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Unidade 5
Unidade 5
Material Teórico
Classificação dos signos
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Classificação dos signos
OBJETIVO DE APRENDIZADO
··Analisar as relações entre signos e seus objetos, verificar aquilo que
o signo representa e compreender os níveis interpretativos do signo.
ORIENTAÇÕES
Nesta unidade, abordaremos os estudos das 10 classes dos signos que se
constituem num estudo detalhado do signo consigo mesmo, do signo com
seu objeto e do signo com seu interpretante. O estudo deste conteúdo
permite compreender que tudo converge em direção à ação do signo, cuja
mobilidade e trajetória se estrutura numa ampla linha de representações que
são sistematizadas, por meio de uma lógica, constatando assim, a relação
de signos e entre signos. Portanto, para que você possa se apropriar desse
conhecimento, é necessário que você leia com muita atenção todo o conteúdo
dessa unidade, os materiais complementares, assista aos vídeos indicados e
procure conhecer as referências bibliográficas. Recomendamos a pesquisa
de mais fontes que, seguramente, irão contribuir para sua formação, melhor
desempenho e mais aprendizado.
UNIDADE Classificação dos signos
Contextualização
Esta unidade permite, seguramente, refletir sobre o movimento das linguagens,
dos sistemas e dos processos de comunicação, fazendo perceber que há uma
alternância a cada dia, a cada momento. Produzindo significativas modificações de
acordo com os fatos se constituem e se apresentam, refletindo assim, diretamente
e em larga escala, nos processos culturais, éticos, filosóficos etc., instaurando, com
isso, uma nova visão e uma nova forma de representação de mundo. Atualmente,
para entender o metabolismo das linguagens e dos processos e sistemas sígnicos,
é preciso reconhecer e identificar as representações, como a semiótica de Peirce
nos ensinou. Entretanto, é indispensável considerar uma virtude dos signos, que
é a capacidade de ser e representar uma unidade, mas ao mesmo tempo ser e
representar uma multiplicidade polissêmica. As 66 classes dos signos que foram
reduzidas para as mais relevantes, as 10 classes, comprovam que o momento
atual da comunicação inalada nas mais diversas áreas, nos mais variados sistemas
sociais e todos os processos de representação é de pura volatilidade. Os sistemas
sígnicos, como a escrita, o cinema, o rádio, a televisão, a informática (computador)
etc. são combustíveis para instabilizar os processos de representação sígnicas. Com
isso, a cultura, as instituições, organizações etc. são afetadas pelas instabilidades
produzidas por esses sistemas. Para testar essa afirmação, não é necessário muito
esforço, pois no passado os nossos sistemas de reprodução do conhecimento
tratavam os sistemas de comunicação e de representação como estanques.
Ou seja, um exemplo esclarecedor foram as nossas escolas, universidades etc., em
que cada disciplina era um sistema de comunicação, de representação, totalmente
isolado dos demais. Por exemplo, a geografia não poderia ser compartilhada com
a história ou com a matemática, pois havia divisas. A semiótica, por alinhar um
diálogo interativo e intersemiótico das linguagens, do mundo das representações,
nos fornece uma visão abarcadora e complementar, em que as bases de um processo
de linguagem, modulado inteiramente pelos signos, são formadas por processos
de integração e interação. Entretanto, para ter uma visão clara desses processos e
entender esses movimentos, é preciso assimilar o módulo operante da classificação
das 10 classes dos signos desenvolvido nesta unidade.
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As dez classes dos signos
na concepção Peirceana
Para estudar as dez classes dos signos, é importante ter uma prévia bem apurada
das relações entre signos, objetos e interpretantes, principalmente ter a noção
clara entre uma linguagem e outra, o que significa dizer entre um texto e outro,
reconhecendo cada sintaxe e sabendo decodificar os códigos presentes, como, por
exemplo, no texto da fotografia, da música, da dança, da matemática, da biologia,
da filosofia, das artes etc. Ou seja, é preciso ter uma capacidade para ler e entender
o mundo icônico, o mundo das representações, onde os signos são a matéria viva,
como afirma Santaella (1995, p. 11), “tudo depende de signos e onde houver vida,
haverá signos”.
Por exemplo, sabemos que qualquer que seja o evento comunicativo ele é sempre
constituído por textos e, consequentemente, todo texto é constituído por signos,
logo a nossa vida está sob uma forte influência de textos articulados por signos.
Pois, conforme Santaella, (1995), considerando qualquer que seja o tipo, ordem ou
espécie, tanto no universo biossociológico da humanidade, dos animais, e também
no mundo das máquinas, até qualquer outro mundo que possamos imaginar no
qual ocorram processos comunicativos, não há de modo algum comunicação,
interação sem signos.
Desse modo, para se ter uma compreensão das dez classes dos signos e
incorporar um conhecimento mais integrado, é preciso demarcar algumas posições
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Figura 1. Rua XV de Novembro (1906) - Centro Financeiro e Comercial da cidade de São Paulo
Fonte: smdu.prefeitura.sp.gov.br
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prédios, características de um espaço urbano em ascensão, remetem ao sin-signo,
sendo que a representação da foto, no seu campo de representação de forma
geral, onde realmente temos a ideia de que se trata de uma São Paulo de 1906,
caracteriza um legi-signo. Dessa forma, é possível perceber que um texto permite
investigar e explorar muito além do limite de constituição. Por exemplo, ao verificar
a mobilidade dos signos nesta sintaxe fotográfica, podemos conjecturar que a
cidade, naquela época marcada pelo ciclo do café, denota uma pomposa riqueza
em virtude de uma boa relação como o sistema financeiro, impulsionada pelo café,
signo que alavancou o progresso e trouxe divisas internacionais, tornando, assim, a
cidade de São Paulo num grande centro cosmopolita. Essa associação assinala um
signo de possibilidades, trata-se de uma hipótese interpretativa, trata-se, portanto,
de um rema.
Desta forma, esse rápido percurso, que acreditamos ser de caráter pontual,
tem por objetivo validar nossa fala, no início desta unidade, de que é preciso um
olhar abrangente, integrado e processual para desvendar um caminho prático, na
intenção de assimilar os conhecimentos da ciência semiótica.
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Por outro lado, é possível verificar essa combinação de forma mais protocolar,
com o auxílio da matemática, que permite situar as categorias a partir da
consideração de que 33 = 27 combinações. Entretanto, o que confere, seria a
relação da combinação possível entre os nove tipos de signos, descritos pelas três
categorias, obtendo por fim 10 classes de signos.
1º Classe
Quali-signo icônico remático
É uma classe que não poderá ser descrita nos fragmentos de suas partes, ou
seja, é tudo aquilo de que a estrutura se compõe, é tudo em si mesma. Logo,
funciona como signo em relação à primeiridade. Trata-se, conforme Peirce (1980),
de uma qualidade tomada como um signo ou qualquer caráter que possa estar na
categoria de uma unidade, podendo ser compartilhado por mais de um indivíduo.
Por exemplo: as cores, manchas, texturas, aromas etc. Vejamos:
2º Classe
Sin-signo icônico remático
É uma classe que se constitui como um signo de pura semelhança, de qualquer
que seja o objeto que se assemelhe, por isso é um ícone. É também um signo que
se constitui pela experiência, indicando algo que não está presente, fazendo com
que se possa determinar a ideia do objeto, por isso, pode ser compreendido como
um signo de essência, neste caso, um rema. O sin-signo (signo singular/único)
envolve um ou mais quali-signos. Por exemplo:
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Figura 3. A “rosa” é singular, tem semelhança com o objeto “rosa”, é um ícone.
Portanto, “rosa” representa as demais rosas.
Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images
3º Classe
Sin-signo indicial remático
É uma classe em que toda a atenção se volta a um objeto determinado pela sua
própria presença. Ou seja, é todo objeto da experiência direta que envolve um
sin-signo icônico de tipo especial, pois leva a atenção do intérprete a focar para o
próprio objeto denotado. Por exemplo:
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4º Classe
Sin-signo indicial dicente
É considerado qualquer objeto de experiência direta, na medida em que seja um
signo, favorece informações sobre seu objeto. Só há possibilidades de se constituir
na medida em que é afetado por seu objeto, portanto, é necessário um elemento
indicador, por isso, envolve um sin-signo icônico para incorporar as informações
de um sin-signo indicativo remático. Por exemplo:
5º Classe
Legi-signo icônico remático
É considerado como lei geral, pois, em virtude de incorporar em cada uma
de suas modalidades uma qualidade estabelecida, faz dele um elemento capaz
de despertar a ideia de um objeto semelhante. Na condição de ícone, pode ser
considerado um rema, mas já na condição de um legi-signo, suas características
são de regência. Por exemplo, um gráfico, em forma de pirâmide, que possibilita
representar a evolução da faixa etária entre homens e mulheres no Brasil.
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Vejamos:
6º Classe
Legi-signo indicial remático
É considerado como qualquer tipo de lei geral e não depende de sua constituição.
Normalmente, faz com que cada um de seus casos seja influenciado por seu objeto,
atraindo a atenção para esse objeto. Por exemplo:
Vale dizer, tomando com base Santaella (1995, p. 176), “toda as palavras
são legi-signos, e, por pertencerem ao sistema de uma língua, sempre altamente
arbitrário e convencional, estão relacionadas simbolicamente aos seus objetos”.
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7º Classe
Legi-signo indicial dicente
É considerado como uma lei cujos casos são afetados pele seu objeto, fazendo
com que esse objeto possa dar uma informação, é um signo real, representa uma
verdade. Por exemplo:
8º Classe
Legi-signo simbólico remático
É considerado como um signo que possibilita manter uma relação com seu objeto
pela associação de ideias gerais, produzindo um conceito geral, sendo a réplica
interpretada como signo de um objeto que é um caso desse conceito. Por exemplo:
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Outro exemplo bastante esclarecedor vem da gramática, por exemplo, os
substantivos comuns são considerados legi-signo simbólicos remáticos, precisa-
mente pelo fato de denotarem ideias abrangentes, ideias gerais, em virtude de
uma convenção.
9º Classe
Legi-signo simbólico dicente
É um signo ligado ao seu objeto por meio de uma convenção de ideias que,
conforme Peirce (2008, p. 56), atua como um símbolo remático, afora o fato de
que seu interpretante representa o símbolo dicente como sendo, com respeito ao
que significa, realmente afetado por seu objeto, de tal modo que a existência ou lei
que ele traz à mente deve ser realmente ligada com o objeto indicado. Por exemplo:
10º Classe
Legi-signo simbólico argumental
É um signo do discurso racional, representa seu objeto como um signo ulterior
por meio de uma lei, cuja passagem de uma premissa para conclusão tende a ser
de caráter real, verdadeiro. Por exemplo, dedução, indução e abdução, ou seja,
um argumento, um silogismo de caráter lógico que vamos apresentar na íntegra
(Peirce, 1980, p. 50-51).
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Introdução à Semiótica Peirceana -Tricotomias.
https://goo.gl/fjBPto
Livros
A assinatura das coisas: Peirce e a literatura.
SANTAELLA, Lucia. A assinatura das coisas: Peirce e a literatura. São Paulo:
Imago, 1992.
O que é semiótica
SANTAELLA, Lucia. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1983.
Vídeos
Semiotica Peirceana com Julio Pinto
https://goo.gl/1hZP7s
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Referências
NÖTH, Winfried. Panorama da Semiótica: de Platão a Peirce. São Paulo:
Annablume, 1995.
PEIRCE, C. S. Collected Papers: vol. 1,2,3. Cambridge: Harvard Univ. Press, 1966.
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