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SEMINÁRIO TEOLÓGICO

EBNESR

NT211-CARTAS PESSOAIS
DO APÓSTOLO PAULO
Aula 01

Ricardo J.C. Sobral

EBNESR
Recife, PE
2022
NT211-Cartas Pessoais do apóstolo Paulo 2022 Ricardo J.C. Sobral

SEMINÁRIO TEOLÓGICO EBNESR


CNPJ.: 02.967.320/0001-40 Insc.: Isento
Rua Copacabana, 580 - Boa Viagem
51030-590 – Recife, PE. (81) 3341-6514 / 3342-5269
ebnesr@gmail.com

Dedicatória:

À
Randy Short:
Amigo e irmão amado. Um missionário como o apóstolo Paulo.

SOBRAL, Ricardo J.C. NT211-CARTAS


PESSOAIS DO APOSTOLO PAULO. Recife:
EBNESR, 2022.

11 pg.

1. Epístolas; 2. Igreja; 3. Exegese; 4.


Hermenêutica.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ............................................................................. 4
1. O apóstolo Paulo e sua literatura ..................................... 5
2. Cronologia do ministério Paulino...................................... 6
3. Cartas .................................................................................... 7
4. A retórica de Aristóteles ..................................................... 9

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INTRODUÇÃO
Este trabalho propõe-se apresentar a relevância da mensagem das
Cartas pessoais, do apóstolo Paulo, aos seus discípulos, Timóteo e Tito, bem
como o seu amigo Filemom.
Enfatizaremos também, a grande questão que envolve as cartas ditas
“pastorais” de forma erroneamente, o qual alterou, sensivelmente, o modelo
de organização eclesiástica, no que diz respeito ao pastorear a irmandade.
Para isso, pretende-se, primeiramente, identificar algumas questões
introdutórias, tais como: autoria, data, cenário, etc. para em seguida,
Examinar também o conteúdo e teologia das cartas.
O objetivo é trazer à luz, à medida que a investigação se desenrola, as
contribuições e implicações destas cartas aos cristãos contemporâneos. Isso
se dará em três momentos:

✓ na exposição das cartas delineando o aspecto histórica da interpretação


recuperando o contexto e o ambiente pelo o qual o apóstolo Paulo escreve
suas cartas pessoais;
✓ No emprego da leitura e exegese das epístolas, com o propósito de
reconstruir o conceito apostólico na orientação na igreja bíblica;
✓ Na apreciação relacional entre os modelos encontrados nas cartas, bem
como o serviço e a função de cada personagem evidenciado na epístolas.

Esse objetivo permitirá conjecturar sobre o distanciamento que há


entre o exercício do ministério na atualidade e os modelos bíblicos. Feito
isso, poderemos identificar possíveis soluções e, assim, restaurar a figura
cristã que desenvolve o seu ministério empenhado com a verdade do
Evangelho do Senhor Jesus.

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1. O apóstolo Paulo e sua literatura

Nada menos que treze dos vinte e sete escritos do Novo Testamento
são cartas atribuídas ao apóstolo Paulo. Eles constituem inteiramente um
quarto do volume do Novo Testamento; se acrescentarmos a isso a porção
dos Atos dos Apóstolos, onde Paulo é o personagem principal, a proporção
fica ainda maior. Perde apenas a proporção dedicada à vida e ministério de
Jesus descrita nos quatro evangelhos.
No entanto, o significado do legado literário de Paulo, claro, não é
simplesmente uma questão de sua quantidade. Suas cartas representam os
primeiros escritos existentes do movimento cristão.
São cartas reais, escritas para congregações reais cujas circunstâncias
de vida são refletidas nos próprios textos. Além disso, são cartas altamente
pessoais, no sentido de que os desejos, emoções, processos de raciocínio e
muito da personalidade de seu autor são retratados vividamente.
Além disso, o autor não era uma figura marginal. Enquanto o seu lugar
dentro do início do movimento cristão. Em virtude da:

✓ Inovadora natureza de sua atividade missionária entre os gentios,


✓ A vitalidade intelectual que ele exerceu sobre a defesa e a educação
de jovens congregações.

Paulo foi um dos principais atores da primeira geração formativa do


movimento. Em suma, as cartas de Paulo representam uma janela para o
cristianismo nascente de valor inestimável.
A literatura paulina não se limita ao seu valor como material de
referência para a reconstrução das origens cristãs. As cartas não apenas
desempenham um papel passivo, fornecendo uma janela para as
circunstâncias que estão por trás delas; elas também têm sido agentes em si
mesmas, afetando a vida de seus leitores - tanto os leitores originais quanto
nós - e, assim, ajudando a moldar a história do cristianismo e da cultura
ocidental como um todo.
Por essas e outras razões, as cartas de Paulo são significativas e
merecem a atenção cuidadosa não apenas dos leitores cristãos, mas também
de todos os que aspiram por uma perspectiva informada da herança cultural
ocidental.
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2. Cronologia do ministério Paulino

Qualquer reconstrução cronológica completa do ministério ativo de


Paulo requer a coordenação de três linhas interdependentes de investigação:

discernir a cronologia relativa das


diferentes etapas geográficas de sua
missão;

identificar algumas datas fixas como


pontos de ancoragem para uma
cronologia absoluta;

colocando as cartas em seus pontos


apropriados dentro desta estrutura
cronológica.

Como seria de esperar, o papel de Atos é um fator chave na discussão.


Tanto em Atos quanto nas cartas, a atividade missionária de Paulo é
pontuada por visitas à Jerusalém, e as principais reconstruções da cronologia
paulina são diferenciadas por sua abordagem a essas visitas.

Atos Cartas
Visita 1: Visita pós-conversão (9: 26- Visita 1. Visita pós-conversão
30) (Gl 1:18)
Visita 2: Visita de socorro à fome (11:
27–9; 12:25) Visita 2. Consulta de
Visita 3: Visita do Concílio de Jerusalém (Gálatas 2: 1–10)
Jerusalém (15: 1–30)
Visita 4: visita não especificada (18: 18–Visite 3. Visita de Coleta (1
23) Cor 16: 1–4; Rm 15:25; cf. 2
Visita 5: Visita de coleta (20: 1-21: 26) Cor 8–9).

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O aspecto final de qualquer reconstrução cronológica é a colocação


das letras dentro da estrutura cronológica maior. Podemos deixar estas
discussões para os comentários nas cartas individuais que se seguem. Aqui
apenas breves comentários são necessários.

Há pouca incerteza sobre a posição relativa de 1 Tess, as duas epístolas


de Corinto e Romanos; em cada caso, evidências internas fornecem
indicações razoavelmente claras de data relativa.
2 Tess provavelmente será datado logo após 1 Tess, embora alguns
intérpretes argumente por uma sequência invertida.
A maioria dos comentaristas coloca Gl antes de Rm e no mesmo
período geral que a correspondência coríntia, embora, haja uma visão
minoritária que a considera a mais antiga das cartas. Quanto às 'epístolas da
prisão' - filipenses, FILEMOM e colossenses eles têm sido vistos como
escritos durante o aprisionamento romano de Paulo.
No entanto, há um crescente corpo de opinião que colocaria alguns ou
todos elas antes, entre 1 e 2 Coríntios (veja 2 Coríntios 1: 8; observe a
referência a muitas prisões em 2 Coríntios 11:23).
3. Cartas

Paulo não escreveu nem tratados teológicos, nem narrativas, mas


cartas, e uma compreensão adequada de seu legado literário requer que
levemos a sério seu caráter epistolar.

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Para fazer isso, devemos olhar não apenas para as cartas em si, mas
também para as convenções de escrita de cartas que estavam presentes no
mundo greco-romano.
Deissmann (1910, p. 225), argumentou que os escritos de Paulo
deveriam ser classificados entre as cartas presentes no primeiro século. Isto
é, são escritos ocasionais, escritos "não para o público e para a posteridade,
mas para as pessoas a quem são dirigidos". Para o teólogo, eram escritos não
como formulações cuidadosas de um teólogo sistemático, mas sim, cartas
pessoais.
Segundo D. A. Watson (2012, p.192-193), “as epístolas cristãs do
primeiro século seguiram as convenções das cartas gregas com algumas
modificações, que podem ser atribuídas à experiência cristã.” Ainda segundo
este autor, as cartas gregas, especialmente na abertura e no encerramento,
são determinadas pela convenção. Começam com a abertura da carta (ou pré-
escrito), constituída da seguinte fórmula: remetente (superscriptio) para
destinatário (adscriptio), saudações (salutatio).

INÍCIO - PRESCRIÇÃO

Remetente - superscripio Destinatário - Adscriptio Saudação - Salutatio

DESCRIÇÃO DO SEU PRÓPRIO PAPEL E STATUS

Apóstolo Servo-escravo Prisioneiro

Quanto à estrutura da correspondência antiga, verifica-se que as cartas


consistiam de três secções:

Abertura Corpo Conclusão

O conteúdo e o estilo da carta podiam variar dependendo do status do


remetente e do destinatário (Aune, 1987, 158-159).
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A abertura estabelece as bases comuns entre o remetente e o


destinatário.
O corpo tanto desenvolve os assuntos apresentados na introdução do
corpo quanto introduz material novo.
A conclusão ou pós-escrito da carta mantém contato entre o remetente
e o destinatário e promove a amizade entre eles.

4. A retórica de Aristóteles

Entre as obras de Aristóteles, nos interessa a sua Arte Retórica, que


serve como fundamento para a análise da Epístola pessoais de Paulo a
Filemom, Timóteo e Tito.
Retórica, para Aristóteles –
É capacidade de perceber o que é capaz de ser
persuasível.
Ele estabeleceu os três gêneros do discurso:
✓ o judicial ou forense,
✓ o deliberativo ou político
✓ o demonstrativo ou epidíctico.
Neste ponto é importante perceber um lugar para se extrair os
argumentos:
✓ Se o gênero for judicial, o lugar é o tribunal,
✓ Se for deliberativo, o lugar é a assembleia,
✓ Se for o demonstrativo, o lugar é público em geral.
Para Aristóteles, o tempo também é importante nos discursos:
✓ No judicial – a ênfase está no que ocorreu no passado;
✓ No deliberativo, no futuro;
✓ No demonstrativo, o presente.
Vale ressaltar os elementos do discurso:
✓ o orador;
✓ o assunto;
✓ os ouvintes.

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Na retórica o orador precisa ser persuasivo. Para tanto, deve fazer uso
de estratégias de argumentação, as quais estão ligadas ao seu caráter e aos
elementos do discurso.
As estratégias estão pautadas, do que Aristóteles chama de provas:
✓ Prova Ética (ethos – h[qoj – costume, hábito)
✓ Prova lógica (logos – lo,goj – termo significa “razão”)
✓ Prova emocional (pathos – pavqoj – sensibilidade.)
Por fim, Aristóteles, em sua Retórica, define como o discurso deve ser
estruturado.
1. Exordium - Prefácio Epistolar – apresenta a razão para a fala.
2. Narratio – o fato – apresenta o contexto para a fala.
3. Propositio – proposição – apresenta a tese principal da fala.
4. Probatio – Provas – apresenta evidências em suporte da tese.
5. Exhortatio – exortação – encoraja a aplicar a tese.
6. Peroratio ou pós-escrito epistolar – apresenta a conclusão.
(BETZ, 1979, p. 353-379).

Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o


Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim,
mas também a todos quantos amam a sua vinda.
2 Tm 4.8

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Dedicatória:

À
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Amigo e irmão amado. Um missionário como o apóstolo Paulo.

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PESSOAIS DO APOSTOLO PAULO. Recife:
EBNESR, 2022.

32 pg.

1. Epístolas; 2. Igreja; 3. Exegese; 4.


Hermenêutica.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4

I. O CONTEXTO DA CARTA A FILEMOM .......................................... 5

1. Texto grego de Filemom .................................................................. 5

2. Autoria da carta ................................................................................. 7

3. A data da carta .................................................................................. 8

4. De onde foi escrito a carta............................................................... 9

5. O destino da carta ........................................................................... 10

6. Personagens importantes da carta .............................................. 10

7. Relacionando Filemom e Colossensses ..................................... 11

8. O panorama da carta...................................................................... 12

9. Gênero literário ................................................................................ 14

10. Discursos retóricos em Filemom ............................................... 15

II. A CARTA A FILEMOM ...................................................................... 17

1. O propósito da carta .................................................................... 17

2. O caso Onésimo – Escravo ....................................................... 17

3. Alguns fatos teológicos ............................................................... 19

4. Esboço da carta ........................................................................... 19

5. Desenvolvimento exegético da carta........................................ 20

6. Conclusão em três perguntas .................................................... 30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 31

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INTRODUÇÃO
Este trabalho propõe-se apresentar a relevância da mensagem das
Cartas pessoais, do apóstolo Paulo, aos seus discípulos, Timóteo e Tito, bem
como o seu amigo Filemom.
Enfatizaremos também, a grande questão que envolve as cartas ditas
“pastorais” de forma erroneamente, o qual alterou, sensivelmente, o modelo
de organização eclesiástica, no que diz respeito ao pastorear a irmandade.
Para isso, pretende-se, primeiramente, identificar algumas questões
introdutórias, tais como: autoria, data, cenário, etc. para em seguida,
Examinar também o conteúdo e teologia das cartas.
O objetivo é trazer à luz, à medida que a investigação se desenrola, as
contribuições e implicações destas cartas aos cristãos contemporâneos. Isso
se dará em três momentos:

✓ na exposição das cartas delineando o aspecto histórica da interpretação


recuperando o contexto e o ambiente pelo o qual o apóstolo Paulo escreve
suas cartas pessoais;
✓ No emprego da leitura e exegese das epístolas, com o propósito de
reconstruir o conceito apostólico na orientação na igreja bíblica;
✓ Na apreciação relacional entre os modelos encontrados nas cartas, bem
como o serviço e a função de cada personagem evidenciado na epístolas.

Esse objetivo permitirá conjecturar sobre o distanciamento que há


entre o exercício do ministério na atualidade e os modelos bíblicos. Feito
isso, poderemos identificar possíveis soluções e, assim, restaurar a figura
cristã que desenvolve o seu ministério empenhado com a verdade do
Evangelho do Senhor Jesus.

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I. O CONTEXTO DA CARTA A FILEMOM

A carta de Paulo a Filemom, é uma das mais pessoais do apóstolo.


Nela, ele revela muito de sua “alma e coração”. Por isso, a carta contribui
para o conhecimento sobre seu caráter, sendo cheia de “consideração,
discrição, graciosidade e calor afetivo. Não obstante, ela é investida de
firmeza e autoridade apostólicas”.
Martin (1984, p. 162), assevera que o conhecimento que se possui
sobre Paulo teria sido bem mais pobre se esse documento tão pequeno não
tivesse sido preservado.
Além de ser a mais pessoal, a qual Dodd (2001, p. 303), chama de “um
bilhete pessoal”, Filemom é a mais curta das cartas do corpus paulino;
apenas 335 palavras em grego.
Vamos ao texto:
1. Texto grego de Filemom1

1. Παῦλος δέσμιος Χριστοῦ Ἰησοῦ καὶ Τιμόθεος ὁ ἀδελφὸς Φιλήμονι τῷ


ἀγαπητῷ καὶ συνεργῷ ἡμῶν
Paulo, prisioneiro de Jesus Cristo, e o irmão Timóteo, ao amado Filemom e nosso
companheiro no trabalho.
2. καὶ Ἀπφίᾳ τῇ ἀδελφῇ καὶ Ἀρχίππῳ τῷ συστρατιώτῃ ἡμῶν καὶ τῇ κατ’
οἶκόν σου ἐκκλησίᾳ,
E à Áfia, a irmã, e a Arquipo, nosso companheiro (de batalha), e à igreja em tua casa.
3. χάρις ὑμῖν καὶ εἰρήνη ἀπὸ θεοῦ πατρὸς ἡμῶν καὶ κυρίου Ἰησοῦ Χριστοῦ.
Graça e paz da parte do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo.
4. Εὐχαριστῶ τῷ θεῷ μου πάντοτε μνείαν σου ποιούμενος ἐπὶ τῶν
προσευχῶν μου,
Agradeço ao meu Deus, constantemente, fazendo menção de ti em minhas orações.
5. ἀκούων σου τὴν ἀγάπην καὶ τὴν πίστιν, ἣν ἔχεις πρὸς τὸν κύριον Ἰησοῦν
καὶ εἰς πάντας τοὺς ἁγίους,
Ouvindo o teu amor e a fé que tens para com o Senhor Jesus e para com todos os santos.
6. ὅπως ἡ κοινωνία τῆς πίστεώς σου ἐνεργὴς γένηται ἐν ἐπιγνώσει παντὸς
ἀγαθοῦ τοῦ ἐν ἡμῖν εἰς Χριστόν.
Para que a comunhão da tua fé seja eficaz em conhecimento de todo este bem em nós,
para com Cristo.

1
NOVUM Testamentum Graece. Post Eberhard et Erwin Nestle editione vicesima septima revisa
communiter ediderunt Barbara et Kurt Aland, et al. 28. ed. rev. Stuttgart: Stuttgart Deutsche
Bibelgesellschaft, 2012.
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7. χαρὰν γὰρ πολλὴν ἔσχον καὶ παράκλησιν ἐπὶ τῇ ἀγάπῃ σου, ὅτι τὰ
σπλάγχνα τῶν ἁγίων ἀναπέπαυται διὰ σοῦ, ἀδελφέ.
Pois tive muita alegria e conforto no teu amor, porque as angústias dos santos são
aliviadas por ti, ó irmão.
8. Διὸ πολλὴν ἐν Χριστῷ παρρησίαν ἔχων ἐπιτάσσειν σοι τὸ ἀνῆκον
Por isso, tendo muita liberdade em Cristo para ordernar a ti o que convém
9. διὰ τὴν ἀγάπην μᾶλλον παρακαλῶ, τοιοῦτος ὢν ὡς Παῦλος πρεσβύτης
νυνὶ δὲ καὶ δέσμιος Χριστοῦ Ἰησοῦ·
Por causa do amor, prefiro rogar, como o idoso Paulo e agora também, prisioneiro de
Jesus Cristo.
10. παρακαλῶ σε περὶ τοῦ ἐμοῦ τέκνου, ὃν ἐγέννησα ἐν τοῖς δεσμοῖς,
Ὀνήσιμον,
Rogo-te em favor de meu filho, que gerei em minhas prisões, Onésimo.
11. τόν ποτέ σοι ἄχρηστον νυνὶ δὲ [καὶ] σοὶ καὶ ἐμοὶ εὔχρηστον,
outrora inútil a ti, mas agora a ti e a mim útil,
12. ὃν ἀνέπεμψά σοι, αὐτόν, τοῦτ’ ἔστιν τὰ ἐμὰ σπλάγχνα·
o qual envio de volta a ti, ele, este é as minhas aflições.
13. ὃν ἐγὼ ἐβουλόμην πρὸς ἐμαυτὸν κατέχειν, ἵνα ὑπὲρ σοῦ μοι διακονῇ ἐν
τοῖς δεσμοῖς τοῦ εὐαγγελίου,
o qual eu desejava para mim mesmo reter, para em favor de ti servisse a mim nas prisões
do evangelho.
14. χωρὶς δὲ τῆς σῆς γνώμης οὐδὲν ἠθέλησα ποιῆσαι, ἵνα μὴ ὡς κατὰ
ἀνάγκην τὸ ἀγαθόν σου ᾖ ἀλλὰ κατὰ ἑκούσιον.
mas sem tua opinião nada quis fazer, para que não seja como por necessidade o teu
bem/bondade, mas de livre vontade.
15. Τάχα γὰρ διὰ τοῦτο ἐχωρίσθη πρὸς ὥραν, ἵνα αἰώνιον αὐτὸν ἀπέχῃς,
Pois talvez por isso foi separado por ora, para que tu o recebas para sempre.
16. οὐκέτι ὡς δοῦλον ἀλλ’ ὑπὲρ δοῦλον, ἀδελφὸν ἀγαπητόν, μάλιστα ἐμοί,
πόσῳ δὲ μᾶλλον σοὶ καὶ ἐν σαρκὶ καὶ ἐν κυρίῳ.
Já não como servo, mas mais que um servo, irmão amado, principalmente para mim, e
mais quanto a ti, também em carne e no Senhor.
17. εἰ οὖν με ἔχεις κοινωνόν, προσλαβοῦ αὐτὸν ὡς ἐμέ.
Portanto, se me tens como companheiro, recebe-o como a mim mesmo.
18. εἰ δέ τι ἠδίκησέν σε ἢ ὀφείλει, τοῦτο ἐμοὶ ἐλλόγα.
Mas se algum prejuízo te causou ou te deve, lança tudo em minha conta.
19. ἐγὼ Παῦλος ἔγραψα τῇ ἐμῇ χειρί, ἐγὼ ἀποτίσω· ἵνα μὴ λέγω σοι ὅτι καὶ
σεαυτόν μοι προσοφείλεις.
eu, Paulo, escrevi com minha mão, eu pagarei: para que não diga a ti que também a ti
mesmo me deves,

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20. ναὶ ἀδελφέ, ἐγώ σου ὀναίμην ἐν κυρίῳ· ἀνάπαυσόν μου τὰ σπλάγχνα ἐν
Χριστῷ.
Sim irmão, que tu me sejas útil – me beneficie no Senhor, refrigera as minhas angústias
em Cristo.
21. Πεποιθὼς τῇ ὑπακοῇ σου ἔγραψά σοι, εἰδὼς ὅτι καὶ ὑπὲρ ἃ λέγω
ποιήσεις.
Tendo confiado em tua submissão, escrevi a ti, sabendo que também farás mais do que
falo.
22. ἅμα δὲ καὶ ἑτοίμαζέ μοι ξενίαν· ἐλπίζω γὰρ ὅτι διὰ τῶν προσευχῶν ὑμῶν
χαρισθήσομαι ὑμῖν.
Mas, ao mesmo tempo, também preparas para mim pousada, pois espero que, através das
vossas orações, eu seja concedido a vós.
23. Ἀσπάζεταί σε Ἐπαφρᾶς ὁ συναιχμάλωτός μου ἐν Χριστῷ Ἰησοῦ,
Saúda-te Epafras, meu companheiro em cadeias, em Cristo Jesus.
24. Μᾶρκος, Ἀρίσταρχος, Δημᾶς, Λουκᾶς, οἱ συνεργοί μου.
Marcos, Aristarco, Demas, Lucas, os meus companheiros de trabalho.
25. Ἡ χάρις τοῦ κυρίου Ἰησοῦ Χριστοῦ μετὰ τοῦ πνεύματος ὑμῶν.
A graça do nosso Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito. Amém.

2. Autoria da carta

É característica das cartas paulinas a presença de conteúdos


doutrinários. Por causa da ausência destes conteúdos na carta a Filemom, no
século quarto, a autoria paulina da mesma, tida como certa até então, fora
questionada.
Bruce (2003), declara que, “Quem questiona sua autenticidade, o faz
principalmente por causa da ligação estreita dessa carta com Colossenses,
que alguns têm dificuldades para aceitar como paulina”.
Hendriksen (2007), alega que quem apresentou discordância da
autoria paulina foi Jerônimo, quando mencionou algumas pessoas - não
identificadas por ele – o levou a concluir que a carta era indigna “da mente
de Paulo e sem valor para edificação”, por não possuir quaisquer “instruções
e doutrinas importantes”.
Nos dias atuais, a opinião geral, de que Filemom foi escrita pelo
apóstolo Paulo, ainda prevalecente entre a maioria dos estudiosos, tais como
Hendriksen, Carson, Tows e Gutierrez, Mauerhofer, e outros.
Carson (1997, p. 427), por exemplo, chegou a registrar que “nunca
houve sérias dúvidas de que esse é um escrito autêntico do apóstolo Paulo”.

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Internamente, podemos ver a própria carta reivindicando a autoria


paulina.
✓ 1. Paulo, prisioneiro de Jesus Cristo...
✓ 9. sendo tal como Paulo, ancião, e, agora, também prisioneiro
de Jesus Cristo.
✓ 19. eu, Paulo, escrevi com minha mão,
Além das evidências internas acima citadas, a autoria paulina da carta
a Filemom também conta com o apoio de evidências externas.
✓ Ela aparece nas listas antigas do cânon, como a de Marcião e no
Fragmento Muratoriano, e, em ambas, é considerada uma carta
de Paulo.
✓ Pais da igreja, como Tertuliano e Orígenes, aceitaram a autoria
paulina e a citaram como um texto oficial, assim como Teodoro
de Mopsuéstia e Cosmas Indicoplestes (c.550).
✓ Eusébio, em sua História Eclesiástica, de igual forma, a coloca
entre as cartas evidentemente paulinas: “verdadeira, genuína e
reconhecida”.

3. A data da carta
Na carta o apóstolo Paulo, afirma estar preso ao escrever a carta a
Filemom:
Vs 1. Paulo, prisioneiro de Cristo Jesus...
Vs 23. Saúda-te Epáfras, meu companheiro em cadeias...
Alguns estudiosos, como Carson (1997, p. 428), afirmam que a prisão
em questão foi a que Lucas descreveu em Atos 28.17, 20.
Era uma prisão domiciliar em Roma, onde Paulo estava aguardando o
julgamento do imperador Nero. Ali, ele ficou dois anos (At 28.30).
A partir dessa informação, conclui-se que a data provável para tal
encarceramento é 60-62 d.C.
Nesta ocasião, ele escreveu as cartas de Colossenses, Filemom,
Efésios e Filipenses, as chamadas, “Cartas da Prisão”.
A Epístola a Filemom foi escrita pelo apóstolo Paulo enquanto estava
na prisão em Roma por volta de 60 d.C., ou no fim da década de 50, se escrita
em Éfeso, e foi, provavelmente, enviada ao seu destinatário junto com a
Carta aos Colossenses. (CARSON, 2004, p. 428-429).
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4. De onde foi escrito a carta

O lugar de onde a carta a Filemom foi escrita, na verdade, não pode


ser determinado apenas pelo estudo dela. Ele precisa ser identificado, se isso
for possível, levando em conta as evidências das cartas com as quais ela está
ligada — a carta aos colossenses. (BRUCE, 2003, 388).
Três lugares são disputados como ambiente de origem das cartas.
A. Éfeso – Muito forte entre os biblistas;
B. Roma – Mais aceita;
C. Cesaréia – Improvável pela maioria dos exegetas.
Quando olhamos apenas para Filemom, os argumentos em favor de
Éfeso são fortes. Veja os argumentos abaixo:
✓ Paulo pede a Filemom que lhe prepare um quarto de hóspedes (22), o
que favorece um lugar onde o apóstolo está preso que não fica longe
de Colossos. cerca de 160km de Éfeso;

✓ O outro é que parece bem claro que Onésimo é um escravo fugido, e


surge a pergunta: para qual cidade um escravo provavelmente fugiria
de Colossos? Éfeso, a uns 160 quilómetros de distância, ou Roma, a
mais de 1600 quilómetros?
Hendriksen (1993, p. 40) afirma que as duas considerações acima
favorecem Éfeso, mas a segunda poderia constituir evidência também em
favor de Roma.
De acordo com Carson (1997, 428), há a possibilidade que a carta
tenha sido escrita no final da década de 50, caso ela tenha sido escrita de
Éfeso.
No entanto, segundo Bruce (2003), quando tomamos Filemom e
Colossenses juntas, estes argumentos são anulados pelos que defendem
Roma como lugar de onde Colossenses foi escrita.
Em favor de Roma como lugar de origem, pode ser a inclusão de Lucas
e Marcos entre os companheiros de Paulo, na época em que ele escreveu essa
carta.
✓ Lucas esteve com Paulo em Roma; não temos evidências de que esteve
com ele em Éfeso.
✓ Marcos, tradicionalmente, é ligado a Roma, não a Éfeso.

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Por fim, temos a cidade de Cesaréia.


O argumento é que durante a prisão de Paulo, em Cesaréia, Lucas
provavelmente estava com ele na época; contudo, de acordo Bruce (2003,
388), “apesar dos argumentos de Lohmeyer, Cesaréia dificilmente entra em
cogitação”.

5. O destino da carta

Na exordia da carta o destinatário é citado também. O texto diz:


Vs 1... ao amado Filemom e nosso cooperador no trabalho.
Vs 2 E à Áfia, a irmã, e a Arquipo, nosso companheiro (de batalha), e
à igreja em tua casa.
Conforme Carson (1997, p. 429), por Filemom ser mencionado “em
primeiro lugar, é claramente o principal destinatário”.
De acordo com Tows e Gutierrez, (2014, p. 222), O fato de Paulo ter
mencionado “Áfia” e “Arquipo”, e depois, em todo o restante da carta, ter se
dirigido somente a Filemom, sugere que “Áfia” é sua esposa e “Arquipo”
seu filho.
No que se refere a Arquipo, Wilkinson e Boa (2000, p. 484), sugerem
que além de ser filho, ele era servo na igreja. Conforme citado em Cl 4.17 -
Digam a Arquipo: "Cuide em cumprir o ministério que você recebeu no
Senhor".

6. Personagens importantes da carta


Filemom:
Filemom era um cristão que morava no vale do rio Lico, cidade
próxima de Hierápoles e Laudiceia, na Ásia Menor, que corresponde à atua
Turquia.
À luz da carta, torna-se possível deduzir que Filemom era um homem
de posses. Segundo Schnelle (2010, p. 481), ele possuía, pelo menos, um
escravo, e sua casa servia como lugar de reunião da comunidade, de modo
que ele pode ser contado entre a camada média de artesãos ou comerciantes.
Os organizadores do Dicionário de Paulo e suas cartas, concordam
com o fato de ele ser bem estruturado financeiramente:

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“Parece que a carta está endereçada a Filemom (Fm 1), abastado


cristão gentio de Colossos convertido pelo ministério paulino (Fm 19)”.
Wilkinson e Boa (2000, p. 484), chamam atenção para o fato de que
ele pode ter tido outros escravos além de Onésimo (citado na carta), e que
não era o único dono de escravos entre os crentes colossenses (Cl 4.1).
Onésimo:
Onésimo geralmente é visto por uma das três maneiras citadas abaixo:
(1) como um escravo fugitivo (cf. Lohse 1971; R.P. Martin 1974;
Caird 1976; Nordling 1991);
(2) como um escravo distante, apelando para o amigo de seu dono
(amicus domini) (cf. Lampe, 1985; Rapske, 1991; Bartchy, 1992); ou
(3) como escravo, enviado por Filemom, para servir a Paulo na prisão
(cf. Knox, 1959; Winter, 1984; 1987; Wansink, 1996).
Essas suposições, com relação a Onésimo, dar-se por causa das
interpretações vs. 11, 15 e 18:
11. τόν ποτέ σοι ἄχρηστον νυνὶ δὲ [καὶ] σοὶ καὶ ἐμοὶ εὔχρηστον,
outrora inútil a ti, mas agora a ti e a mim útil,
15. Τάχα γὰρ διὰ τοῦτο ἐχωρίσθη πρὸς ὥραν, ἵνα αἰώνιον αὐτὸν
ἀπέχῃς,
Pois talvez por isso foi separado por ora, para que tu o recebas para
sempre.
18. εἰ δέ τι ἠδίκησέν σε ἢ ὀφείλει, τοῦτο ἐμοὶ ἐλλόγα.
Mas se algum mal fez a ti ou deve, lança tudo em minha conta.
Essas interpretações tendem levar em conta os jogos de palavras em
grego, as convenções da escravidão antiga e, particularmente, a localização
de Paulo (na prisão).

7. Relacionando Filemom e Colossensses

As Epístolas a Filemom e aos Colossenses relacionam-se


estreitamente.
✓ elas foram endereçadas à mesma Igreja, levadas a Colossos por
Tíquico (Cl 4.8-9);
✓ ambas mencionam circunstâncias semelhantes a respeito da prisão de
Paulo (Cl 4,3; Fm 13);

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✓ e têm uma lista quase idêntica de saudações pessoais. (Cl 4.10-14; Fm


24
É muito provável que as duas cartas fossem guardadas juntas como
correspondência paulina para Colossos. Infelizmente, a relação dessas duas
cartas foi perdida quando os compiladores do Novo Testamento as separaram
no cânon.
Abaixo apresentamos uma tabela para esclarecer tal fato:

Característica FILEMOM COLOSSENSSES

Paulo... e o irmão Timóteo Paulo... e o irmão


Saudação
– v. 1 Timóteo – 1.1

Arquipo ... a Arquipo (v.2). E dizei a Arquipo... (4.17).

O envio de ... meu filho Onésimo (...). Onésimo, que é um de vós,


Onésimo com Eu o envio de volta a ti irmão fiel e amado, irá
Tíquico vs. 10,12 também 4.9

Epáfras (...) vos Cumprimenta-vos


Colaboradores e cumprimenta, assim Aristarco, (...) Marcos,
saudações como Marcos, Aristarco, (...) Epáfras (...), Lucas
Demas e Lucas v. 24. (...), e Demas (4.10-14).

8. O panorama da carta
Neste momento é necessário reconstruir, as situações que deram
origem a esta poderosa carta.
A fuga de Onésimo
Pelo que é descrito na carta, Onésimo foi um escravo fugido, vs 10,
que cometera um ato injusto contra seu senhor, Filemom, que era um cristão
que morava em Colossos (Cl. 4.9, 17).
Calvino (2009, p. 380), afirma que, à luz do termo “prejuízo” pode-se
inferir que Onésimo havia furtado algo do seu senhor.
no entanto, conforme Bruce (2003), o quadro que às vezes se pinta, de
que Paulo encontrou Onésimo como companheiro de prisão, pode ser
enganoso. Pois a prisão de Paulo em Roma, era domiciliar. Ele vivia em
casa alugada por ele (At 28.30).
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O encontro de Onésimo com o apóstolo Paulo


Onésimo, como um escravo fugitivo, de algum modo, encontrou Paulo
em Roma (ou Éfeso). Não é impossível que Onésimo conhecesse Paulo pelos
contatos que Filemom tivera com o apóstolo.
Segundo Martin (1984, p. 155), Onésimo se encontrou com Paulo ou
como companheiro de prisão ou porque procurou refúgio na companhia do
apóstolo.
Para o biblista, é possível que por Onésimo saber da proximidade de
Paulo com Filemom, procurou o primeiro para interceder ao seu favor.
Uma vez indo ao encontro de Paulo, acabou convertendo-se a Cristo e
tornando-se um colaborador na obra missionária.
O envio de Onésimo a Filemom
Paulo teve de tomar uma difícil decisão. Apesar de querer que
Onésimo continuasse com ele em Roma (v. 13), sabia que era contra a lei.
Além disso, como cristão que era, o apóstolo também sábia que
Onésimo precisava acertar sua situação com Filemom.
Seguindo essa ideia, Martin (1984, p. 162), dirá que cada uma das
partes foi conclamada a fazer alguma coisa difícil:
✓ Paulo: Privar-se do convívio e do serviço de Onésimo.
✓ Onésimo: Voltar ao seu dono e senhor ao qual havia feito uma
injustiça.
✓ Filemom: Perdoar Onésimo pelo prejuízo que lhe causou.
Resumo:
➢ A situação da Epístola de Paulo a Filemom pode ser resumida assim:
➢ Onésimo era um escravo e pertencia a Filemom da igreja de Colossos;
➢ Ele causou algum prejuízo, fugiu, e de alguma forma encontrou Paulo;
➢ Onésimo se converteu à fé cristã e veio a ser um cooperador útil para
Paulo, sendo estimado pelo apóstolo;
➢ Paulo escrever a carta com o objetivo de convencer Filemom a receber
Onésimo não mais como escravo, mas como irmão e membro da igreja
de Cristo, ressaltando o quanto Onésimo havia sido útil a ele (Filemom).

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9. Gênero literário

Esta é a mais breve entre as cartas que formam a coletânea paulina, e


consiste em 335 palavras no grego original.
C. H. Dodd afirma que ela “É o único exemplar, na coletânea paulina
existente, de correspondência que pode ser chamada um bilhete pessoal”
(1929, p. 1292).
Théo Preiss (1954, p. 33-34) ressalta a maneira como a carta inicia
associando Timóteo com Paulo e associando com Filemom a totalidade da
igreja que se reúne na sua casa.
Por conseguinte, entende que estes pormenores significam que o
documento é uma “epístola” – um documento escrito para ser ouvido em
público.
Alguns a definem como uma carta de petição, outros, “carta de
recomendação”.
Ao analisarmos a Epístola a Filemom, segundo o primeiro critério
estabelecido, verificamos que ela é uma unidade literária completa, isto é,
com começo, meio e fim, uma unidade literária com 25 versículos, dividida
em quatro partes.
Para a identificação da epístola como uma perícope – uma unidade
literária completa, usamos o critério de análise literária chamada de
delimitação do texto.
O recurso literário que usamos para delimitar a Epístola a Filemom é
o quiasmo2.
De acordo com Wegner, (1988, p. 92), os quiasmos ocorrem quando
elementos de uma frase ou partes de uma perícope se correspondem de
maneira cruzada e se caracterizam por apresentar vários elementos diante de
um centro comum.
O esquema que segue, nestes casos, é o tipo “A-B-C X C-B-A”, em
que o X é o centro agregador do texto.

2
A palavra quiasmo tem origem no vocábulo grego khiasmós, que designa uma configuração de
duas linhas cruzadas, tal como a letra C (khi). Como um recurso gramatical e retórico, a figura do
quiasmo define-se basicamente como um paralelismo invertido, ou seja, a distribuição dos
elementos não é correlativa, mas sim cruzada.
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Vejamos como na carta a Filemom esse padrão concêntrico se


apresenta:
A – vv. 1-3/ Saudação e ações de graça;
B – vv. 4-6/ Oração por Filemom e seu amor e cuidado;
C – vv. 7-8-/ alegria e conforto, entranhas, ordenanças;
D – vv. 9-11/ Peço em favor de Onésimo, útil;
E – v. 12-13/ Ele comigo em teu lugar;
F –14-16. Onésimo é nosso irmão.
E’ – v. 17; Recebe-o como a mim mesmo;
D’ – 18-19; Se causou dano, eu te pagarei.
C’ – 20-21; Alegria, refrigério, entranhas, obediência;
B’ v. 22; Oração por Paulo e cuidado dele;
A’ – 23-25; Saudações e ações de graça.

10. Discursos retóricos em Filemom

A epístola de Paulo a Filemom tem sido classificada como retórica


deliberativa e essa classificação recebeu, praticamente, aceitação unânime
entre os exegetas.
Conforme Watson (2010, p. 28), todas as provas do ethos, pathos e
logos são usadas para persuadir Filemom que a recepção de Onésimo seria
honrosa e vantajosa, tanto para Paulo com para Filemom, bem como para
Onésimo, e sobretudo a relação dos três com Deus e o ministério cristão.
Filemom também tem sido analisada segundo analogias judiciais. Por
exemplo, o apelo que Paulo faz em Filemom,
no vs. 10, parakalw/ se peri. tou/ evmou/ te,knou - como uma fórmula
empregada em petições legais; o]n avne,pemya, soi( auvto,n( no vs. 12, “eu o
envio de volta a ti”
é um termo jurídico bem mais entendido como referência ao
encaminhamento do caso de Onésimo “à devida autoridade".
Analisamos Filemom como discurso deliberativo prevalecente em
toda a epístola. Filemom é tratada, como uma carta pública, considerando

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que ela é uma carta apostólica a respeito de um assunto pessoal, isto é, Paulo
apresenta seu pedido a toda igreja, e não apenas a Filemom.
Assim, como o discurso deliberativo é feito na e para uma assembleia,
assim também Filemom é endereçada a uma assembleia (evkklhsi,a) que é
construída por Filemom, Áphia, Arquipo e a igreja que estava na casa dele:
1 Filh,moni tw/| avgaphtw/| kai. sunergw/| h`mw/n 2 kai. VApfi,a| th/|
avdelfh/| kai. VArci,ppw| tw/| sustratiw,th| h`mw/n kai. th/| katV oi=ko,n
sou evkklhsi,a|)
Percebemos o aspecto deliberativo para uma assembleia na carta,
quando Paulo coloca seu assunto aos destinatários da epístola. O seu assunto
é de interesse de toda igreja, e não apenas dele, de Filemom e Onésimo.
Por fim podemos esboçar a carta a Filemom seguindo a ideia retórica
´pelo discurso deliberativo.
Por isso, dividimos a carta em cinco partes para apresentar a seguinte
estrutura retórica:

✓ Exordium - Prefácio Epistolar – Vs 1-3;


✓ Propositio – proposição – apresenta a fala – Vs 4-7;
✓ Probatio – Provas – apresenta evidências – Vs 8-16;
✓ Exhortatio – exortação – encorajar – Vs 17-22;
✓ Peroratio – apresenta a conclusão – Vs 23-25.

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II. A CARTA A FILEMOM

A carta de Paulo a Filemom é uma das mais pessoais do apóstolo.


Nela, ele revela muito de sua “alma e coração”.
Por isso, a carta contribui para o conhecimento sobre seu caráter,
sendo cheia de “consideração, discrição, graciosidade e calor afetivo.
Não obstante, ela é investida de firmeza e autoridade apostólicas”.
Martin (1984, p. 162), assevera que o conhecimento que se possui sobre
Paulo teria sido bem mais pobre se esse documento tão pequeno não tivesse
sido preservado.
A Epístola a Filemom é um documento literário que deve ser analisado
como tal. Para isso, descrevemos propósito da carta, sua teologia, seu esboço
e sua estrutura sintático-retórica.

1. O propósito da carta

O propósito de Paulo ao escrever a Epístola a Filemom é de interceder


em favor de Onésimo – o escravo que tinha causado dano ao seu senhor,
Filemom, pedindo-lhe para que o recebesse de volta, não como um escravo,
mas como um irmão em Cristo Jesus.
O versículo 10 mostra claramente esse propósito: “sim, solicito-te em
favor de meu filho Onésimo, que gerei entre algemas.”
Nos versículos 15, 16 e 17, Paulo pede que Filemom receba Onésimo
não mais como escravo, mas como um irmão amado, tanto humanamente
quanto em Cristo, como se estivera recebendo o próprio apóstolo.
A expectativa de Paulo era que Filemom recebesse Onésimo de bom
grado (vs. 17), perdoando-o (vs. 18,19) e talvez até o libertando (vs. 21).

2. O caso Onésimo – Escravo

Onésimo entrara de alguma forma em contato com Paulo, ou como


companheiro de prisão ou porque procurara refúgio na companhia de Paulo.
“Onésimo” significa “útil”.

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A lei favoreceu o encontro


Nesta última eventualidade, tem sido proposto que poderia ter obtido
o benefício da lei ateniense segundo a qual um escravo fugitivo poderia obter
asilo no lar de um amigo ao altar da família.
Segundo Goodenough (1929, p. 181-3, Apud Martin, 1984, p. 153), a
lei permitia que um escravo fugitivo e com risco de vida procurasse refúgio
em um lar, e que esse lar fosse o de uma família privada. Afirma ainda que
o chefe do lar era obrigado a dar proteção ao escravo enquanto tentava
convencê-lo a voltar para o seu senhor.
Ele, sem dúvida, usaria seus bons ofícios para tentar acalmar a ira do
dono do escravo. Se o escravo se recusasse a retornar, o proprietário da casa
era obrigado a colocar o escravo no leilão e devolver o valor pago pelo
escravo ao seu antigo dono.
Em conformidade com essa informação, Bruce (1965, p. 89), assevera
que esta disposição era generalizada em todo o império, e pode lançar
alguma luz sobre o desejo de Onésimo de procurar a proteção de Paulo,
embora seja difícil, como vimos, explicar o v. 13 (o qual eu desejava para
mim mesmo reter, para em favor de ti servisse a mim em prisões do
evangelho). tendo em vista a exigência adicional de que um escravo
delinquente devesse ser vendido, se se recusasse a voltar ao seu dono
anterior.
O delito de Onésimo
A natureza do delito do escravo é incerta.
Usualmente é suposto que tenha furtado dinheiro e depois fugido.
Seria razoável pensar assim, pois Paulo usa termos técnicos comerciais:
✓ eiv de, ti hvdi,khse,n – “tratar injustamente”; “prejudicar”; “causar
prejuízo”.
✓ se h' ovfei,lei – “dever”, “ser devedor”.
✓ tou/to evmoi. evllo,gaÅ – termo técnico comercial - “pôr na conta”.
“e se te causou algum prejuízo ou te deve alguma coisa, põe isso em
minha conta.” v.18).

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3. Alguns fatos teológicos

Esta pequena carta conforme Carson at al. (1997, p. 430-31), não


expõe temas doutrinários de muito destaque.
No entanto, na esfera dos relacionamentos pessoais, há algo
importante a dizer.
Questões sociais
No sec. I ninguém pensava em abolir a escravidão, pois era aceita
como parte natural da vida. O escravo era considerado um bem valioso, mas
não como pessoa e sim como uma ferramenta viva.
Contudo quando Paulo pede a Filemom para receber Onésimo “não
mais como escravo, mas, acima de tudo, como irmão amado” e passa a falar
dele “tanto como pessoa quanto como cristão” (v. 16 NVI), ele torna a
escravidão sem sentido.
A escravidão no conceito bíblico, apesar de não buscar abolição, ela
simplesmente a desvaloriza a partir do momento que o cristianismo se
apresenta, pois.
O escravo é “liberto do Senhor” – 1 Co .17, 22;
Em Cristo não há “nem escravo e nem liberto – Fl 3.28; Cl 3.11.
O evangelho transforma
Alexander e Rosner (2009, p. 491), ao comentar sobre as contribuições
da carta de Filemom ao pensamento cristão, afirmam que está demonstra o
poder transformador do evangelho, pois, “aquele que anteriormente foi
considerado ‘inútil’ (grego: ἄχρηστος - achrêstos) tornou-se, como resultado
da conversão (v. 10), ‘(muito) útil’ (grego: εὐχρηστος - euchrêstos)”.
Onésimo tornou-se um homem diferente. De um escravo fugitivo e
prejudicial, ela torna-se um cristão colaborador do apóstolo Paulo no
ministério da pregação do evangelho.

4. Esboço da carta

Com relação ao esboço da carta a Filemom, apresentaremos algumas


sugestões de biblistas reconhecidos:
MARTIN, 1984, p. 163. Em sua obra, Colossenses e Filemom:
introdução e comentário. Apresenta o seguinte esboço:

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Saudação Vv. 1-3

Ações de Graças e o Elogio de Paulo Vv. 4 -7

O Pedido de Paulo Vv. 8-20

Observações Finais e Saudação Vv. 21-25

Um outro esboço apresentado por, Hawthorne, at. al. (2008, p. 544),


em seu “Dicionário de Paulo e suas cartas”, arruma a carta dessa forma:

as saudações paulinas (Fm 1-3);


ação de graças e oração (Fm 4-7);
intercessão por Onésimo (Fm 8-22);
saudações finais e bênção (Fm 23-25).

Diante dessas apresentações, vemos que não há muita alteração.


Apenas seria bom não esquecer o esboço de acordo com a visão retórica
trabalhada na página 23.

5. Desenvolvimento exegético da carta

Pode-se dividir o conteúdo da carta de Paulo a Filemom em pelo


menos três partes principais. São elas:
Saudações e elogios (vs. 1-3)
Paulo inicia esta carta exatamente como uma carta da época
costumava ser iniciada: com saudações (vs. 1-3).
Existe, na carta a Filemom, uma dinâmica particular, com uma clara
concatenação de ideias gerais, guiada por partículas e conjunções. “καὶ”
Os três primeiros versos formam uma unidade, identificáveis tanto por
marcadores de gramática quanto por conteúdo e saudações.

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Aqui estão alguns dos principais temas que servirão de quadro para o
pedido paulino:
✓ Amor – τῷ ἀγαπητῷ (do amado);
✓ Cooperação na propagação do evangelho; συνεργῷ ἡμῶν.
συστρατιώτῃ ἡμῶν – (cooperador no trabalho; companheiro de luta);
✓ Centralidade da graça de Deus – χάρις ὑμῖν καὶ εἰρήνη ἀπὸ θεοῦ
πατρὸς ἡμῶν καὶ κυρίου Ἰησοῦ Χριστοῦ.
Vs 1 - Paulo, prisioneiro de Jesus Cristo e Timóteo, o irmão, ao amado
Filemom e nosso cooperador.
Aqui, o autor se apresenta como “Paulo, prisioneiro de Cristo Jesus”
(Pau/loj de,smioj Cristou/ VIhsou/) – Literalmente um prisioneiro – No
entanto, prisioneiro de Cristo.
Por que Paulo começa a tratar do seu pedido nessa parte
introdutória da epístola ao se apresentar como “prisioneiro de Cristo”?
Resposta vs. 01: pois essa é a condição, não somente dele, mas de
Ápia, Arquipo, Epáfras, Filemom, inclusive, Onésimo, o escravo fugitivo em
favor de quem ele intercede junto a Filemom.
Na sequência dessa parte introdutória, encontramos os destinatários:
Filemom, que é mencionado como “ao nosso amado e cooperador (Filh,moni
tw/| avgaphtw/| kai. sunergw/| h`mw/n).
Paulo ao chamar Filemom de amado, lembra-lhe também que pertence
a uma comunidade de mútuo amor.
Uma outra descrição que Paulo faz de Filemom é quando o chama de
cooperador (sunergw/|, literalmente “sun + e;rgoj “Cooperador”)
O título cooperador (sunergo,j) é usado por Paulo trezes vezes em suas
cartas. Ele usa para denominar seus companheiros no “trabalho” da pregação
do evangelho (1 Ts 3.2; 2 Co 8.23; Rm 16.3, 9, 21; Fp 2. 25; 4.3; Cl 4.11).
Por que Paulo faz questão em de lembrar a Filemom o que é?
Resposta: Champlin: “se era amado, haveria de prestar-lhe o favor;
se era cooperador, não ficaria com o escravo, mas haveria de enviá-lo de
volta, para o serviço da pregação.” (1995, p. 452).

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Vs. 2 – e à Ápia, a irmã, e a Arquipo, nosso companheiro, e à igreja


em tua casa.
Na sequência, são citados mais três destinatários: Ápia (kai. VApfi,a| th/|
avdelfh/ “e à irmã Ápia”) Áfia, a irmã,
A configuração gramatical leva os gramáticos a afirmar que ela é
esposa de Filemom.
Na sequência é citado o segundo destinatário, depois de Ápia, é
Arquipo (kai. VArci,ppw| tw/|sustratiw,th| h`mw/n).
Paulo o define como seu companheiro de armas (su = com, junto +
stratiw,thj = soldado – literalmente “colega-soldado”, “companheiro de
lutas”), e parece ser uma metáfora militar que, no NT, aparece apenas aqui e
em Filipenses 2.25).
Segundo Champlin (1995, p. 452), é colocado entre os destinatários,
“porque era filho de Filemom e Ápia”.
De acordo com Cl 4.17 – Paulo recomenda: E dizei a Arquipo: Atenta
para o serviço que recebeste no Senhor, para que o cumpras.
Para pensar: Como chamar de “companheiro de luta”, alguém que
estava oscilando na fé?
O terceiro destinatário, depois de Filemom, é a Igreja que estava em
sua casa: kai. th/| katV oi=ko,n sou evkklhsi,a| “e à igreja que está em tua casa.”
Por um lado a carta é dirigida a Filemom, mas que por outro, seu
conteúdo diz respeito à igreja toda.
Paulo entende que o assunto é de interesse de toda igreja, e não apenas
dele, de Filemom e Onésimo.
Vs. 3 – Graça e paz da parte do nosso Deus e do Senhor Jesus
Cristo.
Observamos que a saudação é feita não somente a Filemom, mas a
toda igreja. isso é constatado pelo uso do pronome pessoa u`mi/n (vós) – que é
um plural de su,, (tu) sendo assim, inclui um grupo de pessoas, e não apenas
uma.
Por que Paulo colocou a igreja também como destinatária da
carta?

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Resposta: Em suas epístolas, Paulo designa a igreja como sendo o


“corpo de Cristo”, e nesse corpo os assuntos já não são particulares.

Intercessão e súplica (vs. 4-7)


Depois de saudar e elogiar Filemom, começa o discurso, que na
epístola a Filemom, é composto pelos versículos quatro a sete:
Vs 4 - Agradeço ao meu Deus, sempre fazendo menção em minhas
orações.
Euvcaristw/ tw/| qew/| - Agradeço a Deus - Este é um aspecto comum das
cartas helenistas. O remetente louva aos deuses pela saúde e pelo bem-estar
dos seus endereçados, e assegura-os que está orando em favor deles.
Vs 5 - Ouvindo o teu amor e a fé, que tens para o Senhor Jesus e
para todos os santos.
Paulo ressalta as virtudes de Filemom. south.navga,phn kai. th.npi,stin -
o amor e a fé.
o uso de títulos de carinho, dão ênfase o pathos (a sensibilidade) de
Filemom para que, como o seu amor é para com todos os santos (cristãos),
assim seja também para com Onésimo.
O quiasmos é visível neste versículo:

Qual relação há entre Jesus e os santos e o amor e a fé?


Resposta: Observamos, no quadro acima, que a correlação quiástica é:
A – B – B – A, ficando assim a sua correlação estrutural: A – o amor A’ –
para todos santos; B e a fé B’ para o Senhor Jesus.
Vs 6 - : Para que a comunhão da tua fé seja eficaz em
conhecimento de todo bem em nós para Cristo.
A fé de Filemom deve mostrar-se ativa;

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Esta atividade ou vitalidade é ressaltada no adjetivo grego que Paulo


usa (evnergh.j “eficaz);
Assim temos: “mostrar-se eficaz”, “mostrar através da ação.”
O resultado será o reconhecimento (grego: evpi,gnwsij) de todo o bem
que ele possui como cristão.
Vs 7 - Pois tive muita alegria e conforto no teu amor, porque as
entranhas dos santos foram aliviadas por ti, ó irmão.
De acordo com Champlin (1995, p. 454-455), a linguagem de Paulo é
emotiva e evocativa.
Coração (grego: spla,gchnon) significa literalmente “partes internas”,
órgãos vitais”, especialmente o coração, os pulmões, mas também os
intestinos, e até mesmo o útero.”
Essa palavra era usada pelos antigos para indicar o homem emocional
interno, a sede das emoções.
Paulo, ao usar essa palavra, quis dizer que os cristãos haviam sido
emocionalmente despertados e alegrados, pelos atos de Filemom.

O alicerce da intercessão (vs. 8-10)


cumprindo bem o papel que tem a intercessão de apresentar o assunto
da epístola. Assim, podemos considerar vv. 4-7 como um resumo do que será
expandido nos vv. 8-20.
Por um lado, fala-se da fé como base de ação. Por outro lado, fala-se
do amor, cujo exercício serve de consolo para outros cristãos.
Paulo coloca isso aqui como um exemplo, e esse será o aspecto que se
desenvolve mais amplamente nos vv. 8-20.
Vs 8 - Por isso, tendo muita ousadia em Cristo para ordenar a ti o
que convém. Vs 9 - Por causa do amor, antes solicito, sendo tal como
Paulo, ancião, e, agora, também prisioneiro de Jesus Cristo.
Paulo inicia sua argumentação apresentando uma conclusão ou
inferência através da conjunção Dio,3 – “por isso”.

3
“Conjunção inferencial que oferece uma dedução, conclusão ou um sumário à discussão
precedente. ” (WALLACE, 2009, p. 673).
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Assim, a petição e a argumentação que será demonstrada a seguir têm


como fundamento o que foi dito nos versículos anteriores.
Paulo, nesse versículo, alude ao Ethos ao afirmar que tem muita
ousadia para ordenar a Filemom o que convém.
Paulo apela ao seu ethos e deixe Filemom ciente da autoridade que o
apóstolo tem e do direito para ordená-lo o que é conveniente fazer.
No versículo nove, Paulo apela ao Pathos que é o argumento que tem
o objetivo de solicitar a Filemom que atenda o seu pedido em nome do amor
e movido por ele.
Vs 10 - Exorto-te em favor de meu filho, que gerei em minhas
prisões, Onésimo.
Neste verso, Paulo intercede em favor de Onésimo e deixa claro qual
é a intenção da carta. Mediar uma demanda, agora entre irmãos.
Para isso, utiliza o argumento do ethos ao referir-se a si mesmo como
um homem que estava em prisões (evn toi/j desmoi/j) e que, nesta condição,
gerou um filho na fé, Onésimo.

As razões da intercessão – (11-16)

Nessa perícope encontramos as razões como demonstrações usadas


por Paulo em sua argumentação para persuadir Filemom a receber Onésimo
de volta.
Vs 11 - outrora inútil a ti, mas agora a ti e a mim útil, o qual envio
de volta a ti, ele, este é as minhas entranhas.
Paulo escreve a Filemom ressaltando que é conveniente receber
Onésimo por sua utilidade.
Paulo reconhece o erro que Onésimo fizera. Não tivera ele qualquer
utilidade.
Talvez merecesse severo castigo, pois tinha causado dano ao seu
senhor, quando fugira.
O jogo de palavras em torno do nome de Onésimo, que significa
“útil.”
Aquele cujo nome era útil, na realidade era inútil – a; - crhstoj
(cra,omai = fazer uso) inaproveitável, inútil;

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mais agora mostrar-se-ia verdadeiramente útil (eu;crhston – útil,


aproveitável, de grande proveito,)
A utilidade seria ÚTIL, tanto para Filemom quanto para Paulo.
O comentarista Champlin (1995, p. 457), observa o versículo anterior
enfatizar o fato que Onésimo foi gerado em Cristo, se convertera, tornando-se útil
– esse, segundo Champlin, parece ser a força do ponto da gramática.
Vs. 12 - o qual enviei de volta a ti, esse é minhas entranhas.
Conforme Winter (1987), Paulo usou o vocabulário jurídico da época.
Por exemplo: o]n avne,pemya, soi( auvto,n( “eu o envio de volta a ti” – é
um termo jurídico bem mais entendido como referência ao encaminhamento
do caso de Onésimo “à devida autoridade superior" (WINTER, 1987, p. 7).
Paulo identifica-se com Onésimo, pois ele é suas estranhas (tou/tV
e;stin ta. evma. spla,gcna - entranhas) – Onésimo é parte de Paulo; receber
Onésimo é receber Paulo.
Vs 13 - o qual eu desejava para mim mesmo reter, para em lugar
de ti servisse a mim em prisões do evangelho.
Paulo apela ao ethos de Onésimo – ele é útil e é necessário para o
serviço cristão que é feito na prisão pelo Apóstolo;
Assim, Onésimo tem o ethos de continuar servindo a Paulo e
representar ou servir em lugar (grego: u`pe.r sou/) do seu senhor, Filemom.
Vs 14 - mas sem tua opinião nada quis fazer, para que não seja
como por necessidade o teu bem/bondade, mas de livre vontade.
Paulo apela ao ethos de Filemom sobre Onésimo
A intenção de Paulo deve ser atuante mediante o consentimento de
Filemom que é o dono de Onésimo.
cwri.j de. th/j sh/j gnw,mhj ouvde.n hvqe,lhsa poih/sai, “mas sem teu
consentimento nada desejei fazer”, – o termo grego gnw,mhj significa
“propósito”, “intenção”, “juízo”, “mente.”
Paulo ainda apela para um outro ethos de Filemom - a benevolência:
“to. avgaqo,n sou a tua bondade.”

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Paulo deseja que essa bondade seja manifesta não por obrigação (i[na
mh. w`j kata. avna,gkhn), mas de livre vontade (avlla. kata. e`kou,sion4Å).
E o amor não pode ser mandado nem evocado por coerção.
Por que Paulo não usou da autoridade de apóstolo para que
Filemom aceite sua vontade?
Resposta: O assunto diz respeito a Filemom. Ele não ultrapassa essa
autoridade, pois, entende que tem o direito de negar pedido.

Vs 15 - Pois talvez por isso foi separado por ora, para que tu o
recebas sempre.
Paulo não apela para o seu ethos ou o de Filemom, ou mesmo de
Onésimo, mas ao ethos de Deus.
Uma possibilidade é observar o verbo separado - evcwri,sqh – O verbo
está na terceira pessoa singular do aoristo indicativo passivo na voz passiva,
exige o agente da passiva, que, não foi Paulo, muito menos Filemom. Neste
caso sobra Deus.
Deus propôs esse incidente nas vidas de Filemom, Onésimo, e,
finalmente, Paulo, para o bem.
Vale observar Rm 8.28-29 – todas as coisas cooperam para o bem...
ser como Cristo.

Vs 16 - Já não como escravo, mas mais que um escravo, irmão


amado, principalmente para mim, e mais quanto a ti, também em carne
e no Senhor.
A nova posição de Onésimo como cristão - irmãos;
ainda será um escravo na carne, como homem, mas ganhará nova
dignidade como igual a Filemom no Senhor, como irmão crente e amado.
Onésimo é, neste versículo, assim nomeado – aqui ele tem o status e o
mesmo relacionamento com Paulo, assim será também com Filemom e a
igreja que está em sua casa.

4
O termo e`kou,sion - adjetivo acusativo singular de e`kou,sioj “voluntariamente”, “como
voluntário”, ou seja, “de livre vontade”, “por livre arbítrio.”
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Conclusão: confianças, obediência e oração (vv. 17-22)


Segundo Vieira (2015, p.115), pode ser longa e dividir-se em várias
partes:
✓ Recapitulação;
✓ Apelo;
✓ amplificação da ideia defendida
Aqui, Paulo resume os pontos principais e apela tanto à razão quanto
às emoções em nome do seu apelo.
Vs 17 - Portanto, se me tens como companheiro, recebe-o como a mim
mesmo.
Paulo reforça o vs 12 ao falar das suas entranhas – recebe-o como a
mim mesmo.
A ideia de companheirismo (koinonia) entre Paulo e Filemom tem
algo mais que uma associação consensual.
Eles são companheiros (koinwno,n), termo que significa
“companheiro”, “sócio”, “compartilhador” “em um negócio ou em qualquer
coisa” (CHAMPLIM, 1995, p. 460).

Vs 18 - Mas se algum mal fez a ti ou deve, lança tudo em minha conta.


Vs 19 - eu, Paulo, escrevi com minha mão, eu pagarei: para que não diga a ti
que também a ti mesmo me deves.
Paulo conhece a lei romana que exigia que quem desse hospitalidade
a um escravo fugitivo fosse devedor ao senhor do escravo do montante de
cada dia de trabalho perdido;
pode ser que a promessa de Paulo é de ser seu fiador (v. 19: evgw.
avpoti,sw “Eu pagarei) ele pagará o montante incorrido pela ausência de
Onésimo do seu serviço.
avpoti,sw – futuro de avpoti,nw, termo técnico jurídico para restituir,
indenizar.
Por isso pede a Filemom que ponha o dano causado por Onésimo em
sua conta (evllo,gaÅ “imperativo de loga,w – termo técnico comercial “pôr na
conta”).

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Vs 20 - Agora, irmão, eu de ti me alegre, refrigera as minhas entranhas


no Senhor.
Paulo faz o pedido para que Filemom receba Onésimo, pois isso
reanimará o seu coração. Verificamos, neste pedido, que ele causará no
Apóstolo uma condição de felicidade, oriunda do pedido atendido que trará
benefício e refrigério às suas entranhas.
O termo usado para descrever o benefício que Paulo deseja receber de
Filemom (evgw, sou ovnai,mhn evn kuri,w) - ovnai,mhn – é derivada da mesma raiz
de onde vem o nome de Onésimo, que significa “proveitoso”.
Segundo Champlin (1995, p. 461), tal como no décimo primeiro
versículo, há aqui um jogo de palavras.
Vs 21 Tendo confiado em tua obediência, escrevi a ti, sabendo que
também mais o que falo farás.
Segundo Hendriksen (2007, p. 495), a obediência citada neste
versículo diz respeito a “obediência ao evangelho”. Paulo conhecia o ethos
de Filemom (v. 5) e sabia que ele era um cristão comprometido.
O evangelho que Paulo anunciava ensinava que aqueles que foram
gratuitamente abençoados por Cristo, também devem demonstrar bondade
para com os outros.
Vs 22 - Mas, ao mesmo tempo, também prepara para mim pousada,
pois espero que, através das vossas orações, eu seja concedido a vós.
Paulo utiliza duas estratégia para persuadir Filemom:
Solicita que lhe seja preparada uma pousada, talvez isso incentive
Filemom a atender o seu pedido. Assim como demonstrou hospitalidade com
Onésimo, também demonstrará a mesma ação quando Paulo for visitá-lo e
verificar a situação de ambos. Segundo, ao mencionar a expressão “através
de vossas orações”, observamos que o pronome está no plural (u`mw/n -
vossas ) e demonstra que Paulo pretende que sua carta e seu conteúdo sejam
lidos publicamente na igreja.
Saudações Finais (23-25)
Encontram-se, nos versículos vinte e três a vinte e cinco, as saudações
finais da Epístola a Filemom:
Vs 23 Saúda-te Epáfras, o meu companheiro em cadeias, em Cristo
Jesus, Vs 24 Marcos, Aristarco, Demas, Lucas, meus cooperadores;

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Paulo saúda a Epáfras, que é chamado de (“coprisioneiro” – composto


pela preposição sun “com, junto” + aivcma,lwtoj, “cativo.
Segundo Champlin (1995, p. 463), talvez Epáfras (o mesmo de Col
4.12), tenha desejado ficar detido, em companhia de Paulo, a fim de ajudá-
lo em seu período de prisão.
Os outros são cooperadores de Paulo na causa do evangelho de Cristo
(oi` sunergoi mouÅ).
Vs 25 A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito.

6. Conclusão em três perguntas

a) O que Paulo está pedindo?


Ele está pedindo que Filemom de Colossos, um dos seus convertidos,
perdoe seu escravo Onésimo e lhe dê as boas-vindas que merece como
cristão, mas também que o envie de volta, para que possa continuar ajudando
Paulo como já começara a fazer. Paulo gostaria de ter ficado com Onésimo,
mas não podia fazê-lo, sem o consentimento expresso e voluntário de
Filemom não só porque isso teria sido ilegal, mas também e especialmente
porque implicaria romper a comunhão cristã entre ele e Filemom.
b) Ele obteve o que pede?
Sim; de outra forma, a carta não teria chegado até nós. O fato de ela
ter sobrevivido por si só já pede um comentário; mas, se Filemom tivesse
endurecido seu coração e se recusado a perdoar e receber bem Onésimo, ele
certamente a teria destruído.
c) Por que a carta foi preservada?
Não apenas porque atingiu seu propósito, no que toca a Filemom, mas
também porque Onésimo a guardou como sua carta de alforria. E há muito a
dizer em favor de que Onésimo não ficou sendo um cristão comum mas, no
devido momento, se tornou um dos personagens mais importantes na vida da
província da Ásia — nada menos que bispo de Éfeso. Foi durante a sua vida
que o corpus das cartas de Paulo foi compilado e publicado, e seja quem for
e quando esse trabalho foi feito, Onésimo (se ele era bispo de Éfeso)
dificilmente ficaria sem ser informado disso e sem tomar providências, para
que a sua carta de Paulo encontrasse um lugar na coletânea.

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WILKINSON, Bruce; BOA, Kenneth. Descobrindo a Bíblia. São Paulo:
Candeia, 2000.

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EBNESR

NT211-CARTAS PESSOAIS
DO APÓSTOLO PAULO
AULA 03-04

Ricardo J.C. Sobral

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Recife, PE
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CNPJ.: 02.967.320/0001-40 Insc.: Isento
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Dedicatória:

À
Randy Short:
Amigo e irmão amado. Um missionário como o apóstolo Paulo.

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PESSOAIS DO APOSTOLO PAULO. Recife:
EBNESR, 2022.

63 pg.

1. Epístolas; 2. Igreja; 3. Exegese; 4.


Hermenêutica.

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ÍNDICE
NT211-CARTAS PESSOAIS DO APÓSTOLO PAULO ............................................... 1
ÍNDICE........................................................................................................................... 3
I. VISÃO GERAL DAS CARTAS A TIMÓTEO E TITO .......................................... 4
1. Razões para estudar as cartas a Timóteo e Tito........................................... 4
2. As cartas “pessoais” ........................................................................................... 5
3. Autoria das Cartas pessoais ............................................................................. 5
4. Reconhecendo Timóteo e Tito.......................................................................... 8
5. Relações entre as cartas de Timóteo e Tito ................................................... 9
6. A cidade de Éfeso ............................................................................................. 11
7. A ilha de Creta ................................................................................................... 14
8. A igreja em Éfeso e Creta ............................................................................... 16
9. O ambiente teológico ....................................................................................... 17
10. A Cronologia da vida do apóstolo Paulo ................................................... 18
II. A PRIMEIRA CARTA A TIMÓTEO .................................................................... 22
1. Data da carta ................................................................................................. 22
2. Propósito da carta ......................................................................................... 22
3. Sugestões de esboços ................................................................................. 23
4. Análise do texto de 1 Timóteo..................................................................... 24
I. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 46
II. ANEXOS ................................................................................................................. 48
1. Governo eclesiástico denominacional ....................................................... 48
2. Formas de Governo eclesiásticos denominacionais ............................... 49
3. O Governo Da Igreja Bíblica ....................................................................... 53
4. A figura pastoral no Reino de Deus ........................................................... 59

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I. VISÃO GERAL DAS CARTAS A TIMÓTEO E TITO


A intenção neste momento, é desenvolver uma Introdução geral às
Cartas a Timóteo e Tito. Pesquisaremos vários comentários, tanto católicos
quanto protestantes, das duas Cartas endereçadas a Timóteo e da Carta a Tito
O objetivo é tentar reconstruir as características do contexto em que
os jovens Timóteo e Tito estavam inseridos:
Seus principais aspectos biográficos,
As histórias de suas comunidades,
Reconhecer os elementos e os estilos linguísticos,
Destacar as características dos falsos mestres e da falsa doutrina,
Perceber como o ministério eclesiástico foi desenvolvido nas Igrejas
de Éfeso e Creta.
Apontar os desafios com relação ao desenvolvimento do serviço ao
corpo de Cristo – A igreja.
1. Razões para estudar as cartas a Timóteo e Tito.

A. Porque elas lançam luz sobre o importante problema da administração


eclesiástica.
a) Essas cartas contêm algumas diretrizes acerca do culto público?
b) Quais as qualidades que um homem deve possuir para pastorear e
servir a igreja?
c) Até que ponto poderiam as mulheres ser usadas na obra da igreja?
d) Sobre quem repousa a responsabilidade primária de suprir os
necessitados?
e) Como tratar os homens e mulheres de idade avançada?
f) Como tratar a juventude dentro da irmandade?

B. Porque enfatizam a sã doutrina.


a) É verdade que não importa o que uma pessoa creia contanto que
seja sincera no que ela crê?
b) A Bíblia é de fato "a Palavra de Deus" tal como ela se apresenta,
ou simplesmente se torna a Palavra de Deus quando ela o "toca"?
c) Como deve alguém confrontar os que deturpam a Palavra?
d) E possível que uma pessoa seja "doutrinariamente sã", porém
"corrompida na prática"?
i. Os homens maus devem ser disciplinados?

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ii. Com que prontidão?


iii. Com que propósito em mente?

C. Porque respondem à pergunta: "Os credos têm algum valor"


a) A igreja precisa crer na formulação de credos, nas declarações
concisas e em outros meios de transmitir a verdade do evangelho
aos interessados?
b) Havia alguns hinos?
c) O lema: "Credos não, Cristo sim" está em harmonia com o ensino
destas cartas?

D. Porque nessas Epístolas, tanto quanto nas demais, Deus nos fala.

2. As cartas “pessoais”

Fazemos questão em demover do seu posto universal a ideia de que


essa tríade epistolar seja reconhecida como “as cartas pastorais”.
A expressão "epístolas pastorais" são assim chamadas desde o século
XVIII quando, em 1703, D. N. Bardot referiu-se a Tito como uma carta
pastoral e, em 1726, Paul Anton deu este nome às três epístolas.
Ora, essas cartas certamente fornecem importantes diretrizes aos
pastores.
Não obstante conforme Hendriksen (2001, p. 10), o título não é exato. Para
o biblista, Timóteo e Tito não eram "pastores" no sentido usual e atual do
termo.
Não eram ministros de uma congregação local, mas, antes, eram
comissionados do apóstolo Paulo, enviados por ele para cumprirem missões
específicas.

3. Autoria das Cartas pessoais

Será muito importante, como seminarista, defender a autoria das cartas


apostólicas.
Paulo é o autor das suas cartas pessoais, no entanto, algum
comentários trazem algumas informações importantes sobre o fato.
Durante grande parte da história da tradição eclesiástica, as epístolas
pessoais sempre foram aceitas como autênticas cartas do apóstolo Paulo.

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Foram deixadas de lado apenas no cânon de Márcion – herege


excomungado pela igreja em 144 a.D. – e rejeitadas por Taciano no final do
segundo século, que, todavia, possuía uma perspectiva individualista não
refletindo a visão geral da Igreja.
No entanto, em 1807 com Schleiermacher, as cartas passaram a ser
alvo da alta crítica e a teoria de que foram escritas por um autor pseudônimo
passou a ser considerada.
Schleiermacher pôs em dúvida a autoria paulina de 1 Timóteo. A partir
dele as questões que levantaram dúvidas sobre a autoria paulina foram as
seguintes:
Questão Linguística
Argumenta-se que o vocabulário das epístolas pastorais diverge
grandemente de todas as outras epístolas do apóstolo. Das 902 palavras, 306
não são encontradas em nenhuma outra epístola de Paulo e 175 destas, não
ocorrem em nenhuma outra parte do Novo Testamento.
Um contra argumentação está em afirmar que essas diferenças de
estilo e vocabulário podem ser muito bem compreendidas por meio da
mudança de amanuense (copistas ou escrivãos), como também, por aquilo
que Stott destaca em seu comentário: “... as mudanças de tempo, de situação,
e de tema são suficientes para responder pelas peculiaridades nelas
existentes”. (1995, p. 3).
A Questão Histórica
O problema histórico que é apontado como motivo para desacreditar
uma autoria paulina às pastorais origina-se no fato de que muitas das
situações históricas não se encaixam naquilo que é relatado no escrito de
Atos e em outras cartas do apóstolo. O principal argumento é se o apóstolo
foi solto ou não da prisão de Roma.
Filipenses 1.19-25 e 2.23-24 corroboram, fortemente, para o
entendimento de Paulo de que encontraria com os filipenses após aquele
aprisionamento. Na carta a Filemom, Paulo volta a afirmar sua esperança de
que seria liberto (Fm 22).
Clemente, um bispo de Roma em 96 D.C., os Atos de Pedro escrito no
segundo século, o Cânon Muratoriano, 170 D.C., Eusébio, 264-340 D.C., e
Jerônimo, 382- 404, indicam que Paulo foi liberto e fez a sua viagem
planejada à Espanha. (Veja Rm. 15:28).
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Questão Eclesiológica
Algumas objeções têm surgido à autoria paulina devido ao modelo
eclesiástico de serviço e liderança.
Aponta-se que a forma de liderança sugerida pelas pastorais é
equivalente ao ofício episcopal monárquico, do qual o bispo Inácio de
Antioquia se refere em suas cartas.
Outros afirmam que a concepção do presbiterato como ministério
ordenado é tão estranho a Paulo quanto o serviço das viúvas contido nas
pastorais.
Somado aos argumentos anteriores, questiona-se a falta de menção de
uma ativa cooperação e responsabilidade da comunidade.
A Questão Teológica
Afirmam que a teologia e o vocabulário teológico são diferentes
àqueles encontrados em outras obras do apóstolo.
O que, geralmente, se alega contrário à autenticidade destas cartas é o
fato de que a heresia combatida não diz respeito ao primeiro século, mas
àquilo que fora comum a um gnosticismo posterior já do século II.
Tal afirmação tem sido cada vez menos aceita até por teólogos liberais.
Rudolf Bultmann e seu discípulo, H. Schlier, têm defendido a mitologia
gnóstica como anterior ao cristianismo, o que, de uma perspectiva ortodoxa,
apoiaria a contemporaneidade entre Paulo e o gnosticismo combatido nas
pastorais.
Fontes externas:
A carta de Policarpo, 117 DC, cita claramente.
O Cânon Muratório, 170 DC, incluiu estes livros como produtos de Paulo.
Irineu, 178 DC, citou os três repetidamente.
Tertuliano, 200, citou 1 e 2 Tm várias vezes.
Clemente de Alexandria, 194, cita repetidamente como escritos por Paulo.
Fontes internas
Paulo identifica-se em 1:1. Também em 2 Tim 1:1 e Tito 1:1.
Em Atos 16:1, uns 15 anos antes de escrever 1 Timóteo, Paulo recrutou e
circuncidou o jovem Timóteo para acompanhá-lo na segunda viagem
missionária.

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O autor de I Timóteo recordava a fé de Timóteo e de sua mãe e avó, 2 Tim


1:5, e que Timóteo sabia as sagradas letras desde a infância, 2 Tim. 4:15.
Além disto, ele descreve Timóteo como “verdadeiro filho na fé,” 1 Tim.
1:1. Tudo isto indica que Paulo é o autor.
Uma questão que muito atrapalha o entendimento eclesiástico sobre o
seu processo de gestão é: Qual modelo se adequa melhor às evidências
bíblicas? A confusão no entendimento geralmente acontece quando a
resposta dada for baseada no conceito humano.

4. Reconhecendo Timóteo e Tito

Neste momento vamos identificar os destinatários: Timóteo e Tito, de


acordo com as informações bíblicas.
Timóteo
Timotheus, trás o significado no seu nome: "honrar ou adorar a deus",
originalmente um nome pagão muito comum, que era adotado por judeus e
cristãos com mudança de referência, ou seja, para seu Deus.
O caráter de Timóteo era uma mescla de afeto e fidelidade e timidez.
Timóteo era o "filho amado" do apóstolo (2Tm 1.2).
No que tange a sua fidelidade, Paulo sabia que podia contar com
Timóteo - "Procura vir ter comigo logo... Procura vir antes do inverno" (2Tm
4.9, 21).
Timóteo era uma jovem timidez (1 Co 16.10; 2Tm 1.7), e um tanto
quanto frágil devido as suas "frequentes enfermidades" (lT m 5.23);
Timóteo é mencionado pela primeira vez em Atos 16.1 , passagem
da qual se poderia inferir com probabilidade que ele era habitante de
Listra (cf. At 20.4). Era procedente de um casamento "misto": de um
pai grego, pagão, e de uma piedosa mãe judia, Eunice (At 16.1 ; 2Tm
1.5). Desde sua tenra idade fora instruído nas Sagradas Letras do Antigo
Testamento (2Tm 3.15).
A conversão de Timóteo aconteceu durante a primeira viagem
missionária de Paulo (cerca do ano 47 d.C.), por isso desde então podia ser
chamado "filho" (espiritual) de Paulo (1 Co 4.17; lTm 1.2; 2Tm 1.2).

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Tito
Ora, no que respeita a Tito, seu nome não aparece no livro de Atos,
porém em outros lugares do Novo Testamento se encontra treze vezes:
2 em Gálatas (2.1 ; 2.3),
1 em 2 Timóteo (5.10),
1 vez em Tito (1.4),
9 vezes em 2 Coríntios (2.13; 7.6; 7.13 ; 7.14; 8.6; 8.16; 8.23; 12.18).
Tito também era um dos convertidos pelo apóstolo, que o chama
"verdadeiro filho na fé comum" (Tt 1.4).
No entanto, sobre sua conversão, o que se tem são apenas conjecturas.
Há quem opine que foi em Antioquia da Síria que ele se convertera
durante a passagem de Paulo e Barnabé naquele lugar (At 14.26).

O que Timóteo e Tito têm em comum é a inabalável lealdade à causa


do evangelho.

5. Relações entre as cartas de Timóteo e Tito

Podem-se observar os seguintes elementos nas Pastorais:


O relacionamento de Paulo com Timóteo e Tito, como um pai.
Instruções para as diversas funções eclesiásticas.
Recomendações práticas para a vida cotidiana da Igreja.
Protesto contra as controvérsias e problemas dentro da Igreja.
Importância da “sã doutrina” para a preservação da vida da Igreja.
Resgate da tradição passada para orientação no presente.
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Fala da esperança em meio às dificuldades do dia-a-dia.


Confissão de fé naquilo que Deus já fez por meio de Jesus Cristo.
Direções acerca da importância e prática do discipulado.
Igrejas serão modelo para o seu tempo.

Essas relações podem ser melhor explicitadas de duas formas.


Na primeira, por meio do quadro a seguir, onde Richards (2004. p.
1119), propõe a seguinte estrutura relacional para as Pastorais, podem ser
observados cinco tipos de relações:
Conteúdo comum às três Cartas;
o amor, boa consciência e a fé não-fingida colaboram para o cuidado
da tradição da fé apostólica;
qualificações e atitudes esperadas da liderança da Igreja;
definição e características dos falsos mestres;
o testemunho prático da fé cristã;
o desenvolvimento da vida espiritual tendo o apóstolo como modelo.
Conteúdo comum a 1Tm e 2Tm;
as características da sã doutrina;
Paulo e Onesíforo como exemplos de persistência na fé;
tarefas e obrigações encarregadas a Timóteo;
o perfil do líder que trabalha em prol dos outros;
desenvolvimento da vida espiritual da liderança;
limites da atuação de certos líderes;
perseverança no exercício da santificação.
Conteúdo comum a1Tm e Tt;
o tema da organização eclesiástica aparece duas vezes em 1Tm e três
vezes em Tt;
embora o tema anti-herético seja comum aos dois textos, ele aparece
mais fortemente em 1Tm.
Conteúdo próprio de 1Tm;
As consequências do abandono da santidade;
funções e papéis dos crentes das várias classes sociais;
definição da falsa doutrina.

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Conteúdo próprio de 2Tm.


ênfase na figura de Paulo como o modelo de pastor, quando ele se
coloca como exemplo de liderança e cuidado a ser seguido pelos
demais líderes;
O tema anti-herético é proeminente desde o cap. 2.14 até o 3.9.
A segunda forma de se analisar as relações entre as Cartas é o de
Rinaldo Fabris (1992. p. 224). Neste, ficam evidentes cinco categorias
básicas na elaboração da estrutura literária e temática das Cartas, destacadas
pelas letras A, B, C, D, E.
O esquema elaborado (A, B, C, D, E) permite apontar os elementos
mais importantes, citados mais vezes, e os secundários, citados menos vezes,
no texto das Cartas:
1. Polêmica anti-herética (A): aparece em 1Tm (três vezes), em Tt
(uma vez) e em 2Tm (uma vez, porém com amplitude).
2. Organização eclesiástica (B): desenvolvida em 1Tm (duas vezes) e
em Tt (três vezes). Em 2Tm, apesar de estar aparentemente ausente, está
temática está atrelada mais às funções práticas da função pastoral.
3. Motivação teológica (C): tema consideravelmente trabalhado em
todas as Cartas (duas vezes em cada uma), ganha uma importância em Tt,
para o doutrinamento catequético dos membros da comunidade e
consequente organização eclesiástica.
4. Modelo de pastor (D): tema consideravelmente presente em 1Tm
(três vezes) e discretamente em Tt (uma vez), é a estrutura fundamental de
2Tm (três vezes extensamente).
5. Exemplo de Paulo (E): embora aparentemente sem destaque em
1Tm (apenas em 1.11-14) e Tt, é em 2Tm que a figura do apóstolo ganha
destaque como “protótipo dos pastores e dos fiéis”147 para Timóteo, Tito e
qualquer outra pessoa.

6. A cidade de Éfeso

“Quando eu estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei


permanecesses ainda em Éfeso para admoestares a certas pessoas, a fim de
que não ensinem outra doutrina” (1 Timóteo 1.3).
Era uma cidade magnífica com um Teatro, estádio e vários locais
culturais.
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Essa cidade tinha grande importância comercial; política e religiosa.


Éfeso era o centro do governo de Roma na Ásia Menor.
Éfeso (em grego clássico. Ἔφεσος; em latim. Ephesus; em turco.
Efes)
foi uma cidade Greco-romana da Antiguidade situada na costa
ocidental da Ásia Menor, próxima à atual Selçuk, província de Esmirna, na
Turquia.
Durante o período romano, foi por muitos anos a segunda maior cidade
do Império Romano, apenas atrás de Roma, a capital do império.
Tinha uma população de 250 000 habitantes no século I A.C., o que
também fazia dela a segunda maior cidade do mundo na época.
Havia lá o consagrado templo à deusa grega Ártemis, conhecida pelos
romanos como Diana (Atos 19.23-28, 34, 35).

A cidade era célebre pelo Templo de Ártemis, construído por volta de


550 A.C., uma das Sete Maravilhas do Mundo.
O templo foi destruído, juntamente com muitos outros edifícios, em
401 D.C. por uma multidão liderada por São João Crisóstomo.

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O Templo de Ártemis teria impressionado até mesmo as pessoas de


hoje, acostumadas com edifícios imensos.
Feito com mármore polido, foi construído dentro de um período de
220 anos, e era o maior prédio naquele período da história.
Foi destruído sete vezes pelo fogo e reconstruído todas às vezes.
Era sustentado por cento e vinte e sete colunas, cada uma sendo
presente de um rei.
Trinta e seis delas eram adornadas com gravuras ou revestidas de
metais e pedras preciosas.
O prédio propriamente dito tinha uns cento e trinta metros de
cumprimento, sessenta e sete metros de largura e dezenove metros de altura!
O teto era de cedro e as portas de cipreste. Essas madeiras são
admiradas por seu valor e resistência à deterioração.
Dentro do magnífico templo havia uma imagem, a qual os adoradores
pagãos acreditavam ser de Ártemis.
Dizia-se que ela caíra dos céus e que era de cor preta, podendo,
portanto, se tratar de um meteorito.
Tinha a forma arredondada com a superfície coberta de glóbulos
(bolhas como num meteorito?).
Sendo Ártemis a deusa da fertilidade, as pessoas pensavam que essas
“bolhas” eram muitos seios.
Segundo contam, a imagem tinha uma clava numa mão e um tridente
na outra e na sua base estavam cravados símbolos estranhos e secretos.
Seria difícil cometer algum exagero ao se enfatizar a importância que
o Templo de Ártemis tinha para a vida de Éfeso.
O templo era um lugar de adoração e de asilo (ou seja, criminosos que
fugiam para o templo antes de serem descobertos não podiam ser presos ali).
Além disso, servia de abrigo de segurança para valores, assim como
um banco moderno.
No caso de Éfeso, o templo também era um ponto comercial.
Crendo que o local trazia sorte, as pessoas compravam cópias das famosas
“cartas efésias”, cravadas na base que sustentava a imagem de Ártemis.

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Éfeso era uma das cidades mais supersticiosas do mundo.


. O ocultismo estava tão profundamente enraizado ali, que havia muitos
praticantes das artes ocultas entre seus cidadãos (Atos 19.18–20).
O trabalho de Timóteo certamente foi afetado pelo caráter dos efésios.
Eram conhecidos por toda a Ásia como inconstantes, imorais e
supersticiosos.
O “filósofo chorão”, Heráclito, cidadão efésio, disse que nunca sorria
por causa da perversidade de Éfeso.
Dizia ele que a moralidade do templo estava abaixo da moralidade dos
animais e que o único destino que cabia aos efésios era o afogamento.

7. A ilha de Creta

É a maior ilha entre a Grécia e a Ásia Menor.


De importância comercial por ser portuária.
A civilização desta ilha iniciou-se cerca de 3.000 a.C.
Havia muita mitologia sobre essa ilha.
Por exemplo, dizia-se que o deus Zeus nasceu no monte Ida que fica
na ilha.
É identificada no Velho Testamento como o mesmo local de Caftor
(Jm 47.4; Am 9.7, Dt 2.23, Gn 10.14).

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Os filisteus são chamados de Queretitas (I Samuel 30.14; Ezequiel


25.16) que significa Cretenses.
Havia uma grande população de judeus na ilha de Creta. Por isso, o
aviso de Paulo sobre os enganadores entre os da circuncisão em Tito 1.10.
Os cretenses eram formados por uma mistura de várias raças, línguas
e religiões.
O povo que lá residia era de má fama (Tito 1.12).
Chamar uma pessoa de cretense era mesmo que chamar a de
mentiroso.
“Bons Portos” na Ilha de Creta, mencionado em Atos 27.8, ainda é um
porto na atualidade.
Nenhum povo tinha reputação pior no mundo antigo do que os
cretenses. O mundo antigo dizia que existiam três “cês” muitíssimo nocivos
— os cretenses, os cilicianos e os capadócios.
Os cretenses tinham a fama de ser um povo beberrão, insolente,
traidor, mentiroso e glutão… Os cretenses eram tão famigerados que os
gregos de fato criaram um verbo kretizein, cretizar, que significava mentir e
trapacear…
O problema ia além do mundo ao redor da igreja: a própria igreja fora
obviamente afetada por uma combinação de más influências. Merrill C.
Tenney escreveu: O transtorno em Creta havia sido causado por uma
combinação de frouxidão ética originária das tendências naturais dos
cretenses (1:12, 13), acentuada por uma controvérsia acerca de fábulas e
mandamentos judaicos, os quais foram promovidos por um grupo de
judaizantes (1:10) impiedosos (1:16), insubordinados (1:10), facciosos
(1:11) e mercenários (1:11). Esses mestres se diferenciavam dos que
causaram problemas na Galácia porque o erro deles era perversidade moral,
enquanto que o dos gálatas era legalismo severo. Ambos são condenados por
esta epístola.
Victor E. Hoven observou que Tito 1:10–14 descreve “o caráter e a
conduta deles, confirmados pelo grego Epimênides e por Paulo. Nos
versículos 15 e 16 apresenta-se o estado do coração e da consciência deles.
Veja Mateus 15:19 e 20. Que campo de trabalho!”.

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8. A igreja em Éfeso e Creta

A igreja em Éfeso
A igreja efésia teve início quando Paulo, Áquila e Priscila pararam em
Éfeso, na viagem de Corinto para a Palestina, por volta de 53 ou 54 D.C.
Paulo pregou para os judeus na sinagoga dali (Atos 18.18–21).
Mais tarde, a igreja parece ter se tornado mais predominantemente
gentia do que judia.
Quando Paulo voltou, cerca de cinco anos depois, encontrou ali doze
discípulos que haviam sido incorretamente batizados.
Ensinou-lhes o que lhes faltava e imergiu cada um novamente (Atos
19.1 –5).
Nessa viagem missionária (a terceira dele), Paulo pregou na sinagoga
durante três meses.
Quando se levantou forte oposição contra ele, passou a ensinar na
Escola de Tirano durante dois anos (Atos 19.9, 10).
A importância de Paulo unir-se ao trabalho em Éfeso é demonstrada
pela sua permanência ali.
Além disso, ele fez essa declaração quando, estando em Éfeso,
escreveu aos coríntios. “…uma porta grande e oportuna para o trabalho se
me abriu…” (1 Coríntios 16.9).
A eficácia do evangelho naquela cidade é evidenciada pelo fato de os
crentes efésios queimarem uma quantidade de livros ocultistas no valor total
de cinquenta mil moedas de prata (cinquenta mil dias de trabalho para um
trabalhador braçal) de uma só vez (Atos 19.18–20).
Éfeso foi o local do trabalho mais bem sucedido (Atos 19.8-10 – A
partir de Éfeso o evangelho se espalhou por toda a Ásia) e extenso (em
relação ao tempo) do apóstolo Paulo.
Quando Paulo foi a Jerusalém pela última vez, por volta de 58 D.C.,
pediu que os presbíteros da igreja em Éfeso se encontrassem com ele em
Mileto, para que ele pudesse preveni-los a respeito de certos acontecimentos
futuros e dar-lhes adeus.
O apóstolo trabalhara ali durante três anos e esses ministros foram
preciosos para ele.
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Oraram e choraram juntos antes da partida de Paulo (Atos 20.17–38).


Trinta anos depois de a primeira carta ter sido escrita à igreja efésia,
outra carta lhe foi endereçada como parte do Apocalipse de João.
Essa carta descreveu o que a igreja havia suportado e revelou que a
igreja havia perdido seu primeiro amor (Apocalipse 2.1–7).
Para informações sobre o trabalho de Paulo em Éfeso ver os textos
referentes em Atos 18, 19, 20.
A igreja em Éfeso obteve mais privilégios do que qualquer outra, a
exemplo da literatura bíblica a ela destinada (direta ou indiretamente).
Epístola de Paulo aos Efésios, I e 2 Timóteo, Evangelho de João e I
João, e ainda o Apocalipse.
Além disso, recebeu os serviços de pelo menos dois grandes apóstolos,
Paulo e João e de obreiros de destaque no cristianismo antigo, tais como
Áquila e Priscila, Gaio, Aristarco, Apolo, Timóteo, Tíquico, Trófimo e
outros.
A igreja em Creta
Segundo Atos 2.10, 11, no dia de Pentecostes havia judeus piedosos
de Creta que tinham ouvido o evangelho e testemunharam o estabelecimento
da igreja.
A conversão de alguns desses homens e seu retorno subsequente à ilha
em que viviam, foi provavelmente o início das igrejas com as quais Paulo e
Tito trabalharam mais tarde.
Havia muitas congregações na ilha de Creta.

9. O ambiente teológico

Nas três Cartas o autor manifesta uma imensa inquietude com relação
aos hereges, que segundo ele, seguem mercadejando um tipo de fé ou
doutrina oposta ao Evangelho verdadeiro.
1Tm 6.3;
Se alguém ensina falsas doutrinas e não concorda com a sã doutrina
de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino que é segundo a piedade,

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Tt 1.11,16
É necessário que eles sejam silenciados, pois estão arruinando
famílias inteiras, ensinando coisas que não devem, e tudo por ganância. Eles
afirmam que conhecem a Deus, mas por seus atos o negam; são detestáveis,
desobedientes e desqualificados para qualquer boa obra.
1 Tm 1.3
NVI - Partindo eu para a Macedônia, roguei-lhe que permanecesse em
Éfeso para ordenar a certas pessoas que não mais ensinem doutrinas falsas,
ARA - Quando eu estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei
permanecesses ainda em Éfeso para admoestares a certas pessoas, a fim de
que não ensinem outra doutrina, (ἑτερο-διδασκαλέω).
Que outra doutrina é essa?
Tudo leva a crer que a característica mais óbvia dessa doutrina
(heresia) é seu agrupamento de elementos ou ingredientes judaicos e
gnósticos.
“mestres da Lei” (1Tm 1.7);
“os da circuncisão” (Tt 1.10);
“fábulas e genealogias” (1Tm 1.4; 2Tm 4.4; Tt 1.14; 3.9).
Segundo Kelly (2005), assume essa hipótese quando afirma que:

Paulo se via confrontando com os assim-chamados cristãos que


combinavam idéias gnósticas acerca dos dominadores do mundo
com a aderência rigorosa à lei mosaica. É o Cristianismo sincretista
dos hereges, no entanto, com sua gnosis, seus regulamentos
ascéticos, e o legalismo judaico. Talvez seja melhor definida como
sendo uma forma gnosticizante do Cristianismo judaico. (KELLY,
2005, p. 20).

10. A Cronologia da vida do apóstolo Paulo

Para a cronologia da carreira do apóstolo Paulo será utilizada o que


Raymond Brown, em sua Introdução ao Novo Testamento (São Paulo:
Paulinas, 2004. p. 572s), chama de cronologia “Tradicional”, seguida pela
maioria dos estudiosos e, segundo ele, mais razoável. Outros autores, como
Donald Carson, por exemplo, segue a chamada cronologia “Revisionista”,
que sugere, logo de início, uma data mais antiga para a conversão de Paulo
(ano 34 d.C.) e que, consequentemente, compromete todo o restante da
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biografia paulina. Cf. CARSON, D. A. (et al.). Op. cit., p. 261. As duas
posições são descritas no quadro a seguir:
Cronologia Cronologia
Evento
Tradicional Revisionista
36 Conversão 34-35
36-39 Ministério em Damasco e Arábia 35-37
39 Primeira visita a Jerusalém 37
40-44 Ministério em Tarso e na Cilícia 37-45
44-45 Visita de socorro aos famintos 45, 46 ou 47
46-49 1ª Viagem Missionária 4 46-47 ou 47-48
49 Concílio de Jerusalém 48 ou 49
50-52 2ª Viagem Missionária 48-51 ou 49-51
54-58 3ª Viagem Missionária 52-57
58-60 Prisão em Cesaréia 57-59
60-61 Viagem a Roma 59-60
61-63 Prisão em Roma 60-62
? Ministério no Oriente 62-64
64 (após o
Morte 64-65
verão)

J. Moffatt declara ousadamente que na realidade Paulo não saiu de sua


prisão. Esse ponto de vista tem sido defendido por muitos antes e depois
dele.
Ora, se isso fosse correto, então os críticos já triunfaram em seu
argumento, porque é um fato que as Pastorais implicam um número de
viagens que não pode enquadrar-se nos itinerários de Paulo que são relatados
no livro de Atos, e para os quais de fato não se pode achar lugar no espaço
da vida do apóstolo que cobre Atos.
O seguinte deixará isso bem claro:
Quanto a 1 Timóteo, o autor lembra a Timóteo que ele ordenou que
este ficasse em Éfeso enquanto ele se dirigia ao noroeste partindo de Éfeso
em direção à Macedônia (l T m 1.3).
Também o informa (a Timóteo) que ele (o autor) espera ir vê-lo em
breve (l T m 3.14).
Ora, segundo Atos, em sua primeira viagem missionária Paulo de
forma alguma passou para a Europa (para Macedônia).

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Na segunda viagem: na ida, o Espírito Santo o proibiu de falar a


palavra na Ásia (At 16.6); portanto, não esteve em Éfeso; e de volta, ele foi
de Corinto para o oriente de Éfeso, em seguida para o sudeste, via Cesaréia
a Antioquia (At 18.18-23).
Na terceira viagem, na ida,
Paulo realizou uma poderosa tarefa em Éfeso (At 19).
Continuou ali bastante tempo (três anos, At 20.31)
e também cruzou depois para Macedônia (At 20.1).
Mas dessa vez Timóteo não foi deixado em Éfeso, porém foi para
Macedônia e Corinto (At 19.21, 22; I Co 4.17; 16.10), e em seguida
regressou com Paulo para Macedônia (2Co 1.1).
Em seguida vai com Paulo a Corinto, regressa com ele à Macedônia,
espera-o em Trôade e, provavelmente, está com ele em Jerusalém (Rm 16.21;
At 20.3-5; I Co 16.3).
Finalmente, em sua viagem a Roma, Éfeso ficou a longa distância ao
norte. Chegando a Roma, seguiram-se dois anos de prisão. E o livro de Atos
termina com o relato desse acontecimento.
É evidente que nesse relato do livro de Atos não há espaço para a
suposta viagem em 1 Timóteo.
Com respeito a Tito, a situação é semelhante. Segundo essa Epístola,
o escritor deixou Tito em Creta para completar a organização das igrejas
nessa ilha (Tt 1.5).
Ele então instrui seu colaborador a encontrar-se com ele em Nicópolis,
onde espera passar o inverno (Tt 3.12).
Segundo Atos, porém, em nenhuma das três viagens missionárias
Paulo chegou a Creta.
E na viagem a Roma, embora ele e Lucas navegassem "a sotavento de
Creta", e chegassem a Bons Portos, o apóstolo é apresentado como um
prisioneiro, que não realiza nenhuma obra evangelística na ilha, e que não
podia dizer nada acerca do lugar onde esperava passar o inverno ou onde
desejava encontrar Tito (ver At 27.7-15).
E, finalmente, 2 Timóteo pinta um prisioneiro (em Roma, cf. 2 Tm
1.17), considerado "malfeitor" (2 Tm 2.9), na véspera de sua execução.

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Humanamente falando, as perspectivas são muito tristes (ver, porém,


2 Tm 4.7, 8). Só depois de uma diligente busca foi que Onésimo pôde
encontrá-lo (2 Tm 1.16, 17).
Em nenhuma parte se vê sua libertação. Quase todos o haviam
abandonado. Somente Lucas está com ele (2Tm 1.15; 4.10, 11). Havia
chegado (ou está para chegar) o momento de sua partida do cenário terreno
(2 Tm 4.6, 18).
Em brusco contraste com isso, a notícia da prisão romana registrada
em Atos e nas epístolas de Paulo da prisão termina com esperança (ver
também pp. 38-39). O apóstolo vive numa casa alugada à sua própria custa,
e nutre esperanças de ser posto em liberdade em breve (At 28.30; Fp 1.25,
26; Fm 22).
Portanto, a conclusão é inevitável: se Paulo escreveu as cartas
pessoais, teria sido posto em liberdade da prisão romana registrada em Atos.
Teria feito mais viagens e teria sido novamente preso.

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II. A PRIMEIRA CARTA A TIMÓTEO

Não obstante o fato de que foi somente no século XVIII que as cartas
a Timóteo e Tito se tornaram conhecidas como Epístolas Pastorais, foi na
verdade já em 1274 que Tomás de Aquino, referindo-se a I Timóteo,
escreveu:
“Esta carta é, por assim dizer, uma lei pastoral que o apóstolo enviou
a Timóteo” .
O termo, embora não exato tecnicamente, é suficiente para indicar que
nessas cartas a atenção é dirigida ao cuidado do rebanho de Deus, à
administração da igreja e ao comportamento nela.

1. Data da carta

Segundo Kelly (2005, p. 41), de acordo com 1 Timóteo 1.3, a carta foi
escrita da Macedônia. Sua linguagem não subentende necessariamente que
ele fora para lá diretamente de Éfeso, e alguns argumentaram que ele muito
possivelmente pode ter chegado lá proveniente do ocidente, tendo talvez
partido para a Espanha imediatamente após a sua soltura.
Por isso, cerca do ano 63, Paulo, recentemente afastado de Éfeso
onde deixara Timóteo, e estando então na Macedônia (lT m 1.3), instrui
Timóteo sobre como administrar os assuntos da igreja.

2. Propósito da carta

Especificamente, escreve com o fim de:


(1) Fortalecer o espírito de Timóteo, lembrando-o do "dom" que
havia recebido, sua "boa confissão" e o depósito que se lhe havia
recomendado.
(2) Transmitir orientação com respeito ao crítico conflito contra os
erros destrutivos da alma que estavam sendo difundidos na igreja de
Éfeso, e exortar Timóteo que continuasse na "sã doutrina" (1.3-11;
1.18-20; cap. 4; cap. 6).
(3) Fornecer diretrizes para a conduta apropriada no culto público.
Em conexão com essa batalha contra a difusão do erro, ênfase é posta
na importância da organização adequada: eleição do tipo adequado de

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líderes (especialmente anciãos e diáconos) e de admoestá-los caso se


extraviem (cap. 3; cap. 2).

3. Sugestões de esboços

A primeira carta a Timóteo apresenta um jovem diante de uma


comunidade que necessita de orientação, organização e, acima de tudo, da
viva tradição do Evangelho de Jesus Cristo. Timóteo é responsável pela
comunidade de Éfeso, deixado ali por Paulo e que, agora, recebe instruções
do seu pai espiritual em relação a assuntos práticos da vida da Igreja, dos
crentes, dos grupos de oficiais e líderes e dos problemas com o falso ensino
que ameaçavam a Igreja. O texto pode ser dividido da seguinte forma:
Esboço segundo o Comentário Bíblico São Jerônimo ( p. 642)
(I) Destinatário e saudação (1,1-2)
(II) Introdução: principais temas da carta (1,3-20)
(A) A ordem de Paulo a Timóteo (1,3-5)
(B) Os adversários como falsos mestres (1,6-11)
(C) Paulo como o verdadeiro mestre (1,12, 17)
(D) Resumo (1,18-20)
(III) Culto e liderança na igreja (2,1-3,13)
(A) A conduta da comunidade no culto (2,1-15)
(a) A oração (2,1-7)
(b) Como os homens deveriam agir (2,8)
(c) Como as mulheres deveriam agir (2,9-15)
(B) A liderança na comunidade (3,1-13)
(a) O princípio básico (3,1)
(b) Requisitos para os epíscopos (3,2-7)
(c) Requisitos para os diáconos (3,8-12)
(d) Conclusão (3,13)
(IV) Finalidade e perspectiva teológica de 1 Tm (3,14-4,10)
(A) Finalidade: a conduta na casa de Deus (3,14-16)
(B) Perspectiva: a bondade da criação (4,1 - 10)
(a) A afirmação básica (4,1-5)
(b) Estas coisas devem ser ensinadas (4,6-10)
(V) Ensinamentos para diferentes grupos na igreja (4,11-6,2)

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(A) Introdução (4,11)


(B) Timóteo como tipo do líder da igreja (4,12-16)
(C) O líder e várias faixas etárias (5,1-2)
(D) As viúvas (5,3-16)
(E) Os presbíteros (5,17-25)
(F) Os escravos (6,1-2)
(VI) Síntese (6,3-16)
(A) A situação dos falsos mestres (6,3-10)
(B) Como Timóteo deve agir (6,11-16)
(VII) Reflexão complementar sobre os ricos (6,17 19)
(VIII) Exortação final a Timóteo (6,20-21a)
(IX) Bênção final à comunidade (6,21b)
Outra possibilidade1:
Tema: Combate O Bom Combate, 1:18; 6:12, 20.
Prefácio E Saudação, 1:1-2.
I. Combate O Bom Combate Com Uma Boa Consciência, 1:3-20.
II. Combate O Bom Combate Com Bom Procedimento Na Igreja,
2:1-4:5. (3:15)
III. Combate O Bom Combate Como Bom Ministro De Cristo
Jesus, 4:6-6:19.
Conclusão, 6:20-21.

4. Análise do texto de 1 Timóteo

Capítulo I
O Apóstolo Paulo
A. Saúda Timóteo.
B. Reitera a Timóteo a ordem de permanecer em Éfeso para combater
o erro dos que se recusam a reconhecer sua condição pecaminosa
à luz da santa lei de Deus e pretendem ser doutores da lei.
C. Por contraste, dá graças a Deus por tê-lo feito ministro do
evangelho, sendo ele "o principal dentre os pecadores"

1
Apostila de John Pennisi, 1 Timóteo, Estudos Intensivos, 2011 .
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v. 1.
Que necessidade havia de Paulo apresentar-se a Timóteo como
“apóstolo de Cristo”? Seria uma simples formalidade? Uma tentativa de
gabar-se?
O uso da palavra “apóstolo” por Paulo no início da epístola poderia ter
os seguintes propósitos.
➢ confirmar diante da igreja, a autoridade apostólica de Timóteo – o
apóstolo (enviado) do apóstolo.
➢ Confirmar a associação que havia entre os dois.
➢ prova de que o ensino de Timóteo era o mesmo de Paulo, que era o
mesmo de Jesus.
Este é sem dúvida um dos grandes temas desta epístola – O Chamado
ao Ministério da Palavra.
É apropriada esta apresentação nesta epístola, pois o ministério de
Timóteo como pregador do evangelho possuía certas semelhanças com o
ministério de Paulo.
v. 2.
Timóteo estava intimamente ligado a Paulo e às suas
correspondências. Ele é mencionado pelo nome em oito de suas cartas.
Somente em Gálatas, Efésios e Tito não há menção de Timóteo.
1.3.
v. 3.
“Roguei” (parakaleo) – É um termo que carrega em si a expressão de
uma atitude importante para um ministro de Cristo.
O termo parakaleo significa “apelar”, ou “encorajar”, ou mesmo
“suplicar”.
Parakaleo é um termo encorajador, consolador e útil.
Está livre de qualquer sugestão de arrogância ou da atitude jactanciosa
de quem fala com ares superiores àquele a quem se dirige.
Com esta palavra Paulo sugere o mérito ou dignidade da outra pessoa.
Paulo fez uso dele várias vezes ao dizer a Timóteo que ensine os
irmãos (2.1; 5.1; 6.2 – “recomenda”; 2 Timóteo 4.2; Tito 2.6, 15).

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Em todas as ocasiões citadas a palavra é traduzida por “exortar” exceto


uma vez como indicado acima.
O Espírito Santo é descrito como o Consolador (parakletos), e o
ministério de um pregador cheio do Espírito será um ministério para consolo.
Existe uma “Outra doutrina” ou “outro evangelho”?
Não, só há uma doutrina e um evangelho (6.3,4)!
Através de todas as suas cartas a Timóteo e Tito, Paulo deu grande
ênfase a
➢ “sã doutrina” (1.10; Tito 2.1),
➢ “a boa doutrina” (4.6),
➢ “a verdade” (4.3)
➢ “fé” (4.6).
Combate O Bom Combate Com Uma Boa Consciência – 1:3-20.
Promova a obra de Deus proibindo o ensino de doutrinas falsas, 3-4.
Falsa doutrina é um desvio de quê?
1.3-4 – Da doutrina verdadeira!
Falsa doutrina que dá atenção aos mitos e genealogias intermináveis
que causam controvérsias, 4.
“Fábulas e genealogias sem fim” – pode ser uma referência a mitos
gnósticos (a doutrina das emoções) ou a mitos judaicos (lendas talmúdicas2).
Questões de opinião – assuntos sobre os quais não há uma clara
posição bíblica.
Percebendo que o objetivo desta instrução é o amor sincero, 5.
O objetivo era promover o amor que procede de três coisas.
1. O amor procede de boa consciência = se ela acusar, há pecado.
2. Fé sem hipocrisia = sincera, baseada nas verdades Divinas.
3. A sã doutrina - endireitar a nossa mente, corrigir a nossa conduta.
v.6.
“Loquacidade frívola” – fala demais, mas não diz nada.

2
Registro das discussões rabínicas que pertencem à lei, ética, costumes e história do
judaísmo.
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v.8-11.
Provavelmente alguém estava se utilizando da lei para perturbar de
alguma forma os cristãos.
A lei é para pecadores.
Saiba que alguns se desviaram dessas coisas, 6-7.
➢ Voltando-se para discussões inúteis, 6.
➢ Não compreendendo nem o que dizem, 7.
Use a Lei de maneira adequada, 8-11.
➢ A Lei é boa quando usada de maneira adequada, 8.
➢ Deve manejar “corretamente a palavra da verdade”, 2 Tm 2:15.
➢ É espelho para revelar nosso pecado, Ro 3:20; 5:20; 7:7.
Não é feita para os justos, mas para os injustos e todo aquele que se
opõe à sã doutrina, 9-11.
A lei foi feita para revelar aos maus a sua maldade. Feita para:
➢ Transgressores – “anomos”, literalmente os sem lei, sem respeito pela
lei e por toda autoridade = fora de si. Pessoas opostas à lei, ignorando
a lei.
➢ Insubordinados – literalmente, aqueles que recusam ser fixados ou ficar
debaixo de autoridade.
➢ Ímpios – irreverentes, ignoram Deus e a Sua vontade sem querer O
honrar, respeitar ou cultuar.
➢ Pecadores – aqueles que erram o alvo, desviam do caminho certo,
vivem de maneira imoral e má.
➢ Profanos e irreverentes – há somente uma palavra no grego aqui que
significa mundanos, aqueles que insultam coisas santas, pisam em tudo
e transformam o que é santo em sujeira.
➢ Matam pai e mãe – nem respeitam seus progenitores, a própria família.
Ignoram o 5º mandamento, Ex 20:12.
➢ Homicidas – matam qualquer pessoa, assassinos. Ignoram o 6º
mandamento, Ex 20:12.
➢ Os que praticam imoralidade sexual – a palavra usada aqui, “pornois”,
descreve pessoas que se envolvem em qualquer espécie de imoralidade
sexual incluindo fornicadores, prostitutas, adúlteros, homossexuais,
pederastas, incestuosos, etc. Desobedecem ao 7º mandamento, “Não
adulterarás”.
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➢ Homossexuais – quem pratica relações sexuais com alguém do mesmo


sexo, sodomitas, Gn 18:20-21; Ro 1:26-27.
➢ Sequestradores – literalmente, alguém que rouba pessoas para
escravizá-las, se tornando a significar negociantes de escravos e
roubadores, ou sequestradores de qualquer pessoa. Veja Ex 21:16.
➢ Mentirosos – afirmam contrária a verdade a fim de dar falsa impressão,
enganar, defraudar ou Induzir ao erro. Alguém falso, fingido, hipócrita.
Veja 1 João 2:4 e 4:20.
➢ Os que juram falsamente – testemunhas falsas, perjuros que
desobedecem ao 9º mandamento, “Não darás falso testemunho contra
o teu próximo”. Veja Lv 19:12 e Mt 5:33-37.
O cristão, ou homem justo, morreu para a lei para pertencer a Cristo e
a outro sistema de conduta, Ro 7:4.
Existe um padrão fixo de verdade e de moralidade? Veja 1:10-11.
A verdade não é algo relativo, e não se compõe somente de leis e
regras, mas a sã receita, o remédio, pela boa vida e o sucesso.
Lembre-se do exemplo de Paulo, o pior pecador, salvo pela
misericórdia e designado para o ministério, = 12-17.
Veja a doxologia espontânea dada por Paulo, 18.
Como Cristo Jesus abençoou Saulo (Paulo) na sua conversão, 12.
Deu-lhe forças – capacitou-o, lhe dando o que precisava para a sua
tarefa de apóstolo.
Considerou-o fiel – demonstrou confiança que ia ser fiel e digno da
sua chamada.
Designou-o para o ministério – “meu instrumento escolhido para levar
o meu nome perante os gentios e seus reis, e perante o povo de Israel,” Atos
9:15. E que mais em Atos 9:16?
Cristo fez tudo isso apesar de Saulo ser o pior dos pecadores, 13-15.
Blasfemo, 13. – alguém que insulta a divindade, a religião ou o que é
considerado sagrado, difamador, caluniador.
Saulo perseguia os cristãos porque achava que eles blasfemavam, Atos
6:11-14, quando na realidade ele é o blasfemador como soube mais tarde.
Cometeu a blasfêmia contra o Espírito Santo, Mt 12:31-32? E os de 1
Tm 1:20?
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A blasfêmia contra o Espírito Santo é a rejeição terminantemente do


último apelo de Deus ao perdido por meio do Espírito Santo.
Há outro pecado imperdoável? Hebreus 6:4-6; 10:26-31.
Perseguidor, 13. Veja Atos 8:1-3; 22:4-5; 26:9-11; Gl 1:13.
Insolente, 13. Um homem violento e arrogante. Veja Atos 9:1-2
1.12.
Paulo é o exemplo ótimo, a demonstração perfeita, daquilo que
escreveu aqui, alguém condenado pela lei que recebeu misericórdia porque
fez tudo por ignorância e incredulidade com coração sincero e consciência
limpa, 13-14.
Por isso Cristo veio ao mundo, “para salvar os pecadores”, 15.
O evangelho não é para “boas pessoas”, mas para os maus, os
transgressores e até para os membros de facões criminosas.
No pior dos pecadores Cristo Jesus demonstrou “toda a grandeza de
sua paciência,” fazendo do terrível pecador Saulo “um exemplo para aqueles
que nele haveriam de crer para a vida eterna,” 16.
Ao explicar tudo isto Paulo é levado a escrever espontaneamente uma
doxologia de agradecimento e louvor, 17.
É dirigida a Deus descrito como:
➢ O Rei eterno.
➢ O Deus único.
➢ O Deus imortal.
➢ O Deus invisível.
Combate o bom combate, 18-20.
Segundo as profecias já proferidas a respeito de Timóteo, 18.
Mantendo a fé e a boa consciência que alguns rejeitaram, 19. Aqui está
a última linha de defesa.
Combate o bom combate sem enfraquecer e sem fugir da fé e da boa
consciência.
Não naufragando na fé como Himeneu e Alexandre, 19-20.
Aqui Paulo mudou de metáfora de soldados para a metáfora de
marinheiros.

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Himeneu e Alexandre oferecem um exemplo forte.


➢ Himeneu – se era o mesmo de 2 Tm 2:17, recuperou-se da
disciplina mas logo se desviou de novo.
➢ Alexandre – se era o mesmo de Atos 19:33, então foi convertido, e
depois de ser disciplinado, causou muitos males a Paulo, 2 Tm
4:14.
A forma de disciplina: “os quais entregue a Satanás".
➢ Significa afastamento da confraternização da igreja, Ro 16:17; 2
Ts 3:14; Tito 3:10.
➢ É a ação de todos da igreja, 1 Co 5:5.
➢ A finalidade de disciplina: “para que aprendam a não blasfemar,”
20. Veja 1 Co 5:5.
v.12–17.
Paulo usou seu exemplo pessoal para mostrar o poder da graça.
E a graça foi que levou Paulo a trabalhar tanto pelo evangelho, e não
a lei.
O evangelho autentico quando pregado e acolhido, vai produzir
serviço a Deus por amor e gratidão.
Doxologia = palavra de gloria, glorificação. Do grego doxa (glória) +
logos (palavra) - foi uma fórmula de louvor e glorificação a Deus.
Capítulo II
Diretrizes com respeito ao Culto Público
A. Deve-se orar "por todos os homens" .
B. Em relação ao culto público, homens e mulheres devem comportar-
se de forma apropriada.
1 . Os homens, em todo lugar de culto público, devem levantar
mãos santas;
2. As mulheres, ao preparar-se para "ir à igreja" , devem vestir-se
decorosamente, e no lugar de culto público devem mostrar que
entendem e aceitam sua posição divinamente ordenada.
v.1-3.
O capitulo 2 aborda a reunião de cristãos.
“suplicas” = pedidos veementes.

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“orações” = termo genérico – toda comunicação com Deus.


“intercessões” = orando em favor de outros.
“ações de graça” = agradecendo a Deus.
Quando Paulo escreveu isto, o imperador era Nero.
“Piedade” – termo chave nesta epístola = temor a Deus, cristandade.
v.4.
Este texto desfaz a doutrina da predestinação.
v.5, 6.
O nosso mediador, sendo homem, nos entende perfeitamente e
ninguém melhor que um homem para interceder pelos homens.
v.8-10.
“Em todo lugar” tornou-se um termo técnico entre os cristãos
primitivos. Vem de Malaquias e refere-se às reuniões dos cristãos.
No mundo antigo os homens tinham a tradição de orar com a cabeça
erguida, mãos para cima (braços abertos) e olhos abertos para o céu – uma
postura de oração. Havia outras.
O caráter e vida santa devem acompanhar a participação no culto.
Coerência entre o viver e o adorar.
v.11, 12.
O silencio aqui não é absoluto.
E sim com respeito ao ensino e direção do culto.
Senão elas não poderiam cantar e nem dizer amem.
Veja o contraste entre as palavras Ensine X Silêncio no v. 12.
Paulo os estava corrigindo por erros que havia na vida pratica da
igreja, e respondendo perguntas dos irmãos.
As reuniões eram muito mais informais do que hoje.
A mulher não devia “falar”.
Novamente, falar aqui é ensinar, como línguas e profecias – “Dirigir a
palavra formalmente”
Devem aprender em silêncio, com toda a sujeição, 2:11

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As mulheres são permitidas a “aprender”.


Há evidências de que entre os judeus e os gregos, as mulheres nem
foram permitidas obter este privilégio.
“em silêncio” 2:11 e 12 – a palavra traduzida “em silêncio” duas vezes
aqui é traduzida em 2:2 “pacifica” complementando “tranquila”. Em 2 Ts
3:12 é traduzida “tranquilamente”.
Não significa, portanto, silêncio total mas uma atitude quieta, pacífica
e tranquila. Paulo descreve ainda mais esta atitude silente e tranquila:
v.13-14.
As razões dadas por Paulo por esta restrição, 2:13-14.
Adão foi formado primeiro, e depois Eva, 13.
Parece que a ordem em que foram criados estabelece uma ordem, ou
uma organização, dos sexos. Veja 1 Co 11:3. Também 1 Co 14:33-35 onde
Paulo diz com respeito às mulheres “permaneçam em submissão, como diz
a Lei”. Tal ordem não se refere ao valor, nem à capacidade, nem à ideia de
superioridade.
A mulher foi enganada tornando-se transgressora, 2:14.
A mulher enganada pela serpente comeu do fruto “e o deu a seu
marido, que comeu também,” Gn 3:6. Em vez de auxiliar o marido, ela,
enganada, serviu de ajudante à serpente oferecendo o fruto a Adão. Paulo
não diz que Adão era menos pecador do que ela porque em Ro 5:12 e 1 Co
15:22 ele disse que o pecado entrou no mundo por Adão. Mas Paulo vê neste
ato de Eva uma razão para as restrições da mulher na organização e nas
atividades da igreja.
Estes dois princípios revelados na criação de Adão e Eva fornecem as
razões pelas restrições dadas por Paulo neste trecho e evidentemente em 1
Co 14. A razão não se encontra no ambiente cultural do primeiro século entre
os judeus ou os gregos, nem nas condições sociais das cidades de Éfeso ou
Corinto.
v.15.
Isto não impede a salvação da mulher, 2:15.
“Entretanto, a mulher será salva dando à luz filhos.” Veja três
interpretações:
Ela põe em ação a própria salvação criando filhos, Fp 2:12. A obra de esposa
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e mãe é a função típica da mulher. Será salva cumprindo este papel, este
ministério, no plano de Deus.
1. Ela será salva pelo Nascimento da Criança entendendo esta frase como
se referindo a Cristo. Todas as mulheres foram representadas de
maneira ideal por Maria.
2. Ela será levada com segurança no parto, uma promessa de esperança no
meio da dor no parto.
3. “Se ela permanecer na fé, no amor e na santidade, com bom senso,”
2:15. A mulher, como o homem, tem de permanecer nas qualidades
básicas do caráter cristão.
Aqui há um problema de tradução. Neste caso a melhor tradução seria
a da NVI, pois ajuda na interpretação.
σωθήσεται δὲ διὰ τῆς τεκνογονίας, ἐὰν μείνωσιν ἐν πίστει καὶ ἀγάπῃ
καὶ ἁγιασμῷ μετὰ σωφροσύνης.
ARA - Todavia, será preservada através de sua missão de mãe
(singular), se ela (singular) permanece em fé, e amor, e santificação, com
bom senso.
NVI - Entretanto, a mulher (singular) será salva dando à luz filhos —
se elas (plural). permanecerem na fé, no amor e na santidade, com bom senso.
Uma melhor explicação seria que Eva será salva por gerar o Salvador
e as irmãs serão salvas se permanecerem na fé, amor e santidade.
Capítulo III
Diretrizes com respeito à Instituição dos Ofícios
A. Incentivo para tornar-se bispo: o caráter glorioso da obra.
Diretrizes sobre os requisitos necessários do bispo.
B. Diretrizes com respeito aos requisitos necessários dos.diáconos e
das mulheres que os assistem. Incentivos para a realização fiel
da tarefa dos diáconos e das mulheres que os assistem.
C. As razões para comunicar essas instruções na forma escrita.
v.1-7.
(Tito 1.5-9) – Tito 1.5, 7 Presbítero = bispo (supervisor) = Pastor.
Tito 1.9 fala algo sobre o trabalho do presbítero (I Tm 5.17; 3.2).
Princípios importantes para o pastor – Ezequiel 34.1-10.

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Como esses homens guiam a igreja?


R. I Tm 3.4,5 – Pelo exemplo.
1 Pedro 5.1-3 – “Tornando-vos modelos do rebanho”.
“Dominadores” – literalmente “aquele que se assenhora”.
Ele não manda, exemplifica fazendo. Ensina pelo exemplo.
É trabalho, não posição com privilégios.
A palavra “pastor” não é um título, mas sim uma designação de serviço
implícito nela.
Os presbíteros não são os donos da igreja e sim aqueles que possuem
uma espécie de trabalho. São membros como qualquer outro.
A igreja tem deveres para com seus presbíteros como (1 Tm 5.17-19).
Honra-los e respeita-los;
Sustenta-los financeiramente se necessário;
Não aceitar denuncia falsa.
Quando Paulo escreveu 1 Timóteo, a igreja em Éfeso tinha cerca de
20 anos. Havia sido iniciada em 52 D.C.
Porque na lista de Tito a exigência de não ser neófito?
A igreja em Creta possuía cerca de 3 anos.
O neófito em Éfeso não o seria em Creta.
Essas qualificações são adaptáveis à situação de cada igreja, pelo
menos algumas delas.
Um homem qualificado para ser presbítero em uma congregação,
poderia não ser em outra.
Todas as qualificações, exceto três podem ser consideradas
características de todos os cristãos.
As três exceções são:
1. “esposo de uma só mulher”;
2. “ter filhos crentes”;
3. E “não seja neófito”.
As passagens bíblicas seguintes aplicam-se a todos os cristãos:

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Filipenses 2:15; 2 Pedro 1:6; Romanos 12:3, 11, 13; 1 Pedro 3:15;
Romanos 14:21; Tiago 1:19,20; Hebreus 13:5; Tito 3:2; Efésios 5:22, 23;
Tito 2:7, 8; Filipenses 2:3, 4; Efésios 4:26; 1 João 2:15, 16; Colossenses 1:22;
1 Pedro 1:6; 1 Timóteo 1:3; Tito 2:2, 5.
IRREPREENSIVEL – O presbítero precisa ser alguém que na conduta
em geral não possui erros gritantes. Alguém difícil de criticar com justiça.
ESPOSO DE UMA SO MULHER (Mesma frase em 5.9) – O sentido
da frase não é poligamia e sim fidelidade conjugal – fiel à sua esposa.
E se a esposa do presbítero falecer, ele pode continuar servindo como
presbítero? Poderia, se desejar continuar no ministério, e se a congregação
achar apropriado.
Mas, a característica continua válida – desde que tenha sido homem
de uma só mulher, obviamente.
Lembre-se das viúvas de 5.9. Os maridos já haviam morrido, mas era
necessário preencher esta qualificação.
TEMPERANTE, SOBRIO E MODESTO – Frutos do Espírito.
NÃO VIOLENTO, INIMIGO DE CONTENDAS – Um servo, não
Senhor.
É um excelente alvo para o cristão (3.1).
Sempre uma pluralidade de bispos, ou presbíteros, (ou mais de um) se
encarregavam de uma congregação no NT:11
Nas igrejas fundadas na 1ª jornada missionária, “Paulo e Barnabé
designaram-lhes presbíteros em cada igreja,” At 14:23.
➢ Na igreja de Jerusalém, At 15:2, 4, 6, 22, 23; 16:4; 21:18.
➢ Na igreja de Éfeso, At 20:17, 28.
➢ Na igreja de Filipos, Fp 1:1.
➢ Nas igrejas de Creta, Tito 1:5.
➢ Nas igrejas entre as doze tribos dispersas entre as nações, Tg 5:14.
Nas igrejas no Ponto, na Galácia, na Capadócia, na província da Ásia
e na Bitínia a quem Pedro escreveu 1 Pedro, de acordo com 1 Pe 5:1-2.
v. 8-10.
Porque experimentar o diácono e não o presbítero?

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O presbítero já deve ser alguém experimentado pela própria carreira


cristã.
Imagine colocar alguém em fase experimental para aconselhar!
v.13.
Servindo o discípulo cresce. A exaltação é mediante a humilhação.
Capítulo IV
Diretrizes com respeito à apostasia
A. Descrição dessa apostasia e prova de seu caráter perigoso.
B. Como deve ser enfrentada por Timóteo.
v.1-5.
“Últimos tempos” – é a própria época de Timóteo.
A expectativa cristã é que após a morte e ressurreição, Jesus a qualquer
momento voltará, portanto vivemos, desde a ascensão, os últimos tempos ou
dias.
“Hipocrisia... Consciência” – não devemos ensinar nada sobre o que
não estamos bem fundamentados ou que duvidamos de alguma forma.
v.6-16.
O obreiro precisa alimentar-se da palavra de Deus.
Após ter estudado e pesquisado a palavra, pregue e ensine com força
e convicção, não com “achismos” (“eu acho”) (v.11).
O trabalho de Cristo realizado pelo obreiro possui dois aspectos
(v.14,15).
Aprovação divina;
E reconhecimento dos homens (“é esse”).
Um bom pregador prega e pratica a palavra.
Às vezes alguém prega bem, mas é falto no praticar.
Um pregador não pode conduzir sua audiência (os irmãos) até onde
ele não está.
O pregador não pode estacionar-se espiritualmente, precisa crescer
sempre.

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Em Tito 2.1 podemos ler mais uma exortação à sã doutrina. Doutrinas


falsas destroem o corpo.
Capítulos V e VI
Diretrizes com respeito a grupos e indivíduos
A. Homens idosos, homens jovens, mulheres idosas,
mulheres jovens
B. Viúvas em angústia
C. Viúvas dedicadas à obra espiritual
D. Presbíteros e candidatos a presbíteros
E. Escravos
F. Mestres de novidades que aspiram granjear fama e riquezas
G. Timóteo pessoalmente. "Guarda o mandamento"
H. Comportamento dos ricos deste século I. Timóteo pessoalmente
"Guarda o depósito"
1 Timóteo – Capítulo 5:
v.1
“Não repreender” aqui não significa deixá-los sem repreensão ou
correção, mas fazê-lo com muito cuidado e respeito e não asperamente.
v.2
Três coisas destroem o ministério de qualquer obreiro.
➢ Sexo;
➢ Poder;
➢ Dinheiro.
E o obreiro precisa ser puro e sem ambição.
v. 3-16.
Não é normativo ter viúvas mantidas para servir a igreja, como não o
é ter presbíteros, mas sim o ideal.
v.12 – Compromisso de trabalho com a igreja.
v.20
Na presença dos outros presbíteros.

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1 Timóteo – Capítulo 63.


Os escravos, 6:1-2.
Como os escravos cristãos devem se relacionar com o mestre
descrente?
A sua atitude – “devem considerar seus senhores como dignos de todo
o respeito (honra),”
6:1. Sem ressentimento, rancor, amargura, desobediência ou rebelião
mesmo quando ele é bom e capaz e quando ele é cruel e incompetente. Hoje
se não der para aguentar o caráter do patrão é melhor desistir do emprego do
que demonstrar atitudes negativas e anticristãs.
A razão – “para o nome de Deus e o nosso ensino não sejam
blasfemados,” 6:1.
É bom notar razões que Paulo não dá aqui:
Que o mestre, ou senhor, é de verdade digno de todo o respeito.
Como trabalhar debaixo de um patrão descrente.
Como os cristãos devem se relacionar com o mestre crente, 6:2.
A atitude dos escravos (empregados) cristãos:
“Não devem ter por eles menos respeito, pelo fato de serem irmãos,”
6:2.
“Devem servi-los ainda melhor,” 6:2.
“porque os que se beneficiam do seu serviço são fiéis e amados,” 6:2.
Os falsos mestres, 6:3-5. Veja 1:3-4.
A sua identidade, 6:3. Como reconhecer falsos mestres?
“Ensina falsas doutrinas.” Literalmente, “alguém que ensina algo
diferente.” Há apenas uma doutrina, um evangelho, e Paulo afirma que
ninguém tem o direito de ensinar “um evangelho diferente daquele que lhes
pregamos,” Gl 1:8-9.
“Não concorda com a sã doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo.” Por
meio de Jesus temos a “sã doutrina,” a única doutrina saudável.

3
Apostila de John Pennisi, 1 Timóteo, Estudos Intensivos, Lar Belém, Campinas – SP,
Abril, 2011.
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“Não concorda ... com o ensino que é segundo a piedade.” Somente o


ensino certo de Jesus produz a piedade, a verdadeira religião, a qualidade de
vida que agrada a Deus.
Os falsos mestres ensinam as próprias ideias e filosofias, tais como
aqueles descritos em 1:7, 19-20; 4:1-7, que produzem a impiedade.
A sua atitude, 6:4.
“É orgulhoso e nada entende.” Vaidoso, presunçoso, como se tivesse
grande conhecimento quando na realidade é ignorante.
“Mostra um interesse doentio por controvérsias e contendas acerca de
palavras.” Dedica-se a questões e polêmicas de maneira doente.
Seus resultados, 6:4-5.
Inveja – ciúme.
Brigas – dissensões.
Difamações – calúnias, língua abusiva, blasfêmias.
Suspeitas malignas – desconfiando maliciosamente
Atritos constantes – fricção e irritação contínua.
Seus seguidores, 6:5. Quem tem a tendência de ouvir e seguir o falso
mestre?
“Aqueles que têm a mente corrompida.” Como aqueles entregues “a
uma disposição mental reprovável” em Ro 1:28. Pessoas depravadas,
degradadas, perversas.
“São privados da verdade.” Faltando o amor da verdade que é tão
disponível, eles rejeitam, como aqueles descritos em 2 Ts 1:10-12. Roubados
pelas próprias especulações.
“Pensam que a piedade é fonte de lucro.” Isto indica que o motivo
básico destes seguidores é o materialismo e os benefícios físicos e
monetários.
As pessoas tentadas pelas riquezas, 6:6-19.
Os avarentos, 6:6-10.
Quem são estas pessoas?
Pessoas que procuram o lucro em tudo, até na piedade, (6:5).

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Pessoas que querem ficar ricas, 6:9. Este é o seu desejo, a sua vontade,
o seu motivo principal.
Pessoas que amam o dinheiro, 6:10. Quer seja alguém sem dinheiro
ou já com muito.
Pessoas que cobiçam o dinheiro, 6:10, como a suprema prioridade.
O que elas perdem?
Perdem “a piedade com contentamento,” 6:6. “Contentamento” aqui
quer dizer literalmente a autossuficiência e a competência, o estado de
alguém capaz de se manter sem a ajuda de outrem, ou “tendo tudo o que é
necessário” como Paulo escreveu em 2 Co 9:8.
Perdem a piedade como “grande fonte de lucro,” 6:6. As riquezas não
trazem este lucro, nem este contentamento.
Perdem o reconhecimento da irrelevância das coisas materiais deste
mundo passageiro, 6:7.
Perdem a satisfação com as necessidades básicas da vida, 6:8.
Quais os perigos que correm?
“Caem em tentação,” 6:9. Tentação de roubar, defraudar, mentir e até
matar.
“Caem ... em armadilhas,” 6:9. Literalmente, armadilhas, laços.
Figuradamente, de coisas que trazem perigo, ou morte, de repente,
inesperado.
“Caem ... em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os
homens a mergulharem na ruína e na destruição,” 6:9. Desejos tolos e
danosos que os afundam no desastre (até na morte) e na perdição.
Enraízam-se em “todos os males,” 6:10.
Desviam-se de fé, 6:10.
“Se atormentam com muitos sofrimentos,” 6:10. Literalmente, eles se
trespassam ao coração com muitos pesares.
O homem de Deus, 11 -16. O que é a recomendação do apóstolo ao
homem de Deus?
A sua fuga. Ele deve fugir “de tudo isso,” 6:11.

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Deve ser decisivo ao evitar os perigos da avareza exercendo domínio


próprio, afastando-se e correndo para escapar desta armadilha.
A sua busca. Ele deve buscar ativamente as seguintes qualidades: 6:11
A justiça – inclui a integridade e a retidão; “a qualidade do que está
em conformidade com o que é direito, com o que é justo”
A piedade – a prática da religião, “o amor pelas coisas da religião ... a
virtude que permite render a Deus o culto que lhe é devido, a devoção, o
amor pelas coisas de Deus,”
A fé – fidelidade a Deus e à Sua palavra. É algo que devemos buscar,
procurar.
O amor – é o amor “ágape” que é uma decisão de procurar o bem em
prol de alguém que não merece e que ama mais do que a própria vida.
A perseverança – a paciência, a persistência que suporta o peso
desagradável, a determinação de ficar fiel em todas as provas e todas as
circunstâncias.
A mansidão – amabilidade, humildade, sem egoísmo, egocentrismo,
obstinação, rudeza ou aspereza.
O seu combate. Ele deve combater o bom combate da fé, 6:12.
Paulo descreve o esforço cristão em termos que servem para o soldado
e para o atleta. O cristão está em guerra e está também participando numa
competição esportiva em que todo o seu ser é desafiado para produzir o
melhor resultado.
A repetição desta ideia no primeiro capítulo, verso 18, e aqui no último
nós influenciou a pensar que era uma ideia forte na mente de Paulo quando
escreveu esta carta.
Veja também 6:20. Por isso usamos esta frase como o tema de 1
Timóteo.
O seu alvo. Ele deve tomar posse do alvo principal, a vida eterna, 6:12.
Para isso ele foi chamado.
Em 2 Tm 1:9 Paulo afirmará que Deus “nos salvou e nos chamou com
uma santa vocação.” Em Fp 3:14 ele diz, “prossigo para o alvo, a fim de
ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus.”
Para isso ele fez a boa confissão na presença de muitas testemunhas.
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As testemunhas significantes deste voto, 6:13.


Diante de Deus, que a tudo dá vida. Ele dá a vida abundante agora e a
vida eterna.
Diante de Cristo Jesus que teve a coragem de fazer a boa confissão
diante de Pilatos, referindo-se talvez a Lc 23:1-3 e João 18:33-37.
O exemplo de Cristo serve para Timóteo e todos os cristãos.
A natureza deste voto: de guardar este mandamento: 6:14.
Imaculado – sem nenhum defeito ou mancha.
Irrepreensível – a mesma palavra de 3:1 e 5:7, sem censura, sem culpa.
A duração deste voto – até a manifestação de nosso Senhor Jesus
Cristo, 6:14-15.
Algo prometido em João 14:1-2; Atos 1:11.
Algo que se cumprirá quando Deus quiser, 6:15. “no seu devido
tempo.”
A primeira vinda de Jesus ocorreu na “plenitude do tempo”
exatamente quando Deus planejou, Gl 4:4. A sua segunda vinda vai ocorrer
quando Deus escolher, Mt 24:36; 2 Pe 3:3-13.
A sua fé em Deus, 6:15-16. Paulo tinha um conceito de Deus que o
incentivou e o guardou leal e responsável. Este é o conceito que Timóteo e
todo cristão deve ter.
Na sua autoridade como o Soberano e o Rei dos reis e Senhor dos
senhores, uma descrição também de Cristo, Ap 17:14; 19:16.
Os ricos, 6:17-19.
As suas responsabilidades, 6:17-18.
Não sejam arrogantes, 6:17. A riqueza tem a tendência de criar atitudes
de insolência e soberba, mas o cristão rico procura ser humilde.
Ponham a esperança em Deus, 6:17.
Pratiquem o bem, 6:18. Sejam ricos em boas obras, generosos e
prontos a repartir.
O seu galardão, 6:19.
Um tesouro acumulado para si mesmos.

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Um firme fundamento para a era que há de vir.


A vida verdadeira – a vida real, o que é realmente a vida.
A Conclusão Da Carta 6:20-21
Guarde o que lhe foi confiado, 6:20.
Guarde – de novo Paulo usa um termo militar significando olhar,
proteger e defender. A mesma instrução está em 2 Tm 1:14.
O que lhe foi confiado – o depósito que evidentemente é o evangelho
e que deve ser mantido a todo custo, Gl 1:8-9. O evangelho foi dado não
como algo incompleto que deve ser emendado ou mudado de acordo com o
tempo, o ambiente ou a cultura. Cada cristão é chamado para ser não um
liberal com o evangelho, mas um conservador que segue, guarda e defende
a herança deixada por Cristo e seus porta-vozes inspirados, Judas 3.
Evite certas coisas, 6:20-21.
As conversas inúteis – Paulo volta a repetir a advertência que deu em
1:3-7 e que repete terceira vez em 1 Tm 2:1 6. Papo vazio que não edifica.
As conversas profanas – o falar vazio e mundano.
As ideias contraditórias do que é falsamente chamado conhecimento.
Da palavra “conhecimento”, ou “gnosis” no grego, veio a heresia dos
“gnósticos”, ou aqueles que disseram ter conhecimento, um grupo que surgiu
fortemente no segundo século perturbando a igreja. Mas Paulo já viu o
começo das ideias deles no primeiro século. Há uma renovação de
gnosticismo hoje com a descoberta de alguns de seus escritos. Estão
incentivando hoje tais ideias como o casamento de Jesus com Maria
Madalena e ideias falsas sobre Judas Iscariotes. Somente podemos imaginar
o que Paulo e Timóteo tinham que enfrentar.
Professando aquelas ideias contraditórias “alguns desviaram-se da fé,”
6:21.
A saudação final:
“a graça seja com vocês,” 6:21. Pode notar que “vocês” é plural
mostrando que Paulo queria que Timóteo lesse a sua carta a toda a
congregação de Éfeso e possivelmente antecipava que teria uma audiência
bem maior.

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I. CONCLUSÃO

Do modo como foi apresentada, este trabalho, tentamos trazer


acentuadas ajudas, que diz respeito a um melhor aprofundamento na
perspectiva da teologia paulina, presente em suas Cartas pessoais.
Encerra-se aqui com as palavras de Osmar Ludovico Em um texto
intitulado 'Pastores x Lobos'.
Ele lembra que eles têm o interesse pela vida das ovelhas em comum,
mas que são completamente diferentes.
Pastores buscam o bem de suas ovelhas; lobos buscam os bens das ovelhas.
Pastores gostam de convívio; lobos gostam de reuniões.
Pastores vivem a sombra da cruz; lobos vivem a sombra de holofotes.
Pastores choram pelas suas ovelhas; lobos fazem suas ovelhas chorar.
Pastores têm autoridade espiritual; lobos são autoritários e dominadores
(tudo tem que passar pela mão deles).
Pastores têm esposas; lobos têm co-adjuvantes.
Pastores têm fraquezas; lobos são poderosos.
Pastores olham nos olhos; lobos contam cabeças.
Pastores apaziguam as ovelhas; lobos intrigam as ovelhas.
Pastores têm senso de humor; lobos se levam a sério.
Pastores são ensináveis; lobos são donos da verdade.
Pastores têm amigos; lobos têm admiradores.
Pastores se extasiam com mistério; lobos aplicam técnicas religiosas.
Pastores vivem o que pregam; lobos pregam o que não vivem.
Pastores vivem de salários; lobos enriquecem.
Pastores ensinam com a vida; lobos pretendem ensinar com discursos.
Pastores sabem orar no secreto; lobos só oram em público.
Pastores vivem para suas ovelhas; lobos se abastecem das ovelhas.
Pastores são pessoas humanas; lobos são personagens religiosos caricatos.
Pastores vão para o púlpito; lobos vão para o palco.
Pastores são apascentadores; lobos são marqueteiros.
Pastores são servos humildes; lobos são chefes orgulhosos.
Pastores se interessam pelo crescimento das ovelhas; lobos se interessam
pelo crescimento das ofertas.
Pastores apontam para Cristo; lobos apontam para si mesmos e para a
instituição.
Pastores são usados por Deus; lobos usam as ovelhas em nome de Deus.
Pastores falam da vida cotidiana; lobos discutem o sexo dos anjos.
Pastores se deixam conhecer; lobos se distanciam e ninguém chega perto.
Pastores sujam os pés nas estradas; lobos vivem em palácios e templos.
Pastores alimentam as ovelhas; lobos se alimentam das ovelhas.
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Pastores buscam a discrição; lobos se autopromovem.


Pastores conhecem, vivem e pregam a graça; lobos vivem sem a lei e pregam
a lei.
Pastores usam as escrituras como texto; lobos usam as escrituras como
pretexto.
Pastores se comprometem com o projeto do reino; lobos têm projetos
pessoais.
Pastores vivem uma fé encarnada; lobos vivem uma fé espiritualizada.
Pastores ajudam as ovelhas a se tornarem adultas; lobos perpetuam a
infantilização das ovelhas.
Pastores lidam com a complexidade da vida sem respostas prontas; lobos
lidam com técnicas pragmáticas com jargão religioso.
Pastores confessam seus pecados; lobos expõem o pecado dos outros.
Pastores pregam o Evangelho; lobos fazem propaganda do Evangelho.
Pastores são simples e comuns; lobos são vaidosos e especiais.
Pastores têm dons e talentos; lobos têm cargos e títulos.
Pastores são transparentes; lobos têm agendas secretas.
Pastores dirigem igrejas-comunidades; lobos dirigem igrejas-empresas.
Pastores pastoreiam as ovelhas; lobos seduzem as ovelhas.
Pastores trabalham em equipe; lobos são prima-donas.
Pastores ajudam as ovelhas a seguir livremente a Cristo; lobos geram ovelhas
dependentes e seguidoras deles.
Pastores constroem vínculos de interdependência; lobos aprisionam em
vínculos de co-dependência.

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Santo André: Geográfica, 2006.
WILKINSON, Bruce; BOA, Kenneth. Descobrindo a Bíblia. São Paulo:
Candeia, 2000.

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II. ANEXOS
O início da Igreja descrito no Novo Testamento aconteceu num
ambiente que ainda girava em torno do Templo de Herodes e a liderança dos
sacerdotes.
Com o aparecimento da igreja de Deus, sob a direção dos apóstolos,
todo o sistema administrativo eclesiástico começa a mudar paulatinamente.
Por isso, os apóstolos sabendo que a Igreja do Senhor é uma criação
espiritual, mas que está inserida neste mundo, deixa (guiados pelo Espírito
Santo) algumas instruções Bíblicas que descreve o seu papel relacional com
o Estado.
1Tm 2:1-3 Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações,
intercessões e ação de graças por todos os homens; pelos reis e por todos
os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e
pacífica, com toda a piedade e dignidade. Isso é bom e agradável perante
Deus, nosso Salvador.
Tit 3:1-2 Lembre a todos que se sujeitem aos governantes e às
autoridades, sejam obedientes, estejam sempre prontos a fazer tudo o que é
bom, não caluniem a ninguém, sejam pacíficos e amáveis e mostrem sempre
verdadeira mansidão para com todos os homens.
1. Governo eclesiástico denominacional

Uma questão que muito atrapalha o entendimento eclesiástico sobre o


seu processo de gestão é: Qual modelo se adequa melhor às evidências
bíblicas? A confusão no entendimento geralmente acontece quando a
resposta dada for baseada no conceito humano e não bíblico.
Geralmente, a resposta com fundamento humano está conceituada
num tripé descrito abaixo:

o melhor
modelo

mais coerente mais funcional

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Baseando nesta proposição, existem três formas especiais e


largamente diferentes que são adotadas pelas instituições religiosas para
gerirem seus modelos de governo eclesiástico.

2. Formas de Governo eclesiásticos denominacionais

A. Episcopal: Essa forma é também chamada de “prelado”. O poder de


governar descansa nas mãos de prelados ou bispos e no clero mais alto.
Berkhof (1990), descreve esse modelo da seguinte forma:
“Os episcopais afirmam que Cristo, como Chefe da igreja, confiou o governo da
igreja direta e exclusivamente a uma ordem de prelados ou bispos, considerados estes
como sucessores dos apóstolos; e que Ele constituiu estes bispos numa ordem separada,
independente e capacitada para perpetuar-se. Neste sistema, o coetus fidelium, ou seja,
a comunidade dos crentes, não tem absolutamente nenhuma participação no governo da
igreja.”

ARCEBISPO

Diocese
BISPOS BISPOS do Bispo

Sacerdote Sacerdote Sacerdote Sacerdote

Igreja Igreja Igreja Igreja


Fonte: Adaptação - https://voltemosaoevangelho.com/blog/2015/02/aulas-sobre-governo-de-igreja/

Argumentos interpretativo a favor do Sistema Episcopal:


✓ Sucessão apostólica ou da função apostólica para os bispos;
• Imposição de mãos – sucessão física.
• Exemplo: Tiago em Jerusalém; Timóteo e Tito como pré-
bispos.
✓ Resultado natural do desenvolvimento da igreja (com aprovação do
apóstolo João);
✓ Confirmado já no final do 2º séc. na Gália e África por Irineu
Tertuliano.

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Exemplos (alegando sucessão apostólica):


✓ Igreja Católica Romana (episcopalismo levado à última
consequência)
• Primado de Pedro Vigário de Cristo
• “A igreja de Roma é da natureza de uma monarquia absoluta, sob
o domínio de um papa infalível, que tem o direito de determinar e
regulamentar a doutrina, o culto e o governo da igreja.” (Louis
Berkof, 1990)
✓ Igreja Ortodoxa (federação de igrejas com seus próprios patriarcas)
✓ Igreja Anglicana (combinação com o sistema erastiano4)
Exemplos (que não alegam sucessão apostólica):
✓ Luteranos
✓ Metodistas
✓ Neopentecostais (bispos ou “apóstolos”)
A Presbiteriana ou Oligarquia: Nesse sistema cada igreja local elege
presbíteros para um conselho. Esse conselho tem autoridade para dirigir a
igreja local. Entretanto, os membros do conselho (os presbíteros) são
também membros de um presbitério que tem autoridade sobre diversas
igrejas locais em uma região. Esse
SUPREMO CONCÍLIO
SÍNODO SÍNODO

Presbitério Presbitério Presbitério Presbitério

Conselho Conselho Conselho Conselho Conselho Conselho Conselho Conselho

Igreja Igreja Igreja Igreja Igreja Igreja Igreja Igreja


Fonte: Adaptação - https://voltemosaoevangelho.com/blog/2015/02/aulas-sobre-governo-de-igreja/

4
Nome vem de Erasto, (1524-1583). “Os erastianos consideram a igreja como uma sociedade
que deve sua existência e sua forma às regulamentações promulgadas pelo estado. Os oficiais da
igreja são meros instrutores ou pregadores da Palavra, sem nenhum direito ou poder de governar,
exceto o que eles derivam dos magistrados civis. É função do estado governar a igreja, exercer a
disciplina e aplicar a excomunhão. As censuras eclesiásticas são punições civis, embora a sua
aplicação possa ser confiada aos legítimos oficiais da igreja. ” (Louis Berkhof, Teologia
Sistemática, 1990)
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B. presbitério consiste de alguns ou de todos os presbíteros das igrejas


locais sobre as quais ele tem autoridade. Além disso, alguns dos
membros do presbitério são membros da Assembleia Geral (ou
Supremo Concílio), que normalmente tem autoridade sobre todas as
igrejas presbiterianas em uma região ou país.” (Wayne Grudem,
1999).

Obs. Primariam ente o poder da igreja reside no seu conselho.


Argumentos interpretativo a favor do sistema presbiteriano:
✓ O poder de governar e ordenar está incluso na autoridade de
ministrar a Palavra e os sacramentos (Mt 16, 18 e 28)
✓ A própria natureza da função do presbítero sugere autoridade para
governar e decidir
• Presidir (1Tm 5.17)
• Pastorear (At 20.28; 1Pe 5.2) traz a ideia de governo real
• Liderar (Hb 13.17; 1Ts 5.12-13)
✓ Os sábios devem julgar as causas entre os irmãos e não qualquer
membro (1Co 6.5)
✓ Atos 15 (Concílio de Jerusalém) prescreve um governo sobre outras
congregações.
✓ O governo da igreja foi inspirado no modelo das sinagogas que eram
“presbiterianas”
✓ Uma liderança nacional (ou mundial) da igreja mostra a unidade do
corpo
A Igreja Presbiteriana do Brasil e a Congregação Cristã do Brasil são
exemplos de comunidades que seguem esse sistema.
C. Congregacional ou Independente: forma em que a entidade pratica o
autogoverno. Não há uma autoridade acima das congregações locais.
Para esses grupos, a igreja local é a unidade básica, e nenhum ministro
ou denominação exerce autoridade sobre ela. Todas as decisões são
tomadas por toda a igreja, e o pastor ou presbíteros e diáconos se
encontram no mesmo plano que os demais membros.

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A posição batista defende que, em cada assembleia local, a igreja deve


ser governada pela voz do Espírito Santo no coração dos seus membros. ‘A
posição batista reconhece que Cristo governa a igreja por meio da igreja’.”
(Franklin Ferreira e Alan Myatt, 2007, p. 933-934)

ASSEMBLEIAS

Igreja
Esse sistema acontece entre os Batistas, Congregacionais,
Pentecostais clássicos e alguns outros grupos evangélicos.
No entanto, há um sistema não reconhecido que agrega, tanto o
modelo presbiteriano quanto o congregacional. Podemos chamar essa forma
de governo de:
D. Congregacional-Pastoral: Ocorre uma disputa interna entre a
liderança presbiteral e o poder deliberativo das Assembleias. Alguns
usam o exemplo do carro: o qual tem os presbíteros no volante
enquanto que a congregação, por meio das assembleias, ficam com o
freio de mão. Neste sistema a Assembleia tem o poder de escolher os

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Pastores, Diáconos, Colégio Pastoral ou Conselho, bem como tratar


de assuntos pertinentes a Igreja.
O processo ocorre por meio do pastor, colégio pastoral ou Conselho
(eleito pela igreja ou por outros pastores) decide questões de doutrina,
disciplina, finanças e questões administrativas relativas à congregação.
Argumentos interpretativo a favor desse sistema

✓ Autoridade pastoral;
✓ Independência das igrejas;
✓ Em At 14.23 é o voto de Paulo e Barnabé que está sendo
considerado e não da congregação;
✓ O Novo Testamento não descreve uma democracia absoluta, onde
absolutamente tudo tem que passar pelo debate e crivo da
congregação;
✓ A autoridade congregacional é uma autoridade majoritariamente de
embargo;

3. O Governo Da Igreja Bíblica

Em toda a Palavra de Deus: Quem tem a palavra final em


questões de: Doutrina; igreja; Pastores-Presbíteros; Disciplina;
irmandade; etc.?
No entanto, antes de responder essas e outros questões sobre
autoridade na Igreja é bom perguntar:
Que tipo de governo há nas Escrituras?

Qual o governo eclesiástico encontramos


na Bíblia?

MONÁRQUICO

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Jonathan Edwards, em outras palavras elabora, a pergunta acima


citada, de forma mais contundente;
"Quaisquer que sejam as maneiras de se constituir a igreja que nos
pareçam oportunas, adequadas e razoáveis, a questão é, não qual
constituição da igreja de Cristo parece conveniente para a sabedoria
humana, mas qual constituição foi realmente estabelecida pela infinita
sabedoria de Cristo.” (Dever, 2001, p.305).
É bom que se diga que a forma de governo da Igreja do Senhor Jesus
Cristo não é democrata, mas sim monárquico. Vivemos no reino que tem o
Rei e o Senhor do universo, Jesus.
Karl Barth disse:
“Uma vez que o homem não criou e fundou a Igreja, ele não pode ser
seu Senhor. [...] Como deveriam aqueles que nem mesmo têm uma existência
independente junto a Ele, obter uma soberania independente ou até mesmo
somente uma co-soberania na Igreja? Em que sentido deveriam os membros
dirigir junto ao Cabeça, os membros terrenos, junto ao Cabeça celestial?”
(Barth, 2010, p.138).
O Senhor não pensou instituir um governo democrático para a sua
Igreja. Apesar de muitos entenderem que a igreja deveria proceder de forma
democrática, pois procura impedir que pessoas mal intencionadas tomem a
rédea do poder sozinha. No entanto, esse modelo, em muitos casos, não
protege completamente a igreja.
O governo é exercido pelo seu rei soberano Jesus Cristo, o qual exerce
o seu controle, dando a igreja as diretrizes para que saibam, como se deve
proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da
verdade. (1 Timóteo 3.14-15).

Tendo de fato Jesus como seu único Senhor, o governo da sua Igreja,
pode ser um agrupamento de todas as ideias interpretativa que defende cada
forma de governo. Quer seja Episcopal, Presbiteriano, Congregacional ou
Pastoral-Congregacional. Essa era uma ideia que Morris (2009), defende, ao
declarar que:
“Uma consideração de todas as evidências nos deixa com a conclusão
de que é impossível remontar totalmente à era apostólica em qualquer um
dos nossos sistemas modernos. [...] É melhor reconhecer que, na igreja do
NT, havia elementos que eram passíveis de serem desenvolvidos nos
sistemas episcopal, presbiteriano e congregacional, e que realmente se
desenvolveram assim.” (Morris, 2009, p. 216).
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Veremos a seguir algumas situações nas Escrituras que podem servir


como parâmetro e referência bíblica para conseguir argumentos e analisar
qual a forma de administração eclesiástica apresentada nas Escrituras.
Cristo tem um reino
Jesus espera que seus súditos sigam sua vontade e represente bem a
vontade do Rei. No entanto:

Quem tem autoridade de


representar esse Reino?

?
Conforme Jonathan Leeman, (2012, p. 59), “A autoridade (dada por
Cristo), é a autoridade para analisar as palavras e ações [...] de uma pessoa
e fazer um julgamento.”
Jesus planejou o desenvolvimento da sua Igreja, por meio da instrução
da Palavra de Deus. Para tanto, Ele chamou doze homens e os delegou a esse
ministério.
At 6:2: Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos e
disseram: Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para
servir às mesas.
Com isto entendemos que os apóstolos receberam autoridade de Jesus
para julgar a vida e a é de uma pessoa.
Mat 28:18-20: Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a
autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de
todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E
eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.
Os apóstolos atuaram com essa autoridade recebido do Senhor em
várias situações.
✓ Pedro julga a ação de Ananias e Safira – Atos 5.1-11
✓ Pedro repreende Simão, o mago – Atos 8.17-23;
✓ Paulo entregando à Satanás Himeneu e Alexandre em 1Tm 1.20.
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Jesus também entregou a mesma autoridade, a qual foi dada aos


apóstolos, a sua Igreja. A congregação dos santos recebe autoridade para
julgar a vida e fé dos indivíduos que buscam o Senhor.
A Chave do Reino dos Céus dada aos apóstolos foi passada à
Igreja
Aos apóstolos:
Mt 16.19: Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá
sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos
céus.
A Igreja
Mt 18.17-18: E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir
também a igreja, considera-o como gentio e publicano. Em verdade vos
digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o
que desligardes na terra terá sido desligado nos céus.
Há alguns exemplos em que a Igreja usa essa autoridade dado pelo
Senhor.
✓ Jesus instruiu A Igreja a dar a última palavra entre os irmãos – Mateus
18. 15-20;
✓ A igreja aprova a escolha de Matias pelo Senhor – At 1.15; 21-26;
✓ A Igreja e Pedro acalmam tumulto entre os irmãos – At 11.1; 18;
✓ A Igreja e o Paulo expulsam o irmão em pecado – 1 Co 5.1-5.
Jonathan Leeman, (2012, p. 29), descreve o valor, a importância e a
autoridade que a Igreja tem pela irmandade e no mundo. Ele diz:
“Uma igreja local é um grupo de cristãos que regularmente se
reúnem, em nome de Cristo, para oficialmente afirmar e supervisionar uns
dos outros, em Cristo Jesus e em seu reino, através da pregação e das
ordenanças do Evangelho”.
Para concluir, entendemos que O governo da Igreja é controlado pelo
trino Deus por meio das Escrituras. Entretanto, a Igreja do Senhor recebe
autoridade para gerir as necessidade da Igreja local não definido pela Palavra
de Dele.

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Deus, Jesus e o Espírito Santo

ESCRITURAS

IGREJA
assuntos não definidos nas Escrituras
Reuniões fraternais (assembleias)

Quais seriam esses assuntos não definidos nas Escrituras?


Lawrence W. Wilson autor de vários livros, descreve em um dos seus
artigos,5 cinco das questões mais frequentes de conflito entre os membros da
igreja, vejamos abaixo.
1. Alterar o tempo de adoração incluindo alguma atividade extra;
2. Discordância de como lidar com as falhas morais de pastores e
membros da liderança;
3. Duração do culto;
4. Discordância sobre quem toma decisões entre a irmandade;
5. Estilo de adoração.
Apesar de ser uma pesquisa pessoal e com contexto americano,
podemos ver que não estamos tanto longe dos problemas que eles enfrentam.
Nestes casos, diz Lawrence, “uma questão real advindo desses
conflitos pode causar sérios danos à unidade e saúde de uma congregação
local”.
A atuação da Igreja nos conflitos
Jesus elabora sua base teológica, sobre a participação da Igreja nos
conflitos, antes mesmo que a ela existisse de fato.
Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos
céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus. Em
verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra,
concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-
lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem

5
https://thomrainer.com/2014/07/five-frequent-issues-conflict-among-church-members/
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dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles. Mateus 18.18-
20.
Início da Igreja, descrito em Atos 6, houve alguns problemas. No
entanto, os apóstolo seguindo a orientação de Jesus, responsabiliza a
irmandade a resolver a demanda em questão.
Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve
murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles
estavam sendo esquecidas na distribuição diária. Então, os doze
convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que
nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Mas, irmãos,
escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de
sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço; e, quanto a nós, nos
consagraremos à oração e ao ministério da palavra. O parecer agradou a
toda a comunidade; e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito
Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de
Antioquia. Apresentaram-nos perante os apóstolos, e estes, orando, lhes
impuseram as mãos.
Com esse mesmo fundamento, o apóstolo Paulo instruiu a igreja em
Corinto a atuar de acordo com as ordens do Senhor.
1. Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como
nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher
de seu próprio pai.... 4. em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu
espírito, com o poder de Jesus, nosso Senhor... 5. Entregue a Satanás para
a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor
[Jesus] ... 11. Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém
que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente,
ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais. 12. Pois com
que direito haveria eu de julgar os de fora? Não julgais vós os de dentro?
13. Os de fora, porém, Deus os julgará. Expulsai, pois, de entre vós o
malfeitor. 1 Co 5.1, 4-5; 11-13.
Em atos 15.1-22, há uma situação importante, que pode descrever bem a
importância da Igreja na resolução de conflitos.
1. Alguns indivíduos que desceram da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não
vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos. 2.
Tendo havido, da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não pequena
discussão com eles, resolveram que esses dois e alguns outros dentre eles
subissem a Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros, com respeito a esta
questão. 4. Tendo eles chegado a Jerusalém, foram bem recebidos pela
igreja, pelos apóstolos e pelos presbíteros e relataram tudo o que Deus
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fizera com eles. 6. Então, se reuniram os apóstolos e os presbíteros para


examinar a questão. (Capacitados para analisar a questão e a Palavra de
Deus) [...] 22. Então, pareceu bem aos apóstolos e aos presbíteros, com toda
a igreja, tendo elegido homens dentre eles, enviá-los, juntamente com Paulo
e Barnabé, a Antioquia: foram Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens
notáveis entre os irmãos, 23 escrevendo, por mão deles: Os irmãos, tanto os
apóstolos como os presbíteros6, aos irmãos de entre os gentios em Antioquia,
Síria e Cilícia, saudações.
A congregação, como um todo, não tomou parte nas discussões ou
debates teológicos, até porque havia homens capacitados para tal, no entanto,
depois da conclusão dos especialistas da Palavra, a Igreja foi informada e
confirmou o resultado do concílio: “Então, pareceu bem aos apóstolos e aos
presbíteros, com toda a igreja, tendo elegido homens dentre eles, enviá-los,
juntamente com Paulo e Barnabé” (At 15.22).
Conforme Phil Newton (2007, p. 64), o termo δοκέω (verbo),
traduzido como: “pareceu bem” pela ARA, era um termo político do mundo
grego que significa ‘votar’ ou ‘aprovar uma resolução em uma
assembleia’.”
Podemos concluir então que:

A igreja possui a chave do É o relacionamento


reino dos céus e, portanto, entre a igreja e um cristão é
autoridade para julgar caracterizada pela
as demandas da submissão ecuidado
irmandade. mútuo.

4. A figura pastoral no Reino de Deus

Antes de tudo, precisamos entender que há um padrão bíblico sobre os


presbíteros/pastores.
Havia Presbíteros em Jerusalém (At 15; 21.18), em Éfeso (At 20.17),
em Filipos (Fp 1.1) e outras cidades.

6
Há uma questão de crítica textual neste verso. A tradução, tanto da parte da ARA quanto
da NVI segue os textos do Westcott e Hort 1881, enquanto que a ARC, o texto Byzantine
Majority. Uma tradução para a ARC seria: “escrevendo por sua mão estas coisas: Os
apóstolos e os anciãos e os irmãos” (Grego: και έγραψαν διά χειρός αυτών ταύτα· Οι
απόστολοι και οι πρεσβύτεροι και οι αδελφοί).
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O costume do apóstolo Paulo era promover, em cada igreja local, a


eleição de presbíteros (At 14.23) e instruía seus cooperadores a fazerem o
mesmo (Tt 1.5; 2Tm 2.2).
O apóstolo Pedro exorta os presbíteros em uma carta destinada à cinco
regiões (1 Pe 1.1; 5.1) e Tiago instruí os presbíteros a cuidar dos doentes em
sua carta reconhecida como geral. (Tg 5.14).
Há instruções sobre as qualificações e atuação (At 20.17, 28-30; 1Tm
3.1-7; Tt 1.6-9; 1 Pe 5.1-4), salário e inclusive seu processo disciplinar (1
Tm 5.17-20).
O Novo Testamento menciona presbíteros, pastores, bispos, os quais
provavelmente se referem a mesma pessoa.

Atos 20.17, 28: De Mileto, mandou a Éfeso chamar os presbíteros


da igreja. [...] Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito
Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele
comprou com o seu próprio sangue.
1 Pe 5.1-2: Portanto, apelo para os presbíteros que há entre vocês,
e o faço na qualidade de presbítero como eles e testemunha dos sofrimentos
de Cristo, como alguém que participará da glória a ser revelada:
Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele,
não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso
por ganância, mas com o desejo de servir.
Tito 1.5-7: Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em
ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses
presbíteros, conforme te prescrevi: alguém que seja irrepreensível [...]
Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível...

Presbúteros
pessoa ancião

Servo epískopos
sentinela
serviço
poimén - pastor

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O servo idoso indica maturidade pessoal, enquanto o serviço de


vigilância e pastoreio indicam proteção e cuidado da irmandade.

As Escrituras afirma que havia uma pluralidade de presbíteros em cada


igreja local:

Atos 14.23 – E, promovendo-lhes, em cada igreja [singular], a eleição


de presbíteros [plural], depois de orar com jejuns, os encomendaram ao
Senhor em quem haviam crido. (cf. Fp 1.1; 4.15).
Atos 15.4 – Tendo eles chegado a Jerusalém, foram bem recebidos
pela igreja [singular], pelos apóstolos e pelos presbíteros [plural]...
Tito 1.5 – Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em
ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade [singular],
constituísses presbíteros [plural], conforme te prescrevi.
Tiago 5.14 – Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros
[plural] da igreja [singular], e estes façam oração sobre ele, ungindo-o
com óleo, em nome do Senhor.
A. Qualificações dos presbíteros

1 Timóteo 3.2-7 Tito 1.6-11

2. É necessário, portanto, que o 6. Alguém que seja irrepreensível,


bispo seja irrepreensível, esposo de marido de uma só mulher, que tenha
uma só mulher, temperante, sóbrio, filhos crentes que não são acusados de
modesto, hospitaleiro, apto para dissolução, nem são insubordinados.
ensinar; 7. Porque é indispensável que o bispo
3. Não dado ao vinho, não violento, seja irrepreensível como despenseiro
de Deus, não arrogante, não irascível,
porém cordato, inimigo de
não dado ao vinho, nem violento, nem
contendas, não avarento; cobiçoso de torpe ganância;
4. E que governe bem a própria 8. Antes, hospitaleiro, amigo do bem,
casa, criando os filhos sob sóbrio, justo, piedoso, que tenha
disciplina, com todo o respeito domínio de si,
5. Pois, se alguém não sabe 9. Apegado à palavra fiel, que é
governar a própria casa, como segundo a doutrina, de modo que tenha
cuidará da igreja de Deus? poder tanto para exortar pelo reto
ensino como para convencer os que o
6. Não seja neófito, para não contradizem.
suceder que se ensoberbeça e
incorra na condenação do diabo. 10. Porque existem muitos
insubordinados, palradores frívolos e

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7. Pelo contrário, é necessário que enganadores, especialmente os da


ele tenha bom testemunho dos de circuncisão.
fora, a fim de não cair no opróbrio 11. É preciso fazê-los calar, porque
e no laço do diabo. andam pervertendo casas inteiras,
ensinando o que não devem, por torpe
ganância.

Carson disse certa vez que: “Talvez a coisa mais extraordinária a


respeito dos pré-requisitos bíblicos para os presbíteros é que eles não são
extraordinários”. Essa é uma declaração verdadeira, pois a ideia de perfeição
parece não ser a intenção do apóstolo Paulo ao instruir os seus mensageiros.
No entanto, apesar da similaridades, há diferenças entre as listas de
Timóteo e Tito. Sobre isso Hammett, (2005, p. 167).
“Essas diferenças implicam que Paulo não estava tentando ser
exaustivo em nenhuma das listas, mas dando uma lista representativa de
traços de caráter que o presbítero deve incorporar. No entanto, mesmo essa
lista não sendo exaustiva, elas são bastante abrangentes”.

B. Aspectos das qualificações

Familiar Didático

ético Maturidade

Servo

No aspecto ÉTICO:
Irrepreensível (exemplo para os de dentro; boa reputação para os de
fora)
Precisa SER: Sóbrio, Prudente, Amável, Pacífico, Moderado,
Hospitaleiro, Justo, Santo, Temperante, Amigo do bem.
Não precisa SER: ser apegado ou dado ao vinho, soberbo, ira irascível,
violento, cobiçoso de torpe ganância ou apegado ao dinheiro.

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No aspecto FAMILIAR
Marido de uma só mulher - Diferentes interpretações: casado - Não
polígamo - Não recasado - Não divorciado.
Tenha filhos crentes e fieis ao Senhor.
Literalismo: Só homens casados com no mínimo dois filhos podem ser
pastores.
A questão chave da passagem: essa pessoa pode servir de exemplo
como marido e pai?
No aspecto DIDÁTICO
✓ Apto para ensinar (1 Timóteo 3:2)
✓ Apegado a mensagem fiel, da maneira como foi ensinada;
✓ Capaz de encorajar outros pela sã doutrina;
✓ Capaz de refutar os que se opõem a sã doutrina. (Tito 1:9)

No aspecto de MATURIDADE
Não pode ser recém-convertido, para que não se ensoberbeça e caia na
mesma condenação em que caiu o diabo. (1Tm 3.6);

Devemos observar relação entre idade e maturidade. Parece ser isso


que o apóstolo Paulo está enfatizando.
Em resumo:

Homens fiéis
que sejam
também capazes
QUALIFICAÇÃO de ensinar a
outros.
(2Tm 2.2)

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO

EBNESR

NT211-CARTAS PESSOAIS
DO APÓSTOLO PAULO
AULA 05-06

Ricardo J.C. Sobral

EBNESR
Recife, PE
2022
NT211-Cartas Pessoais do apóstolo Paulo 2022 Ricardo J.C. Sobral

SEMINÁRIO TEOLÓGICO EBNESR


CNPJ.: 02.967.320/0001-40 Insc.: Isento
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Dedicatória:

À
Randy Short:
Amigo e irmão amado. Um missionário como o apóstolo Paulo.

SOBRAL, Ricardo J.C. NT211-CARTAS


PESSOAIS DO APOSTOLO PAULO. Recife:
EBNESR, 2022.

19 pg.

1. Epístolas; 2. Igreja; 3. Exegese; 4.


Hermenêutica.

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ÍNDICE

NT211-CARTAS PESSOAIS DO APÓSTOLO PAULO ............................................... 1

ÍNDICE........................................................................................................................... 3

I. A CARTA A TITO ................................................................................................... 4

1. Propósito da carta ............................................................................................... 4

2. A data da carta .................................................................................................... 4

3. Sugestão de Esboços da carta ......................................................................... 5

4. Análise do texto ................................................................................................... 6

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 17

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I. A CARTA A TITO
Deixado em Creta, Tito recebe instruções do apóstolo Paulo com
relação aos procedimentos ministeriais necessários para o desenvolvimento
da Igreja ali.
As recomendações giram em torno da formação e orientação das
lideranças e do cuidado com os falsos ensinamentos que colocavam e risco
a verdade do Evangelho de Cristo.

1. Propósito da carta
a carta a Tito foi escrita com este tríplice propósito em mente:
(1 ) Insistir com Tito a ir ter com Paulo em Nicópolis, assim que um
substituto houvesse assumido o trabalho em Creta (3.12).
(2) Encaminhar Zenas, o intérprete da lei, e Apoio, o evangelista
eloquente (3.13).
(3) Ministrar diretrizes para a promoção do espírito de santifica-
ção nas relações congregacionais, individuais, familiares e sociais.
Desses três propósitos enunciados, o último é o que cobre um território
mais amplo.

2. A data da carta
Estando em alguma cidade da Macedônia, Paulo queria voltar à região
de Éfeso, mas sabia que isso possivelmente demoraria (1 Timóteo 3:14, 15).
Foi nessa ocasião que o apóstolo escreveu 1 Timóteo e Tito.
Os planos de viagem mudaram, porque ele pediu que Tito se juntasse
a ele em Nicópolis, em Épiro, na costa leste do mar Jônico. “Ele ainda não
havia chegado a Nicópolis (3:12)”.
“Como decidira passar o inverno ali (não ‘aqui’), é provável que
estivesse escrevendo no final do verão ou começo do outono”.
Hendriksen (2005, p. 53), observou: “A data 63 d.C. não pode estar
muito distante”.
Imediatamente depois de sua liberação, Paulo envia Timóteo a
Filipos com esta boa notícia (Fp 2.19-23). Não pode estar muito fora a
data de 63 d.C. Depois de 1 9 a 24 de julho de 64 (incêndio de Roma),
a libertação teria sido muito improvável.

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3. Sugestão de Esboços da carta


Esboço segundo o professor Nilton Barreto (apostila EBNESR)
SAUDAÇÃO 1.1-4
I. INSTRUÇÕES GERAIS PARA A IGREJA DE CRETA 1.5-16
1. Qualificação para a liderança dos anciãos 1.5-9
2. Avisos especiais contra os judaizantes 1.10-16
II. INSTRUÇÕES ESPECÍFICAS PARA A PREGAÇÃO 2.1-15
1. Responsabilidades morais dos crentes 2.1-10
2. Palavra aos mais velhos 2.2-5
3. Palavra aos jovens 2.6-8
4. Palavra aos escravos 2.8-10
5. Relação entre salvação e comportamento ético 2.11-15
III. INSTRUÇÃO FINAL PARA TODOS OS CRENTES 3.1-15
1. Responsabilidades civis e sociais dos crentes 3.1-2
2. Testemunho pessoal sobre o poder de Deus 3.3-7
3. Conselho final para pregar o Evangelho e não discutir com os
legalistas 3.8-11
4. Petições pessoais de Paulo 3.12-15
Esboço segundo o Comentário Bíblico São Jerônimo ( p. 638)
(I) Destinatário e saudação (1.1-4)
(II) Líderes para a igreja em Creta (1.5-9)
(A) A tarefa de Tito (1.5)
(B) Qualidades exigidas do presbítero (1.6-9)
(III) Ensino falso e ensino verdadeiro (1.10-3,8)
(A) A índole dos falsos mestres (1.10-16)
(B) O que o verdadeiro mestre deve ensinar (2.1-3,8)
(a) Deveres cristãos no lar (2.1-15)
(i) A tarefa básica (2.1)
(ii) Deveres dos membros da casa (2.2-10)
(iii) Razão: a ação salvadora de Deus (2.11-14)
(iv) A tarefa básica repetida (2.15)
(b) Deveres cristãos na sociedade (3.1-8)
(i) Deveres (3.1-2)
(ii) Razão: a ação salvadora de Deus (3.3-8)
(IV) Contendas e divisões devem ser evitadas (3.9-11)
(V) Recomendações práticas e bênção final (3.12-15)

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Esboço segundo Hendriksen, (2001, p. 409).


Capítulo 1: Na Vida Congregacional.
A. Destinação e Saudação.
B. Deve-se designar presbíteros bem qualificados em todas as cidades
C. Razão: Creta não tem escassez de pessoas de má reputação, as quais
necessitam ser repreendidas com toda seriedade.
Capítulo 2: Na Vida Familiar e Individual.
A. Todas as classes de indivíduos que compõem o círculo familiar
devem conduzir-se de tal maneira que, por meio de sua vida, possam
adornar a doutrina de Deus, seu Salvador.
B. Razão: A graça de Deus se manifestou a todos para a santificação e
para a jubilosa expectativa do aparecimento em glória de nosso
grande Deus e Salvador, Jesus Cristo.
Capítulo 3: Na Vida Social (ou seja, Pública).
A. Os crentes devem obedecer às autoridades. Devem ser amáveis para
com todos os homens, visto que foi a bondade de Deus nosso
Salvador, não nossas obras, o que nos trouxe a salvação.
B. Em contrapartida, é preciso evitar as questões néscias e os homens
facciosos que se negam a prestar atenção às admoestações.
C. Instruções finais com respeito a itinerantes em prol do reino (Artemas
ou Tíquico, Tito, Zenas, Apolo) e a crentes cretenses em geral.
Saudações.

4. Análise do texto

O apóstolo Paulo, escrevendo a Tito, ministra diretrizes para a


promoção do Espírito de Santificação.
Capítulo 01
Esboço do capitulo 01 segundo Hendriksen, (2001, p. 409).
➢ 1-4 Destinação e Saudação.
➢ 1.5-9 Deve-se designar presbíteros bem qualificados em cada
cidade.
➢ 1.10-16 Razão: Creta não tem escassez de pessoas de má reputação,
as quais devem ser seriamente repreendidas.
A vida eterna foi prometida por Deus, “que não pode mentir, antes dos
tempos eternos” (1:2).

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Que promessa significativa estava sendo feita a um povo que era


conhecido como mentiroso e glutão e que vivia basicamente para aquele
momento (1:12);
No começo e no fim de sua carta a Tito, Paulo expressou seu desejo
de que os cretenses convertidos a Cristo olhassem para além do que é
temporal e baseassem suas esperanças no que é eterno (1:2; 3:7);
Paulo começou sua carta enfocando a causa de Cristo e como Tito
poderia instruir as pessoas de Creta em direção à maturidade na redenção
(1:1–4);
Ele deu atenção à necessidade de dar continuidade à condução da
igreja, ao detalhar as qualificações e deveres dos bispos (1:5–16);
Paulo sabia que os cretenses poderiam ser remidos de suas vidas
desordeiras e ser guiados a uma vida piedosa e fiel.
A confiabilidade da redenção (1.2b)
O que Paulo estava apresentando tem uma base sólida, pois procede
do Deus Jeová, “que não pode mentir” (1:2b).
Hebreus 6:18 diz: “mediante duas coisas imutáveis, nas quais é
impossível que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já corremos para
o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta”.
Isso se contrasta acentuadamente com os cretenses, que eram
rotulados de “mentirosos” (1:12).
Essa redenção foi retransmitida por meio de Paulo. Dessa maneira,
recebemos o “mandato” de Deus.
O termo que Paulo usou indica sua aguçada consciência de que se
tratava de um dever.
Ai daquele que se põe a transmitir a mensagem de Deus e o faz sem
uma consciência do dever que lhe pesa de manejar essa mensagem fielmente
(2 Timóteo 2:15).
1.5-16
Paulo queria presbíteros qualificados em cada congregação existente
na ilha de Creta.
Deus planejou que a igreja crescesse dessa maneira.

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Por causa das tentativas do diabo em enfraquecer a causa de Cristo, a


igreja precisa de homens que sejam estáveis e fortes;
Os versículos 10 e 11 confirmam esse fato.
Os deveres dos bispos (1.5).
O trabalho de um evangelista não está concluído somente com a
pregação do evangelho, o batismo de crentes em Cristo ou o estabelecimento
de congregações.
O trabalho designado é totalmente cumprido quando todos esses
passos resultam numa maturidade entre os membros, de modo que
presbíteros qualificados possam ser nomeados em cada congregação (1:5).
O apóstolo deixou Tito em Creta “por esta causa”.
Paulo queria que Tito “constituísse presbíteros” em cada cidade.
O trabalho vital de um evangelista é preparar esses homens para que
estejam prontos, em pensamento e atitude, para realizar o trabalho para o
qual os presbíteros são convocados.
Quando Paulo deu a Tito essa incumbência, ele a “prescreveu”.
Não se tratava de uma opção para Tito ou qualquer outro evangelista
que encontre necessidades ou desordem na vida congregacional.
A necessidade de haver presbíteros (1.10–16).
Membros instáveis podem ser dominados pelo ambiente que os cerca
(1.10–14).
Paulo declarou que muitos se encaixam numa das três categorias
seguintes — e todos são agitadores (1:10, 11).
Alguns são “insubordinados”.
Resistem a quaisquer princípios que controlem ou restrinjam sua
conduta.
São rebeldes sem causa.
Reagem, em vez de agir, rebelam-se em vez de relacionar-se.
Preferem problemas à verdade!
Essas pessoas estão classificadas juntamente com os “palradores
frívolos”. Talvez falem muito, mas não dizem nada proveitoso.
O que dizem pode ofender, mas não ajudar.
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Só o Senhor sabe quanto tempo esses faladores já desperdiçaram e


quantos ouvidos já fisgaram sem uma causa justa.
O grupo seguinte opera num nível mais perigoso, pois são
“enganadores”.
O termo parece se referir às tentativas carismáticas de conduzir o povo
de Deus a operar através de sentimentos que visam agradar a carne, em vez
de viver pela fé edificada na sã doutrina.
O fato de tais enganadores perigosos estarem no meio do rebanho
salienta a necessidade de haver homens qualificados conforme a descrição
de 1:9.
A tragédia é que todos esses três grupos influenciam as almas de modo
destrutivo e prejudicial.
Os agitadores que Paulo descreveu estavam “pervertendo casas
inteiras” (1:11), ou seja, estavam destruindo a fé de famílias inteiras.
“Ensinando o que não devem”, tais pessoas estavam resistindo à sã
doutrina de 1:9.
Um elemento mercenário mereceu a forte condenação de Paulo:
estavam promovendo ensinos falsos “por torpe ganância”.
A ordem de Paulo foi: “Repreende-os severamente” (1:13).
É necessário um conhecimento da Palavra e grande coragem para
cumprir essa ordem, mas trata-se de um imperativo.
Almas de pessoas e famílias inteiras estão em risco, neste caso.
Essas mesmas almas podem mudar, de modo que “sejam sadias na fé”.
Essa ordem divina para repreender não pode ser cumprida:
1) mantendo-se uma distância por medo,
2) comentando-se quão terrível tal atitude é,
3) falando dos em vez de falar com os malfeitores, ou
4) falando com eles, mas tornando-se tão teimoso quanto eles.
Irmãos imaturos podem reagir de uma ou mais de uma dessas
maneiras.
Precisamos de homens maduros que tenham poder tanto para
exortar na sã doutrina como para convencer os contradizentes!
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O trabalho que foi dado a Tito e é colocado diante de todo evangelista


é ajudar a restaurar a dignidade do homem idealizada por Deus!
Enquanto os puros buscam uma conduta pura, os impuros alegam
serem leais a Deus, mas, sob pressão ou estresse, O “negam” (1:16).
Prometem praticar a piedade, mas só “professam” isso.
As pessoas desobedientes e reprovadas, em contraste com as boas
obras — a linha de ouro que perpassa a carta de Paulo a Tito — são descritas
sumariamente como “abomináveis”.
Como é trágico almas criadas à imagem de Deus se tornarem
imprestáveis!
Capítulo 02
Esboço do capitulo 01 segundo Hendriksen, (2001, p. 436).
Tema: O Apóstolo Paulo, Escrevendo a Tito, Ministra Diretrizes
para a Promoção do Espírito de Santificação Na Família e na Vida
Individual
2.1-1 0 Todas as classes de indivíduos que compõem o círculo
familiar deveriam conduzir-se de tal maneira que por sua conduta adornem
a doutrina de Deus, seu Salvador.
2.11-1 5 Razão: A graça de Deus se manifestou a todos para
santificação e para esperar com alegria o aparecimento glorioso de nosso
grande Deus e Salvador, Jesus Cristo.
2.1. …a fim de ornarem, em todas as coisas, a doutrina de Deus, nosso
Salvador (Tito 2:10).
Em contraste com os que se permitem ser abomináveis, desobedientes
e reprovados, Paulo queria que Tito combatesse a corrupção falando
conforme a “sã doutrina” (2:1).
A alma poluída pode ficar pura, se for purificada pela verdade!
Paulo fez uma aplicação prática, baseada na sã doutrina, ao expor qual
deve ser a conduta diária adequada de todo cristão (2:1–10).
A base para a conduta de todo cristão, disse ele, é a graça de Deus
(2:11–15).

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À luz da reputação do povo cretense, o apóstolo enfatizou que todos


podem ser salvos pela graça de Deus — e todos devem aceitar a oportunidade
de fazer parte do plano divino.
Paulo pediu que o homem maduro fosse “temperante”.
Temperante (gr.: hefalios) – “sóbrio… [especialmente] em relação ao
vinho… Sensato, vigilante, circunspeto” (Robinson, p. 480).
O homem idoso ou mais velho deve ser “respeitável”.
Respeitável (gr.: semnos) – “augusto, venerável, reverendo; ser
venerado por causa do caráter, honorável… 1 Timóteo 3:8, 11; Tito 2:2…
Filipenses 4:8”
Ele deve ser “sensato”.
Sensato (gr.: sofron) – “que tem o juízo sadio… que controla os
desejos e impulsos… Tito 1:8; 2:2, 5” (Thayer, p. 613); “…sobriedade de
mente, moderação de desejos, paixões, conduta” (Robinson, p. 707).
Ele deve ser “sadio na fé”.
Ele deve ser sadio no “amor” (gr.: agape).
Ele deve ser sadio “na constância”.
As mulheres mais velhas e as mulheres jovens (2.3–5).
As mulheres mais velhas podem ser uma grande bênção para as jovens
estudando e partilhando com elas a verdade.
Mulheres como Ana (Lucas 2:36–38) e Lóide (2 Timóteo 1:5) e
Priscila (Atos 18:24–26) foram extremamente úteis no amadurecimento de
almas para o Salvador.
Mulheres piedosas, o Senhor sabia, ajudariam a espalhar o reino como
o fermento na massa (Lucas 13:21; Gálatas 5:9).
As mulheres mais velhas (2:3,4a).
As mulheres mais velhas devem ser “sérias”.
Sério (gr.: hieroprepes) – comportamento “que se apresenta diante de
um lugar ou pessoa sagrada… santo, reverente, Tito 2:3… conduta que
adorna a profissão de fé cristã” (Robinson, p. 346).
As mulheres mais velhas não devem dedicar seu tempo ou
temperamento para serem “caluniadoras”.

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Por terem mais tempo para opinar, podem ter mais tempo para falar.
Paulo preveniu essas duas possibilidades proibindo o impulso de
fofocar!
As mulheres mais velhas não devem ser “escravizadas a muito vinho”.
As mulheres mais velhas devem ser “mestras do bem”. (Examine
Lucas 2:36–38; Atos 21:8, 9; Filipenses 4:2, 3; Hebreus 5:11–14.)
As mulheres mais velhas devem “instruir” (2:4).
Paulo abordou as especificações desse treinamento na seção seguinte.
As mulheres jovens (2:4b, 5)
As mulheres jovens devem “amar” seus maridos e filhos.
As mulheres jovens devem ser “sensatas” (2:5).
As mulheres jovens devem ser “honestas” ou “puras” (NVI).
Elas precisam ajudar a imprimir nas mentes das jovens como se pratica
a pureza.
As mulheres jovens devem ser “boas donas de casa”.
As mulheres jovens devem ser “bondosas”.
As mulheres jovens devem ser “sujeitas” aos seus maridos.
Paulo acrescentou uma advertência. Se o ensino, o treinamento e a
prática dessas mulheres não fossem de acordo com a orientação divina, a
Palavra de Deus poderia ser “difamada”.
Os homens jovens (2.6–8).
Três vezes (2:2, 5, 6) esses servos de Deus são instruídos a serem
“sensatos” ou “criteriosos”!
Tito era jovem. Por isso, Paulo usou a segunda pessoa do singular —
“Torna-te, pessoalmente, padrão”.
A doutrina precisa ser ensinada com “integridade”.
Todas essas características misturam-se para formar um irmão que tem
uma “linguagem sadia e irrepreensível” (2:8).
Paulo começou falando de sã doutrina no imperativo (2:1) e fechou
com a mesma ênfase, acrescentando o imperativo de um estilo de vida e
uma linguagem consistente com a doutrina.

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William Barclay resumiu nestas palavras o papel de um evangelista ao


ensinar a verdade:
“Ele precisa ter dignidade. Dignidade não é indiferença, nem
arrogância, nem orgulho. Dignidade é a conscientização de ter a grandiosa
responsabilidade de ser um embaixador de Cristo.
“Ele precisa ter uma mensagem sadia. O professor e pregador cristão
precisa propagar, com exatidão, as verdades do evangelho, e não suas
próprias ideias.
“A maior homenagem que se pode fazer a um professor é dizer a
respeito dele: ‘Primeiro ele fez, para depois ensinar’”.
Os servos (2.9, 10).
Os versículos 9 e 10 alertam os servos cristãos a cumprirem seu papel
honradamente.
Os servos devem ser “obedientes” aos seus senhores.
Os servos devem dar ao senhor motivo de “satisfação”.
Os servos devem servir seus senhores com alegria e boa vontade,
na tentativa de agradar-lhes em tudo.
Essa característica também pode se aplicar à relação
empregador/empregado.
Os empregados devem abandonar a prática de agradar o chefe só
quando este está presente, desrespeitando-o na sua ausência.
Paulo não deixou espaço para essa conduta hipócrita. Esse foi o
próximo fator enfatizado pelo apóstolo: os servos não devem ser
“respondões”.
Outro padrão de comportamento importante para os servos (ou
trabalhadores) é que “não furtem”.
A atitude aqui pode ser traduzida por: “Ele é rico mesmo [ou a empresa
é grande]. Não vai fazer mal eu pegar só um pouco!”.
Em contraste com essa insensatez, o servo (ou trabalhador) descrito
por Paulo deve dar prova “de toda a fidelidade” (gr.: agathos).
É a mesma palavra traduzida por “bondosas” em 2:5.
Aqueles que seguem esse padrão de conduta fazem a sua parte no
sentido de preservar a sã doutrina, à medida que a “ornam”.

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O procedimento (2.12).
Todas as pessoas precisam ser purificadas de seus pecados para serem
salvas (Romanos 5:12).
Para limpar seus pecados, a pessoa tem de renegar a “impiedade” e “as
paixões mundanas” e tornar-se correta perante Deus (2:12).
O cristão, embora esteja no mundo, não deve ser do mundo (João
17:11–16).
A ordem de Paulo (2.15)
Paulo disse a Tito: “Dize estas coisas; exorta e repreende também com
toda a autoridade…” (2:15).
Essas verdades vitais, que estabelecem um padrão e enchem de
esperança devem ser ditas aos que jamais as ouviram.
Capitulo 03
Esboço do capitulo 01 segundo Hendriksen, (2001, p. 464).
O Apóstolo Paulo, Escrevendo a Tito, Ministra Diretrizes
para a Promoção do Espírito de Santificação
Na Vida Social (ou seja, Pública)
➢ 3.1-8 Os crentes devem obedecer às autoridades. Devem ser
amáveis com todos os homens, visto que foi a bondade de Deus nosso
Salvador, não nossas obras, o que nos trouxe a salvação.
➢ 3.9-11 Em contrapartida, é preciso rejeitar as questões néscias e os
homens facciosos, que se negam a prestar atenção às admoestações.
➢ 3.12-15 Orientações conclusivas com respeito aos itinerantes
do reino (Artemas ou Tíquico, Tito, Zenas, Apoio) e aos crentes em
geral. Saudações.
Os cristãos devem sempre se comportar com respeito perante uma
autoridade (veja Atos 23:1–5; 1 Pedro 2:13–17).
Combinadas, essas palavras significam fazer o que a lei exige e ter
uma boa atitude ao fazê-lo.
A sujeição obediente aos governantes e autoridades pertence à
categoria das “boas obras”.
O cristão não deve “difamar a ninguém” (3:2). Esse tipo de linguagem
não convém ao cristão.
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Nenhuma palavra torpe ou corrupta deve sair da nossa boca (veja


Efésios 4:29; Colossenses 4:6; 1 Pedro 3:9, 10).
Tal linguajar não serve para nenhum propósito e não é aproveitável
nos relacionamentos humanos.
Este é um bom momento para observar que as características dos
bispos (1 Timóteo 3:3) aplicam-se a todo cristão.
Não altercador (gr.: amachos) – “não ser resistente… abstendo-se
mais raramente de brigas… Inimigos de contendas, 1 Timóteo 3:3; Tito 3:2”
(Thayer, p. 31).
O cristão deve ser “cordato”.
Cordato (gr.: epieikes) – “conveniente… imparcial, justo, meigo, 1
Timóteo 3:3; Tito 3:2; 1 Pedro 2:18; Tiago 3:17… Filipenses 4:5” (Thayer,
p. 238).
O cristão deve “dar provas de toda cortesia”.
Toda cortesia (gr.: prautes) – “…gentileza, humildade, cortesia,
consideração, brandura. Tito 3:2. 1 Timóteo 3:2”.
Obras proveitosas (3:8).
Paulo queria que Tito afirmasse “confiadamente” (3:8) essas verdades.
Confiadamente (gr.: diabebaiomai) – “insistir” (Arendt e Gingrich, p.
180).
Que tragédia seria os falsos mestres manifestarem esse espírito e os
evangelistas do Senhor deixarem de apresentar a verdade com confiança!
Obras não proveitosas e vãs (3:9).
Como é trágico uma aula bíblica ou discussão entre irmãos (incluindo
pregadores) consumir tempo com questionamentos sem conhecimento,
prudência e sabedoria (veja Tiago 1:5).
Os que são solícitos nesse tipo de discussão inútil são como as pessoas
que negligenciam e desprezam o que se refere à salvação.
Não devemos nos envolver em “discórdias”.
Questionamentos insensatos e ênfases indevidas sobre genealogias
muitas vezes levam a discórdias.
Esses debates começam com algo nada importante e acabam em

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William Barclay resumiu convenientemente esses pensamentos:


“Não há nada de virtuoso em sentar-se para discutir profundas
questões teológicas quando as simples tarefas da vida cristã estão à espera
de execução. É realmente verdade que tal discussão pode não passar de uma
evasão dos deveres cristãos [...] De forma alguma isso quer dizer que não
há espaço para discussões na vida do cristão; o fato é que a discussão que
não culmina em ação é um imenso desperdício de tempo”.
Os pervertidos necessitam de disciplina corretiva (3:10, 11).
O Espírito nos forneceu o nome que descreve tal indivíduo: ele é o
homem “faccioso” (3:10).
Faccioso (gr.: hairetikos) – “partidário, aquele que funda ou crê numa
heresia, Tito 3:10… herege” (Robinson, p. 17);
…que causa divisões” (Arendt e Gingrich, p. 23); “…cismático…
seguidor de doutrina falsa” (Thayer, p. 16).
Ou seja, devemos evitar o espírito faccioso e nos recusar a nos
juntarmos a qualquer pessoa ou tendência partidária que divida o corpo do
Senhor comprado com o Seu sangue (veja 1 Coríntios 1:10; Romanos 16:17,
18; Atos 20:29–31).
A esta altura (depois de todos os esforços para mudar a mente e o
comportamento), “sabemos” que tal pessoa está “pervertida” (3:11).
“Vive pecando”; e, portanto, a verdade de Deus e sua conduta
demonstram que ele “por si mesmo está condenado”.
O fato de Paulo pedir que esses irmãos importantes (Timóteo e Tito),
além de outros, se revezassem no serviço nos ensina uma lição.
É bom que os cristãos se mudem para as regiões necessitadas e que
oferecem oportunidade para a pregação do evangelho (veja Tito 1:5; Atos
13:1–3; 16:6–10).

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LEEMAN, Jonathan, A Igreja e a Surpreendente Ofensa do Amor de Deus


(São José dos Campos/SP: 2014.
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Candeia, 2000.

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO

EBNESR

NT211-CARTAS PESSOAIS
DO APÓSTOLO PAULO
AULA 7-8

Ricardo J.C. Sobral

EBNESR
Recife, PE
2022
NT211-Cartas Pessoais do apóstolo Paulo 2022 Ricardo J.C. Sobral

SEMINÁRIO TEOLÓGICO EBNESR


CNPJ.: 02.967.320/0001-40 Insc.: Isento
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Dedicatória:

À
Randy Short:
Amigo e irmão amado. Um missionário como o apóstolo Paulo.

SOBRAL, Ricardo J.C. NT211-CARTAS


PESSOAIS DO APOSTOLO PAULO. Recife:
EBNESR, 2022.

36 pg.

1. Epístolas; 2. Igreja; 3. Exegese; 4.


Hermenêutica.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4

I. A SEGUNDA CARTA A TIMÓTEO ...................................................................... 5

1. Propósito da carta ........................................................................................... 5

2. Contexto e data da carta ................................................................................ 6

3. Esboços propostos ......................................................................................... 8

4. Analise do texto de 2 Timóteo..................................................................... 11

II. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 35

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INTRODUÇÃO
Este trabalho propõe-se apresentar a relevância da mensagem das
Cartas pessoais, do apóstolo Paulo, aos seus discípulos, Timóteo e Tito, bem
como o seu amigo Filemom.
Enfatizaremos também, a grande questão que envolve as cartas ditas
“pastorais” de forma erroneamente, o qual alterou, sensivelmente, o modelo
de organização eclesiástica, no que diz respeito ao pastorear a irmandade.
Para isso, pretende-se, primeiramente, identificar algumas questões
introdutórias, tais como: autoria, data, cenário, etc. para em seguida,
Examinar também o conteúdo e teologia das cartas.
O objetivo é trazer à luz, à medida que a investigação se desenrola, as
contribuições e implicações destas cartas aos cristãos contemporâneos. Isso
se dará em três momentos:

✓ na exposição das cartas delineando o aspecto histórica da interpretação


recuperando o contexto e o ambiente pelo o qual o apóstolo Paulo escreve
suas cartas pessoais;
✓ No emprego da leitura e exegese das epístolas, com o propósito de
reconstruir o conceito apostólico na orientação na igreja bíblica;
✓ Na apreciação relacional entre os modelos encontrados nas cartas, bem
como o serviço e a função de cada personagem evidenciado na epístolas.

Esse objetivo permitirá conjecturar sobre o distanciamento que há


entre o exercício do ministério na atualidade e os modelos bíblicos. Feito
isso, poderemos identificar possíveis soluções e, assim, restaurar a figura
cristã que desenvolve o seu ministério empenhado com a verdade do
Evangelho do Senhor Jesus.

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I. A SEGUNDA CARTA A TIMÓTEO

Sendo, cronologicamente, a terceira carta deste grupo a ser escrita, 2


Timóteo apresenta dados da situação pessoal do apóstolo Paulo frente ao
momento crítico do seu julgamento final e morte.
O apóstolo ainda demonstra extrema preocupação com Timóteo e o
desenvolvimento do seu ministério na Igreja de Éfeso, por isso um texto tão
comovido e apelativo.
Além de retomar o assunto do perigo das falsas doutrinas, Paulo faz
recomendações a Timóteo sobre o progresso de sua carreira ministerial e
vida pessoal.

1. Propósito da carta
Quando deixamos 1 Timóteo e Tito, e nos volvemos para 2 Timó-
teo, notamos imediatamente que toda a atmosfera sofre mudança.
Quando Paulo, escreveu 1 Timóteo e Tito, o apóstolo era um homem
livre, que podia fazer planos de viagens, no entanto, quando escreve 2
Timóteo, ele é um prisioneiro que se acha face a face com a morte.
De acordo com Lopes (2014, p. 13), entende que mesmo Paulo:
➢ estando abandonado à própria sorte em uma masmorra (1.15; 4.10;
4.16),
➢ sofrendo o frio implacável do inverno que se aproximava (4.21).
Ele não estava preocupado consigo mesmo, mas com o evangelho.
Portanto, o seu propósito nessa última carta era de conscientizar
Timóteo:
1. guardar o evangelho (1.14),
2. sofrer pelo evangelho (2.3.8.9),
3. perseverar no evangelho (3.13,14)
4. pregar o evangelho (4.1,2).
Paulo estava passando o bastão para as mãos de Timóteo, e este
deveria transmitir com fidelidade o evangelho a homens fiéis, que pudessem
passar adiante o mesmo acervo bendito (2.2).
Hendriksen (2005, p. 60), nos traz outras informações e portanto, é
possível resumir assim o propósito de Paulo ao escrever 2 Timóteo:

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(1 ) Solicitar que Timóteo fosse a Roma o mais depressa possível


em vista da iminente partida do apóstolo desta vida (4.9, 21 ; cf. 4.6-8).
(2) Admoestá-lo a persistir na sã doutrina, defendendo-a contra
todo e qualquer erro e suportando as dificuldades como bom soldado.
Este segundo item é característico de toda a carta.
Myer Pearlman (1987, p. 297), explica que essa epístola foi escrita
para pedir a presença de Timóteo em Roma, admoestá-lo contra os falsos
mestres, animá-lo em seus deveres e fortalecê-lo contra as perseguições
vindouras.
Na mesma linha de pensamento, Gordon Fee e Douglas Stuart (2013,
p. 449), destacam que o propósito da carta:
É pedir a Timóteo que se junte a Paulo em Roma quanto antes (4.9,
21), levando consigo Marcos (4.11) e alguns itens pessoais (4.13).
Timóteo deve ser substituído por Tíquico, o portador da carta (4.12).
A razão para a pressa é o começo do inverno (4.21) e o fato de que a
audiência preliminar já havia ocorrido (4.16).
A maior parte da carta, porém, se ocupa com um apelo para que
Timóteo se mantenha leal a Paulo e ao evangelho, aceitando o sofrimento e
a privação.

2. Contexto e data da carta


Em liberdade entre os anos 62 a 67 d.C. Paulo escreveu sua primeira
carta para Timóteo e sua carta para Tito.
Em algum lugar entre Mileto e Roma, Paulo foi preso novamente e
levado a um breve, porém rígido encarceramento (2 Tm 1.16, 17; 2.9; 4.14–
18).
Agora ele é um prisioneiro em Roma e está perante o tribunal mais
uma vez (4.16).
A liberdade que Paulo tinha por ocasião de sua primeira prisão em
Roma lhe foi negada desta vez.
Antes ele tinha seus amigos e irmãos ao seu redor.
Agora, ele estava numa prisão fria e sem liberdade.

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Numa situação bem mais difícil agora. Tão difícil que alguns o
abandonaram (1.15). Demas foi um destes (4.10).
Outros foram mandados por Paulo para realizar trabalhos, como
Crescente indo para a Galácia, Tito para a Dalmácia e Tíquico para Éfeso
(4.10-12).
Parece que Paulo tinha sido julgado uma vez e estava esperando o
segundo julgamento e no primeiro julgamento ninguém havia sido a seu
favor (4.16).
Sendo que um irmão – Onesíforo – nunca teve vergonha das algemas
de Paulo e sempre ficou ao seu lado (1.16-18). Mas, no fim somente Lucas
estava com Paulo (4.11).
Ele previu que o fim de sua vida estava próximo (2 Timóteo 4.6–8).
Sozinho, ele desejava que Timóteo estivesse com ele antes do inverno
(2 Timóteo 4.9–11, 21).
Nestas condições Paulo escreveu sua segunda carta para Timóteo no
ano de 65 a 67 d.C.
As circunstâncias demonstravam que era um tempo de sofrimento
(1.12; 2.9, 12; 3.11,12; 4.5).
A situação e a preocupação de Paulo estão entrelaçadas por toda a
epístola através de palavras chaves como “encarcerado” (1.8), “algemas”
(1.16; 2.9).
Eis as palavras que exprimem a situação de Paulo e contexto desta
epístola.
➢ “Participa... dos sofrimentos, a favor do evangelho” (1.8);
➢ “Evangelho, pelo qual estou sofrendo até algemas” (2.8);
➢ “Participa dos sofrimentos, como bom soldado de Cristo Jesus” (2.3);
➢ “Ora, todos quantos querem vier piedosamente em Cristo Jesus serão
perseguidos” (3.12);
➢ “O tempo da minha partida é chegado...” (4.6).
A atmosfera é diferente daquela em que notamos na primeira epístola
escrita ao mesmo destinatário.
É um documento muito comovente, pois Paulo é visto enfrentando a
morte, relembrando seu ministério passado e com terna preocupação com
seu filho na fé para que seja forte na obra para a qual Deus o chamou.
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É uma epístola com apelos tocantes, especialmente em vista à situação


de Paulo.
A lealdade de Timóteo a Cristo sofreria um rude teste em vista das
trágicas circunstâncias em que Paulo se encontrava em Roma.
Não bastassem os problemas em Éfeso, Timóteo recebe esta carta onde
seu mentor, mestre e amigo despede-se dele.
Paulo chama Timóteo para testemunhar e sofrer.
Paulo, como já mencionamos, fala repetidamente da pregação do
evangelho e do sofrimento resultante.
Nesta epístola encontramos os sentimentos de um velho soldado
revelados a seu filho no Evangelho.
Esta epístola contém as últimas palavras do grande Apóstolo.
É sua carta de despedida (Veja 4.6-8).
Foi a última que ele escreveu.
A segunda prisão em Roma e iminente execução de Paulo poderiam
estar representando um fator desestimulante para Timóteo.
Com “Lágrimas” (1.4);
“Reavives o dom de Deus” – Não deixe que se apague a chama (1.6);
“Deus não nos tem dado espírito de covardia” (1.7);
“Não te envergonhes” (1.8), “Não me envergonho” (1.12).
“Suporta as aflições...” (4.5).
Pode ser que Tíquico tenha sido o portador a ser entregue a Timóteo,
já que iria à Éfeso (4.12).

3. Esboços propostos

Nesta carta ainda estamos ouvindo a voz de Paulo, e nela a ouvimos


falar com uma intimidade pessoal única, que só aqui podemos perceber o
quanto Timóteo, em seus dias, necessitava da ajuda, que só Paulo poderia
ter-lhe dado.
Portanto, o texto se apresenta dividido como as sugestões que se
seguem:
A princípio gostaria de apresentar a proposta do nosso professor
Álvaro Pestana.

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Tema: O Obreiro Que Não Tem do Que Se Envergonhar


Versículo Chave: 2.15
I. Primeira Incumbência ou Apelo – REAVIVA (1)
A. Saudação (1,2)
B. Ação de graças (3-5)
C. Reaviva o Dom (6,7)
D. Dispõe-te a Sofrer (8-12)
E. Guarda a Verdade (13, 14)
F. A Presente Situação de Paulo (15-18)
II. Segunda Incumbência ou Apelo – FORTIFICA-TE (2)
A. Sê Forte (1)
B. Transmite a Mensagem a Homens Fiéis (2)
C. Ilustrações do Soldado, Atleta e Agricultor (3-7)
D. Jesus Cristo. Inspiração de Constância (8-13)
III. Terceira Incumbência ou Apelo – EVITA (2.14-, 3.17)
A. Evita Vãs Disputas e Controvérsias Insensatas (2.14-26)
B. Foge dos Licenciosos Apóstatas (3.1-9)
C. Segue os Fiéis e a Palavra (3.10-17)
IV. Quarta Incumbência ou Apelo – PREGA (4)
A. A. Prega A Palavra (1 -5)
B. Um Testemunho Triunfante (6-8)
C. Instruções e Informações Pessoais (4.9-18)
D. Saudações e Bênçãos Finais (4.20-22)
Contribuindo com esse esquema apresentado pelo professor Álvaro
Pestana, Hendriksen (2005, p. 268-270), descreve seu esboço apresentando
algumas sugestões importantes que valem a pena observar:
Para Hendriksen, nenhuma forma de esboço breve pode fazer justiça
ao rico e variado conteúdo de uma carta tão pessoal como é 2 Timóteo.

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Não obstante, a nota dominante é clara: "Timóteo, não se envergonhe,


mas, pela graça de Deus, esforce-se ao máximo, e esteja disposto a suportar
o árduo trabalho para preservar e promover a sã doutrina".
Não há divisões marcantes. Antes, a ênfase muda gradualmente de um
ponto a outro. Ao começar com um novo ponto, ele não abandona
completamente o anterior.
Vejamos abaixo suas sugestões:
Divisões Principais com Passagens-Chave
Capítulo 1 : RETENHA- A
A. "Aumente a chama do dom de Deus" (v. 6)
B. "Não se envergonhe" (v. 8; cf. vv. 12, 16)
C. "Retenha.. . as sãs palavras" (v. 13)
D. "Guarde o precioso depósito" (v. 4)
Capítulo 2: ENSINE-A
A. "As coisas que você ouviu... confie a homens fiéis... aptos para ensinar
também a outros" (v. 2)
B. "Suporte as dificuldades juntamente com [nós] " (v. 3 ; cf. v. 9)
C. "O Senhor lhe dará entendimento em todas as coisas" (v. 14)
D. "Um servo do Senhor deve ser... qualificado para ensinar" (v. 24)
Capítulo 3 : PERSEVERE NELA
A. "Virão tempos difíceis" (v. 1 )
B. "Você, porém, tem seguido meu ensino, conduta, propósito" (v. 10)
C. "Continue nas coisas que você aprendeu" (v. 14)
Capítulo 4: PREGUE- A
A. "Eu o incumbo" (v. 1 )
B. "Pregue (ou "Proclame" ) a palavra" (v. 2)
C. "Faça o trabalho de um evangelista; cumpra plenamente seus deveres
como ministro" (v. 5)
Esboço com Divisões e Subdivisões
Capítulo 1 : RETENHA- A "Não se envergonhe"
A. Como Lóide e Eunice fizeram;
B. Como eu, nunca se envergonhar do evangelho;
C. Como Onesíforo fez: não se envergonhou de minhas cadeias.

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Capítulo 2: ENSINE-A "Suporte as dificuldades juntamente com (nós)"


A. Traz grande galardão; seu glorioso conteúdo;
B. Pelo contrário, as discussões friteis não contêm um propósito útil.
Capítulo 3 : PERSEVERE NELA "Virão tempos difíceis"
A. Sabendo que se levantarão inimigos, que terão sua forma, porém
não seu poder;
B. Sabendo que está baseada nas Sagradas Escrituras, como aprendeu
de pessoas dignas de confiança.
Capítulo 4: PREGUE- A "Eu o incumbo"
A. A tempo e fora de tempo, porque a apostasia vem. Permaneça fiel,
considerando que estou de partida;
B. Assuntos de informação pessoal, petições e saudações.

4. Analise do texto de 2 Timóteo


Capítulo 1
Sugestão de Alan G. Nute – (2008, p. 2064).
I. SAUDAÇÕES (1.1,2)
II. ENCORAJAMENTO A TIMÓTEO (1.3-18)
1) Reacender o dom (1.3-7)
2) Compartilhar no sofrimento (1.8-14)
3) Prestar atenção em exemplos, bons e maus (1.15-18)
Sugestão de Hendriksen (2005, p. 271).
O Apóstolo Paulo Diz a Timóteo o Que Fazer no Interesse da Sã
Doutrina
I Retenha-a "Não se envergonhe"
A. 1.1-7 (Retenha-a) como fizeram Lóide e Eunice. Os versículos 1
e 2 contêm o destinatário e a saudação.
B. 1.8-14 Como eu, nunca se envergonhe do evangelho.
C. 1.15-18 Como Onesíforo fez: não se envergonhou de minhas
cadeias. Contraste: "todos os que estão na Ásia" , que me
abandonaram.

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Capítulo 01
1-2
Paulo se apresenta como o representante oficial de Cristo Jesus.
Ele tem o direito de dizer "de Jesus Cristo", porque pelo mesmo foi
separado para este elevado ofício.
Pertence a Cristo e deve exercer suas funções em seu serviço.
Além do mais, Paulo não se autodesignou, mas foi investido de
autoridade para tal comissão "pela vontade de Deus" (cf. "por ordem de
Deus" , lT m 1.1).
Ainda que não passasse de um prisioneiro, sua palavra tem o respaldo
divino. Cf. Efésios 1.1 ; Colossenses 1.1 , também escritas da prisão.
Paulo está se dirigindo a "Timóteo [meu] bem-amado filho" . Cf. 2
Timóteo 2.1 ; 3.14.
Assim como, num sentido secundário, um filho deve a vida natural a
seus pais terrenos, Timóteo devia sua vida espiritual a Paulo. Além do mais,
como o filho serve a seus pais, assim Timóteo servia a Paulo e, com Paulo,
ao evangelho.
1.3–7
Um evangelista sem lágrimas deve ter algum vazio na alma ou alguma
negligência no serviço.
As lágrimas eram comuns na vida de Paulo (Filipenses 3.18; Atos
20.19, 31; 2 Coríntios 2.4).
“Fé sem fingimento” — Loide, Eunice e Timóteo (1.5).
A bíblia refere-se a muitos tipos de fé, mas há algo especial sobre a
“fé sem fingimento”.
Fé sem fingimento (gr. anupokritos) – “sem hipocrisia”.
O não fingimento, ou seja, sinceridade, pode não refletir a
profundidade da fé, mas garante sua pureza e honestidade.
O dom que Deus deu a Timóteo evocava firmeza (1.6).
Paulo estava preocupado com a possibilidade de Timóteo perder um
pouco do seu vigor e entusiasmo, fazendo com que seu dom não fosse
devidamente exercitado (1 Timóteo 4.14).

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Ele tinha algumas enfermidades físicas (1 Timóteo 5.23).


Ele poderia sucumbir ao medo (2 Timóteo 1.7).
A juventude de Timóteo poderia levá-lo a intimidar-se em meio a
situações de pressão (1 Timóteo 4.12; 2 Timóteo 2.22).
Os falsos mestres e as almas propensas a discussões existentes em
Éfeso poderiam tirar-lhe o ânimo e condená-lo ao anonimato (veja 1 Timóteo
1.3–7, 19, 20; 4.6, 7; 6.3–10; 2 Timóteo 2.14–19, 23).
Os irmãos corriam certo perigo nas mãos do governo e manter a
coragem em favor de Cristo não era fácil (veja 2 Timóteo 1.8; 2.3–5; 4.4, 5).
Portanto, o dom de Timóteo dado por Deus precisava ser reavivado de
modo que a chama queimasse de maneira reluzente.
Timóteo precisava reconhecer que Deus nos oferece um espírito de
“poder”.
Hendriksen resumiu a confiança de Paulo nestas palavras:
“Se alguém teme o poder de perseguição de Satanás mais do que
confia na capacidade e prontidão de Deus para ajudar, essa pessoa perdeu o
equilíbrio mental. Certamente, Timóteo não chegara a esse ponto!”.
Mas o ambiente que o cercava lhe proporcionava este risco em alto
nível.
v.8–14
Muitos combates na vida cristã podem pôr à prova a alma.
Apuros como os de Paulo, é o preço que às vezes se paga para
proclamar a verdade e os irmãos que renunciam a fé podem exercer uma
pressão contra e provocarem desânimo.
Pressão em excesso pode fazer tropeçar qualquer um que não esteja
espiritualmente forte em Cristo.
Em primeiro lugar, os que têm sido tímidos para carregar um exemplar
da Bíblia publicamente, por exemplo, ou os que não defendem a verdade,
devem prestar muita atenção ao apelo de Paulo a Timóteo:
“Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor” (1.8).
O apelo é prático e a prova é real.
Só uma convicção profunda pode vencer tal dificuldade.

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Podemos nos “envergonhar” de pessoas (Marcos 8.38; Lucas 9.26), de


palavras, do evangelho (Romanos 1.16), de testemunhar acerca do Senhor (2
Timóteo 1.8), ou de perseguições (2 Timóteo 1.16).
Visto que viemos todos de um mesmo Pai, não temos por que nos
envergonharmos de chamar nossos companheiros cristãos de irmãos
(Hebreus 2.11).
Sem nenhuma vergonha nem remorso, Paulo declarou veementemente
que ele era “o encarcerado do Senhor”.
Assim como os seguidores de Cristo viraram-Lhe as costas quando Ele
foi preso, muitos companheiros também abandonaram Paulo (1.15).
Ele apelava, então, para que Timóteo não o abandonasse.
Os cristãos devem estar prontos para “participar (com ele) dos
sofrimentos a favor do evangelho”.
1.8-10 – Razões para estabilizarmos nossa firmeza:
O inimigo foi eliminado — “o qual… destruiu a morte” (v. 10).
Porque Cristo é a ressurreição e a vida (João 11.25), Ele removeu a
morte como inimigo e a tornou inválida, transformando-a em vitória (1
Coríntios 15.50–57; Filipenses 3.7–14; 1.21–23).
Temos agora uma luz que edifica. “o qual… trouxe à luz a vida e a
imortalidade, mediante o evangelho” (v. 10).
Essa vida é muito mais do que existência; a palavra que Paulo usou
sugere felicidade e êxtase. Essa boa vida é de “imortalidade”.
Em resumo, Paulo estava dizendo a Timóteo: “Não olhe só para o que
os homens estão fazendo ao povo de Deus. Olhe para o que o Senhor tem
feito pelo Seu povo. Erga os olhos para os benefícios decorrentes do
aparecimento de Cristo e não se envergonhe. Mantenha a cabeça elevada e
siga adiante atrás do Mestre!”.
Paulo escreveu. “eu fui designado” (1.11).
Deus sabia que Paulo podia fazê-lo. Portanto, Ele designou o apóstolo
para ser um “pregador”. Barclay observou.
Pregador (grego: κήρυξ), é uma palavra com um significado amplo.
Possui três linhas principais de significado, e cada uma delas tem algo a
sugerir sobre nosso dever cristão.

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➢ O kerux era o arauto que trazia o pronunciamento do rei.


➢ O kerux era o emissário entre dois exércitos oponentes, e era ele
quem levava os termos ou exigências da trégua e paz.
➢ O kerux era o homem a quem um leiloeiro ou mercador empregava
para anunciar suas mercadorias e convidar as pessoas a comprarem.
Em segundo lugar, Paulo foi designado como “apóstolo”.
“O apóstolos não falava por si mesmo; ele falava por aquele que o
enviou”. “O apostolo não vinha revestido de autoridade própria; mas da
autoridade de quem o enviara.”
Visto que foi Cristo quem enviou Paulo e aos demais apóstolos
(Mateus 28.18–20; Lucas 10.16; Efésios 2.19-3.5)!
Em terceiro lugar, Paulo foi designado como “mestre”.
O mestre desempenha um papel estratégico a favor de Cristo.
Sendo assim, por definição, um “pregador” capta a atenção das
pessoas, um apóstolo com autoridade reforça a mensagem celestial para a
humanidade e um “mestre” dá as diretrizes específicas para o crescimento.
Paulo serviu em todos esses ministérios importantes.
Embora Paulo tivesse recebido essas três incumbências específicas,
um evangelista deve realizar o trabalho de duas delas: ser um pregador e um
mestre (veja 2 Timóteo 4.1 –5; 2.2; Tito 1.5; 2.15).
Sofrendo por essa razão, Paulo escreveu: “não me envergonho”.
Mais uma vez, somos confrontados com o sofrimento e a vergonha
(veja o versículo 8).
Eles podem andar juntos, mas quando ocorria por causa de Cristo,
Paulo não se envergonhava.
A dedicação a Deus não é uma devoção equivocada. Paulo escreveu.
“eu sei em quem” (v.12).
A confiança de Paulo em Cristo fazia com que ele “guardasse” algo
para o Salvador.
O grego diz literalmente que o Senhor é capaz de “o meu depósito
guardar”.

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Que depósito é esse?


➢ Alguns eruditos consideram o depósito como sendo o evangelho
(cf. v. 14).
➢ Outros veem-no como uma referência ao próprio Paulo, à sua alma.
Este último ponto de vista parece concordar melhor com o pensamento
do último Dia e a ideia de fé ou confiança, especialmente se fé significar
entregar-se a Cristo confiadamente.
A ligação entre “depósito” e “fé” pode ser vista em 1 Pedro 4.19. “…
encomendem a sua alma ao fiel [digno de confiança] Criador”.
O próprio Paulo usou o mesmo verbo em Atos 20.32, literalmente: “E
agora vos deposito com Deus…”.
Bengel resumiu habilmente o assunto:
“Paulo no momento de sua partida, tinha dois depósitos, um a ser
entregue ao Senhor e outro a Timóteo”.
Por isso para o apóstolo o sofrimento não gerava vergonha e fé
significava certeza.
Observemos no versículo 8 como Paulo começou a “caminhar e não
se fatigar” à medida que analisava seu encarceramento, mas no versículo 9
ele irrompeu numa reflexão sobre o poder e a graça de Deus, e logo “subiu
com asas como uma águia” (cf. Isaías 40.31).
Com tal inspiração ele não teve vergonha. Poderia acontecer o mesmo
com Timóteo.
Paulo havia acabado de declarar que Cristo trouxe a imortalidade à luz
(1.10).
Estava afirmando com confiança. “Eu O conheço. Eu tenho crido.
Estou convencido. Portanto, depositei minha confiança na Sua guarda”.
Um comentário tão confiante assim proferido por um encarcerado
prestes a morrer, deveria estimular também em nós a firmeza e constância na
fé!
(v. 13,14) Paulo usou novamente a palavra grega equivalente a
“depósito” (algo confiado).

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As palavras de Paulo soaram aqui como as de um soldado ordenando


que Timóteo tivesse ciência de que o depósito confiado é algo para ele (e
nós) “guardar”.
Timóteo é admoestado de uma vez por todas a guardar esse depósito.
Ele deve defendê-lo contra todos os ataques e jamais permitir que ele
seja mudado ou alterado na menor medida.
Mas, visto que o inimigo é forte e Timóteo é fraco, Paulo muito
sabiamente acrescenta o pensamento de que essa guardar não pode ser feita,
senão “através do Espírito Santo que habita em nós”, ou seja, em Paulo,
Timóteo e todos os crentes (Romanos 8.11).
Quando nos entregamos aos ensinamentos do Espírito, ou seja, aos
ensinamentos da Palavra — por meio do Espírito que habita em nós —
estamos guardando o depósito.
Vs. 15–18
Depois de exortar Timóteo a guardar o evangelho, Paulo mostra que,
diante da perseguição, muitos crentes abandonarão as fileiras do evangelho.
Ao longo da carta, Paulo encoraja Timóteo a não se envergonhar do
evangelho nesse tempo de prova (1.8, 12; 2.3,9; 3.12; 4.6,18).
As palavras me abandonaram sugerem que a deserção era em relação
a Paulo pessoalmente, e seria injusto imaginar uma apostasia em massa.
Talvez as dificuldades que o apóstolo estava enfrentando o conduziram a
olhar a situação do lado sombrio segundo o qual todos tinham agido assim,
e ele parece particularmente desconcertado quanto à presença de Fígelo e
Hermógenes entre eles. Talvez tinha esperado um tratamento melhor por
parte deles.
De acordo com Lopes (2014, p. 43-44),Onesíforo, cujo nome significa
“portador de préstimos”, podemos ver vários bons momentos, proposto a
Paulo por ele.
1. Onesíforo, um amigo abençoador. ... e tu sabes, melhor
do que eu, quantos serviços me prestou ele em Éfeso (1.18b).
2. Onesíforo, um amigo consolador. ...porque, muitas vezes, me deu
ânimo e nunca se envergonhou das minhas algemas (1.16).
3. Onesíforo, um amigo encorajador. Antes, tendo ele chegado a
Roma, me procurou solicitamente até me encontrar (1.17).

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4. Onesíforo, um amigo que colhe o que semeou. Conceda o Senhor


misericórdia à casa de Onesíforo [...]. O Senhor lhe conceda,
naquele Dia, achar misericórdia da parte do Senhor (1.16a, 18a).
Concluímos este capítulo destacando que Paulo fez dois grandes
apelos a Timóteo:
primeiro, Timóteo deveria se unir a ele no sofrimento pelo evangelho
(1.8); e,
segundo, Timóteo deveria guardar o bom depósito que lhe fora
confiado (1.13,14).
A base para o apelo são a obra do Espírito (1.6,7,14), Cristo e o
evangelho (1.9,10), e o exemplo de Paulo (1.11,12) e Onesíforo (1.16-18).

Esboço do Capítulo 2
O Apóstolo Paulo Diz a Timóteo que Fazer no Interesse da Sã
Doutrina
Ensine-a "Sofra dificuldades juntamente conosco"
2.1-13 Ainda que este ensino produza dificuldades, também
traz grande galardão.
2.14-26 Pelo contrário, as discussões fúteis não têm um propó-
sito útil.
2.1–13
Timóteo recebeu o Evangelho como herança, não bens. E precisava
cuidar desta herança e passa-la a outros (v.2).
A igreja de hoje também recebeu tal herança.
Na quarta geração é que será evidenciado como foi tratada a herança
(Paulo Timóteo Fieis e Idôneos Outros).
O soldado de Cristo não larga a fileira. Independente do ardor da
batalha (v.4).
Não se vence uma corrida contando e caminho (v.5).
E se não for dentro das normas não será válida a vitória.
Não existe espiritualidade instantânea.
Há um caminho a prosseguir e este é árduo.

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Um evangelista cujo espírito e serviço são uma fraude é uma


vergonha!
É preciso ser como “o lavrador que trabalha” (2.6).
Se não houver a disposição de ficar cansado e exausto no serviço
espiritual, não haverá garantia de se encontrar a vida abundante ou de tomar
parte dos doces frutos do Salvador (veja João 10.10; 13.17; Mateus 11.28,
29).
Nós plantamos e falamos do Evangelho. Devemos vive-lo, participar
dele (v.6).
➢ Não podemos falar e viver diferente.
➢ Acima de tudo, pense em Jesus (v. 8).
➢ Jesus Cristo – inspiração de constância.
2.9–13 – O padrão exemplificado.
Temos um incentivo extra para seguir um determinado caminho
quando aquele que nos pediu isso fez esse mesmo percurso também.
A maioria de nós jamais passará um dia numa cela.
Você conseguiria suportar anos algemado, como Paulo suportou?
Paulo sofreu como um “malfeitor”.
Magoa ser um ávido obreiro, defensor da justiça e ainda assim ser
classificado por homens como um criminoso. Não é justo!
Paulo foi torturado por esse rótulo, como é evidente pela maneira
como ele identificou imediatamente sua posição e o modelo do seu serviço.
Ele explicou por que ele não se envergonhava das algemas.
Este pensamento fez Paulo prontificar-se a sofrer. Escreveu ele. “Por
esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles
obtenham a salvação que está em Cristo Jesus…”.
Paulo sabia que estava trabalhando e investindo na melhor causa da
terra (2.10).
Como expôs Barclay:
“O sofrimento de Paulo não foi inútil nem infrutífero. O fato de ele estar
sofrendo faria com que outros cressem. O sangue dos mártires sempre foi a
semente da Igreja; e o brilho da pira em que os cristãos eram queimados sempre
foi o acender e o reacender de uma chama que nunca se apagou de vez”.

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Quando alguém tiver de sofrer pelo cristianismo, que se lembre de que


seu sofrimento torna a estrada mais fácil para outros que ainda estão por vir.
No sofrimento, contribuímos carregando nossa pequena porção de
peso da Cruz de Cristo, e fazemos nossa pequena parte levando a salvação
de Deus aos homens.
Paulo também sofreu prontamente porque sabia que os que obtinham
a salvação teriam “eterna glória” (veja Romanos 8.28–39).
2.11-13 – A Fidedignidade do Redentor.
Segundo Paulo, podemos ter a certeza da fidedignidade de nosso
Redentor.
“Fiel é esta palavra” é uma expressão comumente usada por Paulo
(2.11; veja 1 Timóteo 1.15; 3.1; 4.8, 9; Tito 3.8).
Suas tribulações e sofrimentos eram semelhantes às que Jesus
enfrentou.
Através de esse suportar, Ele teve vitória (até sobre a morte).
O fato de não permanecermos fiéis não alterará o padrão de Cristo. Ele
sempre será fiel!
Em primeiro lugar, “se já morremos com ele, também viveremos com
ele” (2.11; Romanos 6.3–13; Efésios 2.1–8; Gálatas 2.20).
Se deixarmos de cumprir nossa promessa, Ele não deixará de cumprir
a dele (2.13).
Tenhamos em mente os alertas que Ele nos deixou (Mateus 12.36, 37;
João 3.36; 8.21, 24; 12.48; Apocalipse 20.11–15).
“Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também
eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus; mas aquele que me
negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está
nos céus” (Mateus 10.32, 33).
2.14–18
Pode-se estudar sem, porém, servir.
O que Paulo apresentou aqui é o estudo da Bíblia que gera um grande
servo e um trabalhador prestativo!
O estudo adequado nos prepara para sermos obreiros únicos que não
“têm de que se envergonhar”.
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Como podemos participar de um serviço nobre sem sermos


reprovados?
Paulo deu a resposta a essa questão na frase seguinte. “Maneja bem a
palavra da verdade.”
Essas diferenças servem como uma prova gritante de que muitos não
estão manejando com precisão a Palavra de Deus.
2.19–26
A seguir, Paulo falou a respeito do cristão que “disciplina” os que se
opõem à verdade; estes podem vir a ser “disciplinados” por meio do
arrependimento concedido pelo “Comandante”.
O disciplinador, aqui designado como “servo do Senhor” (2.24), deve
ter várias características que são especificamente citadas.
Amabilidade. Este espírito está em contraste com o que briga e faz
contendas. O espírito de briga provém de uma natureza má (2.23).
Aptidão para ensinar. Essa característica é vital quando se lida com as
almas não arrependidas descritas neste contexto. O tipo correto de professor,
ou mestre, consegue persuadir amavelmente o indivíduo a abandonar a
conduta perversa.
Ensinar é muito mais do que “apresentar uma lição a quem estiver
presente”; é suprir as necessidades do aprendiz numa situação específica,
assim como um médico prescreve uma receita para alguém tomar ou usar.
Paciência. Quando essa virtude é praticada, revela-se uma poderosa
ferramenta para quebrar o espírito teimoso. É assim que se vence o mal com
o bem.
Mansidão (2.25). Essa é uma qualidade forte e capaz de transformar
vidas, definida como força sob controle.
Mais do que uma atitude de “ceder”, esta característica edifica e
reanima os outros.
Disciplinar os que se opõem envolve instruir e treinar — tanto por
ações como por palavras. Advertências e repreensões se fazem necessárias
quando as instruções não são seguidas. Pode ser necessária até uma punição.
Tudo isso tem de ser administrado por alguém que é amoroso,
indulgente e apto para ensinar.

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Capítulo 03
O Apóstolo Paulo Diz a Timóteo o que Deve Fazer em Prol da Sã
Doutrina
Persevere nela "Virão tempos difíceis"
➢ 3.1-9 Sabendo que se levantarão inimigos, os quais terão sua forma,
porém não seu poder.
➢ 3.10-17 Sabendo que ela está baseada nas Sagradas Escrituras, como
você aprendeu de pessoas dignas de confiança.
3. Capítulo 3:
3.1–9
Esses aqui descritos podem ser falsos irmãos ou cristãos infiéis (v.6 e
7). Outros creem que se trata de pessoas em geral (gr. anthropoi), não
especificamente sobre irmãos infiéis.
Como enfrentar tais situações?
O termo pode se referir a qualquer época a partir do momento em que
Deus nos falou “pelo Seu Filho” (Hebreus 1.1, 2) — desde o dia de
Pentecostes, quando a igreja começou (Atos 2.1, 16, 17) até o Dia do Juízo
(João 12.48).
“Foge também destes” (3.5). “Fugir” (gr. apotrepo) significa “afastar-
se… desviar-se de, evitar”.
Kenneth Wuest traduziu o trecho assim:
“E a estes esteja constantemente evitando”.
Este contexto assemelha-se mais ao de 2 Coríntios 6.14-7.1, onde
Paulo advertiu os irmãos a não se associarem com incrédulos a ponto de
serem sugados pelo procedimento mundano deles (observe 1 João 2.15–17).
Paulo advertiu os irmãos em 1 Coríntios 15.33 dizendo. “Não se
deixem enganar. ‘As más companhias corrompem os bons costumes’”
(NVI).
Essas pessoas não eram apenas imorais na conduta, mas também
insensíveis ao estudo (“aprendem sempre e jamais podem chegar ao
conhecimento da verdade”, 3.7).
A preguiça aqui pode aliar-se à concupiscência identificando uma
atitude de “saber por saber” em vez de “saber para crescer”.
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3.10–17
É muito melhor quando outros aprendem não somente pelo que lhes é
ensinado, mas também pelo que o mestre pratica! Veja Atos 1.1; 1 Coríntios
11.1.
“Longanimidade.” Muitos estarão no céu porque Paulo não desistiu de
seus irmãos nem permitiu que os sofrimentos o tirassem do serviço piedoso
que ele prestou pela causa de Cristo (Filipenses 3.7–17).
Paulo não sofreu somente, mas também “suportou”. Paulo
permaneceu de pé em meio a uma avalanche de estresse, ajudando Timóteo
e muitos de nós a não nos deixarmos cair com o peso das perversidades que
possam nos sobrevir (Tiago 1.2–4; 1 Pedro 1.6–9).
Ele mesmo revelou a maneira como seu “espírito tolerante” agia; disse
ele. “De todas, entretanto, me livrou o Senhor” (3.11).
Livrar (gr. ῥύομαι) – O Senhor encarregou-Se de providenciar o
livramento de Paulo.
Verdadeiramente, o Senhor vela pelos que Lhe pertencem (2 Timóteo
4.16–18).
As palavras “tu, porém” (3.14) introduziram um contraste óbvio para
Timóteo.
Ele não deveria ser um homem perverso nem um impostor. E seu
procedimento não deveria ser “de mal a pior”, para enganar ou ser enganado.
O que Timóteo deveria fazer?
Ele passou no teste de tempo: “sabendo… desde a infância” (3.15).
Esse profundo saber desenvolveu-se através de provas desafiadoras e
aplicações que ele experimentou com o passar do tempo.
A Palavra de Deus, devidamente aplicada, nunca falha! Desde menino,
Timóteo fora convencido da confiabilidade da Palavra!
Que abençoadas são as pessoas que tem um legado de aprendizado
como esse — saber a verdade desde a infância! Deus planejou que a
educação espiritual fosse realizada dessa maneira.
Observemos o produto do que elas podem fazer: elas “podem tornar-
te sábio”.
Essa sabedoria diz respeito ao resultado final.
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As Sagradas Escrituras guiam os homens “à Salvação”.


As Escrituras podem nos restaurar a saúde espiritual e nos livrar da
morte eterna!
Os homens devem reconhecer o valioso tesouro que temos nos escritos
sagrados de Deus.
Para não ser enganado nem iludido por tais homens (v.10-13 ):
1º Conselho – Timóteo devia seguir o exemplo de Paulo.
Fixe os olhos no que há de bom, louvável, etc. na vida dos irmãos, não
nos pecados.
Perseguições e sofrimentos faziam parte do ministério de Paulo, assim
como fará do de qualquer outro que seja fiel (v.12).
3.16-17 – O Poder Das Escrituras:
As Escrituras Provêm de Deus.
As Escrituras não são um empreendimento humano nem a conclusão
determinada por clérigos.
Elas não são documentos de uma igreja nem um decreto emitido por
uma conferência.
As Escrituras são de Deus.
Foram dadas por Deus, e a verdade que elas revelam permanecerá para
sempre (veja 2.19), ainda que o céu e a terra passem (Mateus 24.35; João
12.48; Isaías 55.8–11).
As Escrituras São um Dom.
As Escrituras são úteis e completas.
Elas nos beneficiam de quatro maneiras inigualáveis.
A Palavra de Deus oferece direção porque é útil para o “ensino”.
As Escrituras também são úteis para a reprovação ou “repreensão”.
As Escrituras são úteis para o desenvolvimento porque elas oferecem
“a educação na justiça”.
As Escrituras nos guiam na trajetória da prática do pecado para a
santidade, da inconstância para a fé, de levar uma vida de maldade para uma
em que se assume a natureza divina!

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O Objetivo das Escrituras:


O objetivo das Escrituras é “que o homem de Deus seja perfeito”
(3.17).
A Escritura é inspirada e útil para que o homem de Deus, quem quer
que seja e onde quer que esteja, seja perfeito.
O princípio aplica-se a Timóteo e a todos os demais homens de Deus.
Por perfeito podemos inferir que não se trata da perfeição humana
individual, mas de não estar faltando nenhuma qualificação particular para o
ministério.
2º Conselho – Siga as Escrituras.
Capítulo 4
O Apóstolo Paulo Diz a Timóteo o que Fazer no Interesse da Sã
Doutrina
Pregue-a "exorto-o"
➢ 4.1-8 A tempo, a fora de tempo, porque vem a apostasia.
Permaneça fiel, em vista do fato de que "estou para partir".
➢ 4.9-22 Assuntos de informação pessoal, recomendações, saudações.
Capítulo 4:
Paulo certamente tinha um senso especial de responsabilidade, ao
chegar à conclusão de sua carta.
Demonstrando uma crescente emoção porque a sua partida estava
próxima, o apóstolo ansiava pela companhia de seu amado filho Timóteo
(4:9-13).
4.1-5
Paulo começou dizendo a Timóteo: “Conjuro-te” [“Eu o exorto
solenemente”; NVI] (4:1ª).
Obviamente, Paulo escolheu com cuidado os termos e as pessoas da
divindade para transmitir a Timóteo a solenidade e seriedade das palavras
que iria dizer.
Evangelista, escute com atenção!
3º Conselho – Pregue o Evangelho.

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Se eu não afirmar diante dos homens que sirvo e sigo a Jesus, que Ele
é a coisa mais importante para mim nesta vida, posso esquecer e pouco a
pouco assumir a forma do mundo.
“Insta” – (ephistemi) aparece 21 vezes no Novo Testamento.
✓ Só aqui é traduzida assim. Em outros lugares é: descer, chegar,
vir, aparecer, pôr-se ao lado, cair, sobrevir e até assaltar.
✓ Em 4.6 foi traduzida por “é chegado”.
✓ Talvez fosse equivalente a expressão popular: “chegue junto”,
“apareça”.
✓ Ou ainda “impor-se com a palavra”.
✓ Insistir, persistir no sentido de pregar com perseverança.
✓ Outras traduções dirão: “Esteja pronto ou preparado”.
“Oportuno” – (eukairos) é uma palavra composta: eu = bom, kairos =
tempo.
Aparece só duas vezes no Novo Testamento e na outra ocasião é
traduzida por “boa ocasião”.
A expressão “quer seja oportuno, quer não” é um termo da agricultura.
Timóteo tinha de “instar” [“esteja preparado”; NVI] a todo momento,
sendo urgente e sério na proclamação da verdade.
Preparado (gr.: epistethi) – “estar de pronto… ser imediato, premente,
determinado… estar à mão… 2 Timóteo 4:6” (Robinson, p. 310).
Era imperativo que Timóteo pregasse a Palavra constantemente. Paulo
previu que, a certa altura, as pessoas não iriam querer ouvir a verdade e os
mestres seriam condescendentes com isso dizendo o que elas quisessem
ouvir.
“Não suportarão a sã doutrina”.
Suportar (gr.: anechomai ou enecho) –
“Aguentar, tolerar… as tribulações que suportais, 2 Tessalonicenses
1:4… quando somos perseguidos suportamos, 1 Coríntios 4:12… de boa
mente, o tolerais, 2 Coríntios 11:4… suportar, no sentido de ouvir ou escutar
de boa vontade… Hebreus 13:22… 2 Timóteo 4:3… aceitar uma queixa…
Atos 18:14” (Arendt e Gingrich, p. 65).
Paulo falou dos membros que prefeririam ouvir uma mensagem
“como que sentindo coceira nos ouvidos”.
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O fundamento desse erro é o desejo de desenvolver impulsos


humanísticos, interpretando a verdade “como me agrada”, e depois saindo
em busca de mestres que a comuniquem conforme “seus ouvidos querem
ouvi-la!”
Esse tipo de ensino não promove uma transformação de vida — mas
sim e unicamente a autoglorificação.
“Sê sóbrio”.
Ser sóbrio (gr.: nefe) – Não há outra opção neste versículo. Cada
estágio é necessário para o evangelista fiel. O termo nefo significa ser
“sóbrio… ser clamo e seletivo no espírito; ser temperante, controlado,
circunspeto: 1 Tessalonicenses 5:6, 8; 2 Timóteo 4:5; 1 Pedro 1:13; 5:8”
(Thayer, p. 425); “…estar livre de toda paixão, precipitação, confusão… ser
bem equilibrado, autocontrolado… exercitar o domínio próprio a bem das
vossas orações, 1 Pedro 4:7” (Arendt e Gingrich, p. 540).
A tradução para o português não contém todas as ideias inerentes ao
termo grego usado por Paulo (4:5).
Nefe descreve aquele que é calmo e seletivo, cheio de domínio próprio
e bem equilibrado. Que grupo de características desafiadoras numa só
palavra! Não é de admirar que os tradutores tenham acrescentado “em todas
as coisas”.
“Suporta as aflições.” A força de um evangelista espiritual deve
capacitá-lo a sofrer, se preciso for.
“Cumpre cabalmente o teu ministério.”
O estudo ocasional, indiferente e negligente é inaceitável.
4.6-8
“Eu sei que vou morrer”.
Paulo já estava “sendo oferecido por libação” (4:6).
Oferecer por libação (gr.: spendomai) – A voz passiva declara que
Paulo não estava instigando tal ato. Era uma ação que lhe sobrevinha por
agentes externos.
Speudo significa “oferecer uma libação ou oferta de bebida… diz-se
do apóstolo que está prestes a ser oferecido, para derramar seu sangue como
sacrifício, 2 Timóteo 4:6; Filipenses 2:17” (Arendt e Gingrich, p. 769).

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Ninguém pode olhar para a morte com um semblante mais sereno do


que o cristão.
Um exemplo esplêndido disso é o resoluto apóstolo Paulo, que diante
da morte iminente e estando num cárcere, disse: “O tempo da minha partida
é chegado”.
O fato de Paulo escolher a palavra “partida” (gr.: analusis) é
significativo (veja Filipenses 1:21 – 23).
Barclay descreveu a visão de Paulo em relação à morte com base nesse
vocábulo:
a) “É a palavra para o ato de desatrelar um animal do varal do carro
ou do arado. A morte para Paulo era um descanso da labuta. Ele ficaria feliz
em tirar a carga. Como [Edmund] Spenser o disse, sossego após trabalho, um
porto após uma tormenta, e morte após a vida, são coisas fascinantes. Depois
de uma vida febril cheia de infortúnios, ele dormiria para sempre.
b) É a palavra para o ato de desatar os laços ou as algemas. A morte
para Paulo era uma libertação ou soltura. Ele deveria trocar as limitações de
uma prisão romana pela gloriosa liberdade das cortes celestiais.
c) É a palavra para o ato de desatar as amarras de uma tenda. Para
Paulo era hora de levantar acampamento novamente. Muitas viagens ele
fizera cruzando as estradas da Ásia Menor e da Europa. Agora, ele estava
partindo para sua última e maior viagem; estava pegando a estrada que leva
a Deus.
d) É a palavra para o ato de desatar as amarrações do ancoradouro de
um navio. Muitas vezes Paulo navegou pelo Mediterrâneo, e sentiu o navio
deixando o porto rumo às águas profundas. Agora, ele está prestes a lançar-
se para dentro da maior profundeza de todas, estava se preparando para
cruzar as águas da morte a fim de chegar ao céu da eternidade”.
“Eu sei que meu ministério tem sido bem sucedido”.
Paulo escreveu: “Combati o bom combate, completei a carreira,
guardei a fé” (4:7).
A vida cristã não é um jogo nem uma festa — é um combate.
Os fracos que entram nessa arena ficam fortes. Os dóceis e frágeis são
convidados a entrar na briga, mas somente com a condição de que confiem

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no Senhor para dar-lhes força e prepará-los para combater no Seu exército,


assumindo uma posição (veja Efésios 6:10–18; Filipenses 4:10–13).
Negar a si mesmo e a autodisciplina são a ordem para todos os dias
(Lucas 9:23; 1 Coríntios 15:58), onde medo e timidez são substituídos por
poder, amor e disciplina (2 Timóteo 1:7).
Em segundo lugar, Paulo havia completado a carreira.
É fácil começar, mas é preciso ter um caráter semelhante ao de Cristo
para desenvolver consistência e concluir.
Ele demonstrou uma ousada confiança no momento em que escreveu
2 Timóteo (particularmente quando destacamos as palavras “algemas”,
“perseguições”, “aflições”, “todos me abandonaram”, “oferecido por
libação”, “partida”).
Paulo estava prevendo a morte por causa das acusações injustas e sem
fundamento lançadas contra ele.
Sob tais circunstâncias, suas palavras ecoam o fato de que aquele
homem estava vivendo pela fé e não pelo que via!
Isto culmina no terceiro “eu sei” de Paulo.
“Eu sei que serei recompensado”.
A fé de Timóteo em Cristo fez com que Paulo lhe mostrasse mais um
motivo para cumprir seu ministério: a confiança que Paulo tinha de ser
recompensado.
Essa mesma recompensa está disponível a todos que seguem a carreira
da fé que Paulo seguiu!
Fundamentados na confiança de Paulo, desenvolvamos a coragem
necessária para continuar!
Paulo, olhando para os seus 30 anos de serviço para Cristo, que iniciou
na estrada perto de Damasco, não tem remorsos.
Ele faria tudo de novo.
Ele sofreu mais do que muitos, mas também cresceu na fé mais do que
muitos.
Sua luta está terminada.
Ele não tem medo do futuro.

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Jesus Cristo, Senhor de sua vida está à sua espera.


E ainda que prestes à sua execução pensava em seu ministério, em
pregar (4.11).
Deveria estar lamentando-se? Talvez, nós estaríamos.
4.9-22
O apelo de Paulo foi o seguinte: “Procura vir ter comigo depressa”.
Muitas vezes Paulo havia pedido a seus colaboradores que fossem a
um lugar ou ficassem num lugar em favor da obra do Senhor (4:12; veja 1
Timóteo 1:3; Tito 1:5), mas dessa vez Timóteo deveria fazer mais do que ir
trabalhar pelo Senhor em Roma.
O dedicado discípulo, Tito, fora para a Dalmácia, após ter servido em
Creta (Tito 1:5) e provavelmente Nicópolis, na Acaia (veja Tito 3:12).
É provável que Paulo tivesse mandado Tíquico assumir o lugar de
Timóteo na região de Éfeso (veja 1 Timóteo 1:3), para que Timóteo pudesse
ir depressa ter com Paulo.
Que emoção seria para ele ver Timóteo mais uma vez antes de
despedir-se deste mundo! Esse profundo anseio explodiu num apelo
fervoroso.
“Timóteo, vou te contar como lidar com tribulações por causa da
experiência que ganhei perante Deus e entre os homens durante as minhas
tribulações”. Paulo forneceu a Timóteo três diretrizes inspiradas para tempos
de provação!
“Quando homens lhe causarem males, entregue-os aos cuidados
do Senhor” (veja 4:14, 15).
“Quando todos o abandonarem, seja como Jesus” (veja 4:16).
Paulo recordou uma defesa anterior, quando ninguém foi a seu favor
(veja 2 Timóteo 1:15).
É maravilhoso contemplar a reação de seu espírito diante de tal
tratamento (“Que isto não lhes seja posto em conta!”; 4:16)!
“Quando homens o abandonarem, descanse no Senhor, que ficará
do seu lado, como ficou do meu” (veja 4:17, 18).
Disse Paulo: “Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças”
(4:17).
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Paulo reconhecia que sua força vinha da presença (Mateus 28:20) e do


poder (Filipenses 4:13; Efésios 3:20, 21) do Senhor.
O versículo 17 continua: “…para que, por meu intermédio, a pregação
fosse plenamente cumprida…”.
Paulo estava afirmando que tinha feito exatamente o que pediu, alguns
versículos atrás, para Timóteo fazer (4:5)
O Senhor nos libertará da:
“Boca do leão” (v. 17).
“De toda obra maligna” (v. 18).
E nos levará “para seu reino celestial” (v. 18).
Paulo não estava esperando livramento da “boca do leão” no sentido
de extinguirem-se as perseguições e problemas aqui na terra, mas sua
execução será simplesmente o seu livramento final pelo poder de Deus, a fim
de pôr-se a salvo no reino celestial.
O Senhor vela pelos que Lhe pertencem, e Paulo queria que nós
soubéssemos disso com base no seu próprio momento de crise!
William Barclay comparou Salmos 22 com os comentários de Paulo
neste versículo:
“Uma das curiosidades sobre essa passagem é o número de
reminiscências de Salmos 22. ‘Por que me desamparaste?’, ‘Todos me
abandonaram’, ‘Não há quem me acuda’, ‘Ninguém foi a meu favor’, ‘Me
salva das fauces do leão’, ‘Eu fui libertado da boca do leão’, ‘A ele se
converterão os confins da terra’, ‘E todos os gentios a ouvissem’, ‘Pois do
Senhor é o reino’. ‘O Senhor… me levará salvo para o seu reino celestial’.
Parece claro que as palavras desse salmo estavam passando pela mente
de Paulo. E o fascinante é que esse salmo estava na mente de Jesus quando
Ele foi pendurado na cruz, pois é este salmo que começa dizendo: ‘Deus
meu, Deus meu, por que me desamparaste?’,
e termina triunfante (Salmos 22:1; Mateus 27:46). Ao deparar-se com
a morte, Paulo consolou e animou o coração com o mesmo Salmo que Seu
Senhor” (Barclay, pp. 253–54).
“Apressa-te a vir antes do inverno” (4:21).

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Paulo sabia, por experiência (veja Atos 27), que navegar pelo
Mediterrâneo entre outubro e abril poderia ser extremamente perigoso.
Muitos nem tentavam fazê-lo. As navegações cessavam nesse período.
Paulo sabia que a demora provavelmente significaria que ele jamais
veria novamente o rosto de Timóteo nesta terra (veja 1:3, 4).
Além disso, como o inverno se aproximava, Paulo sabia que a capa
seria de grande proveito na prisão (4:13).
Devemos ler essa carta com o mesmo interesse com que lemos as
últimas palavras de um homem grandioso e bom.
Sentimos que, tendo pouco tempo para expressar seus anseios, ele
escolheria tópicos que estivessem atrelados ao seu coração, e que julgasse de
maior importância.
Portanto, para um jovem ministro do evangelho, essa epístola é
inestimável; para todo e qualquer cristão, é sem dúvida interessante escutar
as últimas palavras do grande apóstolo dos gentios e ponderar seu último
testemunho escrito em favor da religião, a cuja proclamação ele dedicou seus
talentos e sua vida.
Com um coração santo e uma inspirada mensagem para os cristãos,
Paulo escreveu essas palavras de encerramento para Timóteo, rogando que
ele tivesse uma destemida firmeza em meio às tribulações e provações de
uma vida piedosa.
A grandiosa vida que Paulo viveu serviu de sombra para a sua pena,
sublinhando cada linha com um exemplo ressonante.

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II. CONCLUSÃO

Do modo como foi apresentada, este trabalho, tentamos trazer


acentuadas ajudas, que diz respeito a um melhor aprofundamento na
perspectiva da teologia paulina, presente em suas Cartas pessoais.
Encerra-se aqui com as palavras de Osmar Ludovico Em um texto
intitulado 'Pastores x Lobos'.
Ele lembra que eles têm o interesse pela vida das ovelhas em comum,
mas que são completamente diferentes.
Pastores buscam o bem de suas ovelhas; lobos buscam os bens das ovelhas.
Pastores gostam de convívio; lobos gostam de reuniões.
Pastores vivem a sombra da cruz; lobos vivem a sombra de holofotes.
Pastores choram pelas suas ovelhas; lobos fazem suas ovelhas chorar.
Pastores têm autoridade espiritual; lobos são autoritários e dominadores
(tudo tem que passar pela mão deles).
Pastores têm esposas; lobos têm co-adjuvantes.
Pastores têm fraquezas; lobos são poderosos.
Pastores olham nos olhos; lobos contam cabeças.
Pastores apaziguam as ovelhas; lobos intrigam as ovelhas.
Pastores têm senso de humor; lobos se levam a sério.
Pastores são ensináveis; lobos são donos da verdade.
Pastores têm amigos; lobos têm admiradores.
Pastores se extasiam com mistério; lobos aplicam técnicas religiosas.
Pastores vivem o que pregam; lobos pregam o que não vivem.
Pastores vivem de salários; lobos enriquecem.
Pastores ensinam com a vida; lobos pretendem ensinar com discursos.
Pastores sabem orar no secreto; lobos só oram em público.
Pastores vivem para suas ovelhas; lobos se abastecem das ovelhas.
Pastores são pessoas humanas; lobos são personagens religiosos caricatos.
Pastores vão para o púlpito; lobos vão para o palco.
Pastores são apascentadores; lobos são marqueteiros.
Pastores são servos humildes; lobos são chefes orgulhosos.
Pastores se interessam pelo crescimento das ovelhas; lobos se interessam
pelo crescimento das ofertas.
Pastores apontam para Cristo; lobos apontam para si mesmos e para a
instituição.
Pastores são usados por Deus; lobos usam as ovelhas em nome de Deus.
Pastores falam da vida cotidiana; lobos discutem o sexo dos anjos.
Pastores se deixam conhecer; lobos se distanciam e ninguém chega perto.
Pastores sujam os pés nas estradas; lobos vivem em palácios e templos.
Pastores alimentam as ovelhas; lobos se alimentam das ovelhas.
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Pastores buscam a discrição; lobos se autopromovem.


Pastores conhecem, vivem e pregam a graça; lobos vivem sem a lei e pregam
a lei.
Pastores usam as escrituras como texto; lobos usam as escrituras como
pretexto.
Pastores se comprometem com o projeto do reino; lobos têm projetos
pessoais.
Pastores vivem uma fé encarnada; lobos vivem uma fé espiritualizada.
Pastores ajudam as ovelhas a se tornarem adultas; lobos perpetuam a
infantilização das ovelhas.
Pastores lidam com a complexidade da vida sem respostas prontas; lobos
lidam com técnicas pragmáticas com jargão religioso.
Pastores confessam seus pecados; lobos expõem o pecado dos outros.
Pastores pregam o Evangelho; lobos fazem propaganda do Evangelho.
Pastores são simples e comuns; lobos são vaidosos e especiais.
Pastores têm dons e talentos; lobos têm cargos e títulos.
Pastores são transparentes; lobos têm agendas secretas.
Pastores dirigem igrejas-comunidades; lobos dirigem igrejas-empresas.
Pastores pastoreiam as ovelhas; lobos seduzem as ovelhas.
Pastores trabalham em equipe; lobos são prima-donas.
Pastores ajudam as ovelhas a seguir livremente a Cristo; lobos geram ovelhas
dependentes e seguidoras deles.
Pastores constroem vínculos de interdependência; lobos aprisionam em
vínculos de co-dependência.

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