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Leg. Penal Especial - Lei Maria Da Penha
Leg. Penal Especial - Lei Maria Da Penha
340/06
Ex: L. 8.069/90 (ECA); L. 8.072/90 (crimes hediondos); L. 8.078/90 (CDC); L. 9.099/95 (J. Especiais); L.
9.503/97 (CTB); L. 9.605/98 (crimes ambientais); Estatuto do Idoso; L. 11.340/06 (violência doméstica e
familiar contra a mulher).
Obs.
Neste histórico, o grande erro da L. 9.099 foi levar consigo a violência doméstica, banalizando-a ao tratá-la como
infração de menor potencial ofensivo.
Art. 1º - Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra
a mulher, nos termos do §8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais
ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às
mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
3. HOMEM
A lei Maria da Penha reconhece que o homem pode também ser vítima de violência doméstica e familiar, na medida
em que deu nova redação ao art. 129, §9º, do CP. No entanto, as medidas protetivas da Lei 11.340 se restringem à
mulher, não abrangendo o homem.
Violência Doméstica
Art. 129 CP § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge
ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o
agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei
nº 11.340, de 2006)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de
2006)
Logo:
VÍTIMA PROTEÇÃO
Homem CP
CONCLUSÃO:
O homem sofre violência doméstica e familiar, tal como a mulher. No entanto, a sua
proteção será assegurada apenas pelo CP e não pela Lei 11.340/06 (esta lei só se aplica às
mulheres).
A lei 11.340 fere a isonomia familiar, tratando desigualmente homem e mulher, além de ficar aquém do
mandamento constitucional que exige lei de proteção para cada membro da família.
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (...)
§ 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo
homem e pela mulher. (...)
§ 8º - O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram,
criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
O homem sempre foi discriminado e a correção trazida a partir de 2005 [explicada nos tópicos abaixo] foi
retrocedida pela Lei Maria da Penha.
Atentado ao pudor mediante fraude: até 2005 tinha como sujeito ativo o homem, e passivo,
mulher honesta; a partir de 2005, o crime passou a ser comum, com s. ativo, alguém, e s.
passivo, alguém, o que corrigia a discriminação; em 2009, a L. 12.015/09 transformou o crime
em violação sexual mediante fraude, também crime comum; a L. 11.340 volta a trazer a
discriminação.
Trafico sexual: até 2005, objeto era mulher; em 2005, corrigindo, a vítima passou a ser
qualquer pessoa; a L. 12.015/09, mantém o homem como vítima, transformando o crime em
tráfico para fins de exploração sexual;
Quando o agredido é o filho, não há proteção da Lei 11.340; mas se a agressão é a filha, há proteção. No
mesmo sentido, se o filho agride a mãe, aplica-se a LMP; se agride o pai ou idoso, não se aplica.
A Lei 11.340/06 é constitucional por encontrar-se no sistema de proteção especial, trabalhando com uma
DESIGUALDADE DE FATO. Foi pensada para a proteção das MULHERES HIPOSSUFICIENTES, aquelas que não sabem ou
não têm como fazer valer o seu direito.
A lei 11.340 intenta igualar faticamente a mulher ao homem: na lei, homem e mulher são iguais, mas essa igualdade
não se tem implementado de fato.
Observações:
Para Rogério Sanches, afirmar que a lei é constitucional não significa que não tenha ela alguns dispositivos
inconstitucionais. A importância da lei não faz presumir a constitucionalidade de todos os seus artigos.
A LEI 11.340 SÓ SE APLICA À MULHER, MAS AS MEDIDAS PROTETIVAS PODEM SER ESTENDIDAS AO HOMEM.
O TJMG entendeu ser constitucional a lei e, além disso, estendeu a proteção da lei ao homem,
usando de poder geral de cautela (não se trata de aplicação da Lei Maria da Penha ao homem!).
Questionou-se que tal decisão teria aplicado analogia in malam partem. Porém, como a Lei Maria da
Penha não tem a função punitiva, pois não aumentou o espectro da incriminação, aumentando sim o
espectro da proteção, tratando-se, portanto, de analogia não incriminadora.
- 1ª c.
Não pode o transexual ser objeto da LMP, pois geneticamente não é mulher.
- 2ª c. - PREVALECE
Se a pessoa portadora de transexualismo transmutar suas características sexuais (por cirurgia e modo
irreversível), deve ser encarada de acordo com sua nova realidade morfológica, permitindo-se, inclusive,
retificação de registro civil (Cristiano Chaves, Nelson Rosenvald, STJ). Logo, é mulher e será protegido pela Lei
Maria da Penha.
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher
qualquer ação ou omissão BASEADA NO GÊNERO que lhe cause morte, lesão, sofrimento
físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou
se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a
ofendida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
BASEADA NO GÊNERO
Não é qualquer ação / omissão contra a mulher que será “atacada” pela LMP, mas apenas a violência que “objetaliza”
a mulher: agressão à mulher motivada pela discriminação ao sexo feminino.
Importa o motivo!
HIPÓTESES
Trata-se do espaço caseiro. Prescinde (dispensa) o vínculo de parentesco. O inciso I protege, portanto, a
empregada doméstica.
Neste caso, é imprescindível o vínculo familiar, ainda que por afinidade. Por outro lado, esta hipótese
dispensa que o fato ocorra sob o teto da convivência (coabitação).
Abrange (ex) namorado, (ex) marido, amantes. Para Rogério, esse inciso extrapolou os objetivos da lei.
STJ, CC 103.813
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. LEI MARIA DA PENHA. EX-NAMORADOS. VIOLÊNCIA
COMETIDA EM RAZÃO DO INCONFORMISMO DO AGRESSOR COM O FIM DO RELACIONAMENTO.
CONFIGURAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER. APLICAÇÃO DA LEI 11.340/2006.
COMPETÊNCIA DO SUSCITADO. 1. Configura violência contra a mulher, ensejando a aplicação da Lei nº 11.340/2006,
a agressão cometida por ex-namorado que não se conformou com o fim de relação de namoro, restando demonstrado nos
autos o nexo causal entre a conduta agressiva do agente e a relação de intimidade que existia com a vítima. 2. In casu, a
hipótese se amolda perfeitamente ao previsto no art. 5º, inciso III, da Lei nº 11.343/2006, já que caracterizada a relação
íntima de afeto, em que o agressor conviveu com a ofendida por vinte e quatro anos, ainda que apenas como namorados,
pois
aludido dispositivo legal não exige a coabitação para a configuração da violência doméstica contra a mulher. 3. Conflito
conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal de Conselheiro Lafaiete -MG, o suscitado.
Não quer dizer, no entanto, que não haja repercussão da LMP nesta relação: tanto a CF
quanto o CC não incluem as relações homoafetivas entre as formas de entidade familiar
(casamento, união estável e monoparental), excluindo-as do direito de família; a L.
11.340/06, no entanto, permitiu o entendimento, conforme Maria Berenice Dias, de que as
relações homoafetivas configuram uma 4ª entidade familiar, permitindo a aplicação a elas
do D. Família! – há posicionamento diverso, entendendo que só a CF pode criar nova
entidade familiar.
Art. 6º - A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos
humanos
ROL
EXEMPLIFICATIVO
6. Formas de Violência Doméstica e Familiar
Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, ENTRE OUTRAS:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde
corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e
diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise
degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz,
insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro
meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou
a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força;
que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de
usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à
prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o
exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração,
destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens,
valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
(a) VIOLÊNCIA FÍSICA desde vias de fato (mera contravenção penal) até homicídio.
(c) VIOLÊNCIA SEXUAL envolve não apenas a sexualidade, mas impedir uso de contraceptivo, forçar ao
casamento, limitar os direitos reprodutivos, etc.
ATENÇÃO!
Conclusão:
- Daí porque não se deve falar em “crime de violência contra a mulher”. Aliás, erra
o juiz que indefere medida protetiva sob a alegação de “não vislumbrar a prática
de crime”.
Art. 8o A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por
meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
e de ações NÃO-GOVERNAMENTAIS, tendo por diretrizes:
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com as
áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação;
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a perspectiva de
gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às conseqüências e à freqüência da violência doméstica
e familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a
avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas;
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família,
de forma a COIBIR OS PAPÉIS ESTEREOTIPADOS QUE LEGITIMEM OU EXACERBEM A
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o,
no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal;
IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas
Delegacias de Atendimento à Mulher;
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência doméstica e familiar
contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos
instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres;
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promoção de
parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo por objetivo a
implementação de programas de erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher;
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de
Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às
questões de gênero e de raça ou etnia;
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito à
dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia;
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos
aos direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência
doméstica e familiar contra a mulher.
ATENÇÃO:
Caput a LMP chama a trabalhar na prevenção todos os entes federativos e também os não governamentais.
Importa ter em mente que, apesar da atuação preventiva da União, a competência da LMP continua sendo da
Justiça Estadual.
Inc. III Diz respeito a papéis como mulher samambaia, mulher melancia, etc. Ou seja, não quer ser discriminada,
não se preste a tais papéis. MP já tem instaurado Inquérito Civil para regulamentar práticas neste sentido. Ex:
Pânico na TV = começava às 16hs, hoje começa mais tarde!
LEI MARIA DA PENHA – L. 11.340/06 – pág.9
Inc. IV Criação de delegacias especializadas.
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de violência doméstica e
familiar contra a mulher, quando necessário:
I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de assistência social e de segurança,
entre outros;
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à mulher em situação de violência
doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a
quaisquer irregularidades constatadas;
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Esse acesso restringe-se aos limites do concurso de ingresso prestado! Ou seja, a servidora
municipal não pode ser removida para outro Município!
E se Federal? Como o juiz que julga é o Estadual, não poderá obrigar a União!
- Tem doutrina entendendo pela inconstitucionalidade deste inciso II, por dar ao
juiz comum competência que é de Juiz do Trabalho (a CF fixa competência absoluta
da JT para as matérias trabalhistas)!
Seção III
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de
atendimento;
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento
do agressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos
e alimentos;
IV - determinar a separação de corpos.
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da
mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras:
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em
comum, salvo expressa autorização judicial;
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da
prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III deste
artigo.
As medidas elencadas nos artigos 22, 23 e 24 são adjetivadas pelo legislador como DE
URGÊNCIA. Como tal, devem preencher os 2 pressupostos tradicionalmente apontados pela
doutrina para a concessão das medidas cautelares, consistente no:
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas:
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência;
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso;
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis.
LEGITIMIDADE:
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do
Ministério Público ou a pedido da ofendida.
§ 1o As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente
de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente
comunicado.
§ 2o As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão
ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados.
§ 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas
medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção
da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público.
CARACTERÍSTICAS
São, na verdade, espécies de TUTELA DE URGÊNCIA. São reguladas pela CAUTELARIDADE, exigindo a presença
de:
a) Fumaça do bom direito;
b) Perigo da demora. São, na verdade, espécies de TUTELA DE URGÊNCIA.
- 1a c.: a medida protetiva decai se não houver a propositura da ação principal no prazo de 30 dias, contados da
data de efetivação da medida (art. 806, CPC)
- 2a c.: a medida de urgência perdura enquanto comprovada a necessidade, ou seja, enquanto persistirem o
perigo da demora e a fumaça do bom direito, independentemente do ajuizamento de ação principal.
PREVALECE NO STJ + doutrina moderna!
Obs.
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva
do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante
representação da autoridade policial.
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta
de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
Observações:
Sendo o principal (medida protetiva) de natureza civil, o acessório (prisão preventiva), seguindo o principal,
também será civil. Logo, tem-se uma inconstitucionalidade, na medida em que só o Constituinte pode prever
hipóteses de prisão civil.
MEDIDA PRISÃO
PROTETIV PREVENTIV
A A
Natureza: civil
Natureza: prisão civil
Para aplicar a prisão preventiva, é preciso que estejam presentes os elementos do art. 312 do CPP, o que garante a
constitucionalidade da prisão.
(a) Desrespeito da medida sem acarretar a prática de crime (ex: voltar para o lar para pedir desculpas)
não é cabível a prisão preventiva.
(b) Desrespeito da medida para praticar crime (ex: volta para o lar para agredir a esposa) é cabível a
prisão preventiva, não importando o crime – inclusive de menor potencial ofensivo. = crimes que
não permitiam prisão preventiva, passam a admiti-la quando praticados com violência doméstica
e familiar contra a mulher.
O STJ, em 15/junho/2009, decidiu pela constitucionalidade da prisão preventiva prevista na Lei 11.340 – HC 132.379.
STJ, HC 132.379
HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER.
PRISÃO PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. ACAUTELAMENTO DA
INTEGRIDADE FÍSICA DAS VÍTIMAS. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO.
CRIME APENADO COM DETENÇÃO. POSSIBILIDADE DE DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA.
INTELIGÊNCIA DO ART. 313, INCISO IV, DO CPP.
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça
Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e
nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes
da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem
as normas de organização judiciária.
A lei Maria da Penha criou o JUIZADO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER, que têm como
características:
Crítica:
A competência cível leva à busca de conciliação; a competência criminal, porém, busca a condenação.
Enquanto, porém, não criado o Juizado, aplica-se o artigo 33 da LMP, segundo o qual as VARAS
CRIMINAIS ACUMULARÃO COMPETÊNCIAS CÍVEL E PENAL!
QUESTÃO DE CONCURSO
Concedida a medida protetiva pelo Juiz Criminal, pode o Juiz principal (cível) alterá-la ou ele fica a ela vinculado?
R. O Juiz cível – da ação principal – pode excluir a medida concedida ou alterá-la, ou conceder medida negada. A
decisão do juiz criminal, em sede cautelar, não vincula o Juiz cível no julgamento da ação principal.
Homicídio doloso no âmbito doméstico e familiar contra a mulher deve ter a 1ª fase do processo tramitando em
qual Juízo: Juizado da Mulher ou Vara do Júri?
- 1ª corrente:
Até a fase da pronúncia, o feito correrá no Juizado da Violência Doméstica (HC 73.161, STJ – 29.08.07);
HABEAS CORPUS – CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA PROCESSADO PELO JUIZADO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
FAMILIAR CONTRA A MULHER – NULIDADE – NÃO OCORRÊNCIA – LIBERDADE PROVISÓRIA – CRIME HEDIONDO –
IMPOSSIBILIDADE – ORDEM DENEGADA.
- Ressalvada a competência do Júri para julgamento do crime doloso contra a vida, seu processamento, até a fase de pronúncia, poderá
ser pelo Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, em atenção à Lei 11.340/06.
- Não há possibilidade de concessão da liberdade provisória, em crimes hediondos, apesar da modificação da Lei 8.072/90, pois a
proibição deriva da inafiançabilidade dos delitos desta natureza, trazida pelo artigo 5º, XLIII, da Constituição Federal.
- Tratando-se de paciente preso em flagrante, pela prática, em tese, de crime hediondo, mostra-se despicienda a fundamentação do
decisum que manteve a medida constritiva de liberdade nos termos exigidos para a prisão preventiva propriamente dita, não havendo
que ser considerada a presença de circunstâncias pessoais supostamente favoráveis ao paciente, ou analisada a adequação da hipótese à
inteligência do art. 312 do CPP.
- Denegaram a ordem, ressalvado o posicionamento da Relatora.
- 2ª corrente: prevalece que a 1ª fase do Júri corre perante o juiz criminal, de acordo com a lei de organização
judiciária. A competência do Júri é constitucional, correndo, portanto, o processo na Vara do Júri (HC 121.214, STJ
– 19.05.09). – majoritária!
PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. JUIZADO
ESPECIAL. COMPETÊNCIA. CONSTRANGIMENTO. RECONHECIMENTO.
1. Estabelecendo a Lei de Organização Judiciária local que cabe ao Juiz-Presidente do Tribunal do Júri processar os feitos de sua
competência, mesmo antes do ajuizamento da ação penal, é nulo o processo, por crime doloso contra a vida - mesmo que em contexto
de violência doméstica - que corre perante o Juizado Especial Criminal.
O recurso cabível contra a concessão ou denegação de medida protetiva é o AGRAVO (prevalece, até
mesmo porque essa medida tem natureza civil).
Tem prevalecido que o julgamento deverá ser pela CÂMARA CÍVEL do Tribunal (não há
consenso: existe suscitação de conflito de competência)
O art. 41 exclui a competência do Juizado Especial (L. 9.009/95), que é criação fundamental. Logo, há questionamento
quanto a sua constitucionalidade.
“Inexiste inconstitucionalidade na redação do artigo 41 da Lei Maria da Penha. Isso porque não
cuida o referido artigo de hipótese de organização judiciária, e sim, de matéria processual, ao dispor
sobre competência para o processamento transitório das causas decorrentes de violência doméstica
e familiar contra a mulher. Deve ser observado que a união detém competência legislativa para
assim dispor (art. 22, I, CF).”
Apesar de a lei mencionar apenas crimes, entende o STJ que a exclusão da L. 9.099 também se aplica às
CONTRAVENÇÕES PENAIS, argumentando-se que a expressão “crimes” deve ser interpretada de maneira ampla para
não afastar a intenção do legislador, qual seja não permitir medidas despenalizadoras para qualquer forma de
violência domestica e familiar.
Obs.
Para Rogério, a idéia é não permitir a banalização da Lei Maria da Penha através da
aplicação indiscriminada da Lei 9.099/95. Não se pode, porém, impedir a aplicação de
medidas despenalizadoras a quem as merece. Aliás, a aplicação da exclusão da L. 9.099 das
contravenções penais, tal como entende o STJ, configura analogia in malam partem.
PROCEDIMENTOS
1ª c.: não se admite suspensão condicional do processo em caso de violência doméstica e familiar contra a
mulher, benefício expressamente vedado pelo art. 41 da Lei 11.340/06. Melhor para TJMG e MP.
*Cuidado com o art. 17, nos casos de transação penal, de medidas restritivas de direito e condenação, pois não cabe a pena
de cesta básica nem medidas de prestação pecuniária nos crimes contra violência doméstica e familiar contra a mulher.
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de
penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que
implique o pagamento isolado de multa.
Obs. RETRATAÇÃO
R. O CPP, art. 25, diz que a representação é retratável até o oferecimento da inicial, quando se torna irretratável.
Já a LMP, art. 16, diz que a representação é retratável até o recebimento da inicial, e DEVE OCORRER NA
PRESENÇÃO DO JUIZ + MP! (retratação solene).
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que
trata esta Lei, só será admitida a renúncia [leia-se RETRATAÇÃO] à representação
perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do
recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
CP LMP
Obs.
1ª corrente:
A ação voltou a ser pública incondicionada nos casos de lesão corporal dolosa leve contra a mulher, tendo em
vista a redação do art. 41 da LMP que excluiu a aplicação da L. 9.099/95, documento este que condicionava a
ação penal. Também se diz que a violência de gênero é incompatível com a representação (se a mulher é
vulnerável, não poderia apresentar representação). Não bastasse, a lesão no ambiente doméstico e familiar é
grave violação dos direitos humanos, incompatível com ação pública condicionada – STJ (julgados
minoritários), LFG.
2ª corrente:
A ação penal continua publica condicionada. O art. 41 da LMP quer evitar as medidas despenalizadoras
exteriores à vontade da vítima (especialmente composição civil e transação pena), não eliminando a condicao
de procedibilidade inerente à vontade da mulher [representação]. Porque foi agredida, não perde a mulher
sua capacidade, podendo DECIDIR se quer ou não o processamento do agressor. Prevalece no STJ, R. Sanches.
ATENÇÃO:
Foi divulgado parecer da Subprocuradoria Geral da República, atuando no STJ, dizendo que a ação pode ser
incondicionada ou condicionada a depender do caso concreto.