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Solenidade do Natal do Senhor - Missa de natal Mensagem de natal - +Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda
Natal: a beleza da vida no rosto de uma criança
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo Segundo São João EVANGELHO – Jo 1,1-18 Natal está-nos a bater à porta.
E nós queremos prepará-lo bem, procurando contemplar, para além dos enfeites e símbolos desta
o princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. quadra, aquele Menino deitado no Presépio de Belém, sob o olhar atento de Sua Mãe e de S. José,
No princípio, Ele estava com Deus. grande sinal da beleza e encanto de toda a vida humana.
Tudo se fez por meio d'Ele e sem Ele nada foi feito. Embora com a aparência de qualquer outro recém-nascido, de facto, Ele é o Filho Único de Deus, o Salvador.
N'Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens. Neste Menino vemos a fragilidade e a dependência de qualquer vida quando começa, aqui acentuadas por ter
A luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam. de nascer fora de casa, numa manjedoira de animais, no silêncio e na pobreza.
Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Mas, de facto, toda a vida é assim mesmo. Nasce pequenina e frágil, começando por estar dependente, em
Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, tudo, dos cuidados maternos e paternos e depois de outras pessoas e instituições.
a fim de que todos acreditassem por meio dele. À medida que cresce e se desenvolve, vai mostrando e aplicando as suas potencialidades até à fase em que,
Ele não era a luz, Mas veio para dar testemunho da luz. sobretudo pelo trabalho e o empenho em iniciativas várias para bem próprio e dos outros, atinge a sua maturi-
O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem. dade adulta.
Depois vem a diminuição das energias, com perda de capacidades, até que atinge o fim natural, realidade com
Estava no mundo e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu.
que todos contamos.
Veio para o que era seu e os seus não O receberam.
Ora, na parte final da vida, à medida que as forças diminuem e as fragilidades aumentam, até chegar, muitas
Mas, àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome,
vezes, a uma depen-dência quase total, cada pessoa, para continuar com o gosto de viver, precisa de cuidados
deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.
redobrados, que devem ser prestados pelas famílias, é certo, mas também com ajudas que a sociedade como
Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, tal tem obrigação de garantir, a começar pelos serviços de saúde e de acompanhamento especializado, sobre-
mas de Deus. tudo dos mais débeis.
E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Quando isso não acontece a sociedade falha. E igualmente falha, sempre que cai na tentação de oferecer a
Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, morte como solução para as dores e outras dificuldades das pessoas.
cheio de graça e de verdade. A recente aprovação parlamentar da lei que permite a eutanásia e o suicídio medicamente assistido é um dos
João dá testemunho d'Ele, exclamando: «Era deste que eu dizia: sintomas da falência do sistema, porque oferecer a morte nunca pode ser solução para qualquer problema
'O que vem depois de mim passou à minha frente, porque existia antes de mim'». humano. Por isso, é legítimo o empenho de todas as pessoas de boa vontade, a começar pelos profissionais de
Na verdade, foi da sua plenitude que todos nós recebemos graça sobre graça. saúde, para rejeitar as possibilidades abertas pela legalização da eutanásia e do suicídio medicamente assisti-
Porque, se a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. do. Isto porque a vida humana é sempre um dom precioso, em todas as suas fases, desde a conceção até à
A Deus, nunca ninguém O viu. morte natural e, por isso, nunca deve ser intencionalmente provocada.
O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer. E quando sabemos que as carências do nosso sistema de saúde são muitas e estão longe de se encontrar supe-
radas, o risco passa a ser o recurso à eutanásia como a solução mais rápida e menos onerosa.
Já temos legislação sobre o testamento vital, que é suficiente para enquadrar as determinações do próprio
sobre o final da sua vida.
E tudo isto se faz em nome da liberdade do indivíduo, que, em muitos casos, não tem condições nem meios
para ser devidamen-te exercida, porque, por exemplo, não pode aceder aos cuidados paliativas, que, em situa-
ções terminais, podem tirar as dores ou, pelo menos, diminui-las.
Que este Natal a todos nos ajude a contemplar, partindo do Menino de Belém, a beleza e o encanto da vida,
mesmo sabendo das suas muitas limitações.
Santo Natal para todas as pessoas e suas famílias.
29 de dezembro
Quinta-feira 18h00
PARÓQUIA DA ERADA
PARÓQUIA DO PAUL