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2 - Pedagogia Musical Ou Pedagogia Da Música
2 - Pedagogia Musical Ou Pedagogia Da Música
CONCEITOS E
CONCEPÇÕES
Piatti (1994, p. 15) revela que, na Itália, ao se referir à educação musical,
costuma-se falar tanto de pedagogia da música quanto de pedagogia musical. O autor
explica que, ao escolher e utilizar uma ou outra terminologia, ou “também o adjetivo
pedagógico”, significa uma especificidade na concepção do objeto ao qual estamos nos
referindo, pelo fato de que cada termo remete a “uma multiplicidade de acepções”,
dependendo do contexto do discurso. Devido a esta “multiplicidade de acepções”,
possíveis dos termos pedagogia musical e/ou pedagogia da música, atreladas ao
contexto do discurso no qual são empregados, o autor italiano se diz favorável a uma
restrição de significados no intuito de facilitar a comunicação e a compreensão entre os
estudiosos da área.
Para Piatti, do ponto de vista conceitual, a adoção do termo pedagogia da música
seria o mais correto. O autor justifica sua escolha por entender que o termo traz consigo
a concepção de que a pedagogia da música estuda os múltiplos problemas pertinentes à
educação musical no sentido amplo. Isso tanto pode contemplar “os problemas
referentes à formação e à instrução”, bem como, “elaborar modelos teóricos e
operativos úteis à projeção das atividades educativas”.
Na mesma direção, Albarea (1994, p. 37) define o termo pedagogia da música,
como “um setor de estudo e de pesquisa (da pesquisa pedagógica ou da pesquisa com
viés pedagógico com aportes disciplinares e confluências multidisciplinares)”. O autor
explica que tanto as pesquisas pedagógicas quanto as pesquisas com viés pedagógicos,
entram em jogo, integrando-se dinamicamente e modificando-se reciprocamente a partir
de duas competências: a competência referente ao discurso pedagógico e a competência
referente ao discurso do domínio musical. Tais competências – pedagógicas e musicais
– são, segundo Albarea, domínios que se referem a saberes e experiências por sua vez
caracterizadas por uma notável articulação e diferenciação no seu interior”.
Devido à relação paradoxal existentes entre os saberes pedagógicos e os
musicais, ora articulados, ora, poderia se dizer, excludentes entre si, Albarea observa:
Na expressão “pedagogia da música” existe duas
competências interligadas, específicas e amplas ao mesmo
tempo, as quais podem ser adquiridas por uma ou mais
pessoas, no caso de uma pessoa, por um pedagogo que se
ocupa da música ou de um músico ou musicólogo (ou
outro) que se ocupa de pedagogia e educação
(ALBAREA, 1994, P. 39).
Justificando o uso do termo pedagogia da música, Albarea (1994) se refere ao
pressuposto de Piatti (1994, p.20) o qual afirma que a pedagogia da música,
indiscutivelmente, precisará se referir “a dois setores do pensamento e da experiência: o
da educação e o da música:
[...] na realidade, devemos falar de modelos pedagógicos
(sistemas educativos) como também de modelos musicológicos
(sistemas musicais). Este, no meu entender, não sempre (ao
contrário, quase nunca) é levado em conta por quem fala ou
escreve sobre ‘pedagogia musical’: esquecemo-nos que todos
sabem do que estamos falando, ou que todos conhecem os
modelos de referimento da autora/autor, ou que de fato, exista
um modelo unívoco. Um ulterior elemento da confusão, como já
acenado, é conhecido através do fato que normalmente se dá
automaticamente valor de discursos ‘pedagógicos’ a reflexões e
propostas ‘didáticas’ (PIATTI, 1994, p. 20).
A partir da definição epistemológica do conceito de pedagogia da música
explicitados e discutidos por Piatti e Albarea (1994), torna-se necessário que as
particularidades e as diferenças existentes entre o conceito de pedagogia no âmbito da
educação geral, e o conceito de pedagogia da música, sejam devidamente esclarecidos,
para que, como advertem os autores, não incorramos no erro de associar pedagogia da
música, apenas com a didática da música.
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