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Kashrut ou cashrut (em hebraico: ַּכְש רּות- também conhecido como kashruth ou kashrus na
tradição asquenazita), é o termo que se refere à correta alimentação preconizada pela Bíblia
no Primeiro Testamento para aqueles que desejam atender a Vontade do Eterno. Kasher (em
hebraico e kosher em yidish _ dialeto judaico) querem dizer a mesma coisa: um produto apto,
apropriado ao consumo, isto é, que preenche todos os requisitos da dieta determinada pelas
Escrituras. Logo a Kashrut é o conjunto destas leis outorgadas pelo Eterno ao povo judeu
através do recebimento da Torah, no Monte Sinai. A comida que não estiver de acordo com as
Escrituras é chamada de treif ou treyf (em iídiche: טרייף, do hebraico |ְט ֵר ָפ ה, transl. trēfáh).
Num sentido mais técnico, treif significa “rasgado”, “dilacerado” e se refere à carne que veio
de qualquer animal que contenha algum defeito que o torne impróprio para o abatimento. Um
animal que tenha morrido por qualquer meio que não o sacrifício ritual é chamado de neveila,
que significa literalmente “coisa suja”.
O lado físico
Imediatamente após os relatos do Mishcan (Tabernáculo), a Torah então nos traz a kashrut.
Estas leis nos relatam quais animais podemos considerar como alimentos, e quais não servem
para nós. O mais impressionante disto tudo é que a ciência tem avançado justamente na
direção de comprovar toda a kashrut. Já perdi a conta de quantos artigos já li de nutricionistas
falando dos malefícios das coisas abomináveis, como o porco e o camarão, por exemplo. O
Eterno não nos deu a kashrut à toa. Os animais considerados impuros são os mais imundos,
com hábitos alimentares péssimos (muitos deles comem qualquer lixo que veem pela frente),
ou com sistema digestivo que não purifica o suficiente o que comem. Muitas vezes, seus
cadáveres entram em estado de putrefação muito rapidamente. O que mais me entristece é
ver que, apesar de vivermos na chamada “geração saúde”, onde há tanto esclarecimento
sobre os benefícios e malefícios daquilo que comemos, muitos dos que se dizem seguidores de
Yeshua são taxativos ao falarem, por exemplo, dos males do cigarro, pois nosso corpo é
templo do Ruach (o espírito do Eterno), e temos que cuidar deste templo. Porém, comem
qualquer lixo (como os animais impuros de Vayicrá/Levítico 11) e acham que o Eterno não se
importa com a intoxicação dos corpos. Citam versículos mal traduzidos ou completamente fora
de contexto para provarem que “agora o Novo Testamento liberou tudo”, como se o Eterno
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fosse um Ser capaz de contradizer revelação anterior. Por que será que à medida que a ciência
avança comprovando cada vez mais o que o Eterno disse, mais teimosos se tornam os seres
humanos? Fica a reflexão!
Cito aqui um guia rápido e prático, extraído e adaptado de um artigo de Euzébio D. de Souza,
de quais alimentos seriam puros, e quais animais não são considerados alimentos:
Animais Terrestres Limpos: (versos 2 e 3): Bovinos (boi, vaca, bezerro, etc.) e Caprinos (cabra,
carneiro, etc.);
Animais Terrestres Imundos: (versos 4 a 8): Porco, camelo, lebre, coelho, lagarto, cavalo,
jumento, etc;
Aves Impuras: (versos 4 a 8): Avestruz, águia, corvo, falcão, coruja, gavião, abutre, morcego
(embora não seja exatamente uma ave), e demais aves de rapina;
Insetos Impuros: (versos 20 e 23): Todos os que não se enquadram no texto bíblico (a grande
maioria deles);
Frutos do Mar Puros: (verso 9): Apenas os que possuem nadadeiras e escamas. Isto inclui a
grande maioria dos peixes;
Frutos do Mar Impuros: (verso 9): Peixes que não possuem nadadeiras e escamas (ex: surubim,
tubarão, cação, etc.), e praticamente todos os demais frutos do mar: camarão, lagosta, ostras,
siri, lula, polvo, etc;
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Répteis Impuros: Todos os répteis são impuros. Isto inclui cobra, sapo, rã, lagartos, etc;
Gordura e Sangue: Além disto, o sangue é considerado impuro, e não deve ser ingerido,
devendo, portanto a carne ser bem passada, ou então todo o sangue removido de outra
forma. Por favor não caiamos em heresias: isto não se refere às transfusões de sangue. As
transfusões são permitidas, pois salvam vidas.
Gordura: boa parte da gordura dos bovinos e caprinos, a saber, aquelas que envolvem os
órgãos dos animais, não é permitida pela Torah para o consumo. Maiores informações no livro
de Vayicra (Levítico).
O lado espiritual
Além das óbvias considerações físicas a respeito da Kashrut (as leis alimentícias), existe
também um aspecto espiritual. Durante muito tempo não se pôde comprovar fisicamente o
motivo da Kashrut. Ainda hoje em dia, há pessoas que duvidam dos estudos que
comprovariam que os animais impuros são péssimos para a saúde. É por isto que a Kashrut
também tem um lado espiritual. Como já dissemos antes, a Kashrut (leis alimentícias) faz parte
dos chamados chukim, isto é, leis que nem sempre estão ao alcance da nossa compreensão.
Isto nos faz dependermos do Eterno e confiarmos n’Ele.
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Questão de liberdade
Encerro com uma história (verídica) que ilustra bem o princípio por detrás da Kashrut. Certa
vez, um rabino estava num avião, ao lado de um judeu secular. Chegou o momento da
refeição. O rabino recebe então a sua comida kasher (pura), conforme havia solicitado
previamente à companhia aérea. O judeu secular ao seu lado recebe o que para ele era uma
suculenta linguiça. O judeu secular então, em tom de provocação, se vira para o rabino e diz:
“Eu te ofereceria, mas você como segue essas regrinhas, não poderia comer, portanto
infelizmente não posso te dar”. O rabino então responde: “Aí é que você se engana, eu posso
comer a linguiça sim, aliás, eu acho que eu quero sim. Você se incomodaria de trocar de lanche
comigo?”
E dito isto, o rabino troca de bandejas com o judeu secular. O judeu secular fica olhando para
ele estarrecido, e pega de volta o seu prato. O rabino diz: “Veja bem, o fato do Eterno ter me
dado uma mitsvá (mandamento) não anula o meu livre arbítrio. Sou livre para fazer o que eu
quiser. Porém, como eu sou livre, prefiro exercer essa liberdade em amor e obediência ao
Eterno.”
O judeu secular então responde com grande tristeza: “Pois é, rabino, o senhor tem sorte. Eu
não me sinto livre. Não sou capaz de resistir a essa linguiça, por isso peguei de volta o meu
lanche”.
A verdadeira liberdade, que obtemos através da teshuvá (retorno ao Eterno), não é aquela que
transgride, mas aquela que ama e obedece ao Eterno.
Yeshua não nos libertou para o pecado, mas sim para a obediência...