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20/01/2023 17:10 Red Pill - O guarda-chuva da mentalidade conspiratória e o Pipeline para o Neofacismo: radicalização online e extremismo -…

Red Pill – O guarda-chuva da mentalidade conspiratória


e o Pipeline para o Neofacismo: radicalização online e
extremismo

Edição 99

Michele Prado, Pesquisadora

A nova (?) extrema direita embaralhou todas as cartas. Esse espectro ideológico não
pode mais ser visto apenas sob o prisma da política clássica e muito menos como
uma categoria de representação convencional. Trata-se de uma nebulosa, uma
nuvem cósmica formada por poeiras de diferentes matizes. O que hoje se
convenciona chamar de extrema direita é uma combinação de vetores muitas vezes
difíceis de serem enxergados como peças de uma mesma engrenagem. São métodos
de manipulação pública e de prestidigitação da informação que, em muitos casos,
não permitem se identificar onde termina a realidade e tem início uma espécie de
metaverso. Essa subcultura ganhou uma força tal que confunde o próprio
entendimento do que é a extrema direita. São pílulas de diferentes cores dentro de
um frasco opaco.

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Ser escolhido para supostamente enxergar aquilo que ninguém mais vê; ser
despertado de um sono profundo com uma pílula que traz a verdadeira
compreensão da realidade; sair da Matrix. Essas são algumas das promessas da red
pill.

No final dos anos 90, um filme distópico de grande bilheteria obteve um sucesso
espetacular trazendo referências filosóficas, culturais e religiosas, ambientadas
num universo futurista. De todas as referências do blockbuster Matrix, a mais
duradoura na era pós-digital é a Alegoria da Caverna (O mito de Platão). Preso
numa falsa realidade, na qual ele só enxergava as sombras e simulacros, o
protagonista Neo recebe das mãos de Morpheus a chance de escolher se ele prefere
continuar vivendo nessa dimensão paralela, inventada, ou se está pronto em
escolher encarar a verdadeira realidade que estaria oculta por consequência de um
grande complô de uma suposta elite dominadora de mentes e corpos de toda a
população. Morpheus oferece duas pílulas a Neo: uma azul (blue pill) e uma
vermelha (a red pill). Neo escolhe a pílula vermelha e ele passa a enxergar o que
ninguém mais vê.

Somente anos depois do sucesso do filme Matrix, a alegoria da “pílula vermelha” se


transformaria em uma metáfora política a ser utilizada como “arma” na “guerra
cultural” proposta por um novo movimento online neorreacionário (NRx),1 uma
comunidade online na plataforma Reddit,2
impulsionadora de um grande ecossistema digital de misoginia extrema e uma isca
para capturar jovens a aderirem ao movimento online de direita radical e extrema,
a Alt-Right. Ou seja: um grande guarda-chuva para teorias conspiratórias que
flutuam entre antissemitismo “suave” até teorias conspiratórias com racismo
explícito oriundas do supremacismo branco/nacionalismo branco e neonazismo.

Insight Inteligência - artigos e ensaios fora da curva


E-mail

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Inspirado em intelectuais neofascistas como o paleolibertário da chamada Escola


Austríaca, Hans-Hermann Hoppe, o historiador escocês reacionário e pró-
escravidão Thomas Carlyle e o blogueiro paleoconservador americano,
supremacista e nacionalista branco3 Steve Sailer, o engenheiro de software do Vale
do Silício, Curtis Yarvin criou o blog Unqualified Reservations em 2007 sob o
pseudônimo
Mencius Moldbug. Até 2013, quando encerrou o blog, formulou sua “filosofia
política” ultrarreacionária, anti-igualitária, autoritária e aceleracionista Neo-
Reactionary, ou Dark Enlightenment (Iluminismo das Trevas) que, posteriormente,
seria parte das bases intelectuais do movimento extremista online Alt-Right.

Com rejeição extrema à democracia e aos ideais iluministas, a “filosofia” criada por
Yarvin e aprimorada pelo aceleracionista Nick Land4 propõe uma ruptura e
substituição das democracias liberais por estados autocráticos geridos por CEO’s ou
monarquias, defende etnoestados e uma ordem social fortemente hierarquizada por
gênero, raça e classe. Seu blog seria o primeiro a utilizar a analogia da pílula
vermelha do filme Matrix como arma política e vetor na radicalização online,
especialmente entre jovens rapazes brancos ansiosos com mudanças demográficas,
avanços dos direitos civis de vários grupos (mulheres, negros, comunidade
LGBTQIA+) e descrentes de uma futura condição econômica que revivesse o
“sonho americano”.

Em 2007, no artigo5 “The Case Against Democracy: Ten Red Pills”, ainda sob o
pseudônimo Mencius Moldbug, Yarvin propôs aos leitores que rejeitassem a
democracia. Sugeriu que eles passassem a considerar uma visão alternativa dentro
da metáfora de que a pílula azul seria a visão distorcida que a própria aceitação da
democracia impõe aos indivíduos. A pílula vermelha, por sua vez, seria
a cruel, porém supostamente, verdadeira realidade. Ele listou dez antíteses entre a
Blue Pill e a Red Pill que não apenas reforçam a rejeição à democracia como
amenizam a periculosidade de sistemas autocráticos e sugere uma falsa simetria

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com modelos democráticos, como por exemplo:


“FASCISMO E COMUNISMO6
• Blue Pill: Os desastres do fascismo e do comunismo demonstram a importância
da democracia representativa.
• Red Pill: O fascismo e o comunismo são mais bem compreendidos como formas
de democracia. A diferença entre democracia unipartidária e multipartidária é
como a diferença entre um tumor maligno e um benigno.”

A pílula vermelha viria se tornar a dose diária de reacionarismo frente ao suposto


“politicamente correto” que, segundo Yarvin em uma das suas mais famosas teorias
conspiratórias cerne de sua “filosofia política NRx”, era imposto pela “Catedral”.
Tomando emprestado ideias de Pareto e de James Burnham sobre “elites
gerenciais”, Mencius Moldbug fazia uma sobreposição de conceitos com as teorias
conspiratórias antissemitas mais antigas do imaginário da extrema direita
transnacional, como o Marxismo Cultural e Nova Ordem Mundial. Afirmava que o
mundo era governado por um suposto complô de elites
burocráticas que controlavam Estados e as populações e atuavam de forma a
substituir o poder espiritual da Igreja Católica sobre o poder temporal.

A “Catedral” seria um complexo de instituições burocráticas estatais, a grande


mídia e as universidades e seria também uma espécie de nova religião do
progressismo liberal. Tomar a Red Pill, significaria, portanto, parar de ser
enganado pela Catedral e enxergar a “verdadeira realidade”: uma visão de mundo
extrema e reacionária.

Além de conceitos neofascistas, ultrarreacionários, as pílulas vermelhas de


Moldbug introduziram no debate público em meios digitais muitas teses
pseudocientíficas que eufemizavam o Darwinismo Social e o Racismo Científico
com nomes suaves como “biodiversidade humana”, tese do supremacista branco S.
Sailer, amplamente disseminada nos ecossistemas digitais do movimento do poder
branco (White Power): “A ‘biodiversidade humana’ foi mobilizada como um

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movimento para catalogar e criar ideias hereditárias sobre diferenças raciais e


distribuí-las como ‘pílulas vermelhas’ para transformar o discurso online”
(Panofisky, Dasgupta, Iturriaga. 2021).7

Longe de ser um blog marginal, como deveria ser algo desse teor, Moldbug
encontrou em bilionários pós- -libertários um apoio8 que persiste até hoje: Peter
Thiel, um megainvestidor germano-americano fundador do Paypal dentre outras
startups é um parceiro de longa data do neorreacionário Curtis Yarvin cuja
parceria9 é cada vez mais ativa.

Introduzir à conta-gotas, em forma de pílulas, visões alternativas da realidade e


tropos que sustentavam a defesa de uma ordem social hierarquizada racialmente e
por gênero era um dos principais objetivos da filosofia reacionária do Iluminismo
das Trevas; era colocar em prática a metapolítica na era pós-digital. E encontrar seu
público-alvo não seria difícil: jovens homens brancos raivosos, frustrados e
recheados de ansiedades.

Anos antes do início do blog de Mencius Moldbug, eles já estavam se reunindo em


espaços digitais, formando o embrião do que viria se tornar um grande
conglomerado frouxo de sites, blogs, plataformas de imagens (chans) e fóruns nos
quais esses indivíduos despejam seus temores e reivindicações – eventualmente
legítimas –, rancores, ódio e uma gigantesca vitimização autopercebida, formando
terreno fértil para a germinação e disseminação de teorias conspiratórias
excludentes, racistas, misóginas e antissemitas, algumas com alto potencial para
violência: a manosfera. É na manosfera, um ecossistema digital de misoginia
extrema, que a TRP (The Red Pill) se transforma em uma ideologia extremista.

MULHERES NÃO ENTRAM

O termo “manosfera” (esfera digital + homem) apareceu pela primeira vez em um


blog no final da década de 2000 (em 2009) e se referia ao grande conjunto de
comunidades online de interesses e queixas masculinas. Desde seu início, o

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antifeminismo radical seria o elo de ligação das mais variadas subcorrentes que
formam o universo da manosfera. Apesar de algumas diferenças entre essas
subculturas, e algumas contradições explícitas, a ideia de que a ordem social liberal
do pós-guerra é misândrica (que tem ódio dos homens) e que vivemos em uma
suposta “ditadura ginocêntrica”10 (o conceito de que todas as leis e visões de
mundo dão preferência às visões e queixas femininas) é ponto pacífico em todas
elas.

Ainda nos anos 60, longe da era digital e como contrarreação à segunda onda do
feminismo, surgiu o movimento denominado MRAs – Men’s Rights Activists
(Ativistas dos Direitos dos Homens) – entre estudantes universitários.
Inicialmente, não eram antagônicos ao feminismo e defendiam que o sistema de
supremacia masculina que permeou a sociedade em várias eras era também
prejudicial aos homens.

Porém, ao mesmo tempo, indicavam que os avanços nos direitos civis de grupos
historicamente alijados da sociedade (pessoas não brancas e mulheres) causavam
perturbação na ordem social a que estavam adaptados e os colocava numa posição
de impotência, precisando (em sua lógica) de defesa contra esses avanços e novos
arranjos sociais. Não por acaso, demograficamente, os primeiros movimentos dos
“Ativistas dos direitos dos Homens” reuniam, majoritariamente, homens de meia
idade, classe média e brancos.

Antes da infinidade de métodos de manipulação da opinião pública que esta era


pós-digital proporciona e que a far-right utiliza com eficácia, os ativistas dos
direitos dos homens traziam não insultos misóginos, memes e assédios online
coordenados, mas tópicos que conferiam certa legitimidade às suas demandas:
direitos de família, serviço militar obrigatório e alienação parental; os homens
lideram índices de serem vítimas de violência e suicídio, por exemplo (alguns
permanecem ainda hoje como tema central nas reivindicações dos MRAs).

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Com a internet e a reunião em espaços online, aos poucos, essas demandas


somaram-se às teorias conspiratórias e desinformação deliberada (pequenos
conteúdos verdadeiros colocados num amplo conjunto de informações mentirosas
e/ou maliciosas). Os MRAs foram os primeiros a utilizar a internet como campo de
amplificação de suas ideias. Em 2009, profissionalizaram a manosfera, criando um
conglomerado lucrativo com o site A Voice Of Man de Paul Elam, que reunia desde
programas de rádio até loja na qual vendiam camisetas e acessórios (The Red Pill
Shop).

No universo online, falsas alegações de estupro, alienação parental e lei de proteção


às mulheres relativas à violência de gênero doméstica se tornaram as principais
narrativas entre os ativistas dos direitos dos homens. Logo, outros sites e
subcomunidades online surgiriam, galvanizando o antifeminismo radical, imersos
no guarda-chuva de teorias conspiratórias da Red Pill: “Return of Kings”,
“Sluthate.com” e “Men’s Rights” estão entre aqueles com maior tráfego online.

A ideia de que “tomar pílula vermelha” lhes garantiriam um despertar para uma
“realidade” a respeito da ordem social liberal-democrática do pós-guerra trouxe
agregadas teses conspiracionistas de que os avanços civilizatórios seriam uma
artimanha de globalistas liberais (um tropo antissemita) para implementarem e
fazer a manutenção de uma suposta “ditadura ginocêntrica” que emascularia
homens e destruiria famílias tradicionais.

Paralelamente ao conspiracionismo, os MRAs encontraram no “culto à tradição”11


a nostalgia reacionária necessária para galvanizar novos adeptos ao movimento:
“um retorno a um passado de masculinidade pré-moderna e tribalismo
homossocial” (Marwick, Lewis, 2019).12 Artigos com alusão ao Império Romano e
homens guerreiros e imagens com corpos masculinos hipermusculosos se
tornariam frequentes no ecossistema digital da manosfera.

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Se, por um lado, esses espaços online de queixas atraíam homens que haviam
vivido alguma frustração amorosa, separação litigiosa e/ou acusações de estupros
(falsos ou verdadeiros), por outro lado atraíam também jovens homens que
buscavam na reafirmação ultramasculinista a solução para suas ansiedades no
mundo moderno. Logo entrariam num túnel de radicalização que transformaria o
pensador fascista Julius Evola (e seus vários livros de revolta contra o mundo
moderno e glorificação da supremacia masculina) em ídolo.

OS PICK-UP ARTISTS (PUAs) E O SEXUAL MARKET VALUE (SMV)

Com a comunidade digital “PUAs”, a misoginia extrema na manosfera avança mais


alguns passos. As mulheres agora não passam de objetos sexuais, são retratadas
como presas, e os homens devem conhecer as “regras do jogo de sedução” para
capturar (e descartar) as presas após a cópula. Criou-se uma indústria milionária
de cursos e workshops na qual ensinam técnicas de sedução a jovens e uma escala
para categorizar quanto aquele “objeto” vale no mercado sexual. É na subcultura
online PUA que teses pseudocientíficas de biologia evolutiva e psicologia evolutiva
se sobrepõem a teorias conspiratórias para dar legitimidade aos conceitos de
misoginia extrema que circulam na manosfera.

As mulheres seriam biologicamente inferiores, e seu valor sexual de mercado


estaria conectado a uma série de fatores como idade (quanto mais jovem, maior o
SMV), aparência física, status, vida sexual pregressa (mulheres virgens teriam um
SMV maior) e personalidade submissa aos homens. A suposta hipergamia inerente
às mulheres, a ideia de que fatores biológicos impulsionam mulheres a procurarem
parceiros superiores e essas buscas incessantes as tornam essencialmente não
monogâmicas, serve como justificativa para afirmações de que todas as mulheres
são frívolas, superficiais, traem seus parceiros sempre que houver possibilidade e
não servem para nada além do que “acasalamento” e procriação. Este último fator é
também uma das principais ansiedades de movimentos e grupos do supremacismo

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branco, que disseminam a crença de que brancos estão sendo substituídos por
pessoas não brancas (negros, imigrantes, judeus) e ter o maior número de filhos
(crianças brancas) em casamentos não inter-raciais deve ser uma prioridade.

Na subcultura online dos “artistas da sedução”, incentivos ao estupro não são


incomuns. A mulher, subjugada, só teria uma função (copular), e sua suposta
inferioridade biológica e intelectual não permitiria que recusassem investidas dos
“machos alpha”, ou – no dialeto da manosfera – os “chads”. Ao mesmo tempo, as
reações de mulheres (feministas ou não), em relação à apologia do estupro presente
nesse ecossistema, são encaradas como pânico moral produzido por feministas e
globalistas liberais. Assim como a apologia ao estupro é corriqueira, a aceitação da
pedofilia também aparece com frequência, pois quanto mais jovem, maior a
probabilidade de serem virgens e, portanto, com um alto SMV e, por isso, não veem
problemas em relacionamentos sexuais com menores de 18 (em casos extremos,
menores de 14 anos).

O assédio online e gaslight (manipulação psicológica na qual o agressor investe em


criar na vítima dúvidas a respeito de sua sanidade mental e seu senso crítico
individual) também são ensinados nos workshops, vídeos e cursos de PUAs para
quebrar o espírito das mulheres e subjugá-las.

MEN GOING THEIR OWN WAY (HOMENS SEGUINDO SEU PRÓPRIO


CAMINHO)

A subcultura online MGTOW é aquela que emerge diretamente da ideologia Red


Pill dentro do ecossistema digital da manosfera. A pílula vermelha e todas as
teorias conspiratórias da far-right que estão sob seu guarda- -chuva supostamente
comprovariam a existência de uma sociedade baseada no ginocentrismo e
misandria. Toda ordem social do mundo ocidental seria manipulada para ser
prejudicial aos homens, e a saída, por isso, seria abster- -se completamente de
relacionamento com mulheres e “seguir seu próprio caminho”, concentrando-se em
autoaperfeiçoamento estético, financeiro e psicológico.

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Assim como os PUAs, os MGTOWs também criaram uma indústria milionária que
oferece livros, cursos, treinos físicos e coachs que ensinam a não mais desejar
mulheres, pois elas seriam as causadoras do mal no mundo. Em muitos aspectos,
remete à imagem de que a mulher é um arquétipo da tentação bíblica: na figura de
Eva, ela seria a responsável por levar o homem ao declínio e perdição.

O movimento MGTOW, “homens seguindo seus próprios caminhos”, surge como


uma dissidência anticoletivista em reação às duas principais subculturas citadas
anteriormente: os ativistas dos direitos dos homens (que focam na atuação política
e coletivista, tentando amplificar suas pautas no debate público para então haver
modificação de leis que garantiram modestos avanços nos direitos civis das
mulheres) e os treinadores dos jogos de sedução (PUAs).

Para os MGTOWs, a ação política é perda de tempo: são as mulheres que dominam
o mundo e citam as regras, e o coletivismo é uma ilusão. E, em relação aos PUAs, a
própria dedicação ao jogo da sedução para conquistar mulheres supostamente
revelaria que esses homens são completamente dependentes da aprovação
feminina e estariam, portanto, dominados pelo “sistema” (Zuckerberg, 2018).13

Para a maior parte dos membros dessa subcultura, ser MGTOW é uma filosofia de
vida, e não movimento político. São vários os depoimentos (que servem como iscas
para angariar novos adeptos) de homens que revelam uma frustração afetiva
anterior, um relacionamento rompido e que resultou em perdas financeiras para
eles.

Não por acaso, os principais influenciadores MGTOWs dedicam grande parte dos
conteúdos – que produzem em diversas plataformas – a fornecer dicas de
aplicações financeiras (criptomoedas é o investimento mais sugerido) e na sugestão
de evitar o casamento e/ou qualquer tipo de relacionamento a longo prazo com
mulheres, pois a relação afetiva com mulheres seria um suposto investimento sem
retorno e com chances grandes de prejuízo. Outra fixação entre os MGTOWs é a
suposta incidência de denúncias falsas de estupros.

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A introdução de um grau elevado de misantropia (além da misoginia extrema e do


pensamento conspiratório agregado à crença na “pílula vermelha”) situa o
movimento dos homens seguindo seu próprio caminho, com maior potencial de
extremismo violento, ideologicamente motivado, do que os outros movimentos da
manosfera, perdendo apenas para os Incels (celibatários involuntários).

A sobreposição com a Alt-Right é mais presente, destacando-se ações coordenadas


de assédio de gênero online (gendertrolling) como o GamerGate e a ampla
influência de movimentos e grupos extremistas misóginos e chauvinistas como os
Proud Boys, além de notórios neonazistas que viram nessa subcultura online um
caminho aberto para cooptação de jovens aos conceitos da supremacia e
nacionalismo branco, como por exemplo o neonazista Andrew Anglin e seu site
dedicado ao nacionalismo branco, The Daily Stormer.

Anglin, em entrevistas,14 já admitido que o site neonazista teria sido projetado


especialmente para cooptar jovens e crianças ao seu sistema de crenças
extremistas. Segundo ele, o site permitiria que esses jovens pudessem pular o
processo de “redpilling” e assim abraçariam crenças15 do
supremacismo/nacionalismo branco com mais rapidez. Com esse foco, parte
relevante dos conteúdos no The Daily Stormer agrupavam tropos de misoginia
extrema da manosfera (MRAs, PUAs, MGTOWs e Incels) com teorias
conspiratórias antissemitas, afirmando, por exemplo, que o feminismo seria um
complô de “cabalas judaicas” para a destruição da família tradicional (leia-se
brancas) e que o comportamento de extrema misoginia seria apenas uma reação
legítima.

BLACK PILL – INCELS, OS CELIBATÁRIOS INVOLUNTÁRIOS

Entre as subculturas online da manosfera, possivelmente a mais conhecida do


grande público seja a IncelDOM. Além do termo Incel ser utilizado de forma
pejorativa na maior parte das vezes (e em várias, de forma equivocada, pois nem

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todo misógino extremo é um Incel), há um longo histórico de extremismo violento


ideologicamente motivado e atentados terroristas que trazem marcadores da
subcultura Incel.

Ao contrário do que muitos imaginam, a subcultura online Incel não começou com
jovens rapazes frustrados em suas vidas afetivas, mas com uma mulher em 1997. A
jovem Alana criou um projeto online denominado “The involuntary celibate
movement” (movimento dos celibatários involuntários) com o objetivo de reunir
pessoas que gostariam − mas não tinham ainda − relações afetivas e/ou sexuais.
Conversar sobre timidez, compartilhar experiências e diminuir a sensação de
solidão eram os tópicos mais frequentes no blog. Mas em pouco tempo o projeto foi
invadido por conteúdos de misoginia extrema e uma amálgama de crenças
extremistas, teorias conspiratórias, teses pseudocientíficas de determinismo
biológico e um profundo niilismo e misantropia.

Para os jovens Incels, as mulheres não somente seriam a causa de sua perdição e
sofrimento como as principais responsáveis pelo celibato involuntário dos menos
favorecidos estética e geneticamente. A radicalização para o racismo explícito e
xenofobia também é frequente: quando os Incels veem mulheres se relacionando
com negros e/ou imigrantes, o senso de autovitimização aumenta, pois consideram
que foram preteridos em detrimento a homens que eles acreditam serem inferiores.

De forma paradoxal, entre os Incels há tanto uma tendência à autovitimização


quanto também traço de personalidade narcisista: consideram que o mundo não
lhes dá o valor que merecem, e a pílula vermelha, Red Pill, em seu sistema de
crenças, também seria uma ilusão, pois não forneceria acesso desses homens
supostamente inferiores às mulheres; então optam pela chamada Black Pill, a pílula
negra, a ideia de que aceitam o status de inferiores que nunca ascenderão na
hierarquia masculina (se tornariam um CHAD, o indivíduo atraente e que não
encontra dificuldades para se relacionar afetivamente) e de que sua situação é
imutável; dessa forma, a ideação suicida é recorrente entre incelDOMs, assim como
a automutilação também é incentivada entre eles próprios.

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Na incelsfera, as mulheres são sempre caracterizadas como repulsivas, subumanas


e/ou maquiavélicas e há a crença de que sistemas políticos autocráticos com
hierarquias (de gênero e raciais) bem definidas seriam melhores do que a
democracia liberal, pois dessa forma as mulheres não teriam a possibilidade de não
os escolherem como parceiros. No extremo da radicalização, os Incels passam a
desenvolver um imenso desprezo por todos os seres humanos, não apenas por
mulheres. De homens atraentes a imigrantes, judeus, LGBTQIA++, pessoas não
brancas, todos seriam inimigos e desprezíveis, e a “glória” seria alcançada quando
houvesse atos de vingança, provocando o maior número de vítimas fatais possível.
O extremismo violento ideologicamente motivado seria, na cosmovisão dos Incels,
o ato supremo de purificação. Virariam “Sanctos”.

SUBCULTURAS ONLINE LETAIS

A supremacia masculina (algumas vezes em polinização cruzada com outras


ideologias extremistas) foi vetor em vários episódios de terrorismo doméstico de
extrema direita e extremismo violento ideologicamente motivado tanto em outros
países quanto no Brasil. Embora esses crimes não sejam categorizados aqui no
Brasil como os centros de pesquisa e contraextremismo estrangeiros classificam, as
pegadas digitais de atiradores em massa em ambiente escolar no país comprovam a
relação entre a misoginia extrema, extremismo de extrema direita e esses
atentados.

Em 2011 (Realengo − Rio de Janeiro − Escola Tasso de Oliveira) um extremista


violento de 23 anos cometeu um atentado na escola deixando 12 vítimas fatais
(idades entre 13 e 15 anos) – a maior parte, meninas. O atirador frequentava chan
de misoginia extrema e se inspirou em outro atentado de extremismo violento
ideologicamente motivado que também exibia a supremacia masculina como
influência do ato, o massacre na escola Columbine (EUA).

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Em 2019 (Suzano – São Paulo − Escola Raul Brasil), dois extremistas violentos,17 e
25 anos, promoveram um massacre com 10 vítimas fatais e 11 feridos. Também se
inspiravam em Columbine e frequentava um chan nocivo, o dogolachan, no qual
receberam instruções online e anunciaram o massacre. Um dos extremistas é
cultuado hoje em subculturas online extremistas como os fandoms de atiradores
em massa e terroristas: a TCC – True Crime Community.

A TCCtwt, comunidade de crimes reais, é uma subcultura online de extremismo


violento que reúne desde neofascistas e neonazistas declarados a Incels, com
membros na faixa etária que abrange dos 10 aos 22 anos (segundo informações dos
próprios usuários) e se hospedam tanto na deep web quanto na superfície da
internet (atualmente, o Discord é a plataforma com o maior número de subculturas
tcc).

Nessa subcultura, massacres, assassinatos em massa em ambiente escolar,


terrorismo doméstico e episódios de extremismo violentos ideologicamente
motivados são glorificados, disseminam vídeos com edições dos morticínios;
trocam instruções para execução de massacres; promovem ideação suicida;
incentivam automutilação; compartilham PDFs e outros conteúdos com
antissemitismo e racismo extremo; disseminam o revisionismo histórico e
manifestos terroristas supremacistas e radicalizam os usuários em uma profunda
misantropia.

Entre 2021 e 2022, no Brasil, ao menos quatro atentados de extremismo violento


com motivações ideológicas foram executados por jovens radicalizados nessa
subcultura online letal, que apresenta crenças híbridas (extremismo violento
composto) entre misoginia extrema, supremacismo branco e antissemitismo
violento:

2021 – Saudades (Santa Catarina) – O extremista violento de 18 anos invadiu uma


creche e assassinou cinco pessoas com o uso de uma katana (espada samurai),
sendo três das vítimas fatais bebês com idades entre 1 e 2 anos. Ele planejou o

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atentado por 10 meses, era usurário de subculturas online extremistas, apresentava


traços de misoginia extrema Incel. A investigação não tipificou como crime de ódio.

2022 – Vitória (Espírito Santo) – O extremista violento, 18 anos, munido de facas,


bombas caseiras, três bestas, munição, flechas e coquetel molotov, tentou executar
um massacre, mas foi imobilizado. Não houve vítimas fatais. O jovem era membro
da subcultura digital extremista TCCtwt, premeditou o atentado e se comunicava
online com outro jovem que promoveu atentado tempos depois numa escola do
interior da Bahia. Quando foi imobilizado, fez referências a outro terrorista em
massa: Timur (Rússia);

2022 – Barreiras (Bahia) – O adolescente extremista violento de 14 anos planejou o


atentado na subcultura online TCCtwt no discord. Matou uma aluna cadeirante que
não conseguiu fugir e utilizou como armas: revólver, adagas, facão e nail bomb
(bomba de pregos). O atirador anunciou o atentado no Twitter 4 horas antes e,
seguindo métodos de outros terroristas de extrema direita estrangeiros, publicou
um manifesto digital inspirado em manifestos de outros terroristas, sendo as
principais referências utilizadas os manifestos dos terroristas Tarrant (Nova
Zelândia), Breivik (Noruega), Cruisis (EUA) e Unabomber – Ted Kaczynski (EUA).
Apresenta traços de personalidade narcísica, tropos Incels de supremacia
masculina e supremacismo étnico. O manifesto dedica uma dezena de páginas para
apologia ao nazismo, e o extremista admite ter se radicalizado online.

2022 – Aracruz (Espírito Santo) – Extremista violento de 16 anos realizou um


massacre em duas escolas. Vitimou fatalmente quatro pessoas e feriu gravemente
outras 12. Todas as vítimas fatais foram mulheres, inclusive a maior parte dos
feridos. O atirador portava símbolos de reforço estético recorrentes na subcultura
online letal TCCtwt (skull mask, símbolo nazista na braçadeira e vestuário militar).
Um “altar” foi publicado para ele em servidor do discord dessa subcultura horas
depois do massacre. Alguns comentários nesse mesmo servidor indicaram que ele
havia mencionado o planejamento a outros usuários. Investigação em curso.

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RADICALIZAÇÃO ONLINE E EXTREMISMO

Alguns dados de monitoramento do extremismo no Brasil indicam um aumento16


exponencial no número de células de movimentos e grupos de extrema direita;
episódios de extremismo violento ideologicamente motivados e terrorismo
doméstico de extrema direita já são realidade no país, e movimentos extremistas
híbridos e conspiracionistas ganham força em manifestações públicas e ações
contra a ordem democrática.

Todos esses fatores precisam ser entendidos a partir de uma abordagem da


radicalização online (os meios digitais encurtaram o processo de radicalização para
entre 13/18 meses) e contraextremismo. Relatório17 divulgado no Reino Unido pelo
Ministério da Justiça indicou que, entre 2019/2021, 92% dos condenados por
terrorismo doméstico e/ou extremismo violento ideologicamente motivados foram
radicalizados online, e um em cada seis condenados por terrorismo tem abaixo de
18 anos de idade.

Uma abordagem de prevenção da radicalização online e combate ao extremismo de


forma multissetorial, que inclua não apenas políticas públicas governamentais, mas
também a sociedade civil, é urgente. A “ideologia” red pill apresenta um funil de
radicalização inequívoco e atua como uma grande tenda para a mentalidade
conspiratória e radicalização em crenças extremistas. Entender a sobreposição de
grupos e movimentos supremacistas que aparentemente são distintos e sem um
ethos essencialmente político é um dos caminhos para que se possa realizar uma
abordagem de contraextremismo eficaz.

É autora do livro “Tempestade ideológica – Bolsonarismo: A Alt-Right e o


Populismo I-Liberal No Brasil” tempestadeideologica@gmail.com

NOTAS DE RODAPÉ

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1. O movimento Neorreacionário, Neo-reactionary, foi criado na primeira década


dos anos 2000 pelo engenheiro de software e blogueiro Curtis Yarvin sob o
pseudônimo Mencius Moldbug. Seria, mais adiante, uma das inspirações de Steve
Bannon e da Alt-Right.

2. O subredit “The Red Pill” (TRP) foi fundado em 2012, supostamente por um
membro do Partido Republicano (EUA), Robert Fischer.

3. Steve Sailer é o criador da tese pseudocientífica e amplamente refutada da


“Biodiversidade Humana”, uma tese que defende a superioridade racial de brancos,
porém, com o evidente racismo científico e neoeugenia eufemizados.

4. Nick Land é um filósofo racista e teórico libertário inglês que aprimorou algumas
ideias de Mencius Moldbug na formulação do Iluminismo Das Trevas. Tem relações
com grupos neonazistas extremamente violentos e considerados grupos terroristas
por alguns países, como o grupo neonazista aceleracionista OA9 – Ordem dos Nove
Ângulos.

5. The Case Against Democracy – Ten Red Pills – Disponível em https://.


unqualified-reservations.org/2007/04/case-against-democracy-ten-red-pills/

6. The Case Against Democracy – Ten Red Pills – Disponível em https://.


unqualified-reservations.org/2007/04/case-against-democracy-ten-red-pills/

7. Panofsky, A; Dasgupta, K; Iturriaga, N. How White nationalists mobilize


genetics: From genetic ancestry and human biodiversity to counterscience and
metapolitics. Am J Phys Anthropol. 2021 Jun;175(2):387-398. doi: 10.1002/
ajpa.24150. Epub 2020 Sep 28. PMID: 32986847.

8. Why Peter Thiel Wants to Topple Gawker and Elect Donald Trump? – Disponível
em https://nymag.com/intelligencer/2016/06/peter-thiel.html

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9. Inside the new right: Where Peter Thiel is placing his biggest bets? – Disponível
em https://.vanityfair.com/news/2022/04/inside-the-new-right-where-peter-
thielis-placing-his-biggest-bets

10. Um dos blogs ligados à corrente da direita radical “Paleolibertarianismo”


reverbera a ideia falsa da “ditadura ginocêntrica” com frequência: A ditadura
ginocêntrica ocidental – disponível em https://rothbardbrasil.com/a-ditadura- -
ginocentrica-ocidental/

11. Dois dos influenciadores da manosfera que utilizam o culto à tradição são Jack
Donovan e Daryush “Roosh” Valizadeh, criador do blog ”Return Of Kings”.

12. Marwick, Rebecca; Lewis, Alice – Media Manipulation and Desinformation


Society – Data & Society , 2019.

13. Zuckeberg, Donna – Not All Dead White Men – Havard United Press, 2018;
Report State of Hate 2019 – Hope Not Hate; Preston, K.: Halpin, M., Maguire, F –
The Black Pill: New Technology and the Male Supremacy of Involuntarily Celibate
Men – Men and Masculinities 2021, Vol. 24(5) 823-841

14. “Andrew Anglin brags about ’indocrinating’ children into nazi ideology“
Disponível em: https://.splcenter.org/hatewatch/2018/01/18/andrew-anglinbrags-
about-indoctrinating-children-nazi-ideology

15. “How the alt-right’s sexism lures men into white supremacy” – Disponível
em https://.vox.com/culture/2016/12/14/13576192/alt-right-sexism-recruitment

16. Grupos neonazistas crescem 270% em 3 anos – disponível


em https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2022/01/16/grupos-neonazistas-
crescem-270percent-no-brasil-em-3-anos-estudiosos-temem-que-presenca-online-
transborde-para-ataques-violentos.ghtml

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17. Most convicted terrorists radicalised online, finds MoJ-backed study –


Disponível em https://.theguardian.com/uk-news/2022/dec/08/most-
convictedterrorists-radicalised-online-finds-study?CMP=share_btn_tw

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