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Aula 5

Um pouco mais sobre Ciência e Fé

À perspectiva de Loureiro (publicação de 2002, p. 248),


vemos uma carta endereçada a um amigo, O suíço Oskar Pfister,
ele era diferente de Freud em muitos aspectos, a começar
pela religião.
Enquanto Freud se definia como "um herege incurável",
Pfister não apenas era religioso, mas também teólogo e pastor
da Igreja Reformada Suíça, além de professor e psicanalista
(por influência de Freud).

Segue carta:

3, de outubro de 1918 (CARTA 4, p. 84), Freud em tom irritante


pergunta ao amigo pastor, “bem à parte, por que nenhum de
todos estes devotos criou a psicanálise, por que foi necessário
esperar por um judeu completamente ateu?”. A breve resposta
de Pfister não é menos impiedosa. Primeiramente declara que
ser devoto não é sinônimo de autenticidade intelectual e gênio
criador, além de que, curiosamente Pfister declara, “o senhor
primeiramente não é judeu” (!?), e por último, enfatiza que para
ele, Pfister, “jamais ouve cristão melhor”, se referindo a Freud,
(ele criou a psicanálise que tem como base a cura pelo amor).
(FONTES pp. 84-85.). Cf. Em: FREUD, S. e PFISTER, O. Cartas entre Freud & Pfister (1909-1939):
Um diálogo entre a psicanálise e a fé cristã. (Organizadores, Ernst L. Freud, Heinrich Meng). Traduzido por: Karin Hellen
Kepler Wodracek e Ditmar Junge. – 3. Ed. – Viçosa: Ultimato, 2009.
4 Apresentação do livro, intitulada: “A psicanálise como enclave do romantismo”. In LOUREIRO, I. O Carvalho e o
Pinheiro: Freud e o estilo romântico. 135 CARLOS SILVANO DE SOUZA NETO.

Freud traça um plano como um “pensador que foi resultado


de um cruzamento de várias ideias e pensamentos, ou seja, um
iluminista sombrio, cuja obra é composta com fios diversos, nem
heterogêneos, compondo uma marca, uma modelagem
dificilmente identificável”.
No mais, é importante notar que a religião para Freud detém- se
em tons duvidosos, diante a relação que teve com o judaísmo,
ao mergulhar em seus inscritos, percebemos em sua biografia
que essa dimensão tanto fez parte de sua vida, quanto fora o seu
apelo pela visão científica que ele idealizava, e que, portanto,
fazia Freud estar alheio a qualquer tentativa de
r e e n c a n t am e n t o do m undo sob o apelo de uma
transcendência, ou seja , por algo que ultrapasse o limite sonhei
saber.
(GAY, 2012; JONES, 1989, ROUDINESCO, 2016).

(Na plataforma, na aula você poderá assistir, é emocionante). E


você também verá a participação dele no Filme Deus não está
morto 2, que também é tarefa de casa deste módulo sobre “Fé
e Ciência”).

Voltando a falar sobre Freud, sobre o seu ateísmo, Freud


declarou um ano antes de seu falecimento, em 1939 – em
carta ao historiador Charles Singer: “nem em minha vida privada
nem em meus escritos jamais fiz segredo de minha absoluta falta
de fé”, escreve Freud (FREUD, 1938, apud, GAY, 1992, p. 52).

Em outro momento, em discurso lido em seu nome, à Sociedade


B’Nai B’Rith, enfatizava o pai da psicanálise:
O que me ligava à condição judaica não era a fé, e tampouco o
orgulho nacional, pois devo confessar que sempre fui um
descrente, tendo sido educado sem religião, embora não sem
respeito pelas exigências denominadas “éticas” da cultura
humana. (FREUD, 1926c/2014, p. 369).

Peter Gay um amigo, certa feita se dirigindo a pessoa de Freud


declara: “pensa em, um Judeu sem Deus”, Freud, adepto do
Ateísmo na Construção da Psicanálise, pensador que tem sua
posição pessoal e intelectual ressaltada ao longo da sua
produção científica e reflexão sobre a cultura, cuja a amizade
com Freud foram propícias a partir de um intercâmbio singular
entre: judaísmo e ateísmo.
Dessa maneira, Gay (1992) enfatiza três proposições frente
à colocação de Freud, sobre o seu irônico questionamento em
relação à necessidade de um judeu ateu ser o agente criador da
psicanálise:

(1) “Foi na condição de ateu que Freud desenvolveu a


psicanálise;”
(2) “Foi a partir do seu posto de observação ateu que ele pôde
decretar a futilidade das tentativas bem-intencionais de
encontrar um denominador comum entre a fé e a descrença;”
(3) “Foi, para finalizar, na condição de um ateu especial, ou
seja um ateu de origem judaica, que pôde realizar suas
importantíssimas descobertas” (GAY, 1992, p. 51).

Ao que se refere sobre o terreno científico filosófico que


colocou condição de possibilidade às ideias de Freud frente à
visão de mundo da religião, como destacado acima em relação
ao Iluminismo, estudiosos posteriormente chegaram ao
prontamente que a posição de herdeiro que cabe à Freud, em
relação a esse movimento cultural, “não é apenas [como] aquele
que conserva ou que consome e executa o legado segundo as
regras impostas no testamento”.

Antes de continuarmos, deixa eu te explicar sobre o


Iluminismo que foi um movimento intelectual que se tornou
popular no século XVIII, conhecido como "Século das Luzes".

Surgido na França, a principal característica desta corrente


de pensamento foi defender o uso da razão sobre o da fé para
entender e solucionar os problemas da sociedade.
Na plataforma tem um vídeo para você assistir e entender um
pouco mais.

É importante entender o que é o Iluminismo porque a


psicanálise sofreu incontornáveis impactos através desse
movimento, tal como do Romantismo, mas não se reduz a
nenhuma dessas correntes, levantando -se no século XX como
algo próprio, no entanto, “manchado” de uma “tradição
profunda” !

Vídeo do Iluminismo

https://youtu.be/5jrGMeGYc3w

Diante de tudo isso vale lembrar que a leitura da Bíblia, ao


que parece, foi para Freud um dos portões de entrada para uma
formação cultural, ele substituiu palavras usadas na Bíblia por
outras dentro do mesmo sentido.

Exemplo: Pensamento ensaio da ação ( Freud ), Como o homem


pensa assim ele é ( Bíblia livro de Provérbios), se olharmos
algumas de suas frases encontraremos um sentido Bíblico.
Enfatizo, nesse ponto, o relato de Freud a Jones:

“Meu contato precoce com a história bíblica (eu mal tinha


acabado de aprender a arte da leitura, era ainda uma criança)
continua ele dizendo: teve, como reconheci muito depois, efeito
duradouro sobre a direção de meu interesse. (...). Ao mesmo
tempo, as teorias de Darwin, que tinham então enorme
interesse, atraíram-me fortemente, pois sustentavam
esperanças de um extraordinário avanço em nossa
compreensão do mundo; e foi ao ouvir o belo ensaio de Goethe
sobre a Natureza, lido em voz alta em uma conferência pública
por um professor (Carl Brühl) pouco antes de eu deixar a
e s c o l a , que decidi tornar-me estudante de medicina.
(JONES, 1989, p. 41).

No que se refere a minha perspectiva, penso que exista um


pano de fundo denso e conflitante no percurso da vida de Freud
em relação a esse tema, e que o conduzira a uma saída “ateia”
e, não se encerrando a uma posição de foro íntimo; no entanto,
e, mais ainda, “o ateísmo e a religião levaram Freud à implicação
de uma questão de pesquisa”.

Os trabalhos de Freud onde a religião/religiosidade, a


superstição e o mito aparecem enquanto temas mais ou menos
centrais, estes se apresentam a cada década!
Condição essa de ambivalência, ou seja que parece “opostos”,
que torna a seguinte afirmação de Freud duvidosa no mínimo.
Ele escreve em Ex certo de uma Carta sobre oJudaísmo:
“(...) para mim as religiões têm enorme significação como objeto
de interesse científico, não me acho envolvido afetivamente com
elas”. (FREUD, 2011/1925, p. 3536, grifo meu).

Ora, tamanho esforço e investimento em diferentes


pesquisas em torno do tema dizem por si só o tamanho do
envolvimento que Freud teria para com as religiões e os aspectos
de importância cultural que giravam entorno deste tema tão
complexo e ao mesmos tempo tão fascinante.
A Interpretação dos Sonhos (livro de 1900), onde Freud
indica no primeiro capítulo a passagem de uma leitura místico-
religiosa do fenômeno onírico (conhecido como o estado mental
de quanto estamos sonhando) ele para a leitura científica e
psicanalítica.

E olha os o que encontramos na Bíblia sobre os sonhos:


Eclesiastes 5:3 NAA.

Porquê das muitas preocupações vêm os sonhos, e do


muitofalar, palavras tolas.

Na literatura de Freud que eu inclusive li, possui centenas


de páginas narrando o que já diz a Bíblia, pensou demais gravou
na memória, no seu “fenômeno ONÍRICO “, entanto sonha
sua mente vai buscar as suas preocupações. Então … Fica tão
claro que ciência e fé ande juntas.
Porque implicam com a Psicanálise? Pela falta de
conhecimento! IGNORÂNCIA.

(* No PDF - Keynote, que está na plataforma tem um resumo de


principais Obras freudianas e algumas anotações
importantes).

Essa aula para mim é fascinante! O Método da Psicanálise


a Luz de um olhar cristã, cultural e racional.

Poderíamos imaginar as diversas áreas em que se


desdobram as investigações [em psicanálise] como raios de uma
roda cujo centro é a busca pela saúde vital, a qual se encontra
presente mais explicitamente em algumas, mais indiretamente
em outras ciência e vertentes delas.

Ressalto aqui que me apaixonei pela psicanálise


descobrindo o quanto ela era humana e ao ler, ao estudar
conseguia ver muito de Deus em tudo.
Usar o tema da religião e da religiosidade em Freud. Nesse
sentido, uma questão retroagiu e parece que fica fora repercutida
ao longo do desenvolvimento da pesquisa.

Aí te faço a seguinte pergunta: “Como se desenvolve no


decorrer da obra de Freud, a questão da religião e da
religiosidade?”

Ora, esse modo de fazer uma pesquisa, em que buscamos


fazer recortes, visar determinados objetos, selecionar certos
assuntos, corresponde nada menos do que uma das direçõese
rumos de que a pesquisa em humanidades proveu em nossa
época, e isso se deve em grande parte à psicanálise. Embora
muitos não saibam disso.
Desse modo, ao focar uma questão dentro da obra
freudiana, me apego da dimensão em psicanálise de que algo da
produção intelectual do autor Freud que estudo como objeto, faça
junção ao meu próprio desejo sobre o tema.

Vídeo “Ninguém explica Deus.” – Preto no Branco (ao Vivo)

https://www.youtube.com/watch?v=LYsaKn8FRhc

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