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Caderno Rodas 2021
Caderno Rodas 2021
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Rodas de Conversa Bakhtiniana 2021
ISBN 978-65-5869-596-7
CDD – 410
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Organização e apoio:
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HISTÓRICO
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Coordenação geral
Comitê científico
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Comissão de monitoria
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Comissão de acessibilidade
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PROPOSTA
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PROGRAMAÇÃO
Dia 15 - segunda-feira
Tarde
Convidadas e convidados:
Luiz Marcos de França Dias - Comunidades quilombolas: vida em
territórios coletivos ancestrais
Wilson Queiroz - Educação e africanidades
Karina Ferro Otsuka - Militante das comunidades tradicionais caiçaras
Vanderley Ribeiro - Pescadores da Ribeira
Mônica Brito - Coletivo de mulheres negras Maria Maria Comunema de
Altamira XINGU
Timóteo Verá Tupã Popygua - Existe Guarani em São Paulo
Gleyson Silva de Oliveira - ONG Olivia LGBTQIA+
Cândido Grzybowski - Diretor do Ibase e organizador intelectual
orgânico do Fórum Social Mundial
Mediador:
José Kuiava (UNIOESTE)
Dia 16 - terça-feira
Manhã
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Tarde
Noite
Dia 17 - quarta-feira
Manhã
Tarde
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1ª CIRCULAR
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2ª CIRCULAR
Saudações bakhtinianas,
12 de julho de 2021.
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3ª CIRCULAR
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Saudações bakhtinianas,
17 de agosto de 2021.
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4ª CIRCULAR
O que é requerido:
1. o desejo de pôr a sua “palavra” para circular;
2. como?
i. selecione um tema (do Rodas) e solte o seu dizer;
ii. o seu dizer pode ser em linguagens verbal ou visual (no limite
de 3 a 5 páginas);
iii. a autoria (individual) limita-se a uma submissão e a coletiva
(coautoria) a duas no máximo, desde que os coautores
estejam também inscritos no evento;
iv. cada texto pode ter até três autores.
3. os autores devem responsabilizar-se pela revisão do texto a ser
publicado no livro em formato e-book do VIII Círculo - Rodas de
Conversas Bakhtinianas, publicado pela Pedro & João Editores;
4. sugere-se que o texto contemple um pensamento livre dos
participantes sobre o tema do encontro “O grotesco dos nossos
tempos: vozes, ambientes e horizontes” que enfoca, basicamente,
três eixos temáticos que denominamos de arenas de debates, a
saber: (i) “vozes”; (ii) “ambientes”; e (iii) “horizontes”.
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SUMÁRIO
Ria que a coisa é séria: o riso como signo de resistência política nas 80
páginas do jornal sensacionalista, por Nara Karolina de Oliveira
Silva, Joseilda Alves de Oliveira e José Cezinaldo Rocha Bessa
“No meu rosto e nas minhas mãos”: vozes que tecem o poema de 138
Ryane Leão, por Oldison de Moura Klock, Lindalva Siqueira dos
Santos e Tamiris Machado Gonçalves
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”Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que idealizam”, por 160
Vanessa Ferreira Sardinha e Ádria Araújo Costa Godinho
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A SUBVERÇÃO/CARNAVALIZAÇÃO DA 332
RESPONSABILIDADE MORAL DO PRESIDENTE DA
REBÚBLICA, por Paulo Everton Fernandes da Silva
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As redes sociais digitais como praça pública e lugar para o grotesco, 391
por Orlando Silva de Oliveira e Kélvya Freitas Abreu
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Bocas tampadas, risos e vozes que escapam do controle, por Paulo 455
Cesar de Campos e Liana Arrais Serodio
Como o ritual cunilingus ilumina as ideias, por Icaro Cesar Cainan 491
da Cunha Claro Olanda
Corpo, poesia e voz feminina, por Gleiciane Lage Soares Poubel 518
Crianças-robôs esteticamente grotescas, por Patrícia Yumi Fujisawa 527
CRÔNICAS DO CORPO: A INTERDISCIPLINARIDADE EM 534
CENA, por Magda Renata Marques Diniz e Diana de Oliveira
Mendonça
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Il riso come rigenerazione del mondo. Studi su Bachtin e Propp, por 803
Luciano Ponzio
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Mamilos são Polêmicos. Por quê?, por Jonas Reis Moulin, Gleiciane 882
Lage Soares Poubel e ALINE ROSA VALENTE VIEIRA
Mãos em uma babel: vozes que se cruzam no tempo, por Helen do 896
Socorro Rodrigues Dias
Minha vida, meus heróis!, por Grace Kelly Lopes Lacerda e Camila 906
Caracelli Scherma
Molas no teto, por Yuri Marx Silva Milagres e Clara Barenco de Mello 912
Lacerda
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O corpo grotesco e o negro: um corpo que existe e resiste, por Alline 1050
Duarte Rufo
O corpo grotesco que clama por voz, por Josemeire Caetano da Silva 1064
O discurso polêmico e grotesco da Ku Klux Klan nestes últimos 1068
tempos, por Marcos Alexandre Fernandes Rodrigues
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O grotesco dos nossos tempos: que vozes ouvir na sala de aula?, por 1167
André Felipe Pereira de Souza e ÂNGELA FRANCINE FUZA
O grotesco nos gotejos dos corpos femininos, por Karla Daiane 1211
Martins
O grotesco que habita nos olhares, por Ana Carolina Loureiro 1242
Tavares
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O professor, a palavra e o ato ético, por Ana Paula Munarim Ruz 1276
Lemos
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Paulo, o homem invertido. Quem comunica a vida?, por Inez Helena 1414
Muniz Garcia e JOSE MARIA FERREIRA DE OLIVEIRA
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Tudo que nós tem é nós: contrapalavras na arte e na vida, por João 1558
Paulo Francisco de Souza, Quelselise Rodrigues Xavier e Raquel dos
Santos Candido da Silva
Um presente, quase, contínuo, por Luis Carlos dos Santos Patricio e 1604
Luz Miguel Pereira
Uma conversa com as marcas do tempo!, por OTO JOÃO PETRY 1617
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OS TEXTOS DO
RODAS DE CONVERSA BAKHTINIANA
NOVEMBRO DE 2021
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Introdução
Nesse ano de 2021, retomei a participação no Grupo de Estudos
Bakhtinianos/GRUBAKH, vinculado ao Grupo de Estudos e
Pesquisas em Educação Continuada/GEPEC, composto por
professores e pesquisadores da Faculdade de Educação da
UNICAMP e professores/as de redes públicas municipais, muitos
ex-alunos/as da UNICAMP.
A produção de narrativas e metanarrativas faz parte da
metodologia de estudo dos escritos do Círculo de Bakhtin,
fundamentação teórica principal das reflexões desenvolvidas no
GRUBAKH. Assim, na retomada das discussões do grupo, após o
FALA outra ESCOLA 2021, ocorrido em julho p.p., fomos
desafiados/as a produzir narrativas e metanarrativas, que
pudessem ser socializadas no Círculo Rodas de Conversas
Bakhtinianas.
Como estava bastante impactada pelo meu deslocamento de
posição-sujeito, em função da aposentadoria, seguida da pandemia
provocada pela covid-19, narrei não um acontecimento específico,
mas as sensações provocadas por esse meu novo modo de ser/estar
no mundo. Tendo em vista o objetivo de trazer a problematização
para o Rodas, foram sugeridas leituras que nos aproximassem do
tema geral do evento: O GROTESCO DOS NOSSOS TEMPOS:
VOZES, AMBIENTES E HORIZONTES.
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1. Ausência de mim
Nos últimos dois anos, tenho vivido uma ausência de mim. Uma
desesperadora ausência do eu que levei anos para me constituir nas
relações com os muitos outros que encontrei nos espaços sociais e
profissionais/acadêmicos, nos quais interagi.
Ao me aposentar, passei a me dedicar aos cuidados de minha mãe
e a administrar a rotina doméstica, dividida entre as demandas da
mãe e dos dois filhos (já universitários). Demandas que, mesmo
não consumindo 8h por dia, passaram a consumir minha energia e
me distanciaram das posições que ocupei como professora,
pesquisadora, orientadora... Ver-me na posição de cuidadora e
dona de casa e tendo meu dia preenchido cada vez mais por
consultas médicas, exames, compras no supermercado, feira,
farmácia, peixaria etc foi me provocando um estranhamento e
desencantamento a tal ponto que não me reconhecia mais naquela
pessoa. Era como se eu fosse um não-eu!
Certamente esse estranhamento foi agravado pelo fato de estarmos,
há quase um ano e meio, vivendo uma pandemia, que nos
aprisionou em casa, restringindo nossa circulação nos espaços
públicos. Além disso, impingiu, como medida de segurança, o
distanciamento social e o uso de máscaras. Sem encontros, sem
abraços, sem sorrisos frente a frente, sequer apertos de mão
sobreviveram, pois quanto menos contato e mais álcool gel nas
mãos, menor a chance de propagação do coronavírus, responsável
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Considerações finais
No primeiro momento, quando escrevi a narrativa acreditava que
conceitos como de posição-sujeito, cronotopo e interação me
ajudariam a criar inteligibilidades para o que estava
experienciando nesse momento. Sim, ajudaram a entender que sou
uma ex-professora. Isso é fato. Por mais que pareça um abismo, é
chegada a hora de me lançar no fluxo da vida e aceitar que a fruição
que sempre esteve em um horizonte distante, como algo desejável,
mas controverso, talvez não nobre, carregado de preconceitos, de
culpa, agora faz parte do meu horizonte de possibilidades.
Existe vida fora do trabalho! Afinal, “A vida é tão maravilhosa que
a nossa mente tenta dar uma utilidade a ela, mas isso é uma
besteira. A vida é fruição, é uma dança, só que é uma dança
cósmica, e a gente tenta reduzi-la a uma coreografia ridícula e
utilitária.” (KRENAK, 2020, p. 58).
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Referências
BAKHTIN, M. A Cultura popular na idade média e no
renascimento: o contexto de François Rabelais. 6.ed. São Paulo:
Hucitec, 2008.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo:
Companhia das Letras, 2019.
_____. A vida não é útil. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
RODRIGUES, Nara Caetano. O discurso do professor de Língua
Portuguesa no processo de reestruturação curricular: uma
construção dialógica. Tese (doutorado). UFSC, Florianópolis, 2009.
314 p.
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O GROTESCO É O MUNDO
O GROTESCO É O MUNDO
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Este é o grotesco que vejo, que ouço, que toco, que cheiro, que trago
nos dentes.
O Grotesco continente.
O encantamento pelo riso.
A festa do corpo e da vida social. A vida e a arte que se opõem às
formas abstratas do mundo ideal. Aristóteles e Platão terminaram
sendo a referência primordial da cristandade, da guerra aos índios
e da escravidão na África. Este Deus do ódio serviu ao capitalismo
mercantilista por séculos. Até transformar o ouro de Ouro Preto e
a prata de Potosi nas máquinas da indústria capitalista moderna.
O Grotesco, do corpo e do riso do mundo popular, da feira, do ator
de rua, do violeiro cego, da arte circence resiste e insiste. A luta de
classes, a música popular, o teatro de bonecos, o teatro da praça a
comida de rua, constroem este gigante das ruas e das multidões.
A multidão, o povo de mil vozes, sua fertilidade, sua abundância,
seus exageros, sua seus gritos, seu deboche, sua comédia, sua
montanhas de fezes, sua feiura e beleza, sua razão e loucura, sua
alegria sem freio e tristeza sem fim é a convergência de histórias e
destinos, de sonhos e de vingança.
Esta multidão é o corpo único e criativo, o inventalínguas, o sábio
invisível das esquinas.
Este povo vive a vida e joga o jogo da vida. Esta multidão fala a
língua do asfalto, da chuva e das paredes de pedra da cidade.
O gigante realista vive a vida no seu turbilhão de dores, faltas,
sofrimentos, doenças, de fezes, de escarro, de tísis, de piolhos, de
pulgas, de moscas, de ratos, de sons, de cantos, de poesia, de paz e
de rebelião.
Esta multidão da carne, do corpo, do sexo, do riso e da
revolta invade as praças, ruas, avenidas e dá forma ao gigante
ébrio das festas dos terreiros.
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REFERÊNCIAS:
BAKHTIN, 1987. “A Cultura Popular na Idade Média e no
renascimento: o contexto de François Rabelais.
GRILLO, S. V. C.. Gêneros Primários e Gêneros Secundários no
Círculo de Bakhtin: implicações para a divulgação científica. Alfa,
São Paulo, 52 (1): 57-79, 2008
SOERENSEN, C.. “A Carnavalização e o Riso Segundo Mikhail
Bakhtin. S/D. In: Revista Travessia, Ed. XI.
(revistatravessia@gmail.com).
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REFERÊNCIAS
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BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na idade média e no
renascimento: o contexto de François Rabelais. 5ª ed. Tradução de
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WIKCIONÁRIO dicionário livre. Verbete genocídio. Flórida:
Wikimedia Foundation. Última revisão: 2 maio 2017. Disponível
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Wikimedia Foundation. Última revisão: 1 de fevereiro de 2021.
Disponível em: . Acesso em 17 ago. 2021.
SANTOS, Sérgio dos. Saiba o porquê Bolsonaro é
genocida! In: CCN Notícias. Publicado em 25 março 2021.
Disponível em: . Acesso em 18 ago. 2021.
SANTOS, Antônio Bispo dos. Colonização, Quilombos: modos e
significações. Brasília. INCTI, UnB, 2015.
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para inserção num mundo global. In: Ancoragens – estudos
Bakhtinianos. São Carlos: Pedro & João Editores, 147-166.
WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução
teórica e conceitual. In: SILVA, Tomaz Tadeu (Org). Identidade e
diferença. A perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis: Vozes,
2005.p. 07-72.
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José Kuiava
Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste
jose.kuiava@gmail.com
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BAKHTIN, M. A Cultura Popular na Idade Média e no
Renascimento. São Paulo: Hucitec Editora, 8ª ed. 2013, p.25.
CALVINO, I. Os Nossos Antepassados. São Paulo: Cia. das Letras,
2ª reimpressão, 2001, p.1
RABELAIS, F. Gargantua e Pantagruel. Belo Horizonte: Editora
Vila Rica, 1991, p.31.
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Referências
BAKHTIN, M. Notas sobre literatura, cultura e ciências humanas.
Organização, tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra. Notas de
edição russa de Serguei Botcharov. São Paulo; Editora 34, 2017.
BAKHTIN, M. Teoria do romance I: A estilística. Tradução, prefácio,
notas e glossário de Paulo Bezerra. Organização da edição russa de
Serguei Botcharov e Vadim Kójinov. 1ª ed. São Paulo: Editora 34,
2015.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal: introdução e tradução do
russo Paulo Bezerra. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011.
BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o
contexto François Rabelais. Tradução de Yara Frateschi Vieira. São
Paulo: HUCITEC. Brasília. Editora da Universidade de Brasília.
1997.
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Como bem nos mostra o autor: “Na cultura de múltiplos tons até
os tons sérios soam de outro modo: sobre eles recaem os reflexos
dos tons cômicos; eles não perdem a sua exclusividade e sua
singularidade, são completados pelos aspectos do riso”
(BAKHTIN, 2017: p.25).
Grotesco enquanto momento de ressignificar as coisas que nos
cercam, grotesco para entender que essa mixagem de práticas e
enunciados, jeitos e portares no mundo representam o que é o
mundo aos nossos olhos neste momento, mas sem perder o
entendimento de movimento, da transitoriedade e da dialética
histórica.
O próprio Bakhtin (2010), em sua análise, assinala o caráter
ambivalente do grotesco e sua negação no curso de formação e
“deformação” da história. Desde seu apogeu durante o século XVI,
na Renascença, quando o riso “tornou-se a expressão da
consciência nova, livre, crítica e histórica da época (p. 63)” , e no
século seguinte quando da sua decadência com a ascensão do
paradigma racionalista, dos governos absolutistas e da nova ordem
burguesa. Naquele momento até mesmo uma nova concepção da
teoria literária “se levanta contra a invenção artística, contra o
fantástico, defende o ponto de vista de um bom senso estreito e de
paradigma burguês (p. 89).
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Pecados solitários
Quando eu estudava no colégio, interno,
Eu fazia pecado solitário.
Um padre me pegou fazendo.
- Corumbá, no parrrede!
Meu castigo era ficar em pé defronte a uma parede e
decorar 50 linhas de um livro.
O padre me deu para decorar o Sermão da Sexagésima
de Vieira.
-Decorrrar 50 linhas, o padre repetiu.
O que eu lera por antes naquele colégio eram romances
de aventura, mal traduzidos e que me davam tédio.
Ao ler e decorar 50 linhas de Sexagésima fiquei
embevecido.
E li o Sermão inteiro.
Meu Deus, agora eu precisava fazer mais pecado solitário!
E fiz de montão
- Corumbá, no parrrede!
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Era a glória.
Eu a fascinado pra parede.
desta vez o padre me deu o Sermão do Mandato
Decorei e li o livro alcandorado.
Aprendi a gostar do equilíbrio sonoro das frases.
Gostar quase até do do cheiro das letras.
fiquei fraco de tanto cometer pecado solitário.
ficar no parrrede era uma glória.
Tomei um vidro de fortificante e fiquei bom.
A esse tempo também eu aprendi a escutar o silêncio
das paredes.
Esses momentos iniciais são muito produtivos e nos provocam
“imperativamente” pensar tanto na relação entre arte e cultura, a
linguagem como processo multifacetado, aberto, histórico,
dialógico, arte e responsabilidade bem como nos assinala o
pensador:
Eu vivo em um mundo de palavras do outro. E toda a minha vida
é a orientação nesse mundo; é a reação às palavras do outro (uma
reação infinitamente diversificada), a começar pela assimilação
delas (no processo do domínio inicial do discurso) e terminando na
assimilação das riquezas da cultura humana (expressas em
palavras ou em outros materiais semióticos) [...] (BAKHTIN, 2019:
p. 38).
Hoje, ainda mais certa das minhas escolhas teóricas, como
alfabetizadora de crianças de um segundo ano do Colégio de
Aplicação da UFSC, em meio a este contexto do grotesco, do
fantástico, da resistência através da docência em espaço de
alfabetização, alfabetização no formato remoto, algo que também
pode nos remeter à atmosfera do grotesco, reivindico ao trabalho
com a literatura possibilidades de superação e reinvenção de
mundos, discursos, diálogos e esperança,
Porque a literatura, mesmo assim, é uma metáfora da vida que
continua reunindo quem fala e quem escuta num espaço comum,
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Referências
ANDRUETO, Maria Teresa. Por uma literatura sem adjetivos. São
Paulo: Editora Pulo do Gato, 2012.
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na idade média. São Paulo:
Editora Hucitec, 2010.
_______. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes,
2013.
_______. Notas sobre a literatura, cultura e ciências humanas. São
Paulo: editora 34, 2019.
BRAIT, Beth (org). Linguagem e conhecimento (Bakhtin,
Volóchinov, Medviédev). Campinas (SP): Pontes Editores, 2019.
EAGLETON, Terry. Humor: o papel fundamental do riso na
cultura. Rio de Janeiro: Editora Record, 2020.
MORICONE, Renato. Uma planta muito faminta. São Paulo:
Companhia das Letrinhas, 2021.
SISTO, Celso. Textos e pretextos sobre a arte de contar histórias.
Chapecó: Argos, 2001.
SARAMAGO, José. O conto da ilha desconhecida. São Paulo:
Companhia das Letras, 1998.
VOLOCHÍNOV, Valentin Nikolaevich. A construção da
enunciação e outros ensaios. São Carlos: Pedro & João Editores,
2013.
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Referências
BAKHTIN, M. Para uma filosofia do ato responsável. [Tradução
de Valdemir Miotello & Carlos Alberto Faraco]. São Carlos: Pedro
& João Editores, 2010. 158p.
_______. A uma cultura popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. Editora Hucitec,
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em: https://www.brasildefato.com.br/2019/08/08/artigo-or-
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Notas
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Dinheiro. Disponível em https://www.istoedinheiro.com.br/para-
bolsonaro-moro-atuou-para-dificultar-posse-de-armas-para-
cidadao-de-bem/
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Agradecimentos:
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) -
Código de Financiamento 001.
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“No meu rosto e nas minhas mãos”: vozes que tecem o poema de
Ryane Leão
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mulheres índias que tiveram seus cantos e contos tomados por outros
rostos e outras mãos” (LEÃO, 2017, p. 80); o eu lírico é todas essas
pessoas, carrega, portanto, também essa história.
No poema em análise, vimos versos repletos de vozes e suas
múltiplas significações, algumas vezes até mesmo ressignificadas
com o passar dos anos, mas que adquirem com o casamento da voz
do autor um novo caminho para percorrer e que possivelmente
nesta jornada agregará novas vozes: as das interpretações que
dialoguem com os versos apresentados. Isso porque
“Quase toda palavra da nossa língua pode ter várias significações
a depender do sentido geral do todo do enunciado. O sentido
depende por inteiro tanto do ambiente mais próximo, gerador
imediato do enunciado, quanto de todas as causas e condições
sociais mais longínquas da comunicação discursiva”
(VOLÓCHINOV, 2019, p. 283).
Tendo tudo isso em vista, dizemos que é difícil concluir um assunto
quando sentimos que não estamos prontos para encerrar, pois veja
bem, há tanto para falar e escrever, que chega a ser injusto parar
agora. Neste breve texto sobre vozes, podemos concluir que a
realidade em que vivemos é que todo discurso, toda obra, toda
imagem partilham vozes em sua constituição. Nada se forma
sozinho, por trás de tudo há sempre relações dialógicas que nem
sempre se fazem visíveis a olho nu, mas que quando recebem a
devida atenção, mostram-se infinitos em sua construção.
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 6. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2011.
BAKHTIN, Mikhail. Fragmentos dos anos 1970-1971. In: Notas
sobre literatura, cultura e ciências humanas. 1. ed. São Paulo: 34,
2015.
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Nivea Rohling
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
nivea.rohling@gmail.com
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flagrantes.ghtml. Acesso em: 04 ago. 2021
ROHLING, Nívea. Cronotopo pandêmico e a produção de imagens
corpóreas: reflexões inacabadas. Revista Fórum Linguístico. n. 4, v. 17,
2020, p. 5221-5237. DOI: https://doi.org/10.5007/1984-
8412.2020.e78444
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Demos Início...
Demos início ao nosso encontro, na disciplina Metodologia do
Ensino Fundamental do Curso de Pedagogia da Faculdade de
Educação, com a partilha de poesias, poemas declamados (até em
inglês) e de apresentação de poetas consagrados, em nosso
“Momentos Artes e Literaturas”. Foi muito gratificante e gostoso
apreciar a diversidade de manifestações em suas mais diferentes
linguagens e entonações! Em seguida, em pequenos grupos,
apresentamos as expectativas em relação ao trabalho na disciplina
e, coletivamente, construímos o nome da turma. Foi bem
interessante ver que, no ano de celebração do Paulo Freire, a
palavra esperançar circulou nos pequenos grupos e, por fim,
compôs o nome da turma: Turma da Cuca Esperançosa/Ninguém
a menos, cada um sendo o que se é/sou a partir do que você é —
Ubuntu. Em verdade, perdi o que estava no chat... Vocês pegaram
o que ali estava escrito? O que as estudantes escreveram?”
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Transmorfação
Fui tomar a 2ª dose da vacina no sábado a tarde. De tão ansioso,
cheguei trinta minutos mais cedo. Entrei na fila e esperei. Ao chegar
a minha vez, apresentei os documentos e ouvi: “Que bom! Veio
mais cedo para virar jacaré?” Era a mesma atendente da primeira
vez. Ela lembrou-se de mim e das minhas brincadeiras relativas à
transformação em um jacaré. “Senta lá, que logo, logo te chamam e
você vira um jacaré completo”. Rimos os dois! Foi tudo muito
rápido. A picada no braço, tirar a foto dentro do carro, voltar para
casa. Antes do horário marcado para a vacinação, já estava de volta
para casa. Aproveitei para deixar a louça do almoço toda
arrumada, tomei um banho e fui me deitar, pensando que,
dormindo, eu favoreceria a ação dos imunizantes e assim, ficar
mais resistente aos coronavírus que circulam por aí. Acho que
dormi uma meia hora... Acordei bem disposto! Estava com fome.
Desci e fui tomar um lanche. “Nossa! Essa minha fome está um
pouco desproporcional”, pensei. Preparado o lanche, alguém disse,
não me lembro bem: “Para quem comeu uma pratada de lasanha
no almoço, esse lanchinho está bem reforçado, não?”. Me dei conta
que o sanduiche de pão com queijo e presunto estava “bem
servido” e já havia tomado um copo de suco e preparava um copo
de leite com café para tomar junto com o sanduiche. “Talvez esteja
exagerando, mas realmente estou com fome”. Passada algumas
horas, na hora do jantar, não foi diferente a fome que me assolou...
Fartei-me com as sobras do almoço, recuperei as sobras do jantar
da noite anterior e arrematei tudo com uma boa salada de folhas
com queijo, batata palha, uva passa e amendoim. Tudo regado a
suco de uva, suco de maça e um copo de leite fresco. Inevitável foi
sentir sono e, antes das 10 horas, já estava deitado. Naquela noite,
muitos sonhos estranhos me acometeram: florestas imensas, lagos
profundos, noite estreladas, dias escuros, trovoadas e ventanias e...
muitas, muitas e muitas risadas, ouvidas em diferentes tons,
timbres e reverberações! Na manhã de 2ª feira, já bem disposto, sair
de cama ofereceu uma certa dificuldade, visto que foi um pouco
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TransFormação
Transforma-se em jacaré, “virar uma Cuca”, é uma imagem
marcante para pensarmos uma interrupção do tempo social no
contexto pandêmico (talvez de outros também), de dores e
sofrimentos vividos, da quebra das vivências mortificadoras, da
compreensão da nossa finitude. Tal como Bakhtin enunciou, no
diálogo com a obra de Rabelais, os corpos grotescos favorecem a
emergência de outras possibilidades de vida, menos conformadas,
menos individualizadas, um corpo que tem grande apetite, uma
imensa vitalidade, que na ânsia de reproduzir-se, converte todas as
ações em conotação sexual. Um corpo da forma apresentado por
Rabelais – como o da própria Cuca nas palavras de Lobato – que
extrapola os limites do corpo oficial, enroupado, alinhado e perfeito
e, quebrando os cânones estabelecidos, afigura um corpo viril,
desalinhado, desconjuntado, transgressor e muito, muito livre das
amarras oficiais. E Bakhtin, compreendendo as profundezas da
obra rabelaisiana, afirma o valor do corpo em um contexto social
mais amplo, em uma perspectiva social que não idolatra uma
imagem perfeita do homem grego/romano, mas um símbolo que
apresenta, em toda a radicalidade da dualidade, a vida e a morte,
em toda a sua potência. Por fim, como nas imagens televisivas da
Cuca no Sítio do Picapau Amarelo, outro componente marcante da
imagem corporal deste ser mitológico brasileiro, é sua risada, alta,
ressoante, potente e penetrante. O riso da Cuca, não só causa medo
e terror, como também convida a aventura misteriosa, ao convívio
com as diferenças inusitadas, ao encontro de corpos outros, sempre
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InsPiraAções
BAKHTIN, Mikhail. A Cultura Popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. Trad. Yara Frateschi
Vieira. 7ª ed. São Paulo, Editora Hucitec, 2010.
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MIOTELLO, Valdemir. Falando do Riso...rindo da fala. In: Seródio,
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São Carlos: Pedro & João Editores, 2018, p.31-36.
TIHANOV, Galin. A importância do grotesco In Bakhtiniana, São
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Apresentação
Na atual conjuntura brasileira, vê-se a grotesca imagem messiânica
do atual presidente criada pela população em prol de suas
necessidades, sejam elas econômicas, religiosas e, até mesmo,
patrióticas. Vindo de uma origem política caótica, Jair Messias
Bolsonaro se destacou na mídia com suas declarações polêmicas e
estranhamente cômicas acerca dos mais diversos âmbitos sociais,
principalmente no que diz respeito às minorias, deixando claro seu
desprezo por essa parte da sociedade. Considerando os
acontecimentos que levaram a sua candidatura, apresentar-se-á no
VIII Círculo – Rodas de Conversas Bakhtinianas uma estória que
irá satirizar esse momento da história do Brasil.
Do ponto de vista bakhtiniano, o grotesco se caracteriza pela
comicidade e deturpação exagerada dos valores e da moral de uma
sociedade. Porém, vale ressaltar que ele detém também uma função
crítica que faz o indivíduo refletir sobre sua realidade. Partindo-se
dessa ótica, surge assim parte do conceito de ambivalência, o
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tornava uma pessoa melhor e mais vivida, mas hoje vejo que isso
nada mais era do que uma manifestação peculiar do meu ego.
Ouvi falar sobre a Vila de Vera Cruz através de um amigo nascido
lá, ele me contou com fervor sobre os deslumbrantes pastos, sobre
as mulheres belíssimas, sobre as comidas variadas e
principalmente sobre a população calorosa. Até então, o único
motivo pelo qual valia a pena visitar o lugar eram as tais mulheres
belíssimas, mas chegando lá, percebi que a animação com que meu
amigo descreveu seu lar não foi exagero. A soma do lugar e de seu
povo poderia facilmente se igualar à descrição do paraíso. A
atividade pastoril e a produção artesanal à base de lã eram as
principais fontes de renda dos que viviam lá. Isso, além de tornar
seus moradores bastante característicos, facilitava reconhecer
quem vinha de fora.
É importante esclarecer que já conheci muitas outras comunidades
que recebiam bem quem não era natural de lá, mas, considerando
o entusiasmo religioso gritante do local, que costuma ser um tipo
de seletor para a abrigada de estranhos em outros lugares, a Vila
possuía um grau de acolhimento por demais elevado. A maior
prova disso era o Burrinho.
Até hoje tenho dificuldade para explicar o que era aquele ser, sou
grato às minhas fotos por poupar-me deste trabalho. Como uma
exceção, tentarei descrevê-lo aqui. O Burrinho, assim conhecido
pela comunidade, vinha de lugar nenhum e era amigo de ninguém,
se eu não tivesse o conhecido pessoalmente e não tivesse
registrado, diria que sua existência havia sido um delírio coletivo.
Além da sua origem ser um mistério, sua vida era uma incógnita, a
Vila era bastante próspera, mas tinha Burrinho como seu indigente
e protegido. Fisicamente era um homenzinho pequeno e
desengonçado, só usava roupas que lhes eram dadas e nunca
tomava banho. Essas nem eram as características mais repugnantes
do sujeito, destaco que ele cobria seu rosto com um saco de pano
com nós nas duas pontas e com dois buracos para seus olhos
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— Ora, mulher. Deixe o pobre diabo, não vai adiantar nada sentar
o braço nele!
— Bah não vai adiantar, mas com certeza vai deixar marca. Deus
que me perdoe, mas esse bagal acabou com minha venda. Vou
levar o dia pra lavar, quando podia ir fazer os de amanhã.
E novamente o Burrinho a enfrentou:
— Não tenho nada a ver com isso, tá okay? É uma vagabunda
mesmo, fica o dia inteiro dando essa pomba velha e não quer nem
fazer o próprio trabalho.
Depois de muito bate boca, palavrões e ameaças, o comerciante
entrou em um acordo com a artesã.
— Vamos fazer o seguinte, eu compro o seu crochê pela metade do
preço que me venderia se estivesse em bom estado, só pra lhe
ajudar, assim você não fica tanto no prejuízo. O que me diz?
A mulher, sem muitas escolhas e já bastante abalada pela confusão,
aceitou a oferta e foi embora enfurecida. O povo, que havia parado
seus afazeres para olhar a briga, voltou para suas bancas e suas
vendas como se nada tivesse acontecido. Diferente dos demais, por
ser curioso e não estar acostumado com tamanha disparidade,
permaneci olhando discretamente o Burrinho. Ele ainda reclamava
sozinho, como se alguém ainda estivesse o ouvindo, até que o
mesmo comerciante que impediu que ele apanhasse se aproximou
com um leve sorriso e discretamente entregou para ele o que
certamente era dinheiro. Lutei muito para conter o riso e me afastar
do local, apesar de trágico, era cômico como a artesã deixou ser
enganada por um golpe tão descarado.
Queria eu que naquele momento a severa luz da consciência tivesse
banhado meu corpo, mas estava cego pela minha própria soberba
e pelo desejo irresponsável de me entreter com aquela figura
medonha que, protegida por sua máscara de idiotice, parecia saber
muito bem como ser rei na sua própria miséria.
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O grupo inclui Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues
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Sessão
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A (in)visibilidade do graffiti
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A ANTIGROTESCO DO PRINCÍPIO DO
BAIXO MATERIAL CORPORAL
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Marisol Barenco
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sol.barenco@gmail.com
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completude dos fervorosos. Pois que leio a obra de Efe Godoy, bem
como as obras dos artistas que praticam Collage (desde Rodchénko
até os dias atuais, tantos artistas incríveis, e eu mesma tentando ser
uma delas) como o ser humano originário do Caribe que,
impossibilitado de ver a nau espanhola aportada na praia,
acreditou no xamã que a deduziu pelo movimento diferente das
águas. Creio no que Efe e outros e outras veem e, vendo e crendo,
na arte, olho atrás, para a vida, e vejo, finalmente, que está tudo
ainda junto: vida, morte, nascimento, comida, excreção, bebida,
mundo. E essa sou eu.
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Referências bibliográficas
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Referências
BAKHTIN, Mikhail Mikhailovitch. A cultura popular na Idade Média
e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo:
Hucitec, Editora da Universidade de Brasília, 1987.
BERGSON, Henri. O riso: ensaio sobre a significação do cômico. 2ª
ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1983.
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Fonte: https://www.buzzfeed.com/krystieyandoli/this-photo-
series-shows-the-damage-media-does-on-how-women-s
O enunciado exposto na Figura 1, permite estabelecer relações que
antecedem a imagem, o ver a imagem e os discursos sobre. Após
fazer uma leitura a partir do recorte do corpo, salientando que é
fundamental discutir sobre esse corpo e tantos outros que não se
encaixam em padrões pré-estabelecidos. O corpo, conforme
Volochinov (2013/2017), não deve servir como uma simbolização
do social, ele tem autonomia e assim o seu modo de ser já é um
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Referências
BAKHTIN, M. M. Estética da Criação Verbal. 6. ed. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2011.
BAKHTIN, M. M. Para uma filosofia do ato responsável. Trad. de
Valdemir Miotello e Carlos Alberto Faraco. 2.ed. São Carlos: Pedro
& João Editores, 2010.
BAKHTIN, M. M. A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo:
Hucitec, 2010a. 419 p.
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A criança que pensa o ainda não pensado (mesmo que por ela)
cria poeticamente novas existências, novos mundos, tempos,
territórios, novas lógicas, através de novas palavras e maneiras
de fazê-las existir na concomitante criação de novas existências.
Este movimento inspira pensar com as crianças em suas
distintas infâncias enquanto povo que, com suas linhas de fuga
e seus movimentos desviantes, lutam crianceiramente em defesa
de novos modos de existência, criando novos espaçostempos
que não deixam de ser novos territórios e que, ao mesmo tempo,
tornam-se planos de desterritorialização na medida em que se
abrem para novas lógicas (MELLO, LOPES, LIMA, 2021, p. 14).
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Referências
ARROYO, Miguel. Imagens quebradas. [Entrevista concedida a]
Adriano Guerra. Revista Criança do Professor de Educação
Infantil, v. 41, p. 3-7. Ministério da Educação, Brasília, 2006.
Disponível
em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/revcrian_4
1.pdf Acesso em set. 2021.
BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Questões de literatura e de
estética: a teoria do romance. 6 ed. São Paulo: Hucitec, 2010.
_______________. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins
Fontes, 2011.
BAKHTIN [VOLOCHÍNOV], Mikhail. Marxismo e filosofia da
linguagem. 16ª edição - São Paulo: Hucitec Editora, 2014.
MELLO, Marisol B. C., LOPES, Jader J. M., LIMA, Márcia F. C. Por
que rimos das crianças? In. Rev. Linhas Críticas, Dossiê:
Participaciones y resistencias de las infancias y juventudes de
América Latina Brasília, v.27, p. 1 - 18, jan. - dez. 2021. Disponível
em: https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view
/35191/30424 Acesso em set. 2021.
SARMENTO, Manuel. Gerações e alteridade: interrogações a partir
da sociologia da infância. In: Educação e Sociedade, Campinas,
vol. 26, n. 91, p 361 – 378, Maio/Ago. 2005, ISSN 0101 – 7330.
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A DESORDEM E O REGRESSO:
A LINHA DOS TEMPOS SOMBRIOS
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Referências:
BAKHTIN, Mikhail. Para uma filosofia do ato responsável. São Carlos:
Pedro & João Editores, 2010.
BAKHTIN, Mikhail. A Cultura Popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec
Editora, 2013.
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Igual
Estava no parque com as duas crianças daquele dia, o pai de uma e a mãe
da outra. As crianças só se conheciam virtualmente até então e estavam
começando a se enturmar e brincar juntas. De repente, uma vira pra outra,
olha para os pais um pouco afastados e diz:
– Vamos fugir deles? São monstros! – e saíram correndo.
Eu, que estava um pouco afastada dos dois pequenos grupos, esperei um
pouco para entender se eu também fazia parte dos monstros e me preparava
para entrar na brincadeira com elas quando ouço:
– Vem, Lili, vem com a gente!!!
A mãe dá uma risadinha e me diz:
– Elas te têm como uma igual!
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Opinião suspeita
Cada criança fez uma pintura num papel craft grande. Por sugestão da
minha orientadora pedagógica, após a secagem, coloquei os trabalhos na
parede ao lado da sala. A mãe de uma criança, ao buscá-la, recebeu a filha
empolgada com sua pintura e a dos colegas.
– Ficou muito bonita sua pintura, filha! – a mãe falou.
– Qual você gostou mais? – respondeu imediatamente a filha.
A mãe olhou e, após alguns segundo de hesitação, respondeu:
– De cada um eu gostei de uma coisa…
– Ah! Já sei! É porque eu sou sua filha, né? – respondeu a criança dando
uma risadinha e, correndo para outro lado, deu a conversa por encerrada.
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Algumas considerações
O retorno presencial trouxe à tona para mim, como professora, uma
série de sentimentos opostos entre o querer e o não querer, entre o
desejo e o medo… Mas dentre as inúmeras vivências relacionando
o medo, a dor e a incerteza, as que escolhi narrar traziam o riso, o
que extrapola o sério, o que desconcerta…
... a professora se torna escritora das narrativas pedagógicas como
ato responsável, participante e não indiferente na relação com seus
estudantes: consciências equipolentes na vida levadas para a
narrativa. Porém, as narrativas não são os acontecimentos que os
gerou. Há uma distância entre o vivido e o narrado. E essa distância
em tempo e espaço entre o acontecer e o escrever permite que a
professora se torne uma escritora, que programe o modo como e os
detalhes significantes dos fatos que vai escrever, já que não tem
sequer intenção de contar tudo (SERODIO, 2018, p. 145).
Percebo um olhar que busca o grotesco como uma espécie de boia
de salvação dentro desse mar turbulento e sombrio por onde
estamos navegando. Talvez a busca pelo riso cotidiano represente
a esperança de que navegaremos por mares mais tranquilos em
breve.
Referências
MIOTELLO, Valdemir. Falando do riso… rindo da fala. In
SERODIO, Liana Arrais et all. Narrativas corpos e risos
anunciando uma ciência outra. São Carlos: Pedro e João Editores,
2018.
SERODIO, Liana Arrais. Narrativas como atos ético-estético-
cognitivos de resistência dialógica hetero-formativa. In SERODIO,
Liana Arrais et all. Narrativas corpos e risos anunciando uma
ciência outra. São Carlos: Pedro e João Editores, 2018.
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Acervo da pesquisa
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Acervo da pesquisa
Figura 03: Poeta PoeArt Milene Bazarim entoando poema autoral
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Acervo da pesquisa
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail. Para uma filosofia do ato responsável. São
Carlos: Pedro e João Editores, 2017.
VOLÓCHINOV, Valentin (Círculo de Bakhtin). A palavra na vida
e a palavra na poesia. São Paulo: Editora 34, 2019.
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Referências
AMANAJÁS, I. Drag queen: um percurso histórico pela arte dos
atores transformistas. Revista Belas Artes, São Paulo, n. 16, set-
dez/2014.
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. Estética da criação verbal. São
Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.
BAKHTIN, M. Para uma filosofia do ato responsável. São Carlos: Pedro
e João Editores, 2010a.
BAKHTIN, M. A cultura popular da Idade Média e do Renascimento: o
contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec, 2010b.
BAKHTIN, M. Teoria do romance I: A Estilística. Tradução de Paulo
Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2015.
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. São Paulo: Editora 34, 2016.
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dois amigos. Chegara ao local o ser que entregara para ele as pedras
ao invés de coxinhas. Foi um “oi” seco, que já nasceu morto,
cadavérico. Juntou-se às pessoas a favor da democracia deles e
contra os comunistas também deles. Tudo deles.
O cão e o homem.
O cão que o preocupava fora abandonado no inverno passado
assim como outros que adentravam o quintal da casa até então sem
um portão. Dava pão, água e uns panos velhos e quentes para
passarem a noite. Todos tinham um dono, menos o pequeno cão
cinza que sorria para ele como na música de Roberto Carlos.
Ganhara o coração dele mesmo não se adaptando ao que o pretenso
dono queria como ele fosse. Era um cão de rua. Já havia mordido
outras duas pessoas. Era reincidente. A pressão era enorme em
torno do cão, visto que a rua era de acesso fundamental para dois
morros da cidade. Ele na segunda violência do cão ligou para a
polícia e relatou o fato. O que faria a polícia? Pelo telefone disse que
iriam ligar para um vereador da cidade. A decisão: castrá-lo para
facilitar a adoção e acalmá-lo. Vieram. Levaram-no. Dariam um
novo rumo para a vida do cão. À noite bateram na porta de sua
casa, era o Duque, o cãozinho, de volta. Sem analgésico, sem
antibiótico. Sem nada, inclusive suas bolas, chamadas tecnicamente
de testículos. Descobri que um chamado vira-latas pouco valor tem
para a maioria da população. Castrado, pior ainda numa pequena
cidade. Na área urbana não o queriam, mesmo publicado na rede
social onde uns cinco clicaram na foto com o texto de adoção com
o “dedo polegar para cima”. Os contatos com as pessoas das roças
a respeito da adoção do cão não iam adiante quando descobriam
que ele era castrado.
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O homem.
O comerciante da loja da pequena cidade voltou. Trouxe algumas
bandeiras. Disse para o colega de categoria que era para
fortalecerem a luta no dia seguinte, lutarem pela liberdade, pelo
homem que na conversa deles parecia ter vindo do céu, oriundo de
um rolé com Nosso Senhor Jesus Cristo da igreja a qual
frequentavam. ”- Fica com essa bandeira! Ela é da última Copa do
Mundo. “ Quase engasgou vendo e ouvindo aquilo tudo. Pagou a
conta e foram para o mercado. Lá um Professor de História
conversava de maneira educada com os açougueiros. O local estava
praticamente vazio. Da seção onde estavam a ver os preços das
margarinas ouvia a conversa. Viram a promoção de frango. Em
tempos de crise não se perdem certas oportunidades. Foram pesar
o frango na balança do açougue. O diálogo com o Professor
revelava a amizade, a preocupação com os rumos do ódio nas
linguagens que levantavam e roubavam bandeiras como se fossem
só de alguns. A palavra no encontro de trabalhadores de um
pequeno mercado. Apresentou sua filha. Falaram de futuro,
presente e passado. Pagou a conta no caixa e como de hábito nos
últimos tempos dialogou com os trabalhadores sobre os preços e a
falta de apreço de pessoas que deveriam cuidar do povo. O
mormaço que vinha pela janela do táxi ecoava os sons daquelas
falas. Olhava para a paisagem, olhava para o rosto da linda
menininha.
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oriundos das bases das primeiras casas da cidade que aos poucos
estavam sendo demolidas. Antes da construção da pequena casa
conseguiu uma caçamba de uma obra com alguns blocos de pedras.
Assim que pôde, juntamente com um vizinho, colocou as pedras
em círculo. Para ele, as pessoas ali poderiam sentar e dialogar
conforme quisessem no amor ágape.
Lembrou-se de Adão e Eva. A culpa seria da maçã como muitos
insistiram durante anos em convencê-lo, símbolo do pecado
original? Ou seria culpada a serpente que lá já estava? A árvore do
paraíso é uma goiabeira e nela estava uma gangorra de crianças a
brincar. Gargalhou em sua alma a expulsão do paraíso no Éden
comendo o último pedaço da maçã.
Percebeu na noite enluarada que no meio do círculo brotavam
girassóis.
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Referências
BAKHTINE, M. M. Pour une philosophie de l acte. Trad. Ghislaine
Caponga Bardet. Editions L Age d Homme, Lausanne, Suisse, 2003
[1920-4].
BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o
contexto de François Rabelais. Trad. De Yara Frateschi Vieira. 8. ed.
São Paulo: Hucitec, 2013.
BAKHTIN, M. Para uma filosofia do ato responsável. Trad. Valdemir
Miotello e Carlos Alberto Faraco. São Carlos: Pedro & João
Editores, 2010.
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Notas
[1] As fake sciences referem-se a trabalhos considerados ruins e que
são publicados em revistas científicas tidas como de prestígio. Nas
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Adentrando a Roda...
Como a ideia do Círculo – Rodas Bakhtinianas é colocar a palavra
para circular porque o que eu tenho a dizer somente eu posso dizer
do que lugar onde me encontro, tenho o desejo de trazer para a
Roda um pequeníssimo recorte da minha pesquisa de Mestrado,
defendida em fevereiro de 2021, cujo objetivo foi compreender a
arquitetônica do ato de ilustrar de Rui de Oliveira e as
contribuições de seus livros de imagem para a formação do
pequeno leitor literário. A princípio, explicito que tomei a liberdade
de escrever em primeira pessoa, não por egotismo, mas para
assumir meu ato responsivo e responsável neste escrito no qual
estou consciente de que a minha voz é constituída por muitas
outras vozes desde que me tornei um ser social (VOLOCHINOV,
2013). Portanto, trago nesse meu eu todos os outros com os quais
convivi e compartilhei ideias, afetos e desafetos, que contribuíram
para a minha formação como sujeito social porque:
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Fonte: https://ruideoliveira.com.br/en/books/chapeuzinho-
vermelho/
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O que é grotesco?
Bakhtin (2010, p.275) elenca ‘’três fenômenos à noção comum de
grotesco’’. A primeira diz respeito à uma ‘’concepção especial do
conjunto corporal e dos seus limites’’. Destacando as características
Rabelesianas, ele traz para sua análise o vislumbre do ‘’motivo do
nariz’’, da boca e dos olhos na imagem do corpo grotesco, esse
último não desempenhando papel tão importante nessa construção
imagética No entanto, olhos arregalados interessam, pois, a
mudança está na transfiguração dos olhos, mas ‘’A boca domina’’;
‘’Os olhos arregalados [...] atestam uma tensão puramente
corporal’’ (BAKHTIN, 2010. p.277).
O corpo do movimento, da atividade, da dialogia, do consumo, da
publicidade, o corpo abismal, o corpo do exagero. Esse é o corpo
em questão nesse texto. As características que queremos enfatizar
aqui são: ‘’olhos arregalados’’ e ‘’A boca domina’’ (BAKHTIN,
2010. p.277)..
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Conclusões inacabadas
O corpo publicitário e o corpo consumista, unificados, se mostram
como padrão de ‘’um corpo perfeitamente pronto, acabado,
rigorosamente delimitado, fechado, mostrado do exterior, sem
mistura, individual e expressivo’’, mas são cheios de falhas, são
corpos abertos, com compulsões, inacabados, pois são pairados por
uma ideologia padronizada pela identidade consumista e
narcisista. A característica mais enfática da nossa sociedade, ainda
que disfarçada, é a transformação dos consumidores em
mercadorias.
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REFERÊNCIAS
GOMES, Gianka Salustiano Bezerril de Bastos. Anúncio publicitário
direcionado ao público masculino: uma abordagem dialógica. Tese
(Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Centro de Ciências Humanas Letras e Arte – Departamento de
Letras. Programa de Pós-graduação em Estudos da
Linguagem. Natal, p. 179. 2016.
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vendido na praça, ervas para curar bursite e fazer dormir, carne humana
e animal, cheiros de tudo misturado: são aromas da parte do corpo dotada
de cinco dedos. (...) No fim do expediente, tremem, doem, retesam e
relaxam, contaminadas pelo tempo da esteira que segue sempre em frente,
em direção ao moderno[8].
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN, Mikhail. A Cultura popular na idade média e no
renascimento: o contexto de François Rabelais. 8ª edição. Tradução de
Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec Editora, 2013.
BAPTISTA, L. A. S. Arte e subjetividade na experiência teatral:
contribuições de Jurema da Pavuna. In A. Maciel, D. Kupermann & S.
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Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo:
HUCITEC, 1987.
BAKHTIN, Mikhail. Os Gêneros do Discurso. In: Estética da criação
verbal. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
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Trago para essa roda as vozes dos meus alunos do terceiro ano do
ensino fundamental, de uma escola pública do município do Rio
de Janeiro, crianças de 8 e 9 anos que têm me enriquecido , temos
aprendido juntos sobre alfabetização dialógica e
a pedagogia antirracista . Suas vozes se agigantam diante do
cenário grotesco que estamos vivenciando. Olhar nossas
humanidades nos aproxima e também nos desloca.
Fomos surpreendidos em 2020 com o Coronavírus e devido a isso
as escolas foram fechadas e de uma hora para outra fomos
obrigados a conhecer os diversos recursos tecnológicos na
tentativa desesperada de ensinar conteúdos pedagógicos as
crianças que ficaram isoladas em casa, mais de um ano, poucas
tiveram acessos ao ensino remoto e muitos docentes precisaram
alfabetizar dentro do “ quadrado”, no entanto a alfabetização não
acontece dentro de nenhuma forma geométrica, a alfabetização
circula e movimenta cada sujeito em suas relações dialógicas.
A alfabetização é atravessada pelas escutas, interações e
interlocuções e no atual momento pandêmico em que muitas
escolas ainda estão no remoto, não está sendo possível alfabetizar
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Então uma criança pede para ela falar no ouvido dela, e logo em seguida ela
diz:
“ Tia, eu quero
virar uma árvore
igual a Baobá.”
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REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. Para uma filosofia do ato responsável. Tradução
de Valdemir Miotello e de Carlos Alberto Faraco São Carlos: Pedro
& João Editores, 2010.
Freitas, Maria Teresa. Educação, arte e vida em Bakhtin. Editora:
Autêntica, 2016.
Valentin, Volóchinov. A palavra na vida e a palavra na poesia.
Editora: 34, 2016.
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Introdução
É possível pensar o ensino da literatura infantil sob a perspectiva
da filosofia da linguagem, especialmente contemplando o aspecto
do dialogismo. O presente artigo irá focalizar-se sobre o caso de
Moçambique, compreendendo alguns enunciados escritos no
programa de ensino de português do ensino básico de 2ª classe, a
fim de nele entender a concepção da literatura infantil. Para o
efeito, será necessário, em primeiro lugar, situar geograficamente
Moçambique, depois argumentar a pertinência da filosofia da
linguagem para o estudo da literatura infantil, e, finalmente,
analisar o programa de ensino de português da 2ª classe do ponto
de vista da concepção da literatura infantil.
Situação geográfica de Moçambique
Moçambique como a maioria dos países africanos, é um país
multilingue e multicultural onde coexistem muitas línguas
africanas do grupo bantu com outras não africanas entre europeias
e asiáticas. Embora exista uma polémica relativamente ao número
de línguas bantu faladas em Moçambique, sabe-se que existe um
número de acima de vinte línguas, distribuídas por todo o território
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última
Beijou sua mulher como se fosse a
última
E cada filho seu como se fosse o único
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Referências
BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. A cultura popular na Idade Média
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Agradecimentos
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) -
Código de financiamento 001.
Referências
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https://prolivro.org.br/wp-
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VOLÓCHINOV, V. Marxismo e filosofia da linguagem:
problemas fundamentais do método sociológico na ciência da
linguagem. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2018.
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Notas:
1Projeto de Lei em tramitação. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?id
Proposicao=2258196
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A SUBVERÇÃO/CARNAVALIZAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE MORAL DO PRESIDENTE DA
REBÚBLICA
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Fonte da
imagem: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/breves/bol
sonaro-pandemia-brasil-entrevista/, acesso em 10/09/2021 às 20:47
hs.
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Fonte da
imagem: https://domtotal.com/noticia/1499323/2021/02/bolsonaro-
ignora-236-mil-mortos-por-covid-19-e-ataca-isolamento-vamos-
conviver-com-o-virus-a-vida-toda/, acesso em 10/09/2021 às 20:47
hs.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da breve análise proposta foi possível identificar a imagem
e o comportamento grotesco na própria figura do atual presidente
da República, isto é, a inversão dos valores como compromisso com
o bem-estar dos seus concidadãos e a responsabilidade com falas e
discursos tendo em vista os seus efeitos. Com isto, passamos a
entender Bakhtin. O atual presidente representa “o mundo ao
avesso”, “de cabeça para baixo”, ou seja, é nele (Bolsonaro) que
entendemos o conceito de carnavalização.
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renascentismo: o contexto de François Rabelais. 5ª ed. Tradução
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um Presidente da República. In: Estadão Blogs, São Paulo, 05 de
maio de 202
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A frase latina ridendo castigat mores que significa algo como “rindo
se corrige os costumes” dá o tom do gênero cômico, originado da
sátira menipeia, que tratava a condição
humana de forma espetacularmente risível. O início do mundo às
avessas, da ruptura com o oficial, da horizontalidade das relações
e da carnavalização foi na antiguidade, mas na Idade Média e no
Renascimento tomou grandes dimensões, conforme afirma Bakhtin
(1999). Justamente em um tempo carrancudo cujo centro era a
religião e no mundo clássico onde o popular não era reconhecido
como arte oficial, mas conseguiu sobreviver como não oficial. “O
florescimento do realismo grotesco é o sistema de imagens da
cultura cômica popular da Idade Média e o seu apogeu é a
literatura do Renascimento”. (BAKHTIN, 1999, p.28)
No século XVII, o gênero cômico passou a ser periférico por
ser visto com moralismo a partir da época barroca, tornando-se
restrito a situações pontuais[1]. Na sociedade estratificada, “a
ambivalências do grotesco torna-se
inadmissível” (BAKHTIN, 1999,p. 87), por faltar abertura para o
novo. As mudanças
políticas e econômicas, além dos movimentos religiosos de
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Considerações finais
Embora o gênero cômico tenha se tornado restrito no século XVII,
o teatro lopesco revela a
rebeldia aos padrões estéticos legitimados como canônicos. E, por
meio do gracioso Mengo, da obra Fuenteovejuna, Lope de
Vega revela, também, o triunfo do riso e da força da
coletividade contra a tirania. Essa é, certamente, uma das razões
pelas quais o teatrólogo espanhol encantou o público
do Siglo de Oro. Além disso, essa obra, após vários séculos, pode
ainda inspirar o povo brasileiro que, respeitadas as diferenças
contextuais, vive no século XXI situação semelhante à que
vivenciaram os aldeões espanhóis. Então, destronar com o riso os
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Proposição I
[…] Nela, o poema está próximo da origem, pois tudo o que é
original é à prova dessa pura impotência do recomeço, dessa
prolixidade estéril, a superabundância do que nada pode, do que
jamais é a obra, arruína a obra e nela restaura a ociosidade sem fim
[…].
MAURICE BLANCHOT, O espaço Literário. 2011
Proposição II
[…] O poeta deve compreender que a sua poesia tem culpa pela
prosa trivial da vida, e é bom que o homem da vida saiba que a sua
falta de exigência e a falta de seriedade das suas questões vitais
respondem pela esterilidade da arte. O indivíduo deve tornar-se
inteiramente responsável: todos os seus momentos devem não só
estar lado a lado na série temporal de sua vida, mas também
penetrar uns os outros na unidade da culpa e da responsabilidade
[…]
MIKHAIL BAKHTIN, Estética da Criação Verbal. 2018
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A-giganta professora
A-giganta professora
Liliane Neves
Grupo Atos- UFF
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sacodem as nuvens
Pegam frutas no topo das árvores
Visitam tubarões e estrelas do mar
Abrem o maior livro do mundo
Sentem dor na barriga de tanto rir
(Ele é de lorotas)
Vão ao centro da terra
Pululam de calor
Rolam na terra, se deitam esparramados
E logo se vão
Seus passos levantam poeira no caminho
Ela os vê se afastar e se agigantar
Não há mais como achatá-los, apequená-los
Os gigantes do presente
*****
“No realismo grotesco, o elemento material e corporal é um
princípio profundamente positivo, que nem aparece sob uma
forma egoísta, nem separado dos demais aspectos da vida”[1]. No
contexto da compreensão da obra de Rabelais, Bakhtin nos aponta
a possibilidade e defesa do entendimento de que a corporeidade
não está separada dos aspectos da vida, inclusive dos aspectos
ligados ao intelecto. No poema a corporeidade da professora, quem
pretensamente ensina, não é separada da corporeidade de quem
aprende. É com o corpo, em alteridade com o outro, que se ensina
e aprende. O formativo, dimensão da vida humana, compreende
todo o corpo e é sempre relação de pelo menos dois.
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Referências
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Não quero ir lá fora. Não vou fazer isso, mesmo que Jennie me
peça.
Se antes esse quarto com o papel de parede amarelo era visto como
odioso, repugnante, agora já muda totalmente de sentido, pois
torna-se o seu prazer, ali ganha um novo significado onde possa
desfrutar o seu total, sendo parte daquele cômodo, enxerga-se de
maneira diferente e a transforma, um discurso pautado na
ambivalência desse amarelo, em que segundo (BAKHTIN, 2008,p.
22), “Seu segundo traço indispensável, que decorre do primeiro, a
ambivalência: os dois polos da mudança- o antigo e o novo, o que
morre e o que nasce, o princípio e o fim metamorfose- são expresso
(ou esboçados) em uma outra forma ”.
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Fonte: Disponível em
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Imagem 3: Setembro Amarelo
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Fonte: Disponível em
<https://www.tjdft.jus.br/informacoes/programas-projetos-e-
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editora universidade de Brasília. 2002.
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VOLÓCHINOV, Valentin. Marxismo e filosofia da linguagem:
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Américo. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2018.
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A Compreensão Responsiva
Para Ponzio (2010, p. 11), a compreensão responsiva refere-se a
uma “[...] conexão entre compreensão e escuta, escuta que fala, que
responde, mesmo que não imediata e diretamente; por meio da
compreensão e pensamento participante”. É um ato singular que
compõe a vida do sujeito, seja ele autor ou leitor. Um agir que
carrega toda a vida, no qual “[...] cada ato singular e cada
experiência que vivo são um momento do meu viver-agir”
(BAKHTIN, 2010, p. 44). Assim, objeto estético e mundo estão em
relação com a singularidade dos sujeitos, tanto na vida quanto na
arte. Nesse sentido, responder a um texto está relacionado com a
nossa unicidade, fundada no não-álibi do existir, pois conhecer o
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Nós completamos o outro naquilo que ele não pode fazer sozinho.
Podemos nos compadecer das personagens, mas retornamos para
o nosso lugar, fora da pessoa que sofre (se for esta a sina da
personagem).
A empatia estética – a visão do herói, do objeto, a partir do interior
– se realiza ativamente desde meu lugar exotópico, e precisamente
a partir daqui se realiza a recepção estética, afirmação e enformação
da matéria da empatia na arquitetônica unificante da visão. A
exotopia do sujeito, exotopia espacial, temporal, valorativa, o fato,
isto é, que não sou eu mesmo o objeto da empatia e da visão, torna
possível, pela primeira vez, a atividade estética da enformação.
Todos os componentes concretos da arquitetônica convergem em
torno de dois centros valorativos (o herói e a heroína) e são ambos
igualmente envoltos em um único evento da atividade estética
humana, valorativa, afirmativa (BAKHTIN, 2010, p. 132).
Damos um acabamento que somente nós podemos dar ao que
lemos, do lugar que ocupamos. Nesse sentido, o que foi escrito não
está acabado, só se completa com a presença do outro. Contudo,
esse acabamento é provisório, pois pode ser modificado até o
encontro com outra alteridade. Isso nos leva a pensar que variadas
são as possibilidades de acabamento, fato que, no campo do ensino
de literatura, pode tornar-se bastante interessante, pois o professor
apresenta um texto literário para uma turma que, estimulada a
realizar a leitura, terá muitas coisas a dizer sobre o que leu,
integrando uma roda de dizeres implicados pelo texto, mas
também repletos da vida de cada um dos leitores. Observemos
mais sobre as relações entre a formação do leitor e a educação
escolar na próxima seção.
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jul./dez., 2014.
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Joaquim Rauber
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Em afastamento
para qualificação com fomento do IFRS.
joaquim.rauber@bento.ifrs.edu.br
Alana Morari
IFRS Campus Bento Gonçalves
alana.morari@bento.ifrs.edu.br
Vozes de crianças.
Vozes de infâncias.
Vozes de crianças e de infâncias.
Vozes de crianças e de infâncias migrantes estrangeiras.
Como dialogamos com essas vozes?
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Uma língua, como diz Bakhtin, pode ser vista somente através dos olhos
de outra língua; portanto, a identidade lingüística, seja como forma de ser
específica de uma língua, seja como consciência lingüística, é secundária
no que diz respeito à relação de alteridade que se dá em um espaço mais ou
menos plurilingüístico. Além disso, Bakhtin insiste no fato de que a língua
nacional nunca é unitária; junto com as forças centrípetas que buscam a
unificação existem também forças centrífugas que tentam a dispersão. A
língua nacional se compõe de diferentes formas de falar (segundo o grupo
social, a profissão, o tipo de trabalho), de diferentes linguagens cotidianas,
técnicas, jargões. De fato, podemos falar de plurilingüismo interno dentro
de uma mesma língua nacional, além de um plurilingüismo externo,
determinado pela relação com outras línguas. (PONZIO, 2008, p. 24).
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[1] Termo especificamente no masculino pois, em Atenas, eram
considerados cidadãos apenas os homens gregos e livres.
[2] Conceito desenvolvido pelo filósofo negro, historiador, teórico
político e professor universitário camaronense Achille Mbembe,
em 2003.
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“nós somos
nós somos eu
somos nós um eu
somos eu, um tu.
somos:
eu, outro, EUTRO”.
Brandão (1998)
INTRODUÇÃO
O artigo em questão tem como objetivo apresentar aspectos
históricos e pressupostos da Pesquisa Participante a partir de
análise de entrevista com Carlos Rodrigues Brandão, realizada em
18 de maio de 2017, em Vila Velha, Espírito Santo. A conversa teve
a duração de 90 minutos de duração e foi mediada por Priscila
Chisté. Na ocasião, Brandão ministrou curso na Universidade
Federal do Espírito Santo (Ufes) sobre Pesquisa Participante. O
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CONCLUSÃO
Neste artigo, buscamos apresentar recorte de entrevista realizada
com Carlos Rodrigues Brandão. Contudo, sabemos que assim como
ele, outros autores desenvolveram pressupostos da pesquisa
participante, como Orlando Fals Borda (1984), autor que aborda
alguns princípios metodológicos da pesquisa participante, como a
autenticidade, compromisso e compromisso com a causa popular.
É consenso entre os autores relacionados com a causa popular, tais
como Brandão, Fals Borda e Freire, que os pesquisadores devem
levar em conta o meio cultural pesquisado, compreendendo que as
comunidades populares têm suas especificidades. Cabe ao
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REFERÊNCIAS
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do. Gêneros discursivos: um olhar sobre a entrevista de seleção de
emprego sob a perspectiva de bakhtin. Revista de Gestão e
Secretariado, v. 8, n. 2, 107-227. 2017 Disponível em:
<https://www.revistagesec.org.br/secretariado/article/view/601.>.
Acesso em: 27 abr. 2020.
BAKHTIN. Mikhail Mikhailovich. Estética da criação verbal.
[tradução feita a partir do francês por Maria Em santina Galvão G.
Pereira revisão da tradução Marina Appenzellerl. — 2’ cd. — São
Paulo Martins Fontes, 1997.— (Coleção Ensino Superior)
BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Estética da criação verbal. São
Paulo: Martins, 2011.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A Pesquisa Participante e a
Participação da Pesquisa: um olhar entre tempos e espaços a partir
da América Latina. Disponível em:
<http://www.apartilhadavida.com.br/wp-
content/uploads/escritos/PESQUISA/PESQUISA%20PARTICIPA
NTE/A%20PARTICIPA%C3%87%C3%83O%20DA%20PESQUISA
%20E%20A%20PESQUISA%20PARTICIPANTE%20-
%20rosa%20dos%20ventos.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2020.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Entrevista sobre pesquisa
participante. 2017a. Entrevista Concedida a Priscila de Souza
Chisté Leite. Vila Velha. 1 arquivos em vídeo (90 min). Entrevista
concedida ao Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Educação na
Cidade e Humanidades.
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BUUUUM!!!
Eles te acharão.
BUUUUM!!!
Eles te pe-ga-rão.
BUUUUM!!!
Eles podem te craquelar.
BUUUUM!!!
Craquelou.
°
Estou diante de uma folha de caderno branca e com linhas azuis e
ela está marcada com ideias que foram traçadas em julho de 2020.
São anotações minhas e que surgiram de um encontro que o grupo
Flora - Filosofias, Lógicas e Reescritas Acadêmico-Afetivas teve
com Marisol Barenco. Na folha que eu arranquei do meu caderno-
autoral (é nele que jogo ideias. Ideias que pulsam, que arrancam
suspiros, que me deixam sem sono) vejo escrito GROTESCO. É
assim que está escrito aqui, em letras em caixa alta que foram
marcadas por uma caneta esferográfica Bic Cristal 1.0 preta. Sobre
a marcação estão os traços deixados por um marca texto rosa que
nem tinta tem mais (de tanto ter sido usado por mim. Coitado!).
Duas ideias estão entorno da palavra GROTESCO.
A primeira: “Se há um incômodo é porque ele foi colocado lá no
lugar de incômodo. Eu posso encará-lo com outras lentes? Mas,
para encará-lo com outras lentes é necessária a reorganização do
próprio enunciador.”
A outra: “O incômodo tem suas tecituras. Por exemplo o sapo chato
que estava na porta da casa da Maria me traz asco, mas ele estava
lá e eu não vi. Lembrar dele me remete ao vivido-ido que não foi
tecido pelo meu espaço-tempo.”
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O incomodante incômodo
A ilustração com o sapo que estava na porta da casa onde eu fora
tomar banho me serve para compor alguns arranjos com categorias.
Faz-me pensar que o incomodante incômodo seja um esbarrar, um
tropeçar, um cair sobre, um ser impelido por aquilo a que se está
rodeado. Ele acontece dentro do que é chamado de viver. Acredito
que o incomodante incômodo não seja o responsável-único por
nenhum tipo de mudança utópica que se espera na esfera do
espaço-tempo, não podendo ser ele responsabilizado por
nomeações que se dão às vivências, por exemplo, quando as
julgamos como boas ou ruins. Incomodantes incômodos são
ocorridos, acontecimentos, flashes no tempo e no espaço que
surgem como convites despretensiosos ao ver, ouvir, compor, falar,
tracejar, tropeçar, caminhar, perambular pela e na vida. Do aceite a
esse convite ou não é que coisas passarão a existir, sendo elas
composições do ser que foi incomodado com aquilo que se foi tido
como um incômodo.
Incomodantes incômodos são como o farfalhar que balança as
folhagens do pequeno canavial de meu quintal. “É finzinho de
tarde e o gigante se move sinuosa e fluidamente.” Esse farfalhar
das folhagens deixa desenhos no ar e me faz pensar em qual a
sensação ou sentimentos vivenciados após essa configuração outra.
O gigante que causa o farfalhar pode ser rejeitado. Pode ser
acolhido. Pode por ali passar, fazer dançarem com ele, fazer
imagens serem formadas a partir dele. Os meus olhos, lançados
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Nessa existência sem álibi o que se tem são atuações, sendo estas os
arranjos composicionais no espaço-tempo. Esses arranjos, assim
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Referências
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de políticos que não filtra seus vocábulos, não age em prol do povo,
pronunciam palavras e tomadas de decisões que não visam o
favorecimento do povo brasileiro, mas sim promovem a desordem
por meio de atitudes incoerentes e grotescas.
Falar do grotesco podemos associar ao
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A palavra grotesco tem sido recorrente em nosso vocabulário, o que
informa o quanto ela está presente no nosso cotidiano, na nossa
realidade, isto é, uma forma de viver a vida.
Desse modo, a partir da análise da música baile de favela
refletimos a respeito das questões sociais que estão interligadas
intrínsecas e extrinsecamente no grotesco dos tempos
atuais. Percebemos a ambivalência entre a exaltação, em que a
atleta Rebeca Andrade, ao dançar a música faz com que o mundo
deseje conhecer o funk, dance ao som deste gênero e cria nos
brasileiros um sentimento de orgulho, de diálogo onde as
comunidades locais são pessoas de bem e que buscam seus sonhos.
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REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail. O homem ao espelho. Apontamentos dos
anos 1940. São Carlos: Pedro & João Editores, 2020. 110 p.
______________. A Cultura Popular na Idade Média e no
Renascimento — o contexto de François Rabelais. Hucitec
Editora/UNB, 1987.
DANTAS, Tiago. Funk; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/artes/funk.htm. Acesso em:
06/09/2021.
POLITIZE. Como o funk surgiu no Brasil e quais são suas
principais polêmicas? Disponível em:
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<https://www.politize.com.br/funk-no-brasil-e-polemicas/>.
Acesso em: 31/08/2021.
SODRÉ, Muniz; PAIVA, Raquel. O império do Grotesco. Rio de
Janeiro: Editora Mauad, 2002.
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Referências
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Bakhtin: outros conceitoschave. São Paulo: Contexto, 2006.
BAKHTIN, Mikhail M. Questões de estilística no ensino da
língua. Tradução de Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo.
São Paulo: Editora 34, 2013.
______. Arte e Responsabilidade In: Estética da Criação Verbal.
Cidade: Editora, 2011.
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Referências
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara
Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec; Brasília: Editora Universidade
de Brasília, 2008.
BAKHTIN, Mikhail M. Para uma filosofia do ato responsável. Trad.
de Valdemir Miotello e Carlos Alberto Faraco. 2.ed. São Carlos:
Pedro & João Editores, 2012.
MIOTELLO, Valdemir. Falando do riso… rindo da fala. In:
SERODIO, Liana et al. Narrativas, corpos e risos anunciando uma
ciência outra. São Carlos: Pedro & João Editores, 2018.
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Introdução
Escrito por Machado de Assis no início da década de 1890, o conto
Missa do Galo inspirou em 1964 o pernambucano Osman Lins na
idealização de um projeto, colocado em prática 13 anos depois, em
1977. Assim, mais de 80 anos depois, o conto machadiano ganhava
nova vida na obra Missa do Galo – Variações sobre o mesmo tema
(ASSIS et al., 1977, 2008), reunindo versões de seis ficcionistas
brasileiros, cada qual estabelecendo diálogo intertextual com o
texto-base, segundo suas perspectivas e estratégias.
A partir do pensamento de Bakhtin e seu Círculo, buscaremos
compreender a intertextualidade presente na obra, tendo como
recorte a análise comparativa entre o original machadiano e a
produção do escritor Autran Dourado, intitulada “Missa do Galo
(mote alheio e voltas)”.
Dialogismo e intertextualidade
Partimos de José Luiz Fiorin (2020) para abordar o dialogismo,
princípio unificador da obra de Mikhail Bakhtin, para quem a
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Análise comparativa
No texto machadiano, o personagem-narrador é a versão mais
velha do jovem Nogueira, então estudante de 17 anos, hóspede do
escrivão Meneses por conta de algum parentesco: era primo da
primeira esposa de seu anfitrião. Esse, por sua vez, havia casado
em segundas núpcias com Conceição, mulher de 30 anos a quem
traía frequentemente, dando como desculpas falsas idas ao teatro.
Outra personagem da trama é dona Inácia, mãe de Conceição. O
conto está centrado em um episódio que ocorre no espaço de tempo
de uma hora. Esperando o relógio dar meia noite para poder ir à
Missa do Galo, Nogueira aguarda na sala, lendo. Então aparece
Conceição, estabelecendo-se uma interação entre os dois. Nas
entrelinhas, Machado vai revelando sutilezas e até mesmo um certo
erotismo velado. Ao final, dá conta de que, após as férias, no
retorno ao Rio de Janeiro, o jovem fica sabendo que o escrivão havia
morrido e que Conceição mudara para o Engenho Novo, tendo se
casado com o escrevente juramentado do marido.
Dourado praticamente se vale dessa última informação do texto
para, com o recurso de um narrador onisciente, transportar o leitor
a um tempo mágico, que transita entre a contemporaneidade ao
fato narrado no conto machadiano e algum tempo posterior. Desse
modo, cria uma possibilidade narrativa capaz de influenciar de
forma decisiva a leitura da proposta original. Em sua versão, o
escrevente ganha nome e história: Joaquim Fontainha Távora, o
grande beneficiário da morte do escrivão Menezes.
O cartório lhe veio de dote, de eito, leito ou direito, como se dizia e
era uso então. Mas não foi tão fácil como a princípio cuidou. A vara
era para ele mais natural do que a coroa da Inglaterra na cabeça do
príncipe de Gales, pensava na sua lógica plebeia (Dourado, 2008, p.
77).
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Considerações finais
Missa do Galo – Variações sobre o mesmo tema é um exercício de
intertextualidade que nos permite compreender o dialogismo
pensado por Bakhtin e seu Círculo. Na obra, constata-se toda a
dinâmica inerente às noções de enunciado/enunciação e à ação do
autor-criador, com valorações que vão construindo novas
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Referências
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concreto/enunciação. In: BRAIT, Beth (org.). Bakhtin: Conceitos-
chave. São Paulo: Contexto, 2020.
FARACO, Carlos Alberto. Autor e autoria. In: BRAIT, Beth (org.).
Bakhtin: Conceitos-chave. São Paulo: Contexto, 2020.
FIORIN, José Luiz. Introdução ao pensamento e Bakhtin. São
Paulo: Contexto, 2020.
ASSIS, Machado de [et al.]. Missa do Galo: variações sobre o
mesmo tema. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977, 2008.
DOURADO, Altran. Missa do Galo (mote alheio e voltas). In:
ASSIS, Machado de [et al.]. Missa do Galo: variações sobre o mesmo
tema. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977, 2008.
MOZDZENSKI, Leonardo. Intertextualidade verbo-visual: como
os textos multissemióticos dialogam? Bakhtiniana: Revista de
Estudos do Discurso [online]. 2013, v. 8, n. 2 [Acessado 17 Agosto
2021], pp. 177-201. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S2176-
45732013000200011>. Epub 17 Dez 2013. ISSN 2176-4573.
https://doi.org/10.1590/S2176-45732013000200011.
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Fabiana Giovani
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
fabiana.giovani@ufsc.br
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Referências
BAKHTIN, Mikhail. A Cultura Popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara
Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec; Brasília: Editora Universidade
de Brasília, 2008, p. 129.
BAKHTIN, Mikhail. Notas sobre literatura, cultura e ciências
humanas. São Paulo: Editora 34, 2017.
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Notas:
Trata-se do livro “O queijo e os vermes”, de Carlos Ginzburg
[1]
(1989).
[2] O autor cita a obra Almanach des bergers.
Trata-se do texto de André Luis Bertelli Duarte intitulado
[3]
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perceber que não era respeitado, gritou “umas vinte e cinco vezes”
para tentar se impor.
Nesse plano metafórico, é possível aproximar a figura do lobo aos
generais da ditadura militar que pisavam forte no começo dos anos
de 1970, reprimindo e censurando as manifestações de liberdade e
pensamento (transfigurados na pele da menina Chapeuzinho).
Note-se que o número de vezes que o lobo gritou seu nome (vinte
e cinco), pode sugerir a previsão de anos que Chico Buarque
acreditava durar o período militar, iniciado com o golpe de 1964.
Entretanto, na sequência, a menina foi perdendo o medo do lobo,
que, numa brincadeira, acabou virando um bolo. Nesse sentido,
podemos visualizar o processo de redemocratização no Brasil (final
da década de 1970 e início da década de 1980), em que os cidadãos
(Chapeuzinho) começaram a protestar contra a opressão da
ditadura (todos os medos da menina).
Mesmo se interpretado na condição crítica à ditadura, não se pode
negar o caráter essencialmente infantil presente no livro, que,
inclusive, foi dedicado às filhas pequenas do autor. Isso porque
Chapeuzinho Amarelo prima, ao contrário de outras obras mais
ligadas à pedagogia do que à arte, pelo imaginário da criança, num
contexto verossímil que se preocupa com a realidade, mas não com
a verdade.
Essa linguagem artística, humana, presente em Chapeuzinho
Amarelo, busca sugerir ideias e experiências, num jogo em que as
palavras, os sons e as imagens se cruzam e constroem uma leitura
poética, plena de descobertas, suscitando renovação constante nas
ambivalências da vida.
E o livro de Chico Buarque desemboca justamente nessa questão:
Chapeuzinho Amarelo provoca a imaginação do pequeno leitor,
estimula o questionamento dos porquês da existência dos seus
medos, instiga o lúdico num jogo de palavras, sons e imagens,
ensina a transformar o velho em novo num processo constante de
renovação. E são essas possibilidades inerentes a uma literatura
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Referências
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. Trad. de Yara
Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2010.
BUARQUE, Chico. Chapeuzinho Amarelo. 13. ed. São Paulo:
Editora José Olympio, 1994.
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Especulações à parte, eis que a ideia chegara com os Anjos que lhe
dispararam flechas fatídicas em seu cérebro que ardia como um
fogo fátuo em pura volúpia linguístico-filosófica.
A ideia
De onde ela vem?! De que materia bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!
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sempre acreditar no que se lhe diz e no que lê. Não o diz Salomão
(115), Proverbiorum XIV: Innocens credit omni verbo (116), etc.? E São
Paulo (117), prime Corinthio, XIII: charitas omni credit (118)? Por que
não haveis de acreditar? Porque, direis, não há nisso nenhuma
aparência. E eu vos digo que, só por essa razão, deveis acreditar
com toda a vossa fé, pois dizem os Sorbonnistas (119) que a fé, é
argumento das coisas de nenhuma aparência”. (RABELAIS, 1966,
p.54).
Referências
ANJOS, A. Antologia poética de Augusto dos Anjos. Rio de Janeiro:
Ediouro; São Paulo: PubliFolha, 1997.
BAKHTIN, M. M. A cultura popular na idade média e no renascimento:
o contexto de Rabelais. 3 ed. (Trad. Yara Frateschi). São Paulo:
HUCITEC; Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1987.
MOTTA, Valdo. Bundo e outros poemas. Campinas, SP: Ed. Unicamp,
1996.
RABELAIS, F. Gargantua. (Trad. Aristides Lobo). Rio de Janeiro:
Ediouro, 1966.
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INTRODUÇÃO
Como professores do ensino fundamental, vivemos situações no
cotidiano onde interpretamos o conceito de infância, buscando
compreender suas vozes e potencialidades nas práticas educativas.
A questão que escolhemos discutir neste artigo está em identificar
a linguagem infantil e seus processos de desenvolvimento
(VIGOTSKI, 2006, p.3).
Desta maneira, ao pesquisar a infância reconhecemos que existem
dois desafios iniciais: o primeiro deles é que historicamente
carregamos concepções adultocêntricas sobre as crianças, desde
sua formação até suas formas de ser e de estar no mundo. Nosso
imaginário (QUIJANO, 1992, p.13) é marcado pela forma como
fomos forjados, e aquilo que conhecemos sobre a infância, inclusive
em sua relação com a educação, são reflexos dessas trajetórias
vividas. É comum, nesta perspectiva, definirmos identidades,
lugares e narrativas para pronunciar as crianças. O que nos inspira
a pensar desta forma sobre a infância? E enquanto adultos, como
nos libertar destas ideias enviesadas?
O segundo desafio reside em conceituar a própria categoria
infância. Acreditamos que a infância é construída no plano social e
marcado pela colonialidade, ou seja, a operação epistêmica que, a
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Procuramos a partir dos estudos sobre a teoria histórico-cultural,
identificar as bases do desenvolvimento humano, um campo de
conhecimento onde repercutem os constructos de Lev
SemionovitchVigotski, quando passa a considerar as crianças como
seres de linguagem constituídas no espaço, em sua dimensão
social. A análise dos textos refletiu a necessidade de olhar
eticamente os seres no mundo, desde seu primeiro ano de vida, ao
entendermos que as crianças em sua potência e como produtoras
de cultura, ao longo de seu processo de desenvolvimento.
Resta-nos como educadores mergulhar na compreensão da gênese
da linguagem – onde a fala e a palavra são atos de comunicação do
ser humano, que é social. Neste sentido contraria-se a visão colonial
de mundo onde tudo é pré-dito. Em qualquer momento para
compreender a criança em seu desenvolvimento precisamos situa-
la a partir do contato com o outro.
Para responder o que seria a infância, consideramos a historicidade
proposta por Ariès, refletindo sobre a existência de um modelo
hegemônico que perpassa a família e a escola, bases inventadas
pela modernidade europeia e que serviram de régua para o restante
do mundo colonizado.
Esse determinismo clássico positivista, sobretudo nos projetos de
educação prescreve uma identidade infantil para nós, os adultos –
que consideramos a criança por seus acúmulos individuais,
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REFERÊNCIAS:
ARIÈS, P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro:
LTC. 1981.
JUNIOR, I. V. Torto Arado. São Paulo: Todavia. 2019.
MALDONADO-TORRES, N. Sobre la colonialidade del ser:
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VIGOTSKI, L. S. Obras escogidas. Tomo IV. Madrid: Visor y A.
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VIGOTSKI. L. S. Pensamento e linguagem. Edição eletrônica: Ed
Ridendo Castigat Mores, 2001.
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Dialogantes?
Neste breve texto, exponho a proposição do conceito de
“comunidades interpretativas” na perspectiva do teórico de
literatura norte-americano Stanley Fish e alguns de seus pontos em
comum com a perspectiva dialógica da linguagem do Círculo de
Bakhtin. Inicio com um spoiler que, espero, pode ajudar a elucidar
uma das implicações centrais da noção fishiana de comunidades
interpretativas.
No filme Dirigindo no escuro [Hollywood Ending], de 2002, dirigido e
estrelado por Woody Allen, temos como protagonista Van
Waxman, um diretor neurótico que ao rodar uma nova película
passa a sofrer de uma cegueira psicossomática e acaba por dirigir
todas as sessões de gravação e edição sem enxergar nada do que se
passa. Após seu lançamento, o filme é um fracasso de crítica e
bilheteria no circuito americano, mas também se torna um sucesso
celebrado no circuito francês, o que resulta em um contrato para a
realização de um filme na França. O desfecho do longa-metragem
pode ser interpretado como um ácido comentário ao mercado
cinematográfica e ao campo da crítica de cinema, mas traz a nós um
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Referências
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Apresentação
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi homologada
contendo as seções destinadas à discussão desde a Educação
Infantil até a etapa do Ensino Médio com a intenção de tornar o
ensino nas escolas brasileiras mais “homogêneo” e “comum”. Na
verdade, a BNCC é uma construção de longa data, sendo prevista
pela LDB 9394, de 1996, bem como em documentos subsequentes.
No entanto, o documento aprovado em dezembro de 2018, no final
do governo Michel Temer, foi atravessado ideologicamente pelo
processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o que,
para muitos analistas, configurou-se em um golpe de estado
jurídico-midiático-parlamentar
Tendo em vista a repercussão da Base Nacional Comum Curricular
e das distintas abordagens acerca da leitura na escola, percebemos
a necessidade de discutir a concepção de leitura da BNCC e do
documento como um todo em sua arquitetônica, a partir de uma
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Campos de
atuação
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Personagens escolhidas,
Em cada momento um corpo.
Não como uma balalaica em camadas já dadas!
As mil faces no espelho,
Se ampliam,
Se expandem,
Deformam,
Não cabem.
Não esgotam o ser
irrepetível
Entre tantas palavras,
Nenhuma possível.
Corpo mistério,
Abrigo da imanência,
Recrianças,
Invenção,
Agora.
Um arranjo provisório,
Não aprisionado em uma identidade ou finalidade.
Sem fim ou começo,
Se faz no devir.
Flui em sentidos.
Afeta e se deixa afetar.
Sua primazia é sentir
Ouve seus instintos
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Eu crescia e me agigantava
Não era só força como de costume
Era magia, conexão
Meus ciclos aliados à Terra
Minha mãe
Me sentia em seu ventre
Ao mesmo tempo que eu mesma a gerava
No meu útero
E as palavras brotavam na minha pele
Eu era agora
Jequitibá-rosa, Sumaúma, Figueira-brava
Cada folha era uma palavra
Com elas ia compondo
Uma melodia de amor
Terra abrigo
Minha casa
Minha mãe
Trocava secreções e energias em todas as direções
Era terra, ar, água e fogo
Acordei ardendo em febre
Sufocando
Queria gritar,
Corri para ver o céu
Precisava respirar
Ela estava lá majestosa
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Referências Bibliográficas.
LEÃO, Ryane. Jamais peço desculpas por me derramar. São Paulo.
Planeta do Brasil, 2019.
____________ Tudo nela brilha e queima. São Paulo. Planeta do
Brasil, 2017.
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Um começo de conversa
Ser professora de escola pública do interior de SP em época de
ensino híbrido em pandemia de COVID-19 não tem sido muito fácil
para mim. As demandas da escola que desconsideram os/as
estudantes ainda insistem em chegar e fazer com que os/as
professores/as e estudantes ajam como robôs na mecanização das
formas de ensinar e das maneiras de aprender.
Na tentativa de não ser (sempre) uma robô, tenho aprendido com
Prado (2013) e com os grupos de estudos do Grupo de Estudos e
Pesquisas em Educação Continuada (GEPEC) da Faculdade de
Educação da Unicamp, em especial com os/as participantes do
Grupo de Estudos Bakhtinianos (Grubakh) que ao narrar os
acontecimentos vividos por mim na escola posso, com a ajuda de
muitos outros, elaborar compreensões do que se passou.
Procuro, então, nesta conversa compartilhar uma narrativa e as
elaborações possíveis ao pensar nela com o grotesco, o riso e as
lutas contra as ideias dominantes.
Robôs...
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Um meio de conversa
A experiência de ler essa narrativa no encontro do Grubakh
modificou a maneira como interpretei a minha escrita. Ao ler pude
ouvir risos e ver corpos em risos. Risos em uma narrativa que foi
escrita para que eu, professora de escola pública, expressasse
minha indignação diante de uma das tantas desgraças que tem
acompanhado o ensino público em meio a pandemia de COVID-
19, da escola rígida, fria e uniforme que insiste em trazer para
dentro da sala de aula demandas que não são dos/as estudantes
para que os/as próprios/as estudantes respondam como sendo
deles/as. Demandas essas que vieram, dessa vez, disfarçadas com
o convite “amoroso” que fiz.
Bezerra (2018), ao falar do riso enunciado por Bakhtin, me ajuda a
pensar no cômico como uma espécie de fermento para os textos. Os
risos dos/as colegas fermentaram em mim e me fizeram perguntar:
quem a professora queria enganar dizendo que aquele novo projeto
instituído não era uma competição? Quem era aquela professora
que queria, em uma relação hierárquica, em uma relação que
também desconsiderava os corpos e as consciências dos/as
estudantes, a tentar, de alguma maneira, sobrepor a demanda da
escola repassada para ela e, por fim, enfiada goela abaixo nos/as
estudantes? Qual convite amoroso camuflaria as relações que os/as
estudantes já tinham estabelecido com as palavras “olimpíada”,
“projeto”, “poema” e “competição”?
Minha posição de professora, de suposta autoridade no grupo e de
suposta autoridade do grupo que faz convites amorosos não foi o
suficiente para convencer os/as estudantes de que participar da
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Um final de conversa
Vendo a personagem da professora na relação com as personagens
dos/as estudantes e a relação entre narrativa e leitura percebo o
grotesco não como um ato, mas como uma forma de interpretar o
mundo partindo do outro em uma relação de alteridade. Ali, na
narrativa, vejo o próprio ato de narrar como grotesco, como forma
de expressar o vivido para o outro quando o vivido na escola não é
importante, interessante ou colabora para que a olimpíada de
língua portuguesa seja um projeto bem sucedido. Narrar e dar a ver
a vida vivida e materializada na narrativa é subverter, é resistir, é
lutar e transgredir. É ver-me aos olhos do outro em tom de riso, é,
na criação estética da narrativa, pensar também nas relações da
vida, é tentar não ser robô, mas, se assim for, ser robô com
fermento.
Referências bibliográficas
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Palavras prévias
A obra de arte é realidade valorada, trazida pelo autor-pessoa que
por sua vez, ao assumir a condição de autor-criador, orquestra
vozes pinçadas dessa realidade, e as volora em outro contexto, o da
sua narrativa, do seu objecto esteticamente acabado.
Bakhtin ([1979] 2011, p.3) ensina-nos que “cada elemento de uma
obra de arte nos é dado na resposta que o autor lhe dá, a qual
engloba tanto o objeto quanto a resposta que a personagem lhe dá
(uma resposta à resposta); neste sentido, o autor acentua cada
particularidade da sua personagem, cada traço seu, cada
acontecimento e cada ato da sua vida, os seus pensamentos e
sentimentos”. Evidentemente, a realidade de uma obra de arte é
concebida pelo autor-criador. A pessoa-personagem, incluindo as
suas experiências, pensamentos, desejos, atitudes; os factos e os
acontecimentos axiologicamente valorados vivenciados pela
personagem referem-se ao trabalho criativo do autor.
O sujeito criador é uma entidade que encontra situado em um
mundo da vida e da arte, ao que o universo representado na obra
irá corresponder ao recorte da vida quotidiana. Portanto, ao
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personagem issufo afirma que “vim do céu (…) vim cá abaixo numa
missão.”/ “pertenço à religião verdadeira, à igreja de deus…” p.54.
Tal como se destaca na bíblia a negação, a descrença em Jesus
Cristo, nos seus ensinamentos, na sua relação estreita com Deus, no
texto, ocorrem situações em que algumas personagens colocam em
causa a personagem vinda do céu e outras ficam desconfiados com
o que ele representava.
“lá no céu, o alimento é feito de maná”
“maná? o alimento que caiu aos israelitas no deserto, na época do moisés?”
“issufo, não tem idade para contar histórias”
“que merda! vocês estão também avariados! vou-me embora, não mais vou
perder o meu tempo” p.56-57.
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Conclusão
É deveras difícil recorrer ao termo conclusão para designar a esta
parte do nosso escrito, assumindo a perspectiva bakhtiniana, uma
vez que nesta a inconclusibilidade é nota dominante, ou seja, é
constitutiva das coisas, tudo existe na relação com o outro, as
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Referência bibliográficas
BAKHTIN, M. M. A cultura popular na Idade Media e no
Renascimento: o contexto de François Rebelais. Trad. Yara
Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, (1965), 1987.
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Martins Fontes, (1979) 2011.
CUNHA, A. G. da. Dicionário etimológico da língua portuguesa.
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DICIONARIO UNIVERSAL DA LINGUA PORTUGUESA. 2.ed.
Maputo: Moçambique Editora, 2000.
GUILA, E. M. R. A representação das vivências de um povo em a
invenção do cemitério de Pedro Pereira Lopes. Cadernos de África
Contemporânea: Ceará, v.2, n.3, p . 35-47, marc., 2019.
LOPES, P. P. A invenção do cemitério. São Paulo: Desconcertos
Editora, 2019.
BENTO, S. Dicionário Changana-Português. Maputo: Texto
Editores, 2011.
Notas
[1] Quando o contemplador busca entender um objecto estético o
faz com as palavras e conhecimentos do mundo a ele circunscrito e
valorados de acordo com as suas vivências. Por conseguinte, a par
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Introdução
O dialogismo, para Bakhtin (2017, p. 39), é o “complexo
acontecimento do encontro com a palavra do outro”, possível por
meio do diálogo entre os enunciados durante as interações
discursivas. Tais enunciados reúnem
diversas vozes independentes, fenômeno ao qual Bakhtin (2010, p.
23) dá o nome de polifonia. O dialogismo é, então, um ambiente de
tensões verbo-ideológicas entre as diferentes vontades das vozes
que habitam os enunciados. Esses embates resultam,
historicamente, em “confrontos sêmicos, deslizamentos de sentido,
apagamentos de significados, interincompreensões, etc.” (FIORIN,
2018, p. 191).
Bakhtin (2002) observou nos conflitos dialógicos um contínuo jogo
de poder. Os grupos sociopolíticos hegemônicos exercem forças
centrípetas para a unificação da língua, com vistas a uma
centralização ideológica que lhes favoreçam. No entanto,
plurilinguismo (linguagens diversas provenientes de outros
grupos sociais) exerce forças centrífugas de descentralização.
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Considerações finais
As possibilidades da charge enquanto gênero discursivo nem de
longe foram esgotadas com esta breve pesquisa. Bakhtin, como
pensador da função social da língua, tem muito o que oferecer para
futuras investigações do texto chárgico, especialmente no que diz
respeito aos embates ideológicos e às forças que atuam nas
enunciações.
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Referências bibliográficas:
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FIORIN, José Luiz. Interdiscursividade e Intertextualidade. In:
BRAIT, Beth (org). Bakhtin: outros conceitos-chave. 2. ed. São
Paulo: Contexto, 2018.
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1 Iniciando a conversa
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3 O burlesco e a liberdade
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Considerações finais
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Referências
BAKHTIN, Mikhail A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento – o contexto de François Rabelais. São Paulo:
Hucitec,1987
We Speak Dance (Season 1), Netflix,
2018: https://lescorpsdansants.com/2017/12/11/netflix-estreia-
serie-we-speak-dance-em-2018
Notas:
[2] BAKHTIN, Mikhail A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento – o contexto de François Rabelais. São Paulo:
Hucitec,1987
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Referências
BAKHTIN, Mikhail. A Cultura Popular Na Idade Média E No
Renascimento: o contexto de François Rabelais. 7ª ed. – São Paulo:
Editora Hucitec, 2010.
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REFERÊNCIAS
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LEVITSKY, S.; ZIBLATT, D. Como as democracias morrem. Rio de
Janeiro: Zahar, 2018.
VOLOCHINOV, V. A construção da enunciação e outros ensaios.
Tradução João Wanderley Geraldi. São Carlos/SP: Pedro e João
editores, 2013.
VOLOCHINOV, V. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas
fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São
Paulo: Editora 34, 2017.
NOTAS
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uma vez que essa não produz lucro e não faz o consumo girar. É
diante da câmera, portanto, e por meio dos filtros, que a lógica do
capitalismo produz o polimento do belo e a repulsão do grotesco.
Referências
BAKHTIN, MIKHAIL M. Cultura popular na idade média e no
renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara
Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 1987.
BAKHTIN, MIKHAIL M. Estética da criação verbal. 6. ed. Tradução
de Paulo Bezerra. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.
BAKHTIN, MIKHAIL M. O homem ao espelho: apontamentos dos
anos 1940. Tradução de Cecilia Maculan Adum, Marisol Barenco
de Mello e Maria Letícia Miranda. São Carlos: Pedro & João
Editores, 2019.
HAN, Byung-Chul. A salvação do belo. Tradução de Gabriel Salvi
Philipson. Rio de Janeiro: Vozes, 2019.
Instagram faz 10 anos como uma das maiores redes sociais do
mundo e de olho no tiktok, para não envelhecer. Globo (G1), 2020.
Disponível
em: https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2020/10/06/i
nstagram-faz-10-anos-como-uma-das-maiores-redes-sociais-do-
mundo-e-de-olho-no-tiktok-para-nao-envelhecer.ghtml. Acesso
em: 06 de setembro de 2021.
LIPOVETSKY, Gilles. A sociedade da sedução: democracia e
narcisismo na hipermodernidade liberal. Tradução de Idalina
Lopes. São Paulo: Manoele, 2020a.
LIPOVETSKY, Gille; CHARLES Sébastien. Os tempos
hipermodernos. Tradução de Luís Filipe Sarmento. Lisboa: Edições
70, 2020b.
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3 Considerações finais
Sabe-se que o momento é de crise e incertezas, que as
des(informações) são muitas e findam por serem acolhidas por
uma grande parcela da sociedade. Assim, no campo da pós-
verdade, constata-se que a verdade não é mais o desejo do criador
discursivo, muito menos o desejo de quem a consome, uma vez que
esse valor está degradado na esfera social, como explica Foucalt
(1996).
Compreende-se, no entanto, que os enunciados da des(informação)
não são atemporais, pelo contrário, exigem uma correlação com o
tempo/espaço em que circulam; e, isso faz com que adquiram mais
chances de se difundirem, fundamentalmente quando relacionam
a eventos recentes. Portanto, são enunciados historicamente
construídos que refletem a realidade de um contexto. Eles surgem
com o intuito de justificar determinada ação e, pelo
descompromisso que têm com a verdade, colaboram para um
cenário de incertezas, favorecendo a instabilidade e o descrédito,
principalmente com a saúde, enfraquecendo a adesão da população
às medidas preventivas de combate à covid-19.
REFERÊNCIAS
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Alexandre Vanzuita
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense
alexandre.vanzuita@ifc.edu.br
INTRODUÇÃO:
“Porque a minha vida inteira como um todo pode ser considerada um
complexo ato ou ação singular que eu realizo: eu realizo isto é, executo
atos, com toda a minha vida e a cada ato particular e experiência vivida é
um momento constituinte da minha vida”(BAKHTIN, 2012 p. 21)
Cresci com os pés no chão, sentindo na sola dos membros que
sustentam meu corpo, a textura áspera e gélida do piso de cimento
batido da casa em que me criei. Recordo ainda que meus pés, quase
sempre descalços, sentia a terra das ruas em que brincava, os grãos
de areia dos campinhos em que passava horas a correr atrás de uma
bola e recordo-me de igual modo, dos pés calejados de minha mãe
que, ao retornar para casa após um árduo dia de trabalho do chão
de asfalto dos centros das cidades, gentilmente solicitava filha, tire
meus sapatos. Nesse contexto é que trago como epígrafe desta parte
introdutória deste artigo o texto de Bakhtin, que por sua vez, me
permite revisitar as memórias de experiências vividas
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do outro, que por sua vez, envolve a semiótica que orienta para o
papel condicionante da comunicação social (CASTRO;
PORTUGAL; JACÓ-VILELA, 2011).
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Referências
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Paulo: Pedro e João, 2012.
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Paulo: Hucitec, 2006.
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Fabiana Giovani
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
fabiana.giovani@ufsc.br
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Referências
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Renascimento: o contexto de François Rabelais.
Tradução de Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec; Br
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DUARTE, A. L. B. Cultura Popular na Idade Média e no
Renascimento: revisitando um Clássico. Fênix – Revista de
História e Estudos Culturais Abril/ Maio/ Junho de 2008 Vol.
5 Ano V nº 2. ISSN: 1807-6971
Disponível em: www.revistafenix.pro.br
GEGe. Lendo o Cultura popular na Idade Média. In: Palavras e
Contrapalavras: conversando sobre os trabalhos de Bakhtin. São
Carlos: Pedro & João editores, 2010.
Notas
O Portal Escrevendo o Futuro reúne as ações do Programa
[1]
613
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no
endereço http://www.aulaparana.pr.gov.br/lingua_portuanoguesa
_1. Pertence, portanto, a um material disponibilizado para o estado
do Paraná para ser utilizado nas aulas online no período de
pandemia.
A charge causou a Honoré seis meses de prisão, mas em
[3]
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612, 601, 600 e zero, o Jardim Cachoeira é 636 e 601 também, e...
Garagem é 005, esses ônibus é 001, 002, 003, 004, 005, 006, 007. Né?
O Linhares é 420, o...
João: É, tudo, tudo!
Gabriel: É... tem uns que eu não lembro né?
Bruno: O que traz pro bairro é qual?
Gabriel: O que traz pro bairro?
Bruno: Pra esse... pro seu bairro?
Gabriel: Ah! Pra ir pro meu bairro é só pegar os ônibus verdes.
Bruno: Os ônibus verdes deixam no seu bairro?
Gabriel: É... o meu bairro é Santana, né?
Bruno: Uhum!
Gabriel: Que é..., que o meu... meu ônibus é só 40 e 36, é eles que
são meus ônibus, o 33 ele também é meu, né? Só que o 33 desce ali,
ali na... na nossa rua aqui.
A escola desenvolveu um projeto de ensino que envolvia as regiões
geográficas brasileiras. Com um mapa nas mãos, a professora
apresentava o território brasileiro para as crianças, sua organização
regional e estadual. No diálogo, Gabriel traz os letreiros dos ônibus
novamente:
Gabriel: (…). Eu conheço o Rio de Janeiro, porque um dia eu fui
com o meu avô para o Retiro (bairro na saída da cidade para a BR-
040, que liga Juiz de Fora ao Rio de Janeiro) e vi uma placa com
duas setas: Matias Barbosa e o Rio de Janeiro fica pra lá (indicando
com um aceno de mãos).
Um dia, após a leitura de uma obra de literatura infantil, as crianças
foram solicitadas a desenhar a sua coleção de lugares. Durante a
atividade, converso com Gabriel sobre o seu desenho:
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Bruno: Gabriel, fale pra mim sobre o que você desenhou (coleção
de lugares).
Gabriel: É um desenho que eu fui lá em Benfica (bairro distante da
escola).
Bruno: Ah é? E onde fica Benfica?
Gabriel: Benfica lá pro... só pegar o ônibus azul. Só que eu fiz aqui
Nova Benfica.
Bruno: E você foi a Benfica com quem?
Gabriel: Com meu pai e minha mãe. Foi lá no... no dia dos Finados.
Bruno: E aí é isso que você tá desenhando aí?
Gabriel: (responde afirmativamente com a cabeça).
Bruno: Tá certo. Você gosta de ir a Nova Benfica?
Gabriel: Gosto.
Bruno: É um lugar que tá na sua coleção...
A janela era o lugar onde Gabriel rompia com o instituído pela
escola. Ali, ele experimentava os conteúdos escolares no mundo,
circulando pelos letreiros dos ônibus. E criava a partir dali um novo
movimento instituinte. Reinaugurava o meu mundo todos os dias...
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SEU BOSTA
Hélio Pajeú
E agora, seu Bosta?
O vídeo vazou
A luz acendeu
O patriota sumiu
O peido esfriou
E agora, seu Bosta?
E agora, você?
Você que é sem cérebro
Que quer matar os outros?
Que nunca lê verso
Que odeia, protesta?
E agora, seu Bosta?
Está sem resposta
Está sem recurso
Pode estar com o vírus, sozinho
Não adianta beber
Não adianta fumar
Mas se arrepender, você ainda pode
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Seu 17 afundou
Sua arminha não veio
O dólar a um real não veio
O kit gay não veio
Não veio a soberania
E tudo desmoronou
E tudo ruiu
E tudo, morgou
E agora, seu Bosta?
E agora, seu Bosta?
Não acabou a mamata
Trocou gato por lebre
Sua raiva e seu jejum
Sua amarga hemorroida
Vai sobrar pro seu coro
Sua camisa amarela
Sua incoerência
Seu ódio, e agora?
Com a bíblia na mão
Quer abrir o céu
Não existe céu
Quer fugir pra Disney
Mas a Disney fechou
Quer ir pra rua
A rua não há mais
Seu Bosta, e agora?
Se você gritasse na sua janela
Se você batesse na sua panela
Se você não dançasse
A dancinha do mito
Se você se arrependesse
Mas você não se arrepende
Você é burro, seu Bosta.
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Esse texto tem como intento fazer circular a fala e a escrita do que
mulheres negras vem produzindo/discutindo, em relação à
Literatura e a Escrevivência, conceito gestado por Conceição
Evaristo. É preciso alertar que parte desse texto integra a
dissertação da autora, intitulada “(Re)Contando Histórias
Capixabas: A Escrevivência como ponte para a escrita feminina e
negra”, a ser defendida no Programa de Pós-graduação em Ensino
e Relações Étnico-Raciais(PPGER), da Universidade Federal do Sul
da Bahia (UFSB/ Campus Jorge Amado /Itabuna/ Bahia).
Diante da atual conjuntura do país, que o fascismo, racismo e o
extremismo político se mostram mais acentuado, em que os corpos
negros, indígenas e dissidentes são violados e violentados no
cotidiano, faz se necessário evidenciar e (re)conhecer o que esses
corpos grotescos vêm produzindo. E, antes que digam que o
contexto pandêmico acentuou essas desigualdades e
perversidades, alerto que o Atlas da Violência, desde sua criação
em 2016, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e
colaboração do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP),
aponta que jovens, homens e mulheres negras tem sido as
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Considerações Finais
Em uma entrevista recente para o Portal de Notícias Brasil de Fato,
a escritora Conceição Evaristo disparou “a elite intelectual
brasileira - e eu já falei isso e repito - é uma elite burra” (EVARISTO,
2020,s/n). Concordo com a autora, e ainda acrescento que essa tal
elite é seletiva, racista e hipócrita, visto que tem questionado nosso
direito de pensar, falar e escrever, cerceando nossa humanidade,
dignidade, vida, sonhos e possibilidades. Ainda assim, a
escrevivência tem nos apontado maneiras e modos de fazer para
transcender esses entraves, através da escrita, do corpo, das
narrativas e artes em geral. E até do silêncio, como muitas vezes a
escritora Carolina Maria de Jesus fez ao perambular pelas ruas de
São Paulo, na década de 1960.
O perambular, o ir e vir da labuta diária fez com que Carolina
registrasse na mente, nos olhos que enxergam a beleza e a maldade
da sociedade e das pessoas, nas pernas cansadas e marcadas pela
doença, na escuta atenta das notícias e falatórios que chegavam, nas
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Notas:
1 Joice Berth traz os do Atlas da Violência, interseccionando com a
questão de gênero, raça e sexo na matéria “O Outro do Outro: A
violência contra a mulher negra não começou na pandemia”.
Disponível em: <https://piaui.folha.uol.com.br/materia/o-outro-
do-outro/>. Acesso em: 07 set.2021
2 Entendemos branquitude a partir do trabalho de Maria
Aparecida Bento que versa sobre a identidade racial do branco
brasileiro, pormenorizado no ideário do branqueamento que
decorre de um processo inventado e mantido pela elite branca
brasileira, fortalecendo a auto-estima e o auto-conceito do grupo
branco em detrimento dos demais. (BENTO, 2002)
Referências bibliográficas
ANZALDÚA,G. Falando em línguas: uma carta para as mulheres
escritoras do Terceiro Mundo (trad. Édna de Marco). Revista
Estudos Feministas, v. 8, n. 1, p. 229-236, 2000.
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Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara
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Tradução de Cecília Maculan Adum, Marisol Barenco de Mello e
Maria Letícia Miranda. 2 ed. São Carlos: Pedro & João, 2020.
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“Você está conversando muito” (faz o mesmo tom que Kevilyn fizera
anteriormente)
Kevilyn:Pode parar!
Eu :A dez. Onze.(copiando a última palavra)
Talita: (desafiando) Tô nem aí.
Kevilyn: Pode escrever isso aqui tudo. Eu vou apagar
Talita :Não, eu tô copiando.
Esta foi uma conversa com crianças que eram encaminhadas para
os laboratórios de aprendizagem, ambiente dentro da escola em
que se propunha a ensinar de forma diferenciada por serem
consideradas “com dificuldades de aprendizagem”[1]. Eu, como
pesquisadora, me coloquei a escuta das enunciações sobre o
aprender nestas conversas e participo deste diálogo entre Hilary,
Talita e Kevilyn que, ao “assumir o papel de professora”, parece
teatralizar as dinâmicas estabelecidas por professora e alunas em
sala de aula, mas no cotejo com o mito de Eco, desvela-se neste
acontecimento a carnavalização, o oficial e o não-oficial em um
mesmo lugar, o grotesco nas vozes e ambientes da escola.
O Mito de Eco
A história de Narciso é conhecida por muitos, mas nem todos
conhecem a história de Eco, a ninfa que se apaixonara por ele. Ela
foi condenada a só repetir a palavra dos outros sem poder lhe dizer
de seu amor. Trouxe a tradução do texto do Livro III de
Metamorfoses que tem como autor Ovídio[2], que narra a história
original da ninfa Eco que se apaixona por Narciso, pois existem
muitas versões que mudam os sentidos que estão postos nesse
mito.
O cefísio o contava, então, dezesseis anos, podendo ser tomado por menino
ou jovem. Muitos moços e muitas moças desejavam-no;mas, tão dura
soberba havia em ternas formas, nenhum rapaz, nenhuma moça lhe tocou.
Viu-o alçando as redes com os cervos trêmulos, ninfa loquaz , que ao ouvir
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não fica calada, nem fala antes de alguém, a ressoante Eco. Eco tinha,
então, corpo, não só voz; porém,igual agora, a boca repetia, gárrula, entre
tantas, somente as últimas palavras.
Isto Juno, pois podendo surpreenderas ninfas se deitando em montes com
seu Júpiter, Eco sempre a retinha com longas conversas, para as ninfas
fugirem.Satúrnia entendeu e disse: “a tua língua, que me iludiu
tanto, pouco poder terá, no uso parvo da voz”. E a ameaça confirma:
quando alguém diz algo,Eco repete apenas o final das frases.
Quando, então, viu Narciso errando pelos campos, arde de amor por ele e
a furto os passos segue-lhe; e quanto mais o segue, mais a chama arde,tal,
quando se unta a extremidade de uma tocha, o vivo enxofre inflama-se
perto da chama.Oh! Quantas vezes quis abordá-lo com brandas preces e
afagos. Sua natureza impede que ela fale primeiro; mas a deixa
apenas acolher e ecoar as palavras que ouve.
Por acaso, o rapaz, desviado dos colegas, gritou: “ alguém me escuta?”,
“escuta!” rediz Eco. Queda-se atônito, dirige o olhar a toda parte,alça a
voz e diz: “vem!”; ela chama quem chama.Volve o olhar e não vendo
ninguém diz:“Por que foges de mim” e ouve de volta a mesma frase.
Detém-se e, iludido por voz replicante, fala: “aqui nos juntemos!”, e
Eco, com volúpianunca experimentada, devolveu: “juntemos!”
Seguindo suas próprias palavras, da selvasai e vai abraçar-se ao pescoço
do amado.Ele fugindo, diz: “tira as mãos, não me abraces, morrerei antes
que tu possas me reter!” E ela, apenas: “Que tu possas me
reter!”Desdenhada, se esconde em selva e de vergonhae ramos cobre o rosto
e vive em grutas ermas.
No entanto, arde o amor e cresce com a dor, a insônia lhe consome o corpo
miserável,a magreza lhe enruga a pele e no ar se esvaio suco corporal.
Restam só voz e ossos.A voz vive; viraram pedra os ossos, dizem. Assim,
se esconde em selva e em monte nunca é vista. Todos ouvem-na; é som o
que nela vive.
Como Kevelyn e Eco se (des)encontram?
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Referências
BAKHTIN, Mikhail. Palavra própria e palavra outra na síntese da
enunciação. São Carlos: Pedro e João Editores, 2011
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contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec, 2013.
Arquivo Metamorfose Ovídio, p. 101/103 -UFSCar- Disponível
em: https://arquivo/6486572/metamorfose-ovidio
Notas
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Erro de Português
Quando o português chegou
debaixo duma bruta chuva
vestiu o índio
que pena!
fosse uma manhã de sol
o índio tinha despido o português
(ANDRADE, 1927)
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Introdução
Este texto pretende sistematizar observações a respeito da
orientação social mais próxima da sala de aula no ensino-
aprendizagem da escrita de História, dentro do Ensino
Fundamental, tomando a educação escolar como experiência social
de mediação, espaço de contraposição e confronto das vozes do
professor e do aluno, quando o discurso indireto livre é tomado
como linguagem que possibilita a manifestação dialógica do
grotesco, enquanto experiência semiótica de relatividade ou
ambivalência próprias da ação da paródia ainda que a sala de aula
possa ser, também, o espaço social de circulação da absolutização
de sentido própria da paráfrase.
Educação e mediação
A organização da sociedade se realiza pela ação mais remota da
educação sistemática e assistemática através da construção social da
mediação. Pela força socializadora de tal categoria, as forças da
infraestrutura determinam as direções da superestrutura e, por sua
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Considerações finais.
Este texto procurou demonstrar que o ensino-aprendizagem de
História, na mediação da sala de aula, articulando, na interação
discursiva, as vozes do professor e dos alunos, pode ser uma
experiência de paráfrase, quando as vozes de tais agentes se
reúnem na absolutização do conhecido: aqui a voz do aluno diz,
parafrasticamente, aquilo que, até certo ponto, o professor diz. Por
outro lado, se, até certo ponto, o aluno diz aquilo que o professor
diz, diz ele, nesse intervalo de “até certo ponto”, aquilo que outras
vozes dizem parodisticamente: a voz de outros narradores na
figura de outros professores ou livros didáticos. Nisso o que se
constata é a relatividade ou ambivalência que tais vozes instituem,
configurando a realização do grotesco. Aqui, a interação discursiva
torna-se a oportunidade para a experiência de linguagem que
funda o grotesco: a experiência do discurso indireto livre que ,
dialogicamente, é um acontecimento de linguagem em que a voz
do narrador entra em réplica, no corpo do enunciado, com a voz da
personagem: em que professor e alunos participam de uma
interação discursiva aberta à relatividade e à ambivalência que
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Referências
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ciência da linguagem. São Paulo, Editora 34, 2008. p.291-322.
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Artes, Rio de Janeiro – Brasil. Dimensões da obra: 260 x 195 cm.
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Notas
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Wilson Queiroz
Unicamp
wilsonq10639@gmail.com
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À guisa de conclusão
Retomo o ponto de partida do não álibi “...sem desculpas”, “sem
escapatórias”, mas também “impossibilidade de estar em outro
lugar” em relação ao lugar único e singular que ocupo no existir,
existindo, vivendo” (2010, p.20), do meu fazer ético, enquanto
pesquisadora, de não silenciar frente as perdas do conjunto de
direitos sociais que tem sido negligenciado e por muitas vezes
negado em relação às vozes silenciadas nesses dias tão sombrios. A
diferença identifica a desigualdade deforma (GERALDI, 2003).
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Referências
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processos de democratização: o caso do Chile e do Brasil: (Tese de
Doutorado) Programa de Pós – graduação em Educação.
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Notas:
[1]ARAUJO, Iolanda Silva Menezes de. O lugar da Educação
Infantil na Universidade: memórias da gestão da escola de
educação infantil da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, 2015. Dissertação, (Mestrado em Educação) Instituto de
Educação / Instituto Multidisciplinar / PPGEduc / Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, RJ. 2015.
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Referências
Notas
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Alan Silus
UNIGRAN | UFMS - CPTL
alan.silus@ufms.br
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Fonte: https://bit.ly/38MZqzk
O imaginário do cadáver em decomposição é uma voz que se ouve
na obra Micróbio da Fuzarca. Nela há referência ao animal, que
corrói e devora a pele, deixando-se ver a carne viva. Entretanto, o
micróbio, aqui, é um animal da Fuzarca, da folia, da festa, do agito,
da farra. Assim, vemos de um lado, a quase morte e o sofrimento
no corpo esquelético, corroído, plácido, de outro o rabo e os cabelos
que resistem a viver, e se balançam com o movimento da dança.
São dois corpos em um. São traços da ambivalência; a vida e a
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PENTEADO, Y. Artes Plásticas em Mato Grosso do Sul. Campo
Grande: Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, 2005.
NOTAS
[1] Uma das características da artista é não marcar o ano da
produção de suas obras. Isso decorre do fato de ela temer o
envelhecimento e não querer denunciar a própria idade.
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Estômago ao vômito
Atropelo ao pedestre
Cansaço ao vulto na cama
Conteúdo ao oco calado[1]
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Referências
BAKHTIN, Mikhail. A Cultura Popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo : Hucitec,
2010.
Notas
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Fonte:https://vermelho.org.br/2021/08/05/voto-impresso-e-um-
golpismo-escancarado-por-orlando-silva/
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Fonte: https://pcdob.org.br/noticias/para-deputados-reacao-do-
tse-marca-acao-concreta-pela-democracia/
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Fonte: https://novobloglimpinhoecheiroso.files.wordpress.com/20
18/09/urna_eletronica12_latuff.jpg
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Referências:
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< https://www.significados.com.br/fake-news/>. Acesso em: 01 de Set.
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<https://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2021/Junho/voto-
impresso-significa-voto-fraudavel-afirma-ministro-barroso-em-
coletiva>. Acesso em: 01 de Set. 2021.
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Notas:
Fake News: significa ”notícias falsas”. São as informações
[1]
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Valdemir Miotello
UFSCar
miotello@terra.com.br
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Revista de Estudos Linguísticos e Literários do Programa de Pós-
Graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio
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O Remédio e o Veneno
Um dia, Exu-Elegbara, no Mercado, do centro universal da vida
comunitária de todos os povos, viu-se na contingência de escolher,
entre duas cabaças, qual delas levaria. Uma continha o Bem, um
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Ainda sobre seu porrete, também pode ser o seu ogó, que
representa o falo. Bakhtin (2012) vai ressaltar que no novo cânon
partes do corpo que podem ser consideradas grotescas, como
órgãos genitais, traseiro, ventre, nariz e boca, são deixadas de lado.
Para Exu, essas partes são consideradas prioritárias. Assim como
ele tem relação com os órgãos masculinos, há também com os
femininos (buracos). No entanto, Exu não foi “demonizado”,
apenas, por falar dessas partes do corpo, mas sim por seu poder de
transgredir, por seu espírito transgressor.
A energia de Exu, seu axé, é o oposto de um mundo de certezas
absolutas e intransponíveis, de um mundo pacato e
permanentemente igual, como o novo cânon, ela é um elemento
vivo que reverbera em todas as coisas. Exu representa as
mudanças, as revoluções, o movimento, a alteridade, entende o
círculo, o que o rodeia (ou mesmo aquilo que está além).
Referências
BAKHTIN, Mikhail. A imagem grotesca do corpo em Rabelais e
suas fontes. In: BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade
Média: o contexto de François Rabelais. 7. ed. Tradução de Yara
Frateschi Vieira. São Paulo: HUCITEC, 2012. (Linguagem e
Cultura, n. 12).
LOPES, Nei. Ifá Lucumi: o resgate da tradição. Rio de Janeiro:
Pallas, 2020.
SALÁMI, Síkírù (King); RIBEIRO, Ronilda Iyakemi. Exu e a ordem
do universo. São Paulo: Oduduwa, 2015.
SALÁMI, Síkírù (King). Exu. Oduduwa, São Paulo, 2017.
Disponível em: https://oduduwa.com.br/?cont=templo-exu. Acesso
em: 1 set. 2021.
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Notas:
[1] “O Itan é o conjunto de mitos e lendas do panteão africano”
(SOUZA; SOUZA, 2018, p. 99).
[2] Força que dá movimento.
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Nascemos em manjedouras
E depois de crucificadas
Ressuscitamos
Deize são as yabás falando ao pé do meu ouvido
Juntas em unção
Fizemos da cruz a encruzilhada
Nos levantamos do vale de ossos secos
Transformamos pranto em festa
Nossos cus em catedrais
Conhecemos os mistérios por com eles andar (eu não vou
morrer)[1]
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Referências
DELEUZE, Gilles. Ideia e Afeto em Spinoza. Cursos em Vincennes:
aula de 24 de janeiro de 1978. Tradução de Francisco Traverso
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NUÑEZ, Geni. Disponível
em: https://www.instagram.com/genipapos/, 10/07/2021.
SANTOS, Antonio Bispo dos. Disponível
em: https://www.instagram.com/noguera_oficial/, 23/06/2020.
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Notas:
[1] Parte da música “Eu não vou morrer” de Ventura Profana.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QkgCj5Yts-0
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gênero, não tem cor, não tem raça, somos a voz repleta de outras
vozes.
É no texto Para uma filosofia do ato responsável, escrito no início
do século XX, que Bakhtin pensa a respeito do ato ético. O autor
russo postula que as ações humanas, entre elas a linguagem, não
podem ser deletadas, excluídas, elas vêm carregadas de
consequências, o que implica o ato responsável com o outro.
E para corroborar sobre esse sujeito que age e se responsabiliza pelo
que faz ou fala, temos o que nos explica Sobral:
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Referências
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linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na
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Karina Giacomelli
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS (UFPEL)
karina.giacomelli@gmail.com
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nossos dias”, forças que, “nestes dias de tanta treva e temor”, têm
o destemor de mostrar um sentido outro do grotesco, o grotesco
como réplica a manifestações solenes oficiais que ensejam a
exposição do ridículo a que se expõem.
Segundo Bakhtin,
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Introdução
As relações humanas que compõem o passado são repletas de
subjetividades, de expectativas e incertezas. Determinar os
acontecimentos históricos, partindo da lógica de que tudo leva a
um progresso, é não perceber a historicidade do homem e sua
capacidade de transformação.
O passado, segundo, Benjamin (1987, p. 224), não é algo dado,
conhecido em sua inteireza, mas “como imagem que relampeja”, a
partir do momento que é “reconhecido”. É um composto de
“agoras”, porque é feito de história humana, de experiências, de
grandes e pequenos acontecimentos. Mostra-se através de
fragmentos, sendo recuperado de forma vaga e incompleta através
do trabalho do historiador que, sem pretender retratá-lo “como ele
de fato foi”, constrói uma narrativa redentora. Ou seja, sob a luz
das tensões da atualidade, o historiador rememora os fatos
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Considerações finais
Uma das transdisciplinaridades oriundas desse diálogo entre
História e Literatura, se pensarmos que esses campos do
conhecimento apresentam formas distintas de narrar as ações
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tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra; notas da edição russa de
Serguei Botcharov. São Paulo: Editora 34, 2017.
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Introdução
A presente pesquisa busca trazer a homossexualidade e os valores
sociais atrelados a ela, para isso, é necessário descortinar algumas
questões que dificultam o respeito entre eu e outro. Os discursos
hegemônicos perpassam gerações e gerações, há discursos e vozes
das quais nos constituem e que são de outras pessoas, até mesmo
de instituições, lugares, culturas e não se sabe da onde elas vem,
mas esses discursos e vozes estão presentes na sua/nossa fala, no
seu/nosso pensamento e na construção da sua/nossa subjetividade.
Essas vozes ecoam no inconsciente e no consciente humano, elas
carregam signos e ideologias, ou seja, só existe palavra se houver
vozes. Há discursos hegemônicos que se proliferam através da
linguagem e de vozes outras que muitas vezes apenas reproduzem
discursos vazios do qual não os permite tempo de reflexão e essas
pessoas acabam tecendo a lógica patriarcal da sociedade. Essas
vozes e discursos sobre as mulheres e homossexuais, por exemplo
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fonte: blog.gabrielmorgante.com
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Conclusão
Conclui-se que as relações estabelecidas pela linguagem vão além
de uma leitura, um ponto de vista, a relação que a linguagem faz
entre eu e outro é muito importante para se entender a vida, o
contexto, a sociedade e os próprios sujeitos do discurso. Bakhtin
nos mostra que a extensão entre eu e outro se torna mais próximo
do que se pensa. O entrelace das relações, dos contextos se
materializam também na nossa posição de falante e leitor do
mundo. As vozes não descansam sempre estão nos mostrando
algum ponto de vista, alguma ideologia que parte de algum lugar.
Dessa maneira, a campanha analisada serve para perceber que as
vozes transpaçam de várias formas o mesmo objeto de análise e que
as vozes são dissonantes, mesmo que a campanha tenha uma
ideologia e foi criada para mostrar que a diversidade merece seu
respeito, na mesma campanha também se pode observar os outros
discursos da sociedade.
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MIOTELLO, Valdemir. Ideologia. In: BRAIT, Beth
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Luciano Ponzio
Università del Salento - Lecce
luciano.ponzio@unisalento.it
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innaturale o violenta” (PROPP [1963], tr. it. 1993 [1ª ed. 1978], p.
151), considerate innanzitutto esseri acquatici, che abitano non nel
mare ma nei fiumi, nei laghi, negli stagni, ossia bacini idrici
necessari all’agricoltura. Uscite dalle acque abitano la terra, anche
qui personificate in riti che le raffigurano.
Il riso s’innesta tela regolare della vita che conosce due centri di
valori, io e l’altro, secondo Bachtin, differenti per principio ma
correlati tra loro, e intorno ad essi si distribuiscono e si dispongono
tutti i momenti concreti dell’esistere umano (BACHTIN 1920-24; tr.
it. in BACHTIN E IL SUO CIRCOLO, 2014, p. 163; Cfr. L. PONZIO,
a cura, 2020). Il riso è intessuto nel mondo umano, e s’inserisce in
una serie di rinvii, il suo significato si rende proprio nell’intreccio
di queste relazioni col vivente.
L’essere umano è il riso. Il riso, più di ogni segno, è il risultato di
un incontro che eccede la dimensione economica di scambio eguale
tra significato e significante. Riprendendo Bataille (BATAILLE 1989,
p. 135), “il riso è il salto dal possibile all’impossibile”, e per saltare
ci vuole leggerezza, incontro intersoggettivo tra oggetto del riso e
soggetto che ride, un incontro che da
semplice sguardo diviene visione del mondo (BATAILLE “Il riso di
Nietsche” in Id. [1973] tr. it. 1999, pp. 43-60) .
Referências
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Torino: Einaudi, 2010.
BACHTIN, Michail. L’autore e l’eroe. Teoria letteraria e scienze
umane [1979]. A cura di Clara Strada Janovič. Milano: Einaudi, 1988.
BACHTIN, Michail. L’opera di Rabelais e la cultura popolare. Riso,
carnevale e festa nella tradizione medievale e rinascimentale [1965]. Tr.
it. di Mili Romano. Torino: Einaudi, 2001 [1ª ed. 1979].
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Imagens do Grotesco
1. O Corpo Cósmico
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2. A Praça Pública
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3. Apesar de Você
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1. O Corpo Cósmico
Foto 1. Leandro Faber Lopes, Coronel Pacheco (MG), Brasil – 2017
Foto 2. Leandro Faber Lopes, Bursa, Turquia – 2016
Foto 3. Mark ANDRIES / US MARINE CORPS / AFP, Cabul,
Afeganistão – 2021
Foto 4. Leandro Faber Lopes, Juiz de Fora (MG), Brasil – 2016
Foto 5. Leandro Faber Lopes, Juiz de Fora (MG), Brasil – 2016
Foto 6. Leandro Faber Lopes, Juiz de Fora (MG), Brasil – 2016
Foto 7. Leandro Faber Lopes, Istambul, Turquia – 2016
*
2. A Praça Pública
Foto 1. Leandro Faber Lopes, Juiz de Fora (MG), Brasil – 2016
Foto 2. Leandro Faber Lopes, Juiz de Fora (MG), Brasil – 2016
Foto 3. Leandro Faber Lopes, Juiz de Fora (MG), Brasil – 2016
Foto 4. Leandro Faber Lopes, Juiz de Fora (MG), Brasil – 2016
Foto 5. Leandro Faber Lopes, Juiz de Fora (MG), Brasil – 2017
Foto 6. Leandro Faber Lopes, Tiradentes (MG, Brasil – 2016
Foto 7. Leandro Faber Lopes, Juiz de Fora (MG), Brasil – 2016
*
3. Apesar de Você
Foto e concepção artística: Leandro Faber Lopes
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Referências
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara
Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2010.
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Referências
BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara
Frateschi Vieira. 5. ed. São Paulo: Hucitec, 2002.
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IWASA’I
Sabor, vamos começar por ele, gostosura que ia bem com fritura,
não foi pelo olhar e nem pelo tato, foi pelo paladar, pelo leve
encantar de ser um vício do bem. No tempo de meninice medido
na vasilha, na sacola veio bem depois, mas a bandeira vermelha
sempre esteve lá anunciando o cheiro cheiroso de quem vem dos
interiores, das águas, dos lados de lá e de cá.
Do quintal ele tem gosto salgado, por que na batedeira levemente
adocicado? No caroço, misturado com farinha sempre ia bem,
açúcar não jogue aqui não, isso não é de Deus e nem de ninguém.
É misterioso, é enigmático...Conta a lenda que havia uma tribo
indígena em que o número de habitantes era bem elevado e os
alimentos estavam cada vez mais escassos.
Então o cacique da tribo foi pragmático, tomou a decisão de
controlar o número de habitantes e todos que nascessem a partir
daquele momento seriam sacrificados.
Um dia, a filha do cacique, chamada Iaçã teve uma criança com o
destino traçado. A mãe sofreu muito, passou vários dias e noites
chorando por sua filha com o fim desgraçado. Assim, elevou os
seus pensamentos à divindade indígena, e pediu que o cacique
encontrasse outra maneira de resolver a questão dos alimentos,
sem o fim trágico.
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Foi então que Iaçã ouviu fora de sua oca um choro de criança. Ao
sair, para sua surpresa, avistou sua filha ao lado de uma palmeira,
seu coração se encheu de esperança.
Iaçã correu em sua direção e abraçou a menina que,
misteriosamente, nos braços da mãe desapareceu. Mais uma vez
inconsolável, Iaçã chorou tanto durante a noite até perder as forças
e desfalecer.
O corpo da filha do cacique foi encontrado na manhã seguinte, na
palmeira abraçada. Ela estava serena e parecia sorrir levemente.
Seus olhos estavam abertos e direcionados ao topo da árvore
abençoada.
Iwasa’í, palavra tupi que significa “fruta que chora”, a fruta que
repele água.
Para as populações tradicionais do Marajó é comida, é vida, tem
gente que passa o dia sem nada comer se o pretinho não aparecer.
É produção. Tem gente que espera a safra para conseguir
excedentes para comprar além da comida, o som sonhado, a
geladeira e outros utensílios necessários.
É fundo comunitário em que todos podem se beneficiar, se a
comunidade cooperada se organizar.
Essa compreensão para além dos sentindo do olfato e paladar só é
possível observar a partir das leituras, das conversas, das
sensibilidades no compartilhar, no sorrir, no chorar......
Som de rabeta rompe o silencio dos pensamentos, nas margens do
rio de águas escuras o homem estava, não tinha farinha, foi farinhar
com seu filho, uma lata apenas para acompanhar a bebida amada.
Antes da farinhada voltemos a rabeta com o homem oferecendo um
preço baixo pela rasa, o idoso responde como em um berro “por
esse preço deixa o passarinho comer...” Zoada de rabeta sai
correndo sem nada dizer no tapete das águas.
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Ele pode ser tudo isso, atravessando as fases da vida, com cheiro e
gosto de temporalidades vividas, saciando a forme, sinônimo de
bem-viver e de libertação.
Como garantir liberdade se o estado força a seguir regras e
controles em torno das comunidades da floresta, com normativas
sem inclusão digital, note as sutilezas das arestas.
Produto comunista!!! Que alimenta as pessoas por séculos, ora,
ora... deixe isso para a lenda. Ele agora é internacional, diz a política
neoliberal. Lucros para o mercado capitalista aproveitando-se da
desigualdade educacional e exclusão digital.
Barganhando as florestas em que vivemos em nome das condições
climáticas que obtivemos. Colonialidade atual, relação alienante de
submissão, sem soberania e sem comunicação.
A Amazônia é uma mãe que chora pela sua filha que foi sacrificada,
e que não precisa morrer para mirarmos para a palmeira e para a
diversidade da floresta supracitada. Regularização fundiária como
direito à terra, à reprodução socioeconômica, justiça social e
ambiental é o grito que precisa ecoar, quando o amazônida
despertar.
Bandeira vermelha, na sacola entregou, batedeira, feira, barco ou
rabeta chegou, é ribeirinho ou atravessador. Abelha e palmeira,
peconha no pé, desceu, amassou ou bateu, alimentou, vendeu,
defendeu.
Cooperativa? Merenda escolar? Importar? Sei lá? Quem informa?
Quem organiza? A terra de quem é? Salve o clima!!! Salve a
Amazônia!!! Os salvadores a serviço de quem???
Precisamos do velho aviamento? E toda luta de Chico Mendes e
todos os outros que vieram antes de nós, quem precisa de algoz?
IWasa’í nos alimenta, nos liberta. Linguagem tupi, ancestralidade,
cosmovisão, de mim e de ti AÇAÍ.
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Considerações iniciais
Como desdobramento de uma pesquisa realizada por professores
e alunos de Língua Portuguesa do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, acerca das Letras de
São Paulo do Potengi, município do referido estado, este trabalho
versa sobre a palavra na vida e na literatura, compreendendo-a, de
acordo com o Círculo de Bakhtin, na sua constituição ética/estética.
A partir de uma breve análise do discurso da obra “As aventuras
de um Peão do Trecho: uma saga que precisava ser contada”, de
Moacir Farias, que integra um inventário literário local construído
pela pesquisa junto à comunidade, este ensaio se propõe a refletir
sobre horizontes do grotesco nas Letras Potengienses.
A investigação sobre essas Letras em particular foi uma iniciativa
presidida pelo princípio da (cons)ciência responsiva,
comprometida com a ousadia investigativa, como postula Bakhtin
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Considerações finais
Diante do que foi exposto, “As aventuras de um Peão do Trecho:
uma saga que precisava ser contada”, obra potengiense em foco,
alude ao grotesco em perspectiva bakhtiniana, conferindo
protagonismo a uma voz silenciada em determinados domínios
discursivos. Assim, ela se inscreve em outros horizontes dialógicos,
com ecos não só da praça pública e das ruas, mas também da
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Referências
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romance). 6. ed. São Paulo: Hucitec, 2010.
BORBA, R. Linguística queer: uma perspectiva pós-identitária para
os estudos da linguagem. Revista Entrelinhas, São Leopoldo, v. 9, n.
1, p. 91-107, jan./jun. 2015.
BORBA, R.; LOPES, A. C. Escrituras de gênero e políticas de
différance: imundície verbal e letramentos de intervenção no
cotidiano escolar. Linguagem & Ensino, Pelotas, v. 21, n. esp., p. 41-
285, 2018.
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Considerações
Se compreendermos a língua como um fenômeno cultural,
histórico e social, conceber o texto do aluno apenas como um objeto
estruturado fonológico, sintático e lexicalmente é negar a função
social da língua; é negar a discursividade do dizer de um sujeito; é,
simplesmente, apagar as marcas de autoria representadas pelos
posicionamentos, pela reestruturação das vozes alheias presentes
nos enunciados dos produtores de textos.
Referências
BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. Introdução e
tradução do russo Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes,
2003. (Coleção Biblioteca Universal).
BAKHTIN, Mikhail. O autor e a personagem na atividade estética.
In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Tradução Paulo
Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. 3-192. (Original
russo, 1920-1930).
CUNHA, Liédja Lira da Silva. Autoria e escrita: uma reflexão
acerca do autorar em memórias de leituras de alunos de 9º ano do
ensino fundamental. 2011. Dissertação (Mestrado em Estudos da
Linguagem) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Centro de Ciência Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-
Graduação em Estudos da Linguagem, Natal, 2011.
VOLOSHINOV. V./BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da
Linguagem. 11. ed. São Paulo: Hucitec, 2004.
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REFERÊNCIAS
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Mikhail. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. 5. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2010.
BENCHIMOL, Ana P. F; CHAGAS, Nédilã, E. C. Um novo desafio
para os professores de Ensino Fundamental: como trabalhar
gêneros textuais diante da realidade do Ensino Remoto? In: PIRES,
Vera Lúcia; KNOLL, Graziela F. (Org.) Linguagens e(m) práticas
discursivas: leituras plurais em tempos de pandemia. São Carlos:
Pedro & João Editores, 2020. P. 33-48.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017.
Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNC
C_20dez_site.pdf. Acesso em: 10 de agosto de 2020.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 20ª ed. São Paulo:
Cortez, 1989.
GABRIEL, Martha. Educar: a (r)evolução digital na educação. São
Paulo: Saraiva, 2013.
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Olho para o meu olhar que olha o mundo. Meu olhar capta os
detalhes esquecidos do mundo. (PAZ, 1982, p. 15)
Consciências em diálogo
Nossos tempos estão carregados de belezas únicas, de uma estética
vista por poucas pessoas, um horizonte admirado, talvez, pelos
mais sensíveis e poéticos. Neste texto, usamos a poesia, a prosa
poética como nosso eixo para um desenvolvimento. Por isso,
peçamos a gentileza da concessão de usarmos o “nós” na primeira
pessoa do plural. Tiremos o “eu” do centro. Isso é sensato. Como
bem diz Guimarães Rosa, em Grande Sertão Veredas (1980, p. 54),
“Coisas que vi, vi, vi - oi... “. São duas faces, ver versus viver. O
personagem viu e, também viveu, o grotesco de seu tempo, seus
cárceres, suas privações, emoções e sentimentos no sertão. E quem
não viu e viveu? Este mundo é o Grande Sertão. São muitos eus
juntos.
Ora, “no real da vida, as coisas acabam com menos formato, nem
acabam” (ROSA, 1980, p.67). No viver de nossas periferias
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Referências
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Janeiro: Record, 2001.
BANDEIRA, Manuel. Meus poemas preferidos. 7.ª ed, Rio de Janeiro:
Ediouro, 2001.
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Figura 1 – Disponível
em https://www.instagram.com/p/CS7qFv0F_JP
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FIGURA 2 – Disponível
em https://www.instagram.com/p/CS1AaNpisOC/
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FIGURA 3 – Disponível em
https://www.instagram.com/p/CL3gxExFY_d/
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Para finalizar, não para concluir, pois há muitas ideias aqui e não
conseguimos aprofundar, apenas cutucar a ferida. Convidamos a
olhar por meio dessa brecha e pensar nesse corpo oculto, escondido
dos olhos da sociedade, que tem orifícios, por onde saem os
excrementos. Um corpo vivo que come, transa e se decompõe. Que
sua e tem odores. Que tem desejos diversos não padronizados.
Como temos educado nossas crianças sobre o domínio de seus
corpos? Essas são algumas reflexões outras que não respondem à
nossa pergunta inicial, mas apontam pistas sobre discussões
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Referências
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir – Nascimento da prisão.
Introdução de Antonio Fernando Caiscais. Portugal: Editora 70,
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FOUCAULT, Michael. Nascimento da bio-política. São Paulo:
Martins Fontes, 2007.
-LOURO, Guaciara Lopes, org. O corpo educado: pedagogias da
sexualidade. Belo Horizonte, MG. Autêntica editora,2019.
-Menhem, Natália, livro: Descontinuidades, 2017, Edição por
Cristiane Lisbôa, capa e projeto gráfico por Letícia Nunes, site:
nataliamenhem.com.br/descontinuidades
SOUSA, Tatiane Bernardo de. ANDRADE, Guilherme Beraldo de.
O peso e o feminino – um corpo discursivizado. In: Michele
aparecida Pereira Lopes; Elizete de Bernardes (Orgs.). Corpos,
sujeitos e discursos: identidades ressignificadas. São Carlos: Pedro
& João Editores, 2020. 237p.
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Dilza Côco
Ifes
dilzacoco@gmail.com
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Referências
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Editores, p. 173 – 196, 2020.
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Trad. Aurora Fornoni Bernardini, José Pereira Júnior, Augusto
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Molas no teto
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https://www.youtube.com/watch?v=_ZZDdGhn8XY
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A comida e a rede
O querer ser feliz
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Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara
Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2010.
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Janeiro: MEDIAfashion, 2008.
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São Paulo: Editora 34, 2016.
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Quem foi que disse que falar de corpo grotesco é falar de porcarias,
bizarrices, pornografia?
Quem foi que disse que falar de riso é falar de humor satírico,
destinado unicamente à diversão?
Nessa breve escritura, pretendo trazer uma contrapalavra a essas
vozes pensando no corpo grotesco como forças de abertura,
penetração e transformação. Quando falo de “forças do corpo
grotesco”, refiro-me às forças libertárias que estão presentes no
tempo contemporâneo, mais precisamente nas manifestações da
cultura popular.
Em seu livro A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento – O
Contexto de François Rabelais (2010), Bakhtin fala das forças
ideológicas que Rabelais apresenta, em sua obra literária Gargântua
e Pantagruel (2009), destacando sua ligação estreita com as fontes
populares. Na Idade Antiga, originou-se uma linguagem própria e
de grande riqueza do povo, cuja visão era oposta à ideia de
acabamento, de perfeição, de imutabilidade, de fechamento. Havia
dualidade dos corpos, os quais eram misturados às coisas e ao
mundo. Uma linguagem bi corporal e libertadora. Bakhtin faz uma
profunda investigação na literatura do riso popular rabelaisiano.
Um riso ambivalente que “(...) exprime a verdade sobre o mundo
na sua totalidade sobre a história, sobre o homem; é um ponto de
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Editora Hucitec, 2010.
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. Acesso em: 6 set. 2021.
Canal YouTube Mestre Luiz Renato. Disponível em:
. Acesso em: 6 set. 2021.
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BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na idade média e no
renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara
Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2020.
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Paulo Bezerra. São Paulo: editora 34, 2015.
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São Paulo: Martins Fontes, 2003. (p. XXXIII)
FREIRE. Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17a. ed. Rio de Janeiro, Paz
e Terra, 1987.
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Woman so weary
Spread your unbroken wings
Fly free as the swallow sings
Come to the fireworks
See the dark lady smile
She burns…
(BURN IT BLUE, 2002)
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Nesse sentido, o gatilho que nos faz pensar o corpo de Frida como
um corpo grotesco se confirma e se mostra muito coerente, pois ela
o usa o seu próprio corpo para criar um outro que dará conta das
demandas culturais e políticas de sua época. O seu corpo se
transforma e é acabado constantemente em suas telas pelos vários
co-enunciadores com os quais ela estabelecerá relações dialógicas,
através de seu corpo pictórico. Frida dá acabamento ao seu corpo
e, ao mesmo tempo, se abre para os acabamentos do outro, quando
coloca seu corpo em tela. Ela o transforma em um corpo grotesco,
pois ele está o tempo todo em constante estado de acabamento. Em
outras palavras, inacabado sempre e sempre aberto ao olhar
exotópico do outro que a constitui.
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REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. A cultura popular na idade média e no
renascimento: o contexto de Fronçois Rabelais. 6. Tradução de Yara
Frateschi Vieira. Ed. São Paulo: Cortez, 2010.
BURN it blue. Intérprete: Caetano Veloso. Compositor: Elliot
Goldenthal: DG World / UMG Soundtracks, 2002. CD 289 474 150-
2, Track 24. (5 min).
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Comunicação Social/Habilitação em Jornalismo) – Faculdade de
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Brasília, 2003.
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É o aspecto regenerador que faz com que seja possível que todo o
edifício teórico presente na tese sobre Rabelais seja erigido. É o
aspecto regenerador também um dos responsáveis por uma
concepção bakhtiniana de vida popular que interpreta o mundo e
os sujeitos em reciprocidade, interdependência e, acima de tudo,
formando um único organismo, em íntima relação com o cosmos.
Portanto, a vida que pulsa do grotesco sob a ótica bakhtiniana está
para além das trincheiras do eu, do outro e do mundo, pois não
promove a separação entre eles, muito menos os vê de maneira
absoluta, desconectada ou individualizada.
Isso nos fica evidente quando Bakhtin (2010) argumenta que o
corpo grotesco não é individual. Ao contrário. O corpo grotesco é
sempre um corpo universal, um corpo em diálogo, em contato, em
área de toque:
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E complementa:
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Referências:
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contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec, 2010.
KRENAK, A. A vida não é útil. São Paulo: Companhia das Letras,
2020.
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Deus disse
Deus disse: Vou ajeitar a você um dom:
Vou pertencer você para uma árvore.
E pertenceu-me.
Escuto o perfume dos rios.
Sei que a voz das águas tem sotaque azul.
Sei botar cílio nos silêncios.
Para encontrar o azul eu uso pássaros.
Só não desejo cair em sensatez.
Não quero a boa razão das coisas.
Quero o feitiço das palavras.
Manoel de Barros (1999).
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Referências
BARROS, Manoel. Para encontrar o azul eu uso pássaros. Campo
Grande, MS: Saber Sampaio Barros Editora Ltda, 1999.
BAKHTIN, Mikhail. A Cultura Popular Na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. 7ª ed. – São Paulo:
Editora Hucitec, 2013.
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Fonte:
https://www.facebook.com/MMPiroca/posts/933734490539626
Na Figura 2, observamos uma publicação da Página Humor
Político, no dia 30 de agosto de 2021 no Facebook. Diante da notícia
divulgada nas redes sociais, que o quarto filho do Bolsonaro,
Renan, realizou uma tatuagem do rosto do pai em seu braço, surge
a seguinte postagem:
Figura 2: Postagem da Página Humor Político
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Fonte: https://www.facebook.com/humorpolitico/photos/a.771546
489673999/1907471579414812/
A postagem se caracteriza pela presença da imagem do Renan
apresentando a tatuagem. No lugar do rosto do pai, vemos as fezes
e logo acima o enunciado: “Papai, tatuei a tua cara”. O grotesco se
apresenta neste rebaixamento da associação do Bolsonaro com as
fezes, que ocorre devido a sua insistente verbalização escatológica.
As repetidas vezes em que falou sobre fezes ou se referiu ao ato de
defecar possibilitaram que o associassem ao próprio excremento
humano.
Podemos identificar o conceito bakhtiniano de realismo grotesco na
realidade brasileira. Na presidência, temos um político que se
elegeu com os votos de eleitores conservadores e avessos aos
partidos de esquerda e diariamente apresenta nas diferentes mídias
sua fixação pelas fezes e pelo ato de defecar. Essa é a imagem
grotesca que nos governa e exala sua completa ausência de empatia
pela população, que vem sofrendo por conta da destruição do país
em todas as áreas. No entanto, o conceito de grotesco que Bakhtin
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Referências
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara
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Roneide V. Majer. São Paulo: Paz e Terra, 2017[1999]. (A era da
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SODRÉ, Muniz.; PAIVA, Raquel. O império do grotesco. Rio de
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VENERA, José Isaías. Bolsonaro, que fezes aqui? Le Monde
Diplomatique Brasil, 16 julho 2021. Acesso em: 01 set. 2021.
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O Cardeal e a camisinha
Fabiana Giovani
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
fabiana.giovani@ufsc.br
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Bezerra. São Paulo/SP: Editora WMF Martins Fontes, 2011.
BAKHTIN, Mikhail. Notas sobre literatura, cultura e ciências
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BAKHTIN, Mikhail. Problemas na Poética de Dostoievsky. 5 ed.
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DOSTOIEVSKI, Fiodor. 1821 – 1881. Crime e castigo / Dostoiévski;
tradução de Natália Nunes e Oscar Mendes. Porto Alegre, RS:
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REFERÊNCIAS
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NOTAS
[1] Para Lobato e Bentes (2018, p. 73) o “Mapa Conceitual é um
elemento que possui diversos conceitos que indicam relações entre
cada conceito ou palavra os quais usamos para representar algo no
mapa”.
[2] Chove nos Campos de Cachoeira apresenta três personagens
com deficiências: a irmã de Eutanázio chamada Marialva (cega); o
sineiro da cidade conhecido por: seu Leão (surdo); e um garoto
apelidado de Bode (surdo). Aqui, analiso apenas a personagem
Marialva.
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I
Éramos aproximadamente dez professoras em encontro de
planejamento em uma sala virtual do Meet. E isso nem faz tanto
tempo assim: não foi no tempo em que os bichos falavam, mas no
ano 2 da nova era pandêmica dominada pelo Sars-CoV-2, mais
conhecido como Coronavírus. Tempo estranho! Tamanho avanço
tecnológico, que nos permite encontros virtuais outrora concebidos
apenas em filmes de ficção científica, convivendo com uma
pandemia que nos traz de volta métodos de prevenção de contágio
viral dos tempos em que os bichos falavam...
Pensando bem, acho que os bichos continuam falando sim. Aliás,
gritando: principalmente por socorro! Muitos de nós, infelizmente,
é que perdemos a capacidade de conversar e ecoar suas vozes.
Diante de tantos estímulos técnico-audiovisuais, parece que
ficamos surdos. Incapazes de compreender o que rios, rochas,
matas, mares, bichos e seres das mais diversas naturezas, que estão
aqui há muito mais tempo, têm a ensinar. Surdos que nos tornamos
a esses irmãos, quebramos o elo com nossa própria ancestralidade.
E quem fala isso é uma voz muito querida que sabe conversar com
essas energias ancestrais: Ailton Krenak! Sua voz potente,
fecundada numa escuta atenta, vem tentando acordar nossos
ouvidos. Não por acaso, na atual era pandêmica, vem se tornando
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II
Gostaria de continuar essa prosa entre mim, você, Pedro Malasartes
e Bakhtin tendo por horizonte a questão ideológica, bem complexa,
por sinal, pois não se prende a um único sentido. Na concepção
alteritária de linguagem e de sujeito apresentada pelo Círculo
Bakhtiniano, o signo ideológico assume caráter central justamente
por compreender a ação da linguagem e do sujeito no mundo em
sua singularidade polifônico-dialógica que não apenas reflete como
também refrata a realidade. Sendo assim, a expressão é um signo
ideológico ao propor, para além de um “espelhamento mimético”
do real, uma possibilidade de refratar as imagens cotidianas em
múltiplos sentidos: centelhas que irrompem do contínuo
estabilizado e emergem em novas formas de sentir e pensar sobre
si, o outro, o mundo. Isso se deve em grande parte pelo fato de a
palavra, ou qualquer outra forma de expressão, se constituir como
arena de luta, o sensor mais sensível das ações e lutas cotidianas.
Mas o que isso tem a ver com os chamados contos populares ou de
tradição oral, como “Sopa de Pedra”, por exemplo?
Tais contos, de certa forma, refletem o subjugo em que os chamados
“oprimidos” são submetidos por parte dos “opressores” desde
tempos remotos. Mas, ao mesmo tempo em que refletem a opressão,
também se constituem em uma forma de refração dessa realidade, de
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III
Um pouco depois do encontro virtual com minhas colegas de
trabalho, que me levou a elaborar uma conversa entre “nossas e
nossos” estudantes, Pedro Malasartes e Bakhtin, sob a perspectiva
do riso e da palavra carnavalizada, sou estética e eticamente
impactada pela postagem da amiga Rita Ribes, em outro ambiente
de interação nas redes: Facebook.
A realidade da fome, presente em “Sopa de Pedra”, uma vez mais me
assalta os olhos e os demais sentidos, mas dessa vez, como em tantas
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outras em que sou assaltada por essa imagem, nada virtual, nas
inumeráveis esquinas, marquises, calçadas de minha cidade, não
encontro o riso subversivo afigurado pela “esperteza” de Pedro
Malasartes. Ao contrário, escuto uma palavra única que insiste em
afirmar que a vida não é para todas e todos. Que muitos e muitos
corpos são inúteis e desnecessários. O Mercado, essa entidade que
ganhou vida própria, já se alimenta e se dá por satisfeito com 1/3 de
nossos corpos consumidores. O restante é desprezível e, assim sendo,
não gera riquezas e não participa do banquete de produção de lucros
para a nação. Corpos que não somam para aumentar os índices de
nosso (atualmente) parco Produto Interno Bruto e tampouco são
vislumbrados pelas “ações responsáveis” para a ampliação do Índice
de Desenvolvimento Humano (igualmente parcas nesse momento
pandêmico-fascista da política nacional e internacional).
Ao pensar na imagem da fome em “Sopa de Pedra” e em como
Pedro Malasartes subverte no riso essa realidade, fui ao encontro
de Bakhtin em sua obra sobre a Cultura Popular na Idade Média e
no Renascimento, convidada a conversar com Rabelais e suas
figuras “patagruelescas” que evocam a festa e a carnavalização
para pensar a vida em sua dimensão transformadora, ambivalente,
desestabilizadora de sentidos únicos. Com o realismo grotesco
presente nas imagens rabelaisianas, compreendi o sentido do
“baixo corporal” numa relação de extrema comunhão com a terra
que acolhe os restos de nossas atividades corporais essenciais como
o mijo, a merda, nosso próprio corpo em decomposição num
trabalho cíclico de renovação da vida. Fertilidade. A terra túmulo
também é terra ventre.
Permanecendo na esfera do grotesco, que tem no termo
latino grota (gruta) sua raiz etimológica, ainda guiada por Bakhtin
e Rabelais, fui levada para os subterrâneos da Roma antiga, nas
Termas de Tito, onde tomei conhecimento da existência de figuras
ornamentais tidas como insólitas por não apresentarem fronteiras
que delimitassem as esferas minerais, vegetais e animais. Alusões
a formas em transmutações e confluências que metamorfoseiam-se
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Fonte: http://portalf11.com.br/bloco/103373/0/noticias
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Fonte: https://conexaoplaneta.com.br/blog/ivy-faria-filha-de-
romario-que-tem-sindrome-de-down-escreve-carta-ao-ministro-da-
educacao-e-rebate-sua-infeliz-declaracao/
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Fonte: https://oglobo.globo.com/brasil/direitos-humanos/ativista-
de-15-anos-lamenta-fala-de-ministro-da-educacao-contra-inclusao-
de-pessoas-com-deficiencia-precisamos-de-acolhimento-empatia-
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Editora 34, 2017, 373p.
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Referências
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de O Teatro da Crueldade. Trad. Luiza Neto Jorge e Manuel João
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Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo:
Hucitec; Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2010.
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como for, é um corpo grotesco e como tal, deve abraçar essa sua
característica que apenas o enriquece e aceitar que suas diferenças
são transgressões que constituem a sua vivência singular. Assim,
ser diferente da norma vigente é ser profundamente
revolucionário, é exigir e resistir apenas pelo ato de viver. É
transgredir pelo corpo, uma vez que ele faz parte de um realismo
grotesco, de movimento, de subversão da ordem, de
transformação. É não aceitar o silenciamento da sua singularidade
enquanto sujeito, da violência, e se colocar ativamente como uma
resistência. É construir laços de amorosidade em tempos de ódio e
saber que existir é o maior ato revolucionário que os excluídos
podem exercer nos tempos atuais.
Referências:
BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. A Cultura Popular na Idade
Média e no Renascimento: o Contexto de François Rabelais. 6 ed.
São Paulo: Hucitec; Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2008.
BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Para uma Filosofia do Ato
Responsável. São Carlos: Pedro & João Editores, 2010a.
BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Marxismo e Filosofia da
Linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na
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BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Estética da criação verbal. São
Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011.
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KAPPLER, Claude. A noção de monstruosidade. In: Monstros,
Demônios e Encantamentos no Fim da Idade Média. São Paulo:
Martins Fontes, 1993.
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HAN, B.C. A salvação do belo. Petrópolis, RJ: Vozes, ed. 2, 2019.
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Editora Parábola, 2006.
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Referências
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Renascimento: o contexto de François Rabelais. 5. ed. São Paulo:
Editora Hucitec, 2002.
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Palavras Iniciais
Ao vislumbrar axiológica e teoricamente a temática “O grotesco
dos nossos tempos: vozes, ambiente e horizontes” do VIII Círculo
– Rodas Bakhtinianas, este pesquisador assumiu o compromisso de
analisar dialogicamente o discurso da KKK, mais especificamente
da WCKKKK. Por curiosidade, alguém poderia perguntar: “Por
que a escolha deste objeto-discurso de investigação científica? Seria
ele importante para o contexto sociocultural brasileiro?” A resposta
é sim. É que, neste país, percebe-se a ascensão de um processo
discursivo de apreensão/reelaboração/reacentuação que pretende
“Fazer o Brasil Grande Outra Vez” seguindo o “estilo de vida
americano”. Não por acaso, este autor encontrou estes comentários
a seguir em um fórum de supremacismo branco criado pelo ex-
líder da KKK:
Está na hora de uma Ku Klux Klan surgir neste país! Temos que
erguer as massas e as pessoas brancas. Temos que unir e
esmagar o inimigo em comum... Os não-brancos!
(VARGREICHENBACH, 2019, n.p.).
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Tradução: Paulo Bezerra. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense
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Paulo Bezerra. 1 ed. São Paulo: Editora 34, 2015.
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GRANT, Susan-Mary. História concisa dos Estados Unidos da
América. São Paulo: EDIPRO, 2014.
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Introdução
A partir do que conceitua Bakhtin (1987) o exagero, o hiperbolismo,
a profusão, o excesso são segundo opinião geral, os sinais
característicos mais marcantes do estilo grotesco. Diante disso foi
percebido um estilo grotesco na linguagem no momento da
adaptação do ensino remoto nas universidades públicas,
sobretudo, na universidade do estado do Pará - UEPA. Uma vez
que, não houve um acordo solidário por parte de muitos alunos
para com os demais que não obtinham acesso ao mecanismo de
ensino proposto.
Mediante a situação de pandemia sendo vivida por todo o mundo,
no Brasil o que dificultou ainda mais foram as péssimas condições
administrativas tomadas pelos governantes vigentes em questão,
sobretudo o atual presidente do país, Jair Bolsonaro. Que diversas
vezes diminuiu e desdenhou do quão complexo era o momento que
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Desenvolvimento
Com o primeiro caso de covid-19 foi confirmado em 26 de fevereiro
de 2020 no Brasil no estado de São Paulo, no mesmo mês
começaram as primeiras ações governamentais ligadas ao combate
da pandemia. Desde então, medidas como lockdown e também
medidas preventivas de restrições foram tomadas. Entretanto,
naquela época achavam-se que seriam apenas alguns dias ou até
mesmo semanas, que logo tudo iria voltar ao normal. Contudo,
semanas e meses foram passando-se, e muitos mais casos se
confirmando, teve-se o aumento de mortes de muitos cidadãos e o
vírus sofrendo variantes preocupantes para a sociedade.
Ao redor do mundo, de acordo com a pesquisa apontada pela
revista Science (2021) são mais de 2,7 milhões de mortes e mais de
124 milhões de casos até março de 2021, os países com mais casos
são Estados Unidos, Brasil, Índia, Rússia e França. Quando se fala
de mortes o ranking muda: EUA, Brasil, México, Índia e Reino
Unido. Ou seja, o Brasil é um dos países mais atingidos pela
COVID-19. Até 11 de março de 2021, 11.277.717 casos e 272.889
mortes foram relatados. Esses números representam 9,5% e 10,4%
dos casos e mortes em todo o mundo, respectivamente, mas o Brasil
representa apenas 2,7% da população mundial. No final de maio
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Conclusão
É possível percebe-se que o silenciamento pode ter diversas formas,
na qual o Ensino Remoto Emergencial também se tornou uma
alternativa de silenciamento, levando em conta os diversos
números de alunos que não tiveram a oportunidade de falar de
seus obstáculos para que não continuassem o curso, e muitos
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Referências
BRASIL. Coronavírus faz educação a distância esbarrar no desafio
do acesso à internet e da inexperiência dos alunos. FIOCRUZ:
FUNDAÇÃO OSWALDO Cruz, Ministério da Saúde. 2020.
Disponível em: <>
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renascimento: o contexto de François Rabelais. Trad. Yara Frateschi
Vieira. Editora Universidade de Brasília: São Paulo, 1987.
CASTRO. Et al. Padrão espaço-temporal de disseminação da
COVID-19 no Brasil. 2021. Rev. Science, v. 372, n. 6544, p. 821-826.
2021. Disponível em: <>
FERREIRA, Yvonélio Nery. Percursos do silêncio: as narrativas de
Luiz Vilela. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Santa
Catarina, 2015.
ORLANDI, Eni P. As formas do silêncio: no movimento dos
sentidos. 6ª ed. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2007.
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Referências
BAKHTIN, M. Cultura popular na idade média e no renascimento:
o contexto de François Rabelais – 7a edição. Tradução de YAra
Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2010.
BAKHTIN, M. Teoria do romance II: as formas do tempo e do
cronotopo. Tradução de Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34,
2018.
BAUMAN, Z. Modernidade Líquida. Tradução de Plínio Dentzien.
São Paulo: Zahar, 2001.
LIPOVETSKY, G. Os tempos hipermodernos. Tradução de M.
Vilela. São Paulo: Barcarolla, 2004.
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INTRODUÇÃO
Com a popularização dos memes de internet, por volta de 2010, a
investigação sobre o fenômeno da replicabilidade ganha o campo
da Comunicação, destacando-se um notável esforço na proposição
de taxonomias que facilitem as investigações sobre esses
replicadores. Entre as propostas de classificação conhecidas dos
memes de internet, nos interessa neste trabalho a da jornalista e
pesquisadora israelense Limor Shifman (2014) de uma função dos
memes como forma de participação política. Segundo ela, memes
de discussão pública são aqueles que nascem exclusivamente dos
usuários da rede, reforçando o modelo participativo da web 2.0.
Neste modelo, as peças costumam ser amadoras e podem ser
compostas no formato de texto verbal, imagem, gif, vídeo e/ou a
combinação de duas ou mais destas formas. A crítica política e
provocação do riso são elementos indispensáveis nos memes de
discussão pública e o compartilhamento das peças conta com a
interferência de cada usuário em seu conteúdo.
O gênero meme
A discussão sobre os memes como gêneros discursivos também
ganha volume desde o início deste trabalho. Autores como Calixto
(2017) e Porto (2018), por exemplo, apresentam fundamentação e
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Fonte: Twitter
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Fontes, 2010. p. 277-327.
CALIXTO, Douglas. Memes na internet: Entrelaçamentos entre
Educomunicação, cibercultura e a ‘zoeira’ de estudantes nas redes
sociais. São Paulo, 2018, 221 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da
Comunicação) – Universidade de São Paulo.
CHAGAS, Viktor. Não tenho nada a ver com isso: cultura política,
humor e intertextualidade nos memes das Eleições 2014. 2016.
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Caroline Janjacomo
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
caroljanjacomo@gmail.com
INTRODUÇÃO
Há cerca de dois anos, o Brasil, bem como todo o globo, vem
enfrentando um dos maiores desafios da atualidade: a pandemia
de Covid-19.
Em situações como essa, onde um tema passa a ser de interesse
amplo e urgente para a sociedade como um todo, um tipo
específico de comunicação é, em geral, empregada pelas
instituições governamentais: a Publicidade de Utilidade Pública -
uma via comunicacional que busca informar, orientar, prevenir e
contribuir, desta forma, para o bem-estar social. A publicidade de
utilidade pública (PUP) é utilizada pelo primeiro setor (Estado)
enquanto uma ferramenta de Comunicação de Interesse Público
(CIP), destacada por Costa (2006) como o âmbito das ações
comunicacionais lançadas para dotar a população de informações
que lhe permitam viver e compreender o mundo, sempre
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“Um signo não existe apenas como parte de uma realidade; ele
também reflete e refrata uma outra. Ele pode distorcer a realidade,
ser-lhe fiel, ou apreendê-la de um outro ponto de vista específico
(...)” (idem, p. 32). Desse modo, Volóchinov mostra que um signo
ideológico não apenas refrata uma realidade, mas também se
constitui num fragmento material desta.
Quando um signo se revela como imagem grotesca, ele carrega
significados, que antes possivelmente estivessem mascarados,
ganha voz, sentido e materialidade no contexto em que foi inserido,
implicando que está carregado de uma ideologia. Sem, contudo,
estar acabado, ultrapassando seus próprios limites de sentidos e
significações
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com esta análise, notamos que houve uma atribuição do grotesco
sobre o personagem Zé Gotinha, em prol da expressão
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REFERÊNCIAS
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falta de campanhas publicitárias sobre a pandemia. Senado Notícias,
11 mai. 2021. Política. Disponível em: <
https://bityli.com/XtDQB>. Acesso em: 08 ago. 2021.
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6ª. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011.
______. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o
contexto de François Rabelais. Trad. Yara F. Vieira. São Paulo:
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João Roberto Vieira da (Org.). Comunicação de interesse público:
ideias que movem pessoas e fazem um mundo melhor. São Paulo:
Jaboticaba, 2006. p. 19-27.
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Disponível em: <https://bityli.com/W2Fua> . Acesso em: 08 ago. 2021.
KUHL, N. Eduardo Bolsonaro posta Zé Gotinha com ‘fuzil de
vacina’.Metrópoles, Política, 12/03/2021. Disponível em: <
https://bityli.com/mRWAt >. Acesso em: 30 ago. 2021.
VIDON, F. Eduardo Bolsonaro publica foto do Zé Gotinha com uma
seringa no formato de fuzil. Extra, Notícias Brasil, 13 de março de
2021. Disponível em: < https://bityli.com/SiKTq >. Acesso em: 02 set.
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VOLÓCHINOV, V.N. Marxismo e filosofia da linguagem:
problemas fundamentais do método sociológico na ciência da
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F. Vieira. São Paulo: Hucitec, 2014.
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Renascimento: o contexto de François Rabelais. Trad. Yara Frateschi
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BAKHTIN, M. O autor e a personagem na atividade estética.
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identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
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corpo educado: pedagogias da sexualidade. 2a ed. Belo Horizonte,
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violência no absurdo. A forma do grotesco: metonímias de
violência no absurdo. Per.Form[AR], v. 1, p. 20-32, 2019.
VOLÓCHINOV, V. A palavra na vida e a palavra na poesia: ensaios,
artigos e poemas. Tradução de Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova
Américo. São Paulo: Editora 34, 2019.
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https://www.diariodocentrodomundo.com.br/as-evangelicas-a-
mamadeira-de-piroca-e-a-eleicao-de-bolsonaro/
A construção do Salvador das famílias cristãs, a adesão à pauta
purificadora fortaleceu-se com construções inverídicas
relacionadas às questões sexuais. A quebra da tradição religiosa
por meio da carnavalização:
Todos os ritos e espetáculos organizados à maneira cômica
apresentavam uma diferença notável, uma diferença de princípio,
poderíamos dizer, em relação às formas do culto e as cerimônias
oficiais sérias da Igreja ou do Estado feudal. Ofereciam uma visão
do mundo, do homem e das relações humana totalmente diferente,
deliberadamente não-oficial, exterior à Igreja e ao Estado, pareciam
ter construído, ao lado do mundo oficial, um segundo mundo e
uma segunda vida aos quais os homens da Idade Média pertenciam
em maior ou menor proporção, e nos quais eles viviam em ocasiões
determinadas (BAKHTIN, 1996, p. 4-5).
O pênis passa a ter seu papel festivo na construção da palavra
outra à falácia relativizada à promoção do ensino na primeira
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https://www.diariodocentrodomundo.com.br/entretenimento/criti
ca-as-fake-news-mamadeira-de-piroca-vira-febre-entre-folioes/
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https://desciclopedia.org/wiki/Arquivo:Mamadeiraamericana.jpg
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https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/mamadeir
a-de-piroca-de-leite-moca-a-power-point-da-feira-os-memes-do-
cartao-corporativo-do-governo/
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https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/mamadeir
a-de-piroca-de-leite-moca-a-power-point-da-feira-os-memes-do-
cartao-corporativo-do-governo/
É a representação do grotesco no que tange a quebra das
concepções cristãs e conservadoras, como afirma Bakhtin (1996),
com o uso do falo masculino para desestabilizar o cenário político,
ideológico, social e cultural. Carnavalizar o grotesco possibilitou a
disputa ideológica de múltiplas vozes em arenas dialógicas
diversas.
Referências
A mamadeira de piroca ganhou as eleições no Brasil, diz Wagner
Moura. https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2019/03
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/15/a-mamadeira-de-piroca-ganhou-as-eleicoes-no-brasil-diz-
wagner-moura.htm, acesso em 07/09/2021.
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de Fraçois Rabelais. 3. ed. São Paulo:
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BAKHTIN, Mikhail, VOLOCHÍNOV, Valentin N. Palavra própria e
palavra outra na sintaxe da enunciação. São Carlos: Pedro & João
Editores, 2011.
Crítica às fake news: mamadeira de piroca vira febre entre foliões.
https://www.diariodocentrodomundo.com.br/entretenimento/criti
ca-as-fake-news-mamadeira-de-piroca-vira-febre-entre-folioes/,
acesso em 07/09/2021.
“Eles têm um pênis na porta da Fiocruz”, “fazem cocô em crucifixo”, diz
Capitã Cloroquina. https://www.lucianoseixas.com/2021/05/eles-
tem-um-penis-na-porta-da-fiocruz.html, acesso em 07/09/2021.
Mamadeira de
Piroca. https://desciclopediahttps://desciclopedia.org/wiki/Mamad
eira_de_pirocahttps://desciclopedia.org/wiki/Mamadeira_de_piro
ca.org/wiki/Mamadeira_de_piroca, acesso em 07/09/2021.
Mamadeira de piroca.
https://www.reddit.com/r/Arrependinaro/comments/g4tnb7/mam
adeira_de_piroca/, acesso em 07/09/2021.
Mamadeiras eróticas não foram distribuídas em creches pelo PT.
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-
verifica/mamadeiras-eroticas-nao-foram-distribuidas-em-creches-
pelo-pt/, acesso em 07/09/2021.
Mamadeira de piroca de Leite Moça a Power Point da feira: os
memes do cartão corporativo do governo.
https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/mamadeir
a-de-piroca-de-leite-moca-a-power-point-da-feira-os-memes-do-
cartao-corporativo-do-governo/, acesso em 07/09/2021.
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O grotesco da vida
Eu não vou dar conta de escrever. Escrevi apenas uma página e não
vou dar conta. Agradeço, mas não vou participar desta vez.
Arlete, 31/08/2021 – Encontro do Grubakh [1]
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A narrativa da Arlete:
Uma imagem maravilhosa! Carregada de Signos!
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Referências:
BAKHTIN, Mikhail [1920-24]. Para uma filosofia do ato responsável.
São Carlos: Pedro & João, 2010.
BAKHTIN, Mikhail [1940]. A Cultura Popular na Idade Média e no
Renascimento. São Paulo: Hucitec, 2013.
Notas:
[1] O Gubakh é o Grupo de Estudos Bakhtinianos, subgrupo de
estudos do GEPEC – Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação
Continuada, da Faculdade de Educação da Unicamp com
atividades coordenadas atualmente pela professora Liana Arrais
Serodio e que iniciou suas atividades em 2010.
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Imagem 1:
Imagem 2:
O grotesco na obra de Rabelais reestrutura o corpo
horizontalmente. Aqui, o homem e seu corpo não são fechados e
acabados, mas abertos e em relação constante de transformação
com os elementos do mundo. A hierarquia medieval, que dissocia
os fenômenos e os afasta, é, assim, destronada; os fenômenos
abstratos, cósmicos e míticos são trazidos ao plano material, já que
é através do corpo humano que a matéria se torna “criadora,
produtora, destinada a vencer todo o cosmos, a organizar toda a
matéria cósmica; no homem, a matéria toma um caráter histórico”
(BAKHTIN, 2010, p. 321).
A quebra hierárquica e o movimento de destronamento vão além,
contudo, do corpo humano biológico. A análise de Bakhtin sobre o
grotesco em Rabelais é fundamental para compreender também o
corpo histórico da humanidade em transformação. A leitura de
Bakhtin sobre a obra de Rabelais reside, assim, na compreensão de
que a concepção grotesca do corpo possibilita um sentimento
histórico, concreto e realista, “a sensação viva que cada ser humano
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Imagem 4:
Referências
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contexto de François Rabelais. Trad. Yara Frateschi Vieira. São
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https://br.pinterest.com/biomarilia5/ailton-krenak/
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https://www.andes.org.br/conteudos/noticia/indigenas-de-117-povos-iniciam-
novo-acampamento-em-brasilia-dF1
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REFERÊNCIAS
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12 set 2017.
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Depois de ouvir Patrícia Borde ler Eduardo Galeano, n’O Livro dos
Abraços (1997), Marisol Barenco de Mello diz:
- Um abraço é uma imagem linda para um dos princípios
fundamentais da teoria bakhtiniana, Pati. O que morre pequeno no
encontro desses mundos que são os corpos humanos? Toda
pretensão de ser, em si mesmo, ensimesmado, por si, aprendi com
Bakhtin. E o que nasce é o humano no homem, que é pelo menos
dois...
Patrícia: - Encontro é morte e renascimento. Eu e outro que em
diálogo se alargam (...).[1]
As vozes nesse texto são vozes-outras que se tornaram outras-
minhas e que agora são do mundo. Mas quem fala nesse texto,
principalmente, são as crianças das classes populares com todos os
afetamentos que a escola lhes tem causado. A escola pública na
condição de espaço que estão tentando calar através de um plano
que tem por objetivo colocar as classes populares num lugar de
reprodução, de apertar parafuso, enroscar porca, apertar parafuso,
enroscar porca... para nunca terem tempo de parar e olhar sua
potência. Mas, nem todo plano sai da forma que seus idealizadores
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Notas:
[1] Retirado do texto Cotejo em Bakhtin: o nascimento do sentido no
abraço humano, de Marisol Barenco de Mello e Patrícia do Amaral
Borde.
[2] O grupo ATOS/UFF é um grupo de estudos Bakhtinianos, da
Universidade Federal Fluminense – Niterói.
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Introdução
O corpo, vértice de vida que completa outro corpo. Nem máquina,
nem culpa: festa. O eu e o outro, felizes e infelizes separadamente,
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Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec,
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Pedro & João Editores, 2010.
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Referências
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Renascimento: o contexto de François Rabelais. Trad. de Yara
Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec; Brasília: Universidade de
Brasília, 2008
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<https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/18/actualidad/1539847547
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Disponível em:
<https://www1.folha.uol.com.br/webstories/cultura/2020/08/o-
que-e-a-cultura-do-cancelamento/ >Acesso em: 20 de agosto de
2021.
Disponível em: <https://jovempan.com.br/noticias> Acesso em: 20
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conceituação estética. Revista InterteXto, UFTM, v. 9, n. 1, 2016.
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VOLÓCHINOV, Valentin. A palavra na vida e a palavra na
poesia. Ensaios, artigos, resenhas e poemas. Organização
tradução, ensaio introdutório e notas Sheila Grillo e Ekaterina
Vólkova Américo. Editora 34, 1ª edição, 2019.
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RISÍVEL!
O tempo de um GROTESCO
DESCOMUNAL!
COLOSSAL!
CORPORAL?
Não!
BAIXO CORPORAL!
Um GROTESCO
EXCREMENTAL!
VISCERAL!
QUE TRANSITAVA O
BUCAL
ANAL
ESCROTAL
VULVOVAGINAL
Houve o tempo de um GROTESCO
CORPORAL?
BAIXO CORPORAL
Um GROTESCO:
VIDA TRIPADA
EM TRIPAS
Morte e vida?
MORTEVIDA
Morte em vida?
Vida em morte?
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VINDA EM MORTE?
NASCIMENTO EM FINDO
SEMFINDO...
VELHAS GRÁVIDAS, RINDO...
Riso?
GARAGALHADAS!
Houve o tempo de um GROTESCO
ALTO-BAIXO
EXCREMENTO
ORIFÍCIOS
BOSTA
EXPURGO
ARROTOS
BARRIGAS-PANÇA
BEBÊS GIGANTES
HOMENSMUNDO
CORPOS VELHOS,
FECUNDOS
HÁ NOS NOSSOS TEMPOS UM GROTESCO
FÚNEBRE
ESCÁRNIO!
SEPUCRAL!
ABISSAL!
Um grotesco
ESCROTO!
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ESGOTO!
NEFASTO!
Mamífero?
MORTÍFERO!
FASCISTA!
CARNIFICISTA!
NÃO SOU COVEIRO!
TÁ OK?
Um grotesco
Bárbaro?
NÃO!
BARBÁRIE!
QUE MATA
A MATA
QUE PENSA
QUE ESPANTA
O ÍNDIO
QUE ALIMENTA
A PANÇA
DA GRILAGEM
A engrenagem
DA DESTRUIÇÃO
(E DA MORTE)
QUE É FORTE
NOS CORTES
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À TALHADAS
NO DESMONTE
DO ACESSO
Á VIDA
DE PRESENTES,
À MEMÓRIA
DE ANCESTRAIS
Um grotesco
PRETO?
PREGUIÇOSO
MULHER?
FRAQUEJADA
CALA A BOCA!
CALA A BOCA JÁ MORREU!
.............................
VOLTA PRA GRUTA
DE ONDE VIESTE!
..............................
FESTEJAREMOS
COMO BEBÊS GIGANTES
À GARAGALHADAS BUFANTES
NAS RUAS
NAS PRAÇAS
E TOMAREMOS
O TRONO
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Introdução
Em tempos de incertezas e em um cenário de permanentes
contradições, somos instadas a discutir e avaliar nosso lugar no
mundo com o chamado do VIII Círculo – Rodas de Conversa
Bakhtiniana, que tematiza “o grotesco dos nossos tempos: vozes,
ambientes e horizontes”. Tal chamado nos move a (re)pensar
nossas lutas emergentes frente às (des)igualdades demarcadas em
cada contexto e classe social, pois com Bakhtin aprendemos que
nosso estar no mundo se ancora no outro, sujeito, pessoa e também
no contexto, sempre situado.
Nessa compreensão, no âmbito da educação brasileira, os últimos
tempos (sobretudo pós-golpe de 2016), vêm nos exigindo constante
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Referências
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DCN e BNC para formação inicial e continuada de Professores da
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Disponível em: https://anped.org.br/news/posicao-da-anped-
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PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO (Anfope). Manifesto ANFOPE
em defesa da Formação de Professores. 2018. Disponível
em: http://www.anfope.org.br/wp-
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FORMA%C3%87%C3%83O_PROFESSORES-Anfope-Forumdir-
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graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação
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Referências
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BAKHTIN, M.M. Os gêneros do discurso. Organização, tradução,
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GERALDI, J.W. A aula como acontecimento. São Carlos: Pedro &
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ROJO, Roxane. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social.
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RICARDO VÉLEZ – 1
ABRAHAM WEINTRAUB – 2
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CARLOS DECOTELLI – 3
MILTON RIBEIRO – 5
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Considerações
Nesse sentido, foi um grande desafio de trabalhar com o conceito
de grotesco, da ambivalência, do rebaixamento, do renascimento,
compreendendo onde e como nascem as forças, o fortalecimento
das ideias e como elas podem ser encontradas nestes dias de tanta
incredulidade e trevas, reforçando o caráter e a busca por novos
tempos, enquanto ser social e responsável.
As lições que as teorias bakhtinianas possibilitam não se restringe
apenas na releitura do grotesco na sociedade brasileira, também na
possibilidade de acessar aos mecanismos produzidos por essa
reflexão, os quais direcionam para ressurgimento e permanência da
resistência e esperança, por meio do discurso livre e dos resultados
de pesquisas, os quais contestam o uso arbitrário dos objetivos reais
da cidadania, democracia e direitos humanos. Dessa forma, o
presente estudo reforça a necessidade de enxergar o que era a
educação, e o que é hoje a partir do contexto aqui apontado.
Ao reportarmos às falas de pessoas que estiveram ou estão a
comandar o Ministério da Educação por meio das charges,
compreendemos o sentido e significado das imagens dentro de um
contexto que exige manifestação e mobilização concreta de ações
contra atos irresponsáveis e sem alicerce epistemológico de
reconhecimento às diferenças socioculturais existentes no Brasil.
Conforme Bakhtin (2002), na discussão do renascimento as fezes
servem de adubo, para renascer da terra a esperança, do ponto de
vista biológico as fezes vão se misturar à terra, e se transformar na
resistência. Na ambivalência se discute o novo, o renascimento de
novas ideias, de um novo tempo, reconectando os valores,
transformando e reinventando a mudança da sociedade que não
suporta mais o descaso, essas vozes e discursos, de ministros
preconceituosos, desse governo pautado no fascismo e na
intolerância dos sujeitos. Para tanto, a obra rabelaisiana, discutida
por Bakhtin, nos traz um efeito estético de uma análise dialógica
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REFERÊNCIAS:
BAKHTIN, Mikhail. Introdução: apresentação do problema. In:
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na idade média e no
renascimento: o contexto de François Rabelais. 5ª ed. Tradução de
Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec. Brasília: editora
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Referências
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Referências
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento. São Paulo. Ed. Hucitec [Brasília], 1987.
Notas:
Trata-se da principal casa de espetáculos no distrito de Covent
[1]
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1 Iniciando a reflexão
A nossa reflexão neste ensaio ao VIII Círculo – Rodas de Conversa
Bakhtiniana tem como objetivo refletir o discurso grotesco nas
charges de João Bosco “Desmatamento na Pandemia” (02/08/20) e
”Desmatamento aumenta” (09/08/20). João Bosco é cartunista,
chargista e critica contundentemente o discurso oficial do governo
brasileiro em 2020 quanto às questões de Meio Ambiente.
O discurso do João Bosco traz sua voz como posicionamento em
defesa da Amazônia, evocando políticas públicas de preservação
ao meio ambiente tanto local quanto nacional, contestando a
situação atual de caos em que se encontra o nosso “pulmão do
mundo”.
Essas charges refratam um tempo no qual a crise pandêmica
provocada pela Covid-19 no período da primeira onda, com muitas
mortes, e simultaneamente, agravando a crise socioeconômica
instaurada aqui no Brasil. O contexto exigia políticas públicas de
combate à Pandemia simultaneamente à crise.
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Fonte: http://jboscocartuns.blogspot.com/2020/08/desmatamento-
na-pandemia.html
Charge 2 “Desmatamento aumenta”
Fonte: http://jboscocartuns.blogspot.com/2020/08/desmatamento-
aumenta.html
As charges, por um lado, trazem consigo várias vozes para o
embate dialógico: em seus desenhos está a voz do governo
evidenciada pelas cores amarela e verde, a voz dos latifundiários
que comanda os desmatamentos pelo objeto motosserra, com as
quais confronta. Por outro lado, estão as vozes com as quais
compactua a dos cientistas que correm contra o tempo em busca de
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3 Conclusões provisórias
A relação entre o verbal e o visual é percebida fortemente no jogo
de contraste das palavras e desenhos com as cores, isto é, na charge
1 o título “Desmatamento na Pandemia” dialoga intensamente com
o título “Desmatamento aumenta” da Charge 2. Na primeira
charge o autor denuncia o desmatamento no contexto da Pandemia
e na segunda, ele grita sua indignação expresso no subtítulo em
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4 Referências
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Tal qual o orifício superior que nos alimenta e nos mantem vivos
ao mesmo tempo que serve para expelir o que não nos serve em
forma de vômito; o ânus funde morte e prazer, início e fim, portal
pelo qual expelimos dejetos internos para o mundo exterior e por
onde o mundo é capaz de nos penetrar.
Com o grotesco, há um rompimento nos limites de um corpo
clássico, organizado em torno de um sujeito uno, com uma
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identidade fixa, regido por leis que condenam tudo o que diz
respeito à carne, ao terreno, ao humano. Em oposição à perspectiva
corporal da estética clássica, as figuras descritas por Rabelais e
estudadas por Bakhtin (deformadas, irregulares, espantosas e
apavorantes, se observadas sob à luz do cânone que privilegia o
estático e consolidado) se assemelhavam às práticas da vida
cotidiana vide seu contínuo inacabamento: “(...) o corpo grotesco é
um corpo em movimento. Ele jamais está pronto nem acabado: está
sempre em estado de construção, de criação, e ele mesmo constrói outro
corpo; além disso, esse corpo absorve o mundo e é absorvido por ele”
(Bakhtin, 2013 p. 277, destaques do autor).
O grotesco, impregnado da visão carnavalesca, libera o mundo de
tudo que nele pode haver de terrível e atemorizador, tornando-o
totalmente inofensivo, alegre e luminoso: “(...) no grotesco popular,
a luz é o elemento imprescindível: o grotesco popular é primaveril,
matinal e auroreal por excelência” (Bakhtin, 2013, p. 36). Tudo o
que causava medo e espanto na vida ordinária era ridicularizado
no carnaval, pois “O medo é a expressão extrema de uma seriedade
unilateral e estúpida que no carnaval é vencida pelo riso (...)
(Bakhtin, 2013, p. 41).
Referências
BAKHTIN, M. A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento: o
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2013.
TREVISAN, J. Devassos no paraíso. Editora Max Limonad LTDA,
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Notas
[1] “O aspecto essencial do grotesco é a deformidade. A estética do
grotesco é em grande parte a estética do disforme” (BAKHTIN,
2013, p. 38)
[2] De acordo com Trevisan (1986), além de pecado, o sexo anal foi
considerado, em muitas sociedades (que inclui a brasileira) como
“crime de sodomia”, punido com prisões, degredos e até, em
alguns casos, com a morte.
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Feminismos, presente!
Como forma de resistência à hegemonia masculina, o feminismo,
em sua pluralidade, surgia como uma ação política na luta pelo
reconhecimento da humanidade das mulheres, isso porque, no
sistema patriarcal “[...] a mulher determina-se e diferencia-se em
relação ao homem e não este em relação a ela; a fêmea é o
inessencial perante o essencial. O homem é o Sujeito, o Absoluto;
ela é o Outro” (BEAUVOIR, 2019, p. 12- 13). Tal essencialização das
mulheres é parte de uma narrativa histórica, visão utópica de
unidade que parte de um projeto egocêntrico de sujeito universal.
Assim, como forma de redefinir as engrenagens do sistema e
instituir o direto ao lugar de fala, a escuta de outras vozes sociais,
os feminismos nas redes sociais digitais atuam como uma forma de
ativismo (HARAWAY, 2009). Ou seja, é no espaço virtual que
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REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Média e no renascimento: o
contexto de François rabelais. Tradução de Yara Frateschi Vieira.
São Paulo: HUCITEC: [Brasília] Editora da Universidade de
Brasília, 1987.
BAKHTIN, M. Para uma filosofia do Ato Responsável [Tradução aos
cuidados de Valdemir Miotello & Carlos Alberto Faraco]. São
Carlos: Pedro & João Editores, 2010.
BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o
contexto de François Rabelais. 8ª ed. Trad. Yara Frateschi Vieira.
São Paulo: Editora Hucitec, 2013.
BAKHTIN, M. O homem ao espelho: Apontamentos dos anos 1940.
São Carlos: Pedro & João Editores, 2019.
BERNARDI, R. M. Rabelais e a sensação carnavalesca do
mundo. In.: BRAIT, B. (org.). Bakhtin: dialogismo e polifonia. São
Paulo: contexto, 2009, p. 73- 93.
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Notas:
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Referências:
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara
Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2010.
DANTAS, Daiany Ferreira. Estética e humor nos quadrinhos
feministas: a reconquista política do corpo pelo riso na HQ A
origem do mundo (2018). Tempo e argumento, Florianópolis, v. 12,
n. 31, e0102, set./dez. 2020.
#DEIXAFLUIR com SEMPRE LIVRE® e CAREFREE®. [S. l.: s. n.],
2021. 1 vídeo (1min 10s). Publicado pelo canal semprelivrebrasil.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=UV_iTWp-
Fxo. Acesso em: 01 setembro 2021.
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Notas:
[1] O slogan contém a observação: “quando são incolores ou
levemente esbranquiçados, sem odor, ardência ou coceira.
Consulte o seu ginecologista” (#DEIXAFLUIR, 2021).
[2] A propaganda é direcionada a mulheres cisgênero, mas as
reflexões aqui apresentadas referem-se a todos os corpos que
menstruam.
[3] A música utilizada chama-se Banho e é originalmente cantada
por Elza Soares. Na propaganda, a canção está na voz de Tulipa
Ruiz. A música original pode ser acessada
em: https://www.youtube.com/watch?v=-1fcaBBti4A.
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Palavras iniciais
Pensar que a gente cessa é íngreme. Minha alegria ficou sem voz.
(Manoel de Barros, 2002)
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Considerações inacabadas
A poesia salva, a arte salva! A experiência de vida-morte-
renascimento expressada neste texto por meio de minha
experiência singular, junta-se ao movimento de muitas outras
vozes nesse tempo pandêmico. O relato de minha experiência se
entrecruzou no pulsar da vida pessoal e acadêmica e, assim, este
texto se constituiu.
Tudo isso que é genérico adquire sentido e valor a partir do lugar
único do singular, do seu reconhecimento, na base do seu “não-
álibi no existir”.
“Não-álibi” significa “sem desculpas”, “sem escapatórias”, mas
também “impossibilidade de estar em outro lugar” em relação ao
lugar único e singular que ocupo no existir, existindo, vivendo.
(BAKHTIN, 2017)
Retomar minha pesquisa imersa na dor, no caos do luto, foi um
respirar que me trouxe de volta ao sentido da vida. Mergulhar na
poeticidade do Espetáculo Cênico do Crianceiras e nos poemas de
Manoel de Barros foi e continua sendo viver a palavra na vida e na
poesia, e a arte como ato de resistência, ato transformador.
Encontrei verdadeiramente na voz do poeta, nas canções de Márcio
De Camillo, nas iluminuras de Martha Barros, no Espetáculo Cênico
Musical (que envolve muitos artistas), nas imagens das crianças nos
espetáculos, na di/fusão do Projeto Poesia na prática e Projeto
escola Crianceiras, proposta educativa de Cibelle Rosa da
Transformadoria[9], em parceria com a Diverte cultural e no pulsar
de vida materializado no site Crianceiras, nutrido por Izabella
Maggi[10]. Na leveza da palavra poética, a celebração da vida, o
riso. Este, presente nas celebrações irreverentes e alegres da
resiliência.
Com todos eles, com suas diversas vozes poéticas, compreendi que
o riso pode ser libertador, que a poesia pode ser uma fonte
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Referências
BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o
contexto de François Rabelais. Tradução de Yara Frateschi Vieira.
5. ed. São Paulo: Hucitec, 2002.
BAKHTIN, M. Para uma filosofia do ato responsável. Tradução:
Valdemir Miotello, Carlos Alberto Faraco. 3. ed. São Carlos: Pedro
& João Editores, 2017.
BARROS, M. Livro Sobre Nada. 10. ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.
BARROS, M. Poemas rupestres. Rio de Janeiro: Record, 2004.
BARROS, M. Cantigas para um passarinho à toa. Ilustrações de
Martha Barros. 8. ed. Rio de Janeiro: Galerinha Record, 2009.
BARROS, M. Poemas concebidos sem pecado. 2. ed. São Paulo: Leya,
2010.
BARROS, M. Menino do Mato. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015.
BARROS, M. O fazedor de Amanhecer. Ilustrações de Ziraldo. São
Paulo: Moderna, 2017.
COUTO, M. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra. São
Paulo: Companhia das Letras. 2003.
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Notas
[1] Os dados apresentados aqui compõem a tese em andamento por
mim realizada pelo Programa de Pós-graduação em Estudos da
Criança, orientado pelo Professor Dr. Fernando Azevedo, da
Universidade do Minho, em articulação no Brasil com o Programa
de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa
Catarina (PPGE/UFSC), em coorientação com a Professora Dra.
Eliane Debus.
[2] Minha pesquisa em andamento se intitula “O lugar da poesia na
infância: Crianceiras, uma ponte entre Manoel de Barros e o uso estético
da lingua(gem). Curso de Doutorado que realizo na Universidade
do Minho, Braga – Portugal.
[3] Este item constitui parte da análise da pesquisa em andamento
citada.
[4] Músico, compositor e instrumentista. É também produtor
artístico e cultural da Criatto Produções. Produziu o Projeto
Crianceiras, com o objetivo de promover a educação através da arte
(sujeito participante de minha pesquisa).
[5] Diretor Teatral do Espetáculo Cênico Crianceiras ♫ (sujeito
participante da minha pesquisa).
[6] “Poética na incorporação”, termo cunhado por Igor Fagundes
(2016), ator e professor de Filosofia Estética e Dança no
Departamento de Arte Corporal da Universidade Federal do Rio
de Janeiro. Usa esse termo em seu livro Poética na Incorporação e
explicita o conceito de arte na sua potência desnorteante
(FAGUNDES, 2016).
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REFERÊNCIAS
AGAMBEN, Giorgio.O que é o contemporâneo? e outros ensaios.
Tradução de Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó, SC: Argos, 2009.
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara
Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2013.
BARROS, Marcos Alberto Xavier. A cena política brasileira ao revés:
Análise Dialógica do Discurso carnavalizado em charges políticas
de Vitor Teixeira do contexto do impeachment de Dilma Rousseff
ao governo de Michel Temer. 2019. 236f. Tese (Doutorado
Acadêmico em Linguística Aplicada) – Centro de Humanidades,
Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada,
Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2019. Disponível em:
http://www.uece.br/posla/wp-
content/uploads/sites/53/2020/02/TESE_MARCOS-ALBERTO-
XAVIER-BARROS.pdf. Acesso em: 04 set. 2021.
DALLARI, Dalmo de Abreu. O que é participação política. São Paulo:
Abril Cultural: Brasiliense, 1984.
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1.
O senso comum diz que estamos vivendo um tempo grotesco, que
o presidente é grotesco e que tudo que está acontecendo nesse
contexto político, social, econômico no Brasil é grotesco. Não, o
presidente não é grotesco; não vamos cair no entendimento
superficial disso que Bakhtin compreende como uma concepção de
mundo. O grotesco dito pelo senso comum está sendo visto
somente por um de seus pólos. E se assim vemos o momento atual
brasileiro podemos dizer que estamos vivendo o terror. O terror
que estamos vivendo se manifesta devido à ausência de mudança,
uma vez que estamos passando por um momento em que só
vivenciamos o polo negativo das coisas, como se não fôssemos
capazes de enxergar também os germes revolucionários de
transformação. O momento atual é grave sim, gravíssimo, mas o
que o Círculo de Conversas Bakhtinianas nos propõe é: alargarmos
a nossa visão para assim conseguirmos um olhar de águia que
abarque ao mesmo tempo a tragédia e o riso de um momento atual
em que haja centelha de mudança. Trata-se de uma coexistência do
sério e do riso, daquilo que se mantém e o que inaugura.
Atualmente há muita gente querendo manter a pior face
conservadora da nossa sociedade e apontá-la como modelo único,
mas há também forças apontando caminhos múltiplos, apontando
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2.
Já se perguntaram por que excluem o riso como uma forma de
pensar o mundo? É possível restituirmos o aspecto cômico como
oficial? Derreter essa cristalização de uma visão de mundo
unicamente séria?
3.
Ao vivenciar as manifestações populares, comecei a observar uma
situação que me chamava muito a atenção: uma folia de reis estava
a devotar santos, faziam seu cortejo com ladainhas e, na mesma
hora e lugar, a garrafa de cachaça rolava solta. Isto sempre me
intrigou e eu perguntava como isso era possível. Juntinho no
mesmo lugar: o santo e a cachaça. Não tinha quem me respondesse
os motivos dessa ambivalência.
Só muito tempo depois Bakhtin e seu livro A cultura popular na Idade
Média e no Renascimento: O contexto de François Rabelais me
responderam tal inquietação. Sim, estas festas guardam resquícios
concretos dessa visão de mundo sem separatividade e nos convida
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4.
A leitura do livro A cultura popular na Idade Média e no Renascimento:
O contexto de François Rabelais me fez começar a compreender que a
ambivalência não está só na praça pública, nas festas populares,
apesar de estes serem os lugares mais certos onde encontraremos o
grotesco. Mas o exercício é conseguir encontrar o grotesco em
outros tempos e espaços da cultura: em um desenho de criança, em
uma atividade prática de leitura e escritura com crianças, em uma
cena de um filme, em uma poesia, peça teatral, ou em uma simples
conversa cotidiana. Compreender o grotesco como uma concepção
de mundo onde no mesmo lugar da crítica encontra-se a faísca
revolucionária é, para nós do Grupo Atos, um compromisso não só
teórico e epistemológico, mas também político, feito na linguagem,
nas diversas dimensões da cultura.
5.
Quando observo o povo indígena ou as populações quilombolas
consigo ver o quanto eles lutam para tentar impedir a destruição
de suas matas, de seus lugares sagrados. A destruição da mata é a
destruição do seu próprio corpo. Ouço os Ticunas contarem sobre
suas árvores, vejo os desenhos que fazem de suas matas e floresta
e, de repente, encontro uma faísca revolucionária: eles têm os donos
das árvores, seres que guardam em si essa dimensão de corpo
grotesco.
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Referências
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento: O contexto de François Rabelais. Trad de Yara
Frateschi Vieira – São Paulo: Hucitec, 2013.
TICUNA. O livro das árvores. Organização Jussara Glauber.
Benjamim Constant: Organização Geral: Professores Ticuna
Bilíngues, 1997. 96p.
Notas:
[1] Grupo de Estudos e Pesquisa Bakhtinianas da UFF
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Ainda sobre o que conflita com o normal, tenho mais uma para
contar. Trabalhei por três anos numa empresa com mais de trinta
funcionários, sendo 60% mulheres e de todas, eu era a única com
cabelos cacheados. Diariamente, me solicitavam que eu “ajeitasse”
minha juba. Adivinha quem mais uma vez aparou suas arestas para
caber nos moldes alheios?
Formol neles. Agora eu completava o time de lisinhas no meu
uniforme azul marinho e scarpins nude que sufocavam
diariamente meus pezinhos nº 37 no Icoaraci – Ver-o-peso. O chefe
gostava assim. Vejam bem, não há problema algum em alisar o
cabelo. Ou cachear, colorir, descolorir. Desde que você faça para se
sentir bem; não para se sentir parte.
Entrei para o clube do corte de cabelo em casa nas primeiras
semanas de pandemia, decidi embarcar na transição capilar e
eliminar de vez tudo que ainda era alisado. Nunca tinha
experimentado um cabelo acima do ombro. Quiçá das orelhas.
“Joãozinho”. “Teu marido deixou?”. Disforme total. “Mas porque
ela faria isso?”. Aí eu pergunto, estariam o feio e o belo no objeto
(no caso eu de cabelo curto) ou no sujeito observador?
Já que algumas amigas se inspiraram na minha decisão, assim
como eu me inspirei anteriormente em outras mulheres, digo que
está nos olhos de quem vê. Entendo assim, que mesmo o grotesco,
e talvez especialmente ele, é capaz de inspirar, através do mostrar
que fugir do convencional pode ser um caminho libertador.
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INTRODUÇÃO
O objetivo deste texto é apresentar a reflexão a partir da narrativa
de uma professora de educação infantil no contexto do mundo da
vida com as crianças pequenas. Apresenta a voz das crianças
pequenas desconstruindo uma formatação do espaço/tempo da
escola. O movimento dialógico, proposto no GRUBAKH- grupo de
estudos Bakhtinianos, vinculado ao grupo de estudos e pesquisas
em Educação Continuada (GEPEC) da Faculdade de Educação da
Unicamp, instigou a escrita de uma metanarrativa ampliando
perspectivas de compreensão do acontecimento narrado.
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O GROTESCO EM MOVIMENTO:
A posição renovada e mobilizada a partir dos excedentes de visão
compartilhados por sujeitos não indiferentes, nos encontros do
GRUBAKH – Grupo de estudos bakhtiniano, GEPEC, Grupo de
Estudos e Pesquisas em Educação Continuada, Faculdade de
Educação, Unicamp –ampliou as possibilidades para reflexão da
narrativa produzida. Imersa em um tempo e um espaço diferente
do vivido torna-se nítido agora que o confronto entre professora
dos procedimentos burocráticos e do planejamento previsto está
pulsando, a todo instante, neste encontro com a vida do existir
evento ‘[...] dois mundos se confrontam, dois mundos
absolutamente incomunicáveis e mutuamente impenetráveis:
mundo da cultura e o mundo da vida’ (BAKHTIN, 2017 p.43).
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REFERÊNCIAS
MIOTELLO, Valdemir. Falando do riso...rindo da fala. In
SERODIO, Liana et al. Narrativas, corpos e risos anunciando uma
ciência outra. São Carlos: Pedro & João Editores, 2018, p 31-36 ISBN
978- 85-7993-585-5
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 3. ed. São Paulo:
Martins FonteS, 2000. 413 p. Traduções de Maria Ermantina Galvão
G. Pereira.
BAKHTIN, Mikhail. Para uma filosofia do ato responsável. São
Carlos. SP: Pedro & João editores, 2010.
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Considerações iniciais
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Fonte: https://www.instagram.com/p/CTUz9HkHCM9/
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Fonte: https://www.instagram.com/p/CTUz9HkHCM9/
Ao visitarmos as páginas do projeto no Instagram e Facebook,
podemos ver de maneira pontual a prática do rito de adeus sendo
transposta para a esfera digital. No tocante ao costume de enviar
flores, a adesão a esse movimento parece ser mais evidente no
Instagram (figura 2), enquanto no Facebook (figura 1), há maior
interatividade com relação a palavras de apreço e tecnoreações com
os emojis de lágrimas, de raiva e de força. Em ambas as redes, os
corações como sinônimo de curtida e empatia são visíveis.
Entre as várias publicações que ressaltam a validade do Memorial
Inumeráveis e de sua abertura nas páginas das redes sociais, nossa
hipótese se confirma: a prática do rito fúnebre no ambiente digital
tornou-se um meio de ressignificar a morte e o momento do luto
para muitos que não puderam fazê-lo presencialmente. A
possibilidade de eternizar a história dos entes queridos em um
memorial e de expressar os afetos nos comentários das redes
sociais, de certo modo, já tem o embrião do processo de luto.
Embora a prática da verbalização escrita ou oral possa ser realizada
em quaisquer outros gêneros do discurso que permitam a
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uma crise, é urna crise. Não tenho amor por essa ... por essa ... por
esse mandato a ... pe ... pe ... pela cadeira de Presidente. Ne .. . ne ...
zero, zero! Não vou provocar ninguém. E assim corno a defesa faz
urna nota muito boa dizendo que vai cumprir a constituição,
liberdade, e co ... dez! E não aceita golpe, dez! Também não aceita
um contragolpe dos caras, porra!” (Jair Bolsonaro, Arquivo
00002.MTS08:00.129 (14386), p.23)
“E nós sabemos o ... o que, a ideologia dele e o que ele prega. E que
ele sempre foi. O que a ... tá aproveitando agora, um clima desse,
pra levar o terror no Brasil. Né? Então, pessoal, por favor, se
preocupe que o de há mais importante, mais importante que a vida
de cada um de vocês, que é a sua liberdade. Que homem preso não
vale porra nenhuma.” (Jair Bolsonaro, Arquivo 00008.MTS,
00:00.150 (1), p.58)
“É um caso pronto e a gente não tá dando esse passo. Senhor já
notou que o BNDE e o ... e o ... e a Caixa que são nossos, públicos,
a gente faz o que a gente quer. Banco do Brasil a gente não consegue
fazer nada e tem um liberal lá. Então tem que vender
essa porra logo.” (Paulo Guedes, 04:07.664 (7419), P. 70)
“Mesmo assim, Bolsonaro já afirmou que não abre mão da medida.
“Quem quer tomar que não tome, mas não enche o saco de quem
quer tomar, porra”, disse o presidente, na sexta-feira (22). Costa
criticou o posicionamento de Bolsonaro. “O presidente da
República não é cientista, não é médico, e não deveria caber a ele
tomar essa decisão”, disse o senador.” (Iara Lemos, Equilíbrio e
Saúde, Folha de São Paulo, em 24/05/2020)
“Quando eu estava fazendo o livro ‘Pavões Misteriosos’, lembrei
que o Moacyr Franco tinha uma música sobre a rádio AM, um
tributo que lançou para ironizar o surgimento da FM. Mas não
tinha certeza e não conseguia achar a informação. Perguntei pro
Paulo, que falou ‘lembro sim, vou ver aqui e te mando’. Dias
depois, chegou na minha casa um DVD com o registro de um
programa de TV de 1990 com o Moacyr cantando a música. Porra,
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quem é que tem isso? E quem passaria o VHS para DVD só para eu
poder assistir?” (Rafael Gregorio, Ilustrada, Folha de São Paulo,
em 26/02/2019)
“Que porra é essa? O cara vai pro camburão com a filha. Se fosse
eu, ia pegar minhas quinze armas e .. . ia dar uma ... eu ia se ... eu
ia morrer. Porque se a minha filha fosse pro camburão, eu ia matar
ou morrer. Que isso? Tava nadando na ... na ... é uma atleta
olímpica. Você tira a pessoa, a pessoa tá nadando com catorze anos.
Eu tenho uma filha Maria de catorze anos. Se a minha filha fosse
pro camburão ou eu matava ou morria. Que isso? (Pedro
Guimarães, Arquivo 00004.MTS,10:00.132 (17982), P.37)
“Se você não sabe, você não sabe. Você usa o seu não saber como
prova de que o Adélio agiu sozinho, isto é uma vigarice. Ô mulher,
para com isso, porra. Adélio agiu sozinho, a prova é que não temos
prova.” (Mariana Sanches, Poder, Folha de São Paulo, 22/05/2020)
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail Mikhailovitch. Marxismo e filosofia da
linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na
ciência da linguagem. São Paulo: Hucitec, 2009
BRASIL. Serviço Público Federal.MJSP - Polícia Federal: DITEC-
Instituto Nacional de Criminalística. Laudo nº
1242/2020 - INC/DITEC/PF: Laudo de Perícia Criminal
Federal (Registros de Áudio e Imagens). Disponível
em https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/05/22/leia-integra-
da-transcricao-do-video-da-reuniao-ministerial-de-22-de-abril-
entre-bolsonaro-e-ministros.ghtml
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Inquérito 4.831 Distrito
Federal: Ministro Celso de Mello
(Relator). http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/ane
xo/decisao4831.pdf
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O medo do riso
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Letícia Kondo
UNESP - Marília
leticiakondo_k@hotmail.com
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Referências
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Julia Romeu (trad.). São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
AGRA, Christiane Batinga. Inglês se aprende na escola pública:
reflexões sobre a introdução da língua inglesa no Ensino
Fundamental I à luz do multiletramentos. Dissertação (Mestrado
em Letras e Linguística) – Universidade Federal de Alagoas,
Faculdade de Letras, Programa de Pós-graduação em Letras e
Linguística. Maceió, 2016.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum
Curricular. Brasília, 2018.
MIOTELLO, Valdemir. Por uma escuta responsiva: a alteridade
como ponto de partida. São Carlos: Pedro & João Editores, 2018.
RIBEIRO, Djamila. Lugar de fala. São Paulo: Editora Jandaíra, 2020.
BAKHTIN, M. Problemas da poética de Dostoievski. Paulo
Bezerra (Trad.). Rio de Janeiro: Forense-Universitaria, 2010.
Notas:
[1] Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental.
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Referência bibliográfica
BAKHTIN, M. M. Estética da Criação Verbal. Trad. Paulo Bezerra.
São Paulo: Martins Fontes, 2020.
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Nelita Bortolotto
Universidade Federal de Santa Catarina
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Janeiro: Mauad, 2002.
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O realismo grotesco
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Média e no Renascimento: o contexto de François
Rabelais. Tradução de Yara Frateschi Vieira. São Paulo. Hucitec.
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CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro. Em torno do
carnaval e da cultura popular. Textos escolhidos de cultura e arte
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Pela linguagem, nos gêneros, vejo que elas vivem a conexão com
essa força que, em muitos, se enfraqueceu, mas não morreu, como
tentam afirmar alguns discursos.
Como faíscas, vejo que as crianças tocam, pela linguagem, signos
que se renovam nesse diálogo e em suas criações, iluminando
retrospectivamente e prospectivamente todos os sentidos da
humanidade.
Referências:
BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o
contexto de François Rabelais. Trad. Yara Vieira - São Paulo: Hucitec,
2013.
BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. 6 ed. Trad. Paulo Bezerra -
São Paulo: Editora Martins Fontes, 2011.
BAKHTIN, M. O homem ao espelho: apontamentos dos anos 1940.
Trad. Cecília Maculan, Marisol Barenco, Maria Leticia Miranda -
São Carlos: Pedro & João Editores, 2019.
PONZIO, A. Livre Mente: processos cognitivos e educação para a
linguagem. Trad. Marcus Vinicius e Marisol Barenco de Mello. São
Carlos: Pedro & João Editores, 2020.
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– Quer dizer então que é para isso que servem os distritos. Para
fornecer o pão e o circo. (COLLINS, 2011b, p. 241)
Considerações Finais
Esse ponto da obra, o Panem et Circenses, demonstra, assim como
Bakhtin viu em Rabelais, a figurado corpo grotesco à mesa, mesmo
a mesa na obra sendo uma arena. O banquete trata-se aqui como
prémio, mas um prémio com muita luta por traz, como nos
banquetes medievais, o povo planta, o rei come. O povo de Panem
morre, para a Capital rir. Um verdadeiro espetáculo de horrores.
Mas é isso que o corpo grotesco da Capital reduz os distritos, a um
entretenimento. “Para ser, para pertencer ao mundo, é preciso ser
algo que entretém. Apenas aquilo que entretém é real ou efetivo.
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Referências
BAKHTIN, Mikhail Mikahailovitch. O banquete em Rabelais. In:
BAKHTIN, Mikhail Mikahailovitch. A cultura popular na Idade
Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução
de Yara Frateschi Vieira. São Paulo: HUCITEC; Brasília: Editora da
Universidade de Brasília, 1993, p. 243-264.
COLLINS, Suzanne. Jogos Vorazes. Tradução de Alexandre D’Elia.
1ª ed. Rio de Janeiro: Rocco Jovens Leitores, 2010.
COLLINS, Suzanne. Em Chamas. Tradução de Alexandre D’Elia. 1ª
ed. Rio de Janeiro: Rocco Jovens Leitores, 2011a.
COLLINS, Suzanne. A Esperança. Tradução de Alexandre D’Elia. 1ª
ed. Rio de Janeiro: Rocco Jovens Leitores, 2011a.
HAN, Byung-Chul. Bom entretenimento: uma desconstrução da
história da paixão ocidental. Tradução de Lucas Machado. 2ª
reimpressão. Petrópolis, RJ: Vozes, 2020.
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E era assim que Rabelais queria. Para o bom doutor, o grotesco não
era um insulto, mas sim um insight da condição humana. Mais de
meio milênio depois, em um mundo dominado pela indignação e
indignação e em grande parte abandonada pelo riso, uma dose do
grotesco pode ajudar a digerir melhor os acontecimentos, pelo
menos dando uma boa risada.
Referências
BAKHTIN, Mikhail. A Cultura Popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara
Frateschi Vieira. São Paulo/Brasília: Hucitec/Editora Universidade
de Brasília, 2008.
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TEATRO: Tem nada pra explicar não. Tá tudo muito claro. Não
pode tirar suas cadeiras do lugar. Não pode fazer barulho. Não
pode ensaiar em outro horário. Não pode fazer festa que não seja
cívica. Não pode tirar os armários do lugar. Não pode montar peça
com temas polêmicos. O que seriam temas polêmicos? Não, não e
não. O que mais é não? Até Olodum você diz que é macumba. Já
nem sei mais com quem estou lidando. Se isso não é traição o que
que é então? Que tipo de escola é você? Tô sufocado, porra!
Em meio àquela revolta, a terrível metamorfose. Se Teatro ficasse
muito nervoso... Ai, ai, ai. Agora já não dá mais tempo. É
irreversível! Teatro começa a se contorcer em espasmos
musculares. Hiperventilação à vista. Um mugido de revolta
estreme as paredes de Escola. Com o pouco de sanidade que ainda
lhe restava, Teatro sai correndo em quatro patas, arromba os
portões com seus chifres já enormes e ganha o mundo correndo
como um louco. Sim! Teatro havia se transformado no indomável
Touro de Creta. Um touro de qualidades extraordinárias, poupado
por Minos do sacrifício ao deus Poseidon. Indignado, o deus
Poseidon amaldiçoou o touro fazendo com que fosse tomado por
uma fúria incontrolável (Graves, 2004, p.166).
Já deu para perceber que este touro não era de brincadeira. Muito
perigoso! Em seu novo estado de consciência, Teatro corre pelas
ruas da cidade cuspindo fogo pelas ventas, causando terror.
Naquele momento, sua cólera era incontestavelmente irrefreável.
Esse guerreiro de tantas vicissitudes, corria e corria completamente
transtornado; seguia disparado, assustado pelo barulho das
buzinas dos carros. De súbito, a trombeta ensurdecedora de uma
carreta monológica estronda nos ouvidos. Pancada brusca. Gritos
de pavor! E flutuou no ar como se fosse sábado. E tropeçou no céu como
se ouvisse música... E se acabou no chão feito um pacote tímido[2].
Teatro. Transfigurado.
Touro abatido estava.
Assassina! Ignominia-Monológica!
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Fragmento Amplificador
A tensão aflorada entre Teatro e Escola advêm de pensamentos
antagônicos construídos pelo embate ideológico entranhado na
história do teatro-educação. A afiguração apresentada pelos
personagens alegóricos, evidenciam a necessidade de um caminho
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vida. Onde tem vida tem cultura. Onde tem teatro tem escola, tem
educação, tem estética para uma vida ética. Cultura é o cultivo da
vida! Escola e Teatro provocaram reflexões em conflito, o confronto
dialógico traz em seu clímax o corpo grotesco e o riso libertador do
medo, da opressão, da morte. Teatro jamais seria o mesmo depois
de ouvir as gargalhadas dos estudantes provocadas pelas Irmãs
Gordura. O riso exprime a verdade sobre o mundo em sua totalidade,
sobre a história, sobre o homem, e seus saberes adquiridos na vida
social (Bakhtin, 2013, p.57). O riso destrona, entrona, regenera, traz
a vida de volta - a vida na cultura do grande tempo. O riso decerto
nos salvará!
Referências
BAKHTIN, Mikhail. Para uma filosofia do ato responsável. Tradução
aos cuidados de Valdemir Miotello e Carlos Alberto Faraco. São
Carlos: Pedro & João Editores, 2010.
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na idade média e no
renascimento: o contexto de François Rabelais. 8ª edição. Tradução Yara
Frateschi Vierira. São Paulo: HUCITEC Editora, 2013.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. 3ª ed. Petrópolis:
Editora Vozes, 1998.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2011.
GRAVES, Robert. Mitos gregos. São Paulo: Madras, 2004.
PAVIS, Patrice. Dicionário de Teatro. 3ª ed. São Paulo: Perspectiva,
2015.
Notas:
[1] TEATRO E ESCOLA – Em letra maiúscula são tomados como
personagens alegóricos, como personificação de princípios
revestidos de atributos e propriedades definidas (Pavis, 2015, p.11).
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na construção das identidades contemporâneas, a sensação de
pertencimento a um grupo social torna-se uma insígnia coletiva
deveras cara à edificação dos valores individuais. Embora vivamos
uma época de individualismo em rede, conforme nos orienta
Castells (2011), os interesses em comunidade aparecem como forte
evidência daquilo que nos constituímos enquanto indivíduos. Por
essa razão, as redes sociais digitais surgem como vitrines da cultura
contemporânea, possibilitando a formação de multidentidades, ou,
no dizer de Hall (2006), das múltiplas identidades culturais.
O ciberespaço, assim, torna-se um valioso meio para a constituição
do real e das formas cotidianas de vida do homem contemporâneo,
que, imerso em uma liberdade de expressão como nunca vista antes,
destrói barreiras, efetiva laços sociais e traduz a sua experiência em
relação ao mundo e ao outro em seus discursos repletos de indícios
que fazem emergir as diversas identidades sociais.
No Twitter, rede social digital em que o usuário disponibiliza de
140 caracteres para comunicar, percebe-se claramente a
manifestação das visões de mundo dadas na contemporaneidade,
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Figura 5 - Postagem 04
Supera-se o mero riso alegre, que passa a ter sua força regeneradora
enfraquecida, e vem à tona uma reflexão de tom satírico e cruel,
propiciando o realismo grotesco indicado por Bakhtin (2010) e o
complexo simbolismo das máscaras por ele elaborado.
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O riso celebra sua liturgia, confessa seu símbolo da fé, une pelos
laços do matrimônio, cumpre o ritual fúnebre, redige epitáfios,
elege reis e bispos. É interessante observar que toda paródia, por
menor que seja, é construída exatamente como se constituísse
um fragmento de um universo cômico único que formasse um
todo. (BAKHTIN, 2010, p.76)
Em uma última postagem para análise, Irmã Zuleide ainda faz outro
afronte à cultura evangélica, ao utilizar-se de uma das práticas mais
condenadas pelo Evangelismo – o esoterismo. Através dos signos
do Zodíaco, o perfil sugere conselhos que variam desde as
orientações de cunho sexual à ratificação das práticas doutrinárias,
como temos a seguir:
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Referências bibliográficas
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Renascimento: o contexto de François Rabelais. Trad. Yara Frateschi
Vieira. 7.ed. São Paulo: Hucitec, 2010.
CASTELLS, Manuel. A galáxia da Internet: reflexões sobre a Internet,
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Janeiro: Zahar, 2003.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 6.ed. São Paulo: Paz e
terra, 2011.
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Data: 20.09.006
A quem interessar possa.
Meu nome: Solitário Anônimo
Não tenho familiares nem parentes nessa região do país.
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Conclusão
São as relações e as interações que estabelecemos com o outro ao
longo da nossa existência que nos torna únicos no mundo. O
mundo é constituído por sujeitos cujas características mais
marcantes são a diversidade de personalidades, pontos de vista,
posições valorativas etc. O ser humano torna-se ao longo de sua
vida essa amálgama de relações e mudanças que o torna irredutível
a definições exatas. Fica claro que a linguagem é a condição
fundante para o desenvolvimento do humano. Fora da linguagem
não há consciência, não há homem, não há o mundo tal qual o
conhecemos. Esse mundo que se constitui dialogicamente e nos
conecta a todos por intermédio da palavra, mesmo em tempos
históricos e contextos diferentes e mediante qualquer relação com
o outro sempre seremos alguém para esse outro, até mesmo
um Solitário Anônimo.
Referências
BAKHTIN, Mikhail. Para uma filosofia do ato responsável. 2 ed. São
Carlos: Pedro e João, 2010.
SOLITÁRIO ANÔNIMO. Curta Metragem. Debora Diniz. Brasil:
2006, 18 min.
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ele mesmo tem sua origem no fato de ele não mais se ver como
parte originária e constituinte de um mundo em eterna brotação, e
que tem na linguagem a sua morada, o seu ethos.
O esquecimento de que a linguagem é a nossa morada nos leva a
agir não mais de forma poética, nos fechando à escuta da
linguagem e, por conseguinte, do ser. Este esquecimento nos leva a
pensar apenas de forma racional, tecnicista, procurando
fundamento e não mais o fundar originário, o manifestar das coisas
e dos seres enquanto linguagem em acontecimento constante.
Segundo Heidegger (2012[1950]) não somos nós humanos que
temos a linguagem e, sim, ela que nos tem. Para o filósofo alemão,
é somente pela linguagem que nos constituímos enquanto
humanos, ou seja, vivemos no vigor da ética, do ethos originário do
ser, habitando, assim, a linguagem enquanto caminho de
possibilidades para nos tornarmos seres humanos.
O que percebemos em nossos tempos é um total esquecimento de
que somos doação da linguagem. Por isso, vigora uma soberba sem
tamanho do homem frente ao próprio homem e a todas as coisas
que habitam o mundo como forma de dominação, o que leva à
degradação tanto dele mesmo - homem - quanto de tudo o que o
cerca. Em consequência deste cenário, o que estamos vivendo em
nossos tempos nada mais é do que a disputa entre humanos e a
consequente aniquilação entre seres, a dominação dos meios de
vida natural e sua completa destruição, nos orientando a uma das
mais severas formas de orfandade do humano.
A iconografia da orfandade é extensa, e cada época tem nas
imagens a face mais ambivalentemente grotesca de uma sociedade.
Nos rostos dos “Órfãos”, de Thomas Kennington (1856-1916),
materializam a idealização grotesca da orfandade no final do
século XIX: duas crianças órfãs que sorriem discretamente, uma
cena de abandono, um prato vazio à sua frente em posição de
esmola, ao fundo uma parede descascada e manchada
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Referências:
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Cavalcante Schuback - 6. ed. - Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança
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[...] Olhei para Matriôna... Era uma velha ainda jovem, bondosa,
mas, não sei por quê, de repente ela me apareceu com o olhar
apagado, com rugas no rosto, encurvada, decrépita... Não sei
por quê, pareceu-me de repente que meu quarto envelhecera
tanto quanto a velha. As paredes e o piso haviam perdido a cor,
tudo se apagara; as teias de aranha tinham se proliferado. Não
sei por quê, quando olhei pela janela, pareceu-me que a casa em
frente também ficara decrépita, apagada, que o reboco das
colunas tinham descascado e caído, que as cornijas estavam
enegrecidas e rachadas, e que as paredes de um amarelo forte e
brilhante, estavam todas manchadas... (DOSTOIÉVSKI, 2009
[1848], p. 80-82)
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Figura 1:
Figura 2:
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a escola pública não tem estrutura, não tem conteúdo, não tem
professores dedicados (...), que só tem alunos ruins e criando
essa imagem vai favorecer o outro lado. Dificilmente essas
pessoas que estão ocupando os cargos importantes no governo
ou pensando a educação pública tiveram experiência com essa
escola e não dão uma imagem boa do lugar (...) A gente vê muito
da elite, essas minorias falando de um jeito bem nojento das
instituições públicas e a tentativa deles é continuar no topo, [nós
somos melhores, nós somos superiores] na tentativa de nos fazer
acreditar que isso é “verdade”. Mas quando você tem a
experiência de estar em contato com a escola pública é uma coisa
muito diferente do que eles tentam ditar pra você. A escola
pública expandiu o meu olhar e me permitiu ver além dos
muros da escola. Não ter a experiência do que se vive na escola
pública significaria desconhecer seu real significado. Percebo
que a escola pública é desfavorecida pelas elites porque não
querem que o pobre tenha voz. Não dar credibilidade à escola
pública é perpetuar práticas de controle e de preservação dos
valores hegemônicos (Anna Júlia, 17 anos).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1383
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Notas:
Fundação Itaú para Educação e Cultura, Fundação Lemann,
[1]
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Referências
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NAMID/UFPB -http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/temática.
1391
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Notas introdutórias
A projeção em forma de resumo expandido se faz a expressão de
um acontecimento da pesquisa de tese conclusa pela Universidade
Federal Fluminense e denominada como “Os piquenos da Baixada
Maranhense: subsídios para geografias outras do lugar”
(FRANCO, 2019), com financiamentos da FAPEMA e orientada
pelo Prof. Dr. Jader Janer Moreira Lopes. Expande-se também
como continuidade de discussões, tendo em vista a extensão de
novas abordagens ampliadas com o atual projeto de pesquisa
intitulado: “Territórios sociais do piqueno do Maranhão: histórias,
cultura popular e estudo de caso” da Universidade Federal do
Maranhão, onde se utiliza de bases teóricas respaldadas nas
Histórias das Infâncias, na Geografia das Infâncias e no Cronotopo
Bakhtiniano.
Extralocalizações do brincar nos puções das beiras-do-campo
A temporada em que as águas se tornam predominantes nos
campos naturais da Baixada Maranhense, as precipitações das
chuvas engendram recomposições climáticas que assumem o
poder dos movimentos e trazem as mudanças para as
funcionalidades de um novo ciclo sazonal. Conforme a intensidade
pluviométrica e o compasso dos dias, ou mesmo de meses, a
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Referências
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Introdução
Este trabalho tem como proposta compreender o fenômeno
ideológico da palavra, através dos enunciados do texto “O amanhã
não está à venda” do escritor Aílton Krenak. Buscaremos
compreender as relações estabelecidas entre palavra, signo e
ideologia, conforme a temática o grotesco dos nossos tempos:
vozes. Qual a importância da palavra nas relações e, por que a
palavra do eu é tão importante para o outro? A palavra se posiciona
como uma ponte entre o eu e o outro, na perspectiva da alteridade,
das relações dialógicas em meio a um contexto social. Assim,
almejamos que a pesquisa contribua para novas discussões, acerca
das relações de alteridade e valoração do meio ambiente, da
cultura, da etnia e da formação humana. Ao ler esse
autor, retomamos com pesar a existência de um país colônia, onde
a biodiversidade está sendo extinta e a diversidade entre os povos
não é tolerada, trata-se de um país de desigualdade, injustiças e
fome, estado pandêmico da alma. A natureza nos alerta
constantemente como o autor Krenak escreve “O vírus da Covid-
19 não mata pássaros, ursos, nenhum outro ser, apenas
humanos”. A humanidade através das suas escolhas
governamentais vem agravando a situação da Terra e o que retrata
o Brasil com as queimadas, a destruição da floresta, a retirada de
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Considerações Finais
Quando lemos krenak, devemos atentar-se a nossa contrapalavra,
ao nosso ato responsivo responsável, aos povos da floresta:
quilombolas, caiçaras, ribeirinhas e indígenas que lá se encontram
a preservar o que temos de mais precioso a biodiversidade, a
Natureza. Porém, também devemos responder a um país
extremamente desigual, que apresenta grandes desafios sociais,
econômicos e políticos. Segundo Miotello “a classe dominante
confere ao signo ideológico um caráter intangível, imutável e
supraclasses sociais, abafando ou ocultando a luta dos índices
sociais de valor, e divulgando o discurso da monovalência”
(MIOTELLO, 2018, p.173).
Não se pode aceitar os acontecimentos de destruição de um povo,
de uma floresta, de uma etnia como algo natural, como se não
estivéssemos falando de nós mesmos (excedente de visão). Ainda
conforme os estudos do filósofo Peter Singer “devíamos estar
preparados não apenas para respeitar todo o ser vivo, mas também
para atribuir à vida de todo o ser vivo o mesmo valor que
atribuímos à nossa” (SINGER, 2018, p.189). Toda palavra é
carregada de intenções e na relação responsiva que princípio da
ressignificação do ser humano inacabado, como sujeito
participante dos processos de interação, de troca e de relação com
o outro. Diante disso Bakhtin considera que “Somente o ato
responsável supera toda hipótese, porque ele é de um jeito
inevitável, irremediável e irrevogável a realização de uma decisão;
o ato é o resultado, uma consumada conclusão definitiva”
(BAKHTIN, 2010, p.76).
REFERÊNCIAS
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Martins Fontes, 2003.
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GOMES, Nilma Lino. Um Olhar além das Fronteiras: educação e
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Foi assim que iniciamos o projeto Diário da Quarentena. Era para dar
cor, forma, ritmo, imagem aos nossos sentimentos e descobertas,
durante este período tão difícil de se enfrentar, principalmente
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1.
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2.
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BAKHTIN, Mikhail Mikhailovitch. Marxismo e filosofia da
linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na
ciência da linguagem. São Paulo: Editora 34, 2017.
Notas:
[1] ”Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação. Fernando Pessoa”.
Lisboa: Ática, 1966. p. 93.
[2] Miguel
Nicolelishttps://www.instagram.com/tv/CTDaZXygzDi/?utm_me
dium=share_sheet
[3] https://www.migalhas.com.br/quentes/338766/referencia-
mundial--conheca-a-historia-do-pni--o-programa-de-imunizacao-
brasileiro
[4] https://www.brasildefato.com.br/2021/05/06/os-ricos-ficam-
mais-ricos-e-os-pobres-cada-vez-mais-pobres-na-pandemia
[5] Conversas no grupo de whatsApp do Grubakh/GEPEC no mês
de setembro de 2021
[6] https://pt.wikipedia.org/wiki/Pok%C3%A9mon
[7] Metáfora que eu pego emprestada do Guilherme Prado,
coordenador do grupo NOZSOUTRES/GEPEC no dia 2/9/2021
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2017.
BÍBLIA. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2017.
PONZIO, Augusto. Procurando uma palavra outra. Tradução aos
cuidados de Valdemir Miotello et al. São Carlos: Pedro & João
Editores, 2010.
SOBRAL, Adail. Ontologia dialógica e escuta alteritária: para uma
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ENANPOLL (9 a 11 de junho de 2014). Disponível em:
http://www.linguagemememoria.com.br/lermais_materias.php?c
d_materias=377 Acesso em: 03 setembro 2021.
SOBRAL, Adail/; GIACOMELLI, Karina. Educação dialógica
alteritária: uma reflexão. Línguas & Letras, Vol. 11, n. 49. Dossiê:
Estudos dialógicos e incursões na prática docente, p. 07-27. Unioeste
Cascavel. Disponível em:
http://e-
revista.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/24675/pd
f Acesso em: 04 setembros 2021.
Notas:
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Pega de surpresa
Pega de surpresa
Maryelle Florêncio Mariano
A volta não foi aos poucos, foi quase 100%, não foi priorizando o
acolhimento, mas “fingir”, fingir que estava tudo normal, quando
não estava/está. A ordem para voltar o máximo como antes.
O oitavo ano fez a prova bimestral de geografia. Durante a correção
percebi duas provas com respostas exatamente iguais e não
comentei nada. Por coincidência essa era a última aula do dia. Ao
fim, liberei os alunos mais cedo e pedi para falar em particular com
os alunos que colaram.
Poderia deixar para lá, mas não, insisti.
Respirei fundo e falei:
—“Vocês sabem o que tenho a dizer né”
Um rapidamente se antecipa e fala que pode se explicar:
— “Me desculpe professora, mas eu colei todas as respostas dele,
não estava com cabeça para responder.”
Com a voz trêmula ele me disse que a mãe estava na UTI e como
ela quem o ajudava, ele ficou perdido sem saber o que fazer.
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Na partilha
Comecei a participar esse ano do Grupo de Estudos Bakhtinianos
(Grubakh), que faz parte do Grupo de Estudos e Pesquisas em
educação Continuada (GEPEC) da Faculdade de Educação da
Unicamp, tenho escutado muitas narrativas semelhantes e
diferentes da que escrevi, tenho me visto em muitas situações e me
questionando sobre as mudanças que são necessárias em minhas
práticas pedagógicas, principalmente para esse momento
pandêmico.
Fiz a partilha dessa narrativa com o grupo, ao fim pude ver rostos
lamentosos do ocorrido, pude retornar aquele momento com os
alunos e esse momento da partilha foi transgrediente ao momento
ocorrido, pude olhar para mim com as contribuições dos
participantes. Em Bakhtin (2011):
avaliamos a nós mesmos e do ponto de vista dos outros, através
dos outros procuramos compreender e levar e levar em conta
momentos transgredientes à nossa própria consciência. (Bakhtin,
2011, p. 13)
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Referências
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Introdução e
tradução de Paulo Bezerra. 6. ed. São Paulo/SP: Editora WMF
Martins Fontes, 2011.
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DA NACIONALIDADE
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nacionalização de línguas no Brasil: considerações à luz de uma
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Renascimento: o contexto de François Rabelais. Trad. Yara Frateschi
Vieira. 7. ed. São Paulo: Hucitec, 1993.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. 6 ed. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2011.
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Notas:
[1] Tomadas por uma perspectiva jurídica, toda língua oficial é
também língua nacional, mas o contrário não é necessariamente
verdadeiro (ABREU, 2019, p. 61).
[2] Título VIII, Capítulo III, Seção II – Da cultura: “I - as formas de
expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; § 3º A lei
estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens
e valores culturais” (BRASIL, 1988).
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Notas:
[1]Tradução própria para “[...] whatever teachers and students do
(or not do) whter in their classrooms or beyond it, they are locked
in dialogic relations” (MATUSOV, 2009, p. 1)
[2] É importante ressaltar que as reflexões do autor sobre uma
educação dialógica foram concebidas em seu período enquanto
professor em uma escola secundária na Russia, em um período de
extrema repressão e totalitarismo por parte do governo. No
entanto, é inegável as semelhanças das práticas vividas pelo autor
em sala de aula com o contexto brasileiro que persiste até a
atualidade.
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Cecilia M. A. Goulart
Universidade Federal Fluminense
goulartcecilia@uol.com.br
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Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara
Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2010.
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INTRODUÇÃO
O jovem Mikhail Mikhailovich Bakhtin (1895-1975), filósofo russo,
escreveu em 1919 o ensaio filosófico Arte e
Responsabilidade, corpus dessa pesquisa, cujo objetivo geral é
analisar as categorias que dão o título ao referido texto. Os objetivos
específicos consistem em apresentar o corpus, delimitar os conceitos
de arte e responsabilidade e investigar as heterogeneidades dos
argumentos bakhtinianos. A temática do pequeno texto em realce
alia-se a problemática da vida do ser humano. Muitas vezes não
está explícita a elaboração acerca desses temas da Filosofia,
principalmente por não ser esta a preocupação do autor. Contudo,
as possibilidades de análises acerca desses temas são possíveis.
Funda-se no modelo epistemológico que observa dados singulares
em ciências humanas, dando atenção para o fato de que está no
resíduo, no episódico, no singular, no detalhe, de modo silencioso,
o ponto de investigação que pode garantir rigor à pesquisa
científica. Classifica-se como explicativa, com procedimentos
técnicos como estudo bibliográfico e documental. Quanto à
natureza dos dados é qualitativa.
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Notas:
[1] Filosofia Prática: parte da filosofia dedicada ao estudo de
conceitos específicos do comportamento do ser humano, a saber,
valores morais, honestidade, equidade na argumentação e
princípios ideias que o ser humano pratica perante a sociedade
(ABBAGNANO, 2000).
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Bruna Panzarini
UMESP
brunapanzarini@hotmail.com
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Referências
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COVID-19 Disponível
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report-domestic-violence-cases-using-red-dot-171868.html>
Acessado em 15 junho 2021.
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Notas:
Vídeo
[1]
completo https://www.youtube.com/watch?v=sfo3z1eEYrI
[2] https://www.youtube.com/user/AMBMagistrados
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Introdução
Este Rodas Bakhtinianas de 2021 nos convoca a refletir sobre o
grotesco no nosso tempo. De início, acho que minha atuação como
Fonoaudiólogo que trabalha nas questões da linguagem na clínica
poderia se beneficiar muito das reflexões provocadas por esta
temática, seja nas fronteiras do normal ou patológico ou nas
questões que permeiam o campo da saúde mental e da luta
antimanicomial. No entanto, para fins deste texto, abordarei duas
questões que estão no meu horizonte atual de pesquisa; i) a
linguagem carnavalizada do autismo e ii) as questões ligadas ao
envelhecimento e ao preconceito relacionado ao idoso.
I
Começaremos pelo autismo, ou como tem sido chamado
atualmente, Transtorno do Espectro Autista (American Psychiatric
Association, 2014). O autismo tem sido tradicionalmente
apresentado na clínica como uma patologia que reduz o sujeito a
um conjunto de características pré-determinadas que, do ponto de
vista da linguagem, se expressam principalmente no discurso
marcado como repetitivo e fragmentado. Predominam abordagem
que equivalem a linguagem à sua forma e que se centralizam no
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II
Com relação ao envelhecimento, a tendência de normatização do
corpo idoso, de sua fala, do ideal de juventude são sinais de
conclusibilidade com que os mais velhos são tratados. Em comum
com os autistas têm a desvalorização de seu dizer - Quem aqui
nunca ouviu “isso é conversa de velho!”.
Recentemente aqui na UFBA, em parceria com a professora Dra.
Larissa Mazuchelli, montamos uma extensão chamada
Observatório do Idadismo. O idadismo (tradução do termo ageism)
é um fenômeno que promove a criação de estereótipos e
discriminação e surge a partir da propagação de discursos que
promovem viés com base na idade; o processo do envelhecimento
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Ilcilene Silva
UERN
ilcilene.s@gmail.com
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"Mas Jesus disse a Pedro: Põe a tua espada na bainha." – João 18.11
Assinatura: Jackson Jacques
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Referências
ALTHUSSER, Louis. Aparelhos Ideológicos de Estado: notas sobre
aparelhos ideológicos de Estado. Introdução crítica de J. A Guilhon
Albuquerque. São Paulo: Graal, 2009.
BAKHTIN, M. M. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento:
o contexto de François Rabelais. Tradução: Yara Frateschi Vieira.
São Paulo Hucitec, 1987.
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
BRASIL. Estatuto do Desarmamento - Lei nº 10.826, de 22 de
dezembro de 2003. Disponível em: https://governo-
sp.jusbrasil.com.br/legislacao/124459/estatuto-do-desarmamento-
lei-10826-03
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Fonte: https://oglobo.globo.com/politica/jovem-que-disse-ter-sido-
marcada-com-suastica-vai-ser-indiciada-por-falsa-comunicacao-
de-crime-diz-delegado-1-23181117
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Data e Notícia
Referências das
hora da Veículo
notícias (Título e subtítulo)
publicação
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Momento discursivo
2: conclusão de falsa
comunicação de
crime após laudo
técnico
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[Enunciador]: Uma jovem de 19 anos diz ter sido atacada por três
homens e teve a barriga marcada com traços semelhantes aos de
uma suástica - símbolo do nazismo. (M1/OESP)
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Considerações finais
Em nossa análise sobre o tratamento midiático conferido a uma
notícia envolta em um clima de ódio, no contexto político, e do
grotesco na representação de um tema/imagem que ainda
assombra a humanidade, tivemos como objetivo refletir sobre
responsabilidade e moral na linguagem jornalística, cientes das
contradições que permeiam esta prática profissional regulada por
normas técnicas e éticas, e ao mesmo tempo impedida de praticar a
virtude, nos dizeres de Bourdieu (1996).
Os desdobramentos imprevistos pelo episódio analisado, no curto
período de quinze dias – entre o anúncio da agressão e a revelação
de falsa comunicação de crime – também são um indício de que a
polifonia jornalística contribui para instalar a “superdramatização”
(CHARAUDEAU, 2010) dos acontecimentos no espaço público.
Referências
AUTHIER-REVUZ, Jacqueline. Palavras incertas: as não
coincidências do dizer. Vários tradutores, revisão técnica de Eni
Puccinelli Orlandi. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1998.
BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoiévski. Trad.
de Paulo Bezerra. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005
[1929].
BOURDIEU, Pierre. Journalisme et éthique. Actes du colloque
fondateur du centre de recherche de l’École Supérieure de
Journalisme (Lille). Les cahiers du journalisme, Juin 1996.
CHARAUDEAU, Patrick. Une éthique du discours médiatique est-
elle possible?. Communication [En ligne], Vol. 27/2 | 2010, mis en
ligne le 14 août 2012. Disponível em: . Acesso em: 20 ago. 2019.
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Notas:
A obra foi publicada em 2021 pela Pedro & João Editores, e
[1]
organizada por Alan Silus, Aline Saddi Chaves e Maria Leda Pinto.
Trata-se de uma publicação vinculada ao Núcleo de Estudos
Bakhtinianos (NEBA/CNPq/UEMS).
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ser na vida significa agir – eu não posso não agir, eu não posso
não ser participante da vida real. E essa obrigação decorre de eu
ser único e ocupar um lugar único: ocupo no existir singular um
lugar único, irrepetível, insubstituível e impenetrável da parte
de um outro. Sou insubstituível e esse fato me obriga a realizar
minha singularidade peculiar: tudo o que pode ser feito por
mim não poderá nunca ser feito por ninguém mais, nunca.
(BAKHTIN, 2010, p. 154)
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Referências
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Notas:
[1] Link para acesso: https://brasil.elpais.com/eps/2021-07-
01/pierre-levy-muitos-nao-acreditam-mas-ja-eramos-muito-maus-
antes-da-internet.html Acessado em 07 de setembro de 2021
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Olha, eu acho que ele é o dono do mundo, o Barroso, só pode ser. O homem
da verdade absoluta, não pode ser contestado. Eu tô preocupado, se Jesus
Cristo baixar aqui na terra ele vai ser boy do ministro Barroso. Ninguém
aceita mais esse voto que tá aí! Como é que vai falar que esse voto é preciso,
é legal, é justo e não é fraudado? A única ‘republiqueta’ do mundo, eu
acho que talvez a única, é a nossa que aceita essa porcaria que aceita esse
voto, desse voto... eletrônico, isso tem que ser mudado. E digo mais, se o
parlamento brasileiro, por maioria qualificar e três quinto na câmara e no
senado aprovar e promulgar, vai ter voto impresso em 2022 e ponto final.
Num vou nem falar mais nada... Vai ter voto impresso! Porque se não
tiver voto impresso, é sinal de que não vai ter eleição (29/07/2021)
Fonte: <https://www.cnnbrasil.com.br/politica/se-nao-tiver-voto-
impresso-nao-tera-eleicao-diz-bolsonaro-a-barroso/>
Suas afirmações são risíveis. Como assim vai ter voto impresso em
2022 e ponto final? Tanto nesta fala, como em outras, ele apresenta
afirmações sem nenhum fundamento. As provas que dizem ter
sobre a suposta fraude no sistema de votação são baseadas em
indícios e fake news que têm circulado pela internet. Se vemos o
grotesco na figura presidencial dizendo que se não tiver voto
impresso é sinal de que também não terá eleições, é desse grotesco que
vemos também, por meio da cultura popular, na base da força do
riso, o embate de divisões de mundo. Do lugar que parece querer
encerrar um único sentido, fechado e sério, emergem sentidos
outros, contrários.
Em resposta a essa fala, o chargista Regis Soares, criou charges
como forma de protestar contra esses dizeres de Bolsonaro. Em
meio as produções de imagens carregadas de sentidos e humor,
selecionamos 01 (uma) charge. A imagem foi retirada da conta
pessoal do artista no Instagram para dialogarmos com a categoria
do realismo grotesco proposta por Bakhtin proposta em seu
livro Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de
François Rabelais. Se por um lado notamos na palavra séria de
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Fonte:
<https://instagram.com/regischarges?utm_medium=copy_link>
O diálogo estabelecido aqui pretende refletir como o estilo grotesco
apresenta-se nas Charges de Rua, de autoria do chargista, cartunista
e caricaturista paraibano Regis Soares, considerado uma artista de
rua por produzir seus textos e expor em painéis na calçada de seu
ateliê, que fica na cidade de João Pessoa-PB. Por meio deste
trabalho, o chargista apresenta sua contrapalavra, sua indignação,
revolta e preocupação com questões sociais de diversas naturezas.
Em suas produções chárgicas ele faz acusações de forma explícita e
sem nenhuma restrição à política de modo geral e seus
representantes, bem como expõe as polêmicas que são recorrentes
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REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. M. A cultura popular na idade média e no
renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara
Frateshchi Vieira. São Paulo: Haucitec, 2010.
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— (sem legenda)
Esse posicionamento da mãe, e sua atitude para com os outros
reverbera nos estudos realizados das categorias do eu-para-mim,
do eu-para-o-outro e do outro-para-mim em Bakhtin (1992-2011).
O meu excedente de visão me diz que essa mãe não mensura a
gravidade do seu ato quando envia as crianças para escola
diagnosticada com o vírus, porque esse vírus tem um alto poder
de contágio e o que me afeta também afeta o outro.
Penso também na minha amiga que não consegue reagir a essa fala
e atitude da mãe talvez, por ser tomada pelo sentimento de
indignação.
Fazendo uma aproximação com o grotesco no qual estamos
estudando a Cultura popular na Idade Média e no Renascimento,
Bakhtin (2013) procura fazer um grande estudo do diálogo entre a
linguagem popular e a cultura em que estava inserida.
Desse modo, me permito fazer um paralelo trazendo o grotesco
para essa nova realidade escolar onde temos a esperança nas
crianças que atendem os protocolos de prevenção usando máscara
e mantendo o distanciamento entre a professora e amigos, sabendo
a necessidade de que temos que nos proteger porque ainda estamos
vivendo a sombra de uma pandemia e por outro lado, a atitude da
mãe que ignora todo esse protocolo colocando seus interesses
acima de qualquer outra coisa. Os dois mundos estão presentes.
Será que essa mãe não está ancorada no discurso do nosso atual
(des)governo, que desde o início ignora o vírus debochando dos
acontecimentos, minimizando o avanço do vírus e a tragédia que o
mesmo vem causando no mundo todo, diminuindo suas reais
causas a ponto de chamá-lo de uma simples “gripezinha”?
Em seguida temos a narrativa da Professora Gisele, trazendo mais
um pouco desse grotesco, como esperança, a partir do cotidiano
escolar, em contraste e no seio da mesma família em que há total
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Referências
ASSUMPÇÃO, F. SPROVIERI, M. H. Sexualidade e deficiência mental.
São Paulo: Editora Moraes, 1987.
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“Um sinal puro não existe nem nas fases iniciais da aprendizagem de uma
língua” (Volochinov, 2017, p.179)
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Referências
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GEGe/UFSCar. Palavras e contrapalavras: Enfrentando questões da
metodologia bakhtiniana. São Carlos: Pedro & João Editores, 2012.
Grupo de Estudos dos Gêneros do Discurso –
GEGe/UFSCar. Palavras e contrapalavras: Glossariando conceitos,
categorias e noções de Bakhtin. São Carlos: Pedro & João Editores,
2019.
ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro:
Livraria José Olympio, 1980
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Temporalidades
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lentos, que o tempo, sim, aquele mesmo tempo que quase se perdeu
no tempo, tratou de cansar.
Essa velha senhora, trazia o antagonismo dentro de si, pois
enquanto sua imagem denotava alguém sério, de palavreado
experiente e sereno, sempre disposta a dar bons conselhos, ao
mesmo tempo, sua essência guardava a petulância desregrada
daqueles que não pensam duas vezes em mandar qualquer um...a
merda!
E do alto de seu pouco mais de metro e meio, essa pequena gigante,
analfabeta de pai e mãe, transformava a merda em tudo, sem
intenção nenhuma de escrever seu nome nos anais literários, pois
sua inocente eloquência verbal, lapidada pelas dificuldades da
vida, era muito maior que qualquer diploma.
Mas nem só de merda vive o homem, ou melhor, nem só de merda
se faz um vocabulário, afinal, existem situações que chamar alguém
de merda é praticamente um elogio.
As vezes era necessário pesar um pouco a mão em termos de
vocabulário, pois para algumas pessoas, chamar de merda não era
o suficiente, haja visto que não expressava com clareza o tipo de
pessoa a qual se referia.
Entravam em cena algumas expressões que promoviam um
trabalhoso exercício de imaginação
Imaginemos alguém que seja chamado de cara de cu! Diga-se de
passagem, que normalmente conhecemos, mesmo que por foto ou
em algum livro, a "anatomia" externa do cu. Agora coloque isso no
lugar do rosto de alguém e já temos um cara de cu!
Muito provavelmente essa expressão era usada de forma bem
abrangente, pois qualquer um mal-educado, antipático,
carrancudo, extremamente sério ou arrogante, era forte candidato
a ser, afetiva e carinhosamente, chamado de cara de cu.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TEIXEIRA, Marilia Dalva. Considerações sobre o corpo em Mikhail
Bakhtin. Disponível
em: https://periodicos.ufsm.br/voluntas/article/view/36662/html.
Acesso em 06 de set. de 2021.
DUARTE, André Luis Bertelli. Cultura popular na idade média e no
renascimento: revisitando um clássico. Revista de História e Estudos
Culturais, 2008. Vol. 5, Ano V, Nº2, Uberlândia, MG.
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TRANSENUNCIAÇÃO
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REFERÊNCIAS
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reconhecimento ou estranhamento. Seminário Internacional
Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais
Eletrônicos), Florianópolis, 2017,
CELANI, M. A. A. A relevância da linguística aplicada na
formulação de uma política educacional brasileira. In:
FORTKAMP, M. B. M.; TOMITCH, L. M. B. (org.). Aspectos da
linguística aplicada: estudos em homenagem ao professor Hilário
Inácio Bohn. Florianópolis: Insular, 2000.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de
retextualização. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2010.
TEIXEIRA, M. D. Considerações sobre o corpo em Mikhail
Bakhtin. Voluntas: Revista Internacional de Filosofia, v. 10, n. 1, p.
46, 2019. Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/
voluntas/article/view/36662>. Acesso em: 22 Aug. 2021.
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REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail Mjkhailovitch. A Cultura popular na idade
média e no renascimento: o contexto de François Rabelais. São
Paulo: Hucitec, 2010.
BOFF, Leonardo. Sustentabilidade: o que é – o que não é.
Petrópolis: Vozes, 2012.
CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma nova compreensão científica
dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 1996.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 23. ed. São Paulo:
Graal, 2004.
GUATTARI, Félix. As três ecologias. Tradução Maria Cristina F.
Bittencourt. 21. ed. Campinas: Papirus, 2012.
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(...)
Cale o cansaço, refaça o laço
Ofereça um abraço quente
A música é só uma semente
Um sorriso ainda é a única língua que todos entende
Cale o cansaço, refaça o laço
Ofereça um abraço quente
A música é só uma semente
Um sorriso ainda é a única língua que todos entende
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Referências
BAKHTIN, M. A cultura popular na idade média e no
renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo:
Hucitec, 2010.
BAKHTIN, M. Para uma filosofia do ato responsável. São Carlos,
Pedro & João Editores, 2010.
Crítica: Emicida usa afeto para seu grito de protesto em
AmarElo, Metrópoles. Disponível em:
https://www.metropoles.com/entretenimento/musica/critica-
emicida-usa-afeto-para-seu-grito-de-protesto-em-amarelo Acesso
em 2 set 2021.
DAMASCENO, Rafaela. História do Hip-Hop no Brasil.
Disponível em https://www.letras.mus.br/blog/historia-hip-hop-
no-brasil/. Acesso em 06 set 2021.
DELPHINO, Gabriel. O rap como pensamento político brasileiro.
Coleção digital. PUC-RIO, 2020. pp. 31-52. Disponível
em https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/49696/49696.PDF Acesso
em 05 set 2021.
EMICIDA: “Minha leitura do país não vale porra nenhuma se eu
não souber conversar com alguém desesperado”, El País.
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Disponível
em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/11/20/cultura/1574206386
_369686.html. Acesso em 1 set 2021.
EMICIDA. Página oficial do artista. Disponível
em: http://www.emicida.com.br/noticia/13-AmarElo-Prisma-
Documentario-de-Emicida-propoe-reflexoes-sobre-autocuidado-e-
vida-em-sociedade?lang=ptbr. Acesso em 5 set 2021
FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de
classes. 3. ed. São Paulo: Ática, 1978, v. 1.
LOURENÇO, Mariane L. Arte, cultura e política: o movimento hip-
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em psicologia. Versão On-line ISSN 1870-350X, Psicol. Am.
Lat. nº.19 México. 2010. Disponível
em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S
1870-350X2010000100014. Acesso em 04 set 2021.
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A
1971. Estavam aqueles dois homens sentados em um banco em
um boulevard próximo à prefeitura daquela cidade. Não se
conheciam. Se encontraram ali por acaso. Esses encontros
promovidos pelo espaço. Se encontraram porque era o único lugar
livre naquela manhã iluminada que prometia um dia quente.
Ambos estavam com uma boa quantidade de papel em mãos,
manuscritos talvez, pois também portavam com eles um lápis. O
olhar perdido para as árvores e construções do entorno era
acompanhado pelo silêncio. A quietude foi quebrada por uma
pergunta:
- Fala russo?
- Não... Português e outras línguas.
- Também não falo português. Mas quanto a isso não há problema,
pois na condição de alguém que escreve sobre nós e conosco, o
texto do outro permite que narradores de diferentes línguas
possam conversar. Essa é uma das belezas das escrituras e das
autorias, não? Essas vozes são nossas e de tantos outros e de
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Referências
Este diálogo imaginário foi livremente inspirado nas vozes de
Mikhail Bakhtin e de Milton Santos, nossos autores-personagens.
No entanto – ainda que os leitores e as leitoras possam encontrar,
ao longo do texto, ideias oriundas de várias de suas obras –,
decidimos citar, no espaço formal destinado às referências
bibliográficas, uma obra de cada autor, pois acreditamos que
representam a essência do pensamento materializado nesta
conversa.
BAKHTIN, M. M. A Cultura Popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec,
1987.
SANTOS, M. A. Por uma Geografia cidadã: Por uma Epistemologia
da Existência. Boletim Gaúcho de Geografia: Associação dos
Geógrafos Brasileiros, Porto Alegre, n. 21, p. 7-14, ago. 1996.
Disponível em: https://seer.ufrgs.br/bgg/article/view/38613.
Acesso em: 3 ago. 2021.
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Referências
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Pedro & João Editores, 2010.
BAKTHIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo:
Hucitec, 2006.
PONZIO. A. É o diálogo que faz a história. In: SERODIO, L.A.
Narrativas, corpos e risos anunciando uma ciência outra. São
Carlos: Pedro & João Editores, 2018.
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Referências
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Antropofagia, São Paulo, Ano I, n° 1, maio de 1928.
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de Francois Rabelais. 7ª Ed. Trad. Yara
Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2010.
MIANI, R. A. Charge: uma prática discursiva e ideológica.
In: 9ªArte. 1(1), 37-48. São Paulo, (2012, jan./jun.).
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Notas
[1] Essa charge foi publicada pela autora em sua página pessoal do
Twitter, @LaerteCoutinho1, às 9h43am, em 19/05/2021.
[2] Agradeço imensamente às amigas e aos amigos,
companheiras(os) de leituras, pelo diálogo: Pedro Guilherme, Inez
Helena, Gegelianos: Colussi, Miotello, Fabrício, Nathan, Bárbara,
Marisol.
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IMAGEM [5]
Na busca por encontrar as imagens do grotesco no nosso cotidiano,
me deparo com as diferentes possibilidades da leitura de uma
fotografia, dependendo do seu ponto de vista. Entendendo o
mundo a partir dos estudos bakhtinianos, compreendemos um
mundo ambivalente, sendo assim, não há como se separar o
aspecto positivo do negativo, sempre haverá a ambivalência nas
imagens. Assim como o vocabulário de praça pública, a fotografia
também é um Jano de duplo rosto[6].
A fotografia pode ser tomada como leve em si ou ela pode ter nos
seus próprios temas a leveza, ou ela pode ser vista levemente como
o Roland Barthes viu em seu livro Câmara clara. A leveza do que
ele chama de punctum. Essa fotografia apresenta, uma dupla
tonalidade que reúne os louvores e as injúrias, esforça-se por apreender o
próprio instante da mudança, a própria passagem do antigo para o novo,
da morte ao nascimento[7].
Busco nesse pequeno ensaio, construir textos imagéticos, que criem
uma imagem dupla, prenhe de outra imagem, em um corpo textual
que contenha outros corpos, em suas divergências,
distanciamentos e aproximações. A ambivalência que vemos nos
textos, que são ao mesmo tempo uma coisa e outra, para Bakhtin é
ali que encontramos o sentido do cômico, na ambivalência.
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Referências
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na idade média e no
renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução: Yara
Frateschi Vieir. 8. ed. São Paulo: Hucitec, 2013.
BAKHTIN, Mikhail; VOLOCHÍNOV, Valentin. A palavra própria
e a palavra outra na sintaxe da enunciação. São Carlos: Pedro &
João Editores, 2019.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Trad. Paulo
Bezerra. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem. Trad.
Michel Latud & Yara Viara. São Paulo: Ed. Hucitec, 2009.
BAKHTIN, Mikhail. O homem ao espelho. Apontamentos dos anos
1940. Tradutoras: Marisol Barenco de Mello, Maria Letícia
Miranda. São Carlos: Pedro & João Editores, 2019.
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Notas:
[1] CALVINO, Ítalo. Seis propostas para mudar o mundo, P. 30.
[2] Ala, sinônimo de linha.
[3] A expressão “Sol a Pino” significa que o Sol está no zênite, ou
seja, no ponto mais alto do céu.
[4] O cerol é um composto de vidro moído e cola usado em linhas
de pipas para cortar linhas de outros praticantes.
[5] Foto: Fábio Teixeira, disponível em:
https://www.vice.com/pt_br/article/jpenpk/mar-de-pipas-no-brt
[6] CPIMR PAGINA 142
[7] CPIMR PAGINA 143
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Marissol Prezotto
FE-UNICAMP; IBFE; ECC
marissol.prezotto@gmail.com
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IMAGEM
Neste espaçotempo da escrita na lousa, eu e a outra professora
ficamos tão encantadas com o posicionamento das crianças e suas
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da escola foi até a sala para devolutiva ao grupo. Não sei do que foi
tratado, pois retorno a sala em breve. Só sei que eu aguardarei até
o próximo dia letivo (08-09) e, caso não haja manifestação,
encaminharei para publicação como parte do portfólio do projeto
na plataforma do Classroom.
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REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na idade média e no
renascimento: o contexto de François Rabelais. tradução de Yara
Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 1999.
BRAIT, Beth. (org.). Bakhtin, dialogismo e polifonia. São Paulo:
Contexto, 2009.
TIHANOV, Galin. A importância do grotesco. Revista Bakhtinianas.
Jul/Dez, 2012. 166-180.
SOBRAL, Adail & GIACOMELLI, Karina. (2020). Por Uma
Proposta de Educação Dialógica Alteritária. Línguas&Letras. 21.
10.5935/1981-4755.20200001.
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Patrício - Perdi!
Miguel - Perdi, é verdade, mas a verdade é que os espermatozoides
estão soltos nos esgotos, nas vielas, nas veredas e em todos os
desvios e insistem em aparecer nos momentos mais exaustivos.
Patrício - Não que a exaustão seja uma coisa definida por si própria,
pois tudo, todos têm sua exaustão.
Miguel - Peculiar como as formas.
No limiar na inter-relacionalidade, evidenciamos nossos
fugazes devaneios. “O rei está nu, mas eu desperto porque tudo
cala frente ao fato de que o rei é mais bonito nu” (CAETANO
VELOSO, 1988). Atentos às satisfações instantâneas, insistimos,
embora com certa lentidão, no princípio contraditório que
se revela quando caminhamos juntos, às vezes nos perdendo,
outras vezes nos achando e, ademais, sem certezas temporais.
Miguel - Quando houve o desencontro de percepções, alvitrei a
necessidade de diferenciar a indolência do bem-estar. Foi quando
me deparei com a urgente necessidade de não ser de todo
ridículo. E foi assim que, após atribulações diversas, cheguei à
vírgula em que me encontro. Especulações abstratas de estéticas
ultrapassadas e vencidas pelo modernismo caótico. Diante das
óbvias evidências, provisoriamente suporto, com certa
desconfiança, as afirmações de concretudes que escuto no decorrer
dos dias.
Patrício – Não consigo dividir a visão da lua cheia surgindo atrás
do morro com ninguém! A noite estava agradavelmente fria, uma
atmosfera londrina pairada sobre a favela e mais uma noite se
passou. Os dias continuam passando, as horas, os minutos, enfim,
os satélites captam mensagens e, na calçada, a vizinha vendia hot
dog com salsicha.
Para dizer que não falamos das flores, as forças dominantes
existentes em todos os aspectos na sociedade insistem na
persistência da manutenção de uma presentificarão,
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Referências
BAKHTIN, Mikhail. Questões de Literatura e estética: a teoria do
romance. São Paulo: Hucitec, 2014.
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I-
“Chamo sentidos às respostas as perguntas. Aquilo que não
responde a nenhuma pergunta não tem sentido para nós” em
Estética da Criação Verbal página 381 por Bakhtin.
II -
Assim, chamado a conversa, provocado pelo VIII Círculo - Rodas
de Conversa Bakhtiniana 2021, coloco-me, aqui, em reposta. O tema
do Rodas deste ano versa sobre a questão da escatologia e tem
como título: O grotesco dos nossos tempos: vozes, ambientes e
horizontes. Então, disponho-me com um conjunto de palavras,
trechos e citações que recolhi ao longo dos anos de estudo de
Bakhtin, para participar das arenas dialógicas. Não que eu tenha
algo importante para dizer, penso que, depois que encontrei com
Bakhtin, só falo em resposta. Tenho praticado o exercício da escuta.
Desse modo, posso responder com a minha vida de maneira
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III -
“Sabemos que os excrementos desempenharam sempre um grande
papel no ritual da “festa dos tolos”. No ofício solene celebrado pelo
bispo para rir, usava-se na própria igreja excremento em lugar de
incenso. Depois de ofício religioso, o clero tomava lugar em
charretes carregadas de excrementos; os padres percorriam as ruas
e lançavam-nos sobre o povo que os acompanhava” em A cultura
popular na Idade Média e no Renascimento por Bakhtin página
126.
IV -
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V-
“O objeto das ciências humanas é um ser expressivo e falante. Esse
ser nunca coincide consigo mesmo e por isso é inesgotável sem seu
sentido e significado” em Estética da Criação Verbal página 394 por
Bakhtin.
VI -
No texto “Metodologia das ciências humanas”, que está no livro
Estética da Criação Verbal, Bakhtin discute sobre este ser
expressivo, falante e inesgotável de sentidos e significado. Ao
escolher este tipo de projeto discursivo, lembrei-me dessa
provocação que Bakhtin nos faz. Então pensei: - por que não trazer
em trechos as partes que me tocaram a conversar nesse Rodas de
2021?” Assim, as divisões das palavras, trechos e reflexões estão
isoladas, a fim de criar partes discursivas que podem ser
conversadas e refletidas, em parte ou no seu todo textual. Creio,
não tenho certeza, que esse método me possibilita criar outros
diálogos e integrar outras partes no texto em construção; – sim, isto
é um texto em construção. Ora, nos números pares teremos
palavras, trechos e reflexões de Bakhtin; nos números ímpares,
minhas respostas, que estão, já neste momento, impregnadas das
palavras outras do círculo bakhtiniano. Imagem, para nós que
estudamos Bakhtin, também é texto.
VII -
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VIII -
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vidas, que não são diferentes das nossas; são vidas. Não há nada
mais grotesco e escatológico do que dormir sobre os ossos, dos
nossos outros. Quando foi que perdemos a humanidade? - Não sei,
não tenho certeza. Digo perdemos, porque isso é sobre nós, e
conosco. Estamos participando desse funeral a céu aberto e, de
certa forma, extasiados, sem ação. Então, nossos corpos, que são
corpos políticos, estão a serviço de um desgoverno, um tempo em
que a pior parte da escatologia nos cerca. Os corpos que vejo no
nosso espaço-tempo são corpos sem vida, atolados na lama que nos
assola cotidianamente. Mas esses corpos de que Bakhtin trata são
corpos abertos, corpos em movimento. Aqui, a imagem não
corresponde a uma retratação de um grotesco sofisticado
bakhtiniano.
IX -
“O modo grotesco de representação do corpo e da vida corporal
dominou durante milhares de anos na literatura escrita e oral.
Considerado no ponto de vista da sua difusão afetiva, predomina
ainda no momento presente: as formas grotescas do corpo
predominam na arte não apenas dos povos não europeu, mas
mesmo no folclore, europeu (sobretudo cômico); além disso, as
imagens grotescas do corpo predominam na linguagem não-oficial
dos povos, sobretudo quando as imagens corporais se ligam às
injúrias e ao riso; de maneira geral, a temática das injúrias e do riso
é quase exclusivamente grotesco e corporal; o corpo que figura em
todas as expressões da linguagem não-oficial é o corpo fecundante-
fecundado, parindo-parido, devorador-devorado, bebendo,
excretando, doente, moribundo; existe em todas as línguas um
número astronômico de expressões consagradas e certas partes do
corpo: órgãos genitais, traseiro, ventre, boca e nariz, enquanto
aquelas em que figuram as outras partes: braços, pernas, rostos,
olhos, etc., são extremamente raras” em A cultura popular na
Idade Média e no Renascimento por Bakhtin página 279 por
Bakhtin.
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X-
No mais, espero encontrar todas e todos nesse espaço-tempo
dialógico, que sempre foi lugar de conversas abertas, amorosas e
com sentidos e significados que são de aberturas e não cabe
qualquer tentativa de explicação. O Rodas de Conversa
Bakhtiniana é o evento necessário para terminar o ano fatídico e
trazer horizontes, mesmo que sejam de forma virtual. Não tarda,
logo nos reuniremos novamente, com conversa boa, rodas de
leituras, cheiração de livros e café, num ato comensal que não
termina. Ali, ao término de cada encontro, são colocadas novas
intenções e muitas relações são estabelecidas, a partir dos encontros
que a vida proporciona. Em tempo, penso que devemos colocar
nossos corpos políticos na rua; em qualquer rua.
Referências
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução: Paulo
Bezerra. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento: O contexto de François Rabelais. Tradução: Yara
Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2013.
https://domtotal.com/charges/
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Como pôde acontecer? Faz tão pouco tempo e escapa-nos algo tão
precioso - o lugar do aconchego, o lugar do convívio fraterno. É
verdade também, o lugar dos estranhamentos. O lugar do bem
querer, o lugar do abrigo e conforto. O lugar dos costumes e
tradições familiares. O lugar do descanso, o lugar do encontro e dos
encontros. Deixamos de tê-la, a casa, a minha casa, a tua casa, a
nossa casa, a casa das tias e tios, a casa das vizinhas e dos vizinhos,
a casa das primas e dos primos, a casa dos avós, a casa dos pais, a
casa das amigas e dos amigos. A casa das irmãs e dos irmãos. A
casa das netas e dos netos. A casa das partilhas, a casa para os
encontros das rezas. A casa dos festejos de aniversários. A casa das
gentes, nas suas alegrias e tristezas, a casa dos sonhos e das paixões.
A casa do passado misturada no presente e se esvaindo nas
incertezas do futuro em tempo atual.
Como nos ensina Leonardo Boff, em Saber cuidar: ética do humano-
compaixão pela terra,
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Referências
BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. 6. ed. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2011.
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(...) o homem (...) não é apenas a existência mas também o futuro. (... )
Enquanto no seu nascimento, o homem recebe as sementes de todas as
vidas possíveis.[1]
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Referências
AGUIAR, Flávio Wolf. “Um pouco além do inferno – Contribuição
à análise de “Meu tio, o Iauaretê”, de Guimarães Rosa. Nonada:
Letras em Revista, vol. 2, núm. 29, 2017.
ANDRADE, Mário de. Namoros com a Medicina. SP : Martins ; BH :
Itatiaia, 1980.
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento. 7ª. Ed. SP : Hucitec, 2010, p. 319.
BARTHES, Roland. Rumor da Língua, SP : Brasiliense, 1988.
BUARQUE, Chico. Fazenda Modelo – Novela pecuária. SP :
Civilização Brasileira, 1985.
ROSA, João Guimarães. O conto brasileiro contemporâneo. SP :
Cultrix, 1977.
VELOSO, Caetano. Circuladô. Polygram, 1991.
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Notas:
[1] Pico della Mirandola, Oratio de hominis dignitate (Sobre a
dignidade do homem), citado por BAKHTIN, Mikhail. A cultura
popular na Idade Média e no Renascimento. 7ª. Ed. SP : Hucitec, 2010,
p. 319.
[2] Na literatura brasileira, recordemos o pouco discutido Namoros
com a Medicina, de Mário de Andrade, especialmente a seção “A
medicina dos excretos” (pp.63-101). SP : Martins ; BH : Itatiaia,
1980. Mas essa tradição dos temas escatológicos aparece também
em Rubem Fonseca, mais recentemente com a publicação
de: Secreções, excreções e desatinos (2001).
[3] “(...) o começo e o fim da vida são indissoluvelmente
imbricados”. Id. Ibid., p.277.
[4] VOLÓCHINOV, Valentin. A palavra na vida e a palavra na poesia.
SP : Editora 34, 2019, p.131.
[5]VOLÓCHINOV, Valentin. “A construção da enunciação” in A
construção da enunciação e outros ensaios. São Carlos & João Editores,
2013, p.159.
[6] “Oco de pau que diz:/Eu sou madeira, beira/Boa, dá vau,
tristriz/Risca certeira/Meio a meio o rio ri/Silencioso sério/Nosso
pai/não diz, diz:/Risca terceira/Água da palavra/Água parada
pura/Água da palavra/Água de rosa dura/Proa da palavra/Duro
silêncio, nosso pai/Margem da palavra/Entre as escuras
duas/Margens da palavra/Clareira, luz madura/Rosa da
palavra/Puro silêncio, nosso pai/Meio a meio o rio ri/Por entre as
árvores da vida/O rio riu, ri/Por sob a risca da canoa/O rio viu, vi/O
que niguém jamais olvida/Ouvi ouvi ouvi/A voz das águas/Asa da
palavra/Asa parada agora/Casa da palavra/Onde o silêncio
mora/Brasa da palavra/A hora clara, nosso pai/Hora da
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REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. São Paulo: Editora 34,
2016.
CORDEIRO, Fernanda A. Direito à cidade sob a perspectiva de
gênero. In: Anais do Encontro Internacional e Nacional de Políticas
Sociais. v1. n1. 2018.
hooks, bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática de
liberdade. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2017.
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Pandemia e volatilidade
Considerando que em aproximadamente em dezembro de 2019
houve rumores de que uma possível pandemia poderia se estender
pelo mundo em pouco tempo, e que essa futura pandemia
começava a se desenvolver na China, conforme Freitas, Napimoga
e Donalísio (2020, p. 1), “Desde o início do atual surto de
coronavírus (SARS-CoV-2), causador da Covid-19, houve uma
grande preocupação diante de uma doença que se espalhou
rapidamente em várias regiões do mundo, com diferentes
impactos”. De acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS), em 18 de março de 2020, os casos confirmados da Covid-19
já haviam ultrapassado 214 mil em todo o mundo e não existiam
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Referências
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar,
2001.
Webgrafia:
. Acesso em 07 Set 2021.
. Acesso em 07 Set 2021.
<https://www.instagram.com/p/CC_6nBeHwnvrNe22J4QAjbGGl
F8cq_2doED39Q0/>. Acesso em: 25 Jul 2020.
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Referências:
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. Hucitec, 2008.
NEVES, Wilson das; PINHEIRO, Paulo César. O dia em que o morro
descer e não for carnaval. O Som Sagrado de Wilson das Neves, 1996.
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A criança começa a ver-se pela primeira vez como que pelos olhos da mãe
e começa a falar de si mesma nos tons volutivo-emocionais
dela...(BAKHTIN 2017, p. 46). Dessa forma, o autor nos convida a
refletir sobre a chegada da criança ao mundo, um mundo em
erupção, em pleno acontecimento. Pelo olhar, pelas palavras, pelo
o tom da voz, o calor do abraço e do pulsar do coração, a mãe e os
adultos mais próximos começam a delinear esse novo sujeito,
sujeito único irreptível que chega ao mundo.
O presente texto busca dialogar com o tempo presente, fala de
abraços, de encontros, em especial, com vozes e horizontes dentro
da escola. Apresenta um cenário escolar bastante diferenciado, pois
novas frases de ordem invadem nosso vocabulário: distanciamento
social; uso de máscara obrigatório; álcool 70% passou a fazer parte
do material escolar de primeira necessidade. Compartilhar
material, nem pensar! Brinquedos e brincadeiras? Como, se não
pode chegar perto do amigo ou da amiga. Então vamos para aulas
online, é mais seguro, cada um na sua casa. O que não podemos é
perder tempo, perder conteúdos fundamentais para a vida escolar
da criança. Professores, alunos, instituições... todos reaprendendo
o seu ofício.
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mim mesma. Como a física explica que dois corpos não podem
ocupar o mesmo espaço, a alma também não pode ocupar dois
corpos. Podem-se partilhar momentos intensos com o outro, mas é
preciso voltar para si próprio para essa experiência fazer sentido.
Há um diálogo entre Benjamin e Bakhtin em relação ao conceito de
experiência. O primeiro nos fala da experiência empobrecida
(BENJAMIN, 1987, p.114), aquela que, com a correria da vida
cotidiana, vai ficando para trás, esvaziando-se e, com isso, a
vivência não vira experiência, e assim jamais se tornará sabedoria
de um povo, para o povo. “Que moribundos dizem hoje palavras
tão duráveis que possam ser transmitidas como um anel, de
geração em geração”.
Em consonância com Benjamin, Bakhtin nos traz a pequena e a
grande experiência (Bakhtin 2019). A pequena experiência é rasa e
superficial. É aquela em que apenas um pensa por todos. Ela
petrifica, aprisiona, coisifica, adormece a tudo e a todos. Entretanto,
a grande experiência não aceita ficar na superfície, ela é profunda.
Considera o ser na sua incompletude e, por isso, liberta, convida a
ir além. Tem como essência o dialogismo. A vida é dialógica por
natureza, (GEGE, 2009, p.29), e, assim, o homem participa da vida
por inteiro: olhos, lábios, mãos, corpo e alma.
Que o tempo da/na escola possa ser um grande tempo. Que ela
possa libertar, despertar e encorajar nossas crianças a construírem
suas histórias. Que suas culturas sejam reconhecidas, respeitadas e
fortalecidas. Que o tempo da escola não seja um tempo pequeno,
homogêneo e vazio, e sim um tempo preenchido de “agoras”.
(BENJAMIN, 1987, p. 229)
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Referências:
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 6ª. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2017a.
BAKHTIN, M. M. O homem ao espelho. Apontamentos dos anos
1940. São Carlos: Pedro & João Editores, 2019.
BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política – ensaios sobre
literatura e história da cultura. In: BENJAMIN, W. Obras
Escolhidas. Tradução de Sergio Paulo Rouanet. Vol. 1. São Paulo:
Brasiliense, 1987.
GEGe – Grupo de Estudos dos Gêneros do Discurso. Palavras e
contrapalavras: Glossariando conceitos, categorias e noções de
Bakhtin. São Carlos: Pedro & João Editores, 2009.
BARRIA, Cecília. Trágico e hediondo: O relato de pediatra sobre
internação recorde de crianças por covid nos EUA. Disponível em:
https: WWW.uol.com.br/vivabem/noticiasbbc/2021/09/03/tragico-
e-hediondo-o-relato-de-pediatra-sobre-internacao-recorde-de-
crianças-por-covid-nos-eua.htm. Acesso em: 02/09/2021. BBC
SANTOS, Boaventura de Sousa. A cruel pedagogia do vírus.
Coimbra: Almedina, 2020.
Notas:
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Sai daqui.
Não tenho os músculos do riso.
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Referências
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Editora
WMF Martins Fontes, 2010.
CARVALHO, Carlos Roberto; MOTTA, Flavia Miller Naethe.
Escrever responsável sob as condições do deserto: o compromisso
com o outro e a contemporaneidade. In: Revista Teias. n.32.
maio/ago de 2013.
LOPES, Ana Lúcia Adriana Costa e. Um novato lá na sala, tem que
pegar ele também, tia. Escreve tudo agarrado! A escuta das enunciações
sobre o aprender nas conversas com crianças. Niterói, RJ: UFF, 2018.
Tese (Doutorado), Programa de Pós-graduação em Educação da
Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2018.
SZYMBORSKA, Wislawa. Poemas. São Paulo: Companhia das
Letras, 2011.
Notas:
[1] Wislawa Szymborska, nasceu em 1923 em Bnin, na Polônia, e
morreu em 2012. Em 1931, mudou-se com a família para a Cracóvia,
onde estudou literatura e sociologia. Ao longo da vida, publicou
doze pequenas coletâneas de poemas. Venceu o prêmio Nobel de
literatura em 1996.
[2] Disponível em: https://youtu.be/41bUEyS0sFg (acesso em 05 de
setembro de 2021)
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REFERÊNCIAS
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Paulo: Editora 34, 2016.
BRAIT, B. (Org.). Bakhtin: conceitos-chave. 2. ed. São Paulo:
Contexto, 2005.
CASADO ALVES, M. P. O enunciado concreto como unidade de
análise: a perspectiva metodológica bakhtiniana. In: Estudos
dialógicos da linguagem e pesquisa em Linguística Aplicada. São Carlos:
Pedro & João Editores, 2016.
CASADO ALVES, M. P; ROJO, R. H. R. Comunidades de leitores:
cultura juvenil e os atos de descolecionar. In: Bakhtiniana: Revista de
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Alan Silus
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estrofe da letra. A voz que inicia, age por meio de uma ação (soltar)
para justificar as consequências dessa: poder entrar, ver (por
dentro) o amor, saber que viu e por fim essa voz realiza novas
ações, remontando ao desejo pela presença da segunda: abrigá-la
nos braços, sabê-la não distante e querê-la mais que antes, em uma
demonstração romântica do seu afeto e interesse por esse outro.
Em resposta, a segunda voz, apresenta o que (possivelmente) seja
necessário fazer para que os desejos apontados na estrofe 1 se
concretizem, possibilitando uma construção de sentido a que
corresponde esse chamado afetivo (ou de amor). A resposta da
segunda voz denota uma cena na qual advogamos que “no existir
estético pode‐se viver [...], e tudo isso que se coloca fora de mim se
correlaciona com essas pessoas”. (BAKHTIN, 2010, p. 62).
Na terceira estrofe da letra, podemos inferir a união das duas vozes,
o momento em que elas se encontram e se justapõem. Essa junção
fica evidenciada com o uso dos parênteses que, em muitos textos
da musicologia representam uma outra voz, quebrando assim, uma
estrutura de linguagem apreendida pela linguística.
É possível afirmar que a letra da canção evidencia também uma
representação do diálogo amoroso, que se mostra no
entrelaçamento de tudo que foi expresso nas estrofes anteriores e
que estão em concordância afetiva. Todos esses sentimentos
ganham força em romantismo quando acompanhados da
musicalidade. É, portanto, uma letra de música poetizada pelo
contexto social de uma época histórica em que, embora tenha
presença pelos sons agitados das discotecas, mostra-nos que o
romantismo não está fora de lugar.
Dessa forma, música e palavra têm suas funções sociais. Esta, como
signo ideológico, promove nos leitores sentidos e significados de
compreensão das manifestações culturais humanas
(VOLÓCHINOV, 2019). Aquela, tem, por sua vez, uma função
social estética, lúdica e por vezes terapêutica, que por meio dos
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Introdução
As atividades foram desenvolvidas junto a turmas de alunos do
quinto ano do Ensino Fundamental, no componente curricular de
Estudos Geográficos e Históricos, em uma escola comunitária
localizada no Bairro Centro, em Lajeado, no Rio Grande do Sul.
Além disso, junto aos alunos que participaram da disciplina
Identidades e Diversidades Étnico-Raciais, do Curso de Pedagogia
do Centro Universitário Ritter dos Reis, em Porto Alegre. O
propósito que alicerçou o projeto foi o reconhecimento e a
valorização das culturas indígenas inseridas na perspectiva da
interculturalidade e o desenvolvimento de propostas de ensino que
buscassem descontruir estereótipos e preconceitos sobre os povos
indígenas.
Com este objetivo, vivenciar momentos de aprendizagem em
espaços externos ao ambiente escolar/universitário apresentou-se
como uma experiência com diferentes sentidos e repleta de
momentos que podem ser considerados únicos. As denominações
são variadas: saídas de campo, aulas passeio, viagens de estudos,
estudos do meio, entre outros; contudo, todos possibilitam
construir conhecimentos de maneira singular e dinâmica.
Quando essa vivência trouxer possibilidades de interagir com um
grupo constituído por outra cultura, o inimaginável pode
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Notas:
[1]A expressão genérica povos indígenas refere-se a grupos
humanos espalhados por todo o mundo, e que são bastante
diferentes entre si. É apenas o uso corrente da linguagem que faz
com que, em nosso país e em outros, fale-se em povos indígenas.
(ISA, 2015b).
[2]Atualmente encontramos no Brasil povos indígenas falantes de
mais de 150 línguas diferentes. Esses povos somam, segundo o
Censo IBGE 2010, aproximadamente 897 mil indígenas. Sendo que,
aproximadamente 324 mil vivem em cidades e 572 mil vivem em
áreas rurais, o que corresponde aproximadamente a 0,47% da
população total do país. (ISA, 2015a).
[3]A população Guarani no Brasil esteve estimada, em 2008, em
aproximadamente 51 mil pessoas entre os Kaiowá (31.000),
Ñandeva (13.000) e Mbya (7.000), distribuídas em vários estados do
Brasil, inclusive no Rio Grande do Sul.(ISA, 2015c)
[4]Definição de vivência elaborada por uma criança. (THEVES,
Diário de Pesquisa, 2016).
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Referências
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digitais na formação inicial de professores de inglês. Trabalhos em
Linguística Aplicada. n. 57, v. 3, de 2018.
BAKHTIN, M. M. Problemas da poética de Dostoiévski. 5 ed. Rio de
Janeiro: Forense Universitária, 2018.
BONFIN, Luciene da Silva Santos; GONÇALVES, Adair Vieira.
Escrita digital colaborativa a partir da tecnologia wiki. Revista
Brasileira de Linguística Aplicada. v. 17, n. 3 de 2014.
CANI, Josiane Brunetti. Proficiência digital de professores:
competências necessárias para ensinar no século XXI. Linguagem e
Ensino. v.23, n.2 de 2020.
CÔRREA, Hêrcules Toledo; DIAS, Daniela Rodrigues.
Multiletramentos e usos das tecnologias digitais da informação e
comunicação com alunos de cursos técnicos. Trabalhos em Linguística
Aplicada. n. 55, v. 2, 2016.
GALLI, F. C. S. Discursos sobre a leitura na contemporaneidade:
entre o texto-papel e o texto-tela. Trabalhos de Linguística Aplicada. v.
51, n. 1 de 2012.
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