-
feste seu posicionamento político em seus shows ou em suas apresentações. A
norma em tela está a regular a forma com que a propaganda eleitoral pode ser
feita, não se confundindo com a vedação de um conteúdo ou com o embaraço
da capacidade de manifestação de opiniões políticas por parte de qualquer cida-
dão. 4. A medida se justifica pelo intuito de evitar o abuso de poder econômico no
âmbito das eleições e de resguardar a paridade de armas entre os candidatos. O
caráter gratuito do showmício ou do evento assemelhado não é suficiente para
afastar o desequilíbrio por eles provocado entre os concorrentes a cargos eletivos,
havendo clara vantagem para aquele que tem apresentações artísticas associa-
das à promoção de sua campanha, ainda que sem pagamento de cachê. Também
se justifica no fato de que a promoção de uma candidatura por meio do patrocínio
de um show destinado ao público em geral poderia ser considerada como ofereci-
mento de uma vantagem ao eleitor, o qual acabaria por associar sua experiência
de entretenimento ao político homenageado.
5. Enquanto o showmício configura uma modalidade de propaganda eleitoral dire-
cionada ao público em geral para obtenção de votos, o evento destinado à arre-
cadação de recursos para a campanha eleitoral tem finalidade diversa, qual seja,
a de mobilizar os apoiadores da candidatura com o intuito de obter recursos para
a viabilização da campanha eleitoral. A realização de evento dessa natureza tem
respaldo constitucional, por se tratar de uma modalidade de doação que propor-
ciona ao eleitor, como pessoa física, participar do financiamento da democracia
representativa, o que reflete o espírito republicano da Carta de 1988, pois possibi-
lita que o cidadão viabilize ativamente o projeto político de sua escolha.
6. Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente, reconhe-
cendo-se como parte do escopo do art. 23, § 4º, inciso V, da Lei n. 9.504/1997 a
possibilidade de realização de apresentações artísticas ou shows musicais em
eventos de arrecadação de recursos para campanhas eleitorais, não se aplicando
o princípio da anualidade eleitoral a esse entendimento.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Propaganda na Internet
Art. 57-A. É permitida a propaganda eleitoral na internet, nos termos desta Lei, após
o dia 15 de agosto do ano da eleição (Redação dada pela Lei n. 13.165, de 2015)
Art. 57-B. A propaganda eleitoral na internet poderá ser realizada nas seguintes
formas: (Incluído pela Lei n. 12.034, de 2009)
(Vide Lei n. 12.034, de 2009)
I – em sítio do candidato, com endereço eletrônico comunicado à Justiça Eleitoral
e hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço de internet estabe-
lecido no País; (Incluído pela Lei n. 12.034, de 2009)
II – em sítio do partido ou da coligação, com endereço eletrônico comunicado à
Justiça Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço de
internet estabelecido no País; (Incluído pela Lei n. 12.034, de 2009)
III – por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados gratuitamente
pelo candidato, partido ou coligação; (Incluído pela Lei n. 12.034, de 2009)
IV – por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e aplica-
ções de internet assemelhadas cujo conteúdo seja gerado ou editado por: (Reda-
ção dada pela Lei n. 13.488, de 2017)
a) candidatos, partidos ou coligações; ou (Incluído pela Lei n. 13.488, de 2017)
b) qualquer pessoa natural, desde que não contrate impulsionamento de conteú-
dos. (Incluído pela Lei n. 13.488, de 2017)
§ 1º Os endereços eletrônicos das aplicações de que trata este artigo, salvo aque-
les de iniciativa de pessoa natural, deverão ser comunicados à Justiça Eleito-
ral, podendo ser mantidos durante todo o pleito eleitoral os mesmos endereços
eletrônicos em uso antes do início da propaganda eleitoral. (Incluído pela Lei n.
13.488, de 2017)
§ 2º Não é admitida a veiculação de conteúdos de cunho eleitoral mediante ca-
dastro de usuário de aplicação de internet com a intenção de falsear identidade.
(Incluído pela Lei n. 13.488, de 2017)
§ 3º É vedada a utilização de impulsionamento de conteúdos e ferramentas digi-
tais não disponibilizadas pelo provedor da aplicação de internet, ainda que gratui-
tas, para alterar o teor ou a repercussão de propaganda eleitoral, tanto próprios
quanto de terceiros. (Incluído pela Lei n. 13.488, de 2017)
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Art. 57-H. Sem prejuízo das demais sanções legais cabíveis, será punido, com mul-
ta de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), quem realizar
propaganda eleitoral na internet, atribuindo indevidamente sua autoria a terceiro,
inclusive a candidato, partido ou coligação. (Incluído pela Lei n. 12.034, de 2009)
§ 1º Constitui crime a contratação direta ou indireta de grupo de pessoas com a
finalidade específica de emitir mensagens ou comentários na internet para ofender
a honra ou denegrir a imagem de candidato, partido ou coligação, punível com
detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa de R$ 15.000,00 (quinze mil reais)
a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). (Incluído pela Lei n. 12.891, de 2013)
§ 2º Igualmente incorrem em crime, punível com detenção de 6 (seis) meses a 1
(um) ano, com alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo
período, e multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais),
as pessoas contratadas na forma do § 1º. (Incluído pela Lei n. 12.891, de 2013)
Art. 57-I. A requerimento de candidato, partido ou coligação, observado o rito pre-
visto no art. 96 desta Lei, a Justiça Eleitoral poderá determinar, no âmbito e nos
limites técnicos de cada aplicação de internet, a suspensão do acesso a todo
conteúdo veiculado que deixar de cumprir as disposições desta Lei, devendo o
número de horas de suspensão ser definida proporcionalmente à gravidade da in-
fração cometida em cada caso, observado o limite máximo de vinte e quatro horas.
(Redação dada pela Lei n. 13.488, de 2017)
§ 1º A cada reiteração de conduta, será duplicado o período de suspensão. (Inclu-
ído pela Lei n. 12.034, de 2009)
§ 2º No período de suspensão a que se refere este artigo, a empresa informará, a
todos os usuários que tentarem acessar seus serviços, que se encontra tempora-
riamente inoperante por desobediência à legislação eleitoral. (Incluído pela Lei n.
12.034, de 2009)
Art. 57-J. O Tribunal Superior Eleitoral regulamentará o disposto nos arts. 57-A a
57-I desta Lei de acordo com o cenário e as ferramentas tecnológicas existentes
em cada momento eleitoral e promoverá, para os veículos, partidos e demais enti-
dades interessadas, a formulação e a ampla divulgação de regras de boas práticas
relativas a campanhas eleitorais na internet. (Incluído pela Lei n. 13.488, de 2017)
Por meio das alterações promovidas pela Lei n. 11300/2006, limitou-se o horário de uti-
lização de alto-falantes ou amplificadores de som para a realização de propaganda eleitoral.
Somente será permitido no horário de 8 às 22 horas.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Veda-se o uso desse meio de propaganda eleitoral a menos de 200 metros das sedes
do Poder Executivo, Legislativo, dos Tribunais do Judiciário, dos quartéis e outros estabele-
cimentos militares, dos hospitais e casas de saúde, das escolas, bibliotecas públicas, igrejas
e teatros.
Para o descumprimento dessas disposições, não há imposição de sanção legal. Cabí-
vel apenas a busca e apreensão do material e a determinação da paralisação da atividade
irregular. Em caso de não atendimento à ordem judicial, poder‑se‑á configurar o crime de
desobediência.
Debates Eleitorais
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Propaganda eleitoral
Esquema didático
Sufrágio seria o direito público que possui o cidadão de eleger, ser eleito e partici-
par da organização da atividade política do Estado. Ou seja, é o direito que pos-
sibilita ao cidadão de participar do processo de formação da vontade do Estado,
podendo, portanto, ser deliberativo ou eletivo.... O sufrágio é um direito público
subjetivo que decorre diretamente da soberania popular, permitindo aos seus titu-
lares a participação na vida política do país, conduzindo os rumos da nação.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Voto é o ato que consubstancia o direito ao sufrágio em sua parte ativa, é o seu
exercício. Ou seja, nem todo sufrágio é voto. O fundamental, portanto, é ressaltar
que o voto é distinto do sufrágio. enquanto esse é direito inerente às democracias
modernas, aquele é mera emanação, é mero exercício desse direito, sua manifes-
tação no plano prático. O eleitor, ao votar, deixa clara a manifestação de sua von-
tade política, o que só é possível porque possui ele o direito subjetivo de sufrágio.
Por fim, escrutínio é o modo de exercício do voto, sua concretização. É nada mais
que o processo que abrange as operações de votação — depósito e recolhimento
dos votos — e a apuração dos votos. Não se confunde, portanto, com o sufrágio
(direito), nem com o seu exercício, o voto.
O não cumprimento desse dever cívico acarreta certas sanções àqueles que deixaram
de exercê-lo.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Se o eleitor não exercer o seu direito ao voto e não se justificar perante o juiz eleitoral
no prazo de 60 (sessenta) dias após as eleições, incorrerá em multa eleitoral (art. 7º do CE).
Entretanto, não se impõe a multa eleitoral se o eleitor justificar a sua ausência às elei-
ções. Para tanto, confere-se o prazo de 60 dias para a justificativa eleitoral, a contar da data
do pleito, para os eleitores que estavam fora de seu domicílio eleitoral, mas em território
nacional. A seu turno, para os eleitores que se encontram no exterior no dia das eleições,
confere-se um prazo de 30 dias, a contar da data do retorno, para a justificativa eleitoral.
Ressalte-se que não incidirão nessa sanção aqueles que não têm o dever de votar,
ou seja, aos que o exercício do direito ao voto seja facultativo. Também não estará sujeito à
multa o portador de deficiência que torne impossível ou demasiadamente oneroso o cumpri-
mento das obrigações eleitorais (Res.-TSE n. 21.920).
O eleitor que deixar de votar e não regularizar sua situação perante a Justiça Eleitoral,
não poderá:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
Professor: Weslei Machado
Isenção
O Código Eleitoral isenta o exercício do direito ao voto àqueles estejam enfermos; aos
que se encontrem fora do seu domicílio; e aos funcionários civis e militares em serviço que
os impossibilite de votar (inciso II, art. 6º, Código Eleitoral).
Contudo, essa norma do Código Eleitoral não foi recepcionada pela nova ordem cons-
titucional instaurada pela Constituição de 1988.
Na verdade, haverá, de acordo com a CF/1988, isenção relativa quanto ao voto, em
razão da facultatividade do alistamento e do voto para aqueles que se enquadrarem em uma
das seguintes hipóteses fáticas:
• dos conscritos;
• dos estrangeiros;
• dos que perderam os direitos políticos;
• dos que tiveram seus direitos políticos suspensos.
A votação e a totalização dos votos serão feitas por sistema eletrônico, podendo o Tri-
bunal Superior Eleitoral autorizar, em caráter excepcional, a adoção do sistema manual de
colheita de votos, por meio da utilização de cédulas oficiais. Esse sistema eletrônico, desse
modo, deve ser obrigatoriamente utilizado em todas as seções eleitorais, salvo impossibili-
dade material.
Nessa votação por meio de sistema eletrônico, o voto poderá ser atribuído ao candidato
ou à legenda partidária, devendo o nome e fotografia do candidato e o nome do partido ou
a legenda partidária aparecer no painel da urna eletrônica, após a digitação dos respectivos
números pelo eleitor, com a expressão designadora do cargo disputado no masculino ou
feminino, conforme o caso.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Do Voto em Trânsito
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Ilícitos Eleitorais
A prática desses atos ilícitos poderá acarretar a aplicação das seguintes sanções, con-
forme previsão legal:
• inelegibilidade;
• cassação do registro de candidatura;
• cassação do diploma;
• cassação do mandato;
• multa eleitoral;
• suspensão imediata da conduta.
Será configurado a captação ilícita de sufrágio quando o candidato doar, oferecer, pro-
meter ou entregar ao eleitor, com o fim de obter‑lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de
qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro até o dia da eleição
(art. 41-A da Lei das Eleições).
Houve uma alteração feita na recente reforma eleitoral pela Lei n. 12.034/2009:
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Desse modo, a ocorrência da captação ilícita de sufrágio exige que o candidato doe,
prometa ou ofereça bens ou vantagens ao eleitor, com a finalidade de conseguir o voto.
Ainda, exige-se que a conduta ocorra entre o dia do pedido de registro de candidatura e o
dia da eleição.
A previsão do art. 41-A da Lei n. 9.504/1997 não constitui uma norma instituidora de
uma situação de inelegibilidade. Se assim o fosse, a norma em análise seria inconstitucio-
nal, pois situações de inelegibilidades somente podem ser criadas e reguladas por lei com-
plementar (art. 14, § 9º, CF/1988). Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal Federal ao
julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3.592:
JURISPRUDÊNCIA
Ação direta de inconstitucionalidade. Art. 41-A da Lei n. 9.504/1997. Captação de
sufrágio. 2. As sanções de cassação do registro ou do diploma previstas pelo art.
41-A da Lei n. 9.504/1997 não constituem novas hipóteses de inelegibilidade. 3. A
captação ilícita de sufrágio é apurada por meio de representação processada de
acordo com o art. 22, incisos I a XIII, da Lei Complementar n. 64/1990, que não
se confunde com a ação de investigação judicial eleitoral, nem com a ação de
impugnação de mandato eletivo, pois não implica a declaração de inelegibilidade,
mas apenas a cassação do registro ou do diploma. 4. A representação para apurar
a conduta prevista no art. 41-A da Lei n. 9.504/1997 tem o objetivo de resguardar
um bem jurídico específico: a vontade do eleitor. 5. Ação direta de inconstituciona-
lidade julgada improcedente.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Com a finalidade de manter a lisura das eleições, garantir aos candidatos a igualdade
de condições e afastar a possibilidade de os postulantes aos cargos eletivos abusem do
poder político, a Lei das Eleições previu uma série de condutas vedadas aos agentes públi-
cos. Inclusive, a partir da possibilidade da reeleição aos detentores de cargos no Executivo,
tornou-se imprescindível o elenco de um rol de condutas que poderiam viciar o resultado
das eleições.
As condutas vedadas aos agentes públicos estão previstas nos arts. 73 a 78 da Lei
das Eleições.
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Sanções
Se o agente público em campanha eleitoral praticar uma das situações vedadas, o ato
deverá ser suspensão imediata da conduta, quando for o caso, sujeitando os responsáveis
à multa. Além disso, o candidato beneficiado, agente público ou não, ficará sujeito à pena de
cassação do registro ou do diploma (§ 5º, art. 73, Lei das Eleições).
Prevê ainda a Lei das Eleições que a prática das condutas vedadas se constitui em ato
de improbidade administrativa e sujeita o infrator à perda da função pública e a imposição da
pena de suspensão dos direitos políticos (§ 7º, art. 73, Lei das Eleições). Entretanto, a apli-
cação dessas sanções não pode ser feita pela Justiça Eleitoral e depende do ajuizamento de
ação específica perante o juiz competente.
Essas penalidades poderão ser aplicadas cumulativamente e, no caso da multa, se for
caso de reincidência, haverá a duplicação da mesma. Por sua vez, se o beneficiado for um
partido político, esse será excluído da distribuição das cotas do fundo partidário (§ 9º, art. 73,
Lei das Eleições).
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Entre os vários princípios eleitorais estudados, tem-se o princípio da lisura das eleições,
pelo qual busca-se garantir aos candidatos isonomia na competição. Tenta-se afastar do
pleito eleitoral condutas que possam de qualquer forma afetar desarrazoadamente o resul-
tado das eleições.
A própria Constituição Federal, com a finalidade de garantir que a moralidade presidiria
a competição entre os candidatos e que a disputa seria pautada pela lisura, em seu art. 14,
§ 9º, prescreveu que:
Por essa forma, devem-se evitar atitudes que firam a legitimidade e a normalidade das
eleições. A própria Constituição elencou certos atos que podem macular a moralidade nas
eleições: o abuso do poder político e o abuso do poder econômico.
Dentre outras formas de combater a prática dessas condutas ilícitas, o legislador infra-
constitucional estava autorizado a editar uma lei complementar prevendo os casos de inele-
gibilidade decorrente de atividades econômicas ou políticas abusivas. Essa competência foi
exercida com a edição da Lei Complementar n. 64/1990.
Além do abuso do poder político e do abuso do poder econômico, há uma terceira
espécie de abuso, que é o uso arbitrário e descomedido dos meios de comunicação. Devem
ser amplamente combatidos, pois “é indubitável que o poder econômico, o poder político e o
uso intensivo dos meios de comunicação influenciam no resultado das eleições” (ALMEIDA,
2009, p. 305).
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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL
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Abuso do poder político é o uso indevido de cargo ou função pública, com a finalidade
de obter votos para determinado candidato. É a atividade ímproba do administrador, com a
finalidade de influenciar no pleito eleitoral de modo ilícito, desequilibrando a disputa. Sem
improbidade, não há abuso de poder político (COSTA, 2008, p. 307).
Portanto, qualquer utilização indevida da máquina pública que tenha a potencialidade
de influenciar o resultado das eleições em favor de determinado cidadão constitui abuso
do poder político. Se o autor do abuso detentor de cargo na administração pública direta,
indireta ou fundacional e beneficiar a si ou a terceiros, pelo abuso do poder econômico ou
político apurado em processo, com sentença transitada em julgado ou por decisão proferida
por órgão colegiado, serão inelegíveis para as eleições na qual concorrem e para as que se
realizarem nos oito anos seguintes (d, I, 1º, LC n. 64/1990).
Veja alguns exemplos de abuso do poder político na casuística da jurisprudência do TSE:
JURISPRUDÊNCIA
No programa eleitoral é lícito que o candidato à reeleição apresente as realizações
de seu governo sem que isso configure abuso de poder. Publicidade cuja veicu-
lação, durante o período eleitoral, foi obstada por força de decisão liminar, não
havendo, portanto, efeito lesivo ao equilíbrio ou à lisura das eleições. (TSE. Rp n.
1.098, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha.)
JURISPRUDÊNCIA
[...]
III – A concessão de benefícios a servidores públicos estaduais nas proximidades
das eleições municipais pode caracterizar abuso do poder político, desde que evi-
denciada, como na hipótese, a possibilidade de haver reflexos na circunscrição do
pleito municipal, diante da coincidência de eleitores.
[...]
V – Não é fator suficiente para desconfigurar o abuso do poder político de que
cuida o art. 22 da LC n. 64/1990, o fato de o candidato por ele beneficiado não ter
sido eleito, pois o que se leva em consideração na caracterização do abuso do
poder são suas características e as circunstâncias em que ocorrido. [...] (REspe n.
26.054, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha.)
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JURISPRUDÊNCIA
Abuso de poder. [...] 2. Não caracteriza abuso de poder político a redução de im-
posto para um setor econômico se não se trata de ato episódico da administração,
mas se insere no contexto de planejamento governamental, fundado em estudos
técnicos que evidenciam a viabilidade da concessão de benefícios fiscais, sem
prejuízo ao Erário. [...] (RO n. 733, Rel. Min. Fernando Neves.)
JURISPRUDÊNCIA
1. Abuso do poder configurado, em face da construção de barragens e da con-
cessão de transporte gratuito à população, em ano eleitoral, com potencial dese-
quilíbrio no resultado do pleito. [...] (TSE. AgRgREspe n. 26.035, Rel. Min. Gerar-
do Grossi).
JURISPRUDÊNCIA
Em sede de ação de investigação judicial eleitoral, não é necessário atribuir ao
réu a prática de uma conduta ilegal, sendo suficiente, para a procedência da ação,
o mero benefício eleitoral angariado com o ato abusivo, assim como a demons-
tração da provável influência do ilícito no resultado do pleito. Precedentes. – Hi-
pótese em que as provas carreadas para os autos são irrefutáveis, no sentido
de que, efetivamente, houve abuso de poder econômico, em prol do recorrente,
capaz de influenciar no resultado do pleito. [...] (TSE. RO n. 1.350, Rel. Min. Cesar
Asfor Rocha.)
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JURISPRUDÊNCIA
Abuso do poder econômico. Potencialidade. [...] 1. Apontamento pelo Ministério
Público do fato de terem sido apreendidas quinze cestas básicas na residência de
um cabo eleitoral do candidato, que seriam distribuídas a eleitores. 2. Apreensão
ocorrida no Município de Rio Branco, onde o candidato obteve alta concentração
de votos (77,30%), de um total de 3.304 votos. 3. O abuso do poder econômico
foi reconhecido por decisão deste Tribunal (RO n. 741, Rel. Min. Gomes de Bar-
ros, julgado em 22/2/2005). 4. Verifica‑se a potencialidade da conduta e o conse-
quente comprometimento do processo eleitoral. [...] (TSE. RCEd n. 616, Rel. Min.
José Delgado.)
Vários instrumentos foram colocados à disposição dos interessados para que se com-
batesse o abuso de poder nas eleições e fosse efetivado o comando constitucional que deter-
mina que as eleições devam ser legítimas e normais, que a soberania popular deverá ser
resguardada e que a liberdade do exercício do voto não poderá ser cerceada.
Dentre os instrumentos jurídicos aptos a combater o abuso do poder político, econô-
mico e no uso dos meios de comunicação, têm-se a ação de investigação judicial eleitoral,
representação por captação ilícita de sufrágio, ação de impugnação ao mandato eletivo,
recurso contra a expedição de diploma.
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tões comentadas. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
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mulas do TSE Comentadas. Ed. Lura Editorial. São Paulo. 2017.
CÂNDIDO, Joel J. Direito Eleitoral Brasileiro. 12. ed. rev., atual. e ampl. Bauru: Edipro, 2006.
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buquerque Pontes Luz de Pádua. Tratado de Direito Eleitoral. São Paulo: Premier Má-
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COSTA, Adriano Soares da. Instituições de Direito Eleitoral. 7. ed. rev., atual. e ampl. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2008.
DIDIER JR., Fredie. CUNHA, Leonardo José Carneiro da. Curso de Direito Pro- cessual
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atual. e ampl. Salvador: JusPodivm, 2008.
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 3. ed. rev. e atual. Belo Horizonte: Del Rey, 2008.
RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral. 8. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Im-
petus, 2008.
VELLOSO, Carlos Mário da Silva. AGRA, Walber de Moura. Elementos de Direito Eleitoral.
São Paulo: Saraiva, 2009.
ZILIO, Rodrigo López. Direito Eleitoral: noções preliminares, elegibilidade e inelegibilidade,
processo eleitoral (da convenção à prestação de contas), ações eleitorais. Porto Alegre:
Verbo Jurídico, 2008.
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