Você está na página 1de 6

Um conto de Natal

Os dias estavam mais quentinhos, o assunto do jantar era sobre o destino das férias de verão e os
cadernos gastos e a borracha já no fim anunciavam que a época mais esperada do ano estava por
chegar. O menino Max mal podia se aguentar de alegria, pois tudo anunciava que se aproximava o
Natal.

A época mais linda e aguardada do ano por ele.

Era meio dia quando o relógio da cozinha badalou e Dona Querida, como carinhosamente era
chamada sua cuidadora, já sabia que o menino viria em disparada pelo quintal afora para curtir
suas tardes de aventura.

Era ele chegar e a alegria se espalhar. Ninguém conseguia ficar quieto perto dele. Era beijo,
abraço, cosquinha, carinho.... Max radiava amor e encanto com seus olhos azuis arredondados e
nesses dias empolgados então, parecia que o brilho triplicava. Como ele amava o Natal... dava
gosto de ver.

Nesse dia, quando o relógio avisou que sua chegada se aproximava, uma coisa estranha aconteceu.
Nada do menino aparecer. Dona Querida já estava ficando aflita, olhando de minuto em minuto
pela porta para ver se avistava o garoto.

De repente, lá longe, ela avistou o menino apressado. Correndo cambaleando e segurando a


mochila com uma mão e na outra um saco.

Passou por ela feito furacão... Nem destampar as panelas para saborear seu almoço ele quis, tinha
coisa muito mais importante para fazer do que comer.

Dona Querida ficou espiando pela porta do quarto o menino deitado de barriga para baixo,
desenhando em um monte de pedrinhas. Curiosa, ela quis saber:

_”O que é isso meu bem? O que você faz tão entretido nesse chão, nem o uniforme tirou ainda,
nem quis comer.... Eu posso saber?”

_”Dona Querida, esse ano eu tive uma ideia genial para o Natal, vou trabalhar duro nas minhas
pedrinhas e depois a senhora vai ver o que eu inventei!”

Um Produto Amar e Acolher


Um conto de Natal
E assim, ele passou seus dias, chegava da escola correndo, mal comia alguma coisa e ficava o resto
da tarde deitado em seu quarto, pintando suas pedrinhas.

Quando a última pedrinha ficou pronta, ele mal podia se aguentar... encheu seus bolsos com um
bocado delas e correu espalhar a novidade por onde passava.

A primeira a ser convidada a ouvir suas ideias foi a mamãe:

_ “Mamãe, mamãe, você precisa ver o que eu inventei. É sobre o Natal... estou tão empolgado
mamãe... aliás, que dia vamos montar nossa árvore? Quando a vovó vem? Quando vamos fazer
biscoitos, os cartões? Estou tão feliz mamãe... quero te contar a novidade e....”

_ “Menino... não está vendo que estou ocupada. Não consigo falar com você. Nem sei de Natal esse
ano... Natal é só mais um dia, me deixe quieta. Preciso me concentrar e terminar meu trabalho”

Max pensou: _”Mamãe deve estar cansada, deve ter tido um dia ruim. Outra hora conto para ela o
que eu inventei, vou ver se acho a dona querida e o papai”.

_”Papai, papai, preciso te contar uma coisa... vamos montar a árvore de Natal papai, as luzes, os
enfeites, e o vovô podia vir ajudar... aaaah papai... estou tão empolgado. Quero te contar uma
novidade, olha o que eu fiz...”

_”MAX!!! Quantas vezes já te falei: não me chame quando estiver no telefone! Você não está vendo
que estou ocupado? Não sei de Natal, nem do vovô. Aquele monte de bagunça de árvore e luzes
está tudo velho e empoeirado.. nem vamos mexer naquilo. E tem mais: você escolhe o brinquedo
que você quiser e pronto. Está feito o Natal!”

_ “Agora, vê se me deixe quieto que eu preciso trabalhar”.

Max achou estranho, não conseguia ver no papai e na mamãe o brilho nos olhos do Natal.
Ninguém parecia empolgado, feliz... mas ele não ia desistir.

Com seu bolso cheio de pedrinhas, pegou sua bicicleta e foi avisar a vizinhança que ele tinha tido
uma genial ideia.

Um Produto Amar e Acolher


Um conto de Natal
A primeira parada era a padaria do sr Chico. A padaria era a primeira a ficar enfeitada, todo
mundo admirava o capricho da decoração, o cheirinho de panetone e o Papai Noel gigante na
porta atraía olhares encantados. Max fazia questão de ir todos os dias lá admirar toda aquela
arrumação.

Como tinha ficado vários dias envolvido com seu projeto, não tinha passado pela padaria aqueles
dias. Mas mal podia esperar para ver toda aquela belezura de ornamentação.

Foi todo empolgado, tinha certeza que lá já teria clima de Natal, que o sr Chico ia ficar muito feliz
com sua ideia e que o Natal esse ano ia ter um toque diferente.

Quase que caiu da bicicleta quando chegou. Nada de luzes, nada de enfeite, nada de Papai Noel...
lá dentro, o sr Chico conversava com um de seus funcionários e Max correu sem titubear em sua
direção curioso para saber o que poderia estar havendo.

_”Oi sr Chico, como o sr está? Vim animado. Queria te contar uma ideia que tive para o Natal, mas
estranhei: cadê as luzes, a árvore, o Noel gigante, a alegria, as músicas e o cheirinho de panetone?
O sr quer ajuda para arrumar tudo? Eu posso ajudar!”

-“Aaaaa menino... a coisa está feia. Ninguém mais liga para o Natal. Todo mundo em crise, ocupado
demais para se preocupar com essas bobagens.. esse ano, eu nem vou arrumar nada aqui. Melhor
deixar assim mesmo.”

_-“Mas sr. Chico... eu gostava tanto.. era tão lindo.. por que...”

_”Menino, interrompeu o sr, me deixe trabalhar. Preciso organizar os pedidos e preparar as


encomendas de pão.” –“Esse negócio de espírito de Natal é coisa de criança, meninos como você,
eu não penso mais nessas coisas.”

Max mal podia acreditar no que acabara de ouvir... –“o que estava acontecendo?” Pensava ele.. não
conseguia entender.

-“Espere... o sr. Chico me deu uma ideia! As crianças!!! Vou até elas. Elas vão me ajudar a reacender
a magia do Natal, elas vão ficar empolgadas com minha ideia e vão me entender”.

Um Produto Amar e Acolher


Um conto de Natal
Pegou sua bicicleta e foi correndo encontrar seus amigos na praça....

No caminho, pedalando pela vasta avenida que cortava a cidade, reparou que as coisas estavam
mais tristes e desanimadas do que ele pensava... por onde ele olhava, nada de luzes, nada de
enfeites, nada de Papai Noel, Presépio então, nem sinal... um clima tão estranho. A expressão séria,
de tristeza e desânimo.. Max não conseguia compreender.

Mas pedalou ainda mais rápido para encontrar seus amigos... ali, ele encontraria a ajuda que ele
tanto precisava para reacender a magia do Natal.

Chegando na praça, já ia escurecendo e as crianças iam finalizando sua brincadeira quando Max
chegou. Ainda tinha empolgação, ainda creditava que alguma coisa ele poderia fazer para muda
aquele clima tão triste, que nem parecia Natal.

Mas para sua decepção, nada aconteceu. Seus amigos, vidrados em seus jogos, nem ouvidos lhe
deram, nem sequer quiseram o ouvir.

Max não sabia mais o que fazer.

Sentou de cabeça baixa e chorou. Ficou mais triste ainda quando foi passar a mão por seu bolso e
percebeu que suas pedrinhas não estavam mais ali. Na correria pelo caminho, tão empolgado em
devolver para a cidade a magia do Natal, não notou que havia perdido as mesmas pelo caminho.

Não conseguiu se conter. Tanto trabalho, tantas tardes pintando uma por uma com tanto amor e
nenhuma pedrinha tinha lhe sobrado. Nem ele podia mais, naquele momento, acreditar no
encanto do Natal.

Seus olhos azuis ficaram avermelhados e o coração apertadinho, que tristeza o pequeno menino
estava sentindo.

Chorou, chorou, que até adormeceu... ficou ali por horas, enquanto todos o procuravam
angustiados, querendo saber onde estava o menino.

Ao longe ele ouviu alguém lhe chamar... Max, Max... num susto, despertou e viu todo mundo vir ao
seu encontro
Um Produto Amar e Acolher
Um conto de Natal
Dona Querida, o papai, a mamãe, o sr. Chico, a Dona Maria da lojinha da esquina, seus amigos, até
o moço da farmácia estava vindo em sua direção. Todo mundo sorridente, emocionado, correndo e
lhe deram um grandioso abraço.

Foi uma festa encontrar o pequeno.

Max ainda meio sem entender, perdido no tempo, não sabia quantas horas havia dormido, era
abraçado por todos cheios de amor e emoções.

Em suas mãos, estavam suas pedrinhas. Por onde ele passou, as pedrinhas foram caindo e todos
foram se sensibilizando com tanto cuidado e carinho do menino.

O Natal estava ali, aceso, em todos os corações. Todo mundo sensibilizado com a empolgação do
menino, todo mundo emocionado com o brilho de seus olhos...

Em cada pedrinha, o pequeno Max escreveu: “Eu acredito no amor! Enquanto um acreditar, o
Natal sempre vai existir”.

Inspirados na ideia do Max, todos se uniram, decoraram juntos suas casas, compraram presentes
para distribuir aos que não tinham condições de comprar, juntaram os pratos da ceia e
celebraram todos na praça, o natal daquele ano. Além disso, combinaram que não iam deixar
aquele espírito de amor morrer ao longo do ano. Todos se ajudavam, se colocavam no lugar uns
dos outros, colaboravam com os vizinhos, brincavam entre amigos, faziam refeições em família....

E assim, a partir daquele Natal, a Vila do Max, passou a sentir o prazer de fazer de todos os dias,
um dia mágico, como a Noite de Natal.
(Autoria Amar e Acolher - Todos os direitos Reservados)

Um Produto Amar e Acolher


As Pedrinhas do Max

Um Produto Amar e Acolher

Você também pode gostar