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CICLOTURISMO:
uma proposta para o Município de Governador Celso Ramos (SC)
Florianópolis – SC
2022
PAULO ARANALDE CARVALHO
CICLOTURISMO:
uma proposta para o município de Governador Celso Ramos (SC)
Florianópolis – SC
2022
Dedico este trabalho a minha esposa Cristina, pelo
carinho e compreensão durante minha jornada
acadêmica. Aos meus filhos, como forma de
incentivá-los continuamente à formação
intelectual. Aos meus pais (in memoriam) por me
tornarem o que sou.
AGRADECIMENTOS
The objective of this work is to propose strategies to strengthen cycle tourism in the
municipality of Governador Celso Ramos/SC. The work was structured in qualitative research.
For data collection, interviews, observation, documental research, and bibliographic research
were used. Data analysis showed that tourism is an important source of revenue for the
municipalities. The diversification of tourist activity, beyond the summer months and vacations,
to be obtained with cycle tourism, can be configured as an economic incentive for local
commerce, as well as a source of work and income for the citizens. The mapping of routes,
landmarks, and trails emerges as a proposal to the municipality for the creation of circuits that
can be used by adventurous or leisure cyclists. In order to achieve this public policy, public
hearings involving public and private entities are proposed, oriented towards the planning of
public policies in the field of cycle tourism in the municipality; the interaction with neighboring
municipalities in a consortium way, as an element that brings resources together; the elaboration
of an executive project, as a possibility to obtain government resources, providing cycling
mobility; the involvement of the municipal executive as an incentive to the development,
dissemination, promotion and inspection of cycle tourism activities. Finally, by revealing the
potential of the cycle tourism project, the consultancy intends to meet the wishes of municipal
managers revealed in the first interviews and, in this way, support the decision to implement a
public policy aimed at cycling tourism in the municipality.
Mapa 1 – Gov. Celso Ramos e vias de acesso sem relevo (SC- 410), 2021 ............................ 48
Mapa 2 – Circuito Mar e Montanha de Governador Celso Ramos .......................................... 80
Quadro 1 – Dados sobre população, ICMS Nominal, Salário Médio do trabalhador, PIB Per
Capita e Arrecadação de ICMS Turístico em 3 localidades de Santa Catarina
(Pomerode, Governador Celso Ramos e Florianópolis) ........................................ 55
Quadro 2 – Tabela da Ferramenta 5W2H ................................................................................. 84
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13
1.1 IDENTIFICAÇÃO DA DEMANDA E DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO
PROBLEMA ............................................................................................................. 14
1.2 OBJETIVOS DO ESTÁGIO ..................................................................................... 15
1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................................... 15
1.2.2 Objetivos específicos: ................................................................................................... 15
1.3 CONTRIBUIÇÃO DO TRABALHO........................................................................ 16
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 17
2.1 TURISMO ................................................................................................................... 17
2.1.1 Conceito de Turismo .................................................................................................... 17
2.1.2 Turista e Atividade Turística ........................................................................................ 18
2.1.3 História do Turismo ...................................................................................................... 20
2.1.3.1 O turismo no mundo ..................................................................................................... 20
2.1.3.2 O turismo no Brasil ...................................................................................................... 24
2.1.4 Benefícios ..................................................................................................................... 25
2.1.5 Políticas Públicas .......................................................................................................... 27
2.2 CICLOTURISMO ...................................................................................................... 29
2.2.1 Conceito de Cicloturismo ............................................................................................. 29
2.2.2 História da Bicicleta e Atividade Cicloturística ........................................................... 31
2.2.3 Benefícios do Cicloturismo .......................................................................................... 35
2.2.4 Políticas Públicas sobre Cicloturismo .......................................................................... 36
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................ 40
4 CARACTERIZAÇÃO, DIAGNÓSTICO E ANÁLISE DA REALIDADE
ESTUDADA .............................................................................................................. 46
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO/CONTEXTO ................................. 46
4.2 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA .......................................................... 49
4.3 ANÁLISE DA SITUAÇÃO PROBLEMA ................................................................ 51
4.3.1 Análise dos dados apresentados pela ferramenta Power Bi ......................................... 52
4.3.1.1 Mapa Geral .................................................................................................................. 52
4.3.1.2 Painel das 13 regiões Turísticas com foco na Grande Florianópolis e Vale Europeu 57
4.3.1.3 Dados do Segmento do Turismo ................................................................................... 60
4.3.2 Trilhas Mapeadas .......................................................................................................... 66
4.3.2.1 Trilhas da Praia dos Ilhéus .......................................................................................... 66
4.3.2.2 Trilha da Picada Comprida.......................................................................................... 68
5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO / RECOMENDAÇÕES .................................. 81
6 CONCLUSÕES........................................................................................................... 85
7 RELATO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NOS ESTÁGIOS I E II ...... 88
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 92
13
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho contribui de forma expressiva com a sociedade, pois alinha diversos
elementos em busca de qualidade de vida as pessoas, e o desenvolvimento socioeconômico da
sociedade. A consultoria em Administração Pública é capaz de identificar lacunas
organizacionais nas mais diferentes esferas de entes públicos, e, dessa forma, ao auxiliar no seu
reconhecimento, permitir rever processos e adequá-los a atualidade. Para o estagiário, estar
envolvido num projeto com tal dimensão vem a ser a epítome do curso de Administração
Pública, pois permitirá materializar a conexão das diversas áreas estudadas ao longo do curso a
sua aplicabilidade de fato.
Os resultados obtidos permitirão ao gestor municipal identificar e compreender a
importância de adequar todos os elementos que se imbricam no fomento da atividades turísticas
ligadas ao cicloturismo e mobilidade, tais como as leis vigentes e asseguradas na constituição,
a importância do incentivo ao turismo em sua vertente de cicloturismo, à segurança nos
deslocamentos, ao desenvolvimento socioeconômico da comunidade, a preservação da natureza
e a arrecadação municipal, portanto, uma série de fatores intrínsecos a sua implantação e
desenvolvimento. Ademais, destacar os aspectos relacionados as características geográficas e
de natureza, que já são peculiares ao município, sua cultura histórica, seus pratos típicos vem a
se somar como elementos marcantes ao projeto.
17
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 TURISMO
Definir o que é o turismo tem levantado impasses, tanto do ponto de vista técnico, como
conceitual, pela dificuldade de identificar os aspectos, as ambiguidades e as contradições das
definições existentes do turismo (CUNHA, 2010, p. 19).
Entretanto, para o autor, uma redução possível seria a de:
Turismo é o conjunto das atividades lícitas desenvolvidas por visitantes em razão dos
seus deslocamentos, as atrações e os meios que as originam, as facilidades criadas
para satisfazer as suas necessidades e os fenômenos e relações resultantes de umas e
de outras (CUNHA, 2010, p. 19).
Para a Organização Mundial do Turismo (OMT), uma definição de turismo, até hoje
muito difundida, vem nos seguintes termos: “O turismo compreende as atividades realizadas
pelas pessoas durante suas viagens a e estadias em lugares diferentes de seu entorno habitual,
por um período consecutivo inferior a um ano, tendo em vista lazer, negócios ou outros
motivos” (OMT, 2001, p. 38).
Contudo, para Guilibato (1983, p. 10) o fenômeno em questão só será entendível
“através de uma abordagem pluridisciplinar global que coloque o turismo no seu contexto
socioeconômico”.
Segundo Cunha (2010, p. 2), se vislumbra o nascimento do turismo moderno nos anos
cinquenta do século do século XX. Nesse sentido, surge a necessidade de sua definição, num
18
primeiro momento sob um ponto de vista técnico e estatístico, e depois, sob o ponto de vista
conceitual para delimitar o seu âmbito e compreender o seu funcionamento. Por isso, têm-se
que as definições estanques, que buscam achar um significado sintetizado para o turismo, vêm
sendo ampliadas num nível conceitual, para melhor compreender as muitas abordagens que o
turismo pode ter, ou seja, revelar um significado amplo que o explique melhor. As várias
interpretações da atividade turística podem ser evidenciadas de acordo com a área e formação
dos autores que estudam o turismo (BENI, 2016, p. 48).
Assim, a complexidade do emergente fenômeno turístico leva-nos a ter presente que
qualquer definição que dele se queira adiantar, ficará sempre aquém da sua inteira percepção
(HENRIQUES, 2003, p. 14).
Por conseguinte, em virtude das diferentes percepções que o tema levanta, a definição
de turismo num único aspecto pode se mostrar falível, em virtude da diversidade de aspectos a
ela ligados. Assim, os autores avançam na busca de um significado que melhor o represente,
ampliando sua abrangência conceitual, para dessa forma melhor compreendê-lo,
Nesse sentido, para Fratucci (2008, p. 25):
[...] turismo é, por natureza, um fenômeno socioespacial complexo que gera uma
experiência para o turista. Essa experiência (vivência) é fruto de uma prática humana,
onde o homem, por motivações as mais variadas, decide se deslocar do seu local de
residência habitual – seu habitat – e, temporariamente, percorrer e permanecer em
outros trechos do espaço para depois retornar ao seu ponto de origem. Nesses
deslocamentos, ele vivência e experimenta momentos únicos que vão ser incorporados
ao seu ser histórico.
O turismo é uma atividade de base cultural e que surge pelo interesse das pessoas em
conhecer lugares, costumes, religiões, arte, paisagem, arquitetura. Portanto, ao despertar uma
diversidade de aspectos de interesse dos indivíduos em pessoas ou regiões, presentes ou
passados, e, procurando entender como vivem ou viviam naquele determinado momento
poderia se dizer que temos ali o turismo a ser praticado (PIERI, 2014, p. 36).
Dessa forma, fica evidenciado que mesmo entre os autores existe uma dificuldade em
definir o que é turismo, pois de acordo com o tempo e a evolução da sociedade novas
perspectivas e abordagens ao turismo propriamente dito, vem a se somar e, portanto, extrapolam
além dos conceitos vigentes.
Para a Liga das Nações – turista internacional (1937/38), a definição de turista foi
representada como:
19
Toda pessoa que viaja, por um período de 24 horas ou mais, para um país diferente
daquele de sua residência habitual. [...] não abranger o turismo doméstico/interno (e
sim apenas o turismo internacional) e para a inserção das “24 horas” como limite
inferior, sem estipular limite máximo, e sem reconhecer os turistas do mesmo dia
(PAKMAN, 2014, p. 8).
patrimônio natural e cultural. Além disso, incentiva sua conservação e busca a formação de uma
consciência ambiental, valorizando o espaço e consequentemente a comunidade local
(CARVALHO; RAMOS; SYDOW, 2013).
As mudanças nas subjetividades para enfrentamento das pressões crescentes do mercado
de trabalho e do cotidiano produzem essa busca por momentos de fuga, influenciados também
pelas mídias, pela busca de um corpo saudável, através de exercícios físicos, nos quais a
bicicleta é a possibilidade para além dos espaços fechados de academias (SARTORI, 2021, p.
27).
Portanto, fica claro que a atividade turística acompanha a evolução da sociedade e os
costumes, nesse sentido o homem contemporâneo, fugindo do caos da cidade, passa a eleger
novos destinos turísticos que se alinhem a paz e tranquilidade. Essa busca acha na natureza os
elementos necessários que venham a suprir aquilo que as metrópoles não mais oferecem – ar
puro e paz.
O turismo, em termos históricos, teve início quando o homem deixou de ser sedentário
e passou a viajar, principalmente motivado pela necessidade de comércio com outros povos.
(IGNARRA, 2013).
O nomadismo, característico nas primeiras civilizações, vem seguido de uma fase
sedentária, que, entretanto, não significou ausência de deslocamento, mas sim um movimento
regulado pelo meio ambiente, no qual as pessoas buscavam localidades para obter recursos que
garantiriam a sobrevivência da comunidade. Na idade média dá-se o contrário, se busca a
fixação do homem a terra, isso permitiria um maior controle e estabilidade da população local
– os homens errantes provocam medo (ASSUNÇÃO, 2012).
Para Badaró (2013) ele situa que a pré-história do turismo vem da antiga Grécia, entre
os fenícios, na antiga Roma ou até mesmo antes da idade escrita, há milhões de anos atrás.
Ainda que lazer e viagem possam ser considerados como “universais culturais” (grifo
do autor) e fundamentos para uma definição básica de turismo, as origens deste têm merecido
algumas investigações históricas. Se alguns autores procuram as origens do turismo na época
da expansão colonial, outros as buscam nas peregrinações características dos séculos XVIII e
XIX (MURDOCK, 1982).
Contudo, há autores que corroboram a tese de que se fosse realizados estudos em tempos
anteriores, tendo por base outras culturas e povos, além da greco-romana e da fenícia, seriam
encontrados antecedentes ainda mais remotos, permitindo um entendimento que o ser humano
sempre viajou, seja em definitivo, em processo migratório, ou temporariamente, em processo
de retorno (LEAKEY apud BADARÓ, 2013).
Na Idade Média ao contrário dos deslocamentos vistos no nomadismo, nas navegações
dos fenícios e romanos, se busca a fixação do homem a terra, permitindo um maior controle e
estabilidade locais – os homens errantes provocam medo (ASSUNÇÃO, 2012). Com o fim do
Império Romano e o surgimento da Idade Média as viagens tiverem decréscimo, os novos
grupamentos que se formam (feudos) são autossuficientes e, como as viagens eram perigosas
em virtude dos assaltos por grupo de bandidos, os deslocamentos eram quase inexistentes. As
exceções nessa época se davam quando da realização das Cruzadas, que eram grandes
expedições organizadas e com forte aparato militar que escoltavam os peregrinos até a Terra
Santa, podendo ser considerado um dos primórdios do turismo religioso (IGNARRA, 2013).
A viagens marítimas advindas com a expansão europeia, nos descobrimentos, se
posiciona como um marco, pois alimentando uma curiosidade intelectual, científica e comercial
conduziram a uma inevitável circulação cultural (ASSUNÇÃO, 2012).
22
No século XV, e início dos descobrimentos, alguns fatores como o advento do uso da
bússola, e o comercio marítimo passa a florescer, propiciaram às viagens, de cunho mercantil,
uma grande importância. Os espanhóis e portugueses desempenharam papel fundamental
nessas viagens transoceânicas de descoberta, e foram elas que apresentaram à Europa um novo
mundo, instigando o desejo de muitos em conhecer (BADARÓ, 2013).
Nos séculos seguintes ao florescimento do capitalismo o hábito de viajar expandiu-se
nas classes mais favorecidas. A era das ferrovias representou uma segunda etapa no
desenvolvimento do turismo, pois o rápido crescimento da população e da riqueza criou um
enorme mercado num curto espaço de tempo. Nasce aí o turismo de massa, os agentes e os
operadores turísticos. Eles passam a desenvolver novas formas de estratégias de marketing,
criando as viagens previamente organizadas, os pacotes turísticos, cartazes e folhetos. No
mesmo viés, o autor chama a atenção para o desenvolvimento na segunda metade do séc. XVIII
das viagens marítimas. Tendo como alavanca o barco a vapor, tornando as viagens mais
seguras, rápidas, e a possuir mais capacidade de carga e de passageiros. Por fim nos aponta que
a aviação deu o impulso definitivo para o desenvolvimento do turismo, tornando as viagens
mais baratas e rápidas, possibilitando assim um grande intercâmbio turístico (IGNARRA,
2013).
O século XIX foi marcado por um período de intensas transformações na economia,
política e sociedade em si, e representaram para o turismo um verdadeiro avanço. Nessa época,
surge o conceito formal de turista, deixando de ser apenas um neologismo (BADARÓ, 2013,
p. 9).
Reforçando essa tese “pode-se afirmar que o turismo em larga escala somente emergiu
no mundo ocidental no final do século XIX e início do XX” (PI-SUNYER, 1989, p. 191).
O turismo ganhou crescente participação no desenvolvimento econômico dos países, ao
longo do século XX e XXI, com as inovações nos transportes (principalmente com os
automóveis e o avião, para percursos em longas distâncias), além da oferta de novos produtos
e serviços nos destinos turísticos. As tecnologias da informação e comunicação contribuem para
o desenvolvimento em larga escala do turismo, na divulgação dos destinos e atrativos turísticos,
modificando a relação do consumidor e do marketing, em um processo ativo de avaliação do
que é ofertado (VERÍSSIMO e RODRIGUES; ALEXANDRE, 2020).
O marketing utilizado por empresas que agenciam turismo fica evidenciado no texto:
As empresas e os destinos turísticos são impactados pelos conteúdos gerados nas
mídias sociais, devido à formação de opinião por parte das pessoas que vivenciaram
as experiências turísticas, tanto nos aspectos positivos, como nas dificuldades
encontradas. Assim, essa opinião do usuário nas mídias sociais está exposta para
todos na rede, seus conteúdos gerados, [..] criam credibilidade e confiabilidade para
23
compras, podendo ser utilizados como estratégia de marketing digital pelos meios de
hospedagem (BARBOSA; ANDRADE-MATOS; PERINOTTO, 2020, p. 168).
A ampliação dos sites e aplicativos, que agora não somente fazem a divulgação, mas
também possibilitam organizar viagens sem a intermediação, é uma das novas ferramentas
nesse processo de virtualização da atividade turística, já que a produção de dados pode ser
utilizada para ressignificar os destinos e os sujeitos envolvidos diretamente no planejamento e
na organização dos atrativos (SARTORI, 2021, p. 27).
A utilização do automóvel como principal meio de transporte surge com força no sec.
XX, e dessa forma sua multiplicação passa a gerar crescentes congestionamentos nos centros
das cidades. Outras formas de transporte urbano, sejam coletivos ou individuais, se mostram
muitas vezes, aquém das necessidades dos usuários e de forma precária. A partir desse aspecto,
o incentivo a outras formas de deslocamento, como a bicicleta, ficara em segundo plano,
embora houvesse mudanças nessa perspectiva, principalmente na Europa. Dessa forma a visão
convencional, focada nos automóveis, instiga novas modalidades e que buscam a integração
dos sistemas de mobilidade urbana, garantindo a seus usuários, sejam moradores ou turistas a
utilizar a bicicleta como meio de deslocamento, seja em roteiros de curta ou longa distância
(SALDANHA; FRAGA; SANTOS, 2015).
A partir da segunda metade do século XX, a atividade turística expande com força pelo
mundo inteiro. Como consequência do aumento de companhias aéreas, pois a impossibilidade
de abrirem suas próprias filiais em todos os locais, abrem espaço para que as agências de viagem
se multipliquem, ampliando ainda mais o número de viajantes. O crescimento da crise
ambiental e o aumento da consciência ecológica das populações, tanto dos países desenvolvidos
como daqueles em desenvolvimento, impulsiona o turismo no final da década de 1980, pois
passa a observar uma mudança no perfil dos consumidores. Essa nova dinâmica de hábitos,
preconiza o surgimento de demanda por outros segmentos do turismo (ecológico, de aventura,
social), sobrepujando alternativas até então predominantes de “sol e praia”. No estágio atual, a
evolução do turismo vem sendo multiplicada pelo desenvolvimento tecnológico dos meios de
comunicação e transportes a índices cada vez mais elevados em quase todas as classes sociais,
entretanto, uma série de acontecimentos de natureza econômica, social, política e ambiental,
impactam em maior ou menor grau, positiva ou negativamente os resultados econômico-
financeiros do turismo em diversos países e destinos turísticos no planeta (TADINI;
MELQUIADES, 2010).
Para os autores é necessária uma reflexão dos governos, em virtude desses fatos:
24
Por essa razão, os governos têm investido cada vez mais em políticas de
desenvolvimento da atividade, promovendo ações em áreas estratégicas como
marketing externo, meio ambiente, segurança pública, comércio exterior,
empregabilidade, capacitação, entre outros. Além disso, busca-se ampliar o campo de
pesquisa sobre a atividade turística, tornando o turismo um campo de estudos
interdisciplinar, que possibilite uma maior compreensão do fenômeno turístico em
todas as suas facetas (TADINI, MELQUIADES, 2010, p. 26).
Diante dos argumentos expostos, percebe-se a evolução dos deslocamentos até os dias
atuais como parte da própria evolução do homem em sociedade. A atual atividade turística
cresce junto a melhor qualidade de vida que vem sendo experimentada pela sociedade
contemporânea e, dessa forma, ao seguir seus passos possui uma dinâmica que converge em
satisfazer a dado momento, suas necessidades sociais e econômicas.
Dentro desse enfoque, se faz necessário um recorte à história do turismo no Brasil que
começa com o próprio descobrimento e se desdobra com a criação das Capitanias Hereditárias
e do Governo Geral. Desse início, passa a ocorrer um turismo de negócios entre a metrópole e
a colônia. A classe dominante que vem a prosperar, por conta das riquezas desse comércio,
permite as viagens de intercâmbio cultural, com a ida de seus filhos para Portugal para estudar.
O ecoturismo surge, segundo Ignarra (2013), com a expedição de Von Humboldt, naturalista
alemão que empreendeu longa viagem por grande parte do território brasileiro pesquisando a
flora e fauna.
No início do século XIX, a corte portuguesa chega ao Brasil, fugindo das invasões
Napoleônicas da península ibérica. A acomodação da família imperial propicia um
desenvolvimento na cidade do Rio de Janeiro como nunca visto, remodelando em pouco tempo
os espaços públicos (CARVALHO, 2014).
A demanda por hospedagem na cidade aumentou em decorrência da visita de diplomatas
e comerciantes, iniciando-se assim a hotelaria brasileira. Nesse período, se desenvolve a cidade
de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, como primeira estância climática brasileira. Por
intermédio da ação do Visconde de Mauá, na segunda metade do século XIX, desenvolvem-se
os meios de transportes movidos a vapor. No ano de 1852, funda-se a Companhia de Navegação
a Vapor do Amazonas, e, em 1858, inaugura-se o primeiro trecho ferroviário no Rio de Janeiro.
Em 1855 é inaugurado trem para o corcovado, existindo no local até hoje, em 1908 é inaugurado
o Hotel Avenida, com 220 quartos, o maior do Brasil à época, marcando o início da hotelaria
25
Por conseguinte, o turismo no Brasil não foge à regra mundial e se aperfeiçoa junto com
o amadurecimento socioeconômico da sociedade brasileira. A chegada da família Real traz
grandes oportunidades de comercio com diversos países e dessa forma, assim como visto em
outras capitais mundiais da época, acelera a chegada de estrangeiros e com isso o crescimento
de uma rede hoteleira insipida até aquele momento.
A revolução industrial é outro fator preponderante no nosso desenvolvimento turístico,
assim como a chegada de ferrovias e as primeiras companhias aéreas. Destaca-se que o Brasil
é um país com grande extensão territorial e possui a maior floresta tropical do mundo recebendo
turistas do mundo inteiro para a prática do Ecoturismo.
2.1.4 Benefícios
26
Ao falarmos dos benefícios que o turismo traz devemos pensar no que ele significa para
o ser humano, desde os primórdios com seus deslocamentos a fim de proporcionar seu sustento,
até os dias atuais como forma de entretenimento e lazer. Assim, sob os holofotes
contemporâneos vemos que ele emerge como um fenômeno socioeconômico, fruto do
desenvolvimento da sociedade, vivenciado nas últimas décadas, proporcionando recreação,
lazer e desenvolvimento pessoal como nunca havia se visto.
Entretanto, esses três aspectos devem ser reinterpretados, na prática, nos lugares onde
ele se realiza, pois a essa equação duas análises que orientarão os resultados devem ser
observadas: aquela em que o visitante deve receber os “benefícios” que seu poder aquisitivo
permite no desfrute dos atrativos, patrimônios e recursos, como também o coletivo humano da
sociedade que inclui os habitantes ou residentes. Outros fatores se apresentam dando igual
orientação e uniformidade, são as necessidades, anseios e desejos humanos, bem como as
motivações psicológicas que são fundamentais na definição do que é, e o que representa o
turismo (PANOSSO NETO; NECHAR, 2016).
Essa ressignificação dada ao turismo é percebida nesse destaque: para o país receptor, o
turismo é uma indústria cujos produtos são consumidos no local, formando exportações
invisíveis, sendo que os benefícios auferidos dessa atividade podem ser verificados na própria
comunidade onde foi produzida, com reflexos econômicos, políticos, culturais e psicológicos
nos atores sociais. Ao mesmo tempo é também uma atividade de prestação de serviços cujo
caráter multidisciplinar amplia seu papel como gerador de trabalho e de novas oportunidades
de emprego. Entretanto, essa atividade traz desdobramentos importantes ao setor primário uma
vez que interfere na proteção do meio ambiente e na adequada utilização dos recursos naturais;
e ao setor industrial uma vez que estimula a produção de diversos equipamentos e recursos
específicos às atividades econômicas (WAHAB, 1976 apud BENI, 2016).
Nesse sentido, autores atentam para que, ao se justificarem os benefícios econômicos e
socioculturais advindos dessa atividade, o turismo cultural deveria ter em consideração as
externalidades negativas, destrutivas que o uso massificado e descontrolado dos locais poderia
acarretar, e assim se multiplicar os esforços de proteção, conservação e manutenção dos locais
de lazer, independentemente das motivações e justificativas de benefícios (HENRIQUES,
2003).
Múltiplas designações se formam em diferenciar os tipos de turismo, em benefício do
público-alvo, direcionando as atividades a nichos específicos. Em muitos casos, se pode
observar que certas designações surgem para tirar proveito de benefícios que o turismo
27
proporciona como turismo residencial, turismo médico; outras para dar cobertura a atividades
repugnantes ou ilícitas como turismo sexual, ou drogas ou para criar uma certa imagem como
turismo de charme, turismo sensorial. Apesar disso, dão prosseguimento as políticas de
desenvolvimento turístico tais como o turismo cultural, o turismo de sol e praia, o turismo de
negócios ou o turismo de saúde e bem-estar, o que contribui para lhes atribuir idêntica dignidade
e papel da mesma natureza (CUNHA, 2010).
Entretanto, conforme descrito por Alexandre (2003), os benefícios que o turismo traz
precisa ser planejado e gerenciado de forma competente para que as necessidades e o potencial
das comunidades onde ele se exercerá, se desenvolvam em todas as suas potencialidades,
incluído aí, além da atividade junto a natureza a inclusão do patrimônio histórico e cultural em
seu circuito econômico, e desenvolvido de forma sustentável e não predatória.
Para outro autor, a atividade turística deve ser vista além da sua dimensão econômica
(negócio do ócio):
Ela deve agregar outras dimensões - sócio e ambiental, podendo transformar-se em
uma estratégia alternativa de um desenvolvimento mais sustentável, valorizando e
preservando tradições e relações sociais, racionalizando o uso dos recursos naturais e,
ainda, gerando renda e aproveitando as capacidades humanas locais (SAMPAIO,
2003).
Os benefícios do turismo também não têm escapado aos olhos dos governantes. Eles
têm demonstrado interesse especial aos benefícios do potencial de desenvolvimento econômico
e regional que o turismo pode trazer para uma região. Entretanto, ao se utilizarem da
28
É ficção pensar que o governo não tem papel algum a desempenhar no Turismo. Pelo
contrário, ele é e continuará sendo a ‘mão oculta’ que dirige a política da área, ao
mesmo tempo em que assegura que os serviços turísticos que mais satisfazem os
visitantes estrangeiros sejam oferecidos pelos mais capacitados a fornecê-los.
As políticas públicas devem promover uma gestão nas ações de planejamento da política
turística, evitando assim os revezes, como afirma esse autor:
Desta maneira, planos turísticos podem estabelecer as bases de uma política turística,
sobretudo se considerarmos que os objetivos de um plano são as atitudes desejáveis
frente a determinada situação. As políticas públicas para o turismo conduzem e
orientam para uma ação planejada de gestão e desenvolvimento, sem os revezes do
inesperado, do insólito ou do imprevisto (WEISSBACH, 2004, p. 4).
Portanto, nas políticas públicas voltadas para o turismo tem-se observado uma maior
discussão em torno do tema, estando a administração pública diretamente ligada ao
planejamento de ações que nortearão os incentivos ao turismo, extrapolando somente os
benefícios econômicos advindos dessa prática, mas também trazendo para a discussão os
impactos e benefícios socioambientais que eles poderão acarretar. Essa atitude reflete um
amadurecimento político da governança pública, em busca de alinhamento das ideias em torno
da sustentabilidade, outro tema importante na agenda governamental e da sociedade.
2.2 CICLOTURISMO
elencam três categorias, dessa forma facilitando a compreensão de sua relação com os seus
usuários (ou cicloturistas): (1) excursões, quando o ciclista realiza passeios recreativos não mais
longo que um dia a lugares fora ou no seu local de residência – envolvendo moradores e
visitantes em um mesmo roteiro; (2) ciclismo em férias, quando o ciclismo integra um conjunto
maior de atividades em uma viagem; (3) viagens de bicicletas (ou cicloviagens), quando a
bicicleta é a principal motivação e modo de transporte de uma viagem.
Segundo Carvalho, Ramos e Sydow (2013), o desenvolvimento da sociedade trouxe
diversas externalidades como o aumento do trânsito, do sedentarismo e a degradação ambiental,
dessa forma a população passa a buscar pelo contato com a natureza e qualidade de vida. Ao
incentivar a conservação e a busca pela formação de uma consciência ambiental, o homem
passa a valorizar novos espaços e, consequentemente, comunidade locais cujo patrimônio
natural e cultural se destaquem, ou seja, um ecoturismo.
Dentro do turismo ecológico, o cicloturismo é uma modalidade que vem ampliando o
número de adeptos cada vez mais no país, apoiada no baixo impacto ambiental, já que é
realizado com bicicletas. Além disso, é uma atividade de lazer que contribui para uma melhor
qualidade de vida, pela prática de exercício físico e de forma mais sustentável, combinado com
o ambiente visitado e dessa forma proporcionado a viagem ou a visitação a destinos e atrativos
turísticos com maior mobilidade (CARVALHO; RAMOS; SYDOW, 2013).
Para Cavallari (2012, p. 133):
Hoje, o cicloturismo representa muito mais do que apenas uma forma eficiente e
econômica de viagem. Em meio à crise climática, aos questionamentos éticos e
econômicos sobre nosso atual estilo de vida, nossos métodos de produção e hábitos
de consumo, diante da busca constante e mais responsável por melhor qualidade de
vida, novamente a bicicleta, através do cicloturismo, apresenta seu discurso
revolucionário e libertário.
usuário e um destino turístico. Contudo, apenas destaca-se em nosso estudo que o destino aqui
é a natureza, ou comunidades com cenários onde a natureza é a primazia.
O cicloturismo é reconhecido por ser uma atividade que envolve múltiplos segmentos
do turismo, assim como conecta ambientes urbanos e rurais. Quando a principal
32
Compreender essas dinâmicas, perfis e formas de interação pode contribuir para novos
formatos de rotas e roteiros de cicloturismo, além de proporcionar o incentivo à prática
do ciclismo atenta às necessidades e às expectativas de diferentes segmentos
socioeconômicos, explorando essas diversidades como um elemento de
desenvolvimento sustentável e coerente com as condições dessa multiplicidade de
contextos (SARTORI, 2021, p. 30).
Art. 21. Compete aos órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição: [...] II
- planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de veículos, de pedestres e de
animais, e promover o desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas; [...].
Art. 24. Compete aos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Municípios, no
âmbito de sua circunscrição: [...] II - planejar, projetar, regulamentar e operar o
trânsito de veículos, de pedestres e de animais e promover o desenvolvimento,
temporário ou definitivo, da circulação, da segurança e das áreas de proteção de
ciclistas; [...]. (BRASIL, 1997).
Por conseguinte, percebe-se o âmbito ampliado e que confere além da União, os Estados
e Municípios como órgãos executivos da legislação de trânsito, com ênfase aos municípios por
se tratar de modal inerente aos deslocamentos em centros urbanos. No que tange aos cuidados
33
Em vista disso, compreende-se que a atividade ciclística poderá atingir níveis elevados
de sofisticação, caso o usuário assim desejar, ao se inserir em grupos específicos na prática da
modalidade, contudo isso ainda não exclui a utilização básica pelos praticantes iniciantes ou
mesmo aqueles mais despojados. Notadamente, poderão ser utilizados variados tipos de
35
Sabe-se que a prática de exercícios físicos traz inúmeros benefícios para seus
praticantes, por conseguinte, não haveria de ser diferente com os benefícios que as pedaladas
poderão trazer para seus adeptos. Portanto, vem a ser recomendado como forte indutor de saúde
física e mental a seus usuários além de controlar a pressão, osteoporose, fortalecer músculos,
melhorar a memória, controle do sistema cardiovascular, diminuir riscos de diabetes, auxiliar
na perda de circunferência abdominal e eliminar o estresse. Ademais, pedalar é divertido e ajuda
a conhecer novas pessoas e lugares (OLIVEIRA; ANUNCIAÇÃO, 2000).
Outros autores consideram o ecoturismo uma alternativa para conciliar conservação,
educação ambiental e benefícios as comunidades receptivas, entretanto, como observam, são
raros os roteiros que se apoiam nesse tripé, predominando o “quanto mais, melhor”. Contudo,
o ecoturismo continua como um importante polo de desenvolvimento da educação ambiental
fundamentada na Política Nacional do Turismo, promovendo as regiões, as comunidades e os
turistas. Além disso, os benefícios sociais, físicos, econômicos e culturais tornam-se
importantes catalisadores na qualidade de vida tanto de locais quanto de turistas
(MENDONÇA; NEIMAN, 2005).
Lamont (2009) chama atenção para o estabelecimento de parâmetros técnicos que
permitam definir, avaliar e analisar os impactos e benefícios dos cicloturismo nas comunidades
que os receberão, e assim auxiliar os operadores e os responsáveis na gestão de atender às
necessidades e expectativas dos consumidores dessa modalidade de turismo, evidenciado nas
próprias submodalidades de competição ou cicloturismo, como também em pessoas que
participam ativamente da atividade ou pessoas que vão apenas para assistir os eventos. Essa
perspectiva que difere das abordagens tradicionais sobre a atividade dentro do turismo.
Na visão ampliada de outro autor temos um importante enfoque como vemos:
36
O cicloturismo se insere como uma prática esportiva, que envolve esporte, lazer e
turismo, com crescimento de adeptos e demanda de destinos turísticos adequados às
necessidades dos praticantes. Também favorece o contato com a gastronomia e as
populações locais, por ser um meio de locomoção de baixa velocidade e que requer
mais paradas que outros meios de transporte (SARTORI, 2021).
Inicialmente, trazemos a abordagem feita por Saldanha, Santos e Fraga (2015), que
promove um estudo sobre as diferentes políticas públicas que, norteadas por diversos países,
ocorrem na organização da atividade de cicloturismo. Do resultado deste estudo, os autores nos
apontam aquilo que relacionam como as três grandes fases do planejamento do cicloturismo:
37
Art. 23. Os entes federativos poderão utilizar, dentre outros instrumentos de gestão do
sistema de transporte e da mobilidade urbana, os seguintes: [...] III - as infraestruturas
do sistema de mobilidade urbana, incluindo as ciclovias e ciclofaixas. [...]
Art. 24. § 4º Os Municípios que não tenham elaborado o Plano de Mobilidade Urbana
até a data de promulgação desta Lei terão o prazo máximo de 7 (sete) anos de sua
entrada em vigor para elaborá-lo, findo o qual ficarão impedidos de receber recursos
orçamentários federais destinados à mobilidade urbana até que atendam à exigência
desta Lei. (BRASIL, 2018)
Salienta-se que as políticas públicas são executadas pelos agentes públicos para
alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público, e parte de suas ações, em favor delas,
39
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Nesse sentido, as mesmas autoras apontam que dependendo da natureza da pesquisa ela
poderá ser de natureza qualitativa ou quantitativa, e que essa abordagem dependerá do foco do
pesquisador, pois de acordo com o que se pretende estudar, aquilo que se busca compreender
dentro de uma realidade social, pode ensejar a escolha do método mais apropriado (JARDIM;
PEREIRA, 2009, p. 1)
Portanto, buscou-se dentro do foco da pesquisa sobre o cicloturismo, trazer uma
perspectiva que pudesse traçar pontos positivos e negativos e, consequentemente, permitir aos
gestores locais dados que satisfizessem a demanda para a implantação dessa modalidade de
turismo em sua estratégia executiva de ampliação da exploração da atividade turística local. Por
conseguinte, a pesquisa qualitativa se mostrou a forma mais adequada para este estudo, pois,
ao precipitar-se num universo socialmente circunstancial e imprevisível, permitirá levantar
dados que ajudem a compreender as demandas que promovem escolhas, decisões e resultados
e que muitas vezes fogem a aspectos meramente quantitativos.
Segundo Mendonça (2014, p. 33):
Reforçando essa premissa, Bruchêz et al. (2015) apud Godoy (1995) nos aponta que a
abordagem qualitativa, o estudo de caso, a etnografia e a pesquisa documental configuram-se
como aqueles instrumentos comumente utilizados, apesar de sua flexibilidade não excluírem
outras possibilidades de estratégias, e, consequentemente, proporcionar uma maior liberdade
ao pesquisador em explorar vários caminhos para sua pesquisa.
No estudo de caso, salienta-se que:
Segundo Bruchêz et al. (2015, p. 1) apud Hartley (2004, p. 323), o estudo de caso
objetiva “fornecer uma análise do contexto e processos que iluminam as questões teóricas que
estão sendo estudadas” e, desse modo, trata-se de uma atividade heterogênea.
No que tange ao seu objetivo, a pesquisa a ser feita para o estudo de caso é considerada
qualitativa, pois segundo Lincoln e Guba (1985), a meta do estudo de caso é criar “descrições
substantivas” ou uma compreensão total, completa do caso para ajudar os outros a entender e
julgar seu valor e o contexto dentro do qual tem operado. O estudo de caso é usado
frequentemente para coletar informações sobre um programa. Abordagem utilizada para
apresentar informações em profundidade sobre a unidade, ou caso em pauta, e não de
generalizar para uma população maior (SANTOS; RAUPP, 2015).
Para a coleta de dados, o presente estudo utilizou-se de diversas ferramentas qualitativas
tais como entrevistas, observação, pesquisa documental e bibliográfica, buscando obter
referências sobre assuntos como turismo, cicloturismo, mobilidade urbana, legislações,
políticas públicas e, dessa forma, levantou dados que possam justificar a adoção do cicloturismo
no município de Governador Celso Ramos.
A entrevista foi uma das técnicas de coleta de dados da pesquisa qualitativa, ela foi
utilizada ao longo do trabalho com os entrevistados para a obtenção de elementos que
apontassem tanto o desejo do executivo local no desenvolvimento deste projeto, como depois
na absorção de experiências de outros agentes, e que envolvesse o cicloturismo. Essa técnica
foi utilizada no primeiro contato com os gestores locais, o presidente da fundação do meio
ambiente (Entrevistado 1) o secretário do turismo (Entrevistado 2). Ela foi aplicada de forma
semiestruturada, a partir de um pequeno roteiro, mas permitindo uma maior flexibilidade nas
respostas aos entrevistados e, dessa forma, expandir dentro do contexto sugerido.
42
perguntas elencadas de forma estruturada: Como surgiu a ideia do Circuito do Vale Europeu
voltado para o Cicloturismo? Quais foram os principais atores envolvidos na elaboração e
implementação do projeto? Quais foram as etapas da ideia até a implementação? Quais foram
as principais dificuldades? Se houve resistências ao projeto? Se positivo de que forma isso
aconteceu? Como a comunidade recebeu a ideia? Como as rotas foram definidas? Quais os
impactos percebidos (tanto positivos, quanto negativos)? Como é feita a gestão do
Cicloturismo? Quais são as perspectivas na área (oportunidades e desafios)? Essas perguntas
foram utilizadas para procurar compreender como se deram as fases de elaboração, implantação
e desenvolvimento do cicloturismo por essa organização, e por conseguinte, fornecer
informações dos erros e acertos observados nas diversas etapas servindo de importante subsídio
de bechmarking1 para elaboração de futuros projetos por interessados. Esse método também se
mostrou válido e permitiu novos conhecimentos e que enriqueceram o trabalho, destacando-se
as fases de implantação e desenvolvimento, os erros e acertos característicos de análise da
matriz SWOT2.
Evidenciar não apenas os acertos, mas também as falhas encontradas na busca por uma
solução se materializam como um dos objetivos a serem apresentados. Sua orientação servirá
de apoio à executiva municipal para um planejamento mais eficiente a fim de alcançar seus
objetivos (FIA, 2020).
A observação, outra técnica da pesquisa qualitativa das Ciências Sociais, foi aplicada
nesta pesquisa. A observação pode ser considerada como uma técnica onde são colhidas as
impressões e os registros acerca de um determinado fenômeno observado, através de um contato
direto com as pessoas observadas ou através de instrumentos que auxiliem o processo de
observação, visando assim, colher dados suficientes para a realização da pesquisa (MOURA;
FERREIRA; PAINE 1998 apud SILVA; SOUZA; FREIRE, 2018).
Foram utilizadas várias dimensões na observação. Segundo a classificação de dimensões
da pesquisa observacional de Flick (2009) apud Silva, Souza e Freire (2018), existe a dimensão
de observação secreta, quando a observação não é revelada ao observado; a observação
participante e não participante, cujo pesquisador participa ativamente do campo observado e
em outros momentos não; observação não sistemática, não havendo um esquema padronizado
1
Benchmarking é uma análise estratégica das melhores práticas usadas por empresas do mesmo setor que o seu.
Benchmarking vem de ‘benchmark’, que significa ‘referência’, e é uma ferramenta de gestão que objetiva
aprimorar processos, produtos e serviços, gerando mais lucro e produtividade (CASTRO, 2020).
2
Análise SWOT é uma ferramenta de gestão que serve para fazer o planejamento estratégico de empresas e novos
projetos. A sigla SWOT significa: Strengths (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e
Threats (Ameaças) e também é conhecida como Análise FOFA ou Matriz SWOT (CASAROTTO, 2019).
44
A pesquisa bibliográfica foi também realizada junto a este estudo. Assim como a
pesquisa documental, a bibliográfica tem o documento como objeto de investigação, entretanto,
cabe aqui uma distinção, a pesquisa bibliográfica é uma modalidade de estudo e análise de
documentos de domínio científico tais como livros, periódicos, enciclopédias, ensaios críticos,
dicionários e artigos científicos e seu estudo está embasado diretamente das fontes científicas
de que se alimenta, sem recorrer a fatos da realidade empírica. Trata assim de fontes
secundárias, já anteriormente analisadas por outros pesquisadores. Dessa forma, a perspectiva
acadêmica concede uma robustez que somente a ciência lhe outorga (OLIVEIRA, 2007 apud
SÁ-SILVA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009, p. 5).
Portanto, buscou-se um aprofundamento acadêmico sobre o tema Cicloturismo, e,
procurando além daquilo que já vem sendo produzido em outros países, enfatizar também
autores nacionais, para que a regionalização do tema fosse ao encontro de uma redução
sociológica pertinente ao Cicloturismo. Visto que as diferenças socioculturais e econômicas
evidenciadas em trabalhos científicos originados em países desenvolvidos poderiam distorcer
sua implantação, cujas características do município em termos socioculturais, o identificam na
cultura própria enraizada nos costumes açorianos e atividades pesqueiras – sua comunidade é
pequena, evidenciado no número de habitantes do local, tendo o isolamento natural a criar
resistências sobre a chegada de turistas a região e a falta de capacitação técnica para o
atendimento ao turismo/turista. Nos aspectos econômicos, o salário-mínimo diferencia-se
daqueles vistos em países desenvolvidos, além da falta de investimentos e infraestrutura, tanto
privados como públicos, que se mostram como desafios dos países em desenvolvimento.
A análise dos dados iniciou-se na revisão histórica a partir da pesquisa bibliográfica
advinda de fontes de dados secundários. Essa etapa efetivou-se na recuperação da evolução do
turismo até onde se desdobra em cicloturismo, e os elementos que se conjugaram para o seu
desenvolvimento e regulamentação. Na caracterização da organização, descrição e análise da
situação, os dados primários coletados foram extraídos de pesquisa documental e entrevistas.
Deste levantamento de dados emergem perspectivas que, articuladas, proporão estratégias para
o fortalecimento do cicloturismo no município, com o atingimento do objetivo geral desta
consultoria. Outros dados analisados conjuntamente nessa fase, como mapas, espaços
geográficos, trilhas e planilhas de gestão, permitirão, a partir de sua análise, o conhecimento
das potencialidades dessa atividade turística auxiliando na identificação dos marcos, rotas e
pontos turísticos como fomento à criação de um circuito de cicloturismo municipal e, dessa
forma, indo ao encontro dos objetivos específicos de trabalho.
46
(GOVERNADOR CELSO RAMOS, 2018a). Está localizada na Avenida Augusto Prolik, 1221,
CEP 88.190-000, na praia de Palmas. Tem como presidente Filipe Gabriel da Silva.
Na caracterização dessa fundação, o Art.° 2 do referido diploma legal apresenta: “A
FAMGOV é um órgão da Administração direta, com autonomia própria e, respeitadas as
competências da União, do Estado, bem como suas legislações, no que couber, tem por
finalidade e atribuições [...]”. (GOVERNADOR CELSO RAMOS, 2018b). Sua finalidade e
atribuições dizem respeito a execução, planejamento, desenvolvimento, administração,
assessoria, colaboração técnica, fiscalização, monitoramento, controle, informação, proteção,
disciplinar e cadastrar, incentivar a pesquisa, preservação, promoção, operacionalização,
licenciamento, recomendações, proibições, de todas as atividades relacionadas ao meio
ambiente e o desenvolvimento sustentável. Sua estrutura organizacional é composta de Órgão
de Direção: representada respectivamente pelo Presidente, Diretor Administrativo Financeiro,
Diretor de Licenciamento e, por fim, Diretor de Fiscalização e Educação Ambiental, Unidades
de Conservação e Arborização. área de atuação ocorre em todo território municipal na gestão
de impactos locais; e Conselho Fiscal. Sua área de atuação ocorre em todo território municipal
na gestão de impactos locais (GOVERNADOR CELSO RAMOS, 2018c).
Mapa 1 – Gov. Celso Ramos e vias de acesso sem relevo (SC- 410), 2021
atributos vêm paulatinamente alavancando o turismo na região, fazendo com que, em feriados
ou nas férias escolares, a população local se multiplique pelo aporte de turistas nacionais e
estrangeiros.
Contudo, é importante destacar que essas qualidades observadas têm atraído um tipo de
turista para o município que procura por atividades em espaços exclusivamente naturais e que
permitam a integração entre o homem e a natureza. O cicloturismo, considerada uma
modalidade do ecoturismo, tem sido observado com frequência no município, principalmente
nos finais de semana, cujas vias de acesso ao município presenciam um forte trânsito de
bicicletas, principalmente as do tipo Mountain Bikes, usadas normalmente em vias e estradas
do tipo cidade-campo. O desfrute pelos turistas para esse tipo de turismo tem despertado a
atenção pelo incremento das atividades econômicas geradoras de emprego, renda e arrecadação
(SARTORI, 2021).
Nesse sentido, o aumento dessa atividade, ainda sem o respaldo da administração
municipal, induz os gestores locais a buscar soluções alinhadas às perspectivas da incorporação
dessa atividade àquelas geridas pelo município, como turismo e preservação ambiental, e dessa
forma, mitigar os efeitos que esse afluxo possa acarretar ao meio ambiente. A criação de rotas
seguras é outro destaque, pois ao orientar seus usuários para percorrem caminhos sinalizados,
evita a degradação do meio ambiente, proporciona segurança no pedalar, promove a inclusão
de paradouros turísticos, estimula o comércio local e as atividades turísticas, vindo dessa forma
a privilegiar a inserção do município nos circuitos cicloturísticos.
Entretanto, alguns fatores podem vir a se colocar como entraves a essa implantação,
como a falta de vias sinalizadas no município que indiquem rotas seguras; a falta de sinalização
de marcos turísticos importantes; hotéis, restaurantes e outros serviços orientados ao
cicloturista; o apoio da gestão municipal para estímulo a comunidade e o comércio local para
promoção e o acolhimento desse novo tipo de turista, sem descuidar do fomento à educação
ambiental e preservação da natureza.
Assim, o projeto de consultoria visa trazer aos entes municipais, FAMGOV e Secretaria
do Turismo, os elementos que permitirão construir uma agenda em comum, promovendo a
implantação do Cicloturismo no município, a preocupação com o impacto e a educação
ambiental dos novos turistas, a circulação nas vias municipais/mobilidade urbana, o incremento
na geração de trabalho e renda e a adequação do comércio a essa nova modalidade turística. Ou
seja, preparar a comunidade para o atendimento dessa nova forma de turismo construindo uma
infraestrutura adequada, já impulsionada pela beleza natural do município, mas associada a
segurança e tranquilidade para seus usuários, os cicloturistas.
51
Essa ferramenta tecnológica foi criada pela Microsoft, empresa que produz e
comercializa softwares para computadores. O nome Power Bi surge de um termo cuja origem
remonta os anos 80. Ele se refere a Business Intelligence (Bi). Segundo Pereira (2020), esse
termo advém:
Da organização que as empresas necessitam para conseguir informações necessárias
com maior velocidade. Esse processo, que ficou conhecido por BI, tem por objetivo
coletar, tratar e organizar todos os dados da empresa para que, dessa forma, os
resultados e as informações sejam entregues da maneira desejada. Tudo isso é
realizado em um único software.
Procurou-se utilizar como padrão o ano de 2019, pois com a pandemia de COVID-19
a movimentação turística foi muita afetada, podendo trazer resultados abaixo do normalmente
verificado e prejudicando a análise.
Quadro 1 – Dados sobre população, ICMS Nominal, Salário Médio do trabalhador, PIB Per
Capita e Arrecadação de ICMS Turístico em 3 localidades de Santa Catarina (Pomerode,
Governador Celso Ramos e Florianópolis)
ICMS Salário Médio do PIB per capita Arrecadação
Município População
Nominal Trabalhador (2018) ICMS Turístico
Pomerode 35 mil/hab. 593 mil 1,91 mil 61,64 mil 1,09 mi
Gov. Celso
15 mil/hab. 478 mil 1,70 mil 22,08 mil 479 mil
Ramos
Florianópolis 517 mil/hab. 59 mi 1,78 mil 42,71 mil 213 mi
Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da Santur (2022).
Figura 6 – Atrativos mais procurados em Pomerode (SC) – Visualização do tipo World Cloud
2.0.0 Power Bi
atrair diversos tipos de turistas foge dos nichos que se equacionam a demandas específicas como
mar ou montanha, a pé ou de carro, entre outros. O que chama a atenção ao Portal Turístico,
recebendo destaque, pois é ponto de parada também dos cicloturistas (Imagem 2).
Em comparação com o município de Governador Celso Ramos, percebe-se uma menor
quantidade de pontos turísticos, a maioria relacionada a praias, dessa forma se relacionando a
turismo de temporada, ao invés do ano todo (Figura 7).
Figura 7 – Atrativos mais procurados em Gov. Celso Ramos (SC) – Visualização do tipo
World Cloud 2.0.0 Power Bi
4.3.1.2 Painel das 13 regiões Turísticas com foco na Grande Florianópolis e Vale Europeu
Por fim, a ferramenta Power Bi apresenta o último painel. Esse painel multifacetado traz
várias informações compiladas pela Santur, utilizando-se do mesmo design das anteriores. Ao
escolher um tema, entre os vários apresentados ele apresenta diversas informações como Fluxo
Turístico; Economia Emprego e Educação; Covid -19; Gestão de Destinos; Sazonalidade;
Boletins e Pesquisas. Dessa forma, o gestor poderá obter dados significativos permitindo
novamente apoio na gestão e tomada de decisão (Figura 13)
O gestor poderá analisar, entre outros dados, o quadro que aponta o Estudo de
Demanda Turística. Com ele, as estimativas apontam no crescimento dessa atividade, fazendo
61
ressalva ao período compreendido pelo advento da pandemia de COVID-19 durante o qual essa
atividade foi duramente atingida (Figura 14).
A partir das análises até aqui obtidas vimos que, de forma simplificada, os gestores
ligados ao desenvolvimento do turismo em suas regiões poderão obter informações importantes
que os auxiliem na tomada de decisão com o uso da ferramenta Power Bi. O turismo como
forma de impulsionar economias regionais se mostra em destaque, a diversificação das
modalidades e pontos turísticos se unem a favor dos municípios e a arrecadação de ICMS
turístico vem a corroborar esse incremento.
O segundo entrevistado externo, Entrevistado 4, nos traz importantes relatos a partir de
sua experiência com essa modalidade turística. Foram obtidas impressões da gestora do Circuito
do Vale Europeu, Entrevistado 4, Gestora de Cultura, Esporte e Turismo do Consórcio
Intermunicipal do Médio Vale do Itajaí (CIMVI), responsável pela administração do Circuito
de Cicloturismo do Vale Europeu Catarinense. Se buscou nessa entrevista, através de
questionário do tipo estruturado, informações que poderão se somar as diversas já apresentadas,
permitindo o conhecimento da implantação, desenvolvimento, monitoramento e avaliação do
projeto de Cicloturismo do Circuito do Vale Europeu, um dos pioneiros no Brasil e em Santa
Catarina.
Na análise de suas respostas, percebe-se o envolvimento em coprodução dos entes
públicos e privados, assim como de entidades do terceiro setor. A ideia de que a sociedade
62
dividir custos, ampliar as opções aos turistas entre os municípios participantes, a maior
capacidade operacional articulada, a gestão do Circuito, preparar os recursos humanos ao
atendimento das demandas, as estratégias de marketing e, dessa forma, não sobrecarregando
unicamente um pequeno município que notadamente sofre com falta de recursos ou dificuldade
de operacionalizar projetos de maior magnitude.
Segundo Prates, nos comentando sobre a importância dos Consórcios Públicos temos
(2015, p. 1):
projeto em curso? Se positivo, por que não havia sido desenvolvido? Se a preocupação com a
degradação ambiental era fator de resistência? Se o comércio e a população local tinham
interesse? Obtivemos como resposta que existe o interesse; que não há um projeto em curso
especificamente, mas já foi aventada essa possibilidade em troca de conversas com a secretaria
de turismo; que a agenda de preservação ambiental é parte integrante das ações da pasta, estando
dessa forma preocupada com o desenvolvimento do turismo de natureza, alicerçado na
educação e preservação do meio ambiente pelos seus usuários. Há interesse de que o
cicloturismo também seja tutelado pela pasta, pois sua implantação poderá provocar degradação
ambiental se não for bem conduzido.
Essa informação se confirma pela pesquisa realizada nesse projeto, cuja atual
governança municipal, lançou no mês de maio/2021 campanha com o tema “Direito de ter,
dever de cuidar”, envolvendo diversos entes municipais. Ela preconiza ações cuja importância
é a preservação da natureza. Segundo seu atual prefeito Marcos Henrique da Silva - PSD (2021):
Somos abençoados por ter um grande patrimônio ambiental, por isso temos o
compromisso de preservá-lo. Que esta semana seja dedicada à conscientização, e que
essa preocupação se prolongue para todo o ano, para que possamos cuidar do meio
ambiente para as gerações futuras (MUNICÍPIO DE GOVERNADOR CELSO
RAMOS, 2021).
Nesse sentido, outra agente pública presente ao evento, a bióloga e diretora da Escola
Municipal do Meio Ambiente (EMMA), Luciara Azevedo, enfatizou que o tema foi escolhido
para “fazer as pessoas repensarem suas atitudes e criarem novos hábitos em relação ao
patrimônio ambiental”. Prosseguindo, afirmou também “ter um ambiente saudável é direito de
cada cidadão e, para garantir isso, todos (poder público e sociedade) têm o dever de cuidar do
planeta, cuidar da herança que será deixada para as gerações futuras” (MUNICÍPIO DE
GOVERNADOR CELSO RAMOS, 2021)
A ferramenta de gestão Power Bi, disponível no site da SANTUR, foi apresentada ao
presidente da FAMGOV, já que ela apresenta diversas informações sobre atividades turísticas,
arrecadação de ICMS, pontos mais visitados, segurança, entre outros e que, somados servem
de informação atualizada ao gestor, ajudando-o a inferir diversos dados relacionados sobre o
turismo na região e em outras, para análise comparativa.
Na Secretaria de Turismo foi feito contato com seu atual secretário, e dela foi realizada
uma entrevista do tipo semiestruturada, visando poder apresentar a proposta da consultoria e
absorver informações gerais e levantamentos de dados que envolvam o tema do cicloturismo.
65
Essa trilha está localizada entre a praia de Ilhéus (Imagem 4) e o camping das Gaivotas,
localizado na praia de Palmas (Imagem 6), com nível de dificuldade fácil. Seu percurso é em
torno de 1,67 km, com elevação máxima de 50 metros. Está dividida em caminho longo,
apontado em amarelo, e caminho curto, apontado em vermelho (Imagem 5) (GOVERNADOR
CELSO RAMOS, 2021).
67
Essa trilha está localizada entre a praia de Palmas até o bairro do Jordão. Seu percurso
é em torno de 8,67 km, com elevação máxima de 418 metros, e dificuldade do tipo moderada
(Imagem 7) (GOVERNADOR CELSO RAMOS, 2021).
Dessa forma, fica evidenciado que já existe um projeto capitaneado pela Secretaria de
Turismo no sentido de abraçar o ecoturismo como uma modalidade de atividade turística no
município e, cuja modalidade cicloturística é parte integrante desse movimento, indo ao
encontro das preferências desse novo tipo de turista. As adaptações ao cicloturista se fazem
necessárias, mas já se colocam como um ponto de partida trazer para esse projeto o comércio e
a comunidade local, que poderão ser catalisadores para que, ao unirem forças, permita ao ente
público recursos necessários para sua implementação.
Com relação as vias de acesso o pesquisador observou, durante os meses de pesquisa, a
movimentação no município de diversos tipos de cicloturistas em deslocamento nas vias
municipais. Foi também observada a inexistência de sinalizações cicloturísticas vinculadas em
mapas disponíveis na Internet como o Google Maps, tampouco a presença de demarcações nas
vias assegurando o trânsito seguro nos deslocamentos. Ademais, ao cicloturista que deseje ir ao
município, inexiste qualquer informação acerca de rotas urbanas ou rurais para a prática do
cicloturismo que poderiam estar disponíveis em aplicativos de internet (Mapa 2).
Existem também poucas placas indicativas de trânsito de ciclistas. O calçamento urbano
se mostra inadequado e irregular. Nas imagens a seguir, observa-se o trânsito de cicloturistas
em vias do município, as placas de sinalização e as vias de deslocamento (Imagens 9, 10, 11,
12 e 13).
70
Imagem 9 – Gov. Celso Ramos e vias de acesso com relevo - Inexistência de marcação de
ciclovias (urbanas ou rurais), 2021
Imagem 13 – Avenida Nézio João Miranda (sentido Norte) com placa indicativa Sinalização
Vertical de Advertência – Trânsito de Ciclistas
Foi observado paradouros, que de forma independente estão atendendo aos cicloturistas.
Nesse sentido, evidencia-se que a sua presença já tem atraído um olhar dos comerciantes à
potencialidade desse tipo de turista. Esse estabelecimento localiza-se na entrada do município
sul SC-410, Avenida Papenborg, 1604 (Imagem 14).
XVIII, ainda utilizando óleo de baleia na argamassa e localizada ao lado das ruínas da antiga
Armação da Piedade. Em 1839, a Armação da Piedade foi incorporada à Marinha. Atualmente,
é núcleo de pescadores que conservam principalmente aspectos tradicionais da pesca artesanal
(GOVERNADOR CELSO RAMOS, 2021).
Portanto, analisado sob vários ângulos edificamos uma perspectiva para a implantação
do cicloturismo no município e a criação de rotas turísticas ao gosto de cicloturistas
aventureiros, aqueles ligados a estradas não asfaltadas, como também de cicloturistas urbanos
em trechos mistos de asfalto, paralelepípedo e terra.
Os Mapas 1 e 2 demonstram como podem ser estruturadas as ciclovias no município,
entre ciclovias, ciclofaixas, ciclorrotas ou passeio compartilhado, cada uma delas ajustada ao
elemento geográfico onde se encontram inseridas. Como exemplo, podemos citar a
possibilidade de um passeio compartilhado na localidade de Armação da Piedade, com suas
ruas estreitas e casario tradicional, como também uma ciclovia ao longo da SC-410 a partir da
entrada do município, onde ainda existe espaço para o alargamento da rodovia, até seu interior
e comunidade pesqueira, como Ganchos (Imagem 19), onde sua largura novamente é
comprometida pelas construções mais antigas e que avançam sobre a pista, onde seria mais
viável uma Ciclorrota ou passeio compartilhado circundando o local.
Outro circuito provável de ser explorado pode ter início na entrada sul do município,
início da SC-410, tento como ponto de partida o estabelecimento laticínios do Holandês
(Imagem 14). Desse ponto, o cicloturista pode se dirigir em direção ao mar para atingimento
das praias (Imagem 11). Na bifurcação das vias, na localidade de Areias de baixo, existe a opção
do roteiro longo, indo em direção a estrada da Costeira da Armação, ou o mais curto através da
Avenida Nézio João Miranda (Imagem 13), distante do mar e transpondo a montanha. O
78
caminho mais longo circunda a faixa litorânea, atingindo diversas praias como a do Antenor
(Imagem 22), avançando para a praia da baia dos Golfinhos (Imagem 20) – aqui temos o
primeiro marco importante, a Área de Proteção Ambiental (APA) do Anhatomirim que é uma
unidade de conservação ambiental.
A APA do Anhatomirim, segundo o Instituto Socioambiental-ISA (2022) possui como
características:
Notadamente, para o turismo de natureza, esse ponto turístico atrai diversas pessoas em
busca da observação do movimento marinho de golfinhos e baleias francas. Independente da
rota, eles se unirão na praia da Fazenda da Armação. Dali o ciclista converge a Praia Grande
(Imagem 16) indo até sua extremidade, localizada na pitoresca Armação da Piedade (imagens
17 e 18). Aqui há um segundo marco importante, pois nesse local surge o primeiro núcleo
baleeiro do Estado, o qual:
A vila de pescadores foi sede do maior e mais importante núcleo baleeiro catarinense,
a Armação da Piedade. O local - hoje disputado pelos turistas - era ponto de partida
de escravos e arpoadores que se arriscavam em precárias embarcações na incerta
missão de capturar as baleias Franca que atualmente procriam e amamentam seus
filhotes tranquilamente em águas catarinenses protegidas por leis ambientais
(GOVERNADOR CELSO RAMOS, 2022).
Ressalta-se um ponto turístico que chama a atenção nesse local, segundo Portal de
Turismo de Governador Celso Ramos (2022):
Retorna pelo mesmo caminho e buscando um roteiro fora de estrada avança em direção
a Praia do Sissial (Imagem 15), com acesso único a pé ou de bicicleta. Dali e seguindo em
direção norte, sempre transpondo montanhas e que separam as diversas praias do município,
atinge outra praia denominada Praia de Palmas (Imagem 21).
Na Praia de Palmas apontamos o terceiro marco, nele se destacam os caminhos para as
Trilhas da Picada Comprida e Ilhéus, em fase de estruturação pela Secretaria de Turismo, e
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ainda não liberadas ao público, como identificado pelo Entrevistado 4. No futuro, aqui poderão
se desdobrar as rotas aventureiras para o cicloturista desejoso do contato pleno com a natureza,
utilizando exclusivamente rotas não pavimentadas a exemplo da Figura 1 (Ciclorrotas Rurais).
Para esse Circuito, apesar das distâncias menores, o nível de dificuldade é mais acentuado
devendo estar explicitado ao seu usuário por meio de placas indicativas as dificuldades
encontradas a frente. O caminho, por não ter referências visuais, deverá ser sinalizado em toda
a sua extensão, orientando a direção a ser tomada.
A praia de Palmas é um dos pontos turísticos de verão mais procurado no município,
conforme visto pela ferramenta Power Bi (Figura 7), atrás apenas da Fortaleza de Santa Cruz
do Anhatomirim. Saindo da praia de Palmas e indo em direção norte, o ciclista poderá descobrir
a comunidade de Ganchos (Imagem 19). Entrecortada de costões, ruas, vielas e pontos de
encontro com o mar, essa localidade é reconhecida como uma comunidade de pescadores. Aqui
se encontra a sede administrativa do município e local de recebimento da pesca
artesanal/industrial para a indústria.
Seguindo em frente, distante poucos quilômetros, o cicloturista se depara com o quarto
marco – Mirante do Turista, sede atual da Secretaria do Turismo e onde o cicloturista poderá
levantar importantes informações acerca do turismo em Governador Celso Ramos. Nesse local
poderá se ter uma ampla visão da baia de Ganchos, despontando ao fundo diferentes tipos de
embarcações ali ancoradas.
Na continuidade do trajeto e já saindo da região litorânea, o cicloturista avançará em
direção a comunidade do Jordão, onde se encontra a rota final da Trilha da Picada Comprida,
para aqueles que se utilizarão da trilha rural para exploração, chegando ao final da SC-410 na
rodovia BR-101.
Ao todo esse circuito, que envolve os dois acessos do município, visualizados no Mapa
2, poderia vir a ser chamado de Circuito Mar e Montanha, sendo formado por um anel
rodoviário de 50 km circundando quase a totalidade do município.
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Ressalta-se que outros circuitos poderão vir a ser criados, pois além dos dois já
propostos pela Secretaria de Turismo e em fase implementação, outros poderão naturalmente
surgir a partir das audiências públicas e os interesses envolvidos.
Nas diversas praias e interior do município, uma infinidade de restaurantes dispõe, em
sua maioria, de culinária de frutos do mar, inegavelmente uma característica advinda da
personalidade pesqueira da comunidade.
Portanto, ainda há muito por fazer, entretanto, a soma de elementos, entre eles, vontade
política de implantação, o incremento a economia local com consequente aumento na
arrecadação de ICMS, os marcos, as rotas e vias que poderão ser utilizadas para a sua prática
(urbana e rurais), os demais atrativos como as praias, as montanhas, a arquitetura e a culinária
local, vem a se somar para perfilar um rol de atributos que justificam a sua implantação.
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Somente os órgãos públicos podem realizar audiências públicas, pois a eles cabe o
exercício da administração pública, aí incluindo a resolução dos problemas de
relevante interesse social que afetam a sociedade. Com a audiência pública,
possibilita-se a participação democrática dos atores sociais envolvidos na questão
(POLITIZE, 2016).
Ainda se ressalta que essa modalidade já vem sendo operacionalizada por outros
municípios como prática decisória, haja vista envolver gastos orçamentários e cuja comunidade,
a parte mais interessada, deve ser ouvida, fugindo-se de decisões de gabinete. Em Iturama,
município do Estado de Minas Gerais, foram realizadas audiências públicas para discutir a
implantação do Circuito Turístico em seu município (SOUZA, 2018). Assim como visto no
município de Iturama, Governador Celso Ramos poderá segmentar as audiências com empresas
do setor de alimentação, hotelaria e ciclistas e, por fim, com a comunidade geral. Para essa
intervenção, recomenda-se um tempo entre seis meses e um ano até a sua finalização. Os custos
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será feito?) – Where (onde será feito?) – When (quando será feito?) – Who (por quem será feito?)
2H: How (como será feito?) – How much (quanto vai custar?) A partir dessas sete perguntas os
gestores municipais poderão lançar mão de um mapa de atividades a fim de tornar a execução
desse projeto, além de mais clara, mais efetiva (ENDEAVOR, 2017, 2021).
Como proposta sugerimos respostas as nossas recomendações e que são apresentados
no quadro 2.
Quando será feito? As audiências públicas serão realizadas num prazo de até um ano, a partir das
mobilizações e chamados públicos
Por quem será feito? Pelo executivo municipal, pelas lideranças políticas, comunidade e
comerciantes locais
Como será feito? Através de Audiências Públicas
Quanto vai custar? Para as audiências públicas cessão de espaço público e divulgação da chamada
pública através da secretaria de comunicação do município. O custo se
encontra dentro do orçamento municipal, sem ônus para os participantes
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
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6 CONCLUSÕES
semelhante ao município de Governador Celso Ramos, para que se espelhem no projeto aqui
apresentado, levando seus representantes públicos a refletir nas questões econômicas e sociais
a que elas se aplicam.
Recomenda-se, para pesquisas futuras, a abordagem de aspectos que venham a discutir
políticas públicas municipais voltadas a atividade cicloviária, seja ela de turismo, lazer ou
cotidiana, haja vista o incremento verificado nessa atividade e a pouca disponibilidade de malha
cicloviária para seu atendimento, trazendo insegurança e riscos a seus usuários.
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apoiassem as atividades cicloturística, tampouco um turismo próprio para essa atividade. Foram
feitas fotos pelo autor, em diversos momentos, apoiando a observação dos levantamentos feitos,
e incorporadas ao projeto. Outras imagens também foram adicionadas, fruto de pesquisa digital,
e que vieram a se somar, projetando ainda mais robustez ao projeto.
É importante ressaltar que na fase I do Estágio foi pensada a proposição de um Projeto
de Lei como entrega ao município dentro do projeto de consultoria, entretanto, foi descartada
durante sua elaboração, em virtude de que sua dimensão não chegaria a termo como entrega
desta consultoria. Para isso, e com ajuda da orientadora Profa. Dra. Karin, os objetivos foram
revisados, tendo sua reorientação alinhada para objetivos práticos, com vistas a uma entrega
viável e consistente, a qual pudesse ser ao mesmo tempo palpável em termos de respostas aos
nossos clientes.
Nesse sentido, quando se inicia a segunda fase do Estágio, algumas etapas anteriormente
elaboradas foram refeitas e reorientadas. Nessa nova fase, visualizou-se a entrega de um projeto
que abarcasse uma dimensão mais qualitativa, vinculada a questões geográficas, culturais,
turísticas e econômicas do município. Assim, foi pensado nessa nova orientação do projeto
trazer também a pasta de Turismo Municipal para vir a compor o projeto, em parceria com a
Fundação do Meio Ambiente. Ao trazermos duas organizações governamentais para o projeto,
estaríamos proporcionando ao município uma dimensão mais abrangente e aplicada, que viesse
a consolidar as informações apresentadas na fundamentação teórica, tendo o apoio de seus pares
como uma estrutura basilar mais forte a se edificar o projeto.
No Estágio II, iniciado em setembro de 2021, numa nova visita ao município foi mantido
contato com o Entrevistado 1. Ele foi atualizado do desenvolvimento do projeto e instado a
apontar os marcos, as rotas e pontos turísticos que seriam apresentados pela administração
municipal e viriam a compor os dados pertinentes a análise do problema, conjuntamente com
outros levantados.
No mês de outubro de 2021 iniciaram-se os contatos com os gestores de duas
organizações governamentais de Santa Catarina, um da administração pública direta, a Agência
de Desenvolvimento do Turismo de Santa Catarina (Santur), denominado Entrevistado 3 e outro
ligado a administração pública indireta, o Consórcio Intermunicipal do Médio Vale do Itajaí
(CIMVI), denominado Entrevistado 4.
A entrevista do tipo semiestruturada, realizada com o Entrevistado 3, ocorreu no
endereço físico da Santur, no bairro Itacorubi, Florianópolis. Essa entrevista trouxe informações
relevantes sobre a dinâmica do turismo estadual, importante fonte de dados e recursos para
municípios que necessitam de fomento à sua atividade turística.
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A segunda entrevista teve início em contato telefônico com o Entrevistado 4. A ele foi
enviado um questionário do tipo estruturado contendo dez perguntas. As informações advindas
desse contato permitiram respostas a questionamentos de interesse desse projeto. Sua análise
permitiu obter respostas as ações sentidas pelo CIMVI, e revelar os erros e acertos
experimentados por seus gestores quando do planejamento, implantação e desenvolvimento de
seu circuito de cicloturismo.
No mês de novembro de 2021 fizemos novas visitas ao município, entre elas tivemos
oportunidade de entrevistar o secretário de turismo, Entrevistado 2, cujo levantamento
possibilitou conhecer a simpatia desse gestor ao projeto, como também permitiu conhecer as
atividades já realizadas por essa pasta em relação ao turismo de natureza que estava a ser
planejado. Nesse escopo, foram apresentadas as trilhas mapeadas e que aguardam recursos para
sua finalização e entrega ao público, informações que foram imediatamente incorporadas ao
projeto pela sua relevância e importância. Nesse dia, fizemos nova visita a fundação e
mantivemos contato com seu presidente, informando dos avanços do projeto e dos
levantamentos realizados, ficando satisfeito da participação da pasta do turismo ao projeto.
Os meses de dezembro de 2021 e janeiro de 2022 foram utilizados para o
desenvolvimento escrito do projeto com a análise dos levantamentos feitos, as suas
proposituras, as recomendações e a finalização do trabalho de Estudo de Caso para subsequente
entrega a orientadora Profa. Dra. Karin e comissão de avaliação.
Chegando ao fim desse projeto, revelamos um caminho iniciado não no Estágio I, mas
sim bem antes, em 2018 quando adentramos a universidade. Desde aquele ano se foi
construindo uma trajetória acadêmica, repleta de conhecimento e proporcionada pelo excelente
corpo docente que integra a ESAG. A cada instante, durante a realização dos estágios I e II,
éramos remetidos a uma disciplina estudada em semestres anteriores. Aqui nesse ponto é
justificado relatar que senti falta dos conhecimentos aprendidos um pouco tardiamente na oitava
fase, pela disciplina de Metodologias de Avaliação do Serviço Público. O conteúdo dessa
disciplina, tão bem apresentada pelo prof. Guilherme, traz importantes noções de metodologia
científica e que, se tivesse sido ministrada no sexto semestre, ou mais tardar na sétima,
impulsionaria o projeto de TCC de forma mais assertiva, reduzindo as chances de erros tão
comuns nessa fase, provocados por acadêmicos ainda não tão muito familiarizados com a
pesquisa cientifica, suas normas técnicas, atrasando o desenvolvimento do trabalho, além de
sobrecarregar o orientador.
Por fim, ao encerrar esse ciclo acadêmico de quatro anos, iniciado de forma presencial
e atropelado por uma pandemia mundial e à distância, não se perdeu o foco, sempre
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direcionando os estudos a temas que propunham uma sociedade mais justa e igualitária, e que,
seus administradores públicos, fossem os agentes a materializarem ações e serviços de
qualidade em prol do cidadão, das suas necessidades, acolhendo as demandas para a promoção
do bem-estar da sociedade.
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REFERÊNCIAS
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Veja aqui! Portal do Trânsito e mobilidade. 26 fev. 2020. Disponível em:
<https://www.portaldotransito.com.br/noticias/voce-sabe-quais-sao-as-diferencas-entre-
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