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Técnica

Básica
Violino
do

CLÁUDIO
CRUZ
Cláudio Cruz

Técnica
Básica
Violino
do

ESTUDOS E EXERCÍCIOS

1ª Edição
PREFÁCIO
Após muitos anos de pesquisa e estudo,
decidi publicar este trabalho destinado
aos que desejam se aprimorar na
técnica do violino. Trata-se de uma série
de exercícios que foram sendo
desenvolvidos após ter contato com os
meus professores, além de diversas
masters classes que participei nos meus
tempos de estudante. Neste trabalho
desenvolvi de maneira ordenada alguns
tópicos.

Nos Estudos Diários incorporei alguns


dos estudos de Carl Flesch (1873-1944)
(importante pedagogo húngaro,
professor de grandes violinistas do
século XX) pela sua importância no
desenvolvimento regrado e relaxado da
técnica da mão esquerda. Incluí ainda,
alguns exercícios específicos, ginásticas
para as mãos, estudo de vibrato, estudo
de mudança de posição, exercício para
a articulação e estudo de nota longa.

Outro aspecto que julgo de extrema


importância e, raramente abordado em
metodologias nos dias atuais, são os
diversos exercícios de mudança de
cordas que incluo neste trabalho, sendo
alguns do pedagogo alemão Henry
Schradieck (1846-1918), do francês Henry
Marteau (1934), Carl Flesch e do checo
Otakar Sevcik (1852-1934).

No tópico Técnica Básica de Arco,


abordo os diversos golpes de arco e sua
aplicação, exemplifico também os
movimentos básicos do arco,
trabalhando atentamente cada
movimento, utilizo na aplicação desses

03
movimentos vários estudos de grandes mestres
do passado, dos franceses Jacques Féréol Mazas
(1782-1849) e Rodolphe Kreutzer (1766-1831), do
polonês Henryk Wieniawsky (1835-1880), do
italiano Niccolò Paganini (1782-1840) e Otakar
Sevcik (1852-1934).

Enfim, tendo estudado e atuado como músico


profissional, maestro, diretor pedagógico e
artístico em diversos festivais de música, professor
em escolas, conservatórios e faculdades,
inúmeras vezes vivenciei, a dificuldade do
estudante e do músico em processar as diversas
metodologias empregadas na sua aprendizagem
e na construção de seu repertório.

É importante ainda frisar que os processos


cognitivos da memória associados aos padrões
técnicos, por exemplo, de leitura da partitura
musical, de dedilhados, de memorização, de
postura corporal, para citar alguns, bem como na
incorporação de contextos históricos,
composicionais, educacionais e estéticos, ou seja,
a relação da poíesis, da práxis e da theoria,
mostra-se como ferramentas necessárias para
que o aluno possa ter êxito em sua trajetória
acadêmica e artística.

Espero que este trabalho possa ser de ajuda a


todos os violinistas, pois temos grandes literaturas
específicas sobre a técnica de violino, muitas
realmente de grande qualidade. Contudo,
apresento aqui, a minha organização e
corroboração, a qual me ajudou a sintetizar e, ao
mesmo tempo, focalizar tópicos específicos que
me deram grande conforto ao tocar meu
instrumento.
Cláudio Cruz
04
SUMÁRIO

03 Prefácio

08 Quem é Cláudio Cruz

12 Agradecimentos

13 Posição do violino e postura

15 Estudos diários

17 Estudos elementares

19 Exercícios de extensão

21 Exercícios de vibrato

22 Sevcik op. 2

23 Exercícios para articulação

34 Estudo nº 1 - Henry Schradieck

36 Estudo nº 2 - Henry Schradieck

37 Exercício para Mudança de Posição

05
40 Técnica Básica de Arco

43 Ligaduras

48 Martelé

50 Kreutzer - 4

51 Detaché

54 Arcadas Pontuadas

55 Arcada VIOTTI

55 Arcada PAGANINI

56 Estudo para Arcadas Pontuadas

58 Movimento dos Dedos

59 Kreutzer - 13

60 Movimento de Pulso

61 Moto Perpétuo

64 Movimento de Rotação do Antebraço

64 Mudança de Cordas na Ponta

65 Kreutzer - 7

66 Spiccato

06
69 Mazas nº 25

70 Kreutzer - 8

72 Jeté

78 Wieniawski - Jeté

79 Estudos em Três Cordas

80 Variações de Arco

81 Estudo em Quatro Cordas

86 Estudo Preparatório para Mudança de Cordas -


Estudo nº 5 - Henri Marteau
I Estudo para Mudança de Cordas - Henry
88 Schradieck

90 II Estudo para Mudança de Cordas - Estudo nº 2 -


Henri Marteau

93 III Estudo para Mudança de Cordas - Estudo nº -


Henri Marteau

94 Moto Perpétuo - F. Ries

97 Tarantela - Wieniawski

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QUEM É

CLÁUDIO
CRUZ
Iniciou sua trajetória musical
estudando com seus pais, o luthier
João Pereira Cruz, artisticamente
conhecido como Joannes Crucis
Finnanzza e Janette Sanchez Cruz aos
8 anos, tendo como primeiro
instrumento de estudo: o piano. Já aos
10 anos começou aprender tocar
violino.

Estudou violino no Brasil com Erich


Lenninger e com Maria Vichnia.
Posteriormente, participou de master
classes e aulas com Kenneth
Goldsmith (EUA), Chaim Taub (Israel) e
com Joseph Gingold (EUA). Estudou
teoria, harmonia, contraponto e
regência com o Prof. Dr. George Olivier
Toni.

Além disso, frequentou na UNIRIO


(Universidade Federal do Estado do
Rio de Janeiro) de 1983 a 1985 o curso
de instrumentista, especialidade,
violino. Posteriormente, teve aulas de
música de câmara na Escola Municipal
de Música de São Paulo com Walter
Bianchi.

08
Formado em Filosofia-Licenciatura pela Universidade de Franca (UNIFRAN),
atualmente cursa o Mestrado em Música na UNESP, Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.

Como solista teve sua primeira apresentação aos 13 anos, tocando um


concerto de Johann Sebastian Bach com um pequeno grupo de cordas. Com
15 anos tornou-se spalla da Orquestra Jovem da Funarj (RJ) e tocou diversos
concertos como solista com a Orquestra de Câmara da Casa do Estudante
(RJ).

Com 18 anos, retornou a São Paulo, após vencer alguns concursos, entre eles
o Concurso Jovens Solistas da Osesp e Concurso Eldorado de Música,
ingressou na OSESP. Nesta época foi o spalla da Orquestra de Câmara
“Crescendo” e posteriormente “Da Capo”.

Em 1991, estreou na Europa como solista da Kammerorchester Berlin. Desde


então, tem sido convidado a atuar como solista e camerista em diversos
países na América do Sul, EUA, Europa e Ásia.

Foi membro de diversos quartetos, dentre os quais se destacam: o Quarteto


da Cidade de São Paulo, Quarteto Amazônia e o Quarteto OSESP.
Foi spalla da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo de 1990 a 2014. Foi
Diretor Musical da Orquestra de Câmara Villa-Lobos de 1992 a 1999, Diretor
Artístico da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto de 2001 a 2003 e de 2005 a
2011. Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica de Campinas de 2003 a 2005,
Regente da Orquestra de Câmara da Osesp de 2001 a 2004, e, por fim,
Regente e Diretor Musical da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio
de Janeiro em 2018.

Como regente, já esteve à frente de muitas orquestras brasileiras, como a


Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, Orquestra Sinfônica Municipal
de São Paulo, Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Petrobras Sinfônica,
Orquestra do Teatro Nacional de Brasília, Orquestra Sinfônica de Porto
Alegre, Orquestra Sinfônica da Bahia, Orquestra Sinfônica de Curitiba; e as
internacionais Orquestra Sinfônica de Avignon (França), Royal Northern
Sinfonia (Inglaterra), New Japan Philharmonic, Hyogo Academy Orchestra,
Nagoya Philarmonic, Hiroshima Symphony (Japão), Svogtland Philharmonie
(Alemanha), Jerusalem Symphony Orchestra, Sinfonia Varsovia, Filarmônica
de Montevideo, Symphony of Americas (EUA), entre outras.

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Venceu diversos concursos no Brasil, igualmente, foi premiado pela Associação
Paulista de Críticos de Arte (APCA) em 1985 e 1997, com o Premio Sharp 1996,
com o Prêmio Carlos Gomes 2002 e 2006, recebeu classificação 5 estrelas da
Revista Diapason (França) em 2001, “Melhor CD do ano” da Iberian and Latin
Music Society of London, estes pela gravação do CD Violin Music in Brasil,
gravado com o pianista Nahim Marun em Genova (Italia) pelo selo Dynamic, o
Grammy Latino em 2002, 2004 e indicação ao Grammy Internacional em 2012,
Premio Bravo ”Melhor álbum Clássico” em 2011 pelo CD com os Prelúdios de
Flausino Vale e em 2018 pelo CD de compositores brasileiros com o Quarteto
Carlos Gomes, também recebeu diversos Prêmios da Revista Concerto de 2012
a 2022.

Atuou também, como professor de violino na Escola Municipal de Música de


São Paulo, na Fundação Três Rios, na Faculdade Santa Marcelina. Adicionado a
isso, ministrou aulas de violino e de música de câmara na Associação
Filarmônica Jovem de São Paulo, na Academia de Música da OSESP e na
EMESP (Escola de Música do Estado de São Paulo).

Participou de diversos festivais de música no Brasil e em outros países,


destacamos o Festival de Música de Londrina-PR, Festival de Música de
Brasília, Festival Internacional de Inverno da UFSM-Vale Veneto, Festival
Gramado in Concert (RS), Festival SESI de Vitória-ES, Oficina de Música de
Curitiba (atuando inclusive como professor de regência e diretor artístico em
2015 a 2017), Festival Internacional de Campos do Jordão (participou desde
1986, atuando como regente da Orquestra Acadêmica em 2010, regente e
professor de regência em 2011, e também como diretor pedagógico e regente
em 2012).

Participou do Festival de Verão da Carinthia (Áustria) e do Festival


Internacional de Música de Cartagena, onde atuou como camerista e Regente
convidado da Osesp. Participou do Festival Internacional de Música de Câmara
“La Musica” na Florida de 2014 a 2018 e do Festival Internacional de Musica de
Câmara da Universidade da Georgia (EUA).

De igual natureza, fez gravações e edições críticas de partituras de algumas


obras dos compositores: Flausino Vale- Prelúdios para violino solo, Alberto
Nepomuceno- Quartetos de cordas Nº. 1, 2 e 3, Antônio Carlos Gomes- Sonata
para cordas, Glauco Velásquez- Quarteto de cordas, Alexandre Levy- Quarteto
de cordas. Todos editados pela Editora da OSESP e disponíveis para download
gratuito.

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Somado a isso, gravou mais de 55 discos, dentre eles Concertos de
Tchaikovsky, Max Bruch, Fantasia para violino e orquestra, Concerto para
violino de Ronaldo Miranda, todos estes gravados com a Osesp, disponíveis na
plataforma Osesp Multimídia. Em 2021 lançou o álbum dos Trios de Villa-Lobos,
gravados com Antônio Meneses, Ricardo Castro e Gabriel Marin Selo Sesc,
ganhador do Prêmio Concerto de Melhor Álbum do Ano, CD- Duos de
Beethoven gravado com o violoncelista Raif Dantas Barreto, CD Valsas e
Choros gravados com o pianista Rafael dos Santos lançados pelo Selo Azul
Music. Ainda em 2021 lançou um álbum com a Orquestra de Câmara do Sesi
Vitoria dedicado ao compositor alemão Felix Mendelssohn e álbuns com os
pianistas Marcelo Bratke e Olga Kopylova e os Quartetos de Meneleu Campos
pelo Selo Sesc.”

Atualmente é o Diretor Musical e Maestro Titular da Orquestra Jovem do


Estado de São Paulo e primeiro violino do Quarteto de Cordas Carlos Gomes.

Facebook: https://www.facebook.com/maestroclaudiocruz/
Facebook: https://www.facebook.com/conductorclaudiocruz
Instagram: https://www.instagram.com/maestroclaudiocruz/
Website: https://.conductorclaudiocruz.com

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Agradecimentos
Gostaria de agradecer inicialmente a todos os meus professores, que foram
extremamente dedicados, passando-me conhecimentos importantes, além de
dividir estes ensinamentos com meus alunos, os terei na minha memória e por
toda vida.

Agradecimentos especiais ao Professor Erich Lenninger, pela paciência no


início de minha trajetória musical e a professora Maria Vichnia, pela extrema
bondade, atenção e ensinamentos. Agradecimento especial ao meu Mestre
Olivier Toni, que além de ter sido um importante professor, me acompanhou
durante 32 anos, foi também, padrinho de meu casamento, pois, me casei com
uma de suas alunas.... foi sobretudo, uma excelente influência na definição de
minha missão como músico!

Agradeço ao contrabaixista Lucas Esposito, Rubens Trindade pelo convite para


escrever estes E-Books, com certeza servirão de auxílio para muitos jovens e
interessados no aprendizado do violino.

Agradeço também ao brilhante amigo Eliel Almeida Soares pela grande ajuda
e incentivo neste âmbito literário e acadêmico.
Agradecimentos ao meu amigo, companheiro de tantos recitais, concertos,
gravações e que neste momento é meu orientador de mestrado, grande
pianista e professor Nahim Marun.
Obrigado pela parceria e pelo grande apoio!

Não poderia esquecer - o jovem violinista e maestro Paulo Galvão, que dentre
muitas atividades que exerce com maestria, também me ajudou na
elaboração gráfica deste e de outros trabalhos.

Agradeço a todos os meus alunos de todas as épocas, os quais fizeram e fazem


parte de minha vida, pois, evidentemente, lecionar sempre foi um grande
aprendizado para mim.

Por fim, agradeço a toda minha família que sempre me apoiou, suportando as
muitas horas diárias de estudo do violino durante todos esses anos, me
prestigiando, sempre assistindo meus concertos, opinando, ajudando...

Especialmente minha esposa Miriam Yoshimura Cruz, excelente professora de


violino, grande parceira desde os nossos 19 anos de idade, com ela posso
repercutir todas as minhas experiências, ansiedades, projetos e planos.
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Posição do violino e postura

O violino deve ser ajustado de maneira a conseguirmos visualizar facilmente


todo o espelho, em geral, apoiado na clavícula. Dependendo da altura do
pescoço, será necessário algo (objeto, acessório) embaixo do instrumento, para
mantê-lo seguro e para liberar a mão esquerda, principalmente o polegar. De
igual modo, deve-se decidir o ângulo do violino, a partir do conforto e
paralelismo do arco em relação ao cavalete.

Assim, colocando o arco na ponta, na corda Sol, poderemos ter uma boa noção
deste ângulo. Em outras palavras, por meio de uma boa colocação e bom
ângulo do instrumento, possibilitará maior facilidade para desenvolvimento de
toda a técnica da mão esquerda, o que pode ser aferido no estudo das escalas
e arpejos em 3 e 4 oitavas.

Ademais, a postura corporal é talvez o item mais importante da profissão do


músico, muitas vezes negligenciado. Adicionado a isso, a consciência corporal,
exercícios de alongamento e a correta postura da coluna cervical devem fazer
parte de nosso dia a dia. Por isso, para os violinistas, os alongamentos de
pescoço são extremamente importantes.

Igualmente, devemos utilizar os braços de maneira independente, deixando os


ombros relaxados.

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Dessa forma, usando os músculos das costas, daremos maior sustentabilidade
e flexibilidade aos braços.

Outro aspecto importante é que, quando estivermos estudando em pé,


devemos evitar juntar demasiadamente as pernas, porém, sentir a ação da
gravidade ao separá-las, propiciará o desaparecimento de toda a tensão dos
ombros, braços e pescoço durante nosso estudo.

Enfim, intercalar o estudo em pé e sentado, bem como fazer pausas durante as


horas de estudo podem ser um grande diferencial. Desse modo, certamente
conseguiremos um resultado satisfatório.

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Estudos Diários
Ginástica

1 – Mão Direita

Apoiar o punho e a ponta dos dedos numa superfície lisa, flexionar a palma da
mão encostando e desencostando nesta superfície, retraindo e esticando os
dedos consequentemente.

2 – Mão Esquerda

Colocar o 1º dedo na corda Sol, 2º dedo na corda Ré, 3º dedo na corda Lá, e o 4º
dedo na corda Mi, flexionar todas falanges esticando e retraindo os dedos.

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Estudo de Nota Longa (executar em todas as cordas)

1 – Silenciosa
a) Puxar o arco em cima do cavalete com pouquíssima velocidade e bastante
pressão, porém sem produzir som ou ruído.
b) Puxar o arco lentamente paralelo ao cavalete sem encostá-lo na corda.

2 – Ruído
Puxar o arco lentamente entre o cavalete e o espelho com pressão máxima,
afim de produzir um ruído em toda a extensão do arco.

3 – Dinâmicas
a) Fortíssimo – próximo ao cavalete
b) Meio Forte – entre o cavalete e o espelho
c) Pianíssimo – em cima do espelho, meia crina

Violino do prof. Cláudio Cruz

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Estudos Elementares
Os dedos devem permanecer fixos sobre as notas representadas pelas
semibreves. O dedo ativo porém, deve ser erguido o máximo possível, caindo
sobre a corda de maneira relaxada, não devendo exercer pressão maior sobre
a corda, que a dada pelo seu próprio peso. Todos exercícios devem ser
realizados muito devagar, de outro modo falhariam em seu objetivo.

Carl Flesch

Considerações Adicionais:

- Sem a ajuda do arco;

- Nas notas em semibreve, evitar que a corda encoste no espelho;

- Nas notas em semicolcheias, colocar e tirar os dedos da corda com energia


(rapidez), evitando batê-los com força;

- Deve-se ajustar a fôrma da mão a partir de um ajuste anatômico do segundo


e terceiro dedo, além de colocá-los de maneira relaxada na corda, ou seja,
naturalmente.
Já o primeiro e o quarto dedo serão colocados a partir desta fôrma. O polegar
deve ser ajustado de modo a não influenciar os outros dedos, pois, o mesmo,
não deve exercer nenhuma força.
Dessa maneira, é importante entendermos as grandes diferenças entre os
diferentes tipos físicos, já que as mãos e os dedos raramente são semelhantes
entre as pessoas. Portanto, devemos pesquisar e encontrar o melhor ajuste de
nossa mão esquerda.

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Exercícios de Extensão

“Os dedos permanecem fixos sobre as semibreves enquanto as semicolcheias


são ligadas através de um glissando, no qual obviamente o dedo que as realiza
não deve abandonar a corda. Trata-se de um exercício novo para a maioria dos
violinistas, e por isso provavelmente a mão se cansará rapidamente. Não se
deve em hipótese alguma contrariar esse aviso da natureza e continuar o
exercício com a mão cansada. O melhor neste caso, é que o violinista deixe o
braço cair relaxado ao longo do corpo, para restabelecer uma boa circulação
sanguínea. Em aproximadamente trinta segundos o cansaço deverá
desaparecer. Quase todas as doenças de mão são causadas por desrespeito a
essa regra fundamental.”

Carl Flesch

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Exercícios de Vibrato

Sem utilizar o arco, deve-se colocar o primeiro dedo na corda e fazer glissandos
da primeira a quarta posição. É necessário desenvolver um movimento
orgânico, evitando tensionar a mão. Repetir com cada um dos outros dedos.

Neste momento, é pertinente enfatizar que, não é necessário buscar grande


velocidade, evitando assim, movimentos bruscos. Repetir usando o arco, fazer
vários glissandos em cada arcada, contudo, não fazê-los demasiadamente
rápidos.

Gradualmente, diminua o glissando até o intervalo de meio tom. Busque


também, encontrar um movimento bem relaxado do braço, trabalhando a
flexibilidade dos dedos e mantendo o movimento ainda lento. Adicionado a
isso, inicie o trabalho dos ciclos, tocando uma nota longa fazendo 4 ciclos
lentos de vibrato em cada arcada, mantenha o movimento sempre elástico,
mão e dedos relaxados, por fim, repetir com os outros dedos.

Amplie os ciclos para 8 em cada arcada, usando um vibrato relaxado e amplo,


evite ainda, o vibrato estreito (curto). Deve-se posteriormente, ampliar os ciclos
para 16 em cada arcada.

Igualmente, é necessário aplicar estes 16 ciclos num estudo contínuo, exemplo


Sevcik op. 2 página 22. Dessa forma, mantendo os 16 ciclos, trabalhar os
diversos tipos de vibrato: rápido, lento, velocidade média, largo e estreito.

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Sevcik op. 2

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Exercícios para Articulação

Este exercício foi criado para que possamos trabalhar diariamente a


articulação dos dedos da mão esquerda, buscando assim, uma boa fôrma de
mão. Isto é, por meio desse exercício, poderar-se-á desenvolver uma afinação
precisa, além de possibilitar aferirmos as posições fixas tornando-as uma
importante referência para a mão esquerda.

Ainda, é pertinente realçar, a necessidade de evitar qualquer tipo de força, por


exemplo:

1 Não bater os dedos e nem apertar demasiadamente as cordas;

2 Usar os dedos articulando-os com independência, deixando a mão e o


pulso totalmente relaxados;

3 Sentir que apenas os dedos estão sendo trabalhados e desenvolvidos;

4 Evitar que o polegar aperte o braço, deixe-o apenas apoiado e ajustado de


acordo com a fôrma anatômica da mão;

5 Buscar regularidade rítmica, e, aos poucos, aumentar a velocidade


mantendo sempre a regularidade da articulação dos dedos;

6 Nas repetições manter uma boa afinação;

7 Manter os dedos na corda sempre que for possível, também nas notas
agudas;

8 Manter a qualidade de som, pois, a atividade da mão esquerda é


extremamente mecânica, porém, o som produzido com o arco não deve ser
nunca mecânico;

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Exercício para Mudança de Posição
Neste exercício, devemos utilizar glissandos contínuos, fazendo-os sempre
lentamente, principalmente quando se aproxima da segunda nota ligada.
Somado a isso, é imprescindível realizar glissandos expressivos, como se
estivesse tocando-os numa cantilena. Por último, é importantíssimo manter a
posição correta da mão (fôrma) durante todo o exercício, evitando que a mão e
polegar criem inadequadamente, uma nova fôrma nas posições agudas.

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Técnica Básica de Arco

Para que haja uma efetiva e funcional


técnica de arco, é fundamental
aprendermos a segurá-lo de maneira
adequada. É preciso compreender que no
decorrer do caminho do arco utilizaremos
diversos movimentos passivos: pulso, dedos
e rotação. De igual natureza, para que
possamos utilizá-los de forma
automatizada, precisaremos conceber uma
boa maneira de segurar o arco, conforme os
exemplos a seguir.

1. Os dedos devem ser colocados


harmonicamente (não esticados), porém,
levemente separados.

2. A pressão que exercerão deve ser


apenas a necessária para que possamos
segurar o arco tornando-o uma extensão do
braço.

3. Evitar segurá-lo com força ou tensão.

4. Os dedos deverão funcionar como um


amortecedor, isto é, utilizados como o
principal veículo para que o peso do braço
possa agir no arco.

Caminho do Arco

Para que o arco se torne uma continuidade da mão e do braço, devemos


ajustar o cotovelo na mesma altura da vareta do arco. Partindo do meio à
ponta, devemos mantê-lo paralelo ao cavalete evitando movimentos laterais
do cotovelo, trabalhando somente o antebraço. Do meio ao talão, a mão passa
a ter o controle total deste caminho. Dessa forma, devemos levar o arco ao
talão sem levantar demasiadamente o cotovelo ou dobrar o pulso. De maneira
simples, levamos a mão ao talão como se estivéssemos utilizando um copo.

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Por sua vez, o braço acompanha o movimento sem alterar a posição da mão e
do pulso. Dessa forma, conseguiremos um único movimento em toda a
extensão do arco. Além disso, durante o caminho do arco necessitaremos de
alguns movimentos compensatórios, que serão responsáveis pelo bom
andamento do arco e, para que se mantenha reto e paralelo ao cavalete. É
essencial o relaxamento da mão e segurar o arco corretamente. Portanto,
precisamos sentir de maneira intuitiva o puxar e o empurrar o arco durante
este caminho.

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Nota Longa

a) Talão ao meio
b) Meio à ponta
c) Arco Inteiro

Sevcik op. 2

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Ligaduras
Neste estudo, o objetivo é buscar a igualdade, evitando acentos nas mudanças
de arco e variação da pressão.

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Martelé

Existem diversas escolas e explicações sobre o martelé, partiremos do princípio


de que todos os golpes de arco serão derivações do alla corda, ou seja, todas
as notas devem ser pensadas a partir da arcada longa. Enfim, partindo dessa
premissa, definiremos o martelé como várias notas longas interrompidas.

Primeiramente, o movimento ativo deve ser do antebraço e, a pressão do arco


deve ser contínua e concebida a partir do texto musical. Por meio do estudo
mecânico podemos diversificar a pressão trabalhando diversas dinâmicas.

Outro ponto a ser destacado é que, a velocidade do arco será um veículo


importantíssimo. Assim, devemos evitar usar movimentos de rotação do
antebraço e variações da pressão do arco.

A qualidade do martelé se dará justamente pela regularidade da sonoridade e


da pressão.
Manter o arco sempre paralelo ao cavalete.

Durante todo o exercício devemos manter o braço direito relaxado.


A pressão do arco é realizada pela correta maneira que seguramos o arco e
consequentemente pelo peso natural do braço sendo refletido na vareta do
arco.

Para melhor compreensão, vamos detalhar o modo de como fazer o martelé


por etapas, dessa forma:

1-Martelé Longo (arco inteiro) - puxar o arco do talão à ponta com velocidade e
manter a pressão de arco, cuja duração da nota deve ser aproximadamente de
um tempo, fazer pequenas pausas entre as notas.

a) 1 em 1.
b) 2 em 2, dividir o arco em duas partes iguais.
c) 4 em 4 dividir o arco em quatro partes iguais.
d) 8 em 8 dividir o arco em oito partes iguais.

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2- Martelé simples (meio à ponta do arco), manter o arco sempre paralelo ao
cavalete.

a) 1 em 1.
b) 2 em 2, dividir o arco em duas partes iguais.
c) 4 em 4 dividir o arco em quatro partes iguais.
d) 8 em 8 dividir o arco em oito partes iguais.

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Kreutzer

50
Detaché

Trata-se de um golpe de arco que também se deriva da arcada longa, neste


caso, a velocidade do arco e a linearidade serão determinantes. O movimento
ativo será do antebraço, porém, alguns movimentos passivos devem ocorrer
para que se desenvolva a qualidade do detaché, segurar o arco da maneira
correta é essencial. Além disso, a boa colocação do cotovelo, ajustando-o na
altura correta, será importante para que o arco possa se manter reto e sem
variações durante o detaché.

Todos os estudos dos golpes de arco devem ser feitos com grande atenção,
devemos igualmente, olhar para o arco enquanto tocamos, buscando o
paralelismo e uma boa postura. De igual forma, é recomendado utilizar um
espelho para que se possa ter uma boa noção de toda a postura corporal,
especialmente dos braços e mãos, além de checar o paralelismo do arco em
relação ao cavalete. É importante ainda frisar, que devemos buscar sempre
uma boa qualidade de som. Por fim, esses exercícios devem ser a base para
que as ocorrências no repertório aconteçam de maneira efetiva e com boa
qualidade.

Começando para baixo e para cima.

a) Simples: talão, meio e ponta. Fazer variações entre as regiões do arco.

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b) Ligando duas e destacando duas. Manter a mesma pressão do arco. (Meio
do arco).

c) Três ligadas e uma destacada. Evitar acento na nota separada. (Meio do arco)

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d) Três ligadas e cinco destacadas. (Meio)

e) Três ligadas e uma destacada.

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Arcadas Pontuadas
1- Último terço do arco (Ponta do arco).
2- Usar pouquíssimo arco.
3- Acentuar usando maior pressão nas semicolcheias.

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Arcada VIOTTI

Arcada PAGANINI

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Movimento dos dedos

1-No Sevcik op. 2, tocar notas curtas (staccato), esticando e retraindo ao


máximo os dedos, fazendo com que o arco descreva um movimento horizontal
na corda. Estudar fazendo pequenas pausas entre as notas, objetivando e
encontrando o movimento correto dos dedos.

a) Talão.
b) Meio.
c) Ponta.

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2-No Kreutzer 13 (primeira página) - tocá-lo no talão usando prioritariamente o
movimento dos dedos.

Kreutzer

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Movimento de Pulso

1-No Sevcik op. 2, manter o braço parado, usar ativamente movimento do


pulso da mão direita, é importante ajustar o movimento propiciando ao arco
descrever um movimento horizontal na corda, mantê-lo paralelo ao cavalete.

a) Talão.
b) Meio.
c) Ponta.

Repetindo também as mesmas notas, começando para baixo e para cima.


8 em 8.
4 em 4.
3 em 3.

2-No Moto Perpetuo de Paganini

a) No meio do arco estudar repetindo as notas de 2 em 2; buscar velocidade


usando o movimento do pulso, neste golpe de arco a crina se mantêm na
corda.

b) Tocar o Moto Perpetuo como está escrito, inicialmente não muito rápido,
gradualmente ir aumentando a velocidade, usar sempre o pulso evitando a
ação do braço.

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Movimento de Rotação do Antebraço

No talão, tocar notas curtas (staccato) no Kreutzer, n°.7, igualmente, usar


apenas o movimento de rotação do antebraço direito nas mudanças de
cordas. Manter o cotovelo parado evitando levantá-lo e abaixá-lo. Para que o
arco fique paralelo ao cavalete, é preciso que o primeiro dedo da mão direita
não se mantenha fixo (preso). Por fim, manter uma boa qualidade de som no
staccato.

Mudança de Cordas na Ponta

Na ponta do arco, tocar o Kreutzer, n°.7 em martelé. Durante as mudanças de


cordas, usar a união dos movimentos de antebraço, cotovelo, dedos e pulso,
dessa forma, poderá ser diminuída as distâncias entre as cordas. Por último,
buscar um movimento orgânico, cuidando sempre da qualidade de som do
martelé.

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Spiccato
1- Longo
No talão, aterrizar o arco em cada nota. Levantar o arco da corda a cada pausa.
Usar ativamente o antebraço direito mantendo o cotovelo parado.

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2- Spiccato Simples
Começando para baixo e para cima, em três velocidades. No talão, meio e
ponta.

a) Talão - (Mazas nº25) pag. 69


b) Entre talão e meio - (Kreutzer nº8) pag. 70
c) Meio - (Moto Perpétuo de Paganini) pag. 61
d) Duas ligadas e duas separadas, talão, entre talão e meio, meio.

e) Duas ligadas e duas separadas, talão, entre talão e meio, meio.

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3- Spiccato na Ponta
Usar excepcionalmente um movimento lateral do braço direito, usando o arco
como uma continuidade do braço. Desta forma será possível controlar o
spiccato na ponta.

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Kreutzer

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Jeté

Jeté é uma arcada onde literalmente jogamos o arco na corda, a partir da


velocidade do arco poderemos controlar o arco durante o Jeté.

a)

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b)

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Estudos em Três Cordas

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Variações de Arco
Em todas as variações devemos deixar o cotovelo direito parado, além de
ajustá-lo sempre na altura da corda do meio. Nas variações 3, 4, 5 e 6, devemos
usar o pulso como um veículo para diminuir a distância entre as cordas e
também diminuir os movimentos.

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Estudo em Quatro Cordas
Neste estudo, para conseguirmos regularidade do golpe de arco, além de fazê-
lo “pular” em cada corda ordenadamente, precisaremos ajustar o cotovelo na
altura da corda Ré e procurar não usá-lo ativamente. O braço deve ir para as
cordas Mi e Sol, sem a ajuda do cotovelo, assim, diminuímos os movimentos e
conseguiremos um ritmo e pulso contínuos. Portanto, a partir desse ritmo
ordenado das notas, o arco pulará em cada corda de maneira automatizada,
sem necessidade de impulso ou de jogá-lo.

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Estudo Preparatório para Mudança de
Cordas
Usar antecipação do pulso.

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I Estudo para Mudança de Cordas

Aplicar a antecipação do pulso antes de cada mudança de corda.

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II Estudo para Mudança de Cordas
Do Talão ao meio, usar o antebraço. (deixando o cotovelo parado).
Do meio à ponta, usar o pulso. (deixando o ante braço parado).

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III Estudo para Mudança de Cordas
No meio do Arco.

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Detaché e Spiccato

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Técnica
Básica
Violino
do

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