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OPINIÃO
17 de junho de 2015 Visualizações: 7642 1
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O dilema do proselitismo
nas escolas
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Nesse artigo, vou me dedicar a um assunto que


tem tirado o sono de todos aqueles professores
que são encarregados do ensino religioso nas
escolas e, ao mesmo tempo, são obrigados a
renunciar a qualquer tipo de promoção de dada
religião ou denominação cristã.

Diz a mais nova Lei de Diretrizes e Bases da


Educação Nacional LDBEN 9394/1996:

Art. 33 - O ensino religioso, de matrícula


facultativa, constitui disciplinas dos horários
normais das escolas públicas de ensino
fundamental, sendo oferecido de acordo com as
preferências manifestadas pelos alunos ou por
seus representantes (vedadas quaisquer formas
de proselitismo).

Proselitismo nada mais é do que a “arte” de fazer


prosélitos. E, de acordo com o dicionário
Priberam, prosélito é um “pagão que abraçava
religião diferente da sua”; um “novo convertido a
uma religião, a uma seita ou a um partido”; e um
“partidário; sectário.” Já o proselitismo é o “zelo
ou afã de fazer prosélitos” e “o conjunto de
prosélitos”.

No dicionário Houaiss, prosélito é historicamente


a “pessoa que abdicava de suas crenças para
adotar a religião judaica.” Trata-se do “indivíduo
que se converteu ao judaísmo ou a qualquer
outra religião, doutrina, seita etc.” Pode ser ainda
um adepto, partidário - pessoa que abraçou uma
seita, uma doutrina, um partido etc.”.

Ao mesmo tempo, esse princípio se estende


também aos professores de outras disciplinas
que, enquanto cristãos, não podem deixar
transparecer a sua opção religiosa. O que por sua
vez se projeta sobre os pais dos alunos desses
professores, principalmente aqueles que
esperam do professor alguma orientação de seus
filhos nesse sentido.

Pior ainda é a situação daqueles professores e


dirigentes de instituições de ensino, de todos os
níveis, que se assumem como confessionais, pois
a lei não faz essa distinção em relação a elas.

Mas qual é exatamente o cerne do dilema? Está


em pressupor que o professor seja capaz de ser
neutro (religiosa, política, sexualmente),
prefigurando-se em uma classe de seres
humanos excepcionais (não que eu não os ache
excepcionais, mas em outro sentido, positivo),
que foge à regra válida para todo o resto da
humanidade, de que não haja neutralidade em
questões polêmicas e subjetivas como a religião,
a política e o gênero.

É claro que a intenção da lei é boa: a de que seja


garantido o tratamento igualitário de todos os
alunos e suas respectivas crenças, de forma
independente de sua orientação religiosa, sexual
ou política. E isso é até bíblico, pois a Bíblia nos
diz, desde o Antigo, até o Novo Testamento, que
Deus não faz acepção de pessoas, qualquer que
seja, e, portanto, nós, cristãos também não
devemos fazer. Mas daí a simular uma
neutralidade hipócrita e até renegar a sua
orientação é um bom caminho, que acaba num
extremo injustificável.

Ou seja, é vedado ao professor fazer propaganda


ou panfletagem religiosa ativa e intencional, da
mesma forma que é negado aos candidatos de
dado partido fazer “boca de urna”, o que é justo e
correto num país marcado pela laicidade e
separação entre Estado e Igreja. É preciso que o
professor cristão esteja bem consciente disso, até
mesmo nas instituições confessionais, evitando
se referir às demais religiões com menosprezo ou
assumir atitudes de soberba ou do tipo “chutar a
santa” ou declarar publicamente que “os
evangélicos não querem diálogo com os
católicos”.

Jesus e seus discípulos dialogaram a vida toda em


que estiveram aqui na Terra (veja Paulo no
Areópago). Quem tinha preconceitos eram os
outros contra eles, nunca vice-versa. Por outro
lado, eles também eram firmes nas suas
convicções e tinham fundamento sólido para a
sua fé.

É esse paradoxo que o professor cristão tem que


manter equilibrado e é essa postura que deve
assumir, de respeito, mas ao mesmo tempo, de
firmeza, quer no ensino religioso, quer em
qualquer outra disciplina.

Foto: UnB Agência

Leia também
Evangelização ou colonização?
A Criança, a Igreja e a Missão
Educação e justiça na América Latina

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Gabriele Greggersen

É mestre e doutora em educação (USP) e


doutora em estudos da tradução (UFSC).
É autora de O Senhor dos Anéis: da
fantasia à ética e tradutora de Um Ano
com C.S. Lewis e Deus em Questão.
Costuma se identificar como missionária
no mundo acadêmico. É criadora e
editora do site www.cslewis.com.br
Textos publicados: 68 [ver]

+Evangelização e Missões +Ética e Comportamento


+Política e Sociedade

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Eduardo − ⚑
8 anos atrás

Imaginem comigo o seguinte cenário. Você é diretor


de uma escola, pública ou particular, e naquele ano
100 novos alunos matriculam-se.

Você decide conversar com cada um deles. Todos,


sem exceção, tem seus problemas normais da vida,
pessoal e familiar. Todos também são brasileiros e
enfrentam essa enorme situação de risco hoje.

Na conversa, você também está interessado em


conhecer os VALORES (morais, inclusive) dos
alunos que matricularam. Por valores, você, como
diretor, acha que estes são cruciais tanto para o
comportamento, quanto para o rendimento
acadêmico e a vida pessoal.

Entre os 100, você descobre que 25% são


evangélicos; que 65% são católicos, 5% são
espíritas, e o restante não mexe nos objetos
escolares de seus colegas, não porque deixaram de
acreditar em Deus, mas porque acham que isso de
mexer é errado. Aprenderam assim em casa e
trouxeram para a escola a mesma visão virtuosa.

Aplique aos 100 a seguinte pergunta: "Qual a


natureza do caráter VOCACIONAL que os trouxe
aqui?".

Complicado? Mudemos: "vocês estão aqui por que


Deus mandou?" Fica bem para uma parte dos 25%,
mas pode criar problemas para os demais. A`nal,
não se pergunta sobre religião em escola pública e
em particular é perigoso.

Mudemos de novo: "Vocês sentem que têm um


'CHAMADO' para fazer o curso que desejam?" Agora
melhorou, porque chamado é mais compreensível,
palatável, e vocação caiu em desuso até na Portugal
de Fernando Pessoa.

Um dos perguntados retruca e pergunta, "o sr. quer


saber se eu tenho JEITO para mexer no laboratório
de química?". Pronto, está de bom tamanho. Poderia
ser desdobrado para, "sim, entendo de matemática,
química e física", ciências exatas.

E se um outro aluno insistisse em usar vocação no


lugar de 'chamado'? O direitor estará diante de uma
pessoa que, se fosse PROTESTANTE ou CATÓLICO
seria remetido ao departamento de orientação
vocacional para avaliação se serviria para ser pastor
ou padre, no mínimo, talvez advogado.

E se se perguntasse ao ESPÍRITA? Provavelmente o


departamento de orientação vocacional sugeriria a
ele que procurasse especializar-se em serviço social
ou algo semelhante.

Os demais?
Bem, estes `cariam muito mais fácil, mesmo
enviado ao departamento de orientação vocacional.
Teríamos engenheiros, médicos, advogados, etc.

Mas os outros também não podem? Claro que pode.


Responde o diretor, "é mais fácil encaminhar um
aluno indisciplinado para áreas das ciências exatas,
do que tentar convencer um PROTESTANTE,
CATÓLICO ou mesmo um ESPÍRITO, sobretudo
porque a obstinação destes quando en`am na
cabeça que Deus mandou que ele `zesse isso ou
aquilo é quase impossível de mudar."

Não é preciso ter um QI muito especial para


adivinhar que a tentativa de injetar a ideia de
vocação, por melhor que seja, reduz, diminui ou
atrasa a possibilidade de uma pessoa normal
procurar aquilo que todo ser humano quer ter e ser
(nesta ordem):

Um emprego (para dar estabilidade)


Uma família (para manter a estabilidade)

___________

PS. Se uma boa religião, preferivelmente o


Cristianismo, ajudar nisso aí, melhor ainda. A`nal,
"... do Senhor é a terra e a sua plenitude...".
Acrescentar mais em cima da generosidade de
Deus, é induzir o aluno a candidatar-se à pro`ssão
de pastor, padre ou serviço social.

Sabem de onde tirei isso? Da leitura que `z e faço


dos Puritanos, sobretudo dos Ingleses, antes, claro
de muitos deles migrarem para os EUA. Infelizmente
o chamado 'leitmotif' de ULTIMATO sobre vocação é
muito Americano-conservador, pouco Puritano-
esclarecido e vai se reduzir a no máximo 2% dos
100. Mas isso não prova que deixa de valer a pena,
não é? Prova que é preferivel perder 98% para salvar
2%.

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Eduardo − ⚑
8 anos atrás

A Dra. Gabriele está equivocada. Já respondi em


três partes este artigo, ULTIMATO recusou a
publicar.

Subitamente aparece um comentário de um certo


Hernani luiz azevedo, Sinop - MT., que acha o artigo
pertinente. E manda ver.

Acha o artigo dela pertinente e a`rma com todas as


letras que "... seria perfeitamente aceitável que o
professor expressasse seu ponto de vista,
permitindo aos alunos, criticamente, poder aceitá-lo,
rejeitá-lo, questioná-lo, etc.". Até aí vá lá. Nunca
classe de 60 alunos, seriam tantas as opiniões que
aula mesmo, nada.

Mas o cidadão aí não se dá por satisfeito, e a`rma


que "... Tentar transparecer IMPARCIALIDADE é que
traz consigo o sério risco se ocultar a emissão de
IDEOLOGIAS de segundo grau, estas sim,
eticamente inaceitáveis." (destaques meus).

Será que essa `gura é professor de escola pública?


Se particular, eu té entendo.

O professor não pode ser imparcial, é isso que está


dizendo? Tomar partido em questões que exigem
tal? Teria, portanto, que ser parcial?

Digamos que a tese dele seja coerente, qual seria a


'parcialidade'? Pela leitura do artigo de Gabriele, a
parcialidade, no meu exemplo da primeira missa
seria explicar a doutrina da transusbstanciação em
escola pública, convertendo os alunos ao assunto
pela ótica protestante?

Eis que hoje aparece um texto que versa sobre a


decisão da Comissão que aprova o texto principal
do Plano Nacional de Educação (PNE). No texto No
texto, está escrito que o plano busca a “promoção
da igualdade de gênero e de orientação sexual”.

Foi o que bastou para que as Arquidioceses pelo


Brasil afora soltassem nota nota rejeitando o plano
e ontem o pastor Silas Malafaia gravou um vídeo
descendo a borduna na medida
https://www.youtube.com/wat...

A Dra. Gabriele meteu-se em um vespeiro com


enorme infelicidade. Confundiu temas, não abordou
corretamente a questão ética de certos
posicionamentos em sala de aula, não distinguiu
escola pública e particular.

E o comentarista ainda sugere FOUREZ, G. aquele


que não acredita que a ciência chegue à verdade
última das coisas, e nem que seja neutra.
http://posgrad.fae.ufmg.br/...

Outro que procure meter-se em assuntos de viés


com um viés metafísico (ontológico) achando que
um grande laboratório mundial sobre produção do
VIAGRA vai primeiro perguntar se o produto tem
algum alcance ético ou moral no cotidiano das
pessoas.

Meus amigos, se alguma coisa estiver errada com


esse ou outros produtos, a ANVISA é que vai dar a
palavra `nal.

Mas Gabriele e o comentarista acha que não,


professor deve dar pitaco. Pois façam e me conta o
resultado.

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