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WAS AMERICA: HISTORIOGRAFIA E ENSINO Ledonias Franco Garcia’ Resumo Este attigo apresenta uma répida visio dos caminhos da historiografia americana ‘803 caminhos do ensino de Historia da América no Breil, salientando trés aspectos: 8) 2s imagens fundadoras da América, tansparentes nas obras que constituem a historlografis americana; b) a8 imagens que o Brasil construiu sobre a América Latina ¢ sobre si ‘mesmo; c) 0 peso dessas imagens influenciando nos espacos dedicados aos estudos de América, Palavras-chave: Pampa; Sertio; Territérios Nagdo. ‘Nesses iltimos anos acredito que os estudiosos da Hist6ria da América, aqui no Brasil, tém sentido necessidade, mais do que antes, de refletir sobre as experiéncias vividas no oficio de ensinar e/ou pesquisar nessa area. Uma necessidade compartilhada pela maioria dos profissionais ncla envolvidos e nao por julga-la mais importante do que as outras, mas por reconhec8-la como a drea da Histéria que ainda ver sofrendo para ganhar corpo e se desvencilhar dos rétulos recebidos, que acabaram por colocé-la como desnecesséria ou de pouca importincia no conjunto dos estudos de Histéria. Escrever um pouco sobre a minha experiéneia de trabalho na area de América ¢ as impresses que me ficam 2o tentar ver 0 ensino de * Professoca aposentada de Histéria da América do Departamento de Mis:éria da Universidade Federal de Goids, Doutorands em Historia Sociel pela Universidade de Sa0 Paulo ‘isterio Revista, 21): 33-50, jan.jun,. 1997 33 Histéria da América, no Brasil, é 0 que desejo fazer aqui. Reconhego, no entanto, que essa espécie de depoimento acaba nao sendo individual, pois seria imposs{vel fazé-lo sem fatalmente me esbarrar na maioria de meus pares. As expcriéncias, tanto as bem-sucedidas como as malogradas, sio semelhantes principalmente entre a geragdo que hi vinte anos, mais ou menos, vem trabalhando com tematicas americanas, Relatos sobre a Histéria da América aqui no Brasil t¢m aparecido, vez ou outra, nos simpésios, semindrios ¢ em breves comentérios nas revistas especializadas. Socializar regularmente as marchas ¢ contra-marchas desse percurso de experiéncias de trabalho € um exercicio sempre necessario. Mais do que revelar os caminhos que a Histéria da América vem percorrendo, os relatos em forma de balangos também cumprem 0 papel de ajudar a dar corpo a idéia de América que cada €poca tem tragado através dos objetos de estudo, dos enfoques e metodologias priorizados. Ao organizar as pequenas andlises est4-se elaborando tanto a critica das etapas vividas como oferecendo informagées aos recém- ingressos na drea, que muitas vezes desconhecem os caminhos ja percorrides. Ao comegar a dar corpo a estes escritos cu pensava em tracar 0 mapa dos caminhos percorridos pela histéria do ensino de Histéria da América no Brasil, Pensava em assinalar o momento em que a disciplina entrou nos curriculos das universidades, o lugar que ocupou nesses cutriculos, os programas que formavam a disciplina, os temas abordados, as bibliografias que acompanhavam esses programas etc, A medida que me esforcava para articular esses dados pereebi que este comego nao fazia sentido nessa direcao proposta. Algo muito mais forte precedeu a tudo isso: “as idéias que “fundaram’ a América e 0 peso que tiveram na formagao do pensamento dos americanos sobre si mesmos e, por decorréncia, sobre a sua historiografia”. De forma especial desejo mostrar como os latino-americanos interiorizaram essas idéias fundadoras ¢, de forma mais especial ainda, como 0s brasileiros, com essas idéias interiorizadas, viram o continents a si mesmos. Este 0 Tumo que dei aeste escrito meio relato, meio depoimento, meio balanco. Essas iddias que nasceram ¢ vingaram so formadoras das grandes linhas que de ceria forma vém ‘costurando’ a historiografia americana, principalmente a historiografia latino-americana nesses 500 4 GARCIA, Ledonias Praneo. América: historiografia e ensino, anos, constituindo-se em estruturas que sustentaram as obras basicas da historiografia. Escolhi a historiografia para ser 0 eixo por onde as meus comentirios estarao permanentemente s¢ tocando. Sobretudo a escolhi porque posso usé-la como ponte para explicar os rumos que o ensino da Histéria da América tomou a partir das idéias construfdas sobre o continente ¢ assimiladas de forma particular pelo Brasil. Considero dificil pensar a América sem as imagens criadas desde © descobrimento, pois elas se tornaram mitos e de tempos em tempos reapareceram nesses cinco séculos, as vezes com roupagens diferentes, mas na esséncia as mesmas. Ou melhor, sempre reaparecem carregando as concepgdes primeiras que impregnaram as visées sobre 0 continents: “A América nao era apenas um cendtio para a verificagao dos mitos, pois também seria convertida, depois de incorporada ao universo imaginario do Ocidente, em um ‘novo viveiro de imagens’, conforme a feliz metéfora do poeta José Lezama Lima” (Ainsa, 1992). A historiografia sobre a América — utilizo aqui a historiografia de uma forma ampla: cronicas, cartas, didtios, obras de Historia, obras literérias, relatos de viagem, ensaios politicos, sociolégicos, econdmicos' = nasceu das m&os dos europeus/descobridores nos didtios, cartas ¢ crénicas, no momento da descoberta ¢ conquista dos espagos ¢ pessoas © perdurou durante a colonizagdo e para muito além dela. Descrevendo © que via, 08 europeus usaram as imagens que determinatam os depoimentos, marcando 0 tom do relato carregado pelo impacto sobre 0 diferente, o estranho, o desconhecido e o jamais imaginado. “Diferente”, “original”, “exdtico”, palavras empregadas para descrever a natureza e as pessoas tém vingado ao longo de 500 anos e acabaram virando emblemas para distinguir 0 continente ¢ fontes de explicagdes bascadas nos caracteres étnicos @ raciais, nos habitos e costumes, na fauna, flora e clima... No século XVII as obras sobre a América foram marcadas também pelas explicagdes filosdficas assentadas no iluminismo. A filosofia aparecia reconhecida como elemento-chave do processo hist6rico, mas atrelada aos estudos de ciéncia como os de Lineu, Buffon, Cornelius De Pauw que, cm seus respectivos campos, incluiram a América cm suas especulag A provavelmente foram os que mais influenciaram na elaboracdo das idéias Historia Revista, 11): 33-50, jan.jun., 1997 35 com forte desprezo pela natureza, flora, animais ¢ homens americanos. Montesquieu, Buffon e De Pauw acreditavam que 0 clima americano dos trépicos nao favorecia nem a natureza mcm aos homens ¢ no havendo aqui animais de grande porte, os que havia eram classificados como degencrados. As plantas ¢ acs homens aplicavam o mesmo raciocfnio, Para eles 0 calor néo ajudava o pensamento e ainda convidava & preguica c & depravagio (Gerbi, 1989). Os americanos, para De Pauw, exam povos selvagens e sem historia, convicgao que ajudou a montar a teoria de um “vicio radical”, conforme escreveu Michele Duchet: “antes de serem vitimas da crueldade dos conquistadores, os americanos 0 foram do clima, do solo, da imensidao do continente que desafiava a indéstria humana” (Ventura, 1994, p. 23). Essas idéias somadas as dos séculos anteriores —originalidade e exotismo—reforcaram oimaginitio sobre a América, ou seja, formaram um conjunto de representagies que passou a abrigar as explicagdes para a realidade do continente. A América emtrou no século XIX carregando 0 conjunto: exotismo, originalidade, barbarie, preguiga, sensualidade, debilidade fisica e mental, natureza mids e podre etc. Imagens que apareciam nos discursos dos europeus ¢ de muitos latino-americanos. Na luta pela independéncia, as jovens nagées tiveram que encontrar argumentos para pensar ¢ representar 0 continente ¢ dentro dele claborar as suas obras nacionais. A preacupacio primeira foi reunir © apresentar as caracterfsticas nacionais e dar corpo ao “ser nagio”, como se Ié nos escritos de Andrés Bello, Francisco Bilbao, José Maria Mora, Domingos Sarmiento, José Victorino Lastartia, Bartolomeu Mitre © tantos outros. Apontaram, esses pensadores, para os elementos autéctones da América, mas como conjugé-los com as idéias de progresso do século XIX? Estava colocada uma questio complexa para as jovens nagdes: como equilibrar a civilizagao ¢ a barbérie? Para o ‘ser nacional’ existir Procuravam as suas origens nas raizes mais profundas que corpori- ficavam a nacao ¢ acabavam por se deparar com as forcas ‘primitivas’ que representavam a barbérie da qual pretendiam fugir, em busca da civilizagio. Um dilema complicado c perigoso para 0s criollos que ja haviam interiorizado as representacdes estrangeiras sobre a América num exercicio de adaptacia ¢ reinvencao do continente, mas precisavam do “algo nacional” (Pratt, 1994, p. 175), 36 GARCIA, Ledonias Franeo, América: historiografia¢ ensine. ‘As obras dos viajantes nacionais ¢ estrangeiros ~ os estudos ¢ os relatos de viagens muito comuns apés os movimentos de independéncia — constituem uma outra vertente da historiografia da América nesse periodo e uma fonte rica cm informagdes carregadas também das idéias de progresso/atraso ¢ civilizagao/barbaric. Os viajantes estrangeiros tinham muito interesse om conhecer as novas nagées que surgiam, os espagos que as constituiam, a natureza que thes dava o perfil e os recursos possiveis de exploragio. Os viajantes nacionais safam em busca do espago para dar corpo 3 nagio. Buscavam clementos onde pudessem encontrar a identidade nacional. Partiram de varios Pontos, a maioria com as idéias deixadas pelos cientistas do século XVIM ese deparavam com a tealidade que, nao raramente, 0s fazia rever teorias, redescobrir espacos ¢ reinventar a América. De modo geral as obras de historiografia latino-americana da segunda metade do século XIX estavam amparadas nas teorias do progresso das sociedades ligadas ao darwinismo, ao spencerianismo ou ao positivismo. A influéncia dessas teorias € muito visivel nas historias nacionais, nos ensaios sociopoliticos e nas obras dos viajantes. A sociedade passou a sex analisada segundo os padrécs de evolugio em diregio ao progresso e & etapa final de civilizugio. O final do século XLX foi marcado pelas obras dos chamados “organicistas sociais” americanos que fizeram a ponte para a século XX. A palavra que definia essas obras cra “enfermidade”. A sociedade latino-americana foi analisada como um organismo vivo ¢ em crescimento, entretanto, sujeita ao virus da “enfermidade” que poderia impedir o seu desenvolvimento normal. As principais obras dessa época: em 1899, Manual de patologia politica, do argentino Agustin Alvarez, ¢ o artigo “Bl continente enfermo”, do venezuelano César Zumeta; em 1903, Nuestra América, em 1905, Enfermidades sociales, dos argentinos Carlos Otdvio Bungue e Manuel Ugarte, respectivamente; em 1909, Pueblo enfermo, do boliviano Alcides Arguedas; em 1916, O grande doente da América do Sui, do brasileiro Basilio de Magalhaes. A “enfermidade” social — entendida como vicios de origem, cortupeaio, ganincia, desonestidade, desvios de comportamento, ignorancia, conservadorismo — foi mais uma mancita de representar 0 continente ou parte dele como um docnte. Foi mais um ingrediente desabonador para as jovens nagies do “novo mundo”. Historia Revisla, 2€1 33-50, jan.iun,, 1997 37 Pouguissimas foram as obras que apresentaram, & época, uma andlise diferente ¢ outros angulos para enxergar a América. A ilusiio americana, de Eduardo Prado , 1893, América Latina — mates de origem, de Manoel Bomfim, 1905, e Ariel, do uruguaio Enrique Rodé, publicada em 1901, bem como varios artigos do cubano José Marti siio exemplos significativos. Basilares para a concepgdo de Historia da América no século XX, as obras de entrada nesse século contribuiram para as interpretagoes ancoradas em alguma vertente da questao racial. O caldeirao de ragas na América Latina fornecia material precioso para esses discursos, 0 que nao acontecia na América anglo-saxénica que nao se primou pela mestigagem. Por seu lado ajudou a fomentar os argumentos que viam 0s mestigos como uma sub-raga, Na segunda década do século XX houve a chama de um novo. ‘americanismo' na América Latina e dentro dele o ‘indigenismo’ — os peruanos José Carlos Maridtegui e Gonzalez Prada, 0 boliviano Franz Tamayo, 0 mexicano José Vasconcelos ¢ 0 argentino Ricardo Rojas foram os principais. Enfoques marxistas ¢ enfoques predominantemente culturalistas. Vale ressaltar que a abordagem culturalista da histéria tatino- americana foi visivel até infeio do século XX e dava sustentagao aos discursos dos conservadores que se apoiavam nas explicagées racistas © culturais para justificar suas préticas politicas. Somente nos anos 20 € 30, sob a influéncia do socialismo, alguns pensadores comegaram a construir andlises com a énfase socioeconémica. O pensamento da CEPAL dominou nos anos 50. O cerne desse pensamento se apoiava na investigagao dos caminhos possiveis para 0 descnvolvimento econdmico dos paises latino-americanos através da industrializagio. O ‘atraso’, muito salientado no XIX, passou nas interpretagoes da CEPAL a ser o ‘subdesenvolvimento’, O racioeinio basico era 9 de que em quatro séculos a América Latina nao havia chegado ao desenvolvimento e cabia entdo atingi-lo através da industrializagao. Varios sociélogos, economistas, historiadores — principalmente do Chile, Argentina ¢ Brasil — utilizaram esse modelo explicativo cm suas andlises predominantemente voltadas para a economia, destacando-se Hélio Jaguaribe, Aldo Ferrer, Celso Furtado, Jorge Graciarema, Gino Germani, Luiz Pereira ¢ muitos outros. 38 GARCIA, Ledonias Pranco. América: historiografia« ensino, Na esteira da CEPAL apareceu, no final dos anos 60, a Teoria da Dependéncia, “inaugurada’ pola obra Dependéncia e desenvolvimento na América Latina, de Fernando Henrique Cardosv¢ Enzo Faletto, Além de pereeber a dependéncia econdmica esta teoria se voltava para as anélises sociais. Muitos outros trabalhos nesse periodo utilizaram a dependéncia em suas vérias fases para explicar a situacio da América Latina. A obra Capitalismo dependente e classes sociais na América Latina, de Florestan Fernandes, é um exemplo. Os estudos socioligicos ce economicistas influenciaram grandemente os historiadores ¢ acabaram por dominar as reflexes sobre o continente, substituindo, nos cursos de histéria, as proprias obras de Historia. Numa Gnica expressio: os trabalhos de Histéria ficaram ofuscados, em segundo plano. Era 0 dominio dos cstudos das Ciéneias Saciais para entender a América imperialismo foi a tOnica das obras dos anos 70. O marxismo eraa estrutura tedrica das obras, mas dando-Lhes conformagiv estava 0 confronto permanente entre as forgas do ‘capitalismo norte-americano” © 0 ‘subdesenvolvimento da América Latina’. As intervencdes norte- americanas a0 sul do Rio Grande foram as expresses acabadas do dominio imperialista no continente, culminando com a Revolucio Cubana ¢ a derrubada de Allende no Chile, sem contar os ‘movimentos de bastidores’, que resultaram om golpes ¢ mais golpes militarcs acima ¢ abaixo do Equador. A producao histotiografica nascida no combate dessas duas forcas carregava a bandeira do antiimpcrialismo. O Desenvolvimento do capitalismo na América Latina, do equatoriano Agustin Cuevas, Historia contemporanea da América Latina: imperialismo e liberlacao, do mexicano Pablo Casanova, ilustram hem o periodo Na efervescncia desses anos criou-se mais um mito/rétulo do hispano-americano como revolucionario, guertilheiro, desordeiro, tetrorista e subversivo. Na verdade este mito estava dentro das anteriores, todos alimentados de alguma forma pelas teorias racistas. No corolario de rétulos a América do Norte foi condenada a ser reaciondria ¢ @ América Latina exaltada como revoluciondria, Camilo Torres, Che Guevara, Fidel Castro, Carlos Lamarca, os Tupamaros, ¢ outros eram (ou ainda sio?) as imagens que representavam o mito prescnte nos discursos historiogréficos (Rangel, 1982, p. 12). Histéria Revista, 21): 3350, jan jun, 1997 30 Apareceram nesse perfodo livros ¢ livros que tiveram enorme acolhida ¢ representaram a dltima palavra cm América Latina como 0 do uruguaio Eduardo Galeano, As veias abertas da América Latina, ‘que se tornou um fendmeno de vendagem. Na verdade o que se passava para os interessados no tema, com raras excegocs, cra o conhecimento bastante localizado de um aspecto da América. Mas, ¢ o conhecimento histérico para compreender cada pais? E 0 processo histérico anterior a0 imperialismo? Nao, isso nao aparecia e nem precisava, pais as relagées imperialistas j4 bastavam. Essa forma de interpretagio ajudava a reforgar 05 equivocos sobre a Historia da América, porque a recortavaem pedagos, 0s encaixava nas grandes linhas de interpretagio da Histéria & época, o marxismo ou estruturalismo, e fora disso nenhum outro encaminha- mento tinha sentido. Revendo hoje as discussdes sobre 0 subdesenvolvimento e 0 imperialismo na América Latina que duraram mais de trés décadas, € possfvel perceber a presenga de uma idéia que virou quase uma premissa: os Estados Unidos deram certo e a América Latina, nio. Implicita estava a questo: fomos determinados ao fracasso desde a colonizagio. Uma forma de néo enxergar safdas fora desse determinismo ¢ nem enxergar 0s paises latino-americanos capazes de agdes que néo as teleguiadas pelas forgas externas. Isso conduzia a compreensio da América Latina como inativa, sem vida e energias préprias. Em suma, uma marionete em mos estrangeiras, Nessa batalha norte — sul, novamente as questées sobre o ‘ser’ latino-americano vieram a tona. “Existe uma cultura fatino-americana?”, o que equivale a “Vocés existem?”, pergunta formulada, na Europa, a0 cubano Roberto Fernandez Retamar e com a qual ele comegou Caliban € outros ensaios, obra que re(ine muitas reflexdes sobre as questées de identidade, Na verdade 0 autor fez uma ligagio de todas as imagens sobre a América, ctiadas ao longo dos séculos. Na década de 80 comegamos a enxergar por todo o continente obras indicando que os ventos dos novos rumos da pesquisa em Histéria, realizada na Europa, haviam soprada por aqui. “Novos temas”, “novos objetos” e “novas abordagens” brotavam aqui e acol4. Histéria Cultural, Histéria das Mentalidades, Histéria do Cotidiano etc., abrigando os objetos delas desdobrados. 40 GARCIA, Ledonias Franco. América: historiografie ¢ ensino, Nesse rastro as teméticas latino-americanas tém oferecido possibilidades imensas. Uma multiplicidade de objetos veio @ tona, alguns quase totalmente ignorados, outros deixados & margem porque considerados de pequena importancia, Nas maos dos pesquisadores os novos objelos esiéo ganhando vida, respondendo a perguntas, sugerindo novos métodos ¢ questionamentos, apontando outros caminhos ¢, mais do que antes, buscando a aproximagio com os campos de outras ciéncias. E visivel a presenca da ciéncia politica, da critica literéria, da lingiifstica, da antropologia ajudando a Hist6ria a lidar com os seus objetos de pesquisa, A chamada “nova histéria cultural” tem sido essencial para criar novos enfoques sobre a América, principalmente em sua porgao latina. O que pretendo dizer é que as expressbes culturais passaram a ter outro estatuto aos olhos dos estudiosos ¢, como conseqiiéncia, estéo a exigit outro tratamento, Antes, tudo aparecia rotulado de subdesenvolvimento, atraso, inércia, mundo primitivo... Agora, nao mais. E impossivel apenas rotular de atrasados os paises que produziram expressdes to profundas na cultura: misica, artes, literatura... Essas expressdes indicam muito mais. Exigem outros comportamentos para se compreender a Historia, Apesar das impressdes equivocadas é preciso observar que nem. tudo ¢ objeto novo ou faz parte de teméticas inéditas. A caracteristica desse nova félego em relago A América esti, antes de tudo, na mudanga de comportamento em relagio & Histéria do continente, Essa mudanca tem allerado muito a forma de trabalhar os objetos, de exploré-los e, principalmente, de articuld-los com o universo do qual fazem parte. Podemos comparar esse novo félego a uma caminhada por dentro de velhos lugares alé entao olhados apenas de longe e por novos lugares jamais vistos nos roteiros de investigagao sobre 2 América. Trata-se de uma aproximagao ¢ uma reavaliagao da América Nesse novo tempo, se & passivel assim ser chamado, nfo se pode esquecer a passagem dos 500 anos da chegada de Colombo no continente pois representou uma motivacio. tanto. Nio somente refletiu nas historiografias regionais americanas, como foi tematica em muitos outros paises como Franca, Itélia, Inglaterra, Alemanha, Holanda, Portugal, Espanha, para no citar todos. Sem divida foi uma passagem que propiciou, apesar das divergéncias de condutas, miltiplos enfoques © a possibilidade de trabalhos analisando o continente como um “todo Historia Revista, 2(1):33-S0, jan jun, 1997 a formado das diversidades”, Nao so raros os trabalhos feitos lé fora que apresentam anilises ricas de objetos genuinamente americanos. Hoje, cada vez mais se nota a “nova histéria” convivendo com a Historia coneebida de forma tradicional. Nao estamos mais pressionados pela intolerancia de um modelo de anélise sobre os demais. Nio assistimos mais ao império por um inico viés de andlise ditado pelas grandes linhas totalizantes. Ahistéria politica tem estado muito forte em alguns paises, mas nao mais no modelo formal ¢ classico e sim em estudas voltados para as instituig6es politicas, os partidos como representagécs, as expressies ligadas a cidadania, os espagos das associages, o exeretcio das priticas politicas fora dos partidos ete. A Hist6ria tem dialogado muito freqtiontemente com a literatura e hoje abriga a ficgao sem problemas de identidade. Naosc pode esquecer que a literatura através do romance histérico vem contribuindo grandemente para essa aproximacao. Como pensar a Historia da América hoje sem nos valermos da literatura? Para citar apenas um exemplo: como ignorar Cem anos de solidéo, de Garcia Marquez, numa busca de compreensio da América? Mas como ligar todo esse trajeto historiografico, rapidamente apresentado, com o ensino de Histéria da América no Brasil? Como conjugar esse caminho feito pela historiografia com um outro quadro de referéncias, o do ensino? E preciso fazer uma passagem. Como? Pensando, primeiro, como o Brasil viu a América. As imagens criadas sobre a América, em especial sobre a América Latina, foram assimiladas pelos americanos de modo geral ¢ pelos brasileiros de forma muito particular. © Brasil se colocou ¢ se viu diferente do restante da América Latina. Diferenca que se acentuou com a independéncia ¢ est presente nas idéias registradas em sua historiografia. Como nica colénia portuguesa na América, o Brasil se manteve isolado das demais coldnias hispano-americanas suas vizinhas e sobre clas guardou imagens que até hoje rodam por ai. Apesar de set uma parte da América Latina nao se viu nesse todo. Cultivou 0 vicio de a2. GARCIA, Ledonias Franco, América: hisioriografia ¢ ensino. olhar para o Atlintico c sempre de costas para os vizinhos da América hispinica. Era como estar afirmando ser uma perda de tempo dedicar esforcos 4 compreensao da histéria dos paises da América Latina com ‘os quais ndo tinha qualquer identidade, Era uma Historia que nao fazia parte do universo de interesses dos estudiosos de Histéria no Brasil. Os brasileiros ndo se reconheciam pertencentes a latinidade americana, Um sentimento fortemente estruturado enquanto forjava a idéia de nagdo brasileira e onde a historfografia ganhou o seu perfil nacional. Por outre lado, a Historia dos EVA deixou marcas signiticativas. Freqientemente lembrada através de episddios que se tornaram emblematicos, como a cxperiéncia das 13 coldnias, a obra bem-sucedida do povoamento, a proclamagio da independéncia, a construgio da democracia, a Guerra de Scecssao... A idéia que ficou foi a de uma histéria grande!! Nao a histéria de uma parte da América mas a ‘Histria da América’. Uma historia bonita e vencedora que nao encontrava similar 1 sul do Rio Grande. Situagio que ajudava a explicar a razio de muitos dos alunos, no inicio do curso de Histéria, desconhecerem totalmente & Histéria da América Latina mas possuirem conhecimentos sobre varios momentos da Hist6ria dos Estados Unidos. O Brasil se identificau com os seus vizinhos hispinicos unicamente quando estes defenderam as mesmas idéias suas, aquelas que nao destoavam da visio de pais pacifico, ordeiro e que buscava na Europa e nos Estados Unidos a inspiragéo de desenvolvimento progresso, Eram idéias correntes no XIX e significavam um chamamento para que os latino-americanos se espelhassem na Europa anglo-francesa ¢ nos Estados Unidos da América do Norte. Deixavam transparecer a dificuldade ¢ um certo constrangimento para tratar com 0 mundo indigena e mestico latino-americano. O Brasil ficou a olhar para o Atlantic como se esperasse 0 cumprimento de uma profecia ~ a chegada da civilizagao, voltado para o sol que nasce, tendo, pela facilidade da viagem, os seus centros populosos mais perto da Europa que da maioria dos outros paises americanos; separado deles pela diversidade de ori- gem ¢ da lingua; nesn 0 Brasil {isico, nem o Brasil moral formam um sistema com aquelas nagdes”. (Prado, 1957, p. 10) Historia Revisia, (1): 33-50, jan.jun,, 1997 a Era dificil olhar para trés, para sertao. Além de penoso cra um exercicio desnecessirio, uma vez que de é nio chegaria a civilizagio, Este ora 0 limite da viso formulada no litoral do Brasil, tanto de seu proprio interior quanto da América espanhola. Viséo muito localizada e de onde nao se enxergava sequer 0 pafs como um corpo inteiro, com articulagdes, intercambios, raizes, circulagao, muito menos a América Latina e, muito menos ainda, a América como um todo. Além do mais, a maioria dos paises americanos de lingua espanhola faz os seus limites fifsicos com o Brasil, justamente nas linhas extremas do seu interior mais profundo. Esta geografia de frontoiras interioranas acabou por forcar uma situagio duplamente fora de foco porque muito distante, numa vastiddo incomensurdvel c profundamente marcada pela idéia do vazio, Hé a considerar que cravada no imaginizio brasileiro estava a idéia da desordem, das divis6es regionais, das desavencas entre os caudilhas como as marcas de origem das repiblices hispano-americanas. Isso funcionava como um ‘pecado original’ do qual as recém-formadas repiblicas nao se livtariam e, ainda, poderiam contaminar o vizinho Os “bandolciros’ tanto dos pampas como dos Thanos inspiravam preocupagdo, Essas imagens facilitavam aos observadores brasileiros, 8 diplomacia sobretudo, a elaboracdo de interpretagées equivocadas sobre os processos de histéria regional ¢ sobre as estratégias para as relagdes diplomaticas. Se nos 300 anos do periodo colonial as telacdes nao haviam criado lagos, no século XIX elas se tornariam ainda mais distantes. As jovens nagdes, cada qual 8 sua mancira, procuravam evidenciar 0 lastro de identidade, a “cor” da nacao. Um perfodo que nfo facilitou a construgao de grupos regionais e de intercambios politico- culturais. Para o Brasil ‘monarquico’, ‘pacifico’ ¢ ‘unido’, a imagem da ‘América Latina era a de uma grande regio dividida em varias repiblicas, insurgentes ¢ instaveis, Entretanto sobre os EUA, um pais que também se tornou republicano, criou-se uma outra imagem, Os problemas 20 Tongo do século XIX, apesar de graves, como por excmplo, a guerra com 0 México, a Guerra de Secessio, a dizimagio de indios no avango da fronteira, néo comprometeram a imagem positiva e de vencedor. Pelo contrério, esses acontecimentos foram visies como obstéculos que uma vez superados ajudaram a fortalecer 0 cumprimento do ‘destino 44 GARCIA, Ledonias Franco, América: historiogrofia ¢ ensino. manifesto’, a construir a histdria venecdora para a qual o Brasil se voltava na busca de modelos de civilizugao, sempre que necessariv. Os pensadores brasileiras enveredaram por esse caminho ¢ com um agravante, « América Latina foi sempre vista como um bloco tnico. As especificidades ¢ as enormes diferencas regionais nao apareciam soja por desconhecimento ou desinteresse em avalid-las. As vezes, no entanto, no aspecto da cultura desmembrava-se tudo para no pensar sobre 0 todo, como bem lembrou 0 prefaciador de A cidade das letras: (Jo trabalho de Angel Ramos foi o de um mestre latino-americano que pensou ¢ imaginou a cultura dos nossus pafses como uma wolalidade, Um todo heterogénco, de dificil redugio em termos de . Um todo com histérias particulares, com énfases ¢ ritmos diferentes, mas nunca alicnados, nem totalmente desmembrados ‘ou atomizados. (Rama, 1984, p. 14) B agora, como rounir essus duas vertentes historiogréficas com o ensino de Histéria da América no Brasil? Como relacionar tudo isso? Comegamos por observar que nao por acaso a Histria da América, tem recebido pouca atengio nos nosses meios académicos, ‘nos grupos de pesquisa, nos 6rgios financiadores de pesquisa, enfim, raramente foi considerada relevante tanto pelos pesquisadores como polos professores. Historicamente a América nunca foi uma rea privilegiada em qualquer desses lugares relacionados ¢ sem se dat conta esses espacos ainda continuam carregando as herangas de imagens construidas 14 fora ¢ assimiladas pelos brasileiros num processo de autoprotegao. Os desdobramentos dessas imagens que o Brasil tomou como suas, para se posicionar em relagio & América Latina, rendem frutos ainda hoje, mais do que podemos imaginar. Desde que os curriculos das universidades adquiriram os primeiros contornos da fisionomia que hoje possuem, eles passaram a refletir © que se achava implicito on explicitamente na visio que se linha da América. Por longos anos convivemos, principalmente nos cursos superiores de Historia, com a disciplina Histéria da América mais ou Historia Revista, (2): 33-0, jan.jun, 1997 45 menos apagada, Na maioria das vezes relegada aos cantos dos curriculos como alguma coisa que incomodava e acabava por criar constrangi- mentos, A prima pobre dos curriculos atazanava a vida dos departamentos sempre a cata de professores pegos a lago para trabalhar com uma disciplina sem atrativos para eles ¢ muito menos para os alunos, Uma condigao arida em motivagoes. Se, por um lado, isso era resultado de um tipo de compreensio que se criou sobre a Histéria da América, por outro, passou a produzir um comportamento intelectual equivocado que foi alargando cada vez mais os descaminhos desta area de estudos. Os minguados espacos cedidos para a América néo conseguiam roverier a situagdo jé cristalizada de pouco interesse pela area e até de um certo accntuado desprezo. Ofuscada, a drea nao conseguia criar um corpo firme que facilitasse lutar contra as intempéries ¢ que estimulasse a pesquisa ¢ a docéncia, No 1. ¢ 2° graus 0 quadro nunca foi melhor. Os conteiidos do ‘campo da América, que integravam os programas da disciplina Histéria em cada série e nivel, apareciam sempre muito timidamente, quando apareciam. As vezes cm forma de recortes feitos aleatoriamente, desligados na maioria das vezes do comtexto ¢ com ares de que apenas marcavam a prescnga por obrigatoriedade. Uma outra fisionomia dessa situagéo foi quando alguns volumes didaticos apareceram dedicados unicamente a América. Nesse caso os contetidos da area receberam tratamento especifico, mas freqiientemente faltaram as andlises de conjuntura, tanto com o Brasil como com a Histéria Geral, Ha que somar a tudo isso a falta no Brasil, até poucos anos atrds, de obras de referéncia sobre as temiticas latino-americanas, Aqueles professores ¢/ou pesquisadores que se aventuravam a trabalhar Nessa ditecao pagaram um prego alto. A reduzida bibliografia era conseguida nas viagens ou através dos amigos residentes no exterior. As editoras estrangeiras somente nos visitavam em ocasides de feiras € congressos expressivos mas, é claro, isso valendo para as universidades do cixo Ric-S Paulo e da regio Sul. O restante do pais penava! Longe dos grandes centros, das livrarias, dos eventos, ia forjando, numa grande aventura, a existéncia da disciplina — ensinando ¢ pesquisando — nas universidades pequenas ¢ com as bibliotecas especificas a beira da miséria. 46 GARCIA, Ledonias Franco, Ansérica: historiografta e ensina, O mimero de obras produzidas por brasileiros sobre a América Latina até os anos 70 era reduzido e como as importagées de livros estrangeiros nao era coisa facil, sobreviviamos muito pobremente. Ou melhor, sobrevivemos! Os pouquissimos interessados nas tematicas americanas conseguiram fazer a travessia, acredito eu. Somos muitos agora se comparados aos anos 70 ¢ 80 ¢ estamos hoje muito melhores do que antes, isso 6 inegdvel. Embora ainda estejamos nos descobrindo como americanos e principalmente como latino-americanos, ainda Tutando contra as seqitelas de uma produgao historiogréfica que em varios periodos vingou muito fortemente impedindo o surgimento de outras interpretagées. Somente nos anos 80 as nossas livrarias e bibliotecas passaram a oferecer um néimero significativo de obras de referéncia para a América Latina. © interesse pela area aumentou. As teméticas pesquisadas formam hoje um painel variadissimo e estio concorrendo lado a lado ‘com as tematicas das outras areas da Histéria. Observa-se também que varias das pesquisas realizadas transformaram-se em livros que jé fazem parte dos acervos especializados sobre a América, por esse Brasil adentro. Confirmando esses dados que demonstram uma outra época, pode-se apontar 0 panorama editorial nesses Gltimos 10 anos, ou pouco mais. Verifica-se que houve a publicacao de coletaneas de textos documentos, cobrindo varios perfodos da hist6ria do continente; relagées de fontes para a pesquisa no Brasil! e em varios outros pafses; organizacao de catalogos sobre acervos especializados em América; novas edigées de obras raras; tradugio de obras primarias; trabalhos comentados sobre obras ¢ autores considerados fundamentais; colegao de trabalhos classicos como a Biblioteca Ayacucho; reuniao de trabalhos de varios paises sobre as mesmas teméticas como é o caso da coleténea América Latina: palavra, literatura e cultura, organizada por Anna Pizarro, © Fuentes de la cultura latinoamericana, organizada por Leopoldo Zea, além é claro, de muitas outras como um projeto da UNESCO sobre 0. continente que ainda esta a caminho. EB absolutamente visivel 0 quadro positivo criado pela produgio ¢ pela circulagao de varias colegbes de grande alcance, para universitaris e alunos de 2." grau, Tudo é Histéria ¢ Encanto radical, da Brasiliense; Discutindo a Historia, da Atual; Prineipios ¢ Grandes cientistas atuais, Histéria Revista, 21) 33-50, jan jan., 1997 47 da Atica, sao algumas delas. Mas existem também muitos titulos avulsos, publicados por diversas editoras que atingiram um altissimo mimero de leitores. Assuntos, os mais variados, puderam chegar as maos dos interessados sem maiores esforgos. A América hispinica tem sido a mais focalizada ¢ a América anglo-saxénica quase saiu de foco. No rol das mudangas ha que mencionar o crescimento do nimero de cursos de mestrado tendo como fea de concentracio a América na década de 80 ¢ o surgimento dos doutorados na mesma linha, nos anos 90, Jé nfo é mais raridade, nos meios académicos, os professores com especializacao em América, o que € muito positivo para 0 quadro geral do ensino, Percebe-se também as disciplinas voltadas para a América sendo oferecidas a partir de outros eixos que nic o da bipolaridade América Anglo-saxonica versus América Latina ou América versus Europa, mas América e Africa, América e Ocidente. Por si sds esses fatos 4 comprovam um outro comportamento intelectual, uma outra dimensio para a América. Com o final dos anos de chumbo, com os bloqueios ¢ a censura desaparecendo pouco a pouco, 0 interedmbio de idéias, necessdrio para acxisténcia da América Latina, comegou a tomar corpo. Resta-nos ainda um outro comportamento para com a Historia da América nio latina. Chegaremos ld, com certeza. Abstract This anticle presents a brief survey of the démarche of the American historiography and the teaching of the History of the America in Brazil. It poin's out three aspects: the founding images of America in the American historiography; the Baazilian composed images of tho Latin America; the influence of these images in the American studies Key-words: Pampa; Serido; Territory; Nation. Notas 1 E dificil estabelecer a fronteira entre os campos das obras, mas é poss{vel percebor quando comegou a haver a preocupagio em 48 GARCIA, Ledonias Franco. América: hisioriografia e ensin. apresentar a Histéria. Nos titulos a palavra historia sempre estava presente, isso ainda no século XVI, como: Historia de Las Indias, de frei Bartolomen de Las Casas, Histéria verdadeira, de Bernal Diaz de Castilho, mas somente no século XIX, como decorréncia do que se fazia na Europa, houve a preacupagéo com os elementos para a construcio das obras aientando para os principios da ciéncia. 2 Sobre o Canada o desconhecimento ¢ téo grande que chega a ser desconcertante. Referéncias Bibliogréficas AINSA, Fernando. Professias ¢ pressentimentos. O Correio da UNESCO. Ano 20, n.7, p. 11-4. ARCINIEGAS, Germén. In: BORDA, J.G. C. (Org.). América Latina. México: Fondo de Cultura Econémica, 1993. BELLINI, Giuseppe (Org.). L’América tra reale ¢ meraviglioso: scopritori, cronisti, viaggiatori. Roma: Bulsoni Editore, 1990. BRADFORD BURNS, F. Ideology in nineteenth - century latin american historiography. The Hispanic American Historical Review. 1978, v. 58, n, 3, August 1978, p. 409-31. CIMO, Pino. {J Nuevo Mondo. 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