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MENSAGEM
N° .! b 5 /o'f-GAG Brasília, 30 de agosto de 2007.

Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal,

Tenho a honra de dirigir-me a Vossa Excelência e a seus ilustres pares para


comunicar-lhes que, nos termos do artigo 74, §§ 1° e 2°, da Lei Orgânica do Distrito Federal, decidi
vetar, parcialmente, o Projeto de Lei n° 330/2007, que estabelece as "Diretrizes Orçamentárias para
o exercício de 2008", por apresentarem impropriedades de ordem constitucional ou legal, e,
também, por suscitarem contrariedade ao interesse público, em face de inclusão ou alteração dos
dispositivos textuais de que tratam o § 1° do art. 2°; § 8° do art. 5°; inciso XVIII do art. 7°; inciso I
doart. 14; art 20; art. 22; § 2° do art. 23; art. 25; §§ 10 e 2° do art. 28; art. 30; § 30 do art. 39.

Além desses dispositivos, também algumas ações constantes do Anexo de Metas e


Prioridades foram objeto de veto, por diversas razões, como: duplicidade, incompatibilidade com
programas do Plano Plurianual, dentre outras especificadas nas justificativas de vetos, em anexo.

JOSElROBERTO ARRUDA
Goverlador do Distrito Federal

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Recebi em3!JDt fJ)]~sJii:;P


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.À sua Excelência o Senhor


'Deputado ALÍRIO NETO
Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal
B R A S Í L I A - DF
MOTIVOS PARA OS VETOS ÀS EMENDAS APRESENTADAS AO
PROJETO DE LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS PARA O
EXERCÍCIO DE 2008

1apARTE - Apresentação de vetos aos dispositivos (parte textual);

10) Dispositivo objeto de VETO: (§ lOdo art. 20 )

Art. 2° ..

"§ ]O As prioridades e as metas identificadas no anexo referido no caput terão precedência


na alocação de recursos no projeto de lei orçamentária anual, observando-se como dotação mínima 70%
(setenta por cento) do valor que lhe foi consignado no Plano Plurianual 2008-2011, não se constituindo
em limite máximo à programação das despesas." (GRIFAMOS)

JUSTIFICAÇÃO:

É de pleno conhecimento do Poder Legislativo que a Lei Orçamentária Anual do


Distrito Federal, composta dos Orçamentos Fiscal, da Seguridade Social e de Investimento, é um
instrumento de planejamento que autoriza o Governo a programar e executar seus gastos, à luz da
arrecadação efetiva de receitas, cujas previsões são revistas e reajustadas anualmente, conforme
orienta o art. 23 da Lei nO 4.320/1964.

Até o presente momento, não existem normativos que impõem aos Gestores
Públicos, em qualquer das esferas Federal, Estadual ou Municipal, executar fielmente as
programações consignadas no Plano Plurianual- PPA, ou na Lei Orçamentária para o exercício.

Justifica-se esse procedimento por diversas razões, das quais pode-se considerar:

a) Os valores estabelecidos na Lei Orçamentária Anual - LOA são provenientes de


expectativas de arrecadação para o exercício de 2008, tendo por base projeções sobre um cenário
macroecâmico verificado em, no mínimo, 18 meses, compreendendo janeiro de 2006 a junho de
2007, ou seja, considera-se o que vai ocorrer, com base no passado próximo. Evidentemente, leva-
se em conta a conjuntura atual e, também, as estruturas administrativas, que podem influenciar nos
resultados do período. Assim, podem ocorrer frustrações de receitas ou mesmo excesso de
arrecadação. Embora, a equipe técnica tenha um acompanhamento diário das finanças públicas, não
é possível prever com precisão cirúrgica o que vai acontecer daqui a 18 meses.
Tal procedimento orçamentário é efetuado com base em orientações constantes do
art. 12 da Lei Complementar nO 101/2000, em consonância com os arts. 23 a 31 da Lei n°
4.320/1964 (estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos);

b) Outro fator que contribui substancialmente para o não atendimento da limitação


imposta pela Câmara Legislativa diz respeito a emendas parlamentares, que alteram o projeto
original·do Plano Plurianual e, também, da Lei de Diretrizes Orçamentárias, relativamente às ações
priorizadas no Anexo de Metas e Prioridades. Essas alterações promovidas pelo Poder Legislativo,
dentro das suas prerrogativas, muitas das vezes são realizadas sem compromisso com os aspectos
técnico ou legal de elaboração do Instrumento, o que faz com que as novas programações advindas
do PPA ou da LDO não sejam absorvidas, tecnicamente e justificadamente, no Projeto de Lei
Orçamentária Anual - LOA, por razões constitucionais ou legais, ou, ainda, por impossibilidade de
execução motivada por fatores estruturais, como é o caso de imputar freqüentemente
responsabilidade de execução a órgão não competente para tal;

c) Por conta dessas alterações, e, também, em decorrência de mudanças estruturais


posteriores à publicação do PPA, é que não é possível admitir a fixação de limites para alocação de
recursos orçamentários definidos naquele instrumento plurianual;

d) Por derradeiro, cabe ressaltar que o PPA de 2008-2011 foi elaborado com uma
estrutura técnica e administrativa fragilizada, cujo prazo intempestivo de envio do Projeto à
Câmara Legislativa foi cumprido com a entrega do documento em 15 de março de 2007, ou seja,
dois meses e meio do inicio de mandato. Por esta razão, as programações lançadas no Plano
Plurianual ou nas metas priorizadas na LDO, necessariamente precisaram ser revistas determinando
que programações tenham uma maior atenção em detrimento de outras, razão pela qual não é
admissível absorver o comando imposto por essa Casa.

Dessa forma, o dispositivo constante do § 1° do art. 2° do projeto em questão está


sendo vetado por contrariedade do interesse público, na forma dos motivos apresentados.

2°) Dispositivo objeto de VETO: (§ 8° do art. 5° )

"Arf. 5 o "

§ 8° A subfunção, nível de agregação imediatamente inferior à função, deverá evidenciar


cada área da atuação governamental, ainda que esta seja viabilizada com a transferência de recursos a
entidades públicas e privadas.

JUSTIFICAÇÃO:
° dispositivo inserido na LDO por meio de emenda parlamentar impõe que a
classificação funcional deva evidenciar a área de atuação, relacionada à função governamental.

Ocorre que nos moldes atuais de planejamento, a rigidez que era usada na então
"classificação funcional programática" não é mais utilizada desde de 2000, quando o Ministério do
Planejamento e Gestão deflagrou uma nova visão de planejamento, fundamentada por meio do
Decreto nO 2.829, de 29 de outubro de 1999, com a finalidade de orientar a elaboração dos Planos
Plurianuais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Em conseqüência, aquele Ministério editou a Portaria nO 42, de 14 de abril de 1999,
sobre a qual é fulcrada a nova classificação funcional, composta de função e subfunção, a ser
utilizada de forma padronizada por todos os Entes da Federação, a partir do exercício financeiro de
2000. A criação dos demais itens do Programa de Trabalho ficou a cargo de cada Ente.

A vinculação pretendida pelo Legislativo vai contrariamente ao normativo federal,


no que diz respeito ao disposto no art. 1°, § 4°, da Portaria nO 42, de 14 de abril de 2000, do
Ministério do Orçamento e Gestão, que estabelece o seguinte:

"Art. ]0 ..

"§ 4° As subfunções poderão ser combinadas com fimções diferentes daquelas a que estejam
vinculadas. naforma do anexo a esta Portaria. "(GRIFAMOS)

No Distrito Federal, a partir da nova gestão governamental, diversas reformas


administrativas foram realizadas, cujas atribuições dos órgãos, na maioria das vezes, eram
desenvolvidas de forma distinta. Isso faz com que as classificações de função, subfunção e
programa sejam elaboradas de maneira diversa da função tradicionalmente desenvolvidas pelas
Instituições.

Dessa forma, não é possível absorver a inclusão do dispositivo imposto por essa Casa
Legislativa na Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2008, em função de contrariar o interesse
público, além de o mesmo ir de encontro ao um normativo a ser observado no âmbito Nacional,
motivo pelo qual o § 8° do art. 5° do Projeto de Lei em questão está sendo vetado.

3°) Dispositivo objeto de VETO: (inciso XVIII do art. 7°)

"Arf. 7° "

"XVIII - demonstrativo das despesas com a programação referente à manutenção e ao


desenvolvimento do ensino, nos termos do art. 241 da Lei Orgânica do Distrito Federal, por órgão, esfera
orçamentária, funcional-programática até o nível de subtítulo e grupo de natureza da despesa;"
(GRIFAMOS)

JUSTIFICAÇÃO:

A emenda parlamentar ao texto da LDO 2008 acrescenta, nos relatórios integrantes


da Lei Orçamentária Anual, relativos à Manutenção e Desenvolvimento do Ensino, na forma do art.
212 da Constituição Federal, relação de programas de trabalho; até o nível de subtítulo, o que
consideramos tecnicamente intempestivo.

Os relatórios apresentados nas últimas Leis Orçamentárias Anuais, gerados


automaticamente pelo sistema SIGGO, codificados como PSIOP630 e PSIOP280, respectivamente,
evidenciam a metodologia utilizada na apuração dos recursos aplicados na Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino - MDE, Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental -
MDEF e no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos
Profissionais da Educação - FUNDEB, e as Unidades Orçamentárias beneficiárias de tais recursos.
A propósito, o relatório PSIOP630 é elaborado com base nas orientações constantes
da Decisão nO 2495/2003 do Tribunal de Contas do Distrito Federal, e, na execução do orçamento, é
demonstrado contabilmente como tal.

A intenção de inserir os programas de trabalho no demonstrativo constante da Lei


Orçamentária é complementamente desnecessária e intempestiva, pois a complexidade
metodológica que o mesmo requer não se resume a tão somente a funcional programática e
subtítulo.

Caso haja alguma dúvida na montagem do demonstrativo, basta seguir as orientações


constantes da Decisão n° 2495/2003 do Tribunal de Contas do Distrito Federal; a Lei nO 9.424/1996,
a Lei de Diretrizes e Bases - LDB, Lei nO 9.394, de 20 de dezembro de 1996; e a recente Lei nO
11.494,20 de junho de 2007, que Regulamenta o FUNDEB.

Talvez podemos ajudar no clareamento das informações, caso seja solicitado por essa
Casa, adicionando tais informações nos "Documentos de Informações Complementares" que
acompanham o Projeto de Lei Orçamentária Anual, na forma do art. 7°, § 2°, do Projeto de Lei de
Diretrizes Orçamentárias aprovado para o exercício de 2008.

Assim, o inciso XVIII do art. 7° está sendo vetado por ser considerado contrário ao
interesse público.

4°) Dispositivo objeto de VETO: (inciso I do 3rt. 14)


"Art. 14 "

"I - órgão ou entidade devedora;"

JUSTIFICAÇÃO:
Esse dispositivo fora colocado despercebidamente, pois o caput do art. 14 já
discrimina que as informações devem ser apresentadas por órgão ou entidades devedoras, conforme
se verifica na íntegra do texto:

"Art. 14. Para fins de atendimento ao disposto no art. 7°, XV desta Lei, as unidades orçamentárias
referidas no artigo anterior encaminharão ao órgão central do sistema de orçamento do Poder
Executivo, até 14 de julho de 2007, relação dos débitos constantes de precatórios judiciários a serem
incluídos na proposta orçamentária de 2008, nos termos do art. 100, § 1°, da Constituição Federal e da
Lei Complementar n.O 666, de 27 de dezembro de 2002, discriminada por órgãos ou entidades
devedoras e por grupos de despesas, por ordem de precedência e por natureza jurídica, observado o
detalhamento constante do art. 26 desta Lei e especificando ainda:"

Portanto, o inciso I do art. 14 está sendo vetado por ser intempestivo e desnecessário,
o que vai de encontro ao interesse público.
5°) Dispositivo objeto de VETO: (art. 20)
"Art. 20. As entidades integrantes da lei orçamentária anual só poderão destinar recursos
financeiros ao desenvolvimento de ações nos municípios da região integrada de desenvolvimento do
Distrito Federal e entorno - RIDE, indicados na Lei Complementar n. o 94, de 19 de fevereiro de 1998, ~
as ações estiverem inseridas no Anexo de Metas e Prioridades da Lei de Diretrizes Orçamentárias e se
houver contrapartida desses municípios ou dos governos estaduais. "(GRIFAMOS)

JUSTIFICAÇÃO:
o disposto no artigo condiciona a aplicação de recursos na Região do Entorno de
interesse do Distrito Federal à inclusão das ações correspondentes no Anexo de Metas e Prioridades
da Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO.

É indubitável que a grande maioria dos habitantes das cidades próximas desenvolve
suas atividades econômicas e educacionais no território do Distrito Federal, e é importante para este
Governo assegurar condições dignas a essas famílias.

Ademais, é imperativo oferecer a outra parte das famílias condições para que possam
concretizar o desenvolvimento do setor econômico de suas cidades, fazendo com que o Distrito
Federal reduza a responsabilidade pela população circunvizinha mais do que a sua capacidade.

Ao apresentar essa alteração no projeto original da Lei de Diretrizes Orçamentárias,


o legislador não atentou para os ditames constantes dos arts. 9°, 158, 162, 164, 165, 176, 187, 326
da Lei Orgânica do Distrito Federal, dentre outros, que orientam o Poder Público do Distrito
Federal a racionalizar sua política de desenvolvimento econômico-social integrada às das cidades
vizinhas, participantes da chamada "Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e
Entorno -RIDE".

Nesse sentido, cabe chamar a atenção para o disposto nos arts. 164 e 165 da Lei
Orgânica do Distrito Federal, que corrobora a necessidade de VETO do dispositivo, conforme se
verifica:
"Art. 164. As ações de integração com a região do entorno do Distrito Federal são constituídas pelo
conjunto de políticas para o desenvolvimento das áreas do entorno, com vistas a integração e
harmonia com o Distrito Federal, em regime de co-responsabilidade com as unidades da Federação
às quais pertencem, preservada a autonomia administrativa e financeira das unidades envolvidas.

Art. 165. O plano de desenvolvimento económico-social do Distrito Federal é o instrumento que


estabelece as diretrizes gerais, define os objetivos e políticas globais e setoriais que orientarão a
ação governamental para a promoção do desenvolvimento sócio-económico do Distrito Federal, no
período de quatro anos.

§ }O O plano mencionado no caput será proposto pelo Poder Executivo, no primeiro ano do mandato
do Governador, e aprovado em lei, observadas as seguintes premissas:" (GRIFAMOS)

Observa-se que as diretrizes ali mencionadas não se tratam das constantes da Lei de
Diretrizes Orçamentárias.
Assim, por tal dispositivo ser prejudicial à coordenação e execução das políticas
públicas voltadas para o desenvolvimento econâmico e social do Entorno, sob o regime de co-
responsabilidade, definida no art. 164 da Lei Orgânica do Distrito Federal, o art. 20 está sendo
vetado, e os procedimentos a serem realizados serão fulcrados nos demais diplomas legais que
regem a matéria.

6°) Dispositivo objeto de VETO: (art. 22 )

"Art. 22. Serão admitidas na Lei Orçamentária para o exercício de 2008 a


inclusão de atividades de cunho religioso voltadas ao desenvolvimento social e cultural,
principalmente as que constem do calendário oficial de eventos do Distrito Federal."

JUSTIFICAÇÃO:

É preciso ter muita cautela com a necessidade de se fazer constar tal dispositivo
trazendo a baila um assunto que chama a atenção para ações constantes do Capítulo IV das
Vedações da Lei Orgânica do Distrito Federal.

O art. 18, I, da Lei Orgânica do Distrito Federal determina a vedação ao Distrito


Federal, como um todo, em manter relações com entidades religiosas.

O dispositivo insistentemente incluído no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias


é considerado, tecnicamente, desnecessário como orientador do processo de elaboração e execução
orçamentária, haja vista que as ações relacionadas a essa matéria, ainda que a título de colaboração
de interesse público, suscita alguma forma de interesse particular, o que vai de encontro ao
mandamento da Lei Orgânica do Distrito Federal.

Ademais, se as ações dessa natureza não fazem parte da relação de programações de


despesas vedadas, na forma do art. 15 da Lei de Diretrizes Orçamentárias aprovada para 2008, não
há necessidade de evidenciar o chamado na LDü.

A Decisão n° 1484/2007 do Tribunal de Contas do Distrito Federal, em seu item IV,


determina a todos os órgãos que se abstenham de celebrar convênios com entidades religiosas que
não atendam ao interesse público ou não se refiram a datas consagradas...

Consoante o entendimento do Tribunal de Contas, o Ministério Público do Distrito


Federal e Territórios proferiu a Recomendação nO 11/2007-63 PRODEP, na qual chama a atenção de
Estados, Distrito Federal e Municípios para a vedação quanto a estabelecimento de cultos
religiosos ou igrejas, subvencioná-los ou manter com eles ou representantes relação de dependência
ou aliança, ...

Assim, por motivo de prudência e zelo pelo interesse público, o art. 22, incluído por
meio de emenda parlamentar, está sendo vetado.
JO} Dispositivo objeto de VETO: (§ 2° do art. 23 )

"Art. 23 "

"§ 2° Os recursos destinados diretamente às aplicações no desenvolvimento


científico e tecnológico, previstos no art. 195 da Lei Orgânica do Distrito Federal, não poderão
ser remanejados para atender outras atividades. "

JUSTIFICAÇÃO:

Persiste essa Casa Legislativa com o propósito supostamente irreversível de anular a


possibilidade de o Governo ter de ajustar, ainda que dentro dos limites legalmente permitidos, a
composição orçamentária, sobretudo, no final do exercício, em decorrência de diversas demandas.

Ora, se o art. 195 da Lei Orgânica do Distrito Federal apenas estabelece uma
aplicação mínima, em duodécimos, da ordem de dois por cento sobre as receitas orçamentárias, e se
o art. 8° da Lei Orçamentária Anual - LOA tradicionalmente autoriza ao Poder Executivo a
proceder remanejamentos de dotações orçamentárias por Decreto até o limite de 25% do total dos
recursos da Unidade, não é possível admitir que emendas parlamentares apresentem ainda restrições
dessa natureza.

É ponto pacífico considerar que este Governo proporcionou uma racionalização na


metodologia aplicada a questões de previsões de receitas e definições de despesas neste exercício de
2007, o que irá permitir, com a continuidade dessa concepção, uma melhor alocação de recursos e,
definitivamente, redução substanciais nas alterações orçamentárias no exercício financeiro de 2008,
dado que os recursos serão consignados à luz de previsões efetivas, considerando-se um desvio
mínimo de realização, o que permitirá, também, uma programação financeira com maior
fidedignidade.

Nesse sentido, conclui-se que o dispositivo inserido na LDO 2008 impõe ao Poder
Executivo a obrigatoriedade de tomar o limite mínimo a aplicar na Fundação de Apoio à Pesquisa
do Distrito Federal- FAPDF em limite máximo, ou seja, não seria prudente, dessa forma, compor o
orçamento da FAPDF com recursos superiores ao mínimo estabelecido, pois, como já foi relatado
anteriormente, o orçamento é elaborado 18 meses antes do encerramento do exercício para o qual
foi estimado, e, ao longo do exercício, os acontecimentos são dinâmicos, fazendo-se necessário ao
gestor público readaptar os seus gastos à luz das disponibilidades orçamentárias e financeiras e da
conjuntura econômico e social do momento.

O Estado não pode se furtar da responsabilidade de agir de forma emergencial,


apenas por conta do rigor na orientação constante da Legislação, sem levar em conta a
contextualização do momento.

A composição dos recursos da FAPDF é elaborada contabilizando-se o total das


receitas orçamentárias do Distrito Federal, deduzindo-se aquelas com vinculação específica, na
forma da legislação que regulamenta o art. 195 da Lei Orgânica do Distrito Federal.
Dessa forma, o § 2° do art. 23, com a redação alterada por emenda parlamentar, está
sendo objeto de veto, por ir de encontro ao interesse público do Distrito Federal, pois não permite a
flexibilização orçamentária autorizada na Lei Orçamentária.

8°) Dispositivo objeto de Veto (art. 25 )

Art. 25. Poder Executivo encaminhará à Comissão de Economia, Orçamento e Finanças


até 30 (trinta) dias após a remessa do Projeto de Lei Orçamentária de 2008 à Câmara Legislativa do
Distrito Federal, demonstrativo dos projetos de grande vulto, contendo, no mínimo, as informações que se
seguem:

1- detalhamento do objeto, etapa e o estágio da obra ou serviço, identificando o respectivo


subtítulo orçamentário;

II - valor total do projeto;

III - cronograma físico-jinanceiro evidenciando-se a previsão inicial, a situação atual, e


as previsões para conclusão da obra ou serviço;

IV - etapas a serem executadas à conta das dotações consignadas no projeto de lei


orçamentária para o exercício financeiro de 2008, e projeções de despesas para os dois exercícios
subseqüentes.

Parágrafo Único. Para fins desta Lei são caracterizados como projetos de grande vulto os
que tenham valor estimado superior a 150% (cento e cinqüenta por cento) do limite estabelecido no art.
23, I, c, da Lei n° 8.666, de 21 de junho de 1993, custeados com recursos alocados no Orçamento de
Investimento das empresas de capital aberto, ou de suas subsidiárias, ou custeados com recursos dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social ou do Orçamento de Investimento.

JUSTIFICAÇÃO:

Os projetos de grande vulto, conforme definido no artigo em análise, representam


uma grande maioria dos projetos consignados na Proposta Orçamentária para o exercício de 2008.

O prazo de 30 (trinta) dias após o encaminhamento da Proposta Orçamentária à


Câmara Legislativa, é inviável no curto espaço de tempo, dado que estes projetos, em especial os
que se referem a execução de obras e ou serviços de engenharia, que se encontram em fases
distintas de andamento (fase de estudo preliminar estimativo, fase de elaboração de projetos, de
licitação de obras e serviços, de revisão/reavaliação/reajuste de objetos já licitados, ou de contratos
em andamento), cujos levantamentos de dados detalhados demandam tempo para elaboração e
maturação para cada um dos projetos até sua conclusão.

As validades de orçamentos de obras e serviços passam a ser vulneráveis a preços,


prazos e disponibilidades de mercado, estabelecidas por ocasião de licitações, o que impossibilita o
cumprimento do prazo exíguo estabelecido e requer flexibilidade ao longo do tempo para viabilizar
seu atendimento.

Outra questão que deve ser considerada diz respeito aos orçamentos e cronogramas
relativos aos objetos e serviços, os quais requerem reavaliação e redimensionamento técnicos, após
determinado período de tempo entre estimativas de períodos fiscais distintos, o que inviabiliza a
definição antecipada de detalhamento final de grandes projetos com dados técnicos ainda em fase
de elaboração.

Assim, o dispositivo constante do art. 25 esta sendo vetado por contrariedade do


interesse público.

9°) Dispositivo objeto de Veto (§§ r e 2° do arte 28)

Arf. 28 "

"§ O demonstrativo de que trata o arte 70, XIX, desta Lei, será atualizado e
]O
publicado nos balanços do Distrito Federal e nos Relatórios Resumidos de Execução
Orçamentária previstos pelo arte 165, § 30, da Constituição Federal, deverá ser elaborado na
forma do disposto nos demonstrativos da Secretaria do Tesouro Nacional e deverá conter, no
mínimo, os seguintes elementos:

I - receitas, que formam as bases de cálculo estadual e municipal para o cumprimento da


Emenda Constitucional n° 29, de 2000, detalhadas por categoria económica até o nível de subalínea;

II - despesas apropriadas em ações e serviços públicos de saúde, nos termos da Resolução


n° 322/2003, do Conselho Nacional de Saúde, detalhadas por:

a) função e subfunção;

b) programa, ação e subtítulo.

III - dedução das despesas apropriadas em ações de serviços públicos de saúde,


detalhadas por:

a) função e subfunção;

b) programa, ação e subtítulo.

§ 2° As diferenças entre a receita e a despesa previstas e as efetivamente realizadas, que


resultem no não-atendimento dos percentuais mínimos obrigatórios, serão apurados e corrigidos a cada
trimestre do exercício financeiro. "

JUSTIFICAÇÃO

A montagem do relatório PSIOP640 Demonstrativo das aplicações na Área de


Saúde, constante do SIGGO, muito bem elaborada e adequada com as orientações do art. 77 do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT, da Resolução n° 322, de 8 de maio de 2003,
e da instrução constante da Decisão nO 4620/2002 do Tribunal de Contas do Distrito Federal,
demonstra com maior confiabilidade as regras para apuração dos recursos aplicados nos serviços
públicos de saúde.

As regras estão expostas na parte inferior esquerda do corpo do relatório, não


deixando dúvidas sobre quais informações o compõem.
o relatório pretendido, com a emenda parlamentar, segundo orientações do próprio
instrumento da Secretaria do Tesouro Nacional - STN do Ministério da Fazenda, denominado
"Manual de Elaboração do Anexo de Metas Fiscais e do Relatório Resumido de Execução
Orçamentária", aprovado pela Portaria n° 633, de 10 de agosto de 2006, citado como base para a
elaboração do demonstrativo, somente deve ser utilizado pela União, conforme se verifica no item
3.15 daquele instrumento, dispensando tecer maiores comentários.

Quando a publicação de relatórios de interesse público é determinada para todos os


Entes, o Manual em comento estabelece a padronização e utilização em âmbito da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, o que não é o caso.

Dessa forma, consideramos intempestiva a inclusão dos dispositivos como regra para
publicação de informações, sobre as quais não vislumbramos utilidade sob o ponto de vista de
subsídio para aferição quanto ao atingimento dos limites mínimos de recursos, estaduais e
municipais, a serem aplicados em ações de serviços públicos de saúde, dado que a sua
contabilização requer um número maior de informações.

Portanto, por julgar a publicação dessas informações contrária ao interesse público


do Distrito Federal, e, também, contrária a orientação legal de âmbito nacional, e, sobretudo,
visando evitar gastos desnecessários com a sua impressão no Diário Oficial do Distrito Federal, é
que o parágrafos 1° e 2° do art. 28 estão sendo objeto de veto.

10°) Dispositivo objeto de Veto: ( 3rt. 30 )

Art. 30. Considera-se receita corrente líquida o somatório das receitas tributárias,
patrimoniais, industriais, agropecuárias, de contribuições, de serviços, de transferências correntes e de
outras receitas correntes, inclusive o valor da receita aplicada em outras despesas correntes pelo Fundo
Constitucional do Distrito Federal, instituído pela Lei n° 10.633, de 27 de dezembro de 2002, deduzidas a
contribuição dos servidores para custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas
provenientes da compensação financeira citada no art. 201, § 9°, da Constituição Federal.

JUSTIFICAÇÃO:

A proposta do Legislativo para inclusão dos recursos correspondentes às despesas


correntes na apuração da Receita Corrente Líquida - RCL, excetuadas as despesas de pessoal,
realizadas por meio do Fundo Constitucional do Distrito Federal, encontra obstáculo a partir do
entendimento de que a Lei de Diretrizes Orçamentárias do Distrito Federal não é um normativo a
altura da Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei Complementar nO 101, de 4 de maio de 2000, para
alterar o conceito daquele normativo constitucional, conforme se verifica:

"Act. 2° Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:"

"IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, contribuições, patrimoniais,
industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também
correntes, deduzidos:"
Nota-se que a Lei de Responsabilidade Fiscal reza que, no cálcuhda RCL, por se
tratar de receitas, somente são apuradas as receitas num determinado período. Não há que se cogitar
a adição de despesas.

Ocorre que a referida Lei de Responsabilidade Fiscal foi publicada em meados de


maio do exercício de 2000, quando o Governo do Distrito Federal era beneficiário dos recursos da
União, na forma do art. 21, XIV, da Constituição Federal, por meio de convênio de Transferências
de recursos, cuja execução contábil estava a cargo do Distrito Federal até janeiro de 2003, quando
por força da Lei n° 10.633, de 27 de dezembro de 2002, os recursos então transferidos passaram a
ser contabilizados diretamente no Sistema Integrado de Administração Financeira - SIAFI, do
Governo Federal.

De fato, há um esforço hercúleo do Legislativo do Distrito Federal para que os


recursos do Fundo Constitucional do Distrito Federal sejam contabilizados no Sistema Integrado de
Gestão Governamental - SIGGOIDF. Porém, há que se registrar que o próprio dispositivo constante
do art. 21, XIV, da Constituição Federal de 1988, já determina que os recursos devem ser
executados por meio de fundo próprio, conforme se verifica:

"Art. 21. Compete à União:"

"XIV - Organizar e manter a polícia civil, polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito
Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços
públicos, por meio de fundo próprio;" (GRIFAMOS)

Para regulamentar o disposto no inciso em comento, a União criou o citado Fundo


por meio da Lei nO 10.633, de 27 de dezembro de 2002. Com esse procedimento, a objetividade do
pretendido pela Câmara Legislativa com a alteração do art. 30 da Lei de Diretrizes Orçamentárias
aprovada para o exercício de 2008, visando incluir no demonstrativo contábil de apuração da
Receita Corrente Líquida do Distrito Federal constitui uma afronta ao texto constitucional, razão
pela qual não resta outra alternativa, se não vetar o dispositivo.

Portanto, o art. 30 do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentária aprovado para o


exercício de 2008 está sendo vetado por configurar inconstitucionalidade ao dispositivo constante
do art. 21 da Constituição Federal de 1988.

}}O) Dispositivo objeto de Veto: ( § 3° do art. 39 )

§ 3° Os créditos adicionais destinados às despesas com pessoal e encargos sociais a


serem submetidos à Câmara Legislativa deverão ser encaminhados por meio de projeto de lei
específico para esta finalidade, observado o disposto neste artigo.

JUSTIFICAÇÃO:

O dispositivo imposto por essa Casa Legislativa tem ao longo dos exercícios criado
grandes transtornos no que diz respeito à operacionalização orçamentária na resolução de problemas
voltados para ajustes orçamentários e financeiros.
A forma de encaminhamento de Projetos de Lei, em separado, tecnicamente não
representa um salto substancial, em termos de custo benefício pretendido pelo legislador.
De fato, não há impedimento legal que fundamente refutar a inserção do dispositivo.
Entretanto, por julgar o procedimento duplo, pois há esforço em dobro na confecção de Projetos de
Lei e, também, um custo desnecessário, estou vetando o dispositivo constante do § 3° do art. 39, por
contrariar o interesse público do Distrito Federal.

2a PARTE - Apresentação de Vetos às Prioridades Constantes do Anexo de


Metas e Prioridades;

Também, foram objeto de veto algumas ações que apresentaram-se com


impropriedades diversas, tais como Incompatibilidade com o Programa do Plano Plurianual;
duplicidade com outras já existentes; ação com característica de subtítulo; quantidade da meta
incompatível com o objetivo da ação, dentre outras.

Quanto a essa matéria, não há como tecer considerações peculiares, se não as


apresentadas no relatório, em anexo, que traz a relação das prioridades do Anexo de Metas e
Prioridades vetadas e os motivos do veto, de forma resumida, para facilitar a sua visualização
quando da análise posterior.

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