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O Uso de Drone Multirrotor de Pequeno Porte para Diagnóstico e

Monitoramento de Acidentes Geológicos

Conference Paper · August 2018

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Marcelo Fischer Gramani Caio Cavalhieri

Instituto de Pesquisas Tecnológicas do estado de São Paulo - IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas
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Juliana Mantovani Ana Silva

University of São Paulo Instituto de Pesquisas Tecnológicas
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Surface water sampling with small drones View project

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Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
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O Uso de Drone Multirrotor de Pequeno Porte para Diagnóstico e

Monitoramento de Acidentes Geológicos

Marcelo Fischer Gramani

Instituto de Pesquisas Tecnológicas, São Paulo, Brasil, mgramani@ipt.br

Caio Pompeu Cavalhieri

Instituto de Pesquisas Tecnológicas, São Paulo, Brasil, caiopc@ipt.br

Ana Paula de Souza Silva

Instituto de Pesquisas Tecnológicas, São Paulo, Brasil, apaula@ipt.br

Juliana da Costa Mantovani

Instituto de Pesquisas Tecnológicas, São Paulo, Brasil, jumantovi@ipt.br

Camila Bertaglia Carou

Instituto de Pesquisas Tecnológicas, São Paulo, Brasil, camilabc@ipt.br

RESUMO: O uso de drones e a interpretação de seus produtos tem se destacado como uma das
técnicas com amplo potencial de contribuição em diversos campos científicos. Este potencial, no
entanto, encontra-se pouco explorado, sendo fundamental a incorporação desta tecnologia. A grande
vantagem propiciada por esta tecnologia é a possibilidade de realizar o imageamento de uma área
conforme a disponibilidade do usuário, permitindo o monitoramento de processos repentinos, cuja
previsibilidade é menor e exige um rápido registro. A possibilidade de geração de produtos
cartográficos e Modelos Digitais da Superfície dos terrenos de maneira rápida e com resoluções
espaciais compatíveis mostrou-se bastante aplicável no diagnóstico e na prevenção de acidentes de
ordem geológico-geotécnica. Nesse sentido, o artigo abordará uma avaliação do movimento de
massa ocorrido no dia 15/03/2017 no morro Santo Antônio, município de Caraguatatuba, a partir
dos produtos obtidos por meio da utilização de drone multirrotor de pequeno porte.

PALAVRAS-CHAVE: Drone, Geotecnologia, Monitoramento, Movimentos de massa, Geotecnia,

Caraguatatuba.

1 INTRODUÇÃO Além disso, dentre as geotecnologias que

A utilização de geotecnologias convencionais -
como GPS de diferentes tipos, produtos de
sensoriamento remoto feitos por satélite e
ferramentas de Sistemas de Informação
Geográfica (SIGs), está longe de ser algo novo
para as várias áreas da Geotecnia e da Geologia
de Engenharia, sendo particularmente
indispensável quando se trata da elaboração de
cartas geotécnicas e mapas de áreas de risco
voltados ao diagnóstico e à prevenção acidentes.
vêm se popularizando ao longo dos últimos
anos, o uso de drones em levantamentos
aerofotogramétricos, gerando ortomosaicos e
Modelos Digitais de Superfície (MDS), tem se
destacado justamente por seu potencial para
melhorar a qualidade final de diferentes tipos de
representação cartográfica. Este potencial, no
entanto, encontra-se ainda pouco explorado,
sendo fundamental a incorporação desta
tecnologia nos estudos e levantamentos de
campo.
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Dentre as principais vantagens apresentadas São Paulo, em uma bacia hidrográfica que drena
por esta tecnologia, destacam-se os fatores o Morro Santo Antônio (Figura 1).
resolução espacial, resolução temporal e a
estereoscopia, sendo que essa última permite a
visão tridimensional do terreno, podendo
substituir as tradicionais aerofotos que nem
sempre são de fácil acesso ou baixo custo.
Os principais produtos obtidos a partir do
imageamento com o drone e pós-
processamento, são o ortomosaico, o Modelo
Digital de Superfície e o Modelo Digital de
Terreno (MDT), estes dois últimos fornecendo
informações tridimensionais do terreno e dos
objetos presentes na superfície.
Nos últimos anos o Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT) tem utilizado, em seus
trabalhos e vistorias de campo, drones
multirrotores de pequeno porte. As aplicações
compreendem desde a coleta de água em lagos e
reservatórios, até o imageamento de áreas
afetadas por processos erosivos e movimentos
de massa, aterros sanitários, áreas florestadas e
de reflorestamento, mapeamentos de áreas de
risco de assentamentos precários e de
infraestrutura (rodovias, ferrovias, dutovias e Figura 1. Localização da área de estudo.
linhas de transmissão), etc.
Em função da ocorrência de A bacia está orientada no sentido Oeste-
escorregamento, em março de 2017, no Morro Leste e apresenta variação altimétrica de
Santo Antônio (Caraguatatuba-SP) cuja massa aproximadamente 350 m, com declividades
atingiu área de condomínio no sopé do morro, abaixo de 6°, junto à planície fluvial, na
foi realizado um trabalho utilizando-se um confluência com o rio Guaxinduba, até
drone de pequeno porte. O objetivo foi aproximadamente 55°, nos locais de maior
confirmar a possibilidade de geração de inclinação, nas proximidades da área de origem
produtos cartográficos e dados do meio físico do escorregamento (Figura 2). Trata-se de bacia
(área afetada, área da cicatriz, volumes hidrográfica de primeira ordem (STRAHLER,
mobilizados, raio de alcance das massas, etc.), 1952), que contribui diretamente ao rio
os quais servem de subsídio à análise de tal Guaxinduba.
processo, de maneira rápida e com precisão A geologia do local é caracterizada pela
desejada. presença de migmatitos diversos, incluindo
estromatitos, metatexitos, diatexitos,
biotitagnaisses, granitoides e granitos
2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE gnáissicos, anfibolitos e serpentitos localmente
ESTUDO migmatizados (IPT, 2017). O entorno da área de
estudo apresenta grande número de
A área de estudo está localizada no município lineamentos, com direção predominante NE-
de Caraguatatuba, no litoral norte do Estado de SW, que desempenha intenso controle estrutural
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e condicionamento das morfologias e orientação
dos vales e drenagens.
Figura 2. Delimitação da sub-bacia com base na carta
topográfica. Em vermelho, limite da área afetada pelas
mobilizações na encosta.
Em relação à geomorfologia, a área de
estudo abrange morfologias de morros altos,
nos terços médio e superior da vertente, e de
depósitos de sedimentos oriundos de
escorregamentos e erosão, acumulados no terço
inferior (colúvios e tálus). Abrange, ainda,
porções de terraços fluviais e planície de
inundação na confluência com o rio
Guaxinduba. Por toda a porção média e superior
da vertente ocorrem afloramentos rochosos, de
grande extensão.
O litoral norte do estado de São Paulo se
caracteriza pela distribuição constante de
chuvas ao longo do ano, com períodos de
estiagem praticamente inexistentes. Assim, no
entorno da área de estudo, a precipitação média
anual é de 1.700 mm, oscilando entre 252,8 mm
no mês de janeiro (mais chuvoso), até 56,7 mm,
no mês de julho.
A combinação de tais características do
meio físico, e em especial, dos aspectos
geológicos e geomorfológicos, condiciona a alta
suscetibilidade à ocorrência de movimentos de
massa da região, cuja evolução do relevo está
associada à ocorrência de tais processos
(FÚLFARO E PONÇANO, 1974).
De acordo com a Carta de Suscetibilidade a
Movimentos Gravitacionais de Massa e
Inundações, a planície fluvial localizada à
jusante da área de estudo é considerada como de
baixa suscetibilidade a inundações (IPT, 2017).
No que tange à suscetibilidade aos movimentos
gravitacionais de massa, a área é dividida entre
as classes alta e média, nos setores superiores e
médio da vertente, e baixa, no setor inferior
(Figura 3).
Figura 3. Localização da área de estudo na Carta de
Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e
Inundações - Município de Caraguatatuba (IPT, 2017).
A classe média é a predominante,
correspondendo a 56% da área da bacia,
ocupando locais de declividades entre 10 e 30°,
também com grande presença de lineamentos e
estruturas, porém com solos mais desenvolvidos
e moderadamente profundos. As tendências de
escorregamentos, quedas de rocha e rastejo
também são indicadas para este setor.
De acordo com IPT (2017), a área de
estudo não apresenta propensão ao
desenvolvimento de corridas e enxurradas,
ainda que na bacia hidrográfica do rio
Guaxinduba, para qual contribui, sejam
registradas ocorrências de ambos os tipos de
eventos.
Cabe ressalvar, no entanto, a escala da
Carta de Suscetibilidade do IPT, desenvolvida
em 1:50.000, mas com informações compatíveis
até 1:25.000. Assim, interpretações de detalhe
devem ser realizadas considerando possíveis
incompatibilidades entre os dois níveis de
análise.
A vegetação é outro aspecto importante na
deflagração de processos erosivos e
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movimentos de massa, influenciando nas taxas
de infiltração, no escoamento superficial, no
desenvolvimento do solo e na operação de
processos geomorfológicos, etc.
Na área de estudo, conforme
fotointerpretação realizada com base nas
imagens do Google Earth Pro, ocorre a
predominância de vegetação de mata (50% da
área total da bacia), seguida de capoeira (24%) e
campo (17%). Ocorrem, ainda, áreas com rocha
exposta e ausência de vegetação, ocupando 3%
da área da bacia; e áreas antropizadas (1%),
correspondente ao topo do Morro Santo
Antônio, e urbana (5%) em seu sopé (Figura 4).
Figura 4. Classes de vegetação e uso da terra na área de
estudo.
3 CARACTERIZAÇÃO DO EVENTO
O evento foi deflagrado no dia 15 de março de
2017, 50 anos após o evento catastrófico de
março de 1967, relatado por diversos autores
(CRUZ, 1974; IPT, 1987; IPT, 1988; CERRI E
ALMEIDA, 1990; NAKAZAWA E CERRI,
1990; GRAMANI, 2001; NISHIJIMA et al.,
2017). A ruptura ocorreu na extensão da face
leste do Morro Santo Antônio, atingindo
parcialmente o terreno e casas de condomínio
residencial localizado no sopé do morro. Nessa
localidade, foram registradas as maiores
mobilizações de solo, rocha e vegetação em
termos de volume mobilizado e, também, raio
de alcance atingido pela massa.
Os dados pluviométricos disponibilizados
pelo CEMADEN (Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais)
mostraram que o índice pluviométrico,
acumulado em três dias, foi superior ao limiar
definido pela Defesa Civil do estado de São
Paulo, o qual indica maior probabilidade de
ocorrência de escorregamentos quando os
valores se aproximam dos 80 mm acumulados
neste período.
Os dados coletados no CEMADEN
apontam que choveu um total de 130 mm em 48
horas, com pico de precipitação no dia 15
(Figura 5).
Figura 5. Precipitação diária do mês de março de 2017
em Caraguatatuba. Dados obtidos pelo pluviômetro
Martim de Sá (CEMADEN, 2018).
Cabe destacar a pluviometria do mês de
março, tendo em vista o evento investigado no
presente artigo, caracterizado como o segundo
mês mais chuvoso do ano, com média de 206,2
mm (IPT, 2017).
Considerando a classificação de Augusto
Filho (1992), a tipologia desse movimento de
massa pode ser descrita como um
escorregamento translacional raso, o qual se
caracteriza por um plano de ruptura planar,
movimentação em alta velocidade e que
remobiliza solo e rocha (Figuras 6 a 8). A
Figura 6 destaca as características da zona de
ruptura com destaque para a espessura do solo.
A Figura 7 mostra que boa parte da área afetada
é composta por afloramentos de rocha e
vegetação rasteira. A Figura 8 mostra a bacia
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hidrográfica e a trajetória no ortomosaico,
obtido por meio do imageamento por drone.
Figura 6. Escorregamento translacional raso ocorrido na
face leste do Morro Santo Antônio: (a) zona de ruptura;
(b) vista lateral da cicatriz; (c) vista frontal da cicatriz, de
montante à jusante; e (d) detalhe do plano de ruptura
planar (imagens de dezembro de 2017).
Figura 7. Visada do escorregamento a partir de ponto no
chão, de uma das vias principais de Caraguatatuba. Notar,
adicionalmente, que significativo trecho a jusante do
escorregamento é caracterizado pela presença de maciços
rochosos aflorantes, com pouca presença de solo.
Figura 8. Limite da bacia hidrográfica sobre ortomosaico
obtido via imageamento por drone.
A ruptura ocorreu, predominantemente, em
declividades com ângulos superiores a 45° e,
como é possível notar nas Figuras 8 e 9, o
regolito remobilizado não é tão espesso. Essas
características podem estar relacionadas às altas
declividades (predomínio de escoamento
superficial e redução de infiltração no regolito
de águas pluviais) e condições geológicas
(litologias e estruturas). A partir da Figura 4,
pôde-se apontar que a maior parte da vegetação
remobilizada era do tipo capoeira; em segundo
se tem a remobilização de vegetação do tipo
campo e, com menor incidência encontrava-se
mata e rocha exposta. Com isso, pode-se indicar
que os dois tipos predominantes de vegetação
remobilizada são de pequeno porte, ou seja,
vegetação do tipo rasteira, e nas porções
superiores do morro se tem vegetação de grande
porte.
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4 MATERIAIS E MÉTODOS
Dentre as principais vantagens associadas à
utilização de drones para mapeamento e
monitoramento, destacam-se a resolução
espacial, resolução temporal e a estereoscopia.
A resolução espacial refere-se à
correspondência entre o tamanho do pixel na
imagem e o tamanho no terreno, equivalente ao
conceito de escala. As fotografias captadas pelo
drone, tem sua resolução espacial definida com
base na altitude do voo e na variação altimétrica
do terreno, propiciando imagens com uma
resolução muito superior quando comparada às
imagens de satélite, por exemplo. Tal resolução
permite a identificação de feições de detalhe no
terreno, como ravinas e sulcos, cicatrizes de
escorregamentos, etc.
A resolução temporal, por sua vez, refere-
se à frequência com que é feito o imageamento.
No caso de uma imagem de satélite, por
exemplo, a resolução temporal equivale ao
tempo de revisita de um satélite, ou seja, à
quantidade de dias decorridos entre um
imageamento e outro, em um mesmo local. Tal
aspecto é de fundamental importância ao
monitoramento dos processos da superfície
terrestre, dentre os quais, aqueles envolvendo os
processos do meio físico.
A grande vantagem propiciada pelos
drones, neste sentido, é a possibilidade de
realizar o imageamento conforme a tem como principal vantagem o menor custo,
disponibilidade do usuário, permitindo o
monitoramento de processos repentinos, cuja
previsibilidade é menor e exige um
mapeamento rápido.
A partir das imagens obtidas no
imageamento, é realizada, em gabinete, a etapa
de processamento das imagens, por meio de
softwares desktop ou por soluções na nuvem
(via web), para obtenção dos principais
produtos: o ortomosaico, o Modelo Digital de
Superfície e o Modelo Digital de Terreno
(MDT).
Os resultados podem ser analisados,
posteriormente, em softwares de SIG, por se
encontrarem georreferenciados, com precisão
centimétrica ou milimétrica, conforme o
procedimento adotado para aquisição das
imagens.
A complexidade e o potencial de análise
dos dados levantados pelos drones, podem se
tornar ainda maiores quando associados a
sensores multiespectrais, hiperespectrais e
termais, equipados juntos ao drone. Por outro
lado, a utilização de tais sensores apresenta
altos custos e seu processamento tende a ser
mais complexo, exigindo equipamentos e
softwares específicos.
Neste sentido, drones integrados a câmeras
que operam apenas nas bandas RGB (Red-
Green-Blue), como as câmeras fotográficas
convencionais, são mais comuns no mercado da
aerofotogrametria, e oferecem grande potencial
de contribuição aos estudos envolvendo a
engenharia e geologia, ainda que este tenha sido
pouco explorado até o momento.
Além da seleção do sensor, a escolha do
modelo de drone a ser utilizado, envolve
aspectos orçamentários e operacionais. De
modo geral, os modelos podem ser divididos
em dois grandes grupos: drones multirrotores e
asas fixas; ambos com modelos de portes e
valores variados. Os primeiros, tendo em vista a
menor autonomia de sua bateria, são mais
indicados para áreas menores, ao passo que os
segundos permitem o imageamento de grande
extensão. A utilização de drones multirrotores
ainda que existam exceções, e maior facilidade
de operação.
Por este motivo, nos últimos anos o
Instituto de Pesquisas Tecnológicas tem
utilizado, em seus trabalhos e vistorias de
campo, drones multirrotores de pequeno porte,
tendo em vista, sobretudo, sua facilidade de
operação e transporte em campo.
Desta forma, para o presente estudo, foi
realizado levantamento aerofotogramétrico da
área da bacia hidrográfica a partir do uso de
drone multirrotor de pequeno porte da DJI
(modelo Phantom 3 Professional) associado a
um tablet Samsung Galaxy Tab S2 com internet
móvel. O plano de vôo foi traçado em campo
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com um aplicativo gratuito chamado ocorreu o escorregamento, a área corresponde a

PrecisionFlight. 4.654 m², delimitada com base no ortomosaico
O voo foi realizado com altitude de 75 m a obtido por drone.
partir do ponto de origem (topo do Morro Santo Um dos produtos obtidos por meio do
Antônio), registrando, ao todo, 274 imagens imageamento com drone foi o MDS, que
verticais (nadir) em um intervalo de nove possibilitou a realização de análises mais
minutos. Não foram obtidos pontos de controle aprofundadas acerca do evento (Figura 9).
em campo.
O processamento foi realizado em software
Agisoft Photoscan, obtendo GSD (Ground
Sample Distance) de 10,6 cm/pixel.
Posteriormente, a extração das informações e
análises foi elaborada por meio de software
livre de SIG.
A área afetada pelo movimento de massa
foi obtida a partir do ortomosaico, e com base
na utilização de técnicas de fotointerpretação,
como as diferenças de tonalidade e de textura
presentes na imagem. Posteriormente foi feito
refinamento dos contornos da área do evento,
com base no MDS.
A obtenção do perfil topográfico se deu por
meio de software de SIG e processamento no
Excel, com base em informações obtidas por
meio do ortomosaico.
As estimativas dos volumes de material
removido foram realizadas por meio do
software Agisoft Photoscan. Especificamente,
em relação ao material lenhoso, o valor obtido
no software foi corrigido com base na literatura,
considerando a densidade de 571 m³ de
vegetação em parcela de um hectare (GUEDES-
BRUNI et al., 2006). Figura 9. Limite da bacia hidrográfica sobreposta ao
Modelo Digital de Superfície obtido via imageamento
com drone.
5 RESULTADOS
A obtenção do MDS permitiu o cálculo do
A área total ocupada pela cicatriz do volume de material mobilizado, incluindo a
movimento de massa, obtida por meio do carga de solo, sedimentos e rocha e material
ortomosaico e delimitada em software de SIG, lenhoso removido e depositado na porção
equivale a aproximadamente 14.400 m², em inferior da vertente.
relação ao movimento principal identificado. Dada a importância da porção superior da
Com base na fotointerpretação e confirmação vertente, em relação à origem do
em campo, verificou-se uma segunda cicatriz, escorregamento, foi estimado o volume apenas
de área restrita, com aproximadamente 550 m². para este trecho, que mobilizou, basicamente,
Com relação à porção superior, solo e vegetação.
caracterizada como o local onde efetivamente
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Estimou-se o volume de 4.862 m³ de solo, movimento de massa mobilizou grande

quantia equivalente a 810 caçambas
preenchidas, cujo volume médio é de
aproximadamente 6 m³. Em relação ao material
lenhoso mobilizado, foi obtido volume de 265
m³, quantia equivalente a 44 caçambas.
Foi possível obter, ainda, o perfil
longitudinal da área mobilizada pelo
movimento de massa. A extensão desta área,
que inclui a cicatriz principal, é de 680 m,
aproximadamente, medida ao longo do perfil
longitudinal AA’, traçado a partir da frente da
cicatriz, até o sopé da vertente, no encontro com
o condomínio residencial, que atuou como
barreira à passagem do material (Figura 10).
As variações e incongruências observadas
no perfil (pontos elevados) referem-se a local
com interferência da cobertura vegetal no valor
da altimetria do perfil. Por se tratar de local com
vegetação arbórea adensada e de grande porte, o
quantidade de material lenhoso. Em alguns
locais, no entanto, ocorreu um estrangulamento
da área movimentada, possivelmente por
condicionamento estrutural. Nestes locais, a
vegetação foi mantida, obstruindo a visão do
drone acerca da profundidade do material
removido.
Esses locais com interferência da vegetação
são indicados no perfil com a simbologia de
uma árvore, denotando a presença da vegetação
no MDS.
Neste caso, a estereoscopia, característica
do mapeamento por drones, possibilitou a
análise tridimensional do local em estudo,
permitindo estimar o volume, em conjunto com
a área, em um procedimento de rápida
aplicação.

Figura 10. Perfil longitudinal da vertente onde ocorreu o movimento de massa.

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A manipulação do modelo tridimensional
permitiu individualizar o material removido
referente ao solo, sedimentos e rocha, do
material lenhoso, permitindo distinguir as duas
categorias.
Como comparativo, realizou-se uma
tentativa de cálculo do volume manualmente, a
partir das seções transversais delimitadas
anteriormente. Além de se tratar de um trabalho
mais moroso, em comparação com o
procedimento no software, cuja realização e
obtenção do resultado é quase instantânea, os
valores obtidos foram distintos do primeiro. O
resultado obtido pelo método manual
demonstrou referir-se a um misto entre o
material exclusivamente de solo, sedimento e
rocha, e o material lenhoso, não permitindo
distinguir entre essas categorias.
Cabe destacar, no entanto, limitações em
relação ao cálculo de volumes no software de
processamento de imagens de drone, uma vez
que a metodologia utilizada considera o
preenchimento do local do material removido
com uma superfície plana, com configuração
distinta da variação topográfica observada na
natureza. Ainda assim, tratado como estimativa,
permite obter um valor aproximado do material
mobilizado no evento, e refletir, por meio deste
indicador, acerca da magnitude do evento.
6 CONCLUSÕES
O artigo buscou demonstrar a possibilidade de
gerar dados do meio físico a partir da utilização
de drones multirror de pequeno porte.
O rápido imageamento de área afetada por
escorregamento de grande porte foi um dos
principais destaques desta técnica. A partir de
um único plano de voo foram geradas cerca de
270 imagens que permitiram a geração de MDS
com resoluções compatíveis com os objetivos
do trabalho.
A possibilidade de obter dados de forma
rápida, como áreas afetadas, volumes
mobilizados e tipologia de materiais envolvidos
no processo, pode auxiliar na tomada de
decisões, nos casos de atendimentos de
emergências, e no planejamento de ações e
obras para mitigação dos problemas.
A utilização do modelo da DJI (Phantom 3
Professional), de baixo custo e complexidade
operacional, demostrou se tratar de uma
ferramenta de grande vantagem à profissionais
da geologia de engenharia e da geotecnia, por
não exigir grandes esforços operacionais e
orçamentos elevados.
Apesar de ter sido utilizado software
específico para processamento das imagens do
drone, cujo custo e operação podem restringir
seu acesso, existe atualmente opções que
permitem a realização automática destas
análises, em ambiente virtual (cloud), gratuitos
ou com um valor acessível.
Dentre as vantagens verificadas, é possível
enumerar: (1) realização do imageamento
conforme a disponibilidade da equipe (operador
do drone e apoio), não exigindo grandes
esforços operacionais e custos, em comparação
com métodos tradicionais de aerofotogrametria;
(2) imageamento realizado por número reduzido
de técnicos, um único operador; (3) realização
do imageamento independente das condições
meteorológicas, exceto em casos com chuva
intensa; (4) rápido processamento das imagens e
obtenção dos produtos, realizado pela equipe;
(5) rápida realização de análises de volume,
cálculo de áreas e mapas temáticos em SIG.
AGRADECIMENTOS
Ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
estado de São Paulo (IPT) pelo fornecimento
das bases cartográficas e dados
georreferenciados da Carta de Suscetibilidade a
Movimentos Gravitacionais de Massa e
Inundações elaborado para o município de
Caraguatatuba, e pelo auxílio financeiro na
participação deste evento. À Fundação de Apoio
ao IPT (FIPT), por meio do Programa Novos
Talentos.
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metodológica. 1 Conferência Brasileira sobre Atlântica sobre Morrote Mamelonar na Reserva
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Pp 721 – 733. Rio de Janeiro, Novembro de 1992. Janeiro, Brasil, Rodriguésia, 57 (3), p. 429-442, 2006.
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