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S.L. Jennings

#1 Taint

Série Sexual Education

Tradução: Anne Pimentel

Participação: Gabii

Leitura Final: Cam

www.forumdelivros.com.br

Taint Copyright © 2014 S.L. Jennings

~2~
AVISO
A tradução em tela foi efetivada pelo Grupo Traduções Pepper Girl
de forma a propiciar ao leitor o acesso à obra, incentivando-o à
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tem como meta a seleção, tradução e disponibilização apenas de livros
sem previsão de publicação no Brasil, ausentes de qualquer forma de
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para obtenção de lucro direto ou indireto, nos termos do art. 184 do
código penal e lei 9.610/1998.

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SINOPSE
Agora, você provavelmente está se perguntando duas coisas: Quem sou
eu? E, o que diabos você está fazendo aqui?
Vamos começar com a pergunta mais óbvia, não é?
Vocês estão aqui, senhoras, porque vocês não podem f * der.
Oh, parem com isso. Não estremeçam. Ah para. Não fiquem com medo.
Ninguém com menos de 80 anos se espanta com isso. Você pode muito
bem se acostumar com isso, porque pelas próximas seis semanas, vocês
vão ouvir muito essa palavra. E vocês vão dizer muito.
Vá em frente, experimente isso em sua língua.
F * der. F *** der.
Ok, bom. Agora, onde estávamos?
Se você se matriculou neste programa, então você está completamente
ciente de que você é ruim na cama. Bom para você. Admitir isso é
metade da batalha.
Para aquelas de vocês que foram enviadas aqui por seu marido ou outra
pessoa, seque suas lágrimas e supere isso. Vocês receberam um
presente, senhoras. O dom da alucinante escalada para múltiplos
orgasmos. Vocês tem a oportunidade de f * der como uma estrela pornô.
E eu garanto, vocês vão fazer isto quando eu acabar com vocês.
E quem sou eu?
Bem, para as próximas seis semanas, eu vou ser seu amante, seu
professor, seu melhor amigo e seu pior inimigo. Cada coisa f*dida sua.
Eu sou o único que vai salvar o seu relacionamento e sua vida sexual.
Eu sou Justice Drake.
E eu transformo donas de casa em prostitutas.
Agora... quem é a primeira?

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TAINT
1. Corromper moralmente.
2. Sujar ou manchar (nome de uma pessoa, reputação, etc.)
3. Um defeito ou falha
4. Um toque que infecta, influencia ou colore.

Não tente destruir o idioma Inglês.


Eu posso pensar em algumas outras coisas que eu prefiro sujar.

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INTRODUÇÃO

JUSTICE DRAKE

DIA UM É sempre uma porra exasperante.


As lágrimas. Os olhares vidrados de confusão quando elas tentam
juntar onde seus relacionamentos insípidos deram errado. As estúpidas
perguntas incessantes sobre como eu poderia viver e ganhar cada
centavo das pequenas fortunas que seus maridos pagaram para enviá-
las aqui.
Sente-se ali e cale a boca, querida. Um de nós é um profissional.
Agora, se eu precisar de ajuda para fazer a porra de um sanduíche ou
arranjar vinho tinto ou uma toalha de mesa de linho, eu vou pedir a sua
opinião. Caso contrário, desligue esses lábios cor-de-rosa.
Isso é tudo o que é bom para ficar bonita. Cozinhar. Limpar.
Cuidar das coisas nojentas.
Esposas de Stepford. Troféus. De alta classe, prostitutas bem
educadas.
Elas parecem perfeitas em todos os sentidos. Bonitas,
inteligentes, graciosas. O acessório perfeito para o homem que tem tudo
isso.
Exceto uma coisa.
Elas são tão sem graça quanto pratos com comidas deliciosas são
lavados e colocados perfeitamente em seus lugares novamente.
Como dizem, as aparências enganam. Ser sexy não equivale a
bom sexo. Na maioria das vezes, essa teoria é verdadeira. Se não fosse,
eu não estaria nesse negócio. E me deixe te dizer, o negócio é bom.
Muito bom.
Tomo um gole de água, enquanto eu digitalizo os rostos variados
de choque a horror que normalmente seguem no meu discurso habitual
do primeiro dia. Esta classe é maior do que a última, mas eu não estou
surpreso. É o fim do verão, uma época em que se usa menos roupa do
que é socialmente apropriado e aceitável. Os olhos dos maridos se
desviam e por isso elas têm seus paus. E, em um esforço para salvar a
sua imagem de casamento perfeito, eles vêm a mim, esperando por
algum milagre, eu posso fazer seus maridos olharem para elas como se
elas fossem mais do que um corpo bem cuidado e caro.

~7~
Uma mão esbelta sobe e eu aceno para a morena magra e jovem
que está tremendo como uma folha verde em seu vestido Prada floral. É
feio como a merda e faz ela parecer uma senhora de meia-idade. Ela me
lembra uma daquelas mulheres de Mad Men1. A mulher do lar que
apenas sentava a bunda dela em casa, comendo bombons na frente de
seu aparelho de televisão preto-e-branco, enquanto seu marido fodia
tudo que se movia.
— Então... o que exatamente você faz? É, tipo, um professor ou
algo assim? — ela pergunta, um pouco acima de um sussurro.
— Mais como um consultor. Vocês todas compartilham uma
questão muito séria e espero... orientá-las para algumas sugestões que
podem corrigir sua situação.
— Que situação?
Puta merda. Testando, testando. Será que esse Botox já começou
a corroer suas células cerebrais?
Eu sorrio com força através da irritação. Paciência é fundamental
na minha profissão. Na maioria dos dias, eu me sinto mais como um
provedor de creche mal pago e sobrecarregado do que um... estilo de
vida...
— Eu pensei que eu expliquei a situação, senhora — eu estreito
os olhos para o arquivo na minha frente, combinando seu rosto ao
nome. — Cosgrove.
Lorinda Cosgrove. Como em Cos-Mart, um lugar onde você pode
comprar honey buns (é um tipo de doce), lingerie barata e uma 9
milímetros (arma) às 3 da manhã, enquanto usa shorts curto e desfiado e
crocs. Sem mentira, tem sites dedicados a essas tranqueiras. Jogue no
google essa merda.
— Sim, eu estou ciente de sua avaliação, tão brutal como isso é.
No entanto, o que você espera conseguir?
Eu balanço a cabeça ligeiramente. Há sempre uma dessas em
cada classe. Uma que não quer aceitar a verdade feia olhando-a no
rosto. Mesmo que ela tenha lido o manual, assinado os contratos, e
submetida a todos os exames necessários antes de chegar, ela ainda
não pode compreender as brilhantes setas de néon piscando em direção

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a sua vagina seca. Ainda bem que eu não tenho escrúpulos em
lembrá-la.
— Você é péssima no sexo, — eu digo com minha expressão vazia.
Suspiros audíveis escapam de quase todos os lábios cheios de colágeno,
mas eu continuo a conduzir o meu ponto de origem. — Você não
satisfaz o seu marido sexualmente, e é por isso que ele quer trair você,
isso se ele já não fez. Você pode ser uma esposa fantástica, mãe, dona
de casa, que seja, mas você é uma amante ruim. E isso sobressai a
tudo.
Lorinda aperta seu peito com uma mão bem cuidada e instável. A
mulher sentada ao lado dela, uma quarentona - cujo marido em crise de
meia idade pega novinhas por aí e o qual transformou seu casamento
em um circo de mídia - a estabiliza com um aperto maternal no ombro.
Ah, que doce.
— E isso vale para todas vocês, — eu digo, lançando meu olhar ao
redor da sala. — Vocês estão aqui porque vocês sabem que estão
prestes a perder a única coisa que vocês trabalharam os seus lindos
traseiros para conseguir – o homem de vocês. Vocês amam o estilo de
vida que vocês vivem e em vez de lamber suas feridas e seguirem em
frente, vocês preferirem corrigir os seus casamentos quebrados. E eu
estou aqui para ajudá-las.
— Mas como?
Um sorriso sardônico lento desenrola no meu rosto. — Eu vou
lhes ensinar a foderem os maridos de vocês.
Mais suspiros. Mais baboseira. Até mesmo alguns guinchos sobre
o Meu Mundo!
— Mas isso não é... — Lorinda grita mais que descontente. — Não
é adequado. Não é digno.
E aí está.
É a razão pela qual seu marido, Lane Cosgrove, gosta de dobrar
sua secretária linda e loira sobre sua mesa e transar com ela sem
sentido, enquanto ela o chama de ‘papai’. Ele tem uma coisa para anal -
dar e tomar. Sua secretária mantém um vibrador no armário trancado
ao lado de sua mesa para as noites de quinta. Lane trabalha sempre na
noite de quinta-feira, deixando Lorinda para sua habitual reunião do
clube de leitura, estudo da Bíblia, degustação de vinhos, etc, etc. Nada
que ele faz às quinta-feiras chega perto disso. Deixando sua secretária
sondar ele com um vibrador de 10 polegadas enquanto sua boca está
cheia com sua calcinha para abafar seus gritos, não é nada digno. E ele
sabe disso. É por isso que Lorinda não pode satisfazer suas
necessidades. E deixar o seu marido muito rico e poderoso sair de casa

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sexualmente insatisfeito é como dar a ele uma arma carregada. Cedo
ou tarde, ele vai estalar algumas rodadas.
Na sugestão, a minha cabeça se vira, Diane, entra, seguida por
vários membros da minha equipe. Hora de passar esta pequena festa de
boas vindas direito antes de qualquer mais lágrimas sejam derramadas.
— Senhoras, se vocês sentirem que vocês não precisam deste
programa e acabaram aqui por algum erro, sintam-se livres para irem
embora. Nossos motoristas estão preparados para levá-las direto para o
aeroporto e vocês terão um reembolso total. Nós só pedimos que vocês
honrem os acordos de não divulgação que vocês e seus cônjuges
assinaram.
Ninguém faz um movimento para ficar, então eu continuo. — Se
vocês gostariam de ficar e aprender como melhorar suas vidas sexuais
e, finalmente, seus relacionamentos, nossa equipe vai mostrar seus
quartos. Vocês vão descobrir que eles estão totalmente equipados com
casa de instalações e comodidades privadas, e ainda temos um chef 24
horas e os funcionários à sua disposição. A propriedade também possui
um centro de academia, spa e salão de beleza para todas as suas
necessidades pessoais. Conforto é a chave aqui. Bem-vindas ao Oasis,
senhoras. Nós queremos que vocês considerem esta a casa de vocês
pelas próximas seis semanas de instrução.
Onze pares de olhos olham para mim, à espera do primeiro
comando. Ninguém quer ser a primeira a pular fora de seu assento,
braços se agitam como se elas gritassem, Escolha-me! Escolha-me!
Ensina-me, eu quero aprender! Todas querem isso; todas elas querem os
segredos da felicidade conjugal. E elas sabem que tudo o que eu disse é
verdade.
Cada uma dessas mulheres sabe que alguém está transando com
seus maridos, porque elas não sabem como.
E no fundo, eu sinto por elas. Inferno, eu até simpatizo com elas.
Elas fizeram disso a meta da sua vida, conhecer e se casar com alguém
que vai instalar uma educação medíocre, e aninha-las no conforto de
riqueza e luxo.
É uma síndrome Pretty Woman2 regular. Elas vão mentir pelas
costas de graça, ou por alguma promessa inconsequente de
compromisso na forma de um anel de diamante e mais joias do que elas
têm de membros. Mas o que essas mulheres não conseguem perceber é
que tudo o que tinham que fazer para prender seu Richard Gere, era
fazer isso — e muito mais — para mantê-los.

2
Se referindo aquele filme, Uma Linda Mulher (Pretty Woman).

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O pessoal inaugura as mulheres até aos seus quartos
particulares, deixando-me sozinho na grande sala, assim como o sol do
Arizona começa a derreter, lentamente deslizando para baixo do céu
azul. Ele se transforma em uma tela em tamanho natural de laranjas,
rosas, azuis e roxos, a vista de tirar o fôlego não manchada por
arranha-céus ou rodovias imensas. Oasis está longe da civilização,
longe dos paparazzi, designs idiotas e reality shows.
Esta é a minha parte favorita do dia — quando a gravidade puxa
este escaldante sol do deserto, persuadindo-o a se esconder atrás dos
braços irregulares de montanhas e cactos. Mesmo as almas mais
árduas buscam conforto e solidão.
Eu faço o meu caminho através do pátio para a casa de hóspedes.
Eu possuo todos os bens, mas eu não durmo na casa principal. Há um
nível de privacidade e profissionalismo que eu devo defender, e estar
trancado em uma mansão isolada, com outras onze mulheres pode
ser... difícil. Meu negócio é sexo. Eu instruo sexo. Eu vivo e respiro
sexo. E eu preciso dele, assim como seus maridos dúplices.
Assim, graças a minha política de ‘não cuspa onde você come’, eu
suporto seis semanas sem sexo durante a instrução, apenas saciando o
apetite sexual entre os quatro cursos que dou por ano. Mesmo assim,
eu sou discreto. Sendo de outra forma não seria rentável na minha
linha de trabalho.
Depois de deixar o chuveiro enxaguar o cansaço do dia, eu me
visto e vou para a sala de jantar para o jantar. As senhoras entram uma
por uma, calmamente tomando assentos em volta da grande mesa. Elas
estão todos aqui ainda. Onze mulheres desesperadas para se reconectar
com os homens que esperam amarrar até a morte. Os homens que
prometeram mover céus e terra em troca de sua promessa de
compromisso. Os homens que quebraram seus votos para saciar
desvios sexuais e alimentar os seus egos.
As mulheres estão quietas quando servem o primeiro prato.
Dificilmente alguém toca o foie gras3, elaborado com maçã cozida em
uma calda de figo. Nem mesmo a raspagem dos talheres de prata contra
as porcelanas chinesas dos pratos ecoam através do vasto espaço.
Eu mastigo lentamente, examinando as onze mulheres com
cabeças perfeitamente equilibradas na mesa. Todas estão determinadas
a evitar contato com os olhos, enquanto elas fingem mordiscar suas
saladas e anestesiar os nervos com vinho.
— Então... — eu começo, olhando em seus olhos relutantes. —
Quando foi a última vez que alguma de vocês se masturbou?

3
Prato feito com fígado de pato, prato típico da culinária francesa

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Uma sinfonia de tosses e suspiros persuade minha boca em um
sorriso satisfeito. Este grupo deve ser divertido.
— Como? — uma zomba, depois de tragar seu vinho tinto. Um
servidor se desloca para a taça dela com um refil de vinho, sabendo que
ela vai precisar.
— Será que eu gaguejei? Ou você não sabe o que significa se
masturbar?
— O quê? Eu sei o que... — ela se encolhe, perturbada, e balança
a cabeça de vergonha. — ...se masturbar é. Por que você sente a
necessidade de fazer essas perguntas brutas e inadequadas?
Examino a ruiva impressionante ainda olhando para mim, seus
lábios de cereja se apertam com irritação. Seus grandes demais, quase
desenhados olhos, se estreitam, queimando através de mim com um
julgamento não dito. Mesmo com o rosto contorcido em uma careta, ela
é deslumbrante. Não excessivamente glamorosa. Ela é como uma
Hollywood mais velha e bonita, mas ainda há algo fresco e simples
sobre ela.
Eu franzo a testa, porque esse tipo de beleza é demais para este
lugar. No entanto, não é suficiente para o mundo que ela vive dentro.
Allison Elliot-Carr. Filha de Richard Elliot, proprietário e CEO de
um dos maiores bancos de investimento do mundo. O marido dela,
Evan Carr, é um bebê de fundo fiduciário, uma família de políticos
influentes, e menino de ouro de seu pai. Ele também é um menino
bonito, mulherengo e canalha sem escrúpulos que fode qualquer coisa
de Miami a Manhattan. Claro, esse pedacinho de informação não é
divulgada. É o meu trabalho saber essas coisas. Para estar por dentro
de suas cabeças. Para expor seus segredos mais sombrios e confrontá-
las com honestidade inflexível.
Allison franze os lábios e balança a cabeça, sua boca ondula em
um sorriso sardônico. — Você gosta disso, não é? Nos humilhar?
Fazendo-nos sentir falhas e defeituosas? Como se nós fôssemos a causa
de nossos casamentos não serem perfeitos? Nós somos responsáveis
pela maneira como os tabloides nos rasgam em pedaços? Você não me
conhece. Você não conhece qualquer uma de nós. No entanto, você
acha que pode nos ajudar? Por favor. Eu chamo isso de besteira.
Pouso meus talheres e aliso a minha boca com um guardanapo de
linho antes de dar-lhe um sorriso malicioso. — Besteira?
— Sim, besteira completa. Quero dizer, quem diabos você pensa
que é?

~ 12 ~
Um sorriso se espalha lentamente em meus lábios. Imagino-me
lambendo minhas costeletas como um leão faria antes de devorar uma
graciosa gazela delicada. — Eu sou Justice Drake, — eu declaro
presunçosamente, sem desculpas. É uma promessa e um presságio, em
duas pequenas palavras embrulhadas para presente.
— Bem, Justice Drake... você, meu amigo, é um artista de merda.
Você não sabe nada sobre as nossas situações. Não há magia de cura
para nossos casamentos. Mas você não saberia disso, porque você não
sabe nada sobre nós. Você não é uma parte do nosso mundo. Inferno,
você provavelmente fez sua pesquisa no Page Six ou TMZ4. — com uma
onda de arrogância puro-sangue, ela resolve voltar para sua cadeira e
beber o vinho vermelho, seus olhos azuis postos no meu disfarce
impassível.
Imitando as ações dela, eu delicadamente volto para o meu
próprio assento e pouso meus dedos na frente do meu queixo, com os
cotovelos apoiados nos braços da cadeira de encosto alto. Uma batida
passa quando o meu olhar mergulha nela, desenterrando os traços de
dor, vergonha e raiva, sentimentos que ela foi ensinada a esconder do
público. Ainda assim, nenhuma quantidade de MAC ou Maybelline5
pode mascarar o inferno inegável gravado em sua pele de marfim.
— Allison Elliot-Carr, esposa de Evan Winston Carr e filha de
Richard e Melinda Elliot. Formada pela Columbia com um diploma em
Negócios e Finanças em 2009, embora a sua verdadeira paixão seja
Filantropia, e você gasta seu tempo livre trabalhando com várias
instituições de caridade e organizações sem fins lucrativos. Você
ingressou na Kappa Delta Nu no segundo ano, onde você conheceu
Evan, um membro do legado sênior e presidente da fraternidade de seu
irmão. Você era exclusiva para Evan durante a faculdade e, durante o
Natal de 2008, ele te propôs casamento na frente de ambas as famílias
na propriedade de seus pais no inverno em Aspen. Vocês se casaram no
verão seguinte, em Nova York e a lua de mel foi no Caribe. Você odeia
aranhas, filmes de terror e acha que sweaters6 devem ser banidos. Você
não pode funcionar sem Starbucks, tem um vício insalubre em Friends7
e você toma sorvete todo dia. Chip Chocolate Mint8 é a sua droga
escolhida atual, eu acredito. E de acordo com os tabloides, o seu marido
está dormindo com sua melhor amiga e com a metade de garotas
encantadoras do Upper East Side9. Além disso, vocês dois não fodem
nos últimos meses. Mas isso é apenas um pouco do que eu não peguei
4
São páginas americanas de fofocas de famosos.
5
Produtos de maquiagem.
6
Aquelas blusas de frio de lã ou tricô.
7
Seriado americano.
8
É um sorvete com meta e chocolate.
9
O Upper East Side é um bairro nobre do condado de Manhattan, em Nova York, entre o Central Park e
o Rio East.

~ 13 ~
no Page Six. — eu levanto uma sobrancelha divertida e inclino para
frente, tendo em sua expressão horrorizada. — Devo ir em frente?
As ondas de silêncio ensurdecedor tornam-se
desconfortavelmente densas, pressionando dolorosamente em minhas
têmporas e esmagando meu crânio, servindo como penitência para o
fracasso da minha consciência questionável de intervir. Os olhos de
Allison têm lágrimas os transformando em um oceano azul interminável
de dor. Eu não me importo. Eu não deveria me importar.
— Bem, — ela diz, com a boca seca e sua taça de vinho vazia. —
Parabéns, seu babaca. Você sabe como navegar no Wikipedia. — e como
uma graciosa gazela elegante que ela foi criada para ser, ela desliza sua
cadeira para trás e levanta, de cabeça erguida, e desliza para fora da
sala.
Eu me viro para apreciar a minha refeição, enquanto o resto da
mesa olha vagamente para o espaço, uma vez que Allison recua para
trás. Uma a menos, apenas dez a mais para ir. Ela não é a primeira, e
ela não será a última.
— A faça ficar, — uma voz mansa quase sussurra. Lorinda. A
adequada dona de casa que está mais preocupada em ser digna de onde
seu marido coloca seu pau.
— Por que eu deveria?
— Porque ela precisa de você. Todas nós precisamos de você. —
várias cabeças acenam em acordo em torno da mesa. — Talvez ela mais
do que qualquer outra pessoa.
Mais acenos. Até mesmo alguns murmúrios.
Eu exalalo um suspiro desistindo, sabendo exatamente o que eu
estou prestes a fazer, embora isso vá contra todos os princípios que eu
aprendi a viver nos últimos seis anos.
Nunca fique emocionalmente envolvido com uma cliente.
Nunca pressione ou as persuada; isso tem que ser escolha delas.
E nunca, jamais, pedir desculpas por minha técnica não
convencional, quão cruel ou ousado possa parecer.
A porta de sua suíte está entreaberta, mas eu bato de qualquer
maneira, deixando-a ranger aberta para revelar sua estrutura pequena.
— O que você quer? — ela se encaixa, recusando-se a olhar para cima
da mala que ela está furiosamente enchendo com roupa.
Eu entro, sem me preocupar em esperar por um convite e fecho a
porta. — Indo para algum lugar?

~ 14 ~
— Para casa. Isso foi um erro.
— Isso é engraçado. Eu nunca te imaginei como uma desistente.
— Sério? — ela pergunta ironicamente, lançando um olhar
zangado através dos cílios molhados. — Porque você sabe tudo sobre
mim, certo? Você sabe toda a minha história de vida. Altura, peso,
número de seguro social... inferno, você tem a minha ginecologista na
discagem rápida?
— Não seja ridícula, — eu sorrio com um aceno de mão. — Você
sabe que não há nenhuma maneira no inferno que eu poderia saber o
verdadeiro peso de uma mulher.
Allison levanta o olhar de sua bagagem Louis Vuitton e balança a
cabeça, eu e minha tentativa seca de humor. Mas antes que ela possa
se afastar, o menor indício de um sorriso revela-se no canto de sua
boca.
Eu me aproximo, perto o suficiente para sentir o cheiro do
perfume Chanel atrás das orelhas. — Sra. Carr, é o meu trabalho fazer
o seu negócio o meu negócio. A fim de melhor servir os meus clientes, a
divulgação integral é fundamental. Não há espaço para pequenos
segredos sujos aqui. Todos nós temos eles, e confie em mim, o seu é
pequeno em comparação com a maioria. E, acredite ou não, ninguém
na sala de jantar está aqui para julgar a sua situação. Elas estão todas
muito preocupadas com suas próprias razões para estar aqui.
— Com isso dito, eu peço desculpas se você sentiu que a minha
marca de honestidade foi muito potente para você. Foi insensível da
minha parte. Ainda assim, isso não é motivo para jogar a toalha. Não
quando nós mal arranhamos a superfície.
Ela late uma risada forjada e desvia o olhar para a janela. Um
mar de estrelas brilhantes pontilham o céu enegrecido, iluminando um
caminho em direção a uma lua cheia. A luz da noite inunda o quarto,
banhando sua pele clara na cor dos diamantes e tristeza.
— Você disse que eu era exclusiva, — diz ela um pouco acima de
um sussurro, a voz distante ecoando na minha cabeça.
— Desculpe-me?
Ela se vira para mim, os olhos pintados de angústia. — Você disse
que eu era exclusiva para ele na faculdade. Nós não éramos. Como se
eu fosse fiel, enquanto ele não era.
Ela não está com raiva, ou surpresa, ou até mesmo
envergonhada. Ela está presa em algum lugar entre cansada e
indiferente. No limbo perpétuo, contorcendo-se no espaço entre ser
ferida além das palavras e muito cansada para dar uma foda mais.

~ 15 ~
Ela precisa de receber uma foda. Eu preciso dela para dar uma
foda se eu vou ajudá-la a salvar seu casamento.
— Eu estou ciente, Sra. Carr. E você também.
Allison sorri o tipo de sorriso que está destinado a ser uma careta.
O tipo contorcido pela dor e vergonha profunda. — Você acha que eu
sou estúpida, não é? Que eu sabia que tipo de homem que ele era,
desde o início, mas me casei com ele de qualquer maneira, eu mereço
isso?
— Não é o meu trabalho a pensar isso, Sra. Carr.
— Certo, — ela sorri. — Seu trabalho é apontar o que estamos
fazendo de errado no quarto. — eu abro minha boca para protestar,
mas ela levanta a palma da mão para me parar. — Eu entendo, você
sabe. Todas nós nos inscrevemos para isso. Todas nós sabíamos no que
estávamos entrando. Isso não a torna menos humilhante.
Eu olho para ela — realmente olho para ela — e minha cabeça
roda com agitação interna. Claro, ela é linda, todos elas são, mas
Allison é absolutamente impecável. Ela usa muito pouca maquiagem, e
seu rosto está imaculado pelos sinais reveladores de cirurgia plástica ou
injeções. Pequenas sardas estão em seu nariz delgado, dando-lhe um
apelo quase inocente, jovem. O fato de que ela não tentou esconder um
pequeno pedaço de si mesma que a sociedade consideraria defeituoso,
me intriga. Merda, ela faz o tipo durona. Esse pequeno ato de rebeldia,
mas tão um Foda-se monumental para o mundo que celebra o
narcisismo e a imagens mentirosas.
O cabelo vermelho de Allison cai sobre os ombros em ondas
profundas. É cheio e brilhoso, mas não excessivamente cheios de
produtos químicos. Ela é... Simples. Clássica. Perfeita.
— O que você está olhando? — ela pergunta, sua voz misturada
de aborrecimento e de diversão.
— Você. — a palavra está fora da minha boca antes que uma
mentira possa começar a sufocar a verdade. Merda.
— Por quê? — menos irritação, mais diversão.
— Você tem sarda.
Ela torce a boca para um lado e levanta a sobrancelha
cinicamente. — Eu tenho. Gostaria de contar os sinais na minha pele?
Eu posso ser capaz de achar algumas cicatrizes para você também.
— Não, eu não quis dizer isso. É que... você não fez uma cirurgia
a laser ou branqueamento. Você não tenta escondê-las.

~ 16 ~
— Olha, eu sei que eu sou menos do que perfeita, mas você não
tem que ser um filho da p—.
Assim quando ela se afasta de mim, com o rosto vermelho de
raiva, eu agarro-lhe o cotovelo. Nossos olhares aquecidos colidem antes
de deslizar para baixo de seu braço, onde a minha mão está segurando
sua pele macia, marfim. Eu me afasto antes que o ato seja interpretado
como impróprio como meus pensamentos traidores.
— Eu gosto disso.
Não posso. Parar. A. Frase. De. Sair.
Eu sou um monte de coisas — grosseiro, teimoso, brutalmente
honesto, egoísta, mas uma coisa que eu não sou, é descuidado. Eu sei
os meus limites, e eu nunca atravesso eles. Em um negócio onde as
linhas podem ser facilmente turvas, esses limites são delineados em
preto, traçado na gasolina, em seguida, definido em chamas, garantindo
que ninguém sequer chegue perto o suficiente para inalar a fumaça da
tentação.
No entanto, aqui estou eu, tocando, tentando, testando os limites.
Implorando para ficar queimado por um anjo com um halo de fogo.
— Minhas desculpas, Sra. Carr, — eu me endireito, minhas mãos
desafiadoramente enroladas em punhos apertados ao meu lado. — Eu
te asseguro que—
— Você gostou?
Eu encontro seus olhos, que estão tão grandes e brilhantes como
a lua, lançando um brilho etéreo em seu rosto. Estar perto, muito mais
perto do considerado inocente, eu vejo que eles não são muito azuis
como eu pensava inicialmente. Manchas verdes e dourados iluminam a
íris, e eu me vejo me perder nas profundezas, imaginando quais
segredos se encontram abaixo. Qual dor passada está escondida por
trás daqueles longos cílios, em tons castanhos.
Sim, eu gosto. Muito mais do que um idiota narcisista como eu
deveria.
Gostar dessas mulheres não me fez o homem que eu sou hoje.
Não é como construí minha reputação sólida. Eu não sou conhecido por
meu coração sangrando de ouro ou de língua doce. Sou conhecido pelos
resultados. E isso é tudo que Allison — ou qualquer outra pessoa — vai
ter de mim, e nenhuma coisa maldita mais.
Eu estou enfrentando a entrada de sua suíte no momento em que
eu percebo que a abandonei, deixando-a de boca aberta e sua pergunta
sem resposta. Imagino que aqueles olhos azuis-verdes se estreitaram
em confusão com o meu comportamento errático, mas me esforço para

~ 17 ~
não olhar. Não há nada para ver ali que eu não tenha visto. Só mais
uma pobre, menininha rica.
— A aula começa as dez da manhã. Não se atrase. — meu olhar
permanece fixo na porta de madeira de cerejeira escura, morrendo de
vontade de abrir. As paredes estão se fechando, me sufocando, exigindo
que eu me vire e enfrente minha covardia. Que eu enfrente a minha
fraqueza, atualmente borbulhando como bile quando eu ando até o
limite de sua suíte para longe daqueles olhos enigmáticos e à tentação
de brincar em ligar os pontos dessas sardas, na esperança de descobrir
mais de sua pele manchada.
Maldito-Dia.Um. Eu estou tão ferrado.

~ 18 ~
ATRAÇÂO
— A MENOS QUE VOCÊ ESTEJA COMPLETAMENTE
desesperado ou drogado, um homem não pode - e não poderá
– foder aquilo que não o deixar duro.
Menos suspiros desta vez, mas cada rosto esta perfeitamente
pulverizado de vermelho beterraba com vergonha, fazendo com que a
minha boca escorregue em um sorriso sarcástico.
Verdade seja dita, eu amo essa merda. Eu amo a bagunça delas
meticulosamente enfeitadas de plumas. Seus óbvios desconfortos me
divertem. Vendo o rosado tom da timidez sangrando através do blush
delas é como um bálsamo para a minha pequena alma sádica.
— E nesse caso, — eu continuo, — vocês não querem ele de
qualquer maneira. O que você querem é que ele esteja salivando nas
solas dos seus sapatos Jimmy Choo10. E vamos encarar isso,
senhoras... isso não vai acontecer. Por que vocês acham que é isso?
Grilos. Grilos do caralho.
— Ninguém? Vamos senhoras. Eu não posso ajudá-las a menos
que vocês queiram ser ajudadas. Portanto, a menos que todas vocês
tenham imagens perfeitas de casamentos, e maridos que gozem nas
suas costas de forma regular, eu deveria ver algumas mãos.
Desta vez eu sou recompensado com uma tomada quase
simultânea de onze respirações. Elas estão todas aqui ainda. Todas
dispostas a lavar suas almas e roupas sujas, na tentativa de reacender
a chama que se apagou entre suas coxas.
Você vê, as mulheres são mentirosas.
Sim, eu disse isso. M-E-N-T-I-R-O-S-A-S
Elas querem intimidade tanto quanto os homens querem. Mas
para elas, a intimidade é mais do que apenas o ato físico do sexo. Elas
querem ser amadas, e ainda querem um homem sujo também. Elas
querem ternura, mas anseiam por serem golpeadas como uma
prostituta de dois dólares. Elas querem um homem que a foda toda a
noite, mas ainda tenha energia para beijar e abraçar e falar sobre seus
sentimentos depois.
Ouçam senhoras, estamos cansados dessa porra! Vocês tentam o
estilo-lebre, e arremessam alguns movimentos do Cirque du Soleil e

10
Marca de sapatos.

~ 19 ~
vejam se vocês podem manter suas pálpebras abertas. Nós
desmaiarmos depois do sexo é um elogio - uma prova de como isso foi
bom. E muito francamente, se o seu cara pode pular para fora, se
despedir e ir para o trabalho ou correr uma maratona, então ele ainda
tem energia sobrando para o sexo. Ele acabou de fazer sexo com você.
Para minha surpresa, uma mão sobe, puxando a minha atenção.
Claro, o destino teria um senso de humor doentio.
— Você está dizendo que os nossos maridos não estão atraídos
mais por nós, — Allison afirma categoricamente.
Tanto quanto eu quero discutir a resposta dela e amaldiçoar essa
desculpa patética para um homem conhecido como Evan Carr, minha
cara de jogo esta presa firmemente no lugar. Ainda assim, eu olho para
baixo em minhas notas, não confiando sinceramente. Negócios, Drake,
digo a mim mesmo. Negócios antes dessas besteiras.
— Está correta, Sra. Carr.
— Ally, — ela retruca, me fazendo quase engasgar com minhas
palavras.
— Desculpe-me?
— Me chame de Ally. Apenas me chame de Ally. Ninguém me
chama de Allison desde a preparação de Santa Maria. E se você me
chamar de Sra. Carr novamente, eu posso te de processar por
difamação. Sra. Carr é a minha linda, e graciosa sogra, — ela responde
sarcasticamente.
Finalmente, alguém que fala a minha língua.
Não é nenhum segredo que a Sra. Elaine Carr é uma cadela
furiosa nos saltos de grife. Desde sua temporada em The Real
Housewives of NYC11 há alguns anos, ela tem sido conhecida como a
Bruxa Malvada do Upper East Side. Quando o programa entrou em
recesso depois de um de seus discursos longos no episódio Pinot-fueled³
envolvendo um servidor gay e depreciativos insultos, ela não foi
convidada para a temporada seguinte. Ela estava furiosa, é claro, e
ameaçou processar a rede de televisão. Não que ela precisasse do
dinheiro. Era a humilhação de ser expulsa que a deixou furiosa.
Felizmente para o bem dela, Allison se recusou a ser filmada, mas
Evan era uma prostituta de câmeras tanto quanto sua mãe. Tanto
quanto ele gosta de trepar com donas de casa, ser dona de casa parecia
ainda mais atraente para ele.

11
The Real Housewives² - é um reality show de televisão transmitido nos Estados Unidos, o programa
mostra o dia-a-dia de mulheres ricas.

~ 20 ~
— Bem, — eu disse, limpando a garganta. — Onde estávamos?
Atração, senhoras. É uma coisa poderosa. É o que prende eles, os cativa
e os mantem voltando para mais. E isso vai muito além de atributos
físicos. Vocês tem que ser o que eles querem. Vocês tem que oferecer o
que eles desejam. Você vê, os homens são criaturas simples. Queremos
o que queremos. E se você não é o que nós queremos, nós encontramos
alguma coisa - ou alguém - que queremos.
— Isso é nojento, — diz um murmúrio em direção ao fundo da
sala. Eu olho para cima, imediatamente reconhecendo o cabelo loiro
platinado e o rosto descontente de Lacey Rose, esposa do lendário
roqueiro Skylar Rose, que também é 40 anos mais velho que ela. Eles se
conheceram e se casaram quando Lacey tinha apenas 16 anos, que
rapidamente provocou uma tempestade na mídia em torno das
intenções da noiva criança, inclinada para ser uma adolescente idiota.
Isso foi há dez anos atrás, e agora que Lacey floresceu em uma mulher
e teve duas crianças, Skylar tem estado vasculhando na Forever 2112 e
praças de alimentação de shopping para outra jovem flor para polinizar.
Essa merda soa errado para mais alguém?
— Nojento, mas é verdade, Sra. Rose, — eu respondo com um
aceno.
— Então, o que... nós estamos começando reformas? Nós temos
que mudar o que nós somos só assim eles estarão atraídos para nós?
— Não necessariamente. Pense em vocês mesmas como presentes
perfeitamente embalados. Todas vocês gastam milhares em sua
aparência, por isso não há muito que precisamos trabalhar lá. Nós
apenas queremos apresentar a embalagem de uma maneira diferente.
Não mude o que você tem, apenas explore isso. Me deixe mostrar a
você. Sra. Rose?
Eu deixo o meu lugar e vou ficar na frente dela com uma mão
estendida. Relutante, ela coloca a dela na minha, ficando em pé, me
deixando levá-la para frente da sala.
— O que você vai fazer comigo? — ela pergunta, seus olhos
correndo ao redor da sala nervosamente, enquanto eu me movo atrás
dela.
— Relaxe, Sra. Rose. Como todas vocês leram nos documentos
que vocês assinaram, eu nunca vou prejudicar fisicamente nem violar
vocês. Em alguns casos, no entanto, eu vou ter que tocar em vocês.
Orientá-las. Se em qualquer momento vocês se sentirem
desconfortáveis, simplesmente diga pare. Isto é tudo. Agora... eu posso
te tocar, Sra. Rose?

12
Forever 21 – rede de lojas, voltado para o publico jovem.

~ 21 ~
Seus ombros sobem e descem com o exercício de sua respiração,
antecipando a sensação de minhas mãos sobre ela. Esta é a parte
complicada. Eu sei o que eu faço com essas mulheres. Eu sei o que elas
veem, e o que elas sentem de mim. Elas estão acostumadas a homens
poderosos - eles são atraídos por elas – e esse fato por si só as atrai
para mim. Adicione olhos azuis e polegadas de predominância física e
eu estou transformando suas mulheres completamente nas próximas
seis semanas. É por isso que mantenho as coisas muito profissionais.
Meu tom é sempre cortado e direto ao ponto. Enquanto eu tento ser
cordial, eu nunca sou excessivamente amigável. Então, enquanto elas
podem ser atraídas para o físico, eu sou idiota demais para justificar
avanços indesejados de donas de casa solitárias.
— Sim, — ela respira. Eu quase posso visualizar as pálpebras
delas vibrando para se fechar.
Me levando sobre ela por trás, com as almofadas calejadas de
meus dedos roço levemente aos lados de seus braços e aliso sobre sua
pele num sussurro áspero. Ela estremece sob o meu toque, sua
respiração saindo ofegante rapidamente, enquanto o resto das mulheres
pararam de respirar por completo, e suas bocas estão abertas em
invejável luxúria.
Eu me aproximo, deixando meu corpo em frente em suas costas.
Ela estremece por apenas um segundo antes de derreter nos contornos
rígidos do meu peito com um suspiro. — Você tem braços incríveis,
Lacey, — eu digo um pouco acima de um sussurro, os meus lábios
sopram um respiração de sua orelha. — Tonificados, bronzeados, e
suaves. Seus ombros são sexy. Alguém já te disse isso? Imaginem mãos
massageando eles – suavemente a principio - mandando para longe a
tensão do dia. Em seguida, um pouco mais de pressão. Mais duro e
depois, mais duro ainda. Parece bom, não é? Imagine lábios trilhando
beijos através deles antes de subir para o seu pescoço. Uma língua
serpenteia para fora para provar você... tão doce... tão suave...
Assim como um ruído ansioso escapa de sua garganta, eu dou
um passo para trás, fazendo com que Lacey caia para trás em meus
braços, canalizando seu lado Scarlett O'Hara13 interior. Antes que ela
fique muito confortável, eu a estabeleço sobre seus pés, fazendo-a saber
que eu não sou nenhum Rhett Butler14.
Seu rosto fica corado com vergonha e excitação, Lacey cambaleia
rapidamente para o seu assento, com dez mulheres atirando a ela
olhares questionadores.

13
Ela vez um papel em E O Vento Levou.
14
Fez papel romântico com a Scarlett em E O Vento levou.

~ 22 ~
— Agora, — eu grito batendo as palmas das minhas mãos para o
alto, captando a atenção delas. — Essa foi a arte da atração -
trabalhando com o que vocês tem. Jogando para cima seus pontos
fortes, e estando confiante em sua sexualidade. Mais alguma
voluntaria?
Onze mãos dispararam para o céu. Não, espere... torne isso 14.
Algumas senhoras tem as duas mãos levantadas.
DEPOIS DO DIA acariciando egos frágeis e mais um jantar
estranho, dolorosamente assistindo a maioria das convidadas
empurrarem sua comida ao redor de seus pratos fingindo comer, eu
quase corro para a cozinha principal para tomar uma cerveja gelada
com o meu pessoal.
— E aí, J.D.? Como estão te tratando as Onze Eróticas15? —
cumprimento o sub-chef, Riku Oasis. O garoto é uma anomalia. Metade
Japonês e metade brasileiro, ele está acostumado a ser atacado por
donas de casa com tesão encantadas com o seu cabelo preto
bagunçado, construção larga, e pele cor de cobre, e as finas
características asiáticas. Quando eu perguntei a ele como seus pais
conseguiram misturar as suas culturas, ele respondeu: ‘Todo mundo é
fluente na linguagem do amor.’.
Sim, certo.
Ainda assim, ele é um cara bom, se não levemente verde quando
se trata de assuntos do coração. Se alguém como eu tivesse amigos,
Riku seria um deles. Mas, infelizmente, eu sou eu.
Eu agarro duas geladas para fora da geladeira e estouro elas
abertas, antes de entregar a Riku a sua, que ele aceita alegremente.
Todos aqui sabem que, embora eu possa assinar seus
contracheques, estou tão longe de um chefe quanto possível. Não há Sr.
Drake aqui. Sem advertências formais ou aros para saltar. As regras
são simples: Se você quiser trabalhar comigo, ótimo. Faça o seu
trabalho. Se não, por mim tudo bem - todo mundo é substituível. Com
os salários, benefícios e respeito mútuo entre todos os empregados, se
você é o lavador de pratos ou chef de cozinha, eu estou raramente na
negociação da tarefa de contratação ou demissão.
— As Onze Eróticas? Hmmm... não é muito diferente do último
grupo. Como você as chamava? As Setes furiosas?
Riku ri antes de derrubar para trás sua cerveja, e então, olha
para baixo no rótulo. — Krombacher, hein? Onde você conseguiu essa?
— Alemanha.
15
Apelido que ele colocou nas meninas.

~ 23 ~
— Isso onde você passa o seu verão? Corrompendo um bando de
beldades em Berlim?
— Um dos lugares, — eu dou de ombros. — Meio que apenas
vaguei pela Europa. Parei em Amesterdã, Bruxelas, Praga – até mesmo
consegui passar pela Espanha.
Riku balança a cabeça, sua boca se curva em um sorriso afetado.
— Você faz parecer como se estivesse mochilando e dormindo em
albergues ou alguma merda assim. Fala sério, cara. Você até fez isso no
estilo playboy como você sempre faz. Provavelmente encontrou sua
própria Heidi Klum16 lá fora.
— Não. Isso nunca.
Riku esta meio certo. Eu vaguei pela Europa em grande estilo,
dirigindo pelo litoral de Mônaco, fiquei em resorts luxuosos me
satisfazendo de comidas mais incrível. Também me satisfazendo em
bucetas europeias apertadas. Mas, hey, eu estava de férias.
— Claro, claro, — comenta ele, nem um pouco intimidado por
minha indiferença. Ele já sabe que a privacidade é um grande negócio
para mim e que eu raramente vou divulgar qualquer informação
pessoal. — Apenas jogue no meu caminho se você alguma vez encontrar
suas mãos cheias de mais para dar conta de todas essas Victoria Secret
Angels17 que você gosta de manter escondidas.
Uma modelo de maiô. Uma. E de repente eu sou Hugh Hefner18
com um novo refil de Viagra.
Eu termino minha cerveja em silêncio, ouvindo-o divagar sobre as
exigências insanamente frustrantes das nossas hóspedes.
— Sem manteiga. Sem glúten. Sem laticínios. Sem gordura, sem
calorias, sem sabor. O que diabos essas garotas querem comer? Ar?
— Se você pudesse colocá-lo em um prato e enfeitar com salsa,
seria um sucesso.
— Porra, — Riku comenta com um aceno de cabeça. — Eu quero
uma mulher que come. Alguém que eu possa cozinhar e alimentar
enquanto ela está enrolada ao meu lado na cama. Não com um saco de
ossos. Quero dizer, você tem visto a maioria delas? Merda, se elas se

16
Heidi Klum é uma modelo, produtora televisiva, estilista, apresentadora televisiva e atriz alemã.
17
Victoria Secret Angels - são as modelos de destaque da marca Victoria's Secret, sendo essas algumas
das mais bem pagas do mundo
18
Hugh Hefner - é o idealizador, fundador e editor-chefe da mais famosa revista erótica do mundo, a
Playboy.

~ 24 ~
virarem de lado, elas fodidamente vão desaparecer. Vou confundir
peitos e bundas com o Skeletor19 qualquer droga de dia.
Eu aceno, sentindo a espada de dois gumes de suas palavras. É
claro que essas mulheres querem comer. Elas desejam alimentos ricos e
sobremesas açucaradas como qualquer outra pessoa. Elas detestam ter
que gastar cada momento do dia obcecadas com cada quilo e calorias.
Mas quando você vive em uma sociedade que elogia os magros e
envergonha qualquer coisa que não se encaixa nessa modelo extra-
extra-pequeno, você faz sacrifícios. E isso é exatamente o que elas têm
feito. Elas sacrificaram sua felicidade, a sua paz de espírito, e em
muitos casos, até sua saúde. E, no final, isso nem é mesmo sobre
comida ou a imagem de seus corpos. É apenas mais um ponto no bom e
velho fodido, moderno cinto Americano.
Eu dreno minha cerveja antes de cruzar o pátio até minha casa.
Está mais quente que o normal, e sob o manto escuro da noite, eu
decidi dar um mergulho para limpar a minha cabeça. Depois me despir
do meu terno e gravata e mudar para algo mais libertador, eu mergulho
na água azul-turquesa, deixando a frieza submergir no fundo do meu
intestino.
Desta vez, a sensação é diferente. Eu tenho estado neste negócio
há anos, mas me sinto estranhamente despreparado. É apenas o fim do
Dia Dois, e eu já estou no limite, à tentação se fechando sobre as
bordas do meu raciocínio. A este ritmo, eu não vou durar.
Ok, eu menti antes. Não uma mentira-mentira. Só não disse toda
a verdade. Quando eu disse que suporto seis semanas sem sexo
durante a instrução, o que eu quis dizer foi que eu tento suportar seis
semanas sem sexo. Claro, eu sou quase sempre bem-sucedido, mas
devo confessar, há deslizes. É por isso que eu sempre mantenho uma
garota em espera. Muito poucas pessoas de fora sabem onde esta
propriedade está localizada e para poucas são dadas essas informações
e em circunstâncias especiais. Sem amarras, sem expectativas, apenas
alguém para coçar essa notória coceira para que eu possa me
concentrar na tarefa em minhas mãos.
Eu nado o comprimento da piscina, sentindo meus músculos
flexionar e puxar, acendendo uma queimadura completamente diferente
nas minhas coxas, panturrilhas e bíceps. Eu empurro para fora da
borda, mais uma vez, fazendo com que meu corpo corte através da
água. Droga, essa dor é boa. Eu quero continuar indo - continuar
empurrando - até que eu esteja muito cansado para pensar sobre o que
eu realmente desejo. Eu quero sentir essa queimadura do esforço até
momento que eclipses de fogo lamber minha espinha.

19
Esqueleto ou Skeletor - é um vilão do desenho animado He-Man.

~ 25 ~
A maioria pensa que eu sou algum tipo de aberração da saúde.
Elas me veem fazendo voltas, correndo, batendo para fora flexões como
se estivesse preocupado com meu corpo. Mas, na realidade, isso é
necessário. Essa é a única forma de evitar o que eu realmente quero.
Sem essa libertação, eu entraria em combustão de dentro para fora.
Isso ou me masturbaria até que meu pau caísse. Nada bom.
— Uau, não é de se admirar que não há uma porcaria decente
para se comer neste lugar. O proprietário é Ryan Lochte20.
Eu giro ao redor para apreciar um par de pernas pálidas cobertas
com seda floral até um pouco abaixo do joelho. O meu olhar curioso
trilha aqueles troncos até as curvas suaves de seu quadril que afunilam
em uma cintura estreita antes de fluir nas curvas inferiores de seus
grandes seios
Algo me diz que ela não usando um sutiã. Dois dizem que seus
mamilos estão praticamente piscando para mim de forma maliciosa por
baixo da bainha fina de sua seda.
Saliva se acumula em minha boca como um leão faminto e eu
engulo, me forçando a olhar para longe antes que eu me permita saber
a resposta certa.
Eu não preciso ver o resto. Eu já sei. Eu posso quase sentir seu
perfume no sussurro do vento que está atrás dela em direção a mim.
Inferno, eu quase posso imaginar o sorriso que sem dúvida repousa
sobre aqueles lábios delicados.
— Sério, o que é uma garota tem que fazer para conseguir um
pouco de sorvete de verdade por aqui?
Vejo Allison do canto do meu olho se abaixando para sentar na
borda da piscina e timidamente mergulha os dedos dos pés para dentro.
Eu me viro para assistir, surpreso com a visão dessa frágil gazela na
beira da água.
Eu limpo minha garganta, rezando para que quando eu abrir a
minha boca, o som de palavras verdadeiras sairão.
— Talvez a cozinha seria o melhor lugar para direcionar o seu
pedido, Sra. Carr.
Muito absorvido com todas as outras partes dela (proibidas), eu
nem sequer noto uma colher e prato pequeno de sorvete nas suas mãos.
— Sim, mas isso é alguma porcaria de leite de soja desnatado que
tem gosto de coco de bebê, — ela responde, franzindo o nariz sardento.

20
Ryan Lochte - é um nadador norte-americano. Ele é detentor de vários recordes mundiais e é um
medalhista olímpico, ela faz uma piada porque ele esta nadando.

~ 26 ~
Eu me permito dar alguns passos em sua direção. Eu fiz por
merecer. Eu tenho sido uma espécie de... bom garoto. — E como você
sabe o gosto de coco de bebê? — eu pergunto, levantando uma
sobrancelha cínica.
— Bem, eu não sei, obviamente. Mas baseado como ele cheira, eu
diria que esse sorvete é bastante parecido. — ela ajusta o prato ao lado
dela depois de ter dado uma última colherada, fazendo uma
envergonhada careta. — Então o que você está fazendo aqui fora? Eu
pensei que você estaria exausto desde aquela... lição de hoje sobre
mãos. Muito esclarecedora, Sr. Drake.
— Bem, nós tentamos nosso melhor, Sra. Carr, — eu respondo
com um rosto em branco, embora a minha voz esteja repleta de
diversão.
— Eu disse a você - não me chame de Sra. Carr. Eu não tenho
interesse em ser chamada assim até eu começar receber o INSS. — ela
traz seus pés para a superfície da água e observa enquanto ela mexe
seus dedos dos pés. — Então... é como isso vai ser o tempo todo?
— O que você quer dizer? — eu dou alguns passos mais perto,
uma carranca beliscando minha testa.
— Eu quero dizer, você vai sempre ser tão intenso com a gente? —
antes que eu possa me preparar, seu olhar trava no meu e penetra
diretamente através da minha fachada impassível. — Você vai... nos
tocar assim? Dizer essas coisas para nós?
— Todo o contato físico está especificamente descrito nos
contratos, Sra. Ca-, desculpe-me, Allison. Agora, Se a qualquer
momento você se sentir desconfortável com a parte física ou sentir como
se eu estivesse sendo muito demonstrativo, diga a palavra, é só dizer
pare. Entendeu? Você diz isso porque eu faço você se sentir
desconfortável, Allison?
Eu nem sequer percebo o quão perto estamos agora, como se o
fluxo da maré do nosso mar com cloro, de alguma forma tivesse nos
juntado. Apenas centímetros de água, respirações e roupas nos
separam, mas eu sei que qualquer espaço que compartilhamos vai
parecer intimo de mais.
Eu sei o que eu preciso fazer. É o que é certo, o que é responsável.
Eu preciso dizer a ela para sair.
Eu preciso enviar esta mulher de volta para o seu traidor e
pedaço de merda, seu marido e deixar que ela trabalhe com seus
próprios problemas, como o resto da América – com a terapia, as pílulas
e as más decisões ocasionais. Mas o mais importante, eu preciso a

~ 27 ~
deixar fazer isso sem a minha ajuda. Porque, bem, agora, tudo o que
posso pensar é em ajudar a mim mesmo.
— Não, — ela diz, de repente, como se aqueles olhos brilhantes
tivessem se infiltrado minha mente. — Você não me deixa
desconfortável. E, lembre-se, é Ally.
Ela puxa seus pés da água e fica em pé, coletando seu agora
derretido sorvete de leite de soja desnatado de coco de bebê. Antes que
ela se vire para ir embora, ela sorri para mim, não como todas que se
deixam levar pela minha atitude gelada como eu esperava.
Parece mais como um: Seja mais cretino.
E consiga um sorvete de verdade.

~ 28 ~
TENTAÇÂO
HOJE NO Hollywood Reporter, o bilionário playboy, Evan
Carr, foi pego com outra mulher enquanto sua esposa está de
férias sozinha em um spa?
Fontes próximas ao casal dizem que o casal tinha tido problemas
durante meses, em meio a rumores de traições ultrajantes. Fontes dizem
que a esposa, Allison Elliott-Carr, não foi em um retiro de spa, mas sim
para uma clínica de reabilitação depois de uma pausa mental. Com ela
indisponível para comentar, e paradeiro não confirmados, Hollywood
Reporter foi até Evan Carr, que não negou, nem confirmou, rumores de
infidelidade.
Desligo a televisão e arranho a camada de pelo curto no meu
queixo, apertando com irritação. Porra. É exatamente por isso que toda
a comunicação externa é proibida durante a instrução: merda como
essa fode com as cabeças das meninas, sugando todo o pequeno
vislumbre de esperança que lhes resta e indo correndo de volta para
casa.
Claro, elas têm razão para isso, uma vez que 95% dessas histórias
têm alguma verdade nelas. Onde há fumaça, há fogo, e o casamento de
Carr tem sido um inferno ardente de mentiras e enganos desde antes de
Allison dizer, ‘Eu aceito’.
Eu deveria saber.
Com um acesso de raiva, eu faço o meu caminho em direção à
casa principal, assim quando as mulheres estão terminando o pequeno-
almoço depois da manhã de yoga. Uma por uma, elas pingam na grande
sala, em silêncio, tomando os seus lugares. Algumas delas olham para
cima, para mim, através de longos cílios falsos. Outras amassam as
mãos no colo, suas bochechas vermelhas e quentes com as memórias
de minhas mãos tocando-as, persuadindo seu interior para sair e jogar.
No entanto, eu não encaro isso. Eu não vejo seus olhares desejosos. Eu
continuo assistindo, esperando, até que ela caminha dentro.
Uma vez que eu a vejo se acomodando com o resto das senhoras,
algo quente pesa em meu intestino. É uma tortura. É alívio. É
malditamente confuso. Estou muito nervoso, muito ansioso, e não há
porra nenhuma que eu possa fazer sobre isso agora. Impulso assume, e
eu estou caminhando em direção a ela, assim quando ela toma seu
assento.

~ 29 ~
— Levante-se, — eu ordeno. Eu não peço. Eu nunca peço o que
eu quero.
— Desculpe-me? — Allison pergunta, franzindo a testa. Quero me
aproximar e suavizar esses pequenos vincos, mas eu não faço isso. Eu
não sou um narcisista total.
— Levante-se, Ally. — eu estendo minha mão para ela, que ela
estuda com cautela antes de tomar. Sua palma é quente e suave... tudo
o que eu imaginava que era. Simultaneamente alisando seu vestido
para baixo em sua parte traseira, ela está de pé, fechando o pequeno
espaço entre nós.
Eu seguro a mão dela mais do que eu deveria, antes de puxá-lo de
volta. — Vire-se. Me deixe te ver.
— O que-? Hum, eu não entendo o que você -
Minhas mãos estão em seus ombros, a ousadia pegando-a de
surpresa e fazendo-a ofegar. Eu a viro, girando seu corpo em 180 graus.
— Isso. Isto é o que determina se um homem te fode, senhoras. A
embalagem. O fascínio. A tentação. — eu a viro de costas para mim,
deixando os questionamentos, os olhos azul-esverdeados perfuraram os
meus descaradamente. Eu não posso me afastar. Eu não posso nem
fodidamente piscar. Eu falo com ela como se ela fosse a única pessoa na
sala, mas eu me certifico de minha voz chegue nos outros ouvidos
ansiosos. — Os homens são criaturas visuais. Eles precisam ser
seduzidos. Animados. E enquanto vestidos folgados e sapatilhas podem
ser sensatos, não é sexy.
— Este é um Alexander McQueen21, — ela zomba.
— É feio como o inferno. Fodam-se os rótulos.
Seus olhos se arregalam em primeiro lugar, as bochechas rosadas
com embaraço. Então minhas palavras afundam e a dor se arrasta
sobre essa tela de porcelana e sardas marrons arenosas. Eu não quero
magoá-la, mas merda, a verdade dói. A vida dói. Inferno, dói como uma
filho da puta.
Antes que ela possa protestar, eu estou tocando seu cabelo,
retirando os pinos de prata que a prendem em um coque prático.
Chamas caem em cascatas pelas suas costas, se espalhando em seu
rosto e beijando seus ombros. Eu enrolo um cacho ruivo no meu dedo e
aproximo meu rosto para mais perto dela para que só ela possa ouvir
estas palavras que eu não deveria dizer. Estas palavras que ameaçam
corroer a fortaleza de aço da minha lógica.

21
Marca do vestido.

~ 30 ~
— Eu te acho sexy pra caralho, Ally, — eu sussurro, minha
respiração tentando a pele logo abaixo da orelha. — Você só não sabe
ainda.
Rapidamente o meu toque a abandona, e eu estou fazendo o meu
caminho às pressas para o púlpito, longe dela. Longe da tentação de
passar meus dedos por aquela juba de fogo antes de enredar meus
dedos em seu cabelo, pela sua nuca, puxando sua cabeça para trás,
para que ela não tenha escolha, senão olhar para mim. Mas isso é o que
eu realmente quero? Ela ver quem eu realmente sou? Ou eu quero
continuar a colher e alimentar ela e todas as outras com a ilusão de que
vou provocar a sua própria mulher sedutora interior?
Eu limpo minha garganta, remexendo com a lapela do meu
casaco de linho. Allison ainda está de pé, ainda olhando para mim com
os olhos arregalados e a boca aberta. Isso foi necessário. Eu tive que
dizer isso a ela. Quem sabe o que vai acontecer quando os tabloides
colocarem sua ausência aos olhos do público?
Sim, sim, toda a parte de meus métodos de ensino.
Eu estou cheio de merda.
Uma mão sobe, me poupando do tumulto do meu monólogo
interior fodido. — Sim?
O som da minha voz pede a Allison para tomar o seu lugar, e eu
forço os olhos para Maryanne Carrington, a mulher corpulenta de meia-
idade, que desde o primeiro dia provou ser a mãe do grupo.
Provavelmente porque o marido gosta de foder as meninas jovens o
suficiente para ser suas filhas. — É evidente que eu não sou mais uma
franguinha, — diz ela em seu sotaque sulista cativante. — Eu não sou
um tamanho 34 e a gravidade tomou seu pedágio. Não há tanta coisa
que posso usar sem que me faça parecer como um palhaço de circo.
Como posso ser tentadora? O que posso fazer para que meu marido me
ache sexy de novo?
— Sra. Carrington, perdoe-me, mas você tem peitos?
— O que - o que? — ela gagueja, apertando o peito com
palpitações fantasmas.
— Peitos, você os tem, certo?
— Bem... sim. Claro. — suas bochechas coram e ela solta uma
risada nervosa.
— E bunda?
— Por que... sim.

~ 31 ~
— Então você pode ser sexy. Você é sexy. Você só precisa
acreditar nisso o suficiente para fazer o seu marido ver também. — eu
examino os topos de cada cabeça sem falar com ninguém, ainda
precisando de todas para me ouvir. — Não é sobre ser a mais magra, ou
ter os maiores seios, ou a melhor bunda. Nós não damos a mínima para
seus lábios cheios de colágeno ou os apliques em seus cabelos. Nós só
queremos você. Nós somos criaturas simples, senhoras. Nos dê algo que
faça dar água na boca. Coloque uma lingerie e saltos enquanto você
espana os móveis, fingindo estar totalmente alheia aos nossos olhares.
Se curve para pegar alguma coisa com os primeiros botões de sua blusa
abertos, assim nos dando uma imagem do que há lá. Solte seu cabelo
para que possamos imaginar a sensação deles entre os nossos dedos
puxando-os enquanto você chora com paixão.
Quase como se fosse ensaiado, os meus olhos encontram o olhar
excitado de Allison. Ela pensa que estas palavras são para ela. Ela
provavelmente pensa que ela é um pouco especial. Mas o que ela não vê
é a verdadeira razão pela qual eu estou tão atraído por ela... tão tentado
em manchar sua fachada perfeitamente equilibrada.
Tenho pena dela.
Assim como ela acredita que eu sou um estranho, um mero
espectador ao seu mundo, ela sofre o mesmo destino. Esta vida de
brilho, glamour e ostentação não é para ela. Ela e eu somos cortados do
mesmo pano desajustado entre milionários.
Ela pode ter o dinheiro e o status, mas ela está fingindo. Ela não
pode sequer ser honesta consigo mesma, e é por isso que, tanto quanto
ela me intriga, ela me enoja.
Pelo menos é o que eu digo a mim mesmo.
Eu termino a aula, ombros apertados com agitação, contando os
minutos, os segundos, até que eu possa fugir para o único lugar onde
eu posso ser livre. Eu já estou tirando minha cueca da Calvin Klein no
momento em que eu bato na porta da frente. Mas eu não coloco minha
sunga ou shorts de corrida como eu faço quase todas as noites. Eu vou
direto para o chuveiro, colocando a água numa temperatura escaldante,
mesmo que esteja quente lá fora, o calor seco do deserto sugando a vida
da minha pele ressecada. A água queima, mas eu não registro a dor.
Um tipo diferente de calor me consome agora, meu corpo dolorido para
extinguir a chama.
Eu tomo o meu pau nas minhas mãos molhadas e aperto,
aliviando um pouco a pressão. Eu sinto o palpitar contra a palma da
minha mão, me pedindo para colocá-lo fora de sua miséria. Pálpebras
pesadas e músculos tensos, eu acaricio lentamente, grunhindo uma
maldição. Isso é tudo o que eu deveria me dar por ser um filho da puta

~ 32 ~
descuidado, mas eu preciso disso. Eu preciso me livrar dessa
saudade. Eu não sou melhor do que aqueles bastardos enganando e
traindo - estou traindo aqueles bastardos - mas pelo menos as minhas
alternativas não machucam ninguém. Acariciar meu pau não me faz
aparecer na Page Six. E! News não vai mostrar vídeos de mim gozando
dentro da palma da minha mão.
Eu cerro os dentes enquanto eu puxo meu pau, cantando o fogo
fora de mim com gemidos profundos. Com os olhos apertados, eu venho
com tanta força que meus joelhos se dobram, derramando porra na
minha mão antes de driblar para o ralo. Sob o spray de água
escaldante, eu fico ofegante, me encostando contra a parede de azulejos
de mármore. Mesmo com a minha pele cor de rosa pela água quente, eu
sinto frio. Eu me sinto vazio. Eu me sinto... sozinho.
As horas passam antes de eu reaparecer, toalha sobre meu ombro
e vestido para o meu mergulho noturno. Hoje a noite está tranquila.
Ainda. Nem mesmo uma brisa para me fazer companhia sob o opus de
espumante, estrelas luminescentes.
Eu nado até a exaustão me cumprimentar e meus pulmões
queimarem. Meus músculos doem e tremo até que eles se parecem
como geleia. No entanto, eu prolongo minha tortura, empurrando meu
corpo ao seu limite. A dor do passado, e prazer, o sentimento, tudo
junto.
Ela não vem hoje à noite.
Talvez ela tenha pena de mim também.

~ 33 ~
ADORAÇÂO
— HÁ UMA COISA QUE UM HOMEM quer que você
acaricie mais do que seu pênis: o seu ego. Jogue no dinheiro e
poder, e você tem um ego do tamanho do Hulk que precisa ser
alimentado o tempo todo.
Eu passo ao redor do púlpito, um sorriso diabólico brincando em
meus lábios. Estou melhor hoje. Minha cabeça não está nublada com
pensamentos de merda que eu não deveria ter. Minhas bolas não doem
cada vez que toco nela. E, depois de me matar com corrida e natação,
meu corpo está apenas dolorido o suficiente para ter um lembrete físico
de que eu não deveria dar a mínima para ela, ou seu rosto
perfeitamente imperfeito, ou a cascata de seda vermelha que está
envolto descendo de suas costas.
Isso não é para mim. Nada disso é.
Allison não veio porque ela quer que o Justice Drake foda com
ela. Ela veio porque ela quer que Evan Carr, seu marido covarde e
impostor, transe com ela. Ela quer que ele a queira. Ela quer que ele a
ame. Ela não estaria aqui se não o quisesse.
— Alimente o monstro, senhoras, e ele vai chegar até você a cada
vez que estiver com fome. Faça o seu homem se sentir como se ele fosse
o maior, e mais malvado filho da puta na terra, dentro e fora do quarto,
e ele vai te adorar.
Lacey levanta sua mão e fala. — E daí se ele não é? E se ele é um
velho, enrugado que tem sido apenas aquele que pode durar cinco
minutos antes de explodir sua carga?
Algumas senhoras riem, mas minha expressão continua de pedra.
— Mentira.
— Mentira?
— Mentira em sua bunda. Diga a ele o quão grande ele é, quão
cheia ele te faz sentir. Diga a ele que quase dói quando ele está dentro
de você. Diga a ele que a sensação é tão boa que você quer morrer.
Quem é que nunca fingiu um orgasmo?
Cada cabeça assente e murmúrios ressoam ao redor da sala,
completamente menos surpresas e desgostosas com a minha audácia.
Depois de alguns dias de instrução, as minhas palavras quase têm
perdido sua importância de chocar. Ainda assim, de vez em quando, eu
tenho que agitar elas pra cima para não ficarem confortáveis. Porque

~ 34 ~
estar apaixonado, sendo trancado no interminável purgatório em
espiral conhecido como casamento, é tão desconfortável quanto isso
parece.
— Bom. Então vocês podem fingir todo o resto. Regue seu homem
com adoração e você não deixará espaço para outra mulher tomar seu
lugar. Os homens são como crianças. Eles precisam constantemente de
reforço positivo. E se eles não conseguirem isso, eles se contentam com
o reforço negativo.
— Você quer dizer, eles traem? — Lacey interrompe, seus olhos
azuis de gelo estreitos em fendas. Ela franze os lábios melhorados pelo
médico, fazendo-os parecerem dois pacotes gigantes de chiclete.
— Correto. Não porque a mulher é mais bonita ou mais jovem,
mas mais ainda pelo fato de que ela o faz se sentir como um Super-
Homem fodedor. Invencível. Todo-poderoso. Eles querem acreditar na
fantasia.
Lacey fica de modo que cada olhar é atraído para ela, e coloca a
mão em seu quadril estreito. — Então, se isso não tem nada a ver com
idade ou beleza, por que eles estão brincando com estas Pop-Tarts22
recém-saídas do ensino médio?
Algumas senhoras murmuram em concordância. Maryanne
Carrington ainda atirando em aprovação ‘Mmmm hmmm’.
— Honestamente? Inteligência. Essas meninas são facilmente
impressionadas, portanto, fácil de levar para cama. Uma garrafa de
champanhe, uma limusine e é praticamente um acordo fechado. Eles
não querem alguém que tem que trabalhar para seduzir. Isso é o que
eles têm para vocês.
— Então, eles querem uma transa fácil?
— Precisamente, — eu aceno.
— Mas isso não faz sentido, — Lacey rejeita, balançando a cabeça
em descrença. — Somos suas esposas. É claro que eles poderiam vir até
nós para fazer sexo sempre que quiserem!
— Sério? — eu cruzo a entrada do meu púlpito e ando a passos
largos até onde ela está confusa e não convencida. Eu invado seu
espaço, dando um passo mais perto do que o que seria considerado
confortável. Mas isso é exatamente o que eu preciso dela. Eu preciso
dela desconfortável o suficiente para ser honesta. Eu preciso dela para
ver onde sua culpa se encontra, para que ela não tenha motivos para
desconfiar de mim. Eu preciso que ela precise de mim.

22
Pop-Tarts são biscoitos infantis.

~ 35 ~
Eu arranho seu queixo com as pontas dos meus dedos,
acariciando a pele do queixo até sua orelha. Ela se move para o meu
toque, absorvendo meu carinho como se ela estivesse fria e faminta. E
de muitas maneiras, ela está. Ela esta faminta por atenção, carinho.
Fria de ser deixada sozinha e sem amor.
Estes são sentimentos que eu entendo. Sentimentos que eu tenho
explorado para fazer de mim um homem muito rico.
— Lacey, — eu respiro, baixo e rouco. — Você vê ele pelo que ele
é. Você vê além do dinheiro e os carros e os fãs adoradores. Você o vê
despido e nu. E isso o assusta. Então, ao invés de encarar a sua
covardia, ele fode pequenas idiotas burras para fazê-lo se sentir como
um homem maior. Mas você não quer isso, não é?
Eu assisto os movimentos do seu pescoço esbelto quando ela
engole antes de responder. — Não. Não, claro que não.
— Então você sabe o que tem que fazer, não é? Você tem que ser
a sua pequena idiota burra. Você tem que ser sua prostituta, sua
groupie. Você tem que fazê-lo se sentir como se estivesse no topo do
mundo quando ele está com você.
— Então você quer que ela o leve para baixo?
Eu olho para cima, e minha mão cai imediatamente para o meu
lado, liberando Lacey do meu transe. Allison está de pé, seus olhos se
estreitaram e os seus lábios franzem. Mesmo com a irritação claramente
estampada em seu rosto, uma sensação não convidada serpenteia até
minhas coxas com a visão dela. Eu moo meus dentes, mordendo
sentimentos espontâneos.
— De certa forma, sim, — eu respondo, me afastando de Lacey.
Eu quase sinto vergonha, como se eu não devesse estar tocando essa
outra mulher. — A esposa conduz o navio. Ela é a mestre das
marionetes. Mas, a fim de manter um lar feliz, você deve deixar o
homem acreditar que ele dá as ordens.
— Não é o bastante que nós carregamos o seu nome e os
deixamos ditar o nosso futuro? — Allison zomba. — Agora temos que
fingir ser idiotas apenas para que os nossos maridos não se sintam
intimidados?
Eu quero dizer a ela como ela esta certa em se sentir indignada,
mas isso seria uma total oposição do que eu sei e acredito. — Mais ou
menos.
— Isso é besteira. Você e eu sabemos disso. Me diga, Justice
Drake, as garotas idiotas te excitam? Você gosta de rir de alunas
pendurados em cada palavra sua? A estupidez deixa você quente? — ela

~ 36 ~
está me desafiando, na esperança de me fazer comer minhas próprias
palavras. Eu olho fixamente para ela, inabalável e totalmente no
controle.
Bem... quase. Menos a rigidez na parte da frente das minhas
calças.
Sem quebrar o contato visual, eu passo para trás para ficar atrás
do púlpito para esconder a minha semi-ereção. — Não, Allison. Elas não
fazem. Mas, como você apontou, na semana passada, eu não sou uma
parte de seu mundo. Eu sou um estranho, lembra?
Eu prego nela um olhar zombeteiro, desafiando-a a contestar a
minha afirmação, mas odiando o jeito que ela está de alguma forma me
fazendo sentir com necessidade de provar a mim mesmo. Quem é ela
para mim? Ela é uma cliente – outra rígida, dona de casa solitária. Um
cheque em um vestido Prada - nada mais, nada menos.
Allison não me responde. Só permanece de pé, em silêncio, seus
olhos animados piscando com desdém. Tenho prazer em sua reação,
desejando mais. Eu quero continuar a empurra-la até que ela
finalmente recue.
Eu me inclino para frente e descanso os cotovelos no pódio, meus
olhos treinados como um atirador de elite, preparado para matar. — E
Sra. Carr, por que você se importa com o que me excita? Você não
deveria estar mais preocupada com o que excita o Sr. Carr?
Eu observo enquanto o rosa de suas bochechas sangram em
vermelho e seus olhos ficam escuros. — Eu - eu não. Eu não estava
dizendo -
— Oh? Então você não se importa o que o me excita?
— Você é um imbecil, — Allison despeja. Então ela se vira
rigidamente e prossegue para fora da sala.
Missão cumprida

O céu deserto brilha no crepúsculo, trazendo com ela, uma fresca


brisa aliviando. Sento-me na varanda, tomando uma cerveja, enquanto
escuto a conversa abafada de dentro da casa principal. Eu olho para
cima e fecho meus olhos, bloqueando isso fora. Isso é o que eu faço com
a maior parte do mundo. A realidade é apenas ruído branco.
— Qual diabos é o seu problema?

~ 37 ~
Eu olho para cima para encontrar Allison pairando sobre mim,
as estrelas cintilantes de raiva em seus olhos pálidos.
— Desculpe-me? — eu pergunto com uma sobrancelha levantada
e um sorriso divertido.
— Seu negócio. O seu problema. A razão de você agir como se
alguém mijasse no seus Cheerios23.
Eu me sento e gesticulo para Allison para tomar o assento ao meu
lado, embora ela não se mexa. — Eu entendo o sentimento, Sra. Carr -
— Ally, caramba. Ally.
— Desculpe-me, Ally; eu entendo o sentimento, embora eu não
saiba com certeza do que você está se referindo.
Completamente imóvel, Ally olha com punhais daqueles olhos
azul celestes – então eu ainda nem tenho certeza se ela está respirando.
— Então esse é o seu ponto de vista, — ela finalmente sorri. — Eu
entendo. Você acha que essa porcaria é engraçada não é? Nós somos
todas apenas um entretenimento para você - o seu próprio reality show
ao vivo. Você não se importa em nos ajudar, você só quer nos machucar
mais do que nós já estamos.
Eu estou no meu pé no momento seguinte, roubando a brisa
fresca que chicoteia através de seu cabelo vermelho. "Nunca questione
meus motivos, Allison. E nunca mais porra pense que eu poderia
machucar você. Nunca mais.”
Seus olhos se arregalam com minha proximidade e minha
declaração aquecida, mas ela não se move. Ela compartilha este espaço,
este momento, comigo. — Tudo bem. Mas você nunca mais pense que
eu estou aqui por qualquer outro motivo do que consertar meu
casamento.
Esta seria a oportunidade perfeita para ela atacar longe, o fogo
que arrasta atrás dela em numa chama de glória. O período notório em
sua declaração fervorosa. Mas ela permanece, combinando com meu
olhar sério, o dela tão obscuro quanto o meu.
Talvez eu não seja o único a ser desonesto aqui. Na verdade, eu
sei que não sou.
Eu levo meu traseiro para a espreguiçadeira e pego minha
cerveja. Desta vez, ela se senta na cadeira ao meu lado. O ato é uma
trégua silenciosa. Nós vamos colocar nossas espadas para baixo por
agora.

23
Cheerios é uma marca americana de cereais matinais fabricado pela, General Mills.

~ 38 ~
— Eu sei que você não é o idiota que você quer que as pessoas
acreditem que você é, — diz ela depois de um longo momento. Eu abro o
refrigerador ao meu lado e recupero outra cerveja, entregando a ela. Ela
sorri em agradecimento, e eu assinto.
— O que faz você pensar que eu quero que as pessoas acreditem
que eu sou um idiota?
Ela encolhe os ombros, tomando um gole de cerveja. — Eu não
sei. Mais fácil dessa maneira, eu acho. Você rejeita as pessoas antes
que elas tenham a chance de te rejeitar.
— Hmph, — eu bufo. — Eu não estava ciente que você tinha
interesse em psicologia. Parece como se eu tivesse perdido alguma coisa
na minha pesquisa.
Ally balança sua cabeça antes de se inclinar para trás em sua
espreguiçadeira. — Nada a ver com a psicologia. Tudo a ver com a
experiência.
Nós sentamos durante vários minutos em um agradável silêncio,
curtindo a demorada brisa do verão. As estrelas brilham mais esta
noite, revelando formatos e padrões de uma gigante tela azul à meia-
noite. Mesmo a lua parece maior, mais perto do que nunca.
— Então me diga, Ally. O que trouxe você aqui?
Ela vira a cabeça na minha direção e oferece um sorriso triste. —
Eu pensei que você sabia tudo sobre mim.
Meus olhos permanecem treinados no céu, mas eu a vejo. Eu a vi
desde o dia em que ela surgiu em minha casa e na minha vida, uma
auréola de fogo e olhos nascendo das estrelas. — Eu sei. Mas eu quero
ouvir você dizer isso.
Eu a ouço engolir e, em seguida, o farfalhar silencioso de tecido e
como ela se agita com uma corda solta em seu vestido. — Eu pensei...
Eu pensei que se eu fosse o que ele queria ... Eu pensei que se eu
pudesse ser -
— Mas você é. — eu não sei por que eu exclamo. Mas só o
pensamento dela acreditando que ela é nada menos do que perfeita tem
a minha mão fortemente apertada em volta da minha garrafa de cerveja.
Eu mesmo a pego e a abaixo antes que ela quebre com o meu aperto. —
Quero dizer... você é o que ele quer. Ele se casou com você, não foi?
— Sim, — ela dá de ombros. — Mas é claro que não mantém a
mesma conotação que eu pensava que ele fazia.
— Quando?

~ 39 ~
Ela não responde, mas eu ouço seu suspiro. Então, sem rima ou
razão, eu alcanço e pego a garrafa fora de suas mãos, colocando-a ao
lado da minha. — Vamos lá, — eu digo, subindo nos meus pés.
— Huh?
Eu seguro minha mão estendida, esperando ansiosamente para
que ela a pegue. E por que ela não faria? Um homem estranho sob a
influência do álcool dizendo a ela para segui-lo, sem nenhuma explicação,
tarde da noite? Parece legítimo.
Ainda mais, com esses cristalizados olhos treinados sobre minha
expressão séria, lentamente ela coloca sua mão na minha. Ela está
confiando em mim sem questionar, embora eu nada tenha feito para
merecer tal presente. Mas, como o bastardo egoísta que eu sou, eu a
levo, puxando-a para seus pés. Meus dedos impulsivamente se laçam
com aos dela, causando uma mistura contraditória de alerta e conforto
que surge em minhas veias. Eu olho para baixo em nossas mãos
trancadas como se nós dois fôssemos nos afastar.
— Siga-me. — eu franzo a testa, levando-a para a casa de
hóspede muito menor. Estou quebrando outra das minhas regras:
Nunca traga uma dona de casa em minha casa.
— Eu não acho que eu deveria estar aqui, — diz Ally, mas ela
caminha para dentro, andando em meus aposentos. Eu sei o que ela vê:
paredes brancas, nuas, sem fotos, sem toques pessoais. Nada que
mostre quem eu realmente sou. — Há quanto tempo você mora aqui?
— Aproximadamente oito anos, — eu respondo, observando-a
enquanto ela tenta amenizar sua reação.
— Oh. Ele é tão... limpo. — ela me abre um sorriso simpático
antes de olhar para o chão.
Eu franzo a testa. Eu sei o que ela realmente quer dizer: frio e
estéril. E o fato de que ela sinta a necessidade de sentir pena de mim,
como se eu fosse inferior a ela, irrita a merda fora de mim. Aqui eu
pensei que ela e eu compartilhamos uma historia em comum - que
éramos ambos almas incompreendidas neste mundo de falsos e
hipócritas -, quando, na realidade, ela é um deles. Ela tem sido o tempo
todo. E como é fodidamente estúpido da minha parte ter pensado o
contrário.
Estou prestes a dizer-lhe para cair fora e levar aqueles olhos
tristes, quando de repente ela olha para mim, um sorriso
verdadeiramente caloroso em seus lábios. — Não diga a ninguém, — diz
ela com uma risada. — Mas eu sou um tipo de porcalhona. Sério.
Limpeza não é o meu ponto forte. Eu acho que eu poderia aprender
uma coisa ou duas de você.

~ 40 ~
Eu libero minha irritação em uma respiração aliviada e viro-me
em direção a cozinha para esconder o meu próprio sorriso. Merda. Por
que diabos eu estou sorrindo como o maldito o gato Cheshire? E por
que eu acho a sua confissão tão malditamente charmosa? Como o fato
de que ela é bagunceira faz com que ela seja meio que... Real?
Sem uma palavra, eu vou para o congelador e coloco uma
embalagem em cima do balcão de mármore. Allison olha para o
recipiente, em seguida, olha para mim e, por um momento, eu juro que
vejo uma piscina de lágrimas em seus olhos antes dela rapidamente
piscar, protegendo o rosto com uma cortina de vermelho.
— Você me comprou sorvete? — ela sussurra com uma voz tensa.
Eu dou de ombros, embora ela não possa me ver, ainda se
recusando a encontrar o meu olhar. — Você não estava feliz com a
variedade na cozinha então... — eu dou de ombros novamente.
Finalmente, ela levanta a cabeça para olhar para mim, com o
rosto tão cheio de luz que é quase ofuscante. — Obrigada.
Seu sorriso agradecido e o peso dessas duas palavras me atingem
como uma tonelada, trazendo-me de volta à realidade. — Bem, nós
tentamos fornecer a todas vocês as delicadezas de casa. Isso não inclui
um sorvete sabor coco de bebê. — eu me viro para pegar uma tigela e
uma colher antes de abrir a caixa e escavar para fora tiras sedosas de
creme e pedaços escuros de chocolate.
— Oh. Bem, então... obrigada, — ela responde, comprando a
minha mentira de desculpa. Porque isso é exatamente o que é: uma
mentira. O que eu poderia e deveria ter feito era abandonar o sorvete na
cozinha e deixar que os funcionários servissem para ela quando ela
estivesse desejando açúcar congelado. Mas não... Eu tinha que ir e
complicar essa merda e trazê-la de volta para a minha casa me dando a
oportunidade de satisfazer a sua necessidade, tão superficial como ela
pode ser.
Ela tinha precisado de mim. E não por sexo ou conselhos de
relacionamento para aplicar no seu casamento. Mas para um fodido
sorvete.
Eu deslizo a ela a tigela e espero por ela para dar uma mordida.
Ela olha para mim com a mesma expressão de expectativa.
— Bem? — eu pergunto, batendo um dedo.
Uma carranca enruga sua testa e ela contorce o nariz, trazendo
essas sardas à vida. — O quê? Você não vai tomar nada?
Eu balanço minha cabeça. — Para você.

~ 41 ~
Ally toma um assento e pega uma colherada para a primeira
mordida, colocando-a na sua língua. Suas pálpebras vibram perto de
êxtase e um som absolutamente orgástico ronca de seu peito. — Oh
meu Deus.
— Bom? — eu estou sorrindo, mas só porque ela não pode me
ver, muito envolvida em um casulo cremoso de menta e chocolate.
— Incrível, — ela responde através de outra colherada. Ela
finalmente abre os olhos, e um profundo blush pinta suas bochechas
como se tivesse acabado de se lembrar da minha presença. — Obrigada
por isso. Certeza de que não quer nenhum?
— Todo seu.
Ally leva outra mordida e coloca a colher para baixo, apoiando um
cotovelo sobre o balcão e colocando seu queixo na mão. — Se você só
pudesse comer um sabor de sorvete pelo resto da sua vida, você
escolheria Rocky Road ou Mint Chocolate Chip?
— Desculpe-me? — eu sento no banquinho em frente dela, as
sobrancelhas levantadas em questão.
— Apenas uma brincadeira minha. Rocky Road24 ou Chip
Chocolate Mint? — ela sorri divertidamente e cava de volta para seu
sorvete.
Eu nem tenho certeza do que fazer com essa garota. Primeiro, ela
está me chamando de um imbecil, e agora ela está me perguntando
sobre sabores de sorvete? Eu franzo a testa em confusão.
— Por favor? — ela diz apenas em um sussurro. — Eu não tenho
tido uma conversa normal sobre algo que não seja sapatos ou bolsas,
ou com quem nossos maridos poderiam estar dormindo nesses dias. Eu
só preciso de... esquecer. Só por um pouco de tempo.
Eu aceno e solto um suspiro, meu peito de repente cheio de
alguma emoção externa sem nome. Simpatia? Sim. Mas é outra coisa
também. E não tem nada a ver com sentir pena dela.
— Bem, é que eu nunca tomei Chip Chocolate Mint e eu me
lembro vagamente de ter experimentando Rocky Road quando era
criança, eu teria que ir com esse sabor, — eu respondo com um
encolher de ombros.
Os olhos de Ally crescem arregalados com o choque brincalhão. —
Você nunca experimentou sorvete de Mint Chocolate Chip?

24
Rocky Road = é um sorvete sabor chocolate. Apesar de existirem variações no sabor, tradicionalmente
é composta de sorvete de chocolate, nozes e marshmallows. Chip Chocolate Mint = é um sabor de
sorvete composta de sorvete de menta com pequenas lascas de chocolate.

~ 42 ~
Eu balanço minha cabeça. — Não.
— Então você não viveu ainda! — ela escava uma pequena
mordida e me oferece, a colher a um mero centímetro de meus lábios. —
Vá em frente; experimente isso.
Ok, eu tenho duas escolhas. Porta número 1: eu me recuso a
jogar o seu joguinho e chuto ela para fora da minha casa, ofendendo e
demolindo qualquer pingo de confiança que ela tenha por mim. Ou
Porta número 2: eu deixo que ela inocentemente me alimente com uma
colher de sorvete e obrigando a mim mesmo ver o ato pelo que ele é -
uma espécie de gesto platônico entre dois adultos.
Eu me inclino para frente para que a ponta fria da colher apenas
roce meu lábio inferior. Ally lentamente facilita isso para frente, me
provocando a abrir mais para ela, a minha língua reflexivamente
projetando-se para saborear as primeiras gotas doces de creme. Eu
envolvo meus lábios em torno do monte de chocolate com menta e o
chupo fora a colher, deixando escapar os meus próprios sons eróticos
em concordância.
— Ótimo, né? — Ally sorri, balançando sua cabeça.
— Inferno, sim, — eu dou um meio-gemido contra o meu melhor
julgamento. Mas é tarde demais. Allison Elliott-Carr tem enfraquecido
minhas defesas com apenas uma colher de Haagen-Dazs25.
— Eu te disse! Sorvete é a resposta para tudo. É a última cura
para tudo.
Eu rio quando ela me alimenta com outra mordida, e eu devoro
isso avidamente.
— Eu poderia totalmente passar o resto da minha vida comendo
apenas isso e nada mais. — ela coloca outra porção na sua língua a
partir da mesma colher que eu acabei de tomar. — Eu ainda não posso
acreditar que você nunca tinha experimentado isso.
Eu dou de ombros, me sentindo imediatamente como um idiota,
porque eu encolhi os ombros pelo menos uma meia dúzia de vezes esta
noite. Mas há apenas uma coisa sobre Ally que me deixa... duvidoso.
Talvez um pouco espantado. Ela é diferente de qualquer cliente que eu
já trabalhei e o oposto total de qualquer mulher que eu já me encontrei
atraído. Mas há algo sobre ela – alguma coisa tão genuína e inesperada
que me deixa quase encantado com ela. Talvez ela seja o enigma que eu
não consigo solucionar. Ou talvez ela seja tão malditamente perfeita e
imperfeita que é cativante. Mas o que é que for isso me pegou. Fodido
assim como isso parece, isso me pegou.

25
Häagen-Dazs é uma marca de sorvete.

~ 43 ~
É por isso que não me surpreende quando eu me encontro
dizendo: — Havia um monte de coisas que eu não cheguei a ter
enquanto crescia. E quando fiquei mais velho, eu só aprendi a ficar
sem.
Ally deixa cair a colher e olha para mim através daqueles muito
grandes olhos, compaixão escorrendo nas piscinas azul-turquesa. — Eu
sinto muito, — ela sussurra.
Eu aceno e balanço minha cabeça. — Não sinta.
— Realmente. Sinto muito. Eu não deveria ter assumido que você
era... você sabe...
E tudo isso volta para mim.
A verdadeira razão pela qual eu mantenho todos a uma distância
segura. As suposições, a simpatia. Esta merda bem aqui. Neste
momento, Ally acha que ela me conhece. Inferno, ela provavelmente
pensa que ela é melhor do que eu. E tanto quanto seu coração
sangrando pode não querer, ela tem pena de mim.
Que estupidez minha pensar que eu poderia ser visto como mais
do que apenas um caso de caridade. Eu sou apenas a ajuda contratada,
disponível para ser comprado e vendido como um criado contratado
glorificado.
— Você terminou? — pergunto secamente, acenando para a tigela
meia vazia.
— O quê - ? Hum, eu não queria dizer isso, se eu -
Eu agarro a tigela da frente dela e a jogo na pia. Os sons vibrando
da ruidosa porcelana e do metal ecoando por toda a sala. Eu olho para
Allison assim quando ela recua os lábios de rubi fixados numa careta.
— Já é tarde, Sra. Carr. Acho que você deveria se retirar para o
seu quarto para a noite.
Sem argumento, ela se vira e rapidamente faz o seu caminho em
direção à porta, o fogo que arrasta atrás dela como uma triste estrela.
Ela faz uma pausa ligeiramente no batente da porta, mas não olha para
trás, sua chama se tornando apenas um borrão distante de vermelho,
enquanto ela sussurra — Eu sinto muito, — que é carregado na brisa
do agradável verão.

~ 44 ~
SEDUÇÂO
— DURANTE A SEMANA passada, eu já te ensinei como
explorar seus melhores recursos. Você mostrou como fazer seu
homem te implorar emocionalmente, tanto quanto ele faz fisicamente.
Eu mesmo te ensinei a acariciar seu ego frágil. Essa foi a primeira fase
do nosso programa, e se você sentir que estava oscilando no limiar de
sua tolerância sexual, eu sugiro que você saia agora. Agora, é hora de
aumentar a dose.
Eu ando até uma das donas de casa na primeira linha e ajudo ela
a se levantar. Eu nem sequer olho para o rosto dela enquanto minhas
mãos encontram os pinos enrolados em seus cabelos, liberando
rapidamente uma cascata de loiro dourado. Em seguida, os dedos
traçam a curva de suas orelhas, para baixo em sua mandíbula até que
eles estejam sobre o colar de pérolas beijando sua clavícula.
— Isso faz você se sentir desconfortável? — eu digo, perto o
suficiente para que meus lábios raspem em seu ouvido.
— Não, — ela chia. Ela está mentindo. Mentira do caralho é tudo
o que elas parecem dominar. Ótimo. Hora de chamar seu blefe. Um
sorriso diabólico chega em meus lábios, meus dedos encontram os
primeiros botões da blusa dela. Seus olhos verdes se arregalam quando
eu desabotoo o primeiro, revelando mais de sua pele lisa.
— E agora? Isso faz você se senta desconfortável?
— Não, — ela responde, combinando com meu tom de voz rouca.
Seus olhos deslizam fechados, e ela libera um gemido de sua garganta
esbelta.
— Qual o seu nome? — pergunto, desfazendo o segundo botão.
Ela engasga enquanto cai aberta, revelando o topo de seus seios.
— Shayla. Shayla Adkins, — ela transmite, ofegante. Claro, eu já
sabia disso. Shayla Dawn Adkins, casada com George Adkins, Jr.,
herdeiro de um popular programa de perda de peso que a maioria
dessas mulheres amam. O marido dela, carinhosamente conhecido
como Georgie, também é gay. E deixou ela para mim com a intenção de
ir embora para umas férias prolongadas com seu melhor
amigo/personal trainer, Arturo. Nem será preciso dizer que não há nada
que eu possa ensinar a Shayla que vai fazer que seu marido a deseje a
menos que ela faça uma viagem para a Tailândia e comece a chamar a
si mesma Sherman. E a parte triste é que ela está completamente à
mercê. Ela acredita nas mentiras com que ele a alimenta, é por ele estar

~ 45 ~
muito estressado no trabalho para fazer amor com ela. Ela é ainda
orgulhosa da dedicação dele por passar incontáveis horas ‘treinando’ na
academia. Pobre menina é tão ingênua como um cordeiro bebê em um
covil de lobos.
— Shayla. — eu passo tão perto que nossos corpos se encontram,
seu calor fundindo com o meu. Ela suga a respiração. — Shayla, você
quer que eu pare?
— Não.
— Ótimo.
O silêncio cai em torno de nós, e nem mesmo os sons de
respirações aquecidas ou o barulho distante de pratos da cozinha pode
ser ouvido. Apenas o farfalhar mudo de tecido deslizando sobre outro
botão marfim preenche o espaço, juntamente com a respiração ofegante
e rasa de Shayla.
Meu dedo indicador cai sobre o fecho frontal do sutiã do renda
branco de Shayla, e ela para de respirar completamente. Eu junto os
dedos sobre o tecido delicado, brincando com ela, fazendo-a doer para o
que vem a seguir. Ela levanta a cabeça e olha para mim através de
longos cílios, implorando com aqueles olhos azuis. Quanto tempo se
passou desde que um homem a tocasse? Quanto tempo se passou
desde que ela se sentiu desejada?
— Sedução, — eu respiro, e eu sinto-a tremer sob o meu toque.
Abro a blusa um pouco mais, expondo sua lingerie casta. Um silvo
desliza por entre seus dentes, quando eu passo uma mão em seu peito
nu. — Isso está sob a influência de seus quadris quando você anda. O
tom leve, ofegante de sua voz. A forma como o seu cabelo sussurra
através da pele lisa. O jeito que você está olhando para mim através de
seus cílios, agora, os olhos com capuz e fumegantes. — eu mal acaricio
a concha do sutiã e ela treme, desenhando seu lábio inferior em sua
boca. — Sedução, Shayla. Eu vou ensiná-la a me seduzir, assim como
eu seduzi você.
Na próxima respiração, eu estou um pé longe dela, mas meus
olhos ainda estão bloqueados em seu sutiã de renda branco angelical.
— Seu sutiã é... bonito. Prático. Mas não é sedutor.
Eu olho ao redor da sala, abordando todas as senhoras. — E eu
posso apostar dinheiro que cada uma de vocês estão vestindo roupas
semelhantes. É por isso que todas vocês têm uma missão. A fim de ser
sedutoras, vocês precisam estar confiantes. E isso é algo que não pode
ser ensinado. Isso precisa vir de dentro. Assim, para o exercício de hoje,
vamos fazer algo um pouco diferente. Vocês vão voltar para seus
quartos e se transformar em algo um pouco mais... sedutor. Vocês

~ 46 ~
verão que a suíte de vocês foi abastecidas com lingerie da Agent
Provocateur, e não há um ponto considerado sensível ou prático. Quero
sexy, senhoras. Quero vagabunda suburbana. Dona de casa encontra a
prostituta. Venda isso. Faça-me acreditar. Para possuí-las.
— Você quer que a gente ande por aí em uma lingerie? —
pergunta a matrona Maryanne Carrington, puxando seu cardigan
fechado.
— Não imediatamente. Mas hoje, vocês vão pavonear por aí na
minha frente. Ao final do curso, vocês estarão confortáveis o suficiente
para andar por aí praticamente nua na Rodeo Drive enquanto bebem
um café com leite.
Murmúrios horrorizados ressoam ao redor da sala, mas apenas
uma só voz tem a coragem de falar. — Você não acha que é um pouco
desnecessário? Viemos aqui para melhorar nosso casamento e nossa
vida sexual. Não abandonar a nossa moral e nos tornar suas strippers
pessoais.
Entorpecido, volto meu olhar sobre a expressão rígida de Allison,
a luz em seus olhos obscurecida pelo seu aborrecimento. É a primeira
vez que eu me deixo olhar para ela desde a semana passada. Desde o
dia em que a expulsei da minha casa com estrelas cadentes se afogando
em seus olhos.
— Como eu disse antes, Sra. Carr, se você encontrar meus
ensinamentos muito ousados para você, se você acha que não precisa
deste curso, você pode ir embora.
Ally estreita os olhos em fendas ainda não dizendo uma palavra,
torcendo as mãos em seu lugar. Eu levanto uma sobrancelha,
desafiando-a correr para fora de casa e da minha vida para o bem,
restaurar a despreocupação, a da não-ligo-pra-porra-nenhuma que eu
tenho aplicado por quase 30 anos. Minha indiferença sempre foi a
minha rede de segurança. E agora... agora eu estou lutando apenas
para segurá-lo.
Você rejeita as pessoas antes que elas tenham chance de rejeitá-lo.
Minha cabeça se move até Allison, como se tivesse apenas
murmurado as palavras para si mesma. Eu sei que é apenas a minha
consciência brincando comigo. Meu Grilo Falante tem um senso de
humor torcido.
— Então... como é que isto deveria funcionar? — Shayla
pergunta, seu rosto ainda corado e os botões superiores desfeitos.
— Cerca de meia hora, alguém da minha equipe virá para pegar
vocês uma por uma, em seguida, levá-las para uma sala isolada. A

~ 47 ~
partir daí, teremos uma sessão privada. Quero avaliar tanto os seus
pontos fortes e fracos para que eu possa determinar a melhor maneira
de, pessoalmente, aconselhar vocês. Então... senhoras, se vocês vão...
— eu estendo minha mão para o corredor que leva à escada. O pessoal
já está alinhado, esperando para ajudá-las de alguma forma. Uma vez
que a última cara relutante desaparece de vista, eu faço um caminho
mais curto para a cozinha.
— UM POUCO CEDO para uma bebida, eh, J.D.? Me deixe
adivinhar: Dia da Lingerie.
Eu aceno pra Riku antes tombar de volta a minha cerveja, quase
se esgotando em apenas alguns goles. Abro a geladeira e pego mais
duas, entregando uma a ele. Um pouco de cerveja no meio da manhã
não machuca ninguém. Ei, são cinco horas em algum lugar do mundo.
Riku abre o topo e toma um gole. — Espere um minuto. Você não
costuma fazer isso em torno da Terceira Semana?
Eu tomo outro grande gole. Santo inferno. Eu estarei no meio do
caminho de estar bêbado se eu não comer alguma coisa. — Sim. Mas
essas meninas... elas precisam ser chocadas. Elas estão muito
confortáveis. Eu preciso apertar um pouco e ver se elas realmente
empurram para trás.
Riku encolhe os ombros. — Você é o chefe. Mas não se
surpreenda se uma daquelas garotas ficar um pouco fogosa e te
empurrar direito em sua bunda.
Eu me viro para o frigorífico e mergulho em uma caçada para
lanches para esconder a minha expressão. Se Riku soubesse como ele
está certo.
Alguém me empurra para trás. E agora é fisicamente impossível
voltar, limpar a minha merda e ir embora.
Eu tomo algumas uvas na minha boca para não falar a verdade
amarga. Então eu dreno minha cerveja e me prepare para dar a essas
mulheres o suado dinheiro que os marido delas pagaram.

— TRAGA a próxima.
Eu limpo minha testa com um lenço e respiro calmante. Até o
momento, cinco senhoras foram trazidas para mim, todas tremendo
como folhas em seus saltos de quinze centímetros. Mas elas vieram.

~ 48 ~
Não importa o quão relutante isso pode ter sido, elas vieram de bom
grado.
Minutos se passam antes de eu ouvir os sinais reveladores de
saltos batendo em madeira. Eles crescem mais alto, ecoando na minha
cabeça, imitando os sons de uma bomba-relógio. Eu sei que é inevitável,
e eu fiz isso centenas de vezes. Estou quase imune à vista de renda
escassa esticada sobre redondos seios fartos. Eu já vi mais do que
minha cota de bundas vestidas em fio-dental. E cada buceta parecia ser
boa, beijadas e acariciadas por seda amanteigada e macia.
Ainda assim, nenhuma das minhas experiências poderia ter me
preparado para a visão que estava na porta no instante seguinte.
Allison entra na sala apenas o suficiente para Diane fechar a
porta atrás dela. Ela hesita, mas ela está tentando como o inferno
manter a calma e ser indiferente por estar semi-nua na frente de mim.
Eu fico sentado, optando por permanecer na minha zona segura.
Levantar só faria a vontade de rasgar aquele maldito robe de cetim de
seus ombros.
— Então, — ela pergunta, levantando uma sobrancelha.
— Então.
— Então... eu estou aqui. Agora o quê?
Eu esfrego minha barba, contemplando o meu próximo passo.
Ela é exatamente como todas as outras. Ela não é nada especial.
Apenas um salário.
Eu canto isso na minha cabeça uma e outra vez até que se torne
real. Ou pelo menos acreditável.
Você está cheio de merda. Ela é mais do que isso, e você sabe
disso. E você odeia isso.
— Tire o seu robe, — eu digo bruscamente, tentando calar as
vozes na minha cabeça.
Allison hesita, ainda subindo no muro imaginário entre a porta e
o espaço real da sala. Ela puxa o robe em volta dela mais apertado, o
cetim revelando a curva de seus quadris. Minha boca saliva.
— Eu não posso te ajudar se você não vai me deixar, Ally. —
minha voz é mais suave do que deveria ser. Provavelmente, mais suave
do que ela merece. — Tire o seu robe... por favor.
Ela não luta, embora eu saiba que ela quer. Em vez disso, ela
respira fundo e aperta os olhos fechados. Então, lentamente, quase
meticulosamente, seu aperto solta sobre o tecido comprimido.

~ 49 ~
Iluminadas sardas marrons decoram a parte superior de seu peito e
ombros. O contraste entre esses pequenos chuviscos contra sua pele
branca leitosa e o cabelo escarlate sobre seus ombros, me faz lembrar
de um cupcake de veludo vermelho. Eu lambo minhas costeletas
preguiçosamente, o desejo de me deleitar em sua doçura cada vez mais
forte e mais quente.
Quando o robe desliza sobre o corpete de seu espartilho, minha
cabeça e membros tornam-se desarticulados, e todo o senso de controle
começa a escapar. Eu posso sentir minhas pernas doendo de
permanecer no lugar, e minhas mãos em chamas para tocá-la. Para
rastrear o mosaico de sardas com o privilégio de viver em sua pele
cremosa.
Allison olha para baixo quando o cetim descobre mais da renda
apertando os seios e cintura como se ela estivesse se vendo pela
primeira vez. Com os olhos arregalados de espanto, é como se ela
estivesse experimentando essa prática em contenção comigo, surpresa
com sua própria força de vontade.
O robe cai no chão, desembainhando a personificação do céu nos
saltos. Seu sutiã de renda e calcinhas são branco neve, adornados com
rosa-pink detalhando ao redor dos copos de seus seios grandes. Meia
branca estão ligadas por uma cinta-liga sobre longas pernas
tonificadas.
Ela é um anjo. Meu anjo com um halo de fogo.
Contra as paredes nuas e mobiliário esparsos, ela parece fora do
lugar. Uma mulher como ela deve ser cercada por beleza, imersa em
todas as coisas suaves e gentis.
Não lançada nas trevas do desejo contaminado.
Nossos olhos se encontram, e nossas bocas partem, ainda há
palavras para serem ditas. Não há nenhuma. Apenas atrito indefinível
preenchendo este espaço, a eletricidade tão densa que até mesmo a
superfície de sua pele parece brilhar. Ela é efervescente.
— Caminhe para mim, — eu ordeno.
Allison dá alguns passos vacilantes na minha direção antes de eu
parar seus avanços, aumentando minha palma. — Pare.
Dor e confusão passam em seu rosto. — O quê?
— Não ande como se estivesse andando em grama verde. Exagere
o balanço de seus quadris; rebole para mim. Veja como os saltos
alongam suas pernas e esculpem suas panturrilhas? Dê-me tempo para
apreciar isso. Ok? Agora, tente novamente.

~ 50 ~
Ela revira os olhos diante de uma determinação de aço que se
instala neles. Com a cabeça erguida, ela toma lentamente um passo em
frente, e algo quente desce em meu intestino, deixando um rastro
ardente de desejo pela minha espinha. Outro passo pecador, aqueles
olhos trancados em mim como um franco-atirador sedutor, e as voltas
de calor se irradiam no meu colo. Ao terceiro passo, seus quadris
brincando de esconde-esconde debaixo da sua calcinha de renda com
babados, e eu sinto que minhas calças vão explodir em chamas,
fazendo-me saltar para os meus pés e rapidamente dar passos largos
em direção a ela.
Eu sei que Allison pode ler o desespero e a urgência em meus
olhos famintos. Eu sei que ela percebe como a minha mão treme
quando eu me aproximo e dobro uma mecha de sua juba morango atrás
da sua orelha. No entanto, nenhum comentário espirituoso ou piada
sarcástica escapa dela. Em vez disso, ela suga o lábio inferior em sua
boca e gentilmente prende eles em seus dentes. Sem sequer pensar, eu
corro devagar meu polegar ao longo de sua boca, persuadindo seu lábio
atormentado. Ally libera ele e com ele ainda brilhante e reluzente, meu
polegar trilhas sua boca mais uma vez.
Não há nada entre nós, além de ar agora, oportunidade e
obrigações esquecidas. Eu não me importo com isso. Com uma mão
segurando suas costas e a outra traçando seus lábios, todas as regras e
os limites simplesmente somem.
Para o inferno com as consequências.
Eu fecho meus olhos, porque tocar nela e vê-la é apenas demais
para suportar. — O que diabos você está fazendo comigo? — eu
sussurro. Eu não esperava que ela respondesse, ou até mesmo fosse me
ouvir. Mas eu quero que ela faça. Eu preciso que ela responda.
O anjo cai para a Terra em meu próprio reino pessoal de luxúria,
do hedonismo e da vergonha. Com os olhos da cor do oceano e seu halo
de fogo que queima tão brilhante quanto o sol do deserto, ela fala para
mim. E enquanto ela é crua e com sotaque sulista manchada por este
belo inferno, suas palavras dão vida as mais escuras, mais solitárias
partes de mim.
— Exatamente o que você me ensinou.
Realidade corre, me estrangulando em uma piscina gelada de
consciência.
Estou tocando a esposa de outro homem.
Eu quase beijei a esposa de outro homem.
Quero transar com a mulher de outro homem.

~ 51 ~
Pensando nisso - deixar isso se prolongar nas bordas de sua
consciência, é uma coisa. Mas admitir? Sabendo o quanto dói não estar
perto dela? Para antecipar cada olhar e suspirar quando ela se dirige a
minha própria existência?
Isso é loucura.
Eu passo longe dela e me mantenho afastando até que eu estou a
porta. E mesmo que eu vejo como dor escurece a luz em seus olhos, eu
sei que eu tenho que sair. Porque se eu não fizer isso, eu vou fazer cada
uma dos minhas admissões tácitas.

~ 52 ~
DISTRAÇÂO
TONS DE ROSA mancham o céu sem nuvens enquanto
o sol se afunda nas profundezas escuras do horizonte. Eu
assisto isso com admiração, quase esmagado pela beleza de tudo isso.
As pessoas veem o deserto como um lugar sem vida, seco e desolado.
Eu vejo paz, tranquilidade e liberdade.
Eu ouço sua aproximação, mas não me movo, ainda olhando
enquanto o rosa desaparece no mais escuro dos azuis, permitindo que
as estrelas ressurjam e brilhem. Eu as imagino cintilantes em seus
olhos azul-petróleo enquanto ela sorri. Eu só estou com muito medo de
olhar para ela e ver por mim mesmo.
O barulho de suas sandálias param na espreguiçadeira ao meu
lado, e ela toma uma respiração antes de se sentar. Nós não falamos.
Nós não temos que fazer. As estrelas falam por nós.
— O que você vê lá em cima? — ela sussurra após vários minutos.
Nos estamos banhados por escuridão agora, além da luz silenciada
vindo da casa principal.
— Espaço.
Ally dá risadinhas. — Uau. Uma observação tão profunda, Sr.
Drake.
Viro a cabeça bem a tempo de vê-la jogar sua cabeça para trás e
rir, o som tão puro e inesperado que eu me encontro sorrindo.
— Não o espaço, espaço. Não é como a ‘fronteira final’ ou alguma
merda assim. Mas o espaço... um espaço para respirar. Para crescer.
Para sonhar.
— Mmmm. — o som é rouco e erótico como o inferno. — Poético.
É poético para mim e eu me arrependo instantaneamente das
minhas palavras. Parece que eu não posso parar de vomitar palavras
quando estou com ela. Há apenas uma coisa sobre a Ally que me distrai
apenas o suficiente para esquecer de mim mesmo, chamando a minha
verdade como chamada de uma sereia. Eu só quero dizer a ela... Tudo.
Talvez nós fôssemos amigos em uma vida passada. Ou amantes.
— Por que você me deixou esta tarde? — ela finalmente pergunta.
Eu sabia que estava vindo, no entanto as palavras me fazem sentir
como unhas em um quadro-negro.

~ 53 ~
— Eu tinha que fazer.
— Por quê?
Eu dou de ombros. — Eu estava distraído. E quando estou
distraído, eu não posso fazer o meu trabalho.
Ela franze a testa, e se vira para o lado dela, seu rosto
completamente de frente para mim. — Você estava distraído... por mim?
— Sim.
Ela zumbi uma resposta, mas não pressiona para mais. Em vez
disso, ela pula para os seus pés, suas sandálias batendo contra o
pavimento.
— Ei, você está com fome?
— Com fome?
— Sim. Você não estava no jantar. Imaginei que você devesse
estar com fome.
Eu balanço minha cabeça. Compartilhar uma cerveja ou uma
taça de sorvete é uma coisa, mas partir o pão com uma mulher seria
procurar por problemas. E eu estou nisso há muito tempo, isso te fode
todo.
— Eu estou bem.
Ally dá um passo a frente, perto o suficiente para eu ver o padrão
floral de seu vestido de verão a partir do canto do meu olho. — Você
comeu o jantar?
— Não. — eu a espio a tempo de vê-la rolar os olhos.
— Bem, eu quero comer alguma coisa. E você não vai me fazer
comer sozinha, não é? — ela vibra esses cílios castanhos escuros, e
seus olhos crescem tão grandes e redondos quanto à lua.
— E o seu sorvete? — não diga a ela que eu já acabei com essa
caixa e tive que mandar comprar mais.
— Nah. Eu preciso de comida de verdade. Eu estou com fome.
— Como você está com fome? Não estava jantando algumas horas
atrás? — eu deixei o meu olhar varrer por ela, perguntando onde diabos
ela embala todas aquelas taças diárias de sorvete. Para os padrões da
sociedade, Allison seria considerada magra, talvez até discreta. Seus
seios não são naturalmente grandes ou inflados com montes de silicone
ou soro fisiológico. Sua bunda é empinada e pequena, apenas de
tamanho suficiente para caber em minhas palmas. E seus quadris são
estreitos, mas bem torneados e feminina.

~ 54 ~
Allison é uma mulher real. Ela não é bombeada de enchimento
ou toda repuxada a tal ponto que ela não consegue respirar. Ela é
confortável em sua pele, e isso me faz ainda mais intrigado por ela, e
confuso com suas razões para estar aqui.
— Sim, foi. E embora um robalo chileno grelhado e um caldo de
carne japonês são bons, é só que... não é satisfatório. É algo frio e vago.
Não há coração nisso. Nenhuma alma.
Eu sorriso ardilosamente e com uma respiração profunda,
renunciando, eu permaneço no lugar. E contra o meu melhor
julgamento e senso me dado por Deus, eu ofereço a ela a curva do meu
braço. — Eu vou ter a certeza de dizer ao meu chef de cozinha
altamente remunerado e estrela Michelin.
— Oh Deus! Por favor, não faça isso! — Allison laça seu braço no
meu, sem provocação, como se o ato fosse completamente inocente.
Como se eu não tivesse quase provado seus lábios apenas esta tarde.
— Não? Eu não deveria demiti-lo por servir tal comida fria, sem
alma? Ou talvez eu devesse renomear o meu subchefe como chef, Riku.
Bom garoto. Ele vai pousar em seus pés, eventualmente. — eu digo
enquanto nos passeávamos em direção à casa principal.
— Não, você não deve. Isso faria de você um idiota. E eu estou
gostando bastante de você não-idiota.
Eu viro para ela, com meus olhos ficam arregalados em
mortificação simulada. — Eu não-idiota?
— Não! Não, não é o que eu quis dizer! Quer dizer, sem pau. Não!
Hum, hum, você sem o seu pau!26 — Ally cobre o rosto rapidamente
avermelhando e com a outra mão balança a cabeça. — Oh meu Deus,
sou incorrigível. Corte minha língua agora antes que eu faça de me mim
mesma uma idiota ainda maior.
— Você está estranhamente fascinada com paus, Ally. Freud teria
um dia de campo com você, — eu rio, lágrimas se formando nos meus
olhos. Eu puxo sua mão para longe de seu rosto e ela rapidamente se
vira. Mas não antes de eu pegar um sorriso brilhante e o som de sua
risada cacarejando. Ela tem um desses risos que fazem você rir. Não é
doce ou delicada. É uma rouca, uma alta gargalhada. O tipo que é por
vezes acompanhada de um ronco. Eu rio ainda mais e balanço a cabeça
em descrença. Pois é... Até mesmo os roncos dela são adoráveis.
E foda-me. Eu estou usando palavras como adorável.
Nosso riso vai diminuindo gradualmente enquanto nós andamos
para a casa, e nós silenciosamente vamos para a cozinha.
26
Aqui há uma confusão dela, porque dick significa tanto idiota quanto pênis em inglês.

~ 55 ~
— Eu espero que nós não entremos em confusão por estar aqui
depois do horário, — sussurra Ally, seu braço ainda travado com o
meu. Eu acendo as luzes da cozinha e dou um encolher de ombros.
— Eu espero que não. Ouvi dizer o chefe é um pau.
Ela ri e olha para mim, os olhos animados de modo vivo, com
admiração. Meu olhar fixo se tranca com o dela, e eu sorrio para a
mulher na minha frente, como se ela fosse minha.
Agora que estamos aqui, sozinho, as lâmpadas halógenas
iluminam um sorriso corrompido que não tenho a porra do direito de
possuir, minha idiota preguiçoso Grilo Falante decide intervir. Eu
rapidamente desembaraço o meu braço do conforto quente dela e vou
para apoiar contra uma mesa de preparação. Ally não percebe, pelo
menos ela não demonstra isso quando começa a vasculhar através
geladeira de aço inoxidável.
— Qualquer coisa em especial que você quer? Você sabe... que
não seja incrivelmente pretensioso ou requer um treinador em dialeto
para pronunciar, — ela pergunta, com a cabeça ainda na geladeira. Ela
pega alguma coisa e traz para seu nariz, então faz uma careta e o coloca
de volta. Eu sufoco uma risada abafada.
Ugh. Rindo. O que eu sou agora? Um idiota cujas bolas ainda não
caíram? Eu apalpo as minhas só para ter certeza de que meus meninos
ainda estão intactos.
— Qualquer coisa que você quiser.
Ally surge, segurando uma fatia embrulhada de Brie e um bloco
de queijo Manchego como se ela tivesse tirado a sorte grande. — Bem,
isso não será um gourmet, mas eu aposto que eu poderia fazer um
pouco de queijo grelhado fodidamente bom. Agora... quais são as
chances de encontrarmos pão branco de sanduíche normal?
Eu faço uma careta e balanço a cabeça. — Não é provável.
— Eh. O seu pão sem alma metido a chique terá de bastar, — ela
pisca. E a sensação pesada e quente de mais cedo se desenrola mais
uma vez.

— QUEM IRIA CHUTAR um traseiro em uma luta: Homem de


Ferro ou Batman?

~ 56 ~
Ally arranca um pedaço de seu sanduíche de queijo grelhado e
estoura em sua boca. Nós dois estamos apoiados sobre banquinhos em
uma mesa de preparação, uma propagação de queijos e pão focaccia
grelhados, uvas verdes e vinho tinto em frente de nós. Ally se senta na
minha frente, arrancando fora algumas uvas para fazer uma cara feliz
no sanduiche em cima da mesa de metal.
Eu engulo uma mordida e bebo com um gole de vinho. — Por que
Homem de Ferro e Batman são minhas únicas opções? Por que eu não
posso escolher o Superman? Ou o Homem Aranha?
— Não, — diz ela, balançando a cabeça. — Você só tem duas
opções. Homem de Ferro ou Batman. E, ahhh... Homem Aranha? Que
vergonha.
Eu dou uma mordida do sanduíche e contemplo a minha
resposta. — Tudo bem. Eu acho que eu teria que ir com o Homem de
Ferro.
— Por que ele? — ela termina sua uva de cara feliz depois come o
olho esquerdo do pobre rapaz.
— Bem, ele tem o traje -
— Batman tem um traje!
— E ele pode voar.
— Batman pode voar!
— Mas Batman só pode se balançar em cordas elásticas. Ele pode
cair. Ele cai muito.
Ally faz uma carranca. — Ele não cai muito. Ele desliza. Ele é um
planador – fodão.
— Com uma roupa de borracha? — eu sorrio maliciosamente. —
Porque isso é apenas muito mais impenetrável do que armadura
cristalizada.
— Mentira. Homem de Ferro só é bom porque ele tem Jarvis. Eles
deveriam simplesmente mudar o nome da franquia para Homem Jarvis
porque o computador faz todo o trabalho.
— Homem Jarvis? — eu levanto uma sobrancelha brincalhona.
— Você sabe que eu quero dizer. Ou Jarvis e ou o idiota de Ferro.
Eles poderiam ser uma equipe.
Nós compartilhamos uma risada fácil e tomamos goles dos nossos
copos. Isso é como as coisas parecem ser fáceis entre nós.
Descomplicadas sem expectativas ou formalidades. Somos apenas duas

~ 57 ~
pessoas que compartilham um amor mútuo por queijo grelhado e
super-heróis.
— Por que apenas duas opções? — eu pergunto enquanto eu
encho os nossos copos.
— Huh?
— Quando você me perguntou sobre essas aleatórias pedras
preciosas de informação inútil, foi somente duas opções. Mint Chocolate
Chip ou Rocky Road. Batman ou o idiota de Ferro.
— Eu não sei. — Ally dá de ombros e escolhe em um pedaço de
pão. — Eu acho que, para mim... A vida é apenas uma série de
escolhas. Nós tentamos sempre fazer as melhores, mas na verdade nós
estamos apenas se contentando com o menor de dois males. Ou pelo
menos tentando.
Ela olha para mim e um sorriso triste toca seus lábios. Eu não sei
como lidar com isso, então eu só olho para baixo. Covarde.
— Isso é o que você sente que você tenha feito? Se acomodado
com o menor de dois males? — eu não acrescento mais nada, mas ela
sabe o que eu estou falando.
— Honestamente? Eu não acho que a escolha sempre foi
verdadeiramente minha para fazer.
Eu sei que eu deveria simplesmente deixar por isso mesmo,
deixando que as palavras dela flutuem para outra simples conversa.
Mas, é claro, eu me encontro precisando aprofundar na reflexão sobre
essas águas azul-turquesa. — Por que você diz isso?
— Há coisas que se esperam de mim. Coisas que somente eu
posso fornecer me casando coma alguém de uma família influente e
representá-los em uma certa luz. — ela se vira para mim, me prendendo
com essas assombradas íris do oceano. — Nós somos todas
simplesmente troféus. Brilhantes, plásticos, troféus inúteis.
Emocionante no início, mas nós não temos um verdadeiro propósito que
não seja certificar que a outra pessoa tenha grandes realizações.
Eu inclino minha cabeça para um lado pensativamente, meus
olhos voltados qualquer coisa além dela e daqueles olhos tristes. —
Uma diversão - algo bonito para distrair da verdadeira perturbação
apodrecida logo abaixo da superfície.
Ela acena com a cabeça, mas pergunta: — É assim que você me
vê?

~ 58 ~
Eu levanto o meu olhar para o dela e encontro sua expressão
preenchida com curiosidade genuína - não raiva ou mágoa. Eu balanço
minha cabeça. — Não. Você não.
— Eu tive sonhos, você sabe. Objetivos. — ela sorri, mas olha
para baixo, escondendo o seu brilho. — Agora, eu não sou mais
diferente do que elas. Eu sou igual a todas as outras mulheres.
Lutando, agarradas à esperança de que nós poderíamos ser mais do
que companhias atraentes para eventos empresariais ou incubadoras
de grife. Que nós poderíamos ser verdadeiramente amadas por quem
nós somos, e não o que nós representamos.
Eu não respondo, deixando que as palavras flutuem no ar até que
elas se dissipam sob o peso da dor de Ally. Ela se levanta e começa a
recolher os restos de comida. — Já está tarde. E você precisa de seu
sono de beleza, — ela pisca os olhos para mim, aquele sorriso
despreocupado restaurado. Eu a ajudo a descartar o lixo enquanto ela
leva os pratos na pia.
— Eu? Sono de beleza? O que faz você pensar que eu me importo
qualquer coisa sobre a beleza? — eu tomo um prato lavado dela e o seco
com uma toalha.
— Você está brincando, certo? — ela sorri maliciosamente,
esfregando uma panela. — Você possui a beleza como a maioria das
mulheres possuem sapatos.
— Não estou te entendendo. — e eu não estou. Eu poderia dar um
foda-se para o que é considerado bonito pelos padrões da sociedade
moderna.
— Bem, antes de tudo, olhe para este lugar, — diz ela, acenando
com as mãos molhadas ao redor da sala. — Esta propriedade é
magnífica. Como um paraíso no meio do deserto. Parece quase como
uma miragem.
Eu aceno com a cabeça em concordância. Oasis é o meu oásis - o
meu refúgio. Minha fuga de todo o narcisismo incessante e as merdas
que vêm com fortuna. Eu não acabei no meio do deserto - tão longe
quanto eu possivelmente chegaria a partir de minha casa original, em
Nova York - por acidente. Onze anos atrás, quando eu disse adeus ao
barulho, trânsito e aromas de urina e óleo diesel, eu disse a mim
mesmo que eu nunca, nunca olharia para trás em minha vida antiga
com um sentimento de carinho. Alguns anos depois, eu encontrei o
Oasis e eu sabia que estava em casa.
— E então, — diz ela, se virando para mim, o rosto corado de rosa
— Há você.

~ 59 ~
Eu sorrio maliciosamente e olho para baixo para esconder meu
próprio rubor.
É. Eu estou fodamente corando.
Toda a minha vida me disseram que eu era impressionantemente
bonito e eu sempre acreditei. Cabelo escuro, olhos azuis e pele
naturalmente bronzeada - eu era o bom e velho ‘American Abercrombie
protótipo’27. Essa teoria foi confirmada logo após a puberdade, quando
as meninas constantemente desafiavam seus pais e mancharam seus
bons nomes familiares para espalhar suas pernas sem precisar de
esforço meu. Quando era criança, eu sabia sobre sexo, mas eu não
estava realmente interessado nele. Não até que a minha tutora de
álgebra de dezessete anos de idade, Jessica, tirou minha roupa e
engoliu meu pau quando eu tinha treze anos durante uma aula sobre
equações lineares. Foi um ato de intervenção divina que eu passei nessa
classe com um A - até porque eu não fiz muito mais do que estudar
cada centímetro do corpo de Jessica nesse ano escolar.
Ainda mais, ouvir Allison até mesmo insinuar que ela me acha
atraente e muito bonito, me faz sentir novo em folha.
Ela me entrega a frigideira enxaguada e eu levo isso dela sem
olhar.
Minha mão cobre a dela.
Agora essa é aquela parte onde o cara e a garota
instantaneamente trancam os olhos e as faíscas voam. Sugerir James
Blunt ou algum outro clichê sentimental enquanto se movem
lentamente, lábios se separaram em preparação para seu primeiro beijo.
Foda-se isso.
Veja, esse é o tipo de merda que torna difícil ter conexões reais e
genuínas. É o que dá a essas mulheres uma falsa sensação de
esperança de que os seus homens são qualquer coisa além de olhos e
membros que possuem paus.
Eu sou um cara; eu deveria saber.
E mesmo que eu estivesse tão malditamente distraído por cada
risada peculiar sua e sorriso bobo, eu desejo passar horas traçando
padrões com suas sardas, enquanto ela está espalhada por baixo de
mim e eu sou inteligente o suficiente para saber que esta não é a
realidade. Isso não é um filme em que o perdedor ganha a garota
salvando ela de uma vida de sofrimento. Esta é a vida real, e neste

27
Aqueles modelos da marca Abercrombie.

~ 60 ~
episódio de ‘Estilo de vida dos Ricos e Solitários28’ o mocinho não
salva a garota de seu marido mulherengo.
Não. Nesse programa ela é ensinada a transar com ele.
Eu puxo minha mão de volta e rapidamente seco a panela antes
de sair da cozinha. — Isso foi... divertido. Obrigado pelo sanduíche.
— Foi. Obrigado pela companhia. — ela seca as mãos em uma
toalha e sorri. Ela está sempre sorrindo para mim. Eu absorvo isso
como preciosos raios de luz do sol, porque se ela realmente me
conhecesse, se ela soubesse a verdade, as coisas seriam diferentes. Ela
não só teria pena de mim, ela me detestaria. Eu não tenho certeza qual
é o pior.
Eu começo a sair da cozinha, desligando as luzes na saída. O
resto da casa está completamente silencioso e imóvel, e somente a
pálida luz da lua ilumina seu rosto.
— Boa noite, Justice.
— Boa noite, Ally.
Volto para a minha pequena casa, odiando o sorriso estúpido no
meu rosto. Isso faz doer as minhas bochechas e me dá esperança das
quais eu não tenho o direito de sentir.
Eu meio que amo isso também.

28
Lifestyles of the Rich and Lonely é um programa.

~ 61 ~
ANTECIPAÇÂO
EU ESPERO POR elas para se apresentarem e tomarem
seus lugares, observando o questionamento que elas levam
nas novas adições ao quarto. Curiosidade se transforma em estado de
choque.
Ah, aí está. O tamborilar de meu pequeno coração preto. Tem sido
um tempo, velho amigo.
É como aquele filme de zumbi romântico, tão ridículo quanto
parece. Quanto mais eu fico perto de Allison, mais vivo eu me sinto. O
frio escuro do meu coração começa a aquecer e florescer em algo vital, e
pela primeira vez, eu me sinto... normal. Como se de alguma forma eu
pertencesse.
A única diferença é que eu não quero pertencer. Não é verdade.
Eu não quero que me encaixar em seu mundo. Eu não quero ser
definido pela percepção da mídia sobre mim, ou uma imagem inventada
pelo meu agente. Eu nunca fui bom em colorir dentro das linhas, e não
vou começar isso por uma garota casada que eu conheço há cinco
minutos.
É por isso que eu sei que é melhor assim. Eu não sou o cara bom.
Para ser honesto, eu sou o vilão. Bons caras não fariam o que eu estou
prestes a fazer.
— Senhoras, temos uma sessão excitante para vocês hoje. Eu sei
que vocês estão querendo saber sobre as mudanças no nosso espaço de
instrução regular. Bem, hoje nós temos uma demonstração especial
para vocês. — eu me viro para a moça à minha direita e coloco a mão
na parte inferior de suas costas. — Esta é Jewel. E esta é a sua colega,
Candi. E elas estão indo para mostrar a vocês a arte do striptease.
— Você quer que sejamos strippers? — Lorinda Cosgrove grita.
Ela perdeu o feio cardigan e trocou por algo que se encaixa mais no
formulário chique. Ela está aprendendo. Se ela quer admiti-lo ou não,
ela está começando a afundar-se dentro
— Não é sobre o que eu quero. É sobre o que vai acontecer com
ou sem o seu consentimento. Os homens gostam de strippers. Eles vão
a clubes de strip. Recebem lap dances29. Agora vocês podem chorar por
isso ou aprender a fazer sozinhas. E obter um vislumbre do que é
seduzir como dançarinas exóticas. Agora, eu sugiro que vocês prestem

29
Aquelas danças que elas mulheres fazem com o homem sentado na cadeira.

~ 62 ~
atenção, porque durante a nossa análise final, vocês vão ser
convidadas a fazer um pouco de striptease... para mim.
— De jeito nenhum, — Shayla logo diz. — Não há nenhuma
maneira que eu estou tirando minhas roupas para outro homem.
— Não é necessário, Sra. Adkins. É tudo sobre a viagem, não o
destino. A provocação de uma mulher tirando sua roupa. Antecipação.
Você sabe o quão quente essa porra nos faz? Esperando, esperando,
rezando para que vocês nos mostrem apenas uma polegada da pele lisa,
sedosa?
— Eu mostrei a vocês como conseguir a nossa atenção, e agora eu
vou mostrar para vocês como manter isso. Antecipação é o que nos
mantém em casa de pau duro, querendo vocês. Entenderam?
Todas elas respondem com olhares de choque então eu pego o
pequeno controle remoto no bolso e aperto um botão. Tambores enchem
a sala, acompanhado pela voz de Justin Timberlake.
É. Coloquei JT.
Cadelas amam JT.
— Senhoras?
Com a minha palavra, tanto Jewel e Candi começam a balançar
para os lados, girando seus quadris com cada movimento. Jewel faz
lentamente seu caminho para o pole situado no centro da sala, seus
saltos de quinze centímetros mantendo no tempo com a batida. Candi
desliza sobre uma cadeira vazia e se vira para juntar os dedos sobre
meu peito. Ela me dá um sorriso maroto antes de morder o vermelho
lábio inferior, então me empurra de volta na cadeira que passa a ser de
frente para o palco improvisado. Ela não desviar o olhar. Seus grandes
olhos castanhos ficam trancados no meu, me dando toda sua atenção.
Me faz sentir como se eu fosse o único homem no mundo que faz ela
molhada.
Unhas de acrílico vermelho com pontas de Candi deslizam para
baixo do meu peito para o meu estômago. Seus dedos exploram os
planos do meu abdômen através da minha camisa de linho branco, e
ela lambe os lábios em aprovação.
— Oooh, baby, você é tão duro aqui, — ela murmura. — Eu me
pergunto onde mais você está duro.
Essa linha dela é engraçada, mas ela sabe qual é exatamente o
tipo de merda que os desgraçados querem ouvir. As mãos dela derivam
para baixo para as minhas coxas superiores, apenas há um centímetro
do meu pau. Seus olhos filmam para o meu colo, em seguida, voltam,

~ 63 ~
mal brilhando atrás do delineador escuro e rímel pesado. Eu levanto
uma sobrancelha, desafiando-a. Se ela quer, ela tem que vir buscar.
Candi ri e suas mãos trilham até o topo das minhas coxas antes
dela ficar na posição vertical. Olhos famintos ainda estão presos nos
meus, ela começa a se mover, suas próprias mãos deslizando sobre
suas curvas. Ela apalpa seus seios, dando a eles um aperto antes de
acariciar o plano e nu estômago.
Eu a observo enquanto ela dança para mim em sua lingerie
vermelha sexy, mas tudo o que posso pensar é, como ficaria ousada a
cor em Ally acompanhado com seu cabelo vermelho. Quão tímida e
maliciosa ela atuaria na minha frente, movendo os quadris ao som da
música. Eu fecho meus olhos por algumas batidas, tentando piscar fora
esses pensamentos e me concentrar apenas no meu trabalho. E agora,
o meu trabalho consiste em sentar e desfrutar de um striptease. Não
fantasiar sobre a esposa de outro homem.
Candi pode ver a distância em meu olhar e se move para ficar
entre minhas pernas. Contorcendo seu corpo, ela chega a sua volta
para soltar seu sutiã de renda, deixando ele cair no chão. Seios
perfeitamente redondos olham para mim, nem sequer uma polegada de
inclinação com a falta de apoio. Ela pega seus seios e passa os dedos
sobre seus mamilos duros, levemente marrons. — Mmmm, — ela geme,
os olhos quase fechados. — Eu quero que você me toque.
Eu assinto, mas eu não dou a ela o que ela deseja. Em vez disso,
eu olho para Jewel assim quando ela desliza para baixo do pole,
mantendo-se acima apenas por suas coxas. Ela gira, o cabelo loiro
platinado chicoteando ao redor do rosto de forma dramática. Ela sente o
meu olhar e olha para mim, sua expressão ardente e sensual. E com
Candi agora massageando as minhas coxas, e com aqueles peitos
perfeitos feitos por médico saltando na minha cara, Jewel trabalha só
para mim.
Isso é um sonho de todo homem - uma mulher de topless
montando seu colo enquanto outro dança em pole dance toda sensual.
Eu assisto elas, mas eu não as vejo. De muitas maneiras, eu não sou
diferente de Candi e Jewel. Nós fornecemos um serviço que está cercado
por sexo. Eu conheço as coisas. Eu sei que a única coisa que realmente
faz elas excitadas é dinheiro. É a mesma coisa que me motiva.
Elas tiram suas roupas. Eu encorajo as mulheres a fazer o
mesmo.
Jewel caminha a distância do pole e faz o seu caminho para
Candi, que ainda está dançando, de costas para mim. Ela mói sua
bunda no meu pau, esfregando e eu aperto os quadris, guiando seus
movimentos eróticos. Jewel se aproxima, pressionando o peito nu

~ 64 ~
contra Candi e as duas gemem. Suas mãos enrolam no cabelo uma da
outra, acariciando, peles úmidas. Elas estão dando um show, tocando
uma a outra com exagerada admiração e desejo.
Para seu ato final, Jewel empurra Candi de volta para descansar
no meu peito, o rosto dela ao lado do meu. Em seguida, a língua
serpenteia para fora, lambendo os lábios de cereja de Candi antes de
mergulhar em sua boca avidamente. O beijo dura por alguns segundos,
ambas com suas mãos me tocando, em êxtase. Então, como se na
sugestão, elas ficam de pé, expondo seus corpos perto da nudez sem
vergonha.
Onze pares de olhos olham de volta em confusão.
Então, de repente, como se seus cérebros processassem
simultaneamente apenas o que acabamos de ver, perguntas,
comentários, e até mesmo palavrões abafam JT.
— Você quer que a gente faça isso?
— Oh meu Deus, não há nenhuma maneira que eu estou
beijando uma mulher!
— Nós realmente temos que tirar nossos sutiãs?
— Claro que não! Minha família me mataria!
— Eu não posso acreditar que meu marido gosta dessa porcaria!
— Uau, isso foi meio que quente!
Eu coloco minhas mãos para cima, silenciando suas conversas
perturbadas em um murmúrio. — Senhoras, eu lhes garanto, vocês não
vão ser obrigadas a tirar a roupa para mim. Mas deixe-me lembrá-las
que já vi todas e cada uma de vocês em lingerie. Algumas menos que
outras. Então, por favor, faça um favor e mate a falsa modéstia. Eu
provavelmente conheço o corpo feminino melhor do que vocês.
Um bufo sarcástico agarra a minha atenção, e meus olhos
instintivamente procuram Allison. Ela olha para mim, sua expressão
ilegível, e balança a cabeça lentamente. Eu não posso dizer se ela
realmente desaprova ou se diverte. Eu olho para longe, dizendo a mim
mesmo que não é a minha preocupação descobrir.
— Para o resto da tarde, Candi e Jewel irão trabalhar com vocês
pessoalmente sobre a arte da antecipação. Eu vou fiscalizar isso, mas
por favor, pense em mim como uma mera sombra silenciosa. Vocês não
têm nenhuma razão para serem tímidas comigo. Isso não é nada
comparado com o que vocês vão fazer por mim ao longo das próximas
semanas.

~ 65 ~
Encontro os olhos de Ally novamente, seu olhar fixo provocado
com algo novo. Algo escuro e abafado. Algo que está atendendo o meu
desafio com um empolgante, “Inferno, sim!”
Talvez a graciosa gazela mansa que eu pensei que eu vi no
primeiro dia não seja uma gazela em tudo. Ela é feroz e sexy. Confiante,
ainda que contida. Eu só preciso chegar perto o suficiente para libertar
da gaiola de sua besta interior.
Deus, eu amo o meu trabalho.

CANDI E JEWEL dividem as mulheres em dois grupos. Elas


começam devagar, demonstrando um rebolado simples, sedutor antes
de passar para alguns movimentos mais picantes. As senhoras olham
sobre os bastidores, com vergonha. Eu não estou surpreso. Isso sempre
leva um pouco de tempo e uma suave persuasão para quebrá-las fora
de suas conchas. Felizmente para elas, quebrá-los é a minha
especialidade.
Eu passo mais perto de Maryanne Carrington, pressionando
minha frente em sua parte traseira. Ela assusta no começo, depois se
derrete dentro de mim, logo que ela sente minha respiração em seu
pescoço e minha voz em seu ouvido.
— Relaxa, amor. Você está bem. Eu tenho você, — eu digo só para
ela. Eu começo a balançar meus quadris, segurando seus lados e
orientando seu corpo a fluir com o meu. Ela está dura no começo, mas
ao sentir o meu toque firme e minha voz suavemente a consola, seus
membros se soltam e ela se submete a mim. Eu trabalho o corpo dela
com o meu, sua suavidade em minhas planícies duras. Ela suspira e
afunda quase contra mim, a cabeça rolando para trás para descansar
no meu ombro.
— Você se sente sexy em meus braços, Maryanne? — eu
pergunto, meus lábios em sua orelha.
— Oh, sim. Oh, Deus, sim , — ela diz.
— Ótimo. Eu quero que você se senta sexy. Você sabe por quê?
— Nuh uh.
— Se você se sentir sexy, você parece sexy. Eu preciso de você
para se sentir assim o tempo todo. Eu preciso de você para se sentir
assim por si própria. E a única maneira que você pode fazer isso, é
possuindo a sua sexualidade. — eu corro minhas mãos em seus

~ 66 ~
quadris redondos à frente de seu estômago. Ela treme e pressiona
para mais perto de mim. — Isso é parte disso. Isto é apenas tirar essa
gatinha do sexo interior e mostrar como exibir seus bens. Você pode
fazer isso por mim, você não pode?
— Sim. Sim, eu posso fazer isso por você.
— Boa menina. Agora você vê Jewel lá?
— Sim...?
— Veja como ela é linda? Veja como sexy? Você gosta do jeito que
ela se move, não é, Maryanne?
— Hum... uh... — seu corpo fica rígido contra o meu, mas eu
continuo com minhas mãos sobre ela.
— Não minta. Você gosta disso, não é? Você deseja que você
pudesse se mover desse jeito. — eu posso sentir todos os olhos em nós,
mas eu mantenho meu foco sobre ela. — Diga-me.
— S-Sim, — ela gagueja. — Eu faço.
— Ótimo. Isso é o que eu quero ouvir. — eu olho para cima para
Jewel e ela já está se movendo para o lugar, ficando ao meu lado.
Coloco Maryanne em suas mãos hábeis, sem perder uma batida. Nós
fizemos isso uma dúzia de vezes em busca da mais resistente e
quebrando-a. As outras mulheres rapidamente seguiram o exemplo.
Eu passo para trás quando Jewel mostra a Maryanne como usar
seu corpo como só uma mulher pode deixar os homens muito loucos.
Eu sinto seu olhar em mim. Eu posso ouvir as perguntas não
ditas e visualizar sua testa franzida em frustração. Mas eu não olho
para ela. Se eu fizer isso, ela vai ver isso em mim. Ela vai ver o que eu
estava realmente pensando, enquanto minhas mãos deslizavam até os
quadris de Maryanne. Ela vai ouvir o nome cujo eu realmente queria
sussurrar, minha voz rouca e grossa. Todos os meus segredos serão
expostos para todo o mundo ver. E enquanto eu não dou a mínima
sobre aparências, eu me preocupo com a minha reputação. É tudo o
que tenho.
Então eu caminho até que eu estou fora dessas quatro paredes,
longe daquelas vozes excitadas e os pensamentos traiçoeiros que são
tão facilmente exibidos sempre que eu olho para ela.
Longe da vontade de sorrir quando ela sorri e rir sempre quando
ela ri.
Eu chego na minha casa quando o pessoal de limpeza está
terminando. Eu mando eles saírem bruscamente, a necessidade de
estar sozinho em meus pensamentos e miséria.

~ 67 ~
Eu disse a mim mesmo que eu não faria isso de novo. Eu seria
mais forte do que isso. No entanto eu estou desafivelando minha calça e
puxando-as para baixo, minha cueca rapidamente seguindo. Eu gemo
quando ar frio envolve a minha carne quente.
Tão duro. Tão duro que dói.
Eu envolvo a mão em volta do meu pau e espremo, prolongando a
dor necessitada. Pequenos espasmos passam através dele, torturado
pela promessa de reviver da morte. Eu o golpeio, sentindo as veias
debaixo da minha pele fina, tensas.
Eu não posso nem pensar em como isso é errado. Nunca na
minha vida eu me masturbei no meio do dia, e eu com maldita certeza
não tinha feito isso no meio de uma sessão. Eu nunca tive que fazer.
Mas Allison... ela me tem fora de meu jogo. Pensar sobre a merda que
eu não deveria estar pensando. Fazer as coisas que eu não deveria estar
fazendo. E agora, eu só preciso libertar isso. Eu preciso limpar isso do
meu corpo, como uma doença, para que eu possa melhorar. Para que
eu possa voltar a ser eu.
Eu tento. Porra eu tento. Eu esfrego meu pau como um homem
possuído, perdido na loucura dos meus ossos. Mas o alívio nunca
chega. O fogo não entra em erupção a partir do fundo do meu intestino.
Isso só permanece lá e acende, construindo e queimando até o ponto da
dor.
Com um grunhido, eu paro, frustrado com a incapacidade do meu
corpo para o lançamento. Eu não posso fazer isso. Eu não posso
continuar assim. Que porra é essa que eu devo fazer?
Foder com ela. Foder com ela e tirá-la do seu sistema.
Eu balanço a pequena voz da minha cabeça e me ocupo em
endireitar as minhas roupas.
Basta fazer isso. Ela quer isso. Você sabe que ela quer.
Preciso de água. Talvez eu esteja desidratado. Eu faço o meu
caminho para a cozinha e pego um copo de água. Eu o encho segundos
depois. Eu vou eliminá-la de mim. Vou afogar essa merda e seguir em
frente.
Você a merece. Não ele. VOCÊ.
— PORRA! — eu bato o copo na pia, quebrando em um milhão de
minúsculos fragmentos. Eu não posso fazer isso. Eu não posso
sobreviver assim por mais quatro semanas.
Eu retiro o meu telefone e envio um texto rápido.
Algo veio à tona.

~ 68 ~
Assuma para mim.
Então você e Jewel venham me ver quando estiverem prontas.
Xx

~ 69 ~
AFETO
Esta noite está mais fresca, e eu posso sentir o cheiro
da chuva a distância. Ainda assim, eu mergulho na piscina, a
água fria ardendo em minha pele e paralisando minhas articulações. Eu
nado através dela, sentindo os meus ossos e músculos se despertarem.
É mais fácil agora que a sensação de peso na minha barriga não está
me pesando para baixo. Eu posso ser estúpido aqui. Eu posso deixar a
água afogar a vergonha e lavar o seu cheiro. Eu sei que eu não tenho
nenhuma razão para me sentir mal; eu não fiz nada de errado ou fora
do personagem. Eu fiz o que qualquer homem de 29 anos, faria com
duas dançarinas exóticas em sua casa. Eu fiz o que eu faria antes...
Candi e Jewel têm sido associadas por minha causa há anos. Os
três de nós fomos ligados durante alguns de meus anos mais
formidáveis, e mantivemos contato. Quando chegou o momento de
recorrer à ajuda com o programa, eu sabia que elas eram as únicas
para o trabalho.
Eu deveria ter cortado toda associação física, então, e eu fiz, na
maior parte. Mas de vez em quando, nós tivemos muitas taças de
champanhe e caíamos de volta para aquele padrão familiar - elas me
fodendo, eu fodendo elas e elas fodendo umas as outras enquanto eu
assistia, com o pau na mão.
Não fique tão surpreso. Sim, eu durmo com strippers. Grande
coisa. O que você espera que eu faça com elas? Jogue pinochle30?
Olhe, a grande coisa sobre Candi e Jewel é que o negócio nunca
se desfoca do prazer. Elas fazem o seu trabalho, nós tomamos uma
bebida depois, e na maioria das vezes, elas saem despercebidas e bem
pagas por seus serviços profissionais.
Este não era um daqueles momentos.
Elas fizeram como eu tinha pedido, ensinando as mulheres os
seus movimentos característicos antes de se despedir delas para a
noite. Em seguida, eles foram à minha porta com uma garrafa gelada de
Dom31 e duplos brilhos perversos queimando em seus olhos.
— Você parece tenso, — disse Candi, dando um passo para
dentro. Ela tirou meu paletó dos meus ombros e começou a massagear.
Jewel tirou a rolha, sem derramar uma única gota.

30
Pinochle ou binocle é um jogo de cartas geralmente para dois a quatro jogadores e jogado com um
baralho de 48 cartas.
31
O vinho/champanhe Dom Pérignon é produzido pela casa francesa Moët et Chandon.

~ 70 ~
— Eu vi isso também. Você parece... diferente. Não tão focado,
— ela concordou.
— Frustrado. — acrescentou Candi.
Jewel retornou ao nosso lado com taças de champanhe. Engoli o
meu em dois goles. — Calem a boca. E tirem suas roupas.
Não houve prelúdio necessário entre nós três. Eu nem sequer
esperava que elas fizessem a sua dança e música de costume para me
deixar quente. Elas sabem o que me excita, assim como eu sei como
conseguir delas.
E é isso que eu fiz.
Lá, no meio da minha sala, eu dobrei Candi sobre o braço do sofá
e a tomei por trás enquanto Jewel a fodia com dedo. Candi veio rápido,
como sempre. Apenas um golpe no seu clitóris enquanto dava para ela
profundo e rápido, e ela quebrou abaixo de mim em questão de
minutos. Jewel queria jogar. Ela montou no meu colo, meu pau ainda
revestido de látex brilhando com a umidade açucarada de Candi, e me
montou. Ela gemeu alto, sentindo seu monte hipersensível criando
atrito contra o meu pau. Candi sugou os seios de sua amiga saltando e
brincou com sua bunda até que eu senti seu interior contrair e tremer.
Então, ela estava chorando, gritando meu nome tão alto que eu tinha
que cobrir a sua boca com uma mão, enquanto eu envolvi a outra em
volta da cintura e ela saltou com força, para cima e para baixo em mim,
prolongando seu orgasmo.
Quando seus gritos de seus choramingo se acalmaram, ela
desmontou e puxou para fora o preservativo. Em seguida, ela e Candi se
revezaram me chupando, gemendo contra meu pau, enquanto elas
mesmas se provavam nos pingos que tinham deslizado até minhas
bolas.
E foi isso. Sem romance. Sem carinho. Nem mesmo qualquer
conversa. Apenas direto para o momento do sexo. Nós compartilhamos
uma risada quando Candi acidentalmente vestiu as calcinhas de Jewel
em seu estado nebuloso pós-sexo. Fizemos planos para a sessão da
próxima temporada. Em seguida, elas foram embora. Assim como todas
as outras na porta giratória da minha vida.
E agora... agora eu estou em conflito sobre isso. Como se eu
tivesse sido infiel ou desleal a alguém. Mas para quem? Eu mesmo?
Merda, se alguma coisa eu estou, é tão malditamente satisfeito comigo
mesmo. E me sinto muitíssimo melhor fisicamente. Ainda assim, algo
dentro de mim dói com pesar. Eu posso sentir a solidão se
aproximando, apertando meu peito. Eu arquejo e bufo com cada golpe,

~ 71 ~
mas eu não paro. Eu não cedo à água. Eu não vou deixar isso me
derrotar.

— Você está molhado.


Eu mantenho meus olhos para o céu. — Sim.
— Mas está frio aqui fora. Você tem que estar congelando.
— Eu estou bem. — na maioria das vezes, eu estou. Eu me
acostumei a nadar por muito tempo depois do pôr do sol, desde que
muitas das mulheres gostam de tomar sol durante o dia. Além disso, eu
estou tão malditamente frustrado para sentir qualquer outra coisa.
Eu ouço o arrastar das sandálias de Allison se aproximando de
mim. E antes que eu possa levantar a cabeça para ver o que ela está
fazendo, ela coloca um suéter sobre meu corpo úmido. Seu perfume me
envolve, escavando seu caminho em minha pele e cabelo... Em mim. Ela
não esta só me afetando, ela esta me infectando.
Eu quero tirar o suéter, mas eu sei que iria ferir seus
sentimentos. Ela foi rejeitada o suficiente, e ela não precisa que eu
derrame sal na ferida. E não é culpa dela que eu sou esteja tentando
ficar longe dela.
— Você saiu mais cedo hoje, — diz ela, sentando na
espreguiçadeira ao lado da minha.
— Tive que cuidar de algo. — eu ainda não a olho. Eu nem sequer
lhe agradeço pelo suéter. Tão malditamente conflitantes meus
sentimentos por ela. Ainda assim, tão frustrado comigo mesmo por
nutrir essa doença – essa aflição que me obriga a ser um ser humano
um pouco decente e fazer a coisa certa. Eu não quero magoá-la, mas eu
sei que eventualmente eu vou. Não há outra opção.
— Aula interessante hoje.
— Sim.
Eu a sinto voltar em minha direção. — Você está bem?
— Sim.
— Eu fiz... eu fiz alguma coisa errada?
— Não.

~ 72 ~
— Você parece... — distante. Frio. Exatamente o que eu deveria
ter sido o tempo todo.
— Muito na minha mente. — Isso é uma mentira. Agora que eu
não tenho nenhum sexo atrasado na minha mente, minha cabeça está
completamente limpa, e eu posso pensar mais ou menos racionalmente
de novo. Eu posso ver o quanto de um erro que é para nós
continuarmos assim. Ela vai se apegar. Eu vou deixá-la. E então ela vai
voltar para o marido. E aonde isso vai me deixar?
— Quer falar sobre isso?
— Não.
— Ok.
Fica quieto por um tempo e eu me preparo mentalmente para que
ela se levante e saia. Quando ela se leva, eu fecho meus olhos para
amortecer o golpe do abandono. Então eu ouço um respingo forte para
dentro da água, fazendo com que os meus olhos se abram. Eu estou em
meus pés antes que eu possa sequer registrar o que aconteceu.
— Puta merda, está frio! — Allison exclama batendo os dentes.
Seu cabelo está encharcado, que adere a seu rosto e pescoço, e seu
vestido está completamente imerso na água. Esta princesa de classe
alta e que provavelmente nunca sequer vestiu a mesma roupa duas
vezes acaba de pular na piscina totalmente vestida. Ela sorri para mim
enquanto ela avança em direção à borda.
— Você está louca? Está frio aqui fora! Você vai ficar doente! — eu
digo, acenando minhas mãos.
— Diz o cara com os calções pingando e nada mais.
— Sério, Ally. Você vai pegar um resfriado. É o meu trabalho
manter tudo isso seguro e confortável, e, agora, você possivelmente não
está segura. Por favor, não torne impossível de eu fazer o meu trabalho.
Ela revira os olhos e espirra água em minha direção. — Tudo
bem, tudo bem. Se esparrame pela culpa. Eu vejo como isso é. — ela
avança para a escada onde eu espero por ela com o braço estendido,
preparado para puxá-la em meus braços - hum, quero dizer, puxá-la
para fora da piscina. Sim, sim, isso que é o certo.
— Dê-me sua mão, — eu exijo bruscamente, irritado com sua
imaturidade. Um dia atrás, sua brincadeira foi cativante. Agora é
apenas um aborrecimento.
Ela faz o que eu digo, aqueles grandes olhos de corça travados
nos meus, e ela da um passo na escada, firmando a sua mão na minha.
E assim quando eu acho que ela está se puxando para cima para a

~ 73 ~
terra seca, ela puxa para trás. Forte. Mais forte do que uma coisa
pequena como ela possivelmente deveria. Antes de nossos corpos se
chocarem, ela pula de volta para a sua direita, rindo histericamente.
Claro, tudo isso está acontecendo enquanto eu perco meu pé na
borda da piscina e despenco muito desajeitadamente na água fria. Eu
ainda posso ouvi-la rir, meu rosto e peito quebram sobre a superfície
com um splash.
— Você está doida? — eu grito, cuspindo a boca cheia de cloro.
— Sim, — ela grasna entre risadas.
— Oh, você acha que é engraçado, não é? — eu pergunto,
aumentando minha voz. Eu posso sentir meu rosto aquecendo.
— Sim! — ela ainda está rindo, ainda alheia a minha expressão
assassina.
Eu me movo na direção dela. — Você acha que você vai se safar
dessa merda, também, né? — isso chama a atenção dela, e seus olhos
se arregalam como esferas parecendo mais azuis do que verde contra o
pano de fundo da piscina.
— Foi apenas uma brincadeira. Me desculpe se eu — gagueja ela.
Mais perto agora. Apenas a poucos metros me separa de seu
pequeno, frágil corpo. — Só uma brincadeira. Você se acha tão
fodidamente engraçada. Você acha que pode simplesmente fazer o que
diabos você quiser.
— Não, não, eu não acho, — diz ela, balançando a cabeça. Ela
continua se mover em direção à escada, mas eu bloqueio seus avanços
com o meu corpo.
— Você acabou de fazer o que quer, a quem você quiser sem
consequência. Não é, Allison? Você não tem consideração por ninguém.
O mundo gira em torno de você, não é?
— Não, eu não quis dizer isso. Você entendeu tudo errado sobre
isso. — suas palavras ficam presas em sua garganta quando eu me
movo tão próximo quanto possível, meu peito roçando o dela. Eu posso
sentir seus mamilos duros com o frio, o molhado tecido agarrado a sua
pele.
Meu olhar abaixa para seu lábio trêmulo, sua habitual cor-de-
rosa escurece para malva escuro. — Não, Allison. Eu penso que eu
estou certo sobre você.
Ela abre a boca para responder, mas o vento é roubado de seu
peito quando eu a pego e afundo sobre meu ombro. Ela só tem fôlego
suficiente para gritar, enquanto eu rapidamente faço o meu caminho à

~ 74 ~
extremidade mais profunda da piscina, com um sorriso diabólico nos
lábios. Então, deslizando para baixo de seu corpo para meu rosto, peito
a peito, eu pego ela e a atiro como uma boneca de pano. Ela grita,
batendo os braços, cabelo vermelho chicoteando água ao redor como
um extintor de incêndios. Então, com ombros tremendo, deixo escapar
uma gargalhada que surpreende até a mim.
— Mas que diabos? Oh, você está morto, — ela grita, escovando
seus cabelos encharcados de seus olhos e boca. Uma vez que ela pode
ver, ela tenta percorrer para me pegar, e eu rapidamente me afasto,
ainda rindo histericamente. Nós estamos em um balé em câmera lenta,
correndo no líquido da areia movediça, tentando prever o plano de
ataque um do outro. Olhos brilharam animados de alegria, Ally vai para
a direita exatamente quando eu salto para fora de seu caminho. Ela
pula para esquerda e eu a pego pela cintura, em um movimento de
rotação, colocando minha frente em suas costas. Então, meus dedos
estão deslizando sobre suas costelas revestidas apenas por um fino
algodão molhado.
Tantas oportunidades. Tantas alternativas. Mas eu vou com a
opção A. A única opção que eu realmente mereço ter.
Eu faço cócegas nela.
Eu faço cócegas em Ally até que ela implora por piedade, até que
as lágrimas brotam em seus olhos e sua garganta cresce rouca. Eu faço
cócegas nela só para ouvir o som de sua risada e o pequeno cativante
som de que ela faz entre os goles de ar.
Eu faço cócegas nela apenas para tê-la em meus braços.
— Não é justo! Você é um nadador muito melhor do que eu! Saia
de mim, Ryan Lochte32!
— Você se rende? — eu pergunto, indo para o ponto de cócegas
debaixo dos seus braços. Ela grita e se agita como um belo animal
ferido.
— Nunca!
— Por mim tudo bem. — eu realmente deixo que ela tenha isso, e
ela joga a cabeça para trás no meu ombro em exaustão histérica. —
Desista, Ally. Eu ganhei! Basta admitir a derrota, e eu vou parar!
— Não! Eu vou fazer xixi em na sua perna!
Eu balanço minha cabeça para sua grosseria e me movo para
baixo para fazer cócegas no seu estômago. Eu sou um filhote de

32
Ryan Lochte é um nadador norte-americano. Ele é detentor de vários recordes mundiais e é um
medalhista olímpico.

~ 75 ~
cachorro doente. A perspectiva de uma garota mijando em mim de
tanto rir não é totalmente repugnante. É engraçado como o inferno.
— Ok, ok! Não aí! Eu desisto! Tio, — ela grita. Nós dois estamos
sem fôlego e ofegantes. Um brilho de suor cobre minha testa.
— Ah, então você tem mais cócegas em seu estômago. Essa é a
sua criptonita.
— Não se atreva a dizer a ninguém. Ou usar isso contra mim!
Eu paro de fazer cócegas nela, mas eu não vou deixá-la ir. Ela
olha para baixo, e eu sei o que ela vê: meus braços envolvidos
firmemente em torno de seu torso. Eu a liberto e ela dá um passo para
trás.
— Você é assustador quando você está puto. — ela se vira e um
sorriso suave beija seus lábios. — Bem, quando você está fingindo estar
puto.
Eu corro a mão pelo meu cabelo molhado, e envio gotas voando.
— Sim. Minha mãe me fez fazer um semestre de teatro no ensino médio.
Ela sempre quis que eu fosse uma estrela de cinema. Disse que eu
tinha a aparência.
— Bem... ela estava certa sobre alguma coisa.
Lá vai ela de novo. Sutilmente me elogiando e me fazendo corar
como um fã pré-adolescente. Eu odeio isso. Eu amo isso. Eu não sei o
que fazer com isso. Eu estou envergonhado por minha reação a ela.
Inferno, eu estou envergonhado por minhas divagações mentais.
Eu desvio o olhar em direção à borda da piscina, apenas para dar
ao meu cérebro outra coisa para se concentrar. — Bem, nós
provavelmente devemos sair e nos secar. Eu estava falando sério antes.
Eu não quero que você fique doente.
— Tudo bem, tudo bem, — ela suspira. — Você tem sorte que eu
estou com muito frio para sentir meus dedos ou eu estaria prestes a
chutar o seu traseiro.
Nós escalamos para fora da piscina, e o ar frio da noite nos cobre
instantaneamente. Os dentes de Ally batem violentamente. Eu corro até
as espreguiçadeiras onde deixei seu suéter e armo ele sobre os seus
ombros. Mas de alguma forma, enquanto eu aliso o tecido sobre sua
congelada pele molhada, ela se enrola em meu peito e embaixo do meu
braço, enterrando seu rosto, respirando em meu mamilo. Eu
desajeitadamente congelo onde eu estou, o braço se sobressaindo para
o lado para evitar abraçar ela intimamente. Para evitar o instinto e a
emoção que estão implorando para que eu faça. Porra.

~ 76 ~
— Oh... Deus... tão... frio. — tremores destroem o seu pequeno
corpo e eu relutantemente deixo meu braço a rodear para mantê-la de
pé. Ela esta fria, mas alguma coisa sobre ela está inexplicavelmente
quente.
— Vamos. Vamos entrar em casa.
Agora, um homem de pensamento racional teria a levado para a
casa principal. É mais perto, e é onde todas as suas roupas secas estão.
Ela esta fria e o quente e confortável estão apenas alguns metros de
distância. Mas a parte racional em mim foi privada do precioso oxigênio
e fluxo sanguíneo no momento em que sentiu sua pele macia, de
porcelana contra a minha e seu hálito quente fazendo cócegas no meu
peito.
Isso é o porque de eu tomar passos adicionais para a minha casa,
longe de olhares curiosos e da possibilidade de dizer boa noite. Eu não
teria feito isso com ela, ainda não. Eu não poderia tê-la, mas eu ainda
não teria feito isso.
— Aqui, deixe-me conseguir algumas toalhas para você. —eu
liberto ela dos meus braços e desapareço para o armário de roupas para
pegar toalhas limpas. Eu até mesmo pego uma flanela macia. Quando
eu volto, Ally está de pé na cozinha, ainda tremendo. Eu envolvo ela
com as duas toalhas gigantes e coloco a flanela em volta dela, enrolando
isso em torno de seu corpo e criando o mais bonito, mais sensual
burrito.
Deprimente.
Eu seco a água do meu corpo com a minha própria toalha, em
seguida, coloco em uma chaleira para o chá. Então eu saio para me
trocar. Enquanto eu estou escorregando em minhas calças de moletom,
eu espio alguns moletom velhos que têm ficado muito pequeno,
enchendo a parte de trás do meu armário. Que diabos... o que mais eu
tenho a perder?
— Eu trouxe algumas roupas secas, — eu digo quando entro
novamente na cozinha. Ally conseguiu se desemaranhar o suficiente
para se sentar em um banquinho de café da manhã no bar. — Apenas
algumas suéteres velhos e surrados, que não me servem. Você não tem
que usá-los se você não —
— Obrigada! — diz ela, pulando fora de seu banquinho e
arrancando as roupas. — Seu banheiro...?
— No final do corredor, duas portas para a esquerda.
Eu estou derramando chá em canecas quando ela ressurge,
sufocada em moletom cinza que são três tamanhos grandes demais

~ 77 ~
para ela. Ela está adorável. Eu viro as costas e coloco os copos em
uma bandeja antes de trazer eles para a ilha de cozinha.
— Obrigada. Você foi para a Triton Prep?
Olho para o emblema da escola preparatória que ela está se
referindo sobre o suéter de moletom. — Brevemente.
— Oh. Foi lá que Evan se formou. Você o conheceu?
Eu deixo cair um casal de cubos de açúcar no meu chá,
mantendo meus olhos postos na bandeja de xícaras de chá, biscoitos de
açúcar e madalenas. — Eu só estive lá por um ano.
— Oh? O que aconteceu?
Eu dou de ombros. — Transferido.
— Ok. — ela se mantém ocupada, tomando seu chá e
mordiscando um biscoito. — Eu fui para Santa Maria, em Boston. Mas
eu tenho certeza que você já sabia disso. — ela cora, em seguida, olha
para baixo.
— Eu sabia.
Ela levanta o queixo e seus olhos encontram os meus, queimando
com curiosidade. — Triton é uma grande escola. Provavelmente a
melhor do país. Sua pontuação de teste deve ter sido incrível para
entrar.
Eu dou de ombros novamente. Malditos esses ombros. — Era
bom.
— Tudo bem? Se meus pais não fossem inflexíveis sobre minha
criação para fora da cidade e me submetendo a um inferno só de
garotas, eu tenho certeza que meu pai teria feito uma doação generosa
para me colocar dentro. Onde você foi depois de Triton?
— Academia de Denton.
— Oh. Essa é uma boa escola. — ela tenta recuperar seu sorriso,
mas eu já posso ver isso.
Denton não é Triton.
Eu não sou Evan.
Assim quando eu estou prestes a deixar a comparação com esse
verme entrar em minha cabeça e se chocar um monte de diferentes
razões pelas quais eu nunca vou ser merecedor de uma pessoa como
ela, o rosto de Ally se acende, fixando aqueles olhos azul-celeste em
chamas. — Considere isso como um elogio. Eu estou determinando que
o pré-requisito para participar de Triton é que você tenha pelo menos

~ 78 ~
um terço de um topete pretensioso. Eu acho que nós determinamos
que isso não se aplica a você. Pelo menos não em um terço.
— Topete idiota? — eu pergunto, levantando uma sobrancelha
brincalhona. — Você tem certeza que você se formou na Columbia?
Porque eu tenho bastante certeza que isso não é uma palavra.
— Yup. Com honras, amigo. E eu ficaria feliz em explicar a
logística de um topete idiota, mas eu não quero que você atire seus
biscoitos em mim. Sem trocadilhos intencionais, — ela ri, obviamente
satisfeita consigo mesma.
Eu coloco minha caneca para baixo e me viro para a geladeira. —
Bem, para minha sorte, eu tenho um sorvete.
Ally faz um barulho que, francamente, soa como uma mistura
entre um porco guinchando e um gato se afogando. De qualquer
maneira, isso me faz rir, e eu me viro para olhar para ela com
admiração.
O que é isso sobre ela? O que faz com que cada pequena
peculiaridade que normalmente me incomodam e me fazem dar o fora,
parece tão malditamente adorável? Eu rio como um idiota quando ela
está por perto. Eu me preocupo sobre ferir os sentimentos dela ou ser
demasiado rude. Inferno, eu tenho estado tomando sorvete como uma
garota hormonal com TPM! Eu só não entendo isso. Qual é o próximo?
Assistir o mais novo filme de Nicholas Sparks e secar as lágrimas um do
outro?
— Você não esta com muito frio para isso, não é?
Ally balança a cabeça com veemência. — Claro que não. Eu
poderia estar na Antártida, flutuando em um iceberg, enquanto patino
no gelo com uma família de pinguins, e eu ainda iria querer isso.
Eu pego o pote de meio litro e duas colheres, entregando a ela
uma. Ela escava e eu rapidamente a sigo.
Ally apanha uma colher a enche e a estende para mim. — Saúde.
— nós tilintamos nossas colheres e devoramos aquela primeira mordida
cremosa e fria do Mint Chocolate Chip com Mmmms correspondentes.
— Então... se você tivesse que desistir de um, você preferiria
sacrificar a sua visão ou a audição? — ela pergunta, indo para mais
sorvete.
— Esse é uma fácil. Audição. Eu definitivamente desistiria de
minha audição se eu tivesse que fazer.
— Explique o seu caso, senhor.

~ 79 ~
— Bem, por um lado, você ainda poderia se comunicar, mesmo
se você é surdo. Você pode assinar ou ler os lábios. E vamos encarar
isso... nós vivemos na era da tecnologia excessiva eu poderia
simplesmente te mandar um sms ou um Instagram pra você.
— Sim, mas você nunca ouviria música. Você nunca conseguiria
ouvir o riso de uma criança ou o som de alguém dizendo ‘Eu te amo.’
Você perderia tanto.
Eu olho para ela, vendo ela. Tentando fazer com que ela me veja.
— Mas, não ser capaz de ver um pôr do sol desaparecer de rosa para
roxo ou um milhão de estrelas no céu que se estendem para a
eternidade... você não pode manipular isso. Tecnologia não pode criar
um sorriso tão brilhante que te faz sorrir mesmo quando você não quer.
ele não pode manipular a verdadeira beleza. Ele pode tentar, mas nunca
vai duplicar esse tom exato do seu cabelo vermelho, ardente. Ou o
padrão de sardas cor de canela em seu nariz. Ou até mesmo a forma
como o seus olhos mudam de azul para verde como um anel de humor.
Você não pode falsificar o que tem sido perfeitamente desenhado. Esse
tipo de beleza não necessita de som ou palavras ou até mesmo música.
Ele não precisa de mais nada. Qualquer coisa mais e seria oprimir você.
Ela não fala e nem eu. Eu já disse o suficiente. Eu já falei demais.
Eventualmente, nós voltamos a comer, confusão pesada no ar. Eu
sei que ela esta se perguntando de onde veio isso - inferno, mesmo eu
não tenho certeza -, mas uma coisa está clara.
Eu cruzei a linha. E tudo o que isso é ou era... eu estraguei isso
com verdade.
— Merda, já é tarde, — ela finalmente diz, quebrando o silêncio
desconfortável. Ela olha para mim e levanta uma sobrancelha. —
Guarde o resto para mais tarde?
— Claro, — eu aceno, me perguntando se alguma vez vai haver
um depois.
Dou a ela uma sacola para guardar a roupa molhada e a levo até
a porta. Ela se vira pouco antes de ela cruzar o limiar. — E a propósito,
Eu teria escolhido isso também.
Ela vai embora, me deixando com seu sorriso. Ela não diz adeus.
Talvez uma parte sua realmente nunca partiu.

~ 80 ~
SENSAÇÃO
HOJE NO E!... Notícias de última hora do príncipe
playboy, Evan Carr, e um vídeo de sexo, estrelado por ele e
uma mulher desconhecida. A gravação vazou na internet na
noite passada e se espalhou como rastilho de pólvora, conquistando
quase quinhentos mil acessos nas últimas doze horas. A mulher
misteriosa no vídeo ainda não foi identificada, mas é evidente que não é
Allison Elliot-Carr, esposa há quase cinco anos de Evan. O casal teve um
relacionamento muito público, incluindo rumores de infidelidade por parte
de Evan. Nem Evan, nem Allison estavam disponíveis para comentar o
assunto, mas fontes próximas ao casal dizem que Allison tem estado
ausente de sua casa em Manhattan. Poderia este, finalmente ser o
começo do fim para o casal real de Upper East Side? Fique ligado para
saber mais no E!
Merda.
Merda merda merda.
Eu retiro o meu telefone para discar, mas já está tocando.
— Você ouve as notícias?
No preâmbulo. Apenas direto ao ponto. Esse é a minha
publicitária, Heidi. Eu não estou surpreso que ela já está nisso. Eu
pago a ela uma pequena fortuna para garantir que histórias como estas
não explodam em shows de completo de merda. Enquanto as coisas
ficam um pouco tranquilas do lado de fora, eu posso fazer o meu
trabalho no interior. Mas no momento em que as coisas começam a
desmoronar na sua ausência, corremos o risco de que as mulheres
peguem o vento e saiam. E expondo a minha identidade. Veja, Heidi
também ajuda a manter meu anonimato. Ninguém realmente me vê até
o primeiro dia, e eles são obrigados a assinar contratos para proteção
contra a exposição.
— Sim, — eu quase gemo no telefone. Sim, é uma trabalheira
manter a tampa em histórias públicas, mas o fato de que isso está
acontecendo com Allison... merda. Merda merda merda.
— Como você quer continuar? — Heidi pergunta.
Em circunstâncias normais, uma história como esta iria soprar
no vento assim quando as fofocas começassem. E com um bastardo
como Evan mergulhando seu pau em uma garota diferente a cada duas
semanas, eles se alimentam da imprensa como uma cozinha precisa de
botija de gás.
~ 81 ~
— Fale o PR, mas fique muda. Nós não queremos que a mídia
exploda sangue em nós e com certeza não queremos que Allison se
machuque nisto.
— Allison? — eu posso ouvir a diversão na pergunta de Heidi. Ela
é tão afiada como uma navalha e sabe que eu nunca me referia a
clientes de forma tão casual. Ela é um tubarão, assim como eu. E os
tubarões não se sentem confortáveis com isso. Eles não escorregam.
— Sra. Carr. Você sabe de quem diabos eu quero dizer, — eu
respondo com firmeza. Eu ainda sou um tubarão. Independentemente
de como um tubarão filhote Allison me faz sentir, eu sou um tubarão,
porra.
— Tudo bem. Você sabe que isso não seria um problema se você
me ouvisse, às vezes. Quantas vezes eu te disse —
Eu pressiono desligar.
Eu não preciso disso agora. Allison não precisa disso agora. E o
fato de que eu estou ciente da morte de seu casamento enquanto ela
está fora, comendo sorvete comigo, me faz sentir meio culpado. No
entanto, não culpado o suficiente para querer parar.
Eu me visto para o dia e sigo para a casa principal, mais
determinado do que nunca para fazer isso certo para ela. Para fazê-la
entrar em cena de perfeição erótica, para que ela nunca vá ter que
enfrentar esse tipo de dor e humilhação novamente.
Para transformá-la na prostituta que Evan quer.
Não é justo com ela - diabos, não é justo para mim, mas ele não
vai parar. Ele nunca vai mudar o seu jeito mulherengo. É tudo o que ele
sabe, tudo que ele já viu. E Allison, tão inteligente e engraçada e
fodidamente incrível como ela é, nunca vai deixá-lo.
Bem-vindo ao jogo real da vida, onde somos todos jogadores, mas
ninguém realmente ganha.
No momento em que Allison entra no quarto e caminha para o
seu lugar, eu estou me movendo em direção a ela. Eu agarro seus
ombros e os puxo para mim, fazendo-a ofegar de surpresa. Seus olhos
grandes e brilhantes procuram meu rosto por um motivo pelo meu
comportamento errático súbito. Eu olho para ela, procurando a mesma
coisa.
— Ally... — eu engoli, de repente nervoso por pronunciar as
palavras seguintes. Não é porque elas são mais chocante do que o que
eu disse no passado. Mas porque elas são, provavelmente, as mais
verdadeiras que eu vou me deixar admitir. — Ally, eu preciso te tocar. E
eu preciso de você para me tocar também.

~ 82 ~
Ela não responde, mas seu corpo, tão suave e frágil no meu
aperto firme, treme com a conformidade. Eu deixo minha mão deslizar
dos ombros e para baixo para suas mãos, onde atam os meus dedos
com os dela. Então eu a puxo para frente da sala, sem quebrar o meu
olhar penetrante. Ela não me resiste. Seus pés se movem um em frente
do outro, combinando com os meus passos em uma dança
sincronizada. Ela quer isso. E talvez, em algum nível, ela me quer.
Minha voz é alta e clara, mas eu falo só para ela. — O ato de fazer
amor, o sexo, é uma festa para os sentidos. Não se trata de apenas um
sentimento, é sobre ver seu amante se contorcer em êxtase. Ouvir
gemer seu nome. Cheirando a sua rica excitação almiscarada. — eu
lambo os lábios em antecipação de minhas próximas palavras. —
Provando-a em sua língua.
Os lábios de Allison se abrem, mas não escapa nenhum som.
Seus olhos permanecem em minha boca por apenas um momento,
então piscam até nossas mãos fechadas. Estou hiperconsciente de que
ela e todo mundo estão vendo e eu me obrigo a se afastar. Dirijo o seu
corpo para enfrentar a classe.
— Eu vou mostrar como se sente o seu parceiro com todo o seu
ser. Para explorar o poder da sensação e enlouquecê-los antes mesmo
de abrir as pernas, — anuncio, a minha voz rouca e quase engasgada
com o tormento auto-infligido. — Façam par; é hora de vocês
conhecerem os seus companheiros de casa um pouco melhor.
Eu escovo o cabelo escarlate de Allison para um lado e inclino
para baixo para colocar os lábios em sua orelha. — Você está comigo,
querida.

UMA MÚSICA SUAVE E SENSUAL toca ao fundo. Cada luz é


esmaecida para um brilho mudo. E as mulheres... com os olhos
vendados. Todo mundo está, além de mim.
— Comece pela nuca, deslize apenas as pontas dos dedos até os
ombros. Sim, isso é certo. Só assim, senhoras. Agora se revezam
arrastando-os para cima e para baixo dos braços para o interior de suas
palmas. Devagar. Vá devagar. Lembre-se: é sobre a viagem. Ótimo.
Agora, lentamente, mova suas mãos para o topo do peito. Deslize-os
para os lados de seus seios. Sim, ali mesmo.
Elas fazem como eu digo, contando apenas com o som da minha
voz e as seus outros sentidos aguçados para guiá-las. Eu as ouço ofegar

~ 83 ~
e suspirar com a sensação recente enquanto as senhoras exploram o
corpo da outra, mas eu só posso ver um em frente a mim. O que
chamou minha atenção no momento em que entrou na minha vida e
atirou fogo ao meu oásis no deserto.
Meus dedos acariciam a pele nua no oco de sua garganta antes de
deslizar para baixo para o topo de seus peitos. Eu quero tocá-la tanto.
Eu deixo minhas mãos continuarem a descer esta ladeira escorregadia,
os bicos eretos com a tensão contra sua blusa de seda verde. Ela suga a
respiração, fazendo com que seu peito suba e eu juro que ela estende
seus seios para mim, doloridos para isso.
— Vamos lá, senhoras. Deixem seu aroma cercar. Não tenham
medo de usar todos os seus sentidos. Diga a ela como ela se sente bem
em suas mãos. Como você se sente sexy tocando nela.
Todas cumprem. Eu sabia que elas fariam. Nós estamos indo para
a semana três, e as mulheres estão morrendo por contato físico. Olha,
acredite ou não, as mulheres são o sexo mais sexualmente desinibido.
Enquanto os homens são mais vocais sobre seus desejos e ficam duros
se uma brisa forte chicoteia através de suas pernas, as mulheres podem
ser despertadas por quase nada. Pornô gay, falas sujas, uma suave
carícia, um simples ardor... tudo funciona para deixá-las quentes.
Enquanto uma mulher é aberta mentalmente, assim são as pernas. Mas
isso é uma lição completamente diferente. Para ensinar todas as formas
de atrair e seduzir uma mulher levaria mais de seis semanas. Inferno,
eu precisaria de seis meses.
— Vocês sentem isso? A forma como o seu batimento cardíaco
gagueja quando vocês passa a as mãos em seus seios? Como sua pele
umedece quando você arrasta o dedo sobre ele? Essa é a excitação. Ela
é gostosa para você. Parabéns. Vocês estão fazendo a coisa certa, uma
mulher casada anseia pelo seu toque.
Eu não sou ignorante ao fato de que eu só estou recitando as
reações de Allison para mim. Há muito mais que eu poderia fazer com
ela, tantas maneiras que eu quero sentir ela se contorcer em minhas
mãos capazes. Eu quero chegar mais perto, mas eu não vou. E com
meu pau duro e latejante, implorando para se libertar, eu não posso.
Então, por agora vou levar isso. Isso pode ser a única chance que eu
tenho.
Eu dou um passo a frente de modo que nossos corpos apenas mal
se tocam, nosso calor criando um atrito inegável que aproveita a nossa
pele com eletricidade. Então eu tiro as mãos trêmulas e coloco-as no
meu peito, sufocando um gemido.
— Sua vez, Ally, — eu sussurro apenas para seus ouvidos. —
Toque-me.

~ 84 ~
Ela suga a respiração e morde o lábio trêmulo. — Como?
Minha voz é baixa e rouca, oscilando com a minha moderação. —
Assim como eu te toquei. Exatamente como você deseja ser tocada.
Eu vejo como ela toma algumas respirações em seus nervos de
aço. Então lentamente, parecendo como se ela quisesse despir cada
bocado de autocontrole que eu tenho, ela desliza suas mãos delicadas
até meus ombros, massageando o músculo duro revestido por uma
camisa de linho branco. É incrível como ela pode fazer um toque tão
inocente parecer tão sujo e sexual. Parece que ela está me despindo, me
expondo. Me corrompendo.
— Mais, — eu rosno. Minha respiração sai em farrapos e minha
pele está pegando fogo. Allison move as mãos pelos meus braços até
que seus dedos acariciam o interior de minhas palmas. Então, ela está
tocando minha cintura, meu estômago. Suas unhas se arrastam ao
longo dos cumes duros do meu abdômen, tomando o tempo para sentir
cada monte de músculos. Prendo a respiração, com medo de que ela vai
continuar a sua viagem para o sul. Eu não tenho vergonha da reação do
meu corpo ao dela, mas eu não sei se algo bom virá sentindo minha
dureza em suas mãos. E ela nem saberia o que fazer com ele.
— Fale comigo. Diga-me o que você sente.
Allison engole seco. Eu vejo como a língua rosa passeia para fora
apenas o suficiente para molhar os lábios. — Você é tão duro... — ela
sussurra. Se eu não tivesse estado tão imerso na visão de sua língua
deslizando sobre os lábios, eu não teria sequer a compreendido.
— O que mais?
— Hum... uh. Você está quente. Quente. Você parece tão forte sob
minhas mãos. Tipo, eu posso sentir cada músculo.
— Continue, Ally. — era para ser um comando, mas a voz soa
como se estivesse implorando.
— E, hum. Tão grande. Você me faz sentir pequena. E quebrável.
Mas eu me sinto segura também, como se todo o seu corpo pudesse
cobrir o meu sem me esmagar. — ela ruboriza e suas bochechas ficam
vermelho escuro. — É estúpido. Eu me sinto como um idiota dizendo
isso para você.
Ela vai tirar a venda dos olhos e eu a impresso, colocando as
mãos no meu peito. — Não, não pare. Não é estúpido.
Uma pequena curva de um sorriso aparece em seus lábios e ela
dá um passo para mim. Pertos o suficiente para que seus mamilos
escovem a parte superior do estômago. Me aproximo o suficiente para
ela sentir minha ereção cutucando ela.

~ 85 ~
Ela suspira, ainda não se afastando. Eu sorrio com ironia.
— Vá em frente, Ally, — eu digo, dando um passo ainda mais
perto, deixando-a sentir o que ela está fazendo comigo. Mostrando a ela
que, embora eu possa fazê-la sentir-se pequena, ela tem o poder.
Ela inspira antes de sugar o lábio inferior em sua boca sedutora.
Assim como eu ensinei a ela. — Você tem um cheiro tão bom. Como
homem e sexo cru. Como a luz do sol e a água da chuva.
— Sim? E o que isso faz você se sentir?
— Quente. — sua cabeça abaixa, mas não antes de eu ver o
vermelho em suas bochechas aprofundarem ainda mais. — E com
tesão.
Um flash de movimento ou luz, ou talvez até mesmo uma voz, me
chama a atenção, e eu olho para encontrar dez pares de olhos
descobertos treinados em nós, cada um mostrando diferentes graus de
choque e indignação. A minha boca fica seca, e eu sinto o sangue sair
do meu rosto. Eu dou um passo para longe, demonstração e tentar
algumas nossas técnicas mais avançadas. — sem mover para longe do
corpo dela e revelando o meu enorme tesão para o resto da classe,
dirijo-me ao redor e Ally destampa os olhos vendados, mantendo
minhas mãos castamente em seus ombros. Ela permanece estável,
pressionando-a para trás, sua bunda contra o meu pau latejante. Eu
mordo o interior da minha bochecha para não gemer. mas não tão
rápido que elas possam interpretar mal a minha retirada como um sinal
de culpa.
— Vocês fizeram um trabalho maravilhoso. E eu gostaria de
agradecer a Sra. Carr por dar uma boa demonstração.
— Vamos dar um intervalo para o almoço, certo?
Esperamos até que o resto da classe sai, antes de Ally se virar
para me encarar. Suas bochechas ainda estão cor de rosa, e até mesmo
seu cabelo está despenteado, como se estivesse sido recém-fodida.
— Sua mãe estava certa, — diz ela, olhando para mim com os
olhos vidrados.
— Minha mãe? — eu franzo a testa.
— Você deveria ter sido uma estrela de cinema. Você é um muito
bom ator.
Eu levanto uma sobrancelha. — Talvez eu que deveria estar
dizendo isso.
Allison balança a cabeça e ri nervosamente, olhando para seus
pés. — Não. Eu não posso interpretar. Nem um pouco.

~ 86 ~
Eu puxo o queixo dela, recusando-me a deixá-la se esconder de
mim. — Então, o que foi isso?
Ela balança a cabeça, o queixo ainda entre meus dedos. Lágrimas
preenchem esses olhos arregalados, e seu lábio treme. — Eu não sei. Eu
não sei o que foi. Eu não sei de nada.
De repente, a necessidade de possuir o seu corpo é uma memória
distante. Vê-la tão abalada por causa de mim, por causa dessa... coisa,
esta atração indefinida que tem fodido a minha cabeça me faz perceber
o quão descuidado eu fui com suas emoções delicadas. Ela foi ferida, e
de alguma forma, de alguma maneira que eu não pareço entender, eu
estou machucando ela também. Eu posso ver isso, mesmo naqueles
olhos tristes cheios de minúsculas estrelas se afogando.
— Venha aqui, — eu digo, passando os braços ao redor dela. Ela
esconde o rosto no meu peito por um momento antes dela percebe o que
ela está fazendo.
— Não. Não, eu não posso fazer isso. Desculpe-me... Eu sinto
muito. — e com lágrimas confusas correndo pelo rosto de porcelana e
um rastro de fogo em suas costas, o anjo foge deste inferno solitário
projetado especialmente para mim.

~ 87 ~
ESTIMULAÇÃO
DIAS SE PASSARAM. TALVEZ uma semana.
É tudo a mesma coisa. Trabalho. Nadar. Às vezes eu
bebo. Raramente eu como. De qualquer forma, nada muda. Allison não
vêm à noite. Ela nem sequer olha para mim. Eu sinto como se tivesse
manchado ela, violado-a de alguma forma. Infectado ela com a tentação
perversa. E pela primeira vez, estou aliviado.
Eu não podia ficar longe dela, e ela não ficava longe suficiente.
Então talvez isso fosse necessário. Talvez ela fisicamente vendo o que eu
era capaz, era exatamente o que ela precisava para fechar
definitivamente o espaço que ela tinha deixado aberto para mim em sua
vida. Agora, ela pode remover o espaço reservado. Eu já não estou na
lista de convidados.
Isso é uma coisa boa. Isso é o melhor.
Ainda assim... é uma merda.
Sentindo como se eu tivesse algum tipo de conexão com alguém,
mesmo platonicamente, era algo que eu não tinha experimentado em
anos. Conhecê-la foi como ver um nascer do sol depois de ser preso em
um quarto cinza fosco sem janelas. Foi a primeira mordida de sorvete
em um dia de verão quente. Sem ela, tudo é monótono. Silenciado. Sem
sentido.
Solitário.
Mas eu não estou reclamando. O papel de solitário é um jogo que
eu jogo bem. Eu sou uma ilha e eu gostaria de manter assim.
É por isso que eu não conseguia descobrir por que o entusiasmo
habitual em torno deste dia especial simplesmente não estava lá. Este
sempre foi um dos meus dias favoritos. As donas de casa estariam
particularmente desconfortáveis. Isso testou cada um dos seus limites e
as fez reavaliar seus próprios desejos. Vê-las assim - bochechas coradas
de vergonha, bocas abertas, se contorcendo em seus assentos com a
excitação - era como viver de arte para mim. Essa emoção crua era para
o que eu vivia.
No entanto, agora, sinto-me indiferente sobre isso, talvez até um
pouco triste. Como se fazer isso vai ser o prego no caixão para Ally e eu.
Ally e eu.
Hmph. Eu não posso nem dizer isso com uma cara séria.

~ 88 ~
Eu observo atentamente quando todas elas entram, olhando
hesitante para o mecanismo que está no meio da sala. Algumas
sussurram curiosas, outras em antecipação animada. Elas podem dizer
que alguma merda está prestes a ir para baixo, e quem sou eu para
decepcionar?
— Bom dia, senhoras. Hoje temos uma convidada especial se
juntando a nós.
Aceno com a cabeça em direção ao fundo da sala, e cada cabeça
gira quando uma morena esbelta em um robe de seda vermelho faz o
seu caminho para a frente. Eu seguro a minha mão para ajudá-la se
sentar na cadeira de exame. — Esta é Erin. Erin tem estado conosco
nos últimos anos e é atualmente uma estudante de medicina. Ela
também estará ajudando-nos hoje.
Minha voz cai para um barítono rouco como se eu tivesse jogando
a elas um segredo impertinente. — A fim de dar prazer, vocês precisam
entender como recebê-lo. É hora de nos tornarmos íntimos com o corpo
feminino. Com seus corpos. Erin?
Na sugestão, Erin deixa cair seu robe aberto, expondo seu quadril
nu. Seios redondos estão firmes em um pequeno sutiã, sobretudo, uma
barriga impecavelmente plana. Sem hesitar, ela abre as pernas e coloca
os calcanhares nos estribos longos33, revelando uma nua, buceta rosa.
Gritos abafados de surpresa ecoam por toda a sala, mas ela não ouve
nada disso. Ela está acostumada com isso agora. E comigo
praticamente pagando sua escola de medicina enquanto apenas
trabalha quatro dias por ano, ela não poderia se importar menos sobre
algumas vadias a julgando desde que as barbaridades de Miley Cyrus
surgiram.
— Parece familiar, senhoras? — eu pergunto, sorrindo
maldosamente. — Não? Provavelmente porque vocês têm negligenciado
seus corpos, negando a si mesmas a oportunidade de aprender sobre
ele. Como vocês podem esperar que o companheiro de vocês lhes fodam
do jeito certo, se vocês não estão fazendo isso a si mesmas? Ninguém
sabe o que te estimula melhor do que vocês mesma.
— Então, já que eu não tenho as coisas necessárias para mostrar
a vocês os prós e contras, por assim dizer, Erin vai me ajudar. Primeiro,
vamos começar com os mamilos.
Mais uma vez, pela sugestão, Erin pega a parte inferior dos seios,
beliscando seus mamilos eretos entre seus polegares e indicadores.
Murmúrios chocados ressoam ao redor da sala, que ela responde por
beliscar os seus botões inchados e sorrindo ainda mais.

33
É aquelas mesas de ginecologistas usam.

~ 89 ~
— Seus mamilos são os pontos de prazer mais óbvios que não
residem na genitália feminina. No entanto, eles são geralmente
negligenciados. Quem gosta de ter seus mamilos estimulados?
Ninguém responde rapidamente, mas uma mão eventualmente
sobe. Lacey Rose, esposa ex-roqueiro e faminto por sexo. Várias outras
a acompanham. Eu faço questão de não olhar na direção de Ally.
Sabendo sobre ela, sabendo que eu poderia levá-la ao orgasmo, apenas
provocar os seus mamilos de morango iria me enlouquecer. Ignorância é
felicidade. Pelo menos no meu caso, a ignorância é necessária.
Eu concentro minha atenção em Erin que sorri para mim. — Ok,
bom. Agora, quem gosta de brincar com seus mamilos quando está
sozinha?
Menos mãos neste momento, mas um par de mulheres realmente
confessam.
— Excelente. Nossa amiga, Erin, vai demonstrar todas as
maneiras que vocês podem começar a ter esse prazer apenas pela
estimulação do mamilo sozinha. Erin?
A jovem morena peituda começa a apertar e amassar seus
mamilos, rolando-os com os dedos hábeis. Ela joga a cabeça para trás
em um gemido e morde o lábio inferior com a sedução praticada. Em
seguida, ela traz os dedos à boca, lambendo as pontas antes de devolvê-
los para seus seios inchados. Mesmo com os pés nos estribos, ela tenta
fechar as pernas na esperança de criar atrito em sua buceta
negligenciada. Eu observo atentamente, fascinado pela maneira como a
carne rosa e sensível treme com a necessidade. Erin olha para mim,
seus olhos me implorando para tocá-la e colocá-la para fora de sua
miséria.
Além do ranger de suas cadeiras, todo mundo fica em silêncio
enquanto assistem, Erin continua se acariciando. Algumas até
inconscientemente tocam seus próprios peitos, morrendo de fome para
serem tocadas.
Assim quando Erin está à beira de se levar ao orgasmo, eu bato
suavemente no interior de sua coxa, deixando minha mão permanecer
lá. Ela coloca as mãos para descansar em seus lados, perfeitamente
equilibrada para salvar suas respirações irregulares. — Muito bom.
Agora, o que vocês podem me dizer sobre o que Erin acabou de nos
mostrar?
Depois de um momento, uma mão sobe. Lorinda Cosgrove. —
Hum, quando ela os beliscou... ela gemeu alto?
— Ótimo, Mrs. Cosgrove. O que mais?

~ 90 ~
Lacey fala. — E quando ela lambeu os dedos e molhou os
mamilos, as costas se arquearam.
— Rolando os mamilos entre os dedos a fez os joelhos agitar, —
diz outra dona de casa.
— Todas grandes observações. O que mais?
— Quando ela viu você olhando para ela, isso a fez mais quente.
Ela queria que você a tocasse. Você pôde ver isso nos olhos dela.
Eu congelo, me forçando a não olhar na direção da voz. Eu estava
tão perto. Tão perto de marcar esta sem realmente pensar sobre isso.
Tão perto de não sentir como se eu estivesse fazendo algo errado. Mas
agora que a culpa injustificada está rastejando para trás, enchendo
minha cabeça com ilusões de moralidade. Fazendo-me pensar duas
vezes sobre o meu próximo passo.
— Uh, isso foi... — eu gaguejo. Merda. Concentre-se, Drake.
Negócios antes disso. — Então... certo. Seguindo em frente. Em seguida,
Erin irá demonstrar algumas das zonas erógenas mais conhecidas,
começando com o clitóris. Vejam de perto; observem os movimentos dos
dedos. Observe quais áreas são as mais sensíveis.
Sem o meu alerta, Erin deixa suas mãos viajarem para baixo em
sua barriga e entre as coxas. Primeiro, ela abre seu sexo, dando às
mulheres uma visão aprofundada de sua área mais íntima. Então, com
a outra mão, ela acaricia seu clitóris, gemendo seu prazer antes de
aplicar mais pressão.
Minha mão ainda está no interior de sua coxa, eu separo as
pernas de Erin mais amplamente, deixando as mulheres verem cada
parte apertada e molhada dela. — Entendo que a maioria de vocês já
tiveram filhos e não são tão jovens como Erin, — eu digo sobre ela
gemendo. — Mas este é o tipo de buceta todas vocês devem aspirar ter.
Seu trabalho não é apenas para o nascimento de crianças e administrar
uma casa. Vocês são obrigadas a ficarem sempre depiladas em todos os
momentos. As bucetas de vocês devem estar rosadas e macias. Se não
estiverem, há procedimentos para deixá-la dessa forma novamente. Isto
é o que os seus maridos querem ver quando vocês abrem as pernas.
Ninguém quer foder Chewbacca34. Cuidem da buceta de vocês
como se fossem uma dublê de Sharon Stone.

34
Kkkkkkkkkkkkkkkk eu ri

~ 91 ~
Erin retoma a massagear seu clitóris, traçando círculos em
torno desse botão inchado, latejante. Em seguida, ela muda para
movimentos rápidos antes de bater levemente a carne inchada, gritando
com o seu clímax. Ela olha para mim de novo com aqueles olhos
carentes, tremendo com os tremores do orgasmo. Eu sei o que ela
estava pensando quando ela tocava a si mesma. Eu sei que ela desejava
que fossem minhas mãos estimulando sua pele sedosa.
Eu desvio meus olhos, agindo como se eu estivesse envolvido em
seu sexo palpitante. — A estimulação do clitóris pode fornecer um dos
orgasmos mais poderosos que vocês vão sentir. E, para muitas
mulheres, esse é o único clímax que já receberam. Mas há um tipo de
orgasmo que, infelizmente, muito poucas mulheres tiveram o prazer de
experimentar. Claro, estou me referindo ao orgasmo do ponto G. Agora,
senhoras... essa não é a cidade perdida de Atlântida. Não há nenhum
código especial que vocês precisam para quebrar essa barreira. Apenas
paciência e prática. E se vocês podem encontrar, vocês vão ser capazes
de levar o amante de vocês para isso.
Eu dou a perna de Erin um toque e ela está de acordo com o meu
comando não dito, se deslocando de um lado apenas alguns
centímetros mais abaixo e mergulhando apenas a ponta do seu dedo
dentro de sua vagina. Ela esfrega o dedo molhado em seu clitóris
inchado antes de aliviar dentro dela novamente, desta vez a afundando
um dedo inteiro. Ela engasga com a intromissão, deixando seus
músculos se contraem em torno de seu dedo fino antes de aliviar um
pouco. Então ela mergulha de volta, criando um ritmo lento
pecaminoso.
— É isso mesmo, querida. Lento e profundo, — eu cantarolo,
massageando sua coxa. — Adicione outro dedo. Encha.
Erin faz o que eu mando, ganhando velocidade com a adição do
segundo dedo. Eu posso ouvir os sons dela, implorando por mais.
— Agora enrole os dedos para cima, baby. Você sente isso? Você
se sente como ele está pulsando por você? Implorando para você? Toda
molhada, baby. Coloque todos os dedos e venha para mim.
Com um grito estrangulado, Erin se deixa ir, e uma onda de doce
néctar flui de sua buceta em contratação. Ainda massageando sua
coxa, com ela ainda gemendo alto, eu sussurro palavras
tranquilizadoras com elogios. Quando eu olho para trás, para a
multidão, cada olho está vidrado e sem piscar, e cada rosto está corado
em vermelho.
— Eu entendo que pode ser difícil de vocalizar o que acabamos de
ver, por isso vamos estar fazendo a aula de hoje curta. Todas vocês
estão dispensadas para os seus quartos, onde um presente especial de

~ 92 ~
nosso amigo no Lelo.com espera por vocês35. Eu quero que vocês
explorem seus próprios pontos de prazer. Descubram quais as técnicas
que as estimulam mais. E enquanto vocês fazem isso, utilizem os
espelhos em suas suítes. Observem a si mesma gozando. Veja o que
eles veem quando ele está dando prazer a vocês.
Sem um pouco de persuasão, as senhoras vão às pressas para
fora da sala, todas em silêncio ponderando sua lição de casa. Uma vez
que estamos sozinhos, eu me viro para Erin, minha expressão
queimando com intensidade.
— Minha casa. Agora.

— QUE DIABOS FOI ISSO?


Eu ando pelo chão, tentando acalmar meu temperamento. Erin se
senta de pernas cruzadas no meu sofá e envolve em seu robe.
— O que foi o quê?
— Não se faça de idiota, Erin. Você sabe o que você estava
fazendo.
Ela sorri, fingindo inocência. — Eu não sei o que você está
falando.
— Mentirosa! — eu grito, erguendo as mãos. — Você estava me
fodendo com os olhos o tempo todo. E não pense que eu não escutei
você gemendo meu nome.
Ela olha para o chão para esconder sua expressão desolada. — É
bom ver que você estava prestando atenção. Você me faz sentir como se
eu fosse invisível para você.
Eu esfrego a parte de trás do meu pescoço em frustração, antes
de ir ajoelhar na frente dela. Erin pode ser confiante e destemida, mas
ela ainda é uma mulher. Ela ainda precisa se sentir desejada. — É claro
que você não é invisível para mim, Erin. Eu vejo você. Merda, eu estava
tocando em você... falando com você de uma maneira que eu não
deveria. Por um minuto, eu esqueci onde eu estava.
Ela levanta os olhos e a esperança inunda o rosto dela. — Você
me queria, não é? Você queria estar dentro de mim, certo?

35
Site de artigos sexuais.

~ 93 ~
Eu engulo seco, empurrando para baixo no instintivo ‘Sim’ na
minha garganta. — Eu seria muito louco para não quisesse você, Erin.
Você é uma mulher bonita. Mas você sabe que não posso cruzar a linha
com você. Nem agora, nem nunca.
— Mas... mas antes nós -
Eu balanço minha cabeça, sabendo exatamente onde isso vai dar.
— Aconteceu, Erin. E isso nunca vai se repetir de novo. Eu te disse isso.
Agora, se você não consegue lidar com esse arranjo, eu posso encontrar
alguém que pode.
Lágrimas enchem seus olhos e ela balança a cabeça. — Não. Não,
eu estou bem. Me desculpe, eu só...
Eu a beijo na testa e me levanto. — Boa menina.
Pela primeira vez, eu realmente não estou tentando ser o vilão. Eu
gosto de Erin, mas não da maneira que ela quer. Alguns anos atrás, eu
me aproximei dela em um bar de Chicago, em seu último centavo, à
procura de qualquer bastardo rico para comprar uma bebida e esperar
ser seu patrocinador. Apesar de ser incrivelmente linda, ela cheirava a
desespero. Eu tinha que ajudá-la. Era meu dever cívico de fazê-lo antes
que ela fosse pega com a turma errada.
— Qual é seu nome, querida? —e perguntei a ela, deslizando
sobre a banqueta ao lado dela.
— Amy, — respondeu ela, sorrindo muito brilhantemente.
— Amy, não é? Qual é o seu nome verdadeiro?
O rosto dela caiu, e ela olhou para o Gin Tonico que ela tinha
estado pela última hora. — Erin.
Sem dizer uma palavra, eu deslizei a ela um cartão de visita.
Nenhum nome. Nenhuma informação. Apenas um número de telefone.
Então eu bati uma nota de cem dólares no balcão, me virei e fuoi
embora.
Cinco minutos depois, Erin estava ligando para o meu celular.
— Há uma lanchonete na Avenida Michigan, — respondi sem
preâmbulos.
— Qual? — ela perguntou.
— Qualquer uma que você me encontrar. — fim.
Meia hora depois, Erin deslizou para dentro da cabine em que eu
estava estacionado, perturbada e irritada. Peguei minha xícara de café e
casualmente tomei um gole antes de deslizar para ela um menu.

~ 94 ~
— Eu não estou aqui para comer, disse ela, empurrando-o de
volta para mim.
— Peça. Você está com fome. E não minta e diga que você não
está. O que não vamos fazer é mentir para o outro. Entendeu?
Seus olhos se arregalaram, mas ela não discutiu. Ela era perfeita
para mim. Eu sabia que ela seria. Eu não tinha tempo nem paciência
para arrumar alguém que não sabia como se submeter.
Tomei um gole de café, enquanto Erin devorou um grande prato
de ovos, bacon, salsicha, batatas fritas e torradas. Quando ela tinha
comido cada pedaço, eu decidi que era hora de começar a trabalhar.
— Diga-me a sua história.
Sem muita persuasão, Erin revelou que ela era uma estudante de
medicina no primeiro ano sem família e sem meios para se sustentar.
Ela havia perdido seu pequeno apartamento caindo aos pedaços, e sua
pequena bolsa não cobria muito além do primeiro ano, e muito menos
habitação. Ela estava presa entre sair e voltar para casa em Idaho, ou
encontrar outra maneira menos atraente para se sustentar. Naquele
dia, ela decidiu que talvez seus sonhos de se tornar uma médica só não
estavam indo para se tornar realidade.
— Eu tenho uma proposta para você, — eu disse a ela.
— Eu não sou uma prostituta, — ela rapidamente interveio.
Eu sorri para ela divertidamente. "Eu certamente espero que não."
Mostrei a ela a minha mão, explicando o que eu queria e como eu
iria compensá-la por isso. Lá, em uma pequena lanchonete no centro de
Chicago, perguntei sobre sua história sexual (dois caras: um antigo
namorado de Idaho e um cara da faculdade), o seu nível de inibição (ela
se considerava uma mulher de tentativa sexual: ela é de tentar qualquer
coisa uma vez), e seu fundo de saúde (completamente limpa: sem
camisinha, sem sexo), tudo o que eu já imaginava. Então eu pago a
conta e a levo de volta ao meu quarto de hotel para assinar todos os
documentos necessários e começar a primeira fase de seu treinamento.
— Agora, querida, eu preciso saber o quão longe você vai. Você
não é obrigada a fazer o que não quer, mas há lugares que eu vou tocar
em você que vai despertar você. Isso vai me despertar. E eu quero te
foder. Inferno, eu quero te foder agora.
Ela se sentou na cama, longo, pernas lisas cruzadas. — Eu quero
isso também.
A toquei em lugares que ela nem sequer sabia que eram zonas
erógenas. Beijei seu corpo apertado até que meus lábios estavam

~ 95 ~
queimados. Então eu fodi com ela longo, profundo e duro até que ela
tinha embebido os lençóis com sua umidade.
Quando ela olhou para mim preguiçosamente, sua visão
encoberta no arrebol, ela sorriu com prazer delirante. — Oh meu Deus.
Eu nem sequer sei o seu nome.
Eu olhei para o teto, evitando seu olhar terno. — Eu sou Justice
Drake.
— Mmmm, Justice Drake. Eu gosto disso.
Eu já podia a ouvir lamber o meu nome como uma noiva
esperando para usar um sobrenome. Eu tinha que parar com isso
agora.
— Sim. E isso era para o prazer. No entanto, sempre que eu tocar
em você de agora em diante será estritamente profissional. Entendeu?
Sem nada mais que um beijo no rosto, deixei Erin sozinha
naquela suíte de hotel, dolorida e satisfeita, com algumas notas e
instruções para a semana seguinte.

~ 96 ~
ILUSÃO
EU SABIA QUE devia ter enviado Erin em sua maneira
alegre no momento em que ela começou com a choradeira.
Mas verdade seja dita, eu não sou um canalha completo. Eu só às vezes
gosto de deixar meu idiota interior brilhar. Ele é muito melhor em
escapar das nuances sociais do que eu.
Então eu a deixei secar as lágrimas e até fiz a ela uma xícara de
chá. Então eu insisti que ela cobrisse os seios rosados e fosse de volta
para Chicago.
— Me ligue quando você pousar em O'Hare, — eu digo, abrindo a
porta da frente para ela sair. Eu estava jogando dicas durante toda a
noite, e estava a ponto de recorrer ao sinais de controle de tráfego aéreo.
— Ok. Obrigada mais uma vez, Justice. Você é sempre tão bom
para mim. Eu estaria perdida sem você. — ela se estende na ponta dos
pés e me beija no canto da minha boca. Estou prestes a castigá-la por
passar dos limites, quando todo o pensamento coerente e sentido da
fala são roubados de mim.
De pé na minha porta, o fogo lambendo seus ombros na brisa
fresca no início do outono, está Allison, com a mão ainda erguida, como
se estivesse se preparando para bater.
— Ally... uh... ei. — veja, esta é a parte em que o marido traidor
grita para fora ‘Não é o que parece! Eu posso explicar!’ enquanto as
calças estão em torno de seus tornozelos e seu pau ainda está duro.
Mas eu não sou o marido de ninguém. E eu não posso trair
alguém que não é minha. Então... por que me sinto como se eu tivesse
feito algo errado?
— Oh, minhas desculpas, — ela sorri forçado, sufocando seu
desconforto. — eu não sabia que você tinha companhia. Eu volto mais
tarde, Sr. Drake.
— Não, não. Erin estava saindo, — digo, segurando a porta aberta
mais ampla e quase empurrando Erin de fora do caminho. — Por favor,
entre.
— Isso não é necessário. Eu deveria ter vindo outra hora. Sinto
muito.
Allison se vira para ir embora e eu pego seu cotovelo antes que ela
possa dar mais um passo. Ela se vira para mim, os olhos reduzidos a

~ 97 ~
fendas em questionamento, mas ela não se afasta. Foda-se. Estou
ferrado de qualquer maneira. — Fique. Por favor. Fique, Ally.
Ela balança a cabeça lentamente, seu olhar nunca deixando o
meu. Eu ouço o farfalhar mudo de seda e um bufo irritado ao meu lado.
Droga. Erin.
— Então... eu acho que eu vou sair agora. — ela passa por nós
bruscamente e faz um caminho mais curto para a casa principal para
recolher suas coisas.
— Deixe-me saber que você está em segurança, — eu chamo por
ela.
— Sim, sim, — ela acena sem olhar para trás. Eu sei que deveria
ir atrás dela e, pelo menos tentar acalmar as coisas, antes de sua
selvagem imaginação começar a cozinhar todos os tipos de teorias de
indução ao rumor, mas o que posso dizer? E como poderia eu mesmo
me forçar a ir embora, agora que eu mantenho este anjo precioso na
palma da minha mão?
Erin vai ter que esperar. A lógica, moral, obrigações, tudo isso
terá de esperar.
— Entre, — murmuro, prendendo a respiração enquanto Ally
cruza o limiar. Ela me acompanha até a cozinha, onde eu pego nosso
pote de sorvete e duas colheres.
— Eu não posso ficar. É que... eu... tive um problema com o seu
dever de casa.
Eu mordo meu lábio inferior duro para não rir. — Oh? Precisa de
uma mão? — me viro a tempo de ver o gelado olhar de Ally. Ela balança
a cabeça.
— Olha... isso foi um erro.
— Não, não, me desculpe. Me diz o que é. Eu sinceramente quero
ajudar. — eu abro a caixa de Chip Chocolate Mint e pego uma porção
antes de entregá-lo a ela. Ally faz uma pausa, contemplando seu
próximo passo, antes de eventualmente exalar sua frustração e aceitar
a oferta de paz cremosa e gelada.
— Não é nada... Eu acho que não. — ela coloca a colher em sua
boca e cantarola em aprovação, deixando as pálpebras apertarem em
êxtase. Ela desliza sobre uma banqueta antes de afundar a colher de
volta para mais. — É só que... Ok, não ria. Promete?
— Apunhale meu coração e me espere morrer, — eu respondo
com a boca cheia do doce gelado.

~ 98 ~
— Ok, aqui vai... Como você sabe que você teve um orgasmo? —
ela quase sussurra.
Eu franzo a testa. — O que quer dizer, como você sabe?
— Quero dizer, como você pode saber? Tipo, eu não tenho certeza
se eu... você sabe. E eu nunca... fiz sozinha... Oh Deus, isso é muito
constrangedor! — ela enfia a colher dentro da caixa e cobre o rosto com
as duas mãos.
— Ally... — eu repouso minha própria colher no copo e coloco
uma mão reconfortante no ombro dela. Apenas um ombro inocente.
Nada pessoal.
— Estou mortificada! Isso foi um erro!
— Não foi. É por isso que eu estou aqui. Você pode me perguntar
qualquer coisa, você me ouve? Qualquer coisa.
Lentamente, ela remove as mãos de seu rosto ainda mantendo os
olhos fixos na bancada. — Eu juro, eu não sou assim ignorante. É
que... houve apenas Evan e nós nunca conversamos sobre se eu fiz ou
não... você sabe. Então, eu não tenho certeza se isso aconteceu ou sei
lá.
Concordo com a cabeça, entendendo o que ela está dizendo e
rendendo o instinto de envolvê-la em meus braços e beijá-la sem
sentido. Sua ingenuidade é incrivelmente inspiradora. Oh, as coisas que
eu poderia fazer...
— Bem, Ally. Se você tem que saber se você já teve um orgasmo,
então as chances são de que você não teve.
Seus olhos dobram de tamanho. — Sério?
— Sério.
— Eles são tão bons assim? Tipo, eu vou ser capaz de distingui-lo
de sexo apenas regular?
Eu sorrio, esperando que isso saia mais reconfortante do que
zombaria. — Pense o ato sexual como uma queimadura lenta. Há altos
e baixos, é claro. Algumas áreas queimam mais do que outras. Mas
para a maior parte, isso só acende até que seja finalmente extinta.
— Agora, atingir o orgasmo... imagine um prédio queimando em
chamas. E a chama crescendo em um incêndio. E esse fogo entra em
combustão como em uma exibição de fogos de artifício em 4 de julho.
Dezenas de cores magníficas estourando, estalando, crepitantes.
Iluminando o céu noturno com ofuscante brilho. Você pode dizer a
diferença entre a lenta queimadura constante e fogos de artifício, certo?

~ 99 ~
Ally pega a colher e cava em volta na embalagem de sorvete,
evitando o contato visual. — Sim, é claro.
— Então você saberia se não tivesse alcançado o orgasmo. — eu
pego minha colher do copo e lambo os restos de sorvete antes de
apontá-lo na direção dela. — Então me diga, Ally... Será que Evan
sempre fazer você se sentir fogos de artifício?
Ela fica quieta por alguns minutos, então eu sei que eu cruzei a
linha. Mas ao invés de me bater no rosto em todo o estilo novela ou sair
gritando para fora da minha casa, ela ri. Ela ri uma gargalhada
despreocupada que ilumina as trevas do meu coração solitário. O tipo
que é normalmente acompanhado por um ronco e/ou lágrimas nas
pequenas rugas ao redor dos olhos. O tipo de risada que me faz rir
muito, sem razão maldita em tudo.
— Não, — ela balança a cabeça, ainda rindo. — Não, Evan nunca
me fez sentir fogos de artifício. Oh meu Deus, quão patética eu sou?
Vinte e sete anos de idade e nunca tive um orgasmo! — A alegria a
supera mais uma vez, e ela dá um tapa no tampo da bancada.
— Ally... — eu digo, recuperando o fôlego. — Ally, você não é
patética. Isso faz dele o patético. Ele tem a perfeição em suas mãos,
mas ele não pode tirar isso de você? Você era pura e intocada quando o
conheceu. Imaculada. Você deu a ele um belo presente. O mínimo que
ele poderia ter feito era fazer você vir corretamente.
Isso recebe sua atenção, e todos os sinais de humor são apagados
de sua expressão. — Eu acho que você está certo. Isso nunca foi uma
prioridade para Evan. — seu rosto cai, tristeza rastejando sobre suas
delicadas características de porcelana. — Eu nunca fui uma prioridade.
Eu quero tanto tocar nela. Eu quero puxar o queixo dela para que
ela possa me ver... para que ela possa sentir a convicção nas minhas
próximas palavras. — Então por que diabos você gostaria de estar com
alguém que só faz você uma opção? Quando você claramente deveria
ser uma prioridade dele?
Seus olhos encontram os meus, dor desmascarada e confusão tão
evidente nessas esferas azuis. — Justice... não -
— Quero dizer, por que você iria colocar-se nisso quando você
sabe que merece muito melhor?
Ela balança a cabeça. — Eu não sei. Quero dizer, eu realmente
mereço coisa melhor? Há melhor que isso? Nós crescemos vendo os
líderes de nossa nação sendo trapaceiros e mentirosos. Ouvimos falar
sobre traição destruindo casamentos todos os dias. Qual é a
alternativa? Solidão?

~ 100 ~
Não. Eu. Eu sou a alternativa.
Mas isso seria uma mentira, não é? Isso me faria tão idiota
quanto Evan e todos os outros pedaços de merda que já machucaram
uma mulher.
— A felicidade, — eu digo, em vez. — A amizade. Liberdade.
— Ha, liberdade, — ela bufa. — Existe uma coisa para nós?
Quando nossas vidas são exploradas e passada na tv?
— A minha não é, — afirmo com naturalidade.
— Sim, isso é porque você não cresceu como um fantoche de
estimação do Upper East Side. Você deve ter tido uma verdadeira
infância, com pais que não deixavam você para serem criados por babás
e amigos que realmente gostavam de você por você, e não por quem
você poderia apresentá-los.
— Não tenha tanta certeza, — murmuro, revirando os olhos.
— Ah, é? Então como você escapou da loucura? Como você evitou
os paparazzi, a falsidade e desilusões de grandeza?
— Circunstâncias.
Nós dois damos de ombros e voltamos para pegar nossas
colheres. Eu não quero explicar, e ela não quer ouvir uma explicação.
Nós dois estamos confortáveis nesta ilusão de segurança e normalidade
onde espionagem de câmeras e tabloides incriminadores não existem.
— Ok, se você estivesse em um primeiro encontro com uma
mulher, você estaria mais impressionado se ela pedisse uma salada ou
um grande e suculento hambúrguer?
Eu levanto uma sobrancelha divertido com sua imprevisibilidade.
— Huh?
— Salada ou hambúrguer? Qual garota se sairia melhor para
você? — diz ela antes estatelando um montão de sorvete em sua língua.
Eu assisto com fascínio extasiado enquanto ela lambe a colher, muito
absorvido até mesmo para tentar responder a sua pergunta. Ally pega o
meu olhar e coloca a colher para baixo, com um sorriso travesso se
contraindo nos lábios. — Foco, Drake. Responda a pergunta ou eu vou
ser forçada a roubar o seu esconderijo de sorvete e comer tudo,
trancada no meu quarto sozinha.
Eu pulo fora do meu transe e dou de ombros. — O que você
espera? Eu sou apenas humano.

~ 101 ~
— Seu lapso repentino de distração não tem nada a ver com ser
humano e tudo a ver com você ser um homem. Então coloque a
testosterona no gelo e responda à pergunta maldita.
— Tudo bem, tudo bem. — eu inclino minha cabeça de um lado
para o outro, contemplando a minha resposta. — Eu tenho que ir com a
garota do hambúrguer.
— A garota do hambúrguer? Mesmo que ela cheira a fritas e tem
um caso de carne?
— Não, não, — eu rio, balançando a cabeça. — Porque ela não
tem medo de ser o que ela é.
Ambas suas sobrancelhas sobem em confusão. — O que ela é?
Quer dizer desleixada?
— Não, Ally, — eu sorri. — Real. Ela não tem medo de me mostrar
quem ela realmente é.
— Interessante, — ela comenta, batendo a colher contra seus
lábios. — Especialmente considerando que você começando a me
mostrar quem você é, é como arrancar os dentes.
Eu olho em volta, como se ela não pudesse estar falando comigo.
— Hum, eu tenho certeza que você está na minha casa agora. E temos
trocado cuspe compartilhando esse sorvete. Você ainda usou minhas
roupas!
— Mas você é tão vago! Você é como um cofre de aço que eu estou
tentando bater com um martelo de carne.
— Você tem uma estranha obsessão com carne hoje, — eu digo,
tentando resistir ao meu sorriso.
— Oh, seu desejo, amigo, — ela retruca, nem mesmo percebendo
o quão verdade que sua declaração é.
Ally repousa seu cotovelo na bancada, descansando o queixo na
palma da mão com um suspiro. — Não importa de qualquer maneira.
Porque você é cheio de merda.
— Ái, — eu me encolho.
— Você ia pegar totalmente a garota salada. Você iria buscá-la,
trazê-la de volta para a casa dela, em seguida, brincaria com as costelas
dela como um xilofone36.
Agora é a minha vez de rir histericamente. — Oh não!
Definitivamente não.

36
Aquele instrumento parecido com um piano.

~ 102 ~
— Todos os caras pegam a garota salada. É um fato
comprovado, — ela acena com a cabeça, confiante. — Meninas do
hambúrguer ficam sem amor.
O que tem essa garota? Ela é muito legal e bonita e engraçada, e
apenas... real. Ela é a minha garota do hambúrguer. Todo o resto é
apenas salada fria e insatisfatória.
Nós terminamos o resto do sorvete antes de ir para a sala de estar
para descansar o estômago. Ally arrebata o controle remoto e
instantaneamente muda um canal para um antigo episódio de Friends
sobre Nick-at-night. É o episódio em que Monica e Chandler se casam.
— Eu amo esses caras, — ela observa, se sentando ao meu lado.
Eu estico meu braço nas costas do sofá (nem sequer faça piadinha
sobre isso) e ela se enrola em mim ainda mais. Puta merda. Por favor,
não fique duro, por favor não fique duro, por favor não fique duro...
— Ah é? Por quê? —eu pergunto, tentando distrair minha mente.
— Bem... eles são melhores amigos. Seis amigos, que vivem perto,
experimentando a vida em conjunto. Dos percalços as desventuras de
amor, romance, amizade. Eu adoro tudo sobre eles.
Ross ameaça chutar o traseiro de Chandler, e Ally ri. Eu sorrio
para ela enquanto ela observa atentamente, com o rosto brilhando com
ternura. É como observar um ser extraterrestre, algo tão estranho e
exótico e excitante que você simplesmente não consegue parar de olhar.
Você não quer se mover, você não quer mesmo piscar, com medo de que
eles vão desaparecer no esquecimento.
— Tenho saudades daqueles dias, — ela suspira, enquanto vemos
Monica caminhar até o altar. Eu sei o que ela quer dizer, e algo aperto
meu peito. Quero me afastar e deixá-la viver sua memória sozinha
quando ela continua. — Não é o casamento. Só que o sentimento de
união. Ter amigos para experimentar os altos e baixos da vida com você.
Eu sinto falta disso.
Eu suspiro. Ally sente a ascensão e queda do meu peito e olha
para cima com uma careta. — Você não sente falta?
— Eu nunca tive isso.
— Oh, vamos lá. Nenhum velho amigo em Denton Academy que
você fez um inferno? Se a memória me serve bem, lembro-me dos caras
de Denton com uma boa reputação.
Eu balanço minha cabeça com um sorriso. Oh, eu fiz o inferno.
Merda, eu era lendário. Mas ela nunca saberia isso.

~ 103 ~
— Eu nunca tive amigos assim. Eu nem sequer tenho amigos
assim agora, — digo a ela.
Ally permite que sua mão derive até encontrar a minha. Ela
aperta, os olhos sorrindo como se acabasse de encontrar um brilhante
novo centavo. — Bem... você me tem. Eu sou sua amiga, certo?
Amiga. Amiga.
É isso que eu sou para ela? Existe alguma outra opção?
Eu vim a isto com a intenção de ser algo diferente. Seu professor.
Seu conselheiro. Seu guia.
Mas então... então eu queria ser outra coisa. Seu amigo, sim,
mas, inconscientemente, eu pensei que eu iria significar mais. Algo
mais profundo.
Seu amante.
Eu queria ser amante desta mulher. Amante desta mulher
casada.
Quão cansado e egoísta e toda a merda que isso me faz, é o que
eu quero. E mesmo sabendo que isso nunca poderia ser, eu ainda quero
essa ilusão. Eu quero cavar o meu coração com uma colher de chá e
colocá-lo em chamas para que eu possa ver claramente como isso vai
me destruir. Que esta mulher - esta delicada pombinha – vai me
destruir.
— Nós somos. — é tudo o que posso dizer sem ceder aos meus
verdadeiros sentimentos. Sem analisar tudo o que nós poderíamos ser
que atualmente atravessam minha cabeça.
Eu aperto o lado de seu braço e olho de volta na TV. Joey está
oficiando, e ele diz a Monica e Chandler para se beijarem mais uma vez.
Eu rio. Porque é isso que um amigo faria.

~ 104 ~
VÍCIO
SEXO, MENTIRAS, VIDEO TAPE E RUMORES DE
GRAVIDEZ?
O socialite Upper East Side, Evan Carr, foi pego com outra mulher
deixando uma clínica isolada em Hoboken ontem, vestido com roupas
simples, um boné de beisebol e óculos escuros. A mulher, também vestida
da mesma forma, parece ser a mesma mulher do vídeo de sexo que
surgiu há uma semana.
Os rumores de infidelidade não são novidade para o playboy
Manhattan de vinte e nove anos e fontes dizem que a mulher na fita e
fotografias é realmente a melhor amiga, Kelsie van Weiss, de sua esposa
Allison-Elliot Carr. Kelsie e Allison ambas participaram da preparação
para entrar em Santa Maria e até mesmo estudaram na Columbia juntas.
De acordo com fontes próximas ao casal, Allison, de fato, deixou sua casa
furtada na cidade e deu entrada em uma instalação de tratamento para o
vício em analgésicos, provocada pela traição. Nenhuma palavra sobre o
que centralizou este momento, mas fique atento para as últimas
notícias...

Eu li a história novamente. Então, novamente, na esperança de


que eu tenha lido errado. Quero dizer, é a internet. A merda fica torcida,
vira e mexe perde o sentido. Isto não pode estar correto. E daí se eu
ainda estou desfrutando a neblina cor de rosa deixada para trás pela
presença de Ally ontem à noite. Algo tão terrível, nojento e doloroso não
pode acontecer com ela. Nem mesmo um canalha como Evan pôde ser
tão baixo.
Eu fecho o alerta do Google no meu celular e vou para meus
contatos. Heidi atendi ao primeiro toque.
— Eu estou olhando para isso, Drake, — ela se encaixa sobre os
sons estridentes de buzinas e gritos de vendedores de alimentos.
— Diga-me que esta merda não é verdade.
— O quê? Você leu Page Six, certo? Está tudo no E! e TMZ.
— Eu sei. — eu silenciosamente repreendo-me por dar a Evan
muito crédito. É claro que ele seria perverso. É a sua verdadeira
natureza. É isso que acontece quando duas pessoas de merda procriam.
Elas nascem crianças de merda que crescem para ser maridos de
merda.

~ 105 ~
— Como eu disse, eu estou nisso. Nós temos informações da
Sra. Carr que vazou. Algumas fotos dela desfrutando de uma massagem
e tratamento facial que tiraram pela segurança. Tudo vai se acertar no
final. Quanto a Evan... não há nada que possa fazer...
— E você garantiu que o contrato seja exibido nos documentos?
— para fins fiscais, o Oasis é tecnicamente um spa ultra-exclusivo.
Poucas pessoas sabem que ele existe, e menos ainda realmente sabem
sua localização. Nem o FBI saberia onde procurar.
— Sim, é claro, Justice. Este não é meu primeiro rodeio, você
sabe.
— Poderia ter me enganado.
— E o que é que isso quer dizer? — Heidi pergunta,
aborrecimento em sua voz. Quando se trata de negócios, Heidi fica
muito sem sentido. Ela não é desafiada muitas vezes, ela não tem razão
de ser. Sua reputação fala por si.
Eu belisco a ponta do meu nariz, sentindo uma enxaqueca cavar
seu caminho de minhas pálpebras para minhas têmporas.
Definitivamente não é o jeito que eu tinha planejado passar a minha
manhã de sábado. — Eu pensei que tivesse te pedido para ter alguém
atrás de Evan?
— E eu fiz! Não podemos controlar cada movimento dele, Justice.
Na verdade, tenho outros clientes, você sabe.
— Eu não dou a mínima para seus outros clientes, Heidi. Tome
cuidado com isso. — Uma batida ressoa da porta da frente, e eu saltao
para os meus pés, ansioso e irritado. — Olha, corrija esta merda. A
última coisa que Ally precisa é de rumores falsos de dependência
química. Faça o que você precisa fazer. — fim.
Eu ando até a porta da frente, a minha paciência diminuindo a
cada passo. Muito preocupado, eu arranco a porta aberta, sem se
preocupar em olhar pelo olho mágico.
O olhar de Ally varre meu corpo, os olhos arregalados com deleite
curiosos e esses bloqueios vermelhos iluminados pelo sol da manhã
brilhante. Ela está vestida com jeans, uma camiseta de seda verde e um
casaco roxo, mais casual do que eu já vi. No entanto, eu estou menos
do que decente em calças de pijama de flanela macia... e nada mais.
— Bem, bom dia, — ela sorri maliciosamente, deslizando através
da porta, seu ombro pastando no meu. Ela está segurando um saco de
papel marrom e vai direto para a cozinha para deixar lá. Ela está
confortável aqui. Ela está à vontade comigo.

~ 106 ~
— O que você está fazendo aqui? — eu pergunto, rapidamente
fechando a porta, mas não antes de verificar se ninguém a seguiu aqui.
— Nooossa, você é mal-humorado pela manhã. Para sua
informação, eu queria surpreendê-lo com algo totalmente doce e
incrível, mas eu posso sair se quiser. — ela vira seu cabelo
dramaticamente e faz o seu caminho de volta para a porta. Eu passo em
seu caminho antes que ela possa sequer chegar perto.
— Desculpe, uh, eu não estava esperando você, — eu disse,
olhando para ela, resistindo à vontade de levar o meu dedo em seu o
lábio inferior de seu pequeno beicinho. — e eu tive uma manhã difícil.
Por favor, fique. Eu poderia usar algo totalmente doce e incrível. — eu
piscar a ela um sorriso, apenas para amolecê-la. Um rosto suave e
delicado que nunca deve franzir a testa.
— Você está zombando de mim, Drake? — ela sorri.
— Talvez. Depende do que você tem na bolsa.
Ally sorri, e o calor varre sobre mim. Não é o calor que eu sinto
quando eu imagino seu apertado pequeno corpo sobre o meu. Mas de
um palpável calor reconfortante. Seu sorriso é o sol brilhante e
contagiante. Eu prefiro ficar cego a ficar sem ele.
Ela se vira e coloca a sacola sob o balcão. — Bem, é seu dia de
sorte, porque, honestamente, isso é tanto uma surpresa para mim
quanto será para você. — Ela começa a desempacotar a sacola de papel,
despejando coisas sobre a bancada de mármore. — Primeiro – café da
manhã! Seu amigo Riku - que é fodidamente lindo, só para constar – me
fisgou com a minha comida matinal favorita, frango frito e waffles! — ela
tira a tampa de um grande Tupperware e os aromas deliciosos de massa
frita, especiarias preenchem o lugar. Meu estômago ronca em
aprovação.
— Você come frango e waffles? — eu pergunto, um passo à frente
para consegui um melhor olhar para a vasilha.
— Claro que sim, — ela exclama, orgulhoso. — Eu não posso nem
te dizer quantas vezes eu fui para Melba em Harlem. Você já foi?
— Não posso dizer se fui.
Ela dá um tapa em meu peito nu levemente solta um gritinho. —
Você tem que me deixar te levar! É demais!
— E, aparentemente, você tem que voltar no tempo até 1996 para
comer lá, — eu digo, fazendo ela me dar outro tapa brincalhão.
Ela ri e eu me junto a ela por reflexo e necessidade. Ally tem boas
intenções, mas ela nunca poderia saber o que ela está fazendo comigo.

~ 107 ~
Fazendo planos para depois disso, como se eu pudesse realmente ter
um lugar em sua vida fora destas quatro paredes? Como se ela e eu
pudéssemos continuar esta... coisa?
Eu não tenho certeza se eu deveria estar chateado com ela por me
dar falsas esperanças ou estar contente pelo fato de que ela me quer na
sua vida. Mas quando eu olho para ela, tão feliz - feliz comigo, eu posso
não sentir nada mais que uma farsa, mesmo que isso vai me matar
quando a cortina se fechar.
Ally levanta o prato até que esteja no nível dos olhos, me
provocando com os doces aromas de especiarias. — Cale a boca! Ou
você não vai ter nada disso.
— Riku fez isso?
— Sim. Ele ficou realmente muito surpreso com o meu pedido.
Acho que as outras meninas estão muito preocupadas em ganhar
algumas gramas para apreciar comida de verdade, — ela dá de ombros.
— Nossa, eu entendo por que mantém ele preso na cozinha. Ele
totalmente seria molestado por todas essas donas de casa com tesão!
Dou a ela um meio sorriso antes de virar em direção aos
armários, na tentativa de esconder o meu surto de ciúme. Eu não tenho
possessividade sobre Ally. Ela não é minha. Mas foda-se, eu nunca vou
ser racional.
— É legal da parte dele, — comento, tão friamente quanto eu
pude reunir.
— Sim. De qualquer forma, o meu plano é te encher com gordura
e colesterol, então eu estava esperando que você estaria satisfeito o
suficiente para me agradar...
Eu me viro com pratos e talheres, bem a tempo de pegar um olhar
tímido no rosto. — Humor é?
— Sim. — ela abaixa o prato, abre sua bolsa novamente, e
alegremente revela o próximo item, apertando-o contra o peito como se
fosse seu bem mais precioso. — Maratona de amigos!
— Você está brincando, certo?
Ally abraça o conjunto de DVDs e balança a cabeça. — Eu nunca
brinco sobre Friends37. Vamos, Justice! Vai ser divertido! Eu até trouxe
a comida, por isso não precisa sair de sua casa por um dia inteiro, —
diz ela, puxando sacos de batatas fritas e pacotes de pipoca para
microondas, doces e dois litros de refrigerante. — Só eu, você, Ross,

37
Se referindo ao seriado.

~ 108 ~
Monica, Rachel, Phoebe, Chandler e Joey. E suficiente de porcaria38
para entupir todas as nossas artérias.
Eu pego um saco enorme de amendoim M & Ms. — Onde você
conseguiu tudo isso?
— Eu implorei Diane para me ajudar, dizendo a ela que eu tinha
alguns sérios desejos e que só ficaria satisfeita com carboidratos. Eu
queria fazer a você uma oferta que não podia recusar.
Eu faço uma cara depreciativo e esfrego a parte de trás do meu
pescoço. A expressão de Ally cai em resposta. — Bem... suas artérias
obstruídas estarão em grande estilo nesta temporada.
Ally sorri e o sol queima os olhos. Olho de soslaio e sorrio
também.
— OH MEU DEUS. Isso foi...
— Mmmmm. — eu esfrego minha barriga cheia e engulo o último,
delicioso pedaço de frango frito crocante, waffle fofo e calda doce. É a
mordida perfeita.
— ... incrível, delicioso. Melhor do que sexo.
— Eu não sei nada sobre isso, — eu digo, limpando a boca com
um guardanapo. — Riku é um grande chef e tudo, mas nada é melhor
do que sexo.
— Hurum.
Eu levanto uma sobrancelha. — Hurum?
— Hurum. Quero dizer, não me interpretem mal, é muito bom.
Mas o sexo é só... Eu não sei. Apenas sexo. Eu entendo por que as
pessoas gostam tanto, mas eu só não entendo por que isso dá tanto
poder. É um ato físico do amor ou afeto, não o amor ou o próprio afeto.
Relacionamentos são sobre muito mais do que sexo. Trata-se de
confiança, lealdade, honestidade, bondade, respeito, todas as coisas que
não requerem uma mulher abrindo as pernas.
Eu a pego com um olhar perplexo. — Você sabe com quem está
falando, não é?
— Sim, sim, eu sei, Sr. Sexoexpert Extraordinário. E eu admito;
você sabe seu material. Mas você não acha que há outros fatores em
um relacionamento, ou seja, um casamento, o que pode superar o sexo?
Por exemplo, se seu amante é doce e sensível e te trata como um

38
Do original Junk food, é uma expressão pejorativa para "alimentos com alto teor calórico, mas com
níveis reduzidos de nutrientes".

~ 109 ~
tesouro, você não acha que o sexo seria incrível? Mesmo que isso não
fosse assim tão grande fisicamente?
— Não.
— Não?
— Não. — eu empurro meu prato para o lado e apoio os cotovelos
no balcão, me inclinando para ela. — Eu concordo que todos esses
elementos são necessários e exigidos em um relacionamento, mas para
ser honesto, tudo leva a sexo. Olha, somos doces e engraçados e gentis,
porque queremos sexo. Nós nos sentamos e assistimos filmes melosos,
teatro e ballet porque queremos sexo. Vamos esperar pacientemente
enquanto você tenta se equilibrar em um de peep-toe preto, porque
queremos sexo... enquanto você usa os sapatos.
— Pense nisso desta maneira: confiança, honestidade, respeito...
todas essas coisas são como os playoffs39 durante a temporada de
futebol. Você precisa jogar com eles. Eles são necessários para chegar
até onde você quer esta - o Super Bowl40. O sexo é o Super Bowl, Ally.
E, embora os jogos do playoff pode ter chego lá, eles realmente não
podem ganhar o jogo para você. Ninguém diz: ‘Eles jogaram muito nesse
jogo há algumas semanas, por isso está tudo bem eles estarem perdendo
agora.’ É como você joga o jogo no dia que importa. Essa é a única coisa
que as pessoas se preocupam.
Ally acena solenemente enquanto ela negligentemente rodeia os
restos de calda sobre o prato com um garfo. — Então... o que acontece
se você não tem todas as outras coisas? E se não há confiança, não há
honestidade, sem respeito? E se o seu parceiro perde todos os jogos?
Por que diabos eles ainda se sentem merecedores de sentar nas
arquibancadas, quanto mais jogar no Super Bowl?
Eu olho para baixo, onde sua mão continua a deslizar o garfo
através da calda pegajosa. A mão que abriga seu anel de casamento de
diamante. Então eu estou olhando em seus olhos, pedindo a ela para
me ver. Para me ouvir. — Talvez você esteja apenas torcendo para o
time errado.
Ela fica quieta, mas ela segura meu olhar, aqueles olhos
selvagens descobrindo cada camada complicada da minha admissão.
Eu sei que ela quer me perguntar o que eu quero dizer, e, neste
momento, não posso mentir para ela. Quando ela olha para mim desse
jeito, como se eu de alguma forma importasse em seu mundo, que eu
realmente ocupo espaço em algum lugar em seus pensamentos, ela

39
São as Oitavas de finais dos torneios que conhecemos.
40
Super Bowl é um jogo do campeonato da NFL (National Football League), a principal liga de futebol
americano dos Estados Unidos, que decide o campeão da temporada.

~ 110 ~
pode me perguntar qualquer coisa. E eu entrego a ela a cada um dos
meus segredos em uma bandeja de prata.
— Vamos lá, — eu digo, de pé e quebrando nosso transe. Eu
estendo minha mão, oferecendo a única coisa que posso oferecer a ela.
A única coisa que eu sou digno de lhe dar: o agora. — Eu quero ver
Friends com minha amiga.

— EU ACHO QUE ESTE pode ser o meu episódio favorito, — diz


Ally com metade de um Twizzler41 entre os lábios. Eu tiro um e coloco
na minha boca.
— Isso é o que você disse sobre os últimos cinco episódios.
— Eu sei, mas este é o melhor. Este é a único em que todos vão
para as Bermuda e os cabelos de Monica assumem uma vida própria. E
ela está andando por aí com aquele pequeno chapéu branco no topo
desta montanha maciça de frizz preto. Eu morro toda vez que eu vejo!
Balanço a cabeça e sorrio. Claro. Meus músculos faciais não
tiveram tanto de um treino desde... desde, bem, sempre. Olho para Ally
enrolada ao meu lado como um gato, seus pés nus escondidos debaixo
dela. Eu vejo como ela coloca os doces na boca e ri, por que ela sabe
qual piada está vindo. Ela aperta minha coxa e olha para mim, rindo.
Graças a Deus eu tinha sido esperto o bastante para colocar uma
camiseta e um par de jeans desgastados.
— O quê? — ela sorri.
— Nada. É só que... é fofo o quão você é viciada neste material.
Você provavelmente já viu todos os episódios pelo menos dez vezes, mas
você ainda acha engraçado. É um pouco assustador. Mas meio que
adorável também.
— Eu não posso ajudar, — ela dá de ombros. — É o meu vício.
Algumas pessoas fumam. Algumas pessoas gostam de bebida alcoólica
ou drogas. Eu sou viciada em reprises de Friends e sorvete.
— Você é tão besta.

41

~ 111 ~
— E às vezes, quando estou me sentindo realmente
impertinente, eu vejo Friends comendo sorvete. Hashtag #BOOM.
— Ok, isso é realmente assustador. E não da maneira que você
pensa.
Nós dois invadimos uma risada fácil, não filtrada, que me leva a
puxá-la para mais perto, sugando seu calor e bondade como um
demônio. Eu sei que eu deveria parar. Eu sei que não importa o quão
inocente eu possa tentar fazer minhas ações parecerem, elas não são
nada disso. No entanto, eu não posso parar. Eu não posso perder isso
agora. Posso nunca tocar um anjo novamente.
— Então Justice, qual é seu vício? — ela pergunta, pegando um
punhado de Sour Patch Kids42. — E não se atreva a dizer algo estúpido
e saudável como natação ou corrida, ou talvez eu tenha que reavaliar
essa amizade.
— Eu não tenho um.
Ela se levanta e se vira para mim, a descrença gravado em seu
rosto. — Eu chamo isso de mentira! Todo mundo tem um vício. Vamos
lá, há alguma coisa que você tem que ter? Um vício que faz você
psicologicamente feliz? Eu prometo que não vou julgar. A menos que
seja algo estranho como pornografia com cabras. Ou Crocs43.
Eu rolo meus olhos e abano a cabeça, sufocando uma risada.
— Oh meu Deus, é uma coisa estranha? É pornô com cabra, não
é? Ou pior, Crocs! Eu aposto que você tem uma coleção em cores
diferentes! Oh meu —
— Eu não gosto de Crocs.
— E eu que pensei que você fosse normal.
— Ou qualquer pornô estranho envolvendo animais de fazenda, —
eu digo sobre ela divagando induzida pelo açúcar.

42
Jujuba

43

~ 112 ~
— Então o que é? Fala logo, Drake.
Eu expiro e esfrego a parte de trás do meu pescoço, tentando
acalmá-la com uma resposta que não me faça parecer um idiota total.
Sexo.
Dinheiro.
Você.
Mesmo pensar nela parece errado, mas foram tanto o sexo quanto
o dinheiro que a trouxeram para mim.
— Trabalho, — eu resolvo.
— Funciona? Você é viciado em trabalho? — ela joga um pequeno
Sour Patch para mim, me acertando em meu ombro. — Que tipo de
vício é esse? Ahh que vergonha.
— Ei, não é minha culpa que eu não fui corrompido por junk food
e TV ruim. E eu gosto do meu trabalho. É importante para mim.
Ally torce seus lábios para um lado, e os seus olhos estreitam a
pequenas fendas. — Hummm... Você sabe o que faz, certo? Você não
está na cura do câncer ou na criação de biscoitos sem calorias.
Eu levanto uma única sobrancelha. — Mas ainda é importante.
Ele a trouxe aqui, não é?
Seu olhar cai, e me sinto imediatamente como um bastardo sem
tato lançando a sua presença no Oasis em seu rosto. Eu sou como um
peixe fora d'água... me preocupando com os sentimentos das pessoas,
pensando sobre o que passa nos meus lábios antes que eu apenas deixe
escapar para fora. Isso não é comigo. Este não é o Justice Drake que as
pessoas conhecem e detestam. No entanto, eu não quero ser de outra
maneira com Ally. Eu gosto de quem eu sou quando ela está por perto.
Pela primeira vez, eu posso simplesmente... respirar.
— Eu sinto muito. Eu não deveria ter —
— Não, você está certo, — diz ela, balançando a cabeça. — Você
está certo. Eu estou aqui. E eu estou feliz por ter vindo.
— Por quê? — a pergunta está fora antes que eu possa pará-lo.
Tem estado corroendo em mim desde o dia em que incendiaram o meu
paraíso deserto.
Ela balança a cabeça novamente, lançando os olhos para baixo
para os poucos restos de doces açucarados. — Eu vim porque... porque
eu pensei que era o que Evan queria. Eu pensei que iria consertar o que
estava quebrado. Mas logo percebi que você não pode consertar o que

~ 113 ~
está além do reparo. O que nunca foi realmente destinado a ser, em
primeiro lugar.
Eu não quero ler muito sobre suas palavras, mas eu não posso
ajudar esse pequeno indício de esperança que floresce no espaço entre
meu peito. Aquele pequeno espaço que bate quando ela sorri para mim,
todos os dentes brancos e lábios macios cor de rosa, como se eu fosse o
único que pode fazê-la fazer isso. Como se eu fosse o único homem no
mundo para quem ela reservou aqueles sorrisos.
É brega e doce e tão diferente de mim em todos os sentidos
possíveis, mas é a verdade. E depois de anos mentindo para mim
mesmo e tudo mais, é um dilema bem-vindo.
— E agora? — eu pergunto, fazendo com que o olhar dela chegue
ao meu.
— Agora?
— Você disse que estava feliz por ter vindo. Por quê? Por que
agora?
Vermelho beija seu rosto e ela sorri, olhando para trás para as
mãos timidamente. — Eu aprendi muito. Sobre mim e... sexo. Sobre o
que eu gosto e o que eu quero. — ela varre seus olhos de volta para os
meus e me dá um sorriso maroto. Eu nem acho que ela sabe que é
impertinente. Mas do jeito que eu posso sentir isso, até a ponta do meu
pau... oh sim, impertinente pra caralho. — Eu nunca fui exteriormente
sexual. Inferno, geralmente eu só usava o humor para disfarçar o meu
desconforto sempre que o assunto vinha à tona. Mas agora, eu me sinto
mais confiante e livre para explorar esse novo lado de mim. E é muito,
muito emocionante. Assim, mesmo que tudo isso seja para nada, e
Evan e eu não pudermos corrigir isso... Eu vou saber melhor da
próxima vez.
— Da próxima vez?
— Eu sei como ser uma amante melhor. Eu posso ser o que os
homens querem.
É preciso cada grama de auto-controle e bom senso para não
agarrá-la pelos ombros e agitar a merda fora dela, dizendo que ela é o
que os homens querem. Que ela foi perfeitamente projetada para ser
uma deusa para cada homem, que ela embeleza com sua presença. Não
há nada de errado com ela, nem uma coisa maldita. Mas como faço
para fazê-la ver isso - e acreditar nisso - sem parecer como uma fraude?
Ou pior: mostrar a ela que eu realmente sou uma?

~ 114 ~
— Você sabe que não importa o quão incrível você seja na cama,
Evan será sempre Evan, certo? — Ele sempre será um covarde, traidor
bastardo.
Ela franze a testa, mas acena com a cabeça em concordância. —
Eu sei. Eu sabia disso no dia em que me casei com ele. Ainda assim...
Achei que o casamento iria mudá-lo. Eu pensei que eu poderia mudá-lo.
— Equívoco comum, — eu falo, pegando um Twizzler. Eu toco seu
nariz com a ponta do mesmo em uma tentativa de aliviar o clima. Ela
pega a isca, mordendo-o como uma piranha faminta.
— Eu sei, eu sei, — diz ela, mastigando um bocado de alcaçuz
vermelho.
— E, honestamente, você não precisa fazer isso. Ele deve querer
mudar... por você. Porque você vale a pena.
Meus olhos ainda presos nela, eu deslizo os doces entre meus
lábios, tocando minha língua no lugar que ela só mordeu segundos
atrás. Seus olhos observam o movimento, estudando os meus lábios,
envolvendo a fina videira vermelha. É como se a beijasse, saboreasse.
Alimentando meu vício para ela. Ainda não é o suficiente, ainda assim,
muito mais do que eu deveria ter.
A sugestão de uma música pornô dos anos 80 e luzes diminuindo
passa pela minha cabeça, porque em circunstâncias normais, este seria
o ponto em que eu tiraria as roupas de uma mulher e enterraria seu
rosto no meu colo. Mas Ally não é uma mulher normal. E casada ou
não, eu nunca poderia tratá-la como eu tratei muitas antes dela.
O rosto de Ally está vermelho e ela se vira para a televisão,
aninhada no espaço - seu espaço - contra o meu lado.
— Eu retiro o que disse, — diz ela com um pequeno bocejo. —
Este é o meu favorito.
O episódio mudou, mas a turma ainda está em Bermuda. Monica
faz tranças em Derek e Ross fica com a garota de Joey, Charlie. Joey
não pode sequer estar realmente chateado, porque faz sentido. Ross é
um ajuste melhor; ele a merece. Ele nunca poderia dar a Charlie o que
ela quer. Ele nunca poderia realmente preenchê-la. Joey é um
mulherengo e irresponsável. Ele nunca vai mudar. Eles nunca mudam.

~ 115 ~
PAIXÃO
EU ANDO PELO PALCO, esperando, observando a
entrada como um falcão. Eu posso sentir minha ansiedade se
multiplicando a cada segundo, a lembrança do calor ardente de Ally ao
lado do meu corpo. Eu não tenho sido capaz de sentir qualquer outra
coisa desde que ela deixou meus braços apenas quando o amanhecer
iluminou o céu de manhã cedo no domingo, transformando-o em uma
tela de algodão doce.
Nós adormecemos algum tempo depois de Rachel e Joey
finalmente saírem. Ally estava enrolada ao meu lado como um pequeno,
gato selvagem, seus joelhos em cima do sofá. Com sua mão em punho
fechada na minha camisa e aquela cabeleira de fogo caindo em seus
olhos fechados, ela roncava suavemente contra meu peito, usando o
meu corpo como seu travesseiro pessoal aquecido. Eu acordei apenas
quando o sol espreitou sobre o horizonte, bem a tempo de assistir
tranquilo, a preguiçosa luz do sol dançando em seu rosto. Mesmo com
meus olhos nublados do sono, ela era gloriosa. Pura e renascida em um
novo dia com novas possibilidades. Novas oportunidades para estar ao
lado dela e deixar seu calor sufocar as consequências que restaram um
pouco além daquelas colinas irregulares na borda do meu oásis.
— Eu sei que vocês estão se perguntando por que eu pedi para
me encontrarem no nosso cinema esta manhã. Bem, hoje nós temos
uma demonstração especial. No entanto, antes de nós começarmos, eu
gostaria de saber como vocês todas manusearam sua lição de casa na
última sessão. Qualquer uma gostaria de compartilhar com a classe?
Um sorriso sarcástico repousa em meus lábios enquanto eu as
assisto se contorcendo em seus lugares e como elas imaginam os seus
corpos trêmulos em suas próprias mãos. Se eu não posso ajudá-las. Eu
saio desta merda. Não importa como eu me sinto sobre Ally e o futuro
que nós podemos nunca, jamais ter, eu não posso mudar quem eu sou.
E quem eu sou, não o marido de Ally. Por isso, não importa que eu ame
o que faço. Não importa que eu fique duro só de imaginar sobre uma
mulher deslizando os dedos trêmulos dentro da sua buceta lisa pela
primeira vez. E não importa que eu queira sexo, preciso de sexo, e
planejo ter sexo tão logo quanto eu possivelmente puder. Minha mente
pode estar em conflito sobre isso, mas o meu corpo definitivamente não
sente o mesmo. E depois da aula de hoje, a minha mente pode
rapidamente seguir.
Lacey é a primeira a levantar a mão, e ela sobe para os seus pés
com o salto alto agulha. Ela parece... Diferente, para dizer o mínimo.

~ 116 ~
Camisa vermelha apertada, sem sutiã, e uma saia de couro curta.
Huh. Interessante.
— Obviamente, que não foi minha primeira vez, — Lacey começa
com um ar de arrogância. Algumas de suas colegas reviram os olhos e
sussurram insultos sob sua respiração. — Mas eu soube aproveitar
bem esse brinquedo. Foi muito... potente.
Eu chamo de blefe. — O que você gosta sobre ele, Lacey?
— Um, ele era..., — ela gagueja, segurando a parte superior do
seu peito exposto. Um rubor arrasta o seu caminho a partir desse
pedaço de pele sugestiva até o pescoço pousando nas maçãs finas de
suas bochechas. — Foi poderoso. Forte. Assim como no momento em
que ele me tocou, eu podia me sentir perder o controle. Mas eu não
queria parar. Eu queria pressioná-lo mais duro. — ela fecha os olhos,
falando como se estivéssemos apenas nós dois na grande sala. Falando
como se ela estivesse comunicando alguma coisa para mim... seu
querer, seus desejos. — Eu precisava de algo dentro de mim.
Dou um passo em direção a ela, enchendo o quarto com uma
corrente invisível. Parece menor agora, mais íntimo. — E você colocou
algo dentro de você, Lacey?
Sua voz é áspera e cheia de necessidade. — Sim.
— E isso te fez sentir bem? — eu igualo o seu tom de voz afetada.
— Sim.
Minha voz mergulha ainda mais baixa. — Você veio Lacey? Você
veio com os dedos no fundo de sua buceta?
— S-sim, — ela mal sussurra.
— Bom! — eu declaro com uma salva de palmas alta das minhas
mãos, soltando-a de seu transe lascivo. Lacey visivelmente fica abalada
com a súbita mudança na atmosfera, sua respiração rasa e acelerada.
— Agora, vamos começar.
Se este tivesse sido um dia normal e uma classe normal, eu não
teria que a deixar tão facilmente. Eu teria abandonado meu lugar no
palco para ficar atrás dela, perto o suficiente para que ela pudesse
sentir o meu calor, mas longe o suficiente para que ela pudesse tremer
com a necessidade de ser tocada. Eu escovaria esses ombros nus
levemente e assistiria com fascinação quando seus arrepios
aparecessem instantaneamente. Ela tremeria de expectativa, mas eu
não lhe daria mais. Em vez disso, eu traria meus lábios para sua
orelha, perto o suficiente para que eu pudesse olhar para baixo e ver

~ 117 ~
seus mamilos sob o sutiã fino. Então eu sussurraria um comando, só
para ela, minhas palavras tanto intoxicando como assustando ela.
— Mostre-me como você se toca, Lacey.
Ela gagueja todas as razões pelas quais ela não deveria,
sacudindo a cabeça com firmeza. Mas seu corpo... Seu corpo cresce
quente de excitação. Ela fica molhada com essa sensação. Tão
fodidamente molhada que eu sinto o cheiro dela, dizendo-me que ela
não está nem mesmo usando calcinha para abafar o cheiro picante.
Quando a minha mão tocasse a dela, ainda segurando contra seu
peito, ela recuaria, mas ela não iria se afastar. Ela me deixaria guiá-lo
entre os seios inchados e para baixo sua barriga lisa, escovando o
pedaço de pele exposta, onde a bainha de sua camisa sobe. Então eu
deixaria os dedos brincarem com a joia no umbigo, manipulando cada
dedo como se essa barra cravejada de diamantes fosse de seu clitóris.
Demonstrando como eu poderia acariciá-lo para ela.
Quando ela começasse a ofegar e gemesse suavemente, eu
finalmente colocaria Lacey para fora de sua miséria e orientaria sua
mão ainda mais para baixo até que as pontas dos dedos roçarem os
topos de suas coxas. E eu sussurraria: — Vá em frente, Lacey. Toque-
se. Mostre-me como agradar você.
Mas eu não iria abandoná-la ainda. Ela não está confiante o
suficiente. Ela gostaria de acreditar que ela está, mas eu sentiria o
receio batendo em seu peito. Então eu aliviaria a mão para o ápice de
suas coxas, para o espaço úmido que dói para ser tocado. Ela quer que
eu faça isso, mas eu não o faria, e isso iria frustrá-la. Então, eu diria a
ela novamente, desta vez a minha voz mais rude, mais imponente. —
Toque sua buceta, Lacey.
Com lágrimas nos olhos, envergonhada, ela afundaria os dedos
entre suas dobras, provocando seu clitóris, assim como nós tínhamos
provocado sua joia no umbigo. Ela ficaria humilhada e um pouco
aborrecida com ela mesma, mas ela gemeria e deixaria a cabeça cair
para trás no meu ombro. Ela não seria capaz de se ajudar. Porque,
como mortificada como ela ficaria, estaria duplamente excitada. E eu
ficaria lá, com um sorriso satisfeito no rosto, porque eu a quebrei. Eu
desencadeei algo que estava inativo dentro de seus muros de inibição. E
quando ela afundasse o primeiro dedo profundamente dentro de si
mesma, enquanto eu e dez mulheres assombradas assistiríamos
maravilhados, ela sentiria isso também. E ela saberia que ela nunca
poderia ser enjaulada novamente.
Isso é o que eu faria em circunstâncias diferentes. É o que eu fiz
inúmeras vezes antes. Mas o pensamento de tocar Lacey não me excita.
Não faz o diabinho em mim regozijar com a oportunidade de reduzir ela

~ 118 ~
a uma bagunça se contorcendo no meu teatro. É algo que me faz triste
que eu nunca pensei que era o certo a se fazer. E mesmo sentindo um
pingo de remorso, irrita a merda fora de mim.
O diabinho fica no meu ombro, chicoteando sua afiada cauda
espinhosa na parte de trás do meu pescoço antes de espetar isso em
minha pele. — Fodidamente suave, — ele sussurra em meu ouvido. Eu
não posso nem ficar bravo com ele.

— OH SIM... sim. Bem ali, baby. Oh Deus, sim!


— Pare!
Eu chego tão perto quanto possível adequadamente do casal
posicionado no meio do palco. Eles olham para mim, seus olhos
encapuzados e com fome, mas eles param seus movimentos. O homem
ainda está enterrado profundamente dentro da quente boceta molhada
de sua amante, e ele está tomando cada grama de seu autocontrole
para não empurrar novamente. A mulher está nua e seu peito sobe com
sua respiração difícil e ela se inclina para trás para descansar na
poltrona de couro de formato estranho elevando sua pélvis.
Isso mesmo.
Nós estamos vendo pessoas fazerem sexo.
Como você ainda esta surpreso?
O casal é uma equipe de marido e mulher que ensinam ioga
tântrica na Califórnia. Eles também já são conhecidos por se envolver
em sexo na webcam em apresentações online, muito parecido com o
que eles estão nos dando hoje. A única diferença é que eu pago a eles
um pouco mais de US$2,99 por minuto.
— Agora vocês veem a forma como Brad estava empurrando a
Laura? Conte-me sobre ela. O que vocês a veem fazendo? — eu digo, me
dirigindo à classe. Como esperado, ninguém diz uma palavra. — Ok, já
que todas, obviamente, não estão prestando atenção, eu quero que
vocês observem as mãos de Laura. Vocês vão notar que elas estão
sempre em movimento - segurando a poltrona, beliscando seus
mamilos, agarrando a bunda do Brad e empurrando ele mais profundo.
As mãos são uma oferta inoperante para o sexo ruim. Você deve estar
arranhando seu amante como uma leoa faminta. Faça-o sentir como se
você estivesse tão sobrecarregada com prazer que você simplesmente
não pode ficar parada. Ok? Retornem.

~ 119 ~
O casal pega onde tinha parado, sem perder uma batida. Brad
prende as pernas de Laura por suas coxas e se movimenta dentro ela,
lentamente no início. Então, ele está pegando força, fodendo com ela
como um homem possuído. Laura cantarola o seu nome, passando as
unhas sobre seu peito nu.
— Vocês veem? Olhem para o que ela está fazendo, — eu digo,
enquanto seus dedos derivam para baixo para estimular o clitóris dela.
— E vocês veem como ela olha para ele? Como seus olhos ficam
trancados um no outro? O que vocês acham que o simples ato
representa?
— Intimidade, — alguém grita sobre gemidos do casal.
— Certo, — eu aceno. — O que mais?
— União.
— Paixão.
— Exatamente. — eu passeio ando pelo palco como se lá não
tivesse um show de sexo ao vivo ocorrendo a poucos metros de mim. —
Há dois tipos de amantes, senhoras. O tipo que fode e do tipo que é
fodida. Seja sempre o tipo que fode. Não importa em que posição você
esta, seja apaixonada. Seja envolvente. Comprometa-se com o momento
100%. — eu dou a todas elas um sorriso encorajador, sentindo uma
pontinha de orgulho pelo progresso delas. — Agora vamos ver o quão
bem Laura monta.
Mais uma vez, os dois facilmente se movem juntos em uma
coreografia perfeita. Brad se reclina para trás na cadeira e Laura se
escarrancha em seu colo, lentamente abaixando-se sobre seu
comprimento, ofegando na profundidade que a nova posição
proporciona.
— Quantas de vocês assistem filme pornô? — eu pergunto. Várias
das mulheres levantam suas mãos, sem hesitação. Eu nem sequer olho
na direção de Ally para ver se ela está entre elas. — Bom. Se
acostumem a assistir. Vocês podem aprender muito sobre posições
sexuais e atos que o seu parceiro pode estar interessado em tentar.
Nem toda a pornografia é criada igual; há verdadeiramente alguma
coisa que pode agradar a todos.
Laura começa a montar cada vez mais rápido, com o punho
fechado no cabelo de Brad enquanto ela salta loucamente. Ele agarra
seus quadris e a impulsiona para cima para encontrá-la intensamente
antes de chegar atrás dela e golpear sua bunda.
— Não tenham medo de uma pequena surra, senhoras. Isso pode
ser prazeroso para ambas as partes, e isso não significa que você é uma

~ 120 ~
masoquista ou qualquer rótulo de merda só por isso. Seu
companheiro não vai te julgar. Ele vai pensar que é insanamente
quente.
Todos os olhos permanecem paralisados na dança licenciosa que
se desenrola dentro destas paredes de teatro. Ninguém fala; ninguém
nem pisca. É eroticamente hipnotizante, é como assistir dois animais
em estado selvagem, mordendo e se debatendo enquanto eles tentam
dominar o outro para saciar sua necessidade carnal. Eu estou
fascinado pelo ato visceral e cru, tanto quanto isso me desperta. Talvez
até mais. É o basal da natureza humana na sua forma mais bela.
Laura grita enquanto ela persegue seu orgasmo, e Brad senta-se
para desenhar o mamilo dentro de sua boca, rosnando contra a pele
enrugada. Ele está tentando se segurar, tentando recuperar o controle
para que ele possa continuar a sentir ela, continuar transando com ela.
Parece bom demais para parar agora.
Alcançado o frenesi de tudo isso, eu olho para a plateia para
avaliar suas reações, e tudo a apenas... para. Laura e Brad caem, e
seus gemidos estridentes vão se acalmando para um sussurro. As
mulheres estão quentes de excitação em suas calças, os guinchos de
seus assentos quando elas cruzam e descruzam as pernas. Tudo isso
escurece e eu estou imerso em piscinas geladas de verde água, me
empurrando de minha linha de pensamento.
Ally olha para mim - olha em mim - olhos selvagens, e aquelas
bochechas coradas em vermelho na sua cascata de cabelo vermelho.
Seus lábios carnudos se separam apenas uma fração, como se ela
quisesse dizer alguma coisa para mim, mas ela só continua a olhar.
Talvez ela engasgue. Talvez ela gema. Talvez ela esteja tão sem palavras
como eu sou estou.
Eu sei o que está acontecendo agora a poucos metros de mim.
Mas eu não posso ouvir Laura enquanto ela grita com o clímax, caindo
em cima de Brad quando sua buceta se contrai. Eu não vejo a maneira
como ele sacode quando seus músculos internos se flexionam para
ordenhar seu orgasmo. Eu não posso me importar com nada além do
anjo ardente sentada a metros de mim. Todo o resto é ruído de fundo.
Mudo, sem cor e insignificante.
Ela se desloca em seu assento e lança seu olhar para baixo para
seu colo, me liberando de sua espera. Eu olho para ver Brad e Laura
trabalhar para descerem, beijando e tocando um ao outro, enquanto
seus corpos tremem. No entanto, eu não sinto nada. Eu me tornei
insensível a tudo.
Meu olhar varre a sala, pegando olhares de confusão, enquanto
onze mulheres aguardam minhas instruções.

~ 121 ~
— Hum, hum... hum...
Eu limpo minha garganta e tento novamente, mas as palavras
simplesmente não saem. Ally roubou a minha respiração e me reduziu a
uma patética gagueira. Não há mais nada a dizer - nada que eu confio
em mim mesmo para dizer.
Então eu faço a única coisa que eu possivelmente posso agora e
que não vai comprometer tudo o que eu pensei que eu realmente
queria.
Me viro e vou embora.

~ 122 ~
REFLEXÃO
EU TENHO QUE foder ela.
É o único jeito. A única coisa que vai limpar a minha cabeça e me
levar de volta para onde eu preciso estar. Então, sim... Eu vou transar
com ela. É o que ela quer de qualquer maneira, e isso é o que eu
preciso, é o certo. Eu vou apreciá-la; ela vai adorar. E uma vez que
minhas bolas não estejam tão pesadas quanto a minha consciência, eu
vou seguir em frente e terminar o trabalho que fui contratado para
fazer. Simples assim.
Meu dedo paira sobre o ícone de chamada, a hesitação rastejando
por todo o meu corpo, como ácaros. Basta fazer, seu idiota. Você sabe
que você quer.
Eu quero. De uma maneira ruim. Mas não pelas razões que eu
deveria.
Eu tenho que transar com ela. Tenho que fazer.
Que se foda.
Meu polegar apenas mal roça no ícone do telefone, e a linha
começa a tocar. Sua voz me cumprimenta momentos depois, parecendo
surpresa e encantada. — Justice?
— Sim.
— Estou tão contente que ligou.
Ela sabe o que é isso. Erin tem esperado por este momento há
anos. Ela podia ver isso em mim quando ela tinha passado por aqui - o
desespero, a confusão. O sentimento de culpa. Ela sabia que seria
apenas uma questão de tempo antes de eu vir rastejando de volta,
ansiando por sua bonita buceta rosa e aqueles seios perfeitos e rosados.
E que homem não gostaria?
— Quão alegre você está? — eu pergunto, meu tom de voz baixo e
rouco. Ao contrário de Jewel e Candi, Erin precisa ser acariciada e
alimentada primeiro. Com toda a honestidade, eu poderia ter
simplesmente chamado elas, mas eu estava desejando algo mais... Algo
mais íntimo. Além disso, elas são quase astutas como eu sou quando se
trata de ler a linguagem corporal. Elas iriam ver como eu estaria
desviando a uma milha de distância. Elas já tinham.

~ 123 ~
Um erótico som satisfeito ressoa na garganta de Erin. — Tão
contente, Justice. Eu gostaria que eu estivesse aí então você poderia
alcançar entre as minhas coxas e sentir como estou contente.
Isso deveria ter, pelo menos, despertado meu interesse. Talvez até
um pouco de formigamento ali em abaixo. Mas não tinha. Nada.
— Você quer estar aqui? — isso é certo. Eu vou jogar o jogo. Um
pouco de gato e rato irá obter o meu bombeamento do sangue.
— O que você acha? — ela interpreta seu papel impecavelmente.
Eu estou a ponto de dizer a ela para fazer uma mala e ir para o
aeroporto, onde um bilhete de primeira classe estará esperando por ela,
quando um som batendo com um chocalho ressoa em meu crânio. Um
Grilo Falante saindo de seu traseiro verde e decidiu finalmente fazer o
seu trabalho? Ou será que esse diabinho preparou um plano ainda
melhor para saciar nossas necessidades licenciosas?
Ouça os absurdos que eu estou pensando. Eu realmente preciso
foder mais.
O barulho ecoa pelo espaço novamente, antes que eu finalmente
perceba que não é apenas fruto da minha imaginação. É a porta.
Eu faço meu caminho para a cortina mais próxima aonde eu
espio para fora, meu celular ainda ligado ao meu ouvido. Eu
imediatamente me arrependo no segundo que meus olhos caem sobre
ela, tão brilhante, luminosa e viva.
Eu não quero brilhante, luminoso e vivo. Eu quero escuro,
desonesto e vergonhoso. Isso é o que pessoas como eu merecem.
— Uh, Olá? Justice? — Erin chama do receptor. Eu a ignoro e vou
para abrir a porta da frente muito mais rápido do que o que é
considerado aceitável para um homem como eu.
— Ei! — Ally sorri.
Ally sorri. É como uma música lírica, ou um antigo provérbio.
— Ei, — eu exalo de alívio, como se eu não tivesse respirado
facilmente sem a sua presença. Eu odeio como o meu corpo já a
conhece. Como ele reage de forma tão diferente para ela do que para
qualquer outra pessoa. Isso lhe dá seu poder sobre mim, algo que
ninguém jamais renunciou desde o dia em que eu me livrei do mundo
dela.
— Eu posso entrar?
— Olá? Oláaaaaa? — Oh merda. Erin.

~ 124 ~
— Me deixe ligar para você de volta, — eu murmuro ao telefone.
Ally levanta uma sobrancelha especulativa.
— O quê? — Erin diz em voz alta. — Quem é essa? Quem está aí?
— Talvez eu devesse voltar, — Ally sussurra sobre os guinchos
irritantes de Erin. Eu balanço minha cabeça para ela e seguro um dedo
enquanto ela tenta se afastar. Então eu me viro para que eu possa lidar
com Erin corretamente.
— Quem eu tenho em minha casa não é da sua conta, — eu digo
para o receptor, minha voz tão fria quanto o gelo e malditamente perto
de apertar o touchscreen. — Você me entende? Você é uma funcionária,
e nada mais. Mas da próxima vez que você pensar em abrir a boca para
me questionar, você não vai ser mais isso. — eu pressiono FIM para não
perder minhas merdas e assustar Ally, assegurando que ela nunca vai
voltar. Eu viro de volta para ela lentamente, esperando - rezando - que
ela ainda esteja lá.
— Uau, — diz ela, seus olhos arregalados e provocativos com
diversão. — Olhe para você, o chefão, estalando o chicote. Ái.
— Estalando o chicote? — eu sorrio maliciosamente, dando um
passo para o lado para que ela possa entrar. Eu acaricio sua bochecha
com apenas um dedo exatamente quando ela ruboriza. — Você queria
que você estivesse muita sorte.
— Sr. Drake, você está flertando comigo? — ela pergunta, girando
o rosto para mim com uma mão em seu quadril.
Eu fecho a porta da frente e me inclino para trás, cruzando os
braços na minha frente. — Eu não sei. Depende do porque você está
aqui. — eu sorrio, sentindo o desconforto gelado que há poucos
segundos me derreteu.
Relutância sombreia o rosto de Ally e ela olha para o chão. — Isso
é embaraçoso. O que é estúpido, vendo como eu já babei em você, e
você provavelmente me ouviu roncar. Enfim, vamos esquecer que já
aconteceu, capiche?
Eu saio da porta para ficar diretamente na frente dela e pego seu
rosto em minhas mãos, parando o seu divagar autodepreciativo. Ela é
tão macia, e eu sinto o calor do seu rosto em minhas mãos. É como
segurar fogo. — O que eu posso fazer por você, Ally?
Ela olha para mim com admiração naqueles olhos demasiado
grandes e seus lábios se partem, fazendo com que o meu olhar estude o
movimento. Pode ser isso. Este poderia ser o momento em que eu
confesso os meus pecados e beijo este belo anjo. Eu poderia provar o
céu pela primeira vez.

~ 125 ~
Faça. Olhe para ela - ela está implorando para você.
Beijar Ally seria tão fácil. Tocá-la, abraçá-la, saboreá-la... Seria
como respirar.
Eu quero respirar. Quero inspirar ela em todos os sentidos
possíveis. Eu quero a sua vida para me sustentar, seu batimento
cardíaco para sincronizar com o meu.
Mas eu não quero contaminar ela. Eu não quero que ela seja igual
a mim. Um trapaceiro. Desviado. Um pária. Ela merece algo melhor, e
eu não sou melhor. Não melhor do que o que ela já tem, que é Evan.
Ela não me quer. Ela tem a ele.
A compreensão é como ser despejado em uma banheira de água
gelada e eu passo para longe dela, retirando as minhas mãos da curva
de suas bochechas. Ally pisca rapidamente como se ela tivesse estado
sonâmbula.
— Então, hum, sim. Preciso de sua ajuda.
Eu corro a mão pelo meu cabelo curto cortado apenas para me
dar algo para fazer. Em seguida eu vou para a cozinha para pegar uma
bebida para minha boca subitamente seca. Eu pego uma chaleira para
o chá. Nah. Isso não vai fazer o truque. Suco? Água?
Vinho. Quando estiver em dúvida, vá sempre com vinho. Eu ergo
a garrafa e ela balança a cabeça, então eu pego duas taças, enchendo-
as com rico, líquido aveludado. Ally me encontra no meio do caminho
para tomar o dela.
— Então, como eu estava dizendo... — ela começa antes de tomar
um grande gole. — Eu preciso de ajuda.
— Já me disse isso. Se importa em me dizer com o quê? Porque
eu tenho certeza que eu poderia fazer uma pequena lista de coisas com
que você precisa de ajuda. De ajuda profissional.
— Eeeeei, — ela grita com ofensa fingida. — Foi preciso muita
prática para ser essa magnificamente estranha. Cara, eu era estranha
antes do estranho ser legal. Eu sou uma pioneira para o movimento.
Eu rio antes de tomar um gole de meu vinho. — Estranho nunca
foi legal. Somente as pessoas não legais acreditam nisso.
Mais uma vez, nós caímos nessa facilidade. Sem expectativas.
Sem jogos. Apenas verdadeiro, companheirismo genuíno. Eu rio de suas
piadas chatas. Ela balança a cabeça para mim. Sempre que olho para
ela, ela sorri. E, por sua vez, eu sorrio também.
Como eu poderia ter pensado que não havia espaço para mais?

~ 126 ~
— Então, de qualquer maneira. Sério, eu preciso de ajuda.
— Com o quê? — eu desço o último do meu vinho e vou para cima
fora de ambos os nossos copos.
— Eu tenho uma confissão a fazer: eu sou uma dançarina
horrível. Eu sei o que você está pensando - como pode alguém tão
graciosa e elegante ser uma dançarina tão ruim? Mas é verdade. Triste,
mas verdadeiro. E desde que Candi e Jewel vieram, eu tenho estado
realmente autoconsciente. Então eu estava imaginando se você poderia
me ajudar, grande amigo.
— Ajudar você?
Ela gira um cacho carmesim ao redor do seu dedo. — Me ensina a
dançar?
Eu coloco a minha taça na superfície plana mais próxima e ergo
minhas mãos que então não haja nenhuma má interpretação a minha
resposta. — Não!
— Ah, vamos lá! Você disse que estava sempre aqui para o que
quer que nós precisássemos. E eu preciso aprender como fazer a dança
ser quente. Para apertar o que minha mãe me deu. Para trabalhar meu
balanço. — Ally abaixa sua taça para agarrar suas mãos juntas na
frente do peito.
Em seguida, ela caminha em minha direção com um sorriso
travesso. — Por favor, oh por favor, Justice Drake. Ensina-me a
Dougie44?
Eu não posso nem fingir ser posto para fora por ela. Ela é
simplesmente tão malditamente adorável, olhando para mim, os olhos
brilhando com travessura inocente. Eu sorrio e balanço minha cabeça,
sabendo que eu não tenho chance contra o seu super poder ridículo.
— Tudo bem, — eu expiro, revirando os olhos.
— Tudo bem? — aqueles olhos animados dançam com prazer.
— Tudo bem. Eu vou ajudá-la.
Ela faz um som de um porco morrendo e salta para cima e para
baixo. Então, ela está agarrando meus ombros. E isso acontece. Seus
lábios estão me tocando - me beijando. É metade de um milésimo de
segundo e ela se afasta com a mesma rapidez, como se ela nem sequer
registrasse o que ela fez para mim. Para ela, é só um beijinho inocente
no rosto. Para mim, é o suficiente para fazer meu pau tentar

44
Dança do nado a cachorrinho (dançarina passa as mãos na frente e atrás da cabeça e remexe os
quadris como seu fosse um cachorrinho nadando).

~ 127 ~
descompactar manualmente minha calça, na esperança de que ele vá
conseguir um beijo também.
Ally faz seu caminho para o sistema de som localizado na minha
estante de entretenimento e conecta seu pequeno iPod rosa que ela
retira do bolso de seu casaco. — Eu tenho que ser honesta com você -
eu não tenho nenhum ritmo e tenho sido abençoada com o dom cruel
de dois pés esquerdos. Então seja gentil comigo.
Eu levanto uma sobrancelha para sua escolha de palavras, mas
ela está muito ocupada percorrendo sua lista de reprodução para notar.
— Como você mesmo sabe que eu posso dançar?
Ela me dá um olhar de lado momentaneamente antes de virar um
botão para ajustar o volume. — Eu vi você com aquelas strippers. Eu
tenho certeza que sabe exatamente que tipo de dança os rapazes
gostam.
Os sons de baixo crescem e perfuram o ambiente, juntamente
com batidas de tambor digitalizados. Que inicialmente surpreende a
merda fora de mim. Antes que eu esteja quase às gargalhadas na sua
irônica escolha de música, Ally tira fora seu cardigan e o balança ao
redor sobre a sua cabeça, rindo histericamente.
— Vamos lá, Magic Mike45! Me mostre como montar esse pônei!
E ela está certa - a menina não pode dançar. Nem para salvar sua
vida.
Ela dança em uma versão remixada da dança da galinha
cacarejando antes de tentar o Twerk46. E enquanto aquela dança não
deve ser realizada por qualquer pessoa - homem, mulher ou criança -
Ally definitivamente nunca, nunca deveria tentar. No começo eu acho
que ela tem cãibras no bumbum. Ou sua bunda adormeceu e ela está
tentando acordá-la. Eu não posso nem começar a falar, rindo tanto que
não consigo nem formar palavras coerentes. Merda, eu mesmo estou
bufando um pouco.
— Ah... Deus, pare! Pare! Você está... me... matando!
— O quê? — ela pergunta, inocentemente, ainda se inclinando em
convulsões. Ela franze a testa. — Estou fazendo isso? É o movimento?
Eu tenho praticado por semanas!

45
Ela faz uma referencia ao filme Magic Mike que é uma comédia dramática, estrelada por Channing
Tatum, Alex Pettyfer, Matthew McConaughey e Matt Bomer nos papéis principais. No enredo o
veterano stripper Magic Mike, interpretado pelo ator Channing Tatum, incumbe-se de ensinar todas as
artes da profissão a um aprendiz, The Kid, interpretado por Alex Pettyfer.
46
é um estilo de dança em que grande parte dos movimentos se concentram nos quadris e em
agachamentos.

~ 128 ~
— Ally! Pare! Você vai se machucar! — eu me curvo para colocar
minhas mãos em meus joelhos, lutando para recuperar o fôlego. Eu
olho para trás para ver ela batendo suas mãos, tentando conseguir que
sua bunda balance em sincronia com cada bater de palmas. Eu morro
de rir de novo, e lágrimas rolam pelo meu rosto.
— Tanto faz. Eu tenho isso. Eu tenho essa merda. Miley não tem
nada em mim!
— Eu disse que eu não podia dançar! — diz ela, empurrando o
meu braço com o dedo. Nós passamos 10 minutos somente tentando
recuperar a nossa respiração. Sempre que eu pensava sobre isso, eu
tinha um flashback dela curvada, seus quadris estreitos balançando a
sua bunda, com aquele olhar de pura determinação em seu rosto.
Felizmente, a música há muito tempo terminou e mudou para algo
menos lamentável, ou eu provavelmente teria cortado o meu baço.
— Puta merda, Ally. Você não pode. Você realmente não pode.
Ela rola em seu lado e olha para mim, algumas lágrimas de riso
ainda em seus olhos. — Então você acha que... você acha que é por isso
que Evan faz o que faz? Quero dizer, se eu sou péssima balançando
minha bunda, eu provavelmente não posso fazer ... outras coisas, certo?
Eu me viro para encará-la, uma sensação estranha substitui a
hilaridade que eu senti apenas alguns segundos antes. É algo como
tristeza e compaixão e raiva tudo enrolados em um, e comprimido no
vazio do meu peito. É muito intenso de sentir, muito complexo para
descrever. Mas eu sinto isso. Eu sinto isso por Ally.
— Vamos lá, — eu digo me levantando. Eu estendo a mão para
ajudar ela. — Eu nunca seria capaz de me perdoar se eu deixar você
acreditar que era qualquer coisa remotamente perto da dança.
Ally me deixar puxar ela para cima, alisando o vestido sobre os
quadris. — Bem, então. O que você chama isso?
Eu toque na ponte de seu nariz sardento. — Apreensão.

— ENTÃO É TIPO ASSIM?


— Sim, só assim. Mergulhe seus quadris um pouco mais.
— Tipo assim?
— Sim. Bom. Agora moa sua bunda em mim.

~ 129 ~
Eu sei o que você está pensando.
Eu estou, obviamente, pedindo por isso. Eu tenho que ser um
pouco masoquista, que vai dar a si mesmo bolas azuis. Mas me ouça.
Ally precisava de ajuda, e depois de ver ela tão vulnerável e
exposta, agarrando sobre qualquer esperança de que ela pode
redirecionar a atenção de Evan, eu tive que dar o melhor de mim.
Além disso, eu realmente só queria senti-la roçando sua bunda
contra mim enquanto minhas mãos apertam seus quadris. Eh, eu sou
somente um homem. Processe-me.
— Eu me sinto estúpida, — diz ela com uma bufada. Eu a sinto
tentando escapar, mas eu seguro ela mais apertado, amaldiçoando a
fina camada de algodão macio que mantém os meus dedos de tocar sua
pele. Eu não me importo se ela sinta a minha ereção pressionando
contra sua bunda. De certa forma, eu quero que ela sinta. Talvez ela
terá somente uma vaga ideia do que ela faz para mim.
— Você não parece estúpida embora. Você deveria ver você
mesma.
— Sério?
Eu giro em torno dela para me enfrentar. — Realmente. Me deixe
te mostrar.
— Eu levo Ally para o meu quarto, assim como a música muda
para algo lento e sensual, porém igualmente provocante. O quarto está
escuro, com apenas a luz do corredor filtrando para iluminar nosso
caminho. Eu acendo uma lâmpada de cabeceira, iluminando o espaço
apenas o suficiente para ela veja o que eu vejo.
— Fique aqui, — eu ordeno gentilmente, posicionando ela na
frente do espelho com moldura dourada que vai até o chão postado ao
lado do meu armário.
— Você está brincando, certo? Você quer que eu dance na frente
deste espelho?
Eu tomo meu lugar atrás dela, deixando apenas uns poucos
centímetros entre os nossos corpos. — Você queria ver como você
parece sexy. Aqui está a sua chance.
A luz suave enfeita os contornos de suas maçãs do rosto e os
lábios enquanto ela olha para mim através do espelho. — Mas isso é
tão... — sua voz é apenas um sussurro rouco, mas eu a ouço alto e
claro. Deste ângulo, eu posso ver tudo dela. Eu posso admirar o rubor
de sua pele e a forma como ele viaja de seu rosto para os topos de seus
peitos. Eu posso ver a maneira como suas pálpebras se abaixam

~ 130 ~
quando ela balança seus quadris de um lado para outro, como se
estivesse embriagada de energia fluindo do meu corpo para o dela. E ela
pode ver a forma como as minhas mãos serpenteiam ao redor da
cintura dela para descansar sobre seu estômago, pressionando ela em
mim enquanto eu ligeiramente empurro contra ela.
Ally separa sua boca e algo animalesco e faminto escapa de seus
lábios. Ela continua se movendo, rolando seu corpo com o meu, em
sincronia com a batida. A música é lenta, mas a batida é contagiante.
Eu sinto os tambores no meu peito, as cordas em minha alma. Os meus
movimentos são tão fluidos e instintivos como se eu estivesse
deslizando em Ally, bem aqui e agora. Como se estivesse transando com
ela por trás, aqui na frente deste espelho, observando ela se desfazer em
meus braços.
Minhas mãos se movem de seu estômago até suas costelas, e eu
sinto sua respiração se tornar mais profunda como se ela estivesse
ofegando um precioso ar. No entanto, ela parece completamente
tranquila neste momento. Tanto que ela deixa seus olhos fecharem
enquanto ela se perde na música e na sensação. E assim que eu a vejo
morder seu lábio inferior, com a cabeça reclinada para trás no meu
peito, eu me perco nela.
Este é o lugar onde eu deveria parar. Onde eu deveria fazer
alguma brincadeira estúpida que vai quebrar a tensão palpável que tem
nossos corpos fundidos juntos, meu peito em suas costas, a minha
frente na curva da sua bunda. É o que é inteligente e responsável. É o
que eu faria se isso fosse em outro tempo, e outra garota e outra vida.
Mas isso é tudo o que tenho agora, e eu não posso ver além da visão da
sua estrutura firme aninhada em mim. Eu não posso sentir nada, além
do meu corpo encaixando em volta dela como uma luva, e suas mãos
deslizando seu caminho até o meu pescoço antes de se fechar em meu
cabelo.
Ela vira sua cabeça em direção a minha, e ela toma uma
respiração sobre meu pescoço como um beijo sussurrado. Eu puxo ela
para mais perto, e os meus lábios apenas mal roçando sua testa. Ela
não vacilou, apenas continua se movendo comigo, olhos fechados. Meus
lábios se movem para baixo para escovar o veludo suave de sua
pálpebra, seu rosto quente. E quando ela não faz um movimento em
protesto, o espaço e o tempo diminuem com o peso deste momento.
Meus lábios encontram os dela como se tivessem se conhecido
desde sempre. Como se eles nunca tivessem beijado outro conjunto de
lábios que foram tão suaves, tão doces. Eles se submetem a mim, e
minha língua toca a dela, a princípio lentamente, enquanto nós
aprendemos o sabor um do outro. Então, nós dois estamos com fome e

~ 131 ~
com paixão enquanto Ally gira seu corpo para ficar de frente para
mim, permitindo que a minha boca se conecte totalmente com a dela.
Nós nos comunicamos sem palavras, estabelecendo gemidos
guturais e apertos de roupa e cabelo. Eu a empurro contra o espelho,
segurando seu rosto para que eu possa prová-la mais profundamente.
Ela traz uma coxa até meu quadril e de bom grado a agarro, levantando
seu corpo com as palmas das minhas mãos. Ally envolve suas pernas ao
redor da minha cintura, prendendo-a pelos tornozelos, e dando o acesso
das minhas mãos sobre a pele revelada por seu vestido. Eu deveria ser
gentil e tomar isso lento, mas eu estou morrendo de fome por ela. Muito
faminto para pensar em parar agora ou vir para respirar.
Meus dedos cavam em sua bunda, eu trabalho meu comprimento
duro em seu sexo sobre a fina camada revestida. Eu fodo com ela
através de algodão e rendas, enquanto minha boca faz amor com sua
mandíbula e pescoço. Maldita roupas; eu quero elas fora. Eu preciso ter
a sua pele na minha; eu preciso fazê-la gemer mais do que apenas com
o meu beijo. Eu preciso dos meus lábios e língua para provar as partes
dela que estão úmidas e molhadas das quais eu posso sentir o calor
através das minhas calças.
— Espere.
Eu não consigo dizer se é um sussurro ou gemido, ou mesmo
apenas minha imaginação. Grilo Falante e sua empata foda podem ir
para o inferno.
— Espere, Justice. Espere! Pare!
A água fria inunda minhas veias, extinguindo o incêndio no calor
do momento na minha virilha. Eu lentamente coloco Ally para baixo em
seus pés e dou um passo para trás, para que ela possa endireitar suas
roupas uma vez que sua situação esteja perfeitamente pressionada.
Então, ela pode apagar qualquer evidência de que eu estava entre suas
pernas, reduzindo ela a uma bagunça desgrenhada de língua faminta,
mãos frenéticas e gemidos apaixonados.
Eu fecho meus olhos por um segundo mais longo do que um
piscar de olhos e exalo a minha frustração, tentando com vontade
desacelerar minha pulsação. Ally está tentando desesperadamente
alisar o cabelo para baixo. Ela toca seus lábios e se acalma, como se a
memória deles se fundindo com os meus só agora derramassem
adentro.
— Oh meu Deus, — ela sussurra. — Oh meu Deus, o que nós
fizemos?

~ 132 ~
— Ally... — eu passo em sua direção com o meu braço
estendido, mas não me atrevo a tocá-la. — Ally está tudo bem. Não é tão
ruim quanto você pensa.
Ela finalmente olha para mim pela primeira vez desde antes de
estar com ela na frente do espelho. As primeiras estrelas caindo se
derretem e deslizam pelas suas bochechas, seus lábios estão tremendo.
— Eu sou casada, Justice! Isso é exatamente tão ruim quanto eu
penso que é. Eu não sou algum tipo de... prostituta... que simplesmente
beija caras que não são seu marido. Essa não sou eu! Nada disso...
nada disso sou eu!
Desta vez eu aperto seus ombros, ordenando sua atenção. — Ally,
esta é você. Esta é quem você é. Você pode ser tão estranha e boba e
pateta quanto você quiser comigo. Eu não me importo sobre seu cabelo
parecer perfeito ou com as etiquetas você veste. Eu não dou a mínima
para quem você conhece ou com que você foi para a escola. E eu
definitivamente não dou a mínima para Evan, que não saberia como ser
leal e honesto, mesmo que ele tivesse uma porra de uma arma na
cabeça. Então foda-se ele. E foda-se sentir culpado por finalmente
tomar o controle de seus desejos. Você queria me beijar, Ally. Você
queria me beijar tanto quanto eu queria beijar você.
— Não, — diz ela balançando sua cabeça com firmeza. Ela remove
minhas mãos para longe e se vira, dando-me suas costas. — Eu não
quero isso. Eu não quero ser uma traidora.
— Você não é uma pessoa ruim, Ally. Não há nada errado com o
sentimento da maneira que você faz.
Ela balança a cabeça novamente e quase corre para fora do meu
quarto. Eu estou imediatamente em seus calcanhares, recusando a
deixá-la descartar sua vida, e o verdadeiro desejo que tem estado entre
nós desde o começo. — Você não pode fugir disso. Você não pode
simplesmente agir como não houvesse nada entre nós.
Dor misturada com raiva ferve sob a superfície da minha pele, e
eu persigo atrás dela enquanto ela tenta correr para a porta.
— Realmente, Ally? Depois de todo o tempo que nós nos sentamos
aqui - aqui nesta merda de sala de estar - conversando, rindo, e apenas
estando aqui, você quer agir como se eu nem sequer me importasse?
Como se o que nós dois sentimos não importa? Diga-me que não teve
importância, Ally. Vire-se de volta, porra, e me diga que você não queria
o que aconteceu lá atrás!
Sua mão está sobre a maçaneta da porta e ela se inclina para
frente, a testa pressionada contra a porta. Eu não posso ajuda-la. Eu
não posso suportar essa distância entre nós. Eu não posso perder esse

~ 133 ~
anjo apenas para ser lançado no inferno para sempre sozinho. Em um
último ato de desespero e loucura, eu envolvo meus braços ao redor
dela, cobrindo completamente o corpo dela com o meu. Eu quero ela tão
imersa em mim quanto eu estou no dela.
— Por favor, Ally. Apenas fique, — eu sussurro urgentemente,
beijando a concha de sua orelha. — Fique, ou me diga que você não
quer isso. Que eu sou um tolo por querer você como eu quero.
Eu ouço o clique da maçaneta da porta e os estilhaços da
esperança como vidro se quebrado, caindo para a terra dos sonhos
despedaçados e dos momentos roubados. Uma terra onde os sorrisos de
Ally são mais brilhantes do que o sol, e seus risos são a trilha sonora de
felicidade pura e imaculada.
— Você é um tolo, — ela grasna, afastando-se dos meus braços.
De mim. — E eu não quero isso.
Parte de mim fica na porta, esperando que ela volte. Na esperança
de que ela irá mudar ideia e me escolher. Nos escolher.
A outra parte de mim está no fundo da piscina se afogando,
enquanto um milhão de estrelas minúsculas olham para mim com
pena.

~ 134 ~
AFLIÇÃO
— A LIÇÃO DE HOJE É muito simples. Então vamos
direto ao ponto, não é? Abra o pacote na frente de vocês.
Aguardo os sons das travas de metal e a ingestão horrorizada de
onze respirações, mas eu não olho para qualquer uma delas. Eu não
faço contato visual. Não hoje.
— O que vamos fazer com isso? — Lorinda. Ou talvez Maryanne.
Ou ... porra se eu me importo.
— Chupa-los.
— O quê? — outra senhora fodida von Clueless.
— Vocês vão aprender a chupar, — eu digo mais alto, minha voz
transportando em toda a sala. Eu fecho os olhos e conto até dez, na
tentativa de obter uma alça sobre a minha merda.
— Agora, se vocês todas vão ser tão amáveis para remover os
vibradores do pacote e colocá-los na mesa na frente de vocês, podemos
começar.
— Você realmente espera que façamos isso? — outra pergunta,
com a voz dela fazendo-me estremecer. — É repugnante e degradante.
— E isso é exatamente essa linha de pensamento que força o pau
do marido de vocês na boca de sua babá.
— Isso é doente!
— Essa é a porra da verdade. — eu massageio a parte de trás do
meu pescoço e respiro fundo. Está um completo silêncio, exceto pelo
som do incessante batendo no meu crânio.
Estou de ressaca.
E não uma pequena ressaca.
Eu estou um monte de ressaca.
Além disso, eu pareço uma merda. Eu não fiz a barba e só tive
tempo de tomar uma chuveirada antes da aula começar. Minhas calças
simples e camisa de linho branco estão amassadas e meu cabelo eu só
penteei com o dedo. E a minha boca tem gosto de uma ostra crua que
ficou sentada sob o sol do deserto durante todo o dia.

~ 135 ~
Como disse, eu pareço uma merda. E eu provavelmente cheiro
como se eu tivesse entrado em um barril de Jack, em vez de bebê-lo,
que agora está vazando dos meus poros.
Eu engulo contra a secura em minha língua, mas sem sucesso. —
olha, se vocês quiserem aprender a fazer essa merda e fazer o certo, eu
vou te ensinar. Se vocês estão muito presas a estereótipos, ou acham
que Jesus não vão te amar mais, então não há jeito. Então o que é que
vai ser, senhoras? Vocês querem que os maridos de vocês a olhem para
vocês como uma dona de casa? Ou, como a sua prostituta pessoal?
Vocês escolhem.
Ninguém responde, mas todas elas ficam mortificadas em seus
lugares, olhando com horror aos vinte e dois centímetros de vibrador
realísticos na frente delas.
— Bom, — eu aceno com uma careta. Porra, isso dói. — Vamos
começar.
— Não tenha medo dele, Maryanne. Ele não vai te morder.
Eu vejo quando a mulher desliza os lábios trêmulos sobre a ponta
do pênis de silicone. Sua língua cor-de-rosa dá uma lambida antes de
facilitar a sua cabeça para baixo, levando-o em sua boca
completamente.
— Ótimo. Isso é bom. Deixe-o tocar o fundo da sua garganta e
delicadamente chupe enquanto você puxa para fora lentamente.
Ela está de acordo, olhando para mim com grandes olhos
castanhos, buscando validação. Eu dou um tapinha nas costas dela e
aceno antes de passar para a próxima dona de casa.
— Shayla, use a sua língua, baby, — eu cantarolo, descansando
uma mão quente em seu ombro quando eu me agacho ao lado dela. —
Lamba a ponta quando você puxa para cima. Faça um redemoinho ao
redor da cabeça. Imagine degustar essas pequenas gotas de pré-sêmem.
É assim que você sabe que ele está pronto para você; você está fazendo-
o sentir-se bem. Agora, quando você aliviar ele de volta em sua boca,
coloque pressão sobre a parte inferior de seu eixo.
Assim como Maryanne, Shayla faz exatamente o que eu digo,
deixando seus olhos imaginarem a sensação de um quente pau
pulsando e deslizando entre seus lábios. Eu quase sorri com orgulho,
quando um gemido burburinha no fundo de sua garganta. Ela sente
isso também. O pensamento trazendo um homem de joelhos com a boca
dela está ficando quente. Merda, isso até mesmo me ficar um pouco
quente.
Ao lado de Shayla, Lacey está tentando sugar o plástico.

~ 136 ~
— Devagar, Lacey. Lentamente. Sensualmente. Leve o seu
tempo. — eu coloco a minha mão na parte de trás de sua cabeça e
empurro para baixo lentamente, forçando-a a combinar com o meu
ritmo. — Devagar, querida. Assim mesmo. Prove cada centímetro;
saboreie. Coloque mais dele em sua boca, baby. Isso mesmo... todo o
caminho até o fundo da sua garganta.
Eu gentilmente pego o cabelo dela, quando ela solta um gemido
abafado. — Ok, agora um pouco mais rápido. Chupe mais forte, baby,
mas continua suavemente. Coloque essa linda boca molhada por toda
parte.
Puxando seu cabelo um pouco, eu acelero até a cabeça de Lacey
constantemente balançando para cima e para baixo. Quando ela toma
conta do vibrador e começa a chupar com entusiasmo, eu deixo ela ir e
dou um passo para trás, admirando o pequeno monstro que eu criei.
Eu incentivo ativamente mulheres enquanto elas exploram a arte
do sexo oral, saindo de seu desconforto óbvio e inexperiência. Isto é
exatamente o que eu preciso para me distrair da pressão em minhas
têmporas, e a raiva descansando na parte de trás do meu pescoço. Sem
mencionar a dor no meu peito. Eu me fecho sobre isso. Eu fechei tudo
para fora, concentrando-se apenas no meu trabalho. Que é exatamente
o que diabos eu deveria ter feito o tempo todo. Não brincando com uma
mulher boba enquanto ela chora sobre seu marido traidor e de um
casamento fraudoso. Não sentado vendo dezenas de episódios sem
sentido e comendo porcaria, enquanto ela se aninha contra o meu lado
como a provocadora que ela é. E não deixo que ela me leve a acredite
que eu fui nada mais do que a ajuda contratada, alguma droga
equivalente a um amigo gay.
Como cheguei a esse ponto? Como diabos eu perdi de vista tão
facilmente o que eu sou e o que eu represento?
Eu não posso nem culpá-la. Ela é simples, insípida e superficial.
Ela não podia se afogar nas profundezas de seus pensamentos
mesquinhos. Então eu não posso segurá-la e ser responsável por deixar
isso acontecer. Deixei-a em quando eu jurei que nunca iria acontecer.
Eu deveria ter sabido melhor. Eu sabia que tipo de pessoa ela era,
desde o dia em que ela deixou bem claro que eu era um estranho. Um
ninguém. Nem mesmo bom o suficiente para ser honesta comigo. Eu fui
um brinquedo novo e brilhante para brincar, em seguida, descartar
quando ela se cansou de mim.
Meus pensamentos me levam à mesa de mogno que está sentada,
mas eu não olho para ela. Eu só sei que é ela por seus sapatos - as
mesmas sandálias que batia contra o pavimento quando ela intrometia

~ 137 ~
em minhas noites à beira da piscina. As mesmas sandálias que ela
escorregava sob a piscina para ondular os pés sobre a água.
Eu odeio essas malditas sandálias. Eu deveria ter dito isso a ela.
Nenhum homem quer uma mulher usando essas coisas. Eles querem
que as mulheres usem saltos. Lindas plataformas. Saltos que parecem
fodidamente sexys quando estão usando sobre os nossos ombros ou
enrolados em nossas cinturas. Não há uma merda sexy sobre essas
sandálias. Elas são como chinelos, algo apenas a um passo de ser um
Crocs.
A porra de um Crocs.
— Você está fazendo isso errado, — eu deixo escapar
bruscamente, antes de meu pequeno momento de reflexão dar uma
guinada para o pior.
— O quê?
Eu ainda não a olho. Eu só mantenho meus olhos treinados sobre
as sandálias e seus pequenos dedos pintados de rosa para fora deles.
Mesmo os dedos dos pés são adoráveis.
Hmph. Adoráveis.
Eu nunca fui um fã de algo adorável. Bebês bochechudos são
adoráveis. Os filhotes são adoráveis. Às vezes até mesmo velhinhas
chamadas Ethel. Nenhuma dessas coisas se equiparam a sexy. Então,
ela não deveria ser.
— Eu disse, você está fazendo errado, — eu digo mais
severamente.
— Eu ouvi isso. — sua voz é pequena e triste. Assim como ela é. A
triste, mulher pequena e adorável. — O que estou fazendo de errado?
— Tudo.
— Tudo? — ela parece derrotada. Como se ela quisesse tanto ter
sucesso nisto para que ela pudesse dar Evan o boquete de sua vida,
assegurando que ele nunca iria se desviar. Como se ela quisesse ser a
super boqueteira do Upper East Side e apresentar seus talentos em um
outdoor na Times Square.
— Sim. Você está fazendo tudo errado. — desculpe, Super
boqueteira Junior. Nenhum livro de negócios para você.
Eu começo a me afastar, um pouco satisfeito comigo mesmo,
quando sua voz pequena, triste me para de meus pensamentos.
— Você pode me ensinar como fazer?
Posso ensinar a ela como fazer?

~ 138 ~
Posso ensinar a ela como fazer?
Eu mordo de volta a minha resposta, o que, provavelmente, seria
composto por eu dizendo a ela exatamente onde ela poderia ir e
aprender a fazer isso. Então eu pego um momento para respirar antes
de formular uma resposta mais profissional. — Se você precisar de
ajuda extra, Sra. Carr, eu sugiro que você faça uma consulta durante o
horário comercial.
— Uma consulta? — eu posso ouvir a confusão e a dor em sua
voz.
— Sim. Uma consulta. Isso é o que os clientes fazem quando eles
acham que eles precisam de mais ajuda do que o habitual. Quando sua
inexperiência sufoca a sua progressão. Eu não posso te dar atenção
extra só porque você quis e tomar o tempo precioso da classe. Isso seria
tolo da minha parte, você não acha? — eu respondo laconicamente,
dando a ela de volta suas próprias palavras.
Seu rosto se contorce como se eu tivesse dado um tapa nela, com
os olhos duas vezes o seu tamanho e boca aberta. — O que você está
fazendo? — ela sussurra, embora já seja tarde demais. Temos uma
audiência. E agora, esses caçadores de fofocas cheiram merda fresca se
mexendo Ainda assim, eu me inclino para perto, invadindo seu espaço
pessoal e roubando seu ar. Eu a quero tão desconfortável quanto eu
estou. Eu quero ela tão exposta e humilhada e ferida como ela me fez.
— Eu estou fazendo o meu trabalho, Sra. Carr. Exatamente o que
o seu marido me paga.

ATÉ O MOMENTO QUE EU dispenso as senhoras para o dia,


estou exausto, tanto mentalmente quanto fisicamente. Tudo dói. Eu não
posso pensar de uma parte de mim que não dói a cada passo que eu
dou de volta para o refúgio da minha casa. E não é só o meu corpo que
sente. Estou muito tenso, muito nervoso. Eu sinto que eu poderia
explodir a qualquer momento.
Eu sei que eu fui um filho da puta na sala de aula como a forma
como eu falei com Ally, mas merda, ela precisava. Ela precisava ver
quem eu sou... e o que ela deixou em mim. Por mais que eu odeie, ela
causou a bagunça que eu sou agora. Então, parabéns, Allison Elliot-
Carr. Você sozinha fodeu meu dia e me deu bolas azuis. E você me fez
lembrar por que eu desprezo pessoas como você... por isso que eu odeio
o mundo de onde você vem, e por isso que eu me emancipei dele.

~ 139 ~
Obrigado, Ally. É cadelas como você que criam bastardos
insensíveis como eu.
— Hey!
Eu ouço o barulho dessas malditas sandálias de novo, e minha
pele vai de úmida a quente. Eu tento continuar caminhando, ignorando
sua abordagem.
— Eu disse: Hey! Você quer me dizer o que diabos é o seu
problema?
— Faça uma consulta, a Sra. Carr, — eu lato sem me virar para
dirigir a ela quando eu me atrapalho com as fechaduras na minha porta
da frente. Maldição, eu não tenho tempo para esta merda.
— Eu não dou a mínima para seus compromissos, Justice. Por
que você está agindo assim? — sua voz está bem aqui, bem atrás de
mim. Eu posso quase sentir o seu hálito quente em minhas costas.
Quando ela está perto, a sua mistura de calor com o meu, eu não posso
nem responder. Estou cansado demais para esta merda. Exausto
demais para sequer tentar entender o que aconteceu entre nós. Talvez
eu imaginasse tudo isso. Talvez Ally fosse completamente inocente e
platônica comigo. Eu poderia ter interpretado mal seus sinais. Merda,
talvez ela realmente olhasse para mim como seu melhor amigo gay.
— Hey, — ela diz suavemente, colocando a mão na minhas costas
molhadas. — Fale comigo.
Eu não percebi o quanto eu poderia me perder em um simples
toque. É tão fácil deixar ela fazer seu caminho de volta para os meus
braços e sorrir para mim como se ela fosse o sol e eu sou todas as
estrelas em seu céu.
Quando você passa a vida no escuro, olhando e desejando por
algo melhor, algo mais brilhante, você não percebe o quão solitário você
é. Não até que o sol brilhe, iluminando todos os espaços vazios e
enchendo-os de calor bonito. Mas quando o sol abandona você, tudo
parece mais escuro e mais frio do que antes.
Mais vazio.
Solitário.
Eu me forço a empurrar a porta e entro, nem tenho certeza se ela
está se arrastando atrás de mim. Quando eu me viro, ela está de pé na
minha sala de estar. Eu quero que ela fique; eu quero aqueles sorrisos e
aquela risada maníaca e suas piadas bobas. Mas eu não quero que essa
sensação volte com força total quando ela sair novamente. Eu só posso
fazer isso uma vez, assim, para todos os efeitos, eu vou fazer isso
direito.

~ 140 ~
— O que você quer, Allison?
Ela hesita, olhando ao redor da sala. Me viro de costas e começo a
fazer o meu caminho para o quarto. — Pode sair.
— Espere, — ela grita. — Eu só... por favor, Justice. Eu não posso
deixar as coisas assim.
Eu a encaro com um huff, meu aborrecimento tão palpável
quanto o atrito pendurado entre nós. — Assim como?
— Eu sei que eu te machuquei e —
— Eu não estou magoado.
— Oh. — ela parece surpresa, como ela esperasse ter me ferido.
Como ela soubesse que ela era fodidamente importante para a minha
felicidade. Ela balança a cabeça como se ela estivesse apenas
percebendo que ela não é. Nem perto disso. — Bem, eu sei que não
deveria ter levado você a acreditar em nós... que poderia haver mais do
que amizade entre nós.
Dou um passo em direção a ela, com um sorriso zombeteiro nos
lábios. — É isso que você pensou que era?
— O que você quer dizer? — ela franze a testa.
— O que, você pensou que eu era seu amigo? Você pensou que eu
realmente gostei de você? Que eu queria transformar em algo mais? —
eu rio ironicamente, o som áspero e muito alto mesmo para os meus
próprios ouvidos. — Allison, você é uma cliente. Uma obrigação. Não
minha amiga. Eu não tenho amigos, e se eu tive, eu certamente não iria
procurar uma em você.
— O quê?
Eu me movo rapidamente, raiva e agravamento guiando cada
passo, até que eu estou a um escasso centímetro de seu rosto. Medo
faísca por aqueles olhos azul-turquesa e ela engasga com surpresa,
aqueles macios e doces lábios tremendo. Eu imagino mordendo-os,
sugando-os em minha boca e provando essa trepidação.
— Será que eu gaguejei porra? Você não é minha amiga e você
nunca vai ser. Você é amiga de suas empregadas domésticas? O de seu
motorista? Você me paga por um serviço e eu sou um empregado. Fim
da história.
Ela finalmente encontra o bom senso e dá um passo atrás, nojo
gravado naquele rosto lindamente manchado. — Por que você está
agindo assim? Como você pode dizer que nós nunca fomos amigos,
Justice? Eu te disse coisas. Coisas pessoais. E você agiu como você
realmente se importasse. Você foi tão atencioso e legal —

~ 141 ~
— Legal? Legal? — eu grito, o som perfurando meu crânio. A dor
não é nada comparada com a dor se espalhando no espaço frio e oco no
meu peito. O espaço que o sol já não toca. — Eu não sou agradável,
Ally. Não há uma merda agradável sobre mim.
Ela aperta os olhos como se ela agora estivesse me vendo pela
primeira vez. — Assim parece.
— Ótimo. Me viro de volta ao redor, esperando me sentir
triunfante. No entanto, aquela dor vazia só continua se espalhando até
que esteja na minha garganta, me sufocando. Eu mal posso respirar,
mas eu não posso deixá-la ver isso. Eu não posso mostrar a ela o que
ela fez para mim... o que ela está fazendo comigo agora. — Você pode
sair, — eu coaxo, através da pressão sobre minhas cordas vocais.
Eu fico completamente imóvel até ouvir o clique da porta atrás de
mim. Eu exalo, liberando um som que é muito quebrado e irregular por
ter possivelmente vindo de mim. Eu não me sinto como eu. Eu me sinto
como um impostor que rastreou o seu caminho em meu corpo,
embainhou a minha pele e controlou os meus ossos, como se tivesse
mudado minhas marchas. Ele disse essas coisas para Ally, não a mim.
No entanto, eu sou o único deixado com as consequências.
A pressão no peito e na garganta se alastram como a bile subindo,
e eu trabalho para retirar minhas roupas, desesperado para lavar os
restos dela do meu corpo. A água do chuveiro está quente, mas eu não
sinto isso. Eu sinto tudo nada, a emoção e a sensação me
sobrecarregando a ponto de entorpecente a dor. É demais para digerir,
tudo demais para manter perfeitamente contido sob meu manto de
desapego. Eu estou falhando em uma coisa que eu sempre fiz tão bem.
Eu provo o sal na água que pulveriza sobre o meu rosto,
enquanto suspiro. Eu me inclino contra a parede do chuveiro para me
preparar para me sentir doente, embora a discórdia não esteja no meu
estômago. Eu bato meu punho contra o azulejo e sufoco uma maldição
frustrada. Preciso de alívio. Estou quebrando de dentro para fora, e se
eu não limpar essa doença do meu corpo, ela vai me consumir como um
câncer.
Eu corro meus dedos sobre meu comprimento e vejo com os olhos
embaçados o despertar de meus comandos. Endureço quase que
instantaneamente, e eu exalo com alívio com o primeiro movimento da
minha mão. É uma sensação boa, quase boa o suficiente para eclipsar a
pressão em outras regiões do meu corpo. Ansioso para perseguir esse
sentimento, eu pego minhas bolas pesadas com a outra mão e um
profundo gemido gutural me escapa. Eu fecho meus olhos e me entrego
ao prazer e nada mais.

~ 142 ~
Meus golpes crescem urgentes e desesperados, e eu ofego
ruidosamente com esforço doloroso. Sinto alívio se fechando, atirando a
partir da base da minha espinha e infectando meus músculos com calor
branco. Sensações piscam em minhas coxas e se arrastam pelo
caminho até a minha virilha. Ele afunda em minhas bolas e aperta em
um quente nó latejante, roubando toda a força do meu corpo, em
preparação para o lançamento.
Apenas mais alguns golpes e eu estarei livre. Eu vou ser
emancipado de qualquer sentimento de merda que eu já tive por Ally.
Tudo o que tive em breve serão lavados pelo ralo até que seja dissolvido
em nada.
Se eu não tivesse sido tão consumido com a sensação da minha
mão apertando esta aflição do meu pau, eu teria sabido que eu não
estava sozinho. Eu teria pelo menos detectado o movimento no outro
lado da porta da ducha. Eu teria sentido esses olhos em mim, meus
momentos mais vulneráveis em exposição através do vidro fosco. E eu
gostaria de ter antecipado o ar fresco batendo minhas costas nuas
quando a porta se abre atrás de mim.

~ 143 ~
POSSE
EU REPRIMO um gemido na minha língua e abro os
olhos inchados, mas eu não viro a cara para meu intruso. Eu
sei que ela está lá, mas não posso deixar que ela me veja assim - olhos
avermelhados de lágrimas e pau duro e latejando na minha mão. Ela já
me vê como um selvagem, - alguém para corromper sua perfeição, sua
pequena existência e substituí-la por algo selvagem e desviante. Talvez
eu esteja. Talvez eu realmente seja o vilão nisto. Não seria a primeira
vez.
A porta se fecha e eu suspiro de alívio e exasperação. Ela viu o
que ela precisa ver. Ela vai voltar para Evan, percebendo que seu lugar
era com ele o tempo todo. E eu... eu sou apenas algo temporário.
Mãos quentes envolvem em torno da minha cintura e eu vacilo
com a sensação inesperada da pele macia, um contraste tão grande da
minha. Eu olho para as mãos delicadas em meu estômago enquanto
Ally passa os dedos sobre o meu abdômen. Eu quero perguntar a ela o
que ela está fazendo, mas eu tenho muito medo que ela vá parar. Eu só
quero que ela me toque, mesmo que seja uma mentira.
As mãos dela abaixam ainda mais, e eu me masturbo quando ela
envolve uma palma em volta do meu comprimento ainda endurecido,
inchado e persistente à beira de lançamento. — Ally — eu gemo por
meio de um soluço. Eu não posso dizer se é de prazer ou dor.
— Shhh, — ela sussurra, seus lábios na minha pele. — Deixe-me
fazer isso. Por favor.
Ela beija minhas costas enquanto sua mão lentamente acaricia
meu pau. Ele pulsa freneticamente sob seu alcance, emoção e
antecipação correndo pelas veias rígidas. Seus dedos acariciam a ponta
antes de ela torcer o pulso e levar tudo na mão dela, apertando com a
pressão perfeita. Com o calor de sua pele segurando meu calor
escaldante e seus lábios beijando nas minhas costas, eu estou me
afogando na sensação.
Ela parece tão bem aqui, me tocando, explorando as partes mais
íntimas de mim. Com a mão ainda me fodendo, a outra atinge as
minhas bolas. Ela torce a mão em volta do meu pau com cada curso e,
em seguida, puxa suavemente com a outra. Golpeia, puxa, golpeia,
puxa. Não é doloroso, mas a mistura de sensações está me deixando
louco. O aperto da mão dela no meu pau me faz querer vir, jorrando

~ 144 ~
minha semente em toda parede do chuveiro. No entanto, o suave
puxão minha base me força segurar, prolongando o prazer intenso.
Eu estou fodidamente estupefato.
A necessidade de tocá-la, beijá-la, torna-se irresistível, e eu,
relutantemente, me viro para encará-la. Eu vejo aqueles olhos se
arregalarem, maravilhada quando ela pega no meu corpo nu, meu pau
de pé alto e orgulhoso. Ele fica no meio de sua barriga, ainda coberto
por seu vestido, agora encharcado completamente. Ele se apega ao seu
corpo molhado como uma segunda pele, e seu cabelo ruivo grudado em
seu rosto e pescoço.
— Justice... — ela sussurra, seu olhar levando-se em cada
centímetro de mim. Seus lábios tremem, seja por medo ou de estar
molhado e com frio. — Você é... você é lindo.
Eu a envolvo em meus braços, e no momento em que meus lábios
tocam os dela, eu me sinto revivido. Eu não tinha respirado desde que
ela se afastou de mim na noite anterior. Eu não sabia que eu era um
homem morto até que eu tive a vida dela sobre mim – em mim -
degustando esperança e perdão. Ela enrola os braços ao redor do meu
pescoço e minhas mãos fazem o trabalho de despir a roupa encharcada,
ansiosas para sentir sua pele deslizar contra a minha. Eu a empurro
contra a parede do chuveiro e me afasto apenas tempo suficiente para
chicotear seu vestido pela cabeça. O sutiã é o próximo, e o minúsculo
pedaço de renda que é a calcinha, segue rapidamente.
Eu sei que deveria ir devagar e tomar meu tempo com ela; Eu
posso não ter outra chance de beijar um anjo novamente. Mas, com o
sabor de Ally na minha língua, e sua pele macia, suave pressionada
contra a minha, compartilhando meu calor, eu não posso nem pensar
em parar agora.
Lendo minha mente, ela enrola sua perna em volta da minha
coxa, e estamos de volta para onde estávamos há quase 24 horas atrás
– eu entre suas pernas e seus tornozelos fechados na minha cintura. No
entanto, sem a barreira de nossas roupas, meu pau desliza diretamente
contra sua fenda macia. Tudo o que tenho a fazer é dobrar os joelhos
um pouco mais e eu vou estar dentro dela.
Tanto quanto eu quero estar com as bolas enterradas
profundamente dentro dela, eu quero fazer isso durar. Quero Ally se
lembrando deste momento para sempre, mesmo que seja um acaso.
Mesmo que eu nunca toque o céu novamente. Eu quero que ela lembre-
se que eu comandei seu corpo como ninguém e dei a ela o que ela
anseia. O que nunca foi dado a ela antes.

~ 145 ~
Com ela montada na minha cintura, eu chupo um mamilo na
boca enquanto belisco o outro com meus dedos. Ally suspira alto e
escava as unhas curtas em meus ombros. Minha outra mão a segura
pela bunda, e eu a deixo escorregar ainda mais para baixo, encontrando
sua entrada molhada. Com meu pau esfregando ritmicamente contra
seu clitóris, eu insiro a ponta de um dedo dentro de sua vagina,
fazendo-a gritar. Ela é apertada, e eu sinto sua buceta pulsando,
implorando por mim. Eu empurro mais e começo a fodê-la com o dedo
lentamente, ainda brincando com seu clitóris com meu pau enquanto
continuo lambendo seus seios com a minha língua.
Eu sou um excelente multi-tarefas.
Quando eu empurro um segundo dedo, eu sinto suas paredes
tremerem, se aproximando do orgasmo. Ela descontroladamente geme,
arranhando meu cabelo e os ombros. Eu pego o ritmo dos meus quadris
com meus dedos e chupo e mordisco seus mamilos ainda mais duro.
— Espere, espere, oh Deus, — ela lamenta.
— O quê? — eu respondo contra seu mamilo enrugado. Eu
desacelero, mas eu não paro. Eu não podia parar, mesmo se eu
tentasse.
— Tem alguma coisa errada comigo. Eu me sinto estranha. Ah...
não... está muito forte... oh.
Eu retomo o meu ritmo e sorrio maliciosamente contra sua pele
aquecida. — Não há de errado. Você está vindo, baby. Você está vindo
para mim.
Eu pressiono a ponta do meu pau diretamente em seu clitóris e a
seguro, o pulsar da sua buceta ficando fora de controle. Com um grito
estrangulado, o corpo de Ally fica rígido, antes de uma inundação de
umidade molhar completamente meus dedos e se acumular em minha
palma. Eu monto as ondas de seu orgasmo, facilitando o atrito com o
clitóris e deixando minha boca trilhar até a dela para beijá-la
profundamente, engolindo seus pequenos gemidos de prazer.
Ela puxa os lábios dos meus, seu rosto corado e os olhos
sonolentos. — Eu vi as cores. Tantas cores aparecendo, brilhando no
meu céu. — Ally sorri e a luz toca cada espaço vazio e frio dentro de
mim. — Fogos de artifício.
Com ela ainda em meus braços, eu desligo a água e abro a porta
do chuveiro. Ela grita e ri quando o ar frio nos atinge, enterrando o
rosto molhado na curva do meu pescoço. Eu rio junto com ela quando
eu desajeitadamente faço o meu caminho para o quarto, ainda com o
pau duro e seus quadris apertados em volta de mim como um macaco

~ 146 ~
aranha. Nós despencamos na cama, molhados e eu coloco as cobertas
sobre nós quando me aninho suas coxas.
— Justice, eu só quero dizer que estou —
Coloco um dedo sobre os lábios antes que ela possa terminar. —
Shhhh. Não faça isso. Sou eu quem deve pedir desculpas. Mas não
agora. Eu não quero pensar em nada a não ser isso. Nada mais além de
seu corpo e o que eu pretendo fazer para ele para o resto da noite.
Ela beija o meu dedo e agarra a minha mão, deslizando a ponta
do dedo entre os lábios, mordendo-o alegremente. — Faça o seu pior,
Drake.
Eu a beijo profundamente, consumindo cada pedacinho de sua
boca. Ela envolve seus braços e pernas em volta de mim, e meu pau
desliza entre suas dobras, com a cabeça inchada cutucando sua fenda
molhada. Eu balanço meus quadris para trás e para frente,
reacendendo essa deliciosa fricção do chuveiro e Ally geme contra a
minha língua.
— Oh Deus, coloque dentro. Coloque, por favor, — ela lamenta.
— Coloque o que, querida? — eu sorrio, olhando para sua
expressão de fome.
— Isso.
— Isso? — eu balanço minha cabeça e a imprenso um pouco
mais, o meu pau enfrentando sua entrada. — O que é isso, Ally? Se
você quer, você tem que dizer isso.
Ela aperta os olhos com força, e um belo rubor pinta suas
bochechas. — Seu pau. Eu quero o seu pau em mim. Por favor.
Apertando os dentes, eu dirijo dentro ela, provavelmente mais
rápido do que deveria, mas estou tão ansioso como ela está. Os olhos de
Ally se abrem com o choque e seus lábios abrem em um O. Um
estrangulado grito fica preso na parte de trás de sua garganta.
— Isso? — eu ofego, a sensação de seu corpo apertado me
envolvendo é quase demais. — É isso que você estava se referindo?
Ela acena com a cabeça freneticamente, tentando engolir um
gemido. — Sim. Sim. Agora cale a boca... e me foda.
O anel de palavras na minha cabeça correm em uma doce
melodia, como se Ally acabasse de abrir a caixa de Pandora e
desencadeasse todo desejo lascivo dentro de mim. Eu retiro até a ponta
e empurro de volta para ela, sentindo o tremor e alongamento em mim.

~ 147 ~
Deus, é tão bom. Muito bom. Tão bom que todas as terminações
nervosas dentro de mim estão picando vermelho brilhante, me
sinalizando para parar. Eu retiro rapidamente, antes que a sensação
disso dissolva cada senso comum que me resta.
— O quê? — ela geme, um olhar quase magoado no rosto.
— Porra, — eu digo em frustração. Chego até a mesa de cabeceira
e recupero um preservativo da gaveta de cima. Os olhos de Ally crescem
grandes com a visão do pequeno pacote brilhante.
— Oh, — ela sussurra, tentando olhar para qualquer coisa,
menos eu, enquanto eu rasgo o pacote.
— Sim, — eu desenrolo o látex e posiciono sobre a cabeça do meu
pau, ainda brilhando com sua doçura.
— Espere. — a mão de Ally está sobre a minha, puxando o
preservativo a distância. — Espere. Você não tem que... você não tem
que usá-lo. Eu confio em você. E eu espero... Eu espero que você confie
em mim também.
Sento-me para trás em meus calcanhares para que eu possa
avaliar seu rosto claramente. — Eu confio. Eu confio em você, mas... —
porra. Como posso dizer que é em Evan que eu não confio? Que eu não
deveria fazer isso por causa de seus hábitos de traição?
— Nós sempre usamos preservativos, — diz ela, lendo minha
mente. — Sempre. Eu não confio nele. Mas... Justice, eu confio em
você.
Eu lanço o preservativo de lado, não dando a mínima para onde
ele cai e me deito sobre o corpo de Ally, avidamente sugando sua língua,
enquanto eu empurro lentamente o meu pau dentro dela. Ela cantarola
sua apreciação, sorrindo contra meus lábios quando eu balanço minha
pélvis para cima, garantindo que eu alcance esse ponto doce. Ela
trabalha seus próprios quadris com os meus, encontrando-me impulso
por impulso, me chupando para mais fundo dentro dela.
Por que ela está aqui? Eu pergunto a mim mesmo quando eu
deslizo minha mão debaixo da sua bunda, nivelando-a para que ela
possa receber tudo de mim.
Quer dizer, eu estou feliz pra caralho que ela veio, mas Ally não
tem de estar aqui no Oasis. Não há nada de errado com ela. Não há
uma coisa maldita. O jeito que ela geme enquanto acaricia e arranha
minhas costas; a maneira como suas coxas macias apertam minha
cintura, me dizendo para ir mais fundo; a maneira como seu corpo se
move perfeitamente com o meu, como se nós fôssemos feitos para fazer
isso. Como se fosse especificamente concebido para me fundir com o

~ 148 ~
meu... Ally não precisa de qualquer ajuda sobre como ser uma boa
amante. Ela já é. Ela já está aonde eu jamais poderia esperar. E parte
de mim sempre soube que ela estaria.
Fogo lambe minhas coxas e inflamam as brasas na base das
minhas bolas e eu sei que todo o senso de controle será abandonado de
mim em breve. Sua vagina começa a tremer, persuadindo a bola de fogo
em mim. Eu a sinto ficar mais molhada para mim, pronta para apagar
meu fogo com o seu próprio fluxo de rendição.
Uma mão em sua bunda e a outra descendo para esfregar seu
clitóris, eu pego o ritmo dos meus impulsos, ansioso para me afogar em
suas águas quentes. Ally chora em êxtase e seus dedos encontram seus
seios, onde ela começa a apertar e beliscar. Eu me inclino e chupo um
mamilo endurecido em minha boca, em seguida lambo o outro
enquanto Ally pressiona-os juntos, oferecendo a eles a minha língua e
dentes.
Eu fodo todo seu corpo, submergindo em sensação. Ela está
rouca de gemer, gritando meu nome. Entoando o quão bom eu me
sinto. O quão profundo que eu estou. Como se ela quisesse que eu
continuasse indo e nunca parasse. Nunca, nunca parando porra, ou eu-
vou-morrer-porra-por-favor-não-pare.
Ela arqueia para fora da cama, até que apenas seus ombros
permanecem no colchão e eu a sinto explodir de dentro para fora. Seus
olhos estão fechados e a boca aberta, mas nenhum som sai.
— Sim, assim baby, — eu digo com a voz rouca, ainda
empurrando dentro dela. — Continue. Continue vindo para mim.
Ela é linda. Brutalmente bonita. Eu só quero vê-la desmoronar
uma e outra vez até que ela esteja muito sensível para se mover. Mas
vê-la selvagem tão vulnerável e, enquanto seu interior treme em volta do
meu pau, tenho o meu próprio orgasmo serpenteando em minha
espinha. Quero diminuir meus impulsos, mas já é tarde demais.
Minhas costas estão apertadas e os meus dedos estão segurando seus
quadris, dirigindo uma última vez. Eu me afundo dentro de Ally tanto
quanto eu poço, chamuscando seu ventre com a minha semente
quente. Marcando sua buceta, por isso não há como negar que, não só
eu estive aqui como eu a possuía.
Eu desmorono em cima dela, a exaustão me cobrindo como um
manto pesado. Só meus cotovelos trêmulos me impedem de esmagar a
sua pequena estrutura.
— Que lição foi essa? — ela pergunta, com um sorriso sonolento
em seus lábios. Eu a beijo, provando o sol.

~ 149 ~
— Nenhuma lição, baby. Algo malditamente incrível não pode
ser ensinado.

— Coca-Cola ou Pepsi?
— Coca-Cola.
— Pepperoni ou calabresa?
— Calabresa.
— Filmes de ação ou comédia?
— Existe um ponto para isso?
— Precisamos conversar. Eu gosto de conhecer você. Então
responda a pergunta, Esquilo Secreto.
— Ação. Agora cale a boca para que eu possa alimentá-la.
Eu deslizo a colher fria entre seus lábios e ela lambe todo o
resquício de sorvete. — Mmmmm. Achei mesmo que você escolheria
Ação.
Eu roubo uma colherada para mim, o sabor gelado ainda melhor
depois de trabalhar com o corpo de Ally como seu próprio personal
trainer erótico. — Por que isso?
Ela descansa seu cotovelo no travesseiro e vira seu corpo nu para
o meu. Meus olhos se concentram em seus seios perfeitos pendendo
para um lado e apoiada no meu ombro. — Bem, considerando que você
tem o nome de um super-herói e tudo...
— Super-herói?
— Nada a temer! Justice Drake está aqui! — ela anuncia em uma
cara séria, bombeando seu punho no ar. — Pronto para matar os vilões
de Scottsdale com vibradores de duas pontas e lasers de lubrificação de
anal!
Nós dois rimos até lágrimas formarem água em nossos olhos. Até
as risadas desaparecerem em gemidos suaves e toques. Então estamos
peito-a-peito, pele-a-pele, e eu estou devorando sua boca, o sorvete
esquecido. Abro as coxas de Ally para mim e eu rolo meu corpo em cima
dela, segurando seu rosto para que eu possa beijá-la mais
profundamente.

~ 150 ~
— Eu nunca vou me acostumar com isso, vou? — ela comenta,
quando eu sugo delicadamente a pele sob o queixo.
— Você quer? — eu pergunto, antes de lamber um rastro de seu
pescoço para o espaço entre os seios.
— Não. Eu quero este entusiasmo, esta novidade e diversão... eu
quero que seja sempre assim.
É possível?
A pergunta está bem ali na minha língua, mas eu a abafo com o
mamilo enrugado de Ally, fazendo-a gemer meu nome. Todas as
perguntas e as consequências vão ter que esperar. Nada disso importa
quando ela está nos meus braços. E eu nem sei quanto tempo isso pode
durar.
— Ei, — diz ela, deixando que seus dedos deslizem até a volta do
meu pescoço para agarrar um punhado de meu cabelo. — Você está
tentando me distrair da tarefa em questão.
Eu deixo minha mão derivar sobre seu estômago até que esteja
pastando em seu montículo inchado. — Eu pensei que esta era a tarefa
de mãos.
— Ooooh, bom ponto.
Eu tapo o clitóris suavemente, sabendo que ela ainda está
dolorida e sensível, enquanto deslizo o meu corpo ainda mais para
baixo para posicionar suas coxas sobre meus ombros. Quando eu
substituo os dedos com a minha língua, Ally faz um som distorcido que
se assemelha a um grunhido amaldiçoado.
— O que é isso, babe? — eu pergunto, o clitóris em meus lábios.
Eu a levo entre os dentes, apenas mal beliscando ele. — Eu não
consegui te ouvir.
— Foda-se, — ela sussurra através de um gemido.
Eu chupo sua carne mais difícil antes de sacudir a minha língua
sobre ele para aliviar a dor. — Oh, uma boca tão suja, Allison. Talvez eu
devesse preenchê-la com algo para que você não possa dizer essas
coisas feias para mim.
Ela suspira quando eu insiro um dedo nela e retomo a lamber seu
clitóris. — Não se atreva a parar. A menos que você queira que sua
chefe seja permanentemente prejudicada a partir de minhas coxas
apertando-a como uma noz.
— Mas eu pensei que você queria falar, baby? — eu insiro outro
dedo e fodo com ela rapidamente por apenas alguns segundos antes de
removê-los. — Eu não deveria fazer isso. Precisamos conversar.

~ 151 ~
— Se você parar o que está fazendo, Justice Drake, que Deus
me ajude, vou te amarrar a esta cama e vou bater com toda a minha
força em sua bunda!
Eu rio, permitindo a transferência de vibrações da minha boca
agradando sua carne sensível. Eu aumento a sensação, inserindo o
dedo indicador, e lambendo-a em círculos lentos e preguiçosos. — Ok,
— eu digo, beijando suas dobras suaves. — Você fala. Eu vou lamber.
— Você realmente espera que eu seja capaz de formar palavras
reais? Frases? Isso faz sentido?
— Você quer que meu dedo a foda e chupe seu clitóris até você
chegar tão duro em minha boca que você desmaie?
Seus olhos se arregalam com prazer. — Sim, por favor.
— Então fale comigo, baby.
Eu devoro seu sexo como se fosse a minha última refeição antes
de morrer, saboreando seu sabor doce-salgado. Estou com tanta fome
por ela; eu sinto como se eu não tivesse comido nas últimas semanas e
só Ally pode saciar a minha necessidade. Seus joelhos tremem contra
meus ouvidos, e eu removo os dedos para agarrar suas coxas, abrindo-a
mais larga para mim. Então, com um ritmo alucinante, eu alterno em
sugar seu clitóris e foder ela com a minha língua. Eu quero provar cada
pedacinho de Ally. E quando ela vier, que nem uma gota caia sob os
lençóis.
— Fale, — eu ordeno, quando ela está com muito prazer para
pronunciar uma palavra coerente.
— Deus! Oh, você... oh, meu Deus.
— Isso é lisonjeiro, mas me chamam de Justice. — Chupada.
Lambida.
— Justice. — ela está tão sem fôlego, meu nome soa como uma
suave brisa. — Justice. Seu filho da puta. Como você se atreve... como
se atreve a fazer isso comigo.
— Fazer o que, baby? — Chupada. Lambida.
— Isso. Tudo... isto. Agora eu sei... Eu sei o que eu estava
perdendo. E eu não posso... Eu não posso ficar sem isso. Eu nunca vou
poder voltar.
Meu ritmo vacila, e eu gemo contra sua carne trêmula, tentando
me enterrar nele. O que ela quer dizer com isso? Nunca voltar? Será que
ela quer ficar comigo e deixar Evan? Isso é mesmo uma opção para ela?

~ 152 ~
Mas, principalmente, merda... Isso é mesmo uma opção para
mim?
Eu sei que eu quero seu corpo mais do que eu quero a minha
próxima respiração. E eu sei que a conhecendo, deleitando em seus
sorrisos e a desejando em mim como uma segunda pele me mudou para
sempre. Mas pode haver sempre mais? Posso passar todas as noites
contando suas sardas, como uma vez eu contei as estrelas? Posso
substituir o meu nascer do sol com a visão dela dormindo ao meu lado,
cabelo de fogo, selvagem e emaranhado por todo o rosto? Posso nadar
naqueles olhos turquesa grandes demais e me afogar em sua risada
todas as noites?
Eu acho que a grande questão é: Como eu não posso?
Não há dúvida de que eu quero estar com Ally. Eu sabia disso no
dia em que bati na porta de sua suíte. Não eram aquelas paredes
fechando em mim; era o destino. E se Ally é o meu destino, perdê-la -
estar sem ela a cada peculiaridade que a faz tão singularmente
impecável - será fatal para mim. E é isso que me assusta mais do que
eu jamais poderia admitir.
Então, se tudo o que temos é agora, eu vou fazê-la lembrar. Eu
estou indo para me tornar uma mancha permanente no corpo dela que
ela nunca vai ser capaz de lavar. E quando ela fechar os olhos e apertar
as coxas juntas, eu vou garantir que ela esteja me imaginando aqui.
Assim. Soltando fogos de artifício dentro dela, calor sufocante, como o
quatro de Julho47.
Ally grita com sua libertação, me xingando e elogiando o meu
nome, quando ela se desintegra em minhas mãos. E, tal como prometi,
eu chupo e absorvo cada gota de umidade que escorre de seu sexo
pulsante, prolongando as ondas violentas de clímax. Ela implora-me
para parar, mas eu não paro. Ela só acha que ela está morrendo agora,
enquanto eu lambo os pingos isolados escorrendo em sua bunda. Mal
sabe ela que alegou sua vida a mim no momento em que gozou na
minha palma contra a parede do chuveiro.
Esse foi o segundo em que ela se tornou minha, não importa que
sobrenome ela carrega. E cada vez que ela veio depois disso, eu só
estava marcando mais e mais em sua pele como uma tatuagem.
Conquistando um espaço que seria apenas para mim.
Justice + Ally.

47
O Dia da Independência é um feriado nacional em celebração à Declaração da Independência dos
Estados Unidos, assinada em 4 de julho de 1776.

~ 153 ~
REFLEXÃO
— DIGA QUE VOCÊ ESTÁ DOENTE amanhã.
Eu sorrio, sonolento e beijo sua testa. — Já é amanhã.
— Então fala que está doente hoje.
— Eu nunca uso essa desculpa, mesmo que eu esteja doente.
— Por favor? Eu não sei... Eu não sei quanto tempo eu posso ter
você assim. Eu não estou pronta para deixá-lo ir.
Eu aperto seu corpo no meu e eu a respiro para dentro porque eu
quero memorizar este momento. Seu cheiro, seu gosto, sua suavidade.
Eu quero que isso queime em minha mente como um tumor, crescendo
e influenciando cada pensamento e ação.
Ally beija meu peito nu, seus lábios tão quentes e delicados, como
o roçar de uma pluma. — Por favor?
Um braço ainda está debaixo do seu corpo, eu me aproximo para
pegar meu celular. — Não, — eu digo depois de escrever um texto de
Diane. — Eu estou doente hoje. Tão doente. Gostaria de saber se
alguém vai cuidar de mim até eu melhorar.
Eu sinto Ally sorrir contra o meu mamilo. — Você está me
pedindo para bancar a enfermeira, Sr. Drake?
— Eu não sei. Você acha que ir lá embaixo é alguma cura sexual?
Ela me beija novamente. — Com certeza. Mas, mais tarde, ok? Eu
realmente quero falar com você.
Eu rolo meu corpo em direção a ela e posiciono meu braço para
que ela possa descansar a cabeça no meu bíceps. — Sobre o quê?
— Sobre... — seu olhar vai de vítreo para distante. — Próximo.
— Próximo?
— Qual é o próximo?
Eu engulo e dou algumas respirações para organizar meus
pensamentos. Eu não posso fazer esta mulher abandonar o marido. Eu
não posso dizer a ela para arruinar seu luxuoso estilo de vida em troca
de um refúgio e isolamento. Isto não é o que ela conhece.
Financeiramente, eu poderia dar Ally o que ela quer, mas socialmente?
Ela seria como eu. Um pária. A estrela cadente que uma vez brilhou
mais brilhante do que um milhão de diamantes.

~ 154 ~
Eu não posso ter a certeza de que uma vida comigo seria
suficiente para ela. Eu não posso ter a certeza de que mesmo eu seria o
suficiente para ela.
— O que você quer, Ally? — eu prendo a respiração.
Seus olhos varrem meus lábios, meu queixo, meu pescoço, em
seguida, volta para o meu rosto. — Eu não sei. O futuro é assustador.
Eu só sei que eu nunca me senti assim antes. Eu nunca estive tão fora
de controle e irresponsável e totalmente embrulhada em uma pessoa...
nunca. Mas, novamente, se tudo isso é apenas algo temporário? E se o
tabu de tudo isso é o que está nos conduzindo juntos?
Eu escovo seu rosto, apenas para que eu possa continuar a tocar
ela. Eu preciso me lembrar porque ela está aqui. Aqui comigo. Não com
ele. — É isso que você acha que isso pode ser?
— Honestamente? Não. Mas eu estive errada antes. E foi isso
custou a minha liberdade. Fugir sem repercussão não é uma opção
para mim. Minha vida iria desabar.
Eu fico em silêncio, porque qualquer coisa que eu pudesse dizer
seria apenas estático. Ela está certa. Ela não pode simplesmente ir
embora. Não importa o que Evan faz para ela, não importa o que ele faz
com as putinhas dele, Ally tem que jogar o seu papel. A esposa
solidária, amorosa. Forte, resistente e tolerante. Uma imagem perfeita
de graça e elegância.
— Justice?
Eu sorrio através da infecção dos meus pensamentos, sentindo-os
se infiltrar em minha consciência. — Sim?
— Você quer que eu vá embora? Você quer que eu te deixe?
Meus lábios partem, a resposta queimando minha língua. Eu
engulo antes de responder. — Eu quero que você faça o que te faz feliz.
Ela beija meus lábios em resposta antes de se aninhar no meu
peito como um gato sonolento. Meus lábios estão em seu cabelo, e eu
envolvo os braços ao redor de seu corpo, recusando-me a deixá-la ir.
Eu poderia fazer Ally feliz. Eu poderia preencher esse vazio que
seria deixado se livrando da crosta superior. Mas e depois? O que isso
significa para o meu negócio? Minha reputação? Eu estaria me expondo
e reacendendo a caça às bruxas que me levou para os meus anos no
deserto solitário?
Eu sinto sua respiração mais profunda e mais pesada, então eu
deixo os meus próprios olhos cansados se fecharem. — Por favor não me

~ 155 ~
deixe, meu anjo, — eu sussurro, em algum lugar nas bordas do sono e
em um dos mais lindos sonhos. — Eu não quero ficar no escuro mais.

VESTINDO APENAS CALÇAS macias de flanela, eu vou para a


cozinha, liderado pelos aromas de bacon, ovos e torradas. E o café. Oh,
doce café, maravilhoso.
Um café da manhã quente e café fresco seria o suficiente para
fazer a maioria dos homens salivar, mas a visão de Ally rodando em
torno de uma das minhas camisas da escola preparatória e nada mais,
com um coque bagunçado em cima de sua cabeça, é apenas
francamente deliciosa. O algodão grosso, cinza é cerca de cinco
tamanhos grandes demais para ela e desliza sobre um ombro nu,
expondo a parte superior de seu peito. Eu não perco tempo fazendo
meu caminho para cobrir esse delicioso pedaço de pele com a minha
boca.
— Bom dia, — ela sorri, sua atenção sobre a panela de ovos
mexidos no fogão.
— Bom dia. Você não estava lá quando eu acordei.
— Eu estava pegajosa e quente, então eu precisava de um banho.
Além disso, eu estava com muita fome para dormir. Nós só tivemos
sorvete no jantar. — ela vira a cabeça e me dá um beijo suave.
— Fale por você. Eu comi mais do que isso.
Um rubor pinta o rosto, e eu não posso resistir a beijá-la,
sentindo o calor da pele sob meus lábios. Logo, eles estão arrastando
para baixo do pescoço e para a área sensível em seu ouvido.
— Ei! — ela grita. — Alguns de nós estão trabalhando com comida
quente aqui! Vá se sentar; está quase pronto. E o seu café está sobre o
balcão.
Dou a ela um tapinha na bunda antes de me virar.
— Oh, o jornal de hoje estava no balcão quando eu vim para cá.
Espero que quem os trouxe não espreitou sobre nós. Puta merda, você
poderia imaginar?
— Nah. Meu povo não é assim, — eu digo bebendo meu café
fumegante. Eu deixo de lado o Arizona Republic e pego o New York Post,
grato que ele ainda esteja bem dobrado. Ally não o leu.

~ 156 ~
Eu paro no topo história da Page Six, e raiva cega me faz ver
vermelho. Sou capaz de ler com clareza a manchete - ver a falsidade
dele parece patético pra caralho, mas eu não consigo digerir isso. Eu
não posso aceitar isso. É um mito, uma mentira, como o coelhinho da
Páscoa ou Papai Noel, porra.

Eu li a história novamente, dissecando cada palavra. Mentira. É


tudo mentira. Evan foi fisgado por seu pai igualmente fodido, e foi
basicamente pré-meditado esse arrependimento. Ele provavelmente
deve ter memorizado as palavras, considerando que ele vomitou o
mesmo lixo mais de uma vez.
— Ei, eu posso ler isso depois que você? — Ally pergunta,
assustando-me de meus pensamentos homicidas.
Olho para o papel na minha frente. Evan parece tão perturbado,
tão arrependido. Ele se parece exatamente com um marido amoroso
como se estivesse perdendo a sua outra metade. — Claro, — eu aceno.
Então, infelizmente, a caneca na minha mão, a que eu estou em meus
lábios, de repente escorrega dos meus dedos, e afoga as páginas
blasfemas com café quente.

~ 157 ~
— Merda! — eu assobio, pulando fora do meu banco antes do
líquido escaldante poder bater na minha pele nua. Eu pego alguns
guardanapos e enxugo a bagunça, dobrando os papeis em ruínas em
uma bola. Ally corre com um pano de prato apenas alguns segundos
depois que o rosto de Evan esteja irreconhecível.
— Está tudo bem, — diz ela, enxugando a bancada enquanto eu
descarto a bagunça. — Eu vou te dar outro copo.
— Não, — eu respondo, vindo por trás dela. Eu beijo seu pescoço,
enquanto minhas mãos pegam sua camisa de dimensões grandes, que
para no meio de suas coxas. — Senta. Eu vou cuidar do resto.
Evan pode ser um marido apaixonado na frente das câmeras, mas
eu sou o único que põe o creme e açúcar no café de Ally. Eu sou o único
que serve o café da manhã, alimentando-a enquanto suas suaves,
pernas nuas descansam no meu colo. E eu vou ser o único a espalhar
seu corpo no bar da minha cozinha e cobrir seu sexo inchado com a
boca, enquanto ela canta o meu nome como uma oração.
Ally pode ser de Evan por lei, mas ela é minha por natureza. E em
uma batalha entre leões, ninguém dá a mínima para o que é legal. É
tudo a força bruta, astúcia e instinto. Três coisas que eu tenho utilizado
em toda a minha vida para sobreviver.

ESTAMOS SENTADOS NO sofá, nos beijando como adolescentes


com tesão enquanto a TV toca ao fundo. Ally insistiu em pedir
emprestado um par de boxers antes de se sentar, embora eu estivesse
mais do que feliz em deixar seu cheiro permear o couro macio.
— Então o que você quer fazer? — ela pergunta, montando em
meu colo.
Eu arqueio meus quadris para frente, de modo que o volume
endurecido sob minhas calças finas pressiona contra seu montículo. —
Eu posso pensar algumas coisas.
Ela revira os olhos e morde os lábios, reprimindo um sorriso. —
Eu tenho certeza que você poderia. Mas, falando sério. Vamos fazer algo
divertido.
— Como o quê?
Ally pega meu telefone, e eu quase pulo para fora da minha pele.
No entanto, ela não desliza o ícone de desbloqueio e, em vez disso abre
a câmera.

~ 158 ~
— Sorria, — diz ela, tirando uma foto antes que eu possa reagir.
Agarro-a pelos quadris e inclino a cabeça para o lado. — O que
você está fazendo?
— Levando para casa um souvenir. Eu vou mandar essas fotos
para mim. Vamos, me dê algo que eu possa trabalhar. — o zumbido da
câmera emite três vezes mais, enquanto ela tira fotos de meu rosto,
peito e barriga.
— Mmmm, muito agradável. Isso vai fazer muito bem para você.
— Eu arrebato o telefone longe antes que ela possa ter outra chance,
fazendo-a protestar. — Hey! Eu não terminei ainda!
— É a minha vez de uma lembrança, — eu respondo, virando a
câmera sobre ela. Ela cobre instantaneamente o rosto com as mãos.
— Você está louco? É exatamente isso que eu não preciso. Fotos
semi-nua da socialite manchada enquanto ela está de férias sozinha com
um homem desconhecido. Os tabloides irão fazer isso parecer como se
eu chupando um pirulito vermelho de cereja fosse outra coisa.
— Agora, isso é uma ideia, — eu sorrio, o visual na minha cabeça
me dando água na boca.
— Eu não vou virar Kim Kardashian48, Drake. Então, entregue.
Eu tiro uma foto de seus lábios pressionados em uma linha dura
e sua mão estendida. — Ally, são apenas para mim. Para o meu prazer.
Eu mataria alguém antes de eu compartilhar essas fotos. Eu só quero
ser capaz de olhar para você... sempre. Se eu não puder manter isso,
pelo menos deixe-me com isso.
Seu olhar cai para os dedos nodosos descansando contra o meu
estômago, e ela suga em seu lábio inferior. — Ok. — seus olhos
encontram os meus, e ela me dá um sorriso solene. — Ok, você pode ter
isso.
Eu capturo imagens dela olhando para mim através daqueles
olhos tristes peculiares. Um fio de vermelho desvencilha de seu coque, e
aproveito a oportunidade para tirar uma foto dela colocando-o atrás de
sua orelha, seu olhar distante e pensativo.
— O que você está pensando? — eu pergunto, estudando-a
através da lente.
— Que eu não me lembro de ter me divertido tanto. E sendo feliz.
E como eu tenho pavor do que o futuro nos reserva.

48
Atriz pornô.

~ 159 ~
Lágrimas se alojam ao longo das bordas de seus olhos, e eu
acaricio seu rosto, forçando-a a olhar para mim. — Não pense sobre
isso agora. Vamos continuar nos divertindo e sermos livres. Vamos ser
felizes juntos por agora e não pensar no amanhã.
Eu a beijo avidamente, tirando um selfie erótico do momento. Em
outro lugar, em outro momento, seria a minha tela inicial. E Ally... Ally
seria o primeiro número na minha lista de contatos favoritos. E ela me
ligaria para me contar sobre o seu dia, ou transmitiria uma história
engraçada, ou apenas para dizer que ela vai voltar para casa comigo em
breve, o rosto sorridente iria iluminar a tela, os olhos brilhando como
estrelas brilhantes no céu.
Ela se afasta apenas o suficiente para trazer o corpo para o meu,
com um sorriso maroto nos lábios. A pequena atrevida impertinente
está de volta, e eu tenho toda a intenção de capturar ela e nunca deixá-
la ir.
— Tire sua camisa, — eu ordeno, meus olhos fixos na tela
exibindo seu rubor.
— O quê?
— Sua camisa. Tire. Eu preciso de um pouco pra mim também.
Ela puxa a bainha da camisola, revelando apenas um pedacinho
de pele. — Juro por Deus, Justice, se você mostrar a alguém —
— Confie em mim, Ally. Você confia em mim. Lembra-se?
— Sim, — ela concorda. — Eu confio. — e com isso, ela levanta a
camisa até que ela esteja no chão, seus belos seios apenas alguns
centímetros da minha boca com fome.
Ally cobre o peito com as mãos e olha para longe. — Eu pareço
ridícula, não é? Você está acostumado a enooomes peitos sacudindo a
em seu rosto. E aqui estou eu... peitinhos de 12 anos de idade. Sou
praticamente um menino.
A câmera zumbe outra vez, antes que eu a baixe, então Ally pode
ver a gravidade gravada no meu rosto. — Por favor, não estrague isso
para mim, comparando-se a um menino. Ou qualquer adolescente
nesse assunto. O que eu te ensinei, Ally? Sex appeal não é sobre ter
seios grandes ou uma bunda redonda. Não é sobre o tamanho do
vestido ou até mesmo como sua roupa é acanhada. Começa aqui
dentro. — eu acaricio sua cabeça delicadamente e Ally estremece sob o
meu toque. Então eu arrasto os dedos contra seu peito, erguendo os
dedos de seus seios. — E aqui, — eu digo, colocando minha mão sobre
seu coração. — Ally. Se você se sentir sexy, você vai ser sexy. Se você
acreditar nisso, assim também eu farei.

~ 160 ~
Quando suas mãos estão enroladas em seus lados, retomo meu
estudo intensivo de seu corpo. Passo pelo conjunto de sardas no nariz,
o pequeno espaço entre seus seios. O formato de coração de seus lábios,
o inferior apenas uma fração maior do que a parte superior, dando-lhe
um beicinho permanente. A forma como a cintura parece tão pequena e
estreita, mas sólida o suficiente para que eu não tenha medo de
quebrar ela quando estou dentro dela até a raiz.
Ally é arte. Ela pode parecer simples e discreta para o olho
destreinado, mas para mim, ela é uma rara peça, exótica que deve ser
valorizada e apreciada.
— Levante o queixo, — eu a instruí, gravando a imagem de seu
pescoço delgado.
— É melhor eu não ver Mary Kate e Ashley na internet, amigo.
— Mary Kate e Ashley?
Sim. Minhas meninas, — diz ela gesticulando entre os seios. —
pequenos, talvez um pouco tristes, mas fofos
Eu me inclino e cubro seu seio esquerdo com a minha boca. —
Quem é este?
— Ooooh. Essa é Mary Kate. Ela é a menor, a alegre.
Eu passo a minha língua para o caminho certo, sacudindo o
mamilo antes de sugá-lo totalmente em minha boca. — Assim que tem
que ser Ashley.
— Sim, — ela responde com um suspiro. — Qual delas você mais
gosta?
Eu lanço o meu telefone de lado, e ele cai do sofá com um
barulho. Eu não me importo. Não quando ambos os seios estão em
minhas mãos, pressionados juntos para que ambos os mamilos fiquem
eretos para mim. — Eu não sei. Eu preciso provar a ambos.
Os olhos de Ally se fecham quando eu chupo e mordo o bico
rosado, o cuidado de tomar cada um com igual atenção. Ela geme meu
nome e arqueia os quadris, correndo seu sexo revestido em algodão
sobre a minha ereção saliente. Eu posso quase sentir a pequena
mancha molhada saturando meus boxers emprestados através de
minhas calças de pijama.
— Eu preciso estar dentro de você, — eu digo contra sua pele
aquecida. — Agora, baby. Eu preciso enchê-la agora.
Eu a levanto do meu colo para que ela possa tirar a cueca e eu
rapidamente faço o mesmo com as minhas calças de flanela. Então ela
está montando em meu colo, a ponta do meu pau em sua entrada. Nós

~ 161 ~
dois chupamos uma respiração ao ver nossos corpos se uniram,
pulsos correndo dentro de nossas partes mais íntimas. Corações
batendo juntos em perfeita harmonia. Eu aperto-a sob sua bunda e
coxas para orientar sua descida.
— Devagar, baby. Olhe para mim, enquanto eu te encho um
centímetro de cada vez.
Os olhos vidrados de Ally me tocam, luxúria e selvageria
brilhando dentro deles. Eu a alivio um pouco, apenas o suficiente para
que a minha cabeça esteja dentro dela, e assisto as emoções brincarem
em seu rosto. Surpresa. Dor. Êxtase total e absoluto.
— Mais? — eu pergunto.
Ally balança a cabeça, lutando para manter os olhos abertos e
focados em mim. — Sim. Mais.
Mais uma polegada gloriosa. Suas paredes se expandem, mas ela
ainda está apertada e um pouco inchada de ontem à noite. Mesmo
pingando, eu sinto suas paredes me apertando.
— Deus, baby, — eu cerro fora, me restringindo a apenas dirigir
nela. — Mais?
— Sim, sim. Justice, por favor, — ela lamenta.
Ela grita quando eu dou o que ela anseia. Ela implora para mais,
e eu não posso resistir a cumprir seus desejos.
— Oh, isso é demais. Muito... muito... muito. Eu não posso
esperar, — ela soluça.
— Só mais um pouco, baby. Fique comigo.
Eu facilito para ela os últimos centímetros, empurrando para
atender os seus pedidos e eu sinto Ally quebrar em meu colo. Seu
interior chupa e puxa para mim, e eu salto de cima a baixo em um
ritmo rápido, implacável. Suas paredes se mantém tremendo, e ela
cavalga o orgasmo sem fim, gritando meu nome, o rosto enterrado na
curva do meu pescoço.
— Merda, — eu cerro para fora, quando meu próprio clímax
agarra minha espinha. Com sua buceta ainda contraindo, a minha
libertação chama apertado em minha virilha. Eu levanto Ally fora antes
que seja tarde demais, me levantando sobre as minhas pernas
trêmulas.
— Prove você mesma, baby, — eu digo com a voz rouca,
segurando a base do meu pau. — Prove o quão doce você é. Chupe você
em mim.

~ 162 ~
Seus olhos se arregalam com choque e delírio quando ela leva
aos olhos em mim acariciando meu reluzente pau molhado. Relutante,
ela lambe os lábios e desliza para baixo de joelhos entre as minhas
pernas.
— Não tenha medo, baby. Confie em mim; você vai adorar.
Seus olhos vão até os meus, desejo ardente quente e brilhante.
Ela envolve a mão ao redor de mim antes de lentamente trazer os lábios
até a ponta lisa, e eu gemo alto quando eu sinto a sua língua serpentear
para fora e lamber círculos ao redor da minha cabeça.
— Você gostou? — eu pergunto a ela, minha voz grossa com
esmagadora necessidade.
— Sim, — ela responde sem fôlego.
— Então lambe tudo, baby. Não desperdice uma gota.
Eu pulso violentamente enquanto ela desliza minha dureza entre
os lábios e na sua língua, até tocar o fundo da garganta. Ela me leva
lentamente no início, se acostumando com a sensação diferente. Então
ela me chupa avidamente, vibrando meu pau com seus gemidos
enquanto ainda me espremendo na raiz. Empurro meus quadris para
cima, ansioso para gozar.
— Tão perto. Tão perto, baby, — eu coaxo. — Toque-se. Brinque
com seu clitóris enquanto você me faz vir.
Ela não hesita desta vez, e uma mão desaparece entre as pernas.
Eu sinto o momento exato em que seus dedos chegam em suas dobras
suaves, porque ela me suga com mais força, com mais entusiasmo. Vê-
la tão excitada ao seu próprio sabor, meu pênis em sua boca e sua mão
acariciando sua buceta, faz com que o calor no meu âmago exploda e se
expanda em uma bola de fogo brilhante quente líquido, passando
através de meu corpo mais rápido do que eu posso pará-lo. Com um
grunhido agonizante, eu a contragosto puxo a boca de Ally a distância,
assim quando o primeiro jato é extraído do meu corpo. Ela observa com
fascinação extasiada quando porra derrama na minha barriga apertada,
e eu sacudo e tremo com a categoria 5 do clímax.
— Uau, — ela sussurra, os lábios vermelhos e inchados. Eu gemo
em resposta, incapaz de fazer muito mais.
Como se eu pudesse estar ainda mais apaixonado por ela, como
se ela pudesse fazer mais nada para fazer a magnitude da paixão
crescer mais, ela se inclina e lambe o rastro salgado, leitoso da minha
rendição resfriando sobre os músculos rígidos do meu abdômen. Eu
embalo seu rosto amorosamente e acaricio seus cabelos, tão dominado

~ 163 ~
pela emoção neste momento, e muito cru para sequer começar a
colocar isso em palavras.
É o último ato de submissão, mas Ally domina todos os meus
pensamentos confusos, cada sensação percorrendo meu corpo, e cada
respiração irregular em meus pulmões.
Ela se aconchega dentro da minha coxa, enquanto sua cabeça
repousa sobre a minha perna depois que ela devorou cada gota de mim.
Eu a levanto em meus braços e a embalo contra o meu peito, nossos
corpos nus pegajosos de suor e excitação.
— Você deveria ter registrado isso para usar sozinho depois, —
diz ela, uma vez que a respiração se estabilizou.
— O que faz você pensar que eu não fiz?
— É verdade. Apenas use o Photoshop e acrescente peitos
maiores em mim. As gêmeas Olsen precisam de um pouco de carne em
seus ossos.
— Shhhh. Você é perfeita, anjo, — eu sussurro em seu cabelo. —
Perfeita do jeito que você é.

~ 164 ~
DESTRUIÇÃO
É ENGRAÇADO COMO VOCÊ nunca percebe o quanto
você odeia dormir sozinho até que você é forçado a isso.
Há. Eu disse isso. Eu odeio dormir sozinho.
Ou talvez eu simplesmente odeie dormir sem Ally enfiada no meu
lado, sua vermelha juba despenteada caindo em meu rosto e me
sufocando no sono. Ou a baba dela escorrendo no meu peito, ou seus
surtos espontâneos de ronco assustando a merda fora de mim no meio
da noite.
Deus. Porra, eu adoro isso.
Eu não conseguia pregar o olho depois que ela saiu pela minha
porta da frente, deixando-me satisfeito, mas ainda faminto por ela em
todos os sentidos e formas.
— As pessoas vão começar a falar, — disse ela, deslizando sobre
suas sandálias. Estas sandálias feias. Deus, eu amo essas porras
também.
— Deixem falar.
— Você é bonito, — ela sorriu, antes de tocar seus lábios nos
meus. — Bonito, mas não descuidado. Você sabe como as pessoas
gostam de falar. E essas mulheres não tiveram um pedaço de fofocas há
meses.
— Fodam-se, — eu respondi, envolvendo-a em meus braços,
recusando-me a deixá-la ir.
— Mmmm. — ela corre o nariz desde a base da minha garganta
até meu queixo. — Eu gosto quando você não faz a barba. Fica sexy em
você.
— Você é sexy em mim, — eu respondi, deixando minhas mãos
derivarem para baixo para apertar sua bunda. Ela se encaixa
perfeitamente nas minhas mãos. — Fique. Não vá.
— Você é diabólico, Sr. Drake, — ela disse balançando a cabeça.
Ela beijou meus lábios e desenrolou as minhas mãos de seu corpo. —
Hoje à noite, ok? Eu vou passar por aqui logo após o jantar. Então é
melhor ter um pouco de sorvete para mim.
— Eu vou ter mais do que isso para você.

~ 165 ~
Ela se virou e sorriu para mim pouco antes de ela bater no
batente da porta, e tudo o que eu poderia fazer é aproveitar esse sorriso
como se fosse o mais quente, mais brilhante raio de sol que eu já vi.
Gostaria de ficar cego antes de parar de olhar para ela.
— Hoje à noite, — disse ela. — Nós vamos ter hoje à noite.
Eu gostaria de ter feito ela ficar. Eu gostaria de ter dito a ela que
eu precisava falar com ela, que não podia esperar mais um minuto, que
havia alguma coisa que ela precisava saber sobre mim antes de irmos
mais longe. Mas eu só fiquei ali, atônito, olhando para aquele rastro de
fogo até que ela desapareceu na casa principal.
Mesmo com a falta de sono, eu não posso esperar para ir para a
aula esta manhã. Tomo banho, faço a barba e jogo minhas roupas com
mais zelo do que eu já fiz. Eu nem sequer me preocupei em fazer o meu
ritual diário de verificação de alertas do Google, Page Six ou todos os
outros panos de fofocas. Nada disso importa mais. Não quando a
memória do corpo de Ally sob o meu, tremendo com as réplicas do
orgasmo enquanto geme meu nome, está permanentemente gravado no
meu crânio.
Eu mal entro, quando Riku se aproxima de mim, seguido por,
Diane, minha recepcionista e alguns membros da minha equipe.
— Cara... você está bem? — pergunta ele, a preocupação gravada
em seu rosto. Ele aperta seus olhos oblíquos, fazendo-os parecer pretos
sob as sobrancelhas escuras.
— Sim, — eu franzo a testa, olhando os olhares ansiosos de
todos. — O que está acontecendo?
— Você não verificou a notícia? Eu mandei mensagens para você.
Eu pesco o meu celular do meu bolso. Completamente preto. Eu
devo ter esquecido de carregá-lo depois que Ally e eu tiramos selfies nus
ontem. Merda, isso não é eu.
— O celular descarregou. Por quê? O que está acontecendo?
Riku olha em volta, nervosamente parando, quando algumas das
donas de casa pingam para a sala grande para a aula desta manhã.
Meu olhar vai direto por cima do ombro, passando por tudo e todas as
outras, na expectativa de ver Ally.
— Você realmente deve verificar as notícias, JD, — diz ele com
gravidade. — Heidi está vindo.
— Heidi? — isso pega a minha atenção. Eu trabalhei com ela
durante anos, mas só tenho realmente visto ela menos do que um
punhado de vezes. Isto, obviamente, não é uma visita social.

~ 166 ~
— Sim. O voo foi no início desta manhã. Ela estará aqui
qualquer —
— Ela já está aqui, — diz uma voz atrás de mim. Heidi Ducane,
uma puta local e renomada pit bull em uma saia. Heidi é provavelmente
a única pessoa no mundo que pode me fazer tremer com sua atitude
fria. Virando a rainha do gelo para a perfeição e os resultados é o que
fez dela a mais procurada e mais bem paga publicitária no negócio. E
ela, com suas características nórdicas afiadas e sua constituição física,
definitivamente fez dela a mais quente.
Eu olho a alta loira de pernas longas, segurando uma mala
elegante ao seu lado, e aceno para ela aproximar. O rosto perfeito de
Heidi está parafusado em uma carranca que faria até mesmo o mais
duro macho alfa murchar. Riku se encolhe de volta para a cozinha
antes dela parar na minha frente.
Eu olho para Diane, sentindo o espaço curto. — Ignore as
senhoras. Diga a elas para voltarem para suas suítes, então está livre
para aproveitar o dia.
Quando eu olho para cima, ela está lá, roubando o ar de meus
pulmões e substituindo ele com o que parece gás hélio. Eu sinto como
se estivesse flutuando quando ela está por perto, tão alto que eu posso
beijar o sol. Ela olha para mim, congelada no lugar, aqueles lábios
cerejas entreabertos como se ela estivesse suspirando e lamentando.
Leva tudo em mim não a caminhar até ela e descobrir por mim mesmo.
— Espera. Eu vou entrar em contato, — murmuro para Diane,
sem olhar para ela. Então eu viro as costas e volto para a minha
realidade fria e escura.

— ISSO É FODIDO, Drake. Sério. Como você pôde deixar isso


acontecer?
Heidi anda no chão da minha sala em seus quinze centímetros de
salto de sua Louboutins, um smartphone em cada uma das mãos. Ela
traz um até sua orelha e late uma ordem, mas eu não ouço. Meus olhos
e ouvidos não se movem após as cenas jogadas fora na tela da televisão.
Variações de uma mesma manchete jogadas uma e outra vez quando as
pessoas tentam especular e dissecar o pouco de informação que foi
dada em uma bandeja de prata.
Notícias de última hora: O Doutor do Sexo das estrelas
Revelado!

~ 167 ~
Sexperts49 Masculino Transforma Socialites em Sexperts.
US$250 mil para dormir com sua esposa? Você não vai
acreditar que seus clientes são celebridades!
A vida real do Dr. Sexo? Suas pacientes desmascaradas.
Quem é a Justice Drake? Consultor de celebridades ou
predador sexual?
Quem é Justice Drake?
Quem é Justice Drake?
Mesmo eu não posso responder isso.
— Justice. Justice! — eu me viro em direção ao som da voz
agravada de Heidi, mas eu não olho para ela. — Você ouviu o que eu
disse?
— Eles não têm nada. Apenas um nome. Tudo o que temos é um
nome, — eu respondo quase roboticamente, ignorando sua pergunta.
— Sim, mas quem sabe quem vazou isso? E é apenas uma
questão de tempo antes que eles tenham muito mais.
Eu volto para a TV, mudando os canais, exibindo um novo título.
— A busca por Justice — inteligente.
— Justice... Eu tenho minhas mãos cheias com clientes irados.
Você prometeu a eles total discrição e agora eles estão com medo disso
sair. — ela caminha até mim e coloca uma mão magra no meu pulso. É
a primeira vez que Heidi me toca. Sua pele é mais suave do que eu
imaginava, mais delicada. Mesmo com o exterior duro, Heidi é uma
mulher por completo. Eu brevemente me pergunto sobre sua vida
amorosa. Ela está casada? Namorando? Gay ou hetero? Alguém está
fazendo ela gozar regularmente?
— Ei, — ela murmura com um sorriso triste. — Você tem que
tomar uma decisão aqui. A cortina está se fechando. É hora de mandá-
las para casa.
— Não. — eu estou em meus pés, punhos fechados em meus
lados.
— Não? Justice, você ouviu o que eu disse? Nós violamos o
contrato. Você vai perder tudo se você não consertar essa merda agora.
Envie as mulheres para casa, devolveremos o seu dinheiro, e
desapareceremos antes que alguém revele sua identidade.

49
Experts em sexo.

~ 168 ~
— Eu não dou a mínima. Eu não posso deixá-la... Eu não estou
pronto para isso. Eu não posso mandá-las de volta ainda. Eu não
acabei.
— Jesus Cristo! Ouça a si mesmo! — diz ela jogando as mãos
para cima, exasperada. — Eu não posso representá-lo se você não me
ouvir. Nós ainda temos tempo para corrigir isso se agirmos agora. Não é
como se você estivesse realmente transando com qualquer uma destas
mulheres.
Meus olhos perfuram os dela reflexivamente, com culpa. Ou
medo. Ou talvez uma mistura de ambos. Ela lê a minha expressão como
a parte traseira de uma caixa de cereal.
— Santa merda, você não fez. Diga-me que não, Justice. Diga-me
essa porra agora!
— Heidi, não é assim... — eu coaxo. Mas não soa convincente,
mesmo para os meus ouvidos. Aparentemente, Heidi não compra isso
também.
— Eu não posso acreditar em você. Eu sabia. Eu sabia. Desde a
última vez que nos falamos. Eu só não queria acreditar que você pôde
ser tão descuidado. Você de todas as pessoas, com suas regras e
controle ou anonimato. Você nunca faria algo tão estúpido.
— Eu posso consertar isso.
— Você não pode fazer nada. Quem é ela, Justice? Qual é? Talvez
ainda há uma maneira de salvar essa bagunça. Se eu souber quem ela
é, nós sabemos o quanto oferecer para o seu silêncio.
Eu fico quieto. Em parte, porque eu não vou trair Ally assim, e em
parte porque eu sou muito covarde para dizer a ela que eu não quero
corrigir isso. Agora que o segredo está fora, eu posso respirar. Eu não
tenho que esconder mais quem eu sou. Eu não tenho que esconder o
que eu sinto.
— Nome, Justice. Agora.
Eu olho para Heidi, sentindo como se isso fosse o começo do fim.
Por mais que eu tente lutar contra isso, eu sei que acabou. Eu sei que o
sol se pôs sobre Ally e eu.
— Nós não podemos pagá-la. Ela não está à venda.
Heidi levanta uma sobrancelha arqueada meticulosamente. —
Todo mundo está à venda, Justice. Você deve saber disso melhor do que
ninguém.
— Bem, ela não está. Não Ally.

~ 169 ~
— Ally? Como Allison Elliot-Carr? A Allison Elliot-Carr? Pelo
amor de Deus, Justice, por que você tem que foder com a cadela mais
rica aqui? Você tem razão; não há nada que você pode oferecer a ela que
ela não tenha em seu bolso.
— Como eu disse, não é assim. Ela não iria aceitar de qualquer
maneira.
— E como você sabe? Vocês dois estão apaixonados ou algo
assim? Você acha, mesmo por um segundo, que ela iria deixar sua vida
de excessos e de luxo para uma com você? Ela tem Evan, o Sr. Homem
Mais Sexy Vivo de acordo com a revista People. Mesmo Oprah teria
concordado com isso. Sem ofensa, Justice, mas o que ela quer com
você?
Eu não respondo, porque eu não tenho nada. Heidi está certa.
Comparado com Evan, eu sou um mendigo deitado em jornais. E isso
nunca realmente me incomodou... até agora.
Os flashes da tela da televisão com as palavras “Últimas
Notícias” rolam na parte inferior. Heidi aumenta o volume, assim
quando Giuliana Rancic começa.
— A mídia está fervilhando depois de ter sido revelado que um
homem não identificado, conhecido como Justice Drake, é na verdade o
terapeuta sexual para as famosas. E, aparentemente, ele tem alguns
clientes de alto perfil. Foi confirmado em notícias anteriores que Allison
Elliot-Carr, esposa de Evan Carr, estando em um spa exclusivo eram
falsas, e que ela foi em um local secreto com este sexpert de
celebridades. Quando entramos em contato com os agentes do Sr. Carr
para interrogatório, eles responderam: — Sem comentários. — A questão
agora é, Evan Carr realmente contratou um homem para dormir com sua
esposa, a fim de torná-la um amante melhor? Fiquem ligados para saber
mais sobre esta história...
— Viu? — diz Heidi, apontando para a tela em branco. — Pedaços
estão caindo no lugar. E agora eles têm os Carrs envolvidos? Isso é
ruim, Justice. Mesmo você tem que admitir isso.
— Eu sei. — minha cabeça está em minhas mãos, esfregando
minhas têmporas.
— Deixe-nas ir. Você pode começar de novo em outro lugar, obter
um novo, alias novos funcionários. É melhor sair agora, antes de você
seja forçado a isso.
Eu olho para Heidi, mas tudo que eu posso ver é Ally. Tudo que
eu posso ver são aqueles olhos tristes, sorrindo para mim pela última
vez. Ela iria para seu mundo, e eu ficaria enfiado no meu.

~ 170 ~
— Eu não posso, — eu sussurro, e eu sabia naquele momento,
que eu não posso. Eu não posso ficar com ela. A miragem é só isso, algo
tão bonito e desejado, ele não pode ser real.
A luz batendo na porta levanta a minha cabeça pesada e tem-me
correndo para a porta. Eu abro sem verificar quem está lá.
— Ally. — é como se eu tivesse apenas respirado depois de estar
debaixo d'água por horas.
— Sinto muito interromper... — ela espia ao redor de mim e
quando seus olhos se arregalam, eu sei o que ela vê: Uma loira alta, de
pernas compridas, com um corpo formidável, saltos e uma saia lápis
que parece que foi pintado. — Hum, hum, eu posso voltar.
Eu agarro seu braço antes que ela possa se mover uma polegada.
— não. Fique. Fique. — se ela só pudesse sentir o peso dessa pequena
minúscula palavra. — Heidi estava de saída.
— Você tem que estar brincando comigo, — resmunga a
publicitária do sexo, caminhando atrás de mim. Ela faz o seu caminho
até a porta, parando para pressionar seus lábios vermelhos na minha
bochecha. — Você tem 24 horas, Drake. Tome uma decisão, — ela
sussurra antes de virar seu olhar cinza gelado em Ally com uma ponta
de sua cabeça. — Sra. Carr.
Observamos quando Heidi vai para longe, balançando os quadris
ao ritmo de seus saltos altíssimos. Quando Ally se volta para mim, ela
parece pensativa.
— O quê? — eu pergunto a ela, puxando-a para minha casa e
para os meus braços.
— Ela é...
— Alta? Fria? Um pouco assustadora?
— Linda. E, sim, um pouco assustadora. Ela é como a versão
feminina de você.
Eu balanço minha cabeça. — Você acha que eu sou assustador?
— Você era. — ela limpa a marca brilhante dos lábios de Heidi da
minha bochecha e substitui com a sua. — Mas eu acredito que posso
enfrentar meus medos. Agora você está quase tão assustador como um
gatinho. Quem era, afinal?
— Publicitária.
— Tudo bem? —ela franze a testa com preocupação.
— Claro. Apenas alguns papeis que precisavam ser assinados em
pessoa, — eu minto sem problemas.

~ 171 ~
— Oh, eu espero que eu não tenha interrompido. — ela olha
para a porta e franze a testa. — Ela não suspeitou de nada com a gente,
não né?
— Você se incomodaria se ela fizesse?
Ally encolhe os ombros e se vira para mim, seu olhar desfocado.
— Eu não sei. Quer dizer, eu sei, mas eu realmente não estou certa
como me sinto sobre isso.
— Você não sabe o que sente sobre nós. — isso não é uma
pergunta.
Os olhos dela tocam os meus, pesquisando. — Não. Sim. Eu faço,
claro que sim, mas eu sinto que é errado me sentir assim. Como se eu
fosse uma pessoa horrível, nojenta por abrigar esses sentimentos por
causa da minha situação. E se eu reconhecê-los, eles vão assumir. Eles
vão me consumir. Você vai me consumir.
Eu me aproximo tão perto quanto humanamente possível. Perto o
suficiente para sentir o seu batimento cardíaco gaguejar contra meu
peito. — Eu quero te consumir, Ally. Eu quero devorar cada pedacinho
de você até que não haja você e nem eu. Até que não haja nada além da
sensação e exaustão. Até que você veja a música e ouça as cores. —
meus lábios estão apenas um sopro de distância dos dela, ansiando por
uma prova. — Você não tem que definir seus sentimentos por mim, Ally.
Me deixe fazer isso por você.
Ela abre a boca para falar, mas eu abafo suas palavras em um
beijo ardente. Sua resposta não é necessária. O que temos, o que eu
sinto por ela, vai muito além da explicação racional. Quando eu me
afasto, há estrelas tristes em seus olhos.
— Por que parece como um beijo de despedida?
Eu a beijo novamente apenas para manter minha boca de admitir
que foi. O princípio do fim. O início do adeus mais triste da história.
Porque depois de hoje à noite, ela vai se afastar de mim e voltar para
ele, segurando um pedaço de mim na palma da sua mão. E sempre que
eu olhar para o céu à noite, perguntando-me onde ela está, se ela está
feliz, se Evan ri de suas piadas bregas ou sorri sempre que ela faz, o
espaço vazio deixado para trás dentro de mim vai doer com a
lembrança. Porque a sua luz, uma vez encheu. Ela encheu-me de uma
forma que ninguém na Terra podia. E eu nunca vou me sentir inteiro
novamente.
Nós não falamos quando eu a levo para o quarto. Nossos olhos
paralisados um no outro quando nós lentamente nos despimos. Quando
eu a toco, ela treme, mas sua pele está queimando sob meus dedos. Eu
a envolvo em meus braços, desejando que eu pudesse cobri-la de uma

~ 172 ~
forma que iria fazê-la desaparecer em mim. Eles não podem tirar o
que eles não conseguem encontrar.
— Você é tão pequena, — eu sussurro em seu cabelo.
— Você é tão grande. Mas eu gosto.
Eu a seguro até que a dor de minha ereção torna-se demasiada
grande para ser ignorada por mais tempo. Ela desliza a mão entre nós e
aperta meu pau, ouvindo meus pensamentos e me fazendo gemer sem
um pingo de dignidade.
— Tão grande, — ela repete com um sorriso satisfeito. — Mas eu
gosto disso.
— Ele gosta de você também.
Então, não há mais palavras, todos os sinais de brincadeira
apagados quando eu a coloco para baixo e cubro seu corpo com o meu.
Eu beijo sua boca, seu pescoço, cada um de seus seios, o buraco de seu
umbigo. Quando minha língua encontra o ápice de suas coxas, ela se
abre para mim automaticamente. Eu arrasto um dedo pelo meio de
suas dobras antes de pressionar o clitóris. Ela estremece, e repito o
movimento, arrastando lentamente o polegar para baixo através de sua
carne rosa, traçando o sexo com precisão antes de trazê-lo de volta para
aplicar pressão sobre seu botão sensível. No momento em que eu lhe
dou a minha língua, ela quase se rompe.
— O que você está fazendo comigo? — ela calça, oscilando à beira
do orgasmo.
— Exatamente o que eu te ensinei, — eu respondo. Então eu a
envio voando no esquecimento, dando a ela boca e dedos. Chupando ela
até que sua libertação escorra pelo meu queixo. Até que ela me puxe
para cima pelos meus ombros, me implorando para parar.
— Oh, Deus, — ela chora. — Eu não aguento mais. É demais.
Eu a beijo para que ela possa provar a si mesma, a minha língua
serpenteando com a dela quando nós compartilhamos sua excitação.
Estou perfeitamente alinhado com sua entrada, ainda lisa e quente,
então eu lentamente empurro até que a cabeça do meu pau esteja
situado dentro dela. Ally engasga com a intromissão. Eu mergulho um
pouco mais e vejo as emoções jogando em seu rosto, todos os tons de
insanidade carnal. Quando eu estou completamente submerso até o
fim, eu puxo para fora tão de repente que ela choraminga, e eu viro ela
sobre seu estômago.
— Até que você vá, — eu digo, elevando sua bunda e quadris, e
dobrando as pernas de uma forma que fique com as solas dos pés para

~ 173 ~
tocar. Admiro a forma como seu sexo se contrai, implorando para eu
enchê-la mais uma vez.
Uma mão em seu quadril, a outra no ombro dela, eu entro nela
por trás, lentamente no início. Estou tão profundo neste ângulo, que eu
posso sentir o seu batimento cardíaco em seu estômago. Os lençóis
amassam sob seu aperto e Ally range uma maldição.
— Tudo bem? — eu pergunto. Eu nem sei por que eu estou
perguntando. Eu nunca perguntei nada que eu queria, e eu tenho a
maldita certeza que eu não me importava o suficiente para fazê-lo
durante o sexo.
Ally descansa no travesseiro, os olhos fechados apertados. — Sim.
Melhor do que bem.
Eu retiro a ponta e mergulho de volta, puxando-a de volta para
mim pelos ombros. Nós dois gememos em uníssono, e os seus joelhos
tremem.
— Bom? — eu não sei por que eu estou perguntando novamente.
Eu sei que é bom. Eu posso sentir que é bom para ela.
— Sim, — ela rosna entre gemidos.
Toda a contenção é diminuída, e eu a deixo ir, empurrando dentro
dela com intensidade voraz. Eu me inclino para frente e a beijo nas
costas, sufocando meus gemidos de prazer em sua pele e cabelo. Ela
vira a cabeça, e os meus lábios e os dela se encontram
instantaneamente.
Se este fosse um tempo diferente, e eu fosse um homem
profundamente diferente com uma mulher diferente, eu olharia em seus
olhos como o meu corpo mergulhado e rolaria para o dela. Ela olharia
para mim com amor e acariciaria meu queixo, um olhar de puro êxtase
em seu rosto. Eu varreria o cabelo para um lado por cima do ombro e
arrastaria a minha língua em seu pescoço até sua orelha. E quando
suas costas começassem a arquear e os primeiros arrepios do orgasmo
se aproveitassem de seu corpo, eu sussurraria "eu te amo", porque eu
quero, essas palavras são as únicas palavras que ela ouviria quando ela
viesse para mim. Apenas para mim.
Independentemente dos meus sentimentos por Ally, há
sentimentos de que eu não sou o homem e ela não é aquela mulher. E
todo o tempo que temos é agora. Pronunciar essas palavras só
provocaria confusão e conflito para nós dois. Então eu engulo os nossos
gemidos de rendição enquanto eu dou as partes de mim que eu posso
dar. As partes de mim que aljava e pulsa até a dor e o prazer se
tornarem um. Até o calor rastejar friamente pela minha espinha, e as
minhas articulações estão também inundadas com a sensação de me

~ 174 ~
mover, e liberar tudo dentro dela, o medo, a raiva, a felicidade de
apenas tê-la em meus braços, é tudo dela.
Eu sou dela.

ALGO AGITA MEU SONO, mas eu tento lutar contra isso. Eu não
quero me mexer, eu não quero nem respirar. Mas soa novamente a
partir da sala de estar, e eu sei que tenho que sair desta cama e do
calor do corpo de Ally.
Foda-se. Meu telefone.
Luzes filtram através das cortinas, e eu percebo que nós temos
feito sexo e dormido o dia inteiro. Houve conversa, um lanche, até
mesmo alguns banhos, mas principalmente o nosso tempo foi gasto
beijando, tocando e empurrando nossos corpos além do prazer.
Tão gentilmente como eu posso, eu retiro meu braço de debaixo
da estrutura de Ally. Ela se mexe, murmurando algo ininteligível antes
de retomar um ronco suave. Eu balanço minha cabeça e rio
silenciosamente para mim mesmo quando eu faço o meu caminho para
a sala de estar. Antes de Ally, toda mulher que eu já tinha estado,
pareciam supermodelos, mesmo em pijama. Cabelo e maquiagem de
alguma forma ficavam meticulosamente no lugar. Parte de mim nem
sequer acreditava que elas nunca realmente dormiam, só agitavam
aqueles olhos de longas pestanas fechadas e posavam como estátuas de
cera na cama. Mas com Ally, tudo é diferente, mais real. Seu cabelo
vermelho está nos nossos rostos. Ela ronca um pouco, não alto, mas
alto o suficiente para que eu saiba que ela está dormindo. E uma
pequena gota de baba se instala no canto da boca.
Talvez todas as mulheres realmente dormem desta maneira. Eu
não sei. Eu nunca fiquei tempo suficiente para descobrir.
Eu sigo os sinos ressonantes do meu telefone, e encontro ele na
mesa de café. Chamadas não atendidas e mensagens de texto de Heidi.
Uma de Diane, outra de Riku me perguntando se está tudo ok. Eu
ignoro todos eles e zero em meia dúzia de alertas do Google entupindo
minha tela.
Últimas Notícias...
Acabou de sair...
Verdade Chocante Revelada...

~ 175 ~
A mesma merda, manchete diferente. Mas tudo que eu posso ver
é um rosto, um nome. Um lobo em pele de cordeiro, chorando falsas
lágrimas de remorso e saudade.
Chocante revelação de Evan Carr: Enviei minha esposa ao
médico do sexo.
Em um comunicado de imprensa hoje cedo, Evan Carr revelou que
lamentavelmente enviaou a esposa, Allison Elliot-Carr ao terapeuta
sexual de celebridades, Justice Drake, sob o pretexto de que Drake era
um profissional íntimo, não um desviado sexual.
— Quando nós fomos informados sobre o Sr. Drake e sua prática,
achamos que iria ajudar Allison a construir a sua confiança e aumentar
seu contato com sua sexualidade, — disse o socialite. — Nós assinamos
com a suposição de que seria positivo para o nosso casamento. Mal
sabíamos que Justice Drake era isso. Eu nunca teria colocado minha
esposa nesta situação se eu soubesse.
A cara de choro de Carr continua a dizendo que ele está fazendo
tudo ao seu alcance para localizar a mulher e trazê-la de volta. — Seu
lugar é comigo, — diz ele. — Não é com algum cara que nos vendeu uma
mentira. Eu não posso nem imaginar o que ele poderia estar fazendo com
ela e Deus sabe quem mais.
Evan Carr forneceu detalhes sobre os formulários de inscrição,
dizendo que as mulheres seriam enviadas para um local desconhecido
onde elas não poderiam ter nenhum contato com o mundo exterior por
seis semanas. Quando perguntado sobre a identidade de Justice Drake,
Carr balançou a cabeça.
— Ninguém jamais o viu. Eu não posso nem ter certeza de que ele é
um homem. Todo o contato foi através da sua publicitária ou e-mail.
A publicitária de Drake, Heidi Ducane, não estava disponível para
comentar o assunto.
Eu ligo para ela, meu coração batendo dolorosamente na minha
cabeça.
— Você tem sorte que eu não tenho nada para fazer, — diz Heidi
depois de atender no primeiro toque. — Eu queria invadir seu ninho de
amor e arrastar seu traseiro para fora de lá.
— Onde está você? — minha voz está rouca do sono.
— Voltei para Nova York, mas tive que fazer uma parada em
primeiro lugar. — ela faz uma pausa para dar as instruções ao
motorista para um hotel na Michigan Avenue. — Algo aconteceu e eu
quero dar uma olhada.

~ 176 ~
— Você está em Chicago?
— Sim. Art vai me encontrar aqui.
Eu exalo fortemente e me inclino para trás no sofá. Arthur
Cambridge III é o meu advogado. Se ele está envolvido, algo está
acontecendo. — O que há de errado?
— Você está sendo chantageado, Justice. Algumas horas atrás, foi
enviada uma gravação de áudio de você tendo relações sexuais. Eu não
sei com quem foi, mas a mulher era muito vocal. Ela continuou
chamando pelo seu nome. Sabe alguma coisa sobre isso?
Eu fecho meus olhos e esfrego a tensão coletada em minhas
têmporas. — Não. Como você sabe que não está adulterado?
— Nós verificamos. É autêntico. No entanto, a minha equipe foi
capaz de rastrear o endereço de IP de volta para Chicago.
Eu quase sorriso. — Você tem uma equipe de hackers, Heidi?
— Não tem todos? E mesmo que seja de anos atrás, não podemos
correr esse risco. Não com a imprensa pedindo sua cabeça em uma
bandeja. Estou mandando mensagens para você agora. Ouça. Me ligue
quando você estiver feito.
Uma mensagem soa, um segundo depois e eu desligo com Heidi
para abrir o anexo. Respiração pesada. Gemendo. A doce voz cantando
o meu nome enquanto a instruo para foder, então me chupar.
Eu não preciso ouvir mais nada. Eu estava lá. Ainda ontem, eu
estava lá.
Eu ligo para Heidi de volta e ela responde imediatamente. — Eu
tenho uma boa ideia de quem está por trás disso, e eu tenho certeza
que você também.
Erin.
Estúpida fodida Erin.
Volto a pensar em quando eu tomei Ally aqui neste mesmo sofá.
Lembro-me de dizer a ela para tirar sua blusa e, em seguida, capturar
sua beleza falha através da lente da minha câmera do telefone. Então,
minha boca estava devorando seus mamilos cor de rosa e exigindo que
ela tirasse os boxers ridiculamente grandes. E então eu estava dentro
dela, perder-me ao prazer, o meu telefone esquecido.
Como diabos Erin conseguiu uma gravação disso? A dela era o
último número discado, mas a tela estava bloqueada. Se ela tivesse
ligado? Será que nós acidentalmente raspamos o ícone verde, enquanto
Ally me cavalgava como uma cowgirl?

~ 177 ~
— Nós vamos enterrá-la, — Heidi continua. — Seus netos vão
pagar-lhe o seu dinheiro do almoço.
Eu balanço a cabeça em frustração. — Quanto é que ela está
pedindo?
Heidi faz um som estrangulado. — Dois milhões, o que
tecnicamente não vai te matar, mas ainda assim...
— Dê a ela.
— O quê?
— Diga a Art para dar a ela. Dê o dinheiro.
A voz de Heidi vai um tom mais alto do que eu já ouvi. — Você
não pode estar falando sério! Essa cadela está em violação direta de
contrato, e você quer recompensá-la? Ela não tem nada, Justice. Não
há nenhuma maneira que ela possa provar que foi você —
— Não importa, Heidi. Nada disso importa. Recupere a prova, dê a
ela o dinheiro, e faça o que você precisa fazer para garantir que ela
desapareça.
A linha fica em silêncio por vários segundos antes das risadas
Heidi aparecerem. — Você está completamente louco, não é
Eu rio muito. Eu não sei porquê. Meu negócio está se
desintegrando aos meus pés, eu estou sendo chantageado por uma
menina que não tinha duas moedas no bolso antes de ela me conhecer,
e eu estou tendo um caso com uma mulher casada que não consigo me
livrar. Eu sou louco. Louco, mas eu nunca me senti mais normal. Mais
ligado à vida que deixei para trás para a vida de Ally.
Ouço a luz ascender atrás de mim, e eu olho para cima a tempo
de ver Ally encostada no batente da porta, usando uma das minhas
camisas, sono e sexo transparecendo em seus olhos. Ela sorri para
mim, e um sentimento muito forte para conter totalmente vem em
rajada em meu peito antes de afundar-se na boca do estômago.
— Cuide disso para mim, Heidi. E o que falamos anteriormente...
eu vou fazer isso. Vou enviar.
Sua voz assume o som suave, feminina novamente. Como se ela
tivesse pena de mim. Como se ela cuidasse de mim. — Entendi. Isso vai
dar certo, Justice, e tudo vai ficar bem. Você pode começar de novo,
reconstruir. Você pode ser quem você quiser depois disso.
Eu não tenho uma resposta, pelo menos não uma que eu possa
expressar, então eu simplesmente desligo. Heidi é usada para minha
concisão. Eu sou assim com todo mundo. Todos, exceto Ally.

~ 178 ~
Como se pudesse ouvir o nome dela tocar melodicamente na
minha cabeça, ela vagueia até o sofá, assim quando eu defino o meu
telefone na mesa de canto. Eu agarro ela pela cintura e a puxo para o
meu colo, enquanto ela grita. Eu enterro meu rosto em seu cabelo,
tentando absorver quanto do seu cheiro eu puder, enquanto eu puder.
Eu posso me sentir em cima dela, misturado com seu perfume e suor.
— Eu não tive a intenção de te acordar, — eu digo contra a pele
macia atrás da orelha. — Eu estava prestes a voltar para a cama.
— Eu estou cansada de dormir, — ela suspira.
Eu olho para ela, a minha sobrancelha levantada em ironia. —
Você está cansada de dormir?
Ela me aperta no braço. — Oh, você sabe o que quero dizer.
Eu arrebato sua mão e beijo sua palma. Então estamos tranquilos
enquanto observamos as sombras crescerem diante de nossos olhos,
sumindo na noite.
— Posso te fazer uma pergunta? — Ally pede, com a voz pequena
no grande silêncio.
— Você não faz isso sempre?
Ela me aperta novamente. — Pare com isso! Pode ficar sério por
cinco minutos? "
Dou a ela um olhar. — Você está me pedindo para eu ficar sério?
— Ugh! — ela tenta dançar para fora dos meus braços, mas eu
aperto.
— Ok, ok, eu sinto muito. Me pergunte qualquer coisa. Sério
dessa vez.
Ally acena para as bancadas. — Você não tem nenhuma foto
acima.
— Isso não é uma pergunta.
— Cale a boca, vou fazer, deixe-me terminar. — ela sorri e
balança a cabeça, antes de colocar ela no meu ombro. — Você não tem
nenhuma foto, e você nunca falou sobre sua família. E uma vez que
você já sabe tudo sobre mim e sobre a minha vida, eu pensei...
— Você quer saber sobre a minha família.
— Sim. — ela se vira para mim, um pedido de desculpas choroso
em seus olhos. — Eu quero saber de você. Nós só temos um pouco mais
de uma semana juntos. Não é o suficiente, Justice. Eu preciso absorver
o máximo de você que eu puder.

~ 179 ~
Eu respiro fundo e posiciono o corpo dela para que eu seja
forçado a olhar para ela. Então, eu sou obrigado a ver o julgamento e
arrependimento, que estará, sem dúvida, em seu rosto.
— A minha história não é nova; você já ouviu isso antes. Meu pai
nunca amou minha mãe. Ele era encantador, rico, poderoso e um
mentiroso impecável. Ela era gentil e ingênua, pensando que seu amor
por ele iria mudá-lo apenas o suficiente para fazê-lo sentir algo por ela.
Ela era boa demais para ele, mas muito estúpida para ver as coisas e
deixá-lo sozinho.
Ela me dá um sorriso suave. — Parece certo.
— Ela não fez isso, é claro. E em breve, ele encontrou um
brilhante brinquedo novo para alimentar seu ego. Minha mãe tinha
servido o seu propósito e me teve. O relacionamento dele comigo
terminou o deles.
— Onde está sua mãe agora?
— Em algum lugar de luto e com coração quebrado,
provavelmente com um martini sujo na mão. Ela nunca conseguiu algo
dele. Quando ele nos mandou embora, eu disse a mim mesmo que era
perda dele. Mas foi o nosso também. Perdi aquela mulher ativa,
compassiva, que era muito otimista para seu próprio bem. A que me
dizia que eu ia crescer um dia e ser uma estrela de cinema e me casar
com a mulher mais bonita do mundo, e dar a ela meia dúzia de netos. A
perdi e ela se perdeu. Ela perdeu a razão de viver.
Ally pega meu rosto e me olha como se pudesse ver através de
meu exterior impassível. Como se ela pode realmente ver os pedaços de
mim, que estão coladas por mentiras e enganos.
Eu reúno um sorriso fraco e retiro sua mão. — Não se sinta mal
por mim.
— Mas é muito solitário.
— Como eu posso ser solitário? — eu sorrio. — Eu estou
constantemente rodeado por mulheres bonitas e muito eficientes, e um
enorme pessoal.
— Não é a mesma coisa, Justice. Todo mundo precisa de alguém.
— Eu não sei.
— Sim, você sabe. Todos nós sabemos.
Eu a agarro com mais força, puxando-a tão perto que meus lábios
pastam nos dela. — Então, de quem você precisa, Ally?

~ 180 ~
Seus olhos animados pesquisam as partes de mim que ela pode
ver. Ela abre a boca para responder, mas não diz uma palavra. E eu
percebo, eu não quero ouvir a resposta. Eu não quero ouvir que ela
precisa de mais ninguém além de mim. Assim, os meus dedos atam em
sua bagunça emaranhada de cabelo, eu a beijo, apesar de meus medos.
Eu a beijo para que ela possa provar o quanto eu quero ela, o quanto eu
preciso dela. Embora seja mais do que meu coração pode ter, eu beijo
esse anjo como se eu sentisse cada parte vital de mim sendo amassado
em pó.
Cada beijo é um adeus. Especialmente os que te matam.

~ 181 ~
ERUPÇÃO
— OH MEU DEUS, eu não acredito que estou fazendo
isso Justice. Eu não posso, — eu não posso Justice.
Eu olho para cima enquanto eu estou derretendo nos meus pés e
franzo a testa para a deusa de cabelos vermelhos diante de mim. —
Ally, não é tão ruim quanto você pensa.
— Como você pode ter tanta certeza? Eu nunca fiz nada parecido
com isso. Nunca! Oh meu Deus, eu me sinto doente.
Pânico se instala. — Espera... o que exatamente você está
falando?
— O caminho da vergonha, — ela responde, jogando as mãos para
cima. — Eu sabia que deveria ter ido para o meu quarto ontem à noite.
Tudo que eu preciso agora é de os olhos de guaxinim e cabeceira da
cama. Ugh!
Eu me levanto para envolvê-la em meus braços e tocar meus
lábios nos dela. — Primeiro de tudo, você é linda. E ainda é cedo;
ninguém vai te ver. E, não, você não deveria ter saído. Você queria ficar
comigo tanto quanto eu.
— Você está certo, eu queria ficar. — sua expressão amolece
antes de sua testa cair no meu peito. — Isso é tão difícil. Por que isso é
tão difícil?
Eu beijo o topo de sua cabeça. — Porque é suposto ser. Porque
essas coisas são destinadas a nos torturar até dobrar e quebrar. Você
só precisa descobrir se tudo isso vale a pena.
Ela olha para mim, e cada canto escuro no meu coração está
cheio de luz ofuscante. — Você sabe, quando tudo isso começou, eu me
senti culpada. Uma parte de mim ainda o faz. E eu estou com nojo de
mim mesmo por me sentir completamente devastada, porque eu sei que
isso não pode durar. — ela fecha os olhos e balança a cabeça de um
lado para o outro. Quando ela olha de volta para mim, aquelas íris estão
se afogando em lágrimas. — E eu estou tentando não pensar sobre isso.
Eu estou tentando apenas aproveitar o pouco tempo que temos juntos.
Mas caramba, dói, Justice. Dói porque eu já estou dobrando e
quebrando. E não há nada que eu possa fazer para corrigir isso. Se
tudo o que temos é agora, eu sei que eu nunca vou ser inteira
novamente. E, Deus... é uma pena. Você vale a pena. Eu vou com
prazer ficar quebrada por você.

~ 182 ~
Toda emoção dentro de mim batalha seu caminho para a
superfície, e eu abro e fecho a boca seca, desejando que não derramem.
Aqui estamos nós, dois solitários, almas quebradas perdidas para os
nossos próprios desejos. Eu nasci para a vida que ela vive, e tudo que
eu quero fazer é levá-la para longe dele. Para roubá-la de todos que ela
ama e conhece, e cobiçar seus sorrisos e coração gentil. Mas eu não
posso dizer isso. Eu não posso lhe dizer o quanto dói quando penso
nela me deixando. Eu não posso descrever o quanto ela completamente
alterou o homem que eu pensei que eu era, e o quão quebrado eu já
sou. Como eu estou quebrando agora.
— Eu vou também.
Ally sorri. E uma vida de solidão e dor se desintegra sob seu
brilho. Então eu sorrio também, porque qualquer momento com ela, um
dia ou uma hora, vale a pena.
— Eu gostaria de ter te conhecido antes... antes de sair de Nova
York. Eu gostaria de ter te conhecido. Mas, novamente, não teria sequer
importado. Eu teria encontrado você, eventualmente.
— Por que você diz isso?
— Porque... porque você é minha lagosta, — ela sussurra.
— Hã? — eu pergunto, levantando uma sobrancelha
questionando. Ela disse... lagosta?
Ela apenas balança a cabeça, vestindo um sorriso de boca
fechada. Eu ato meus dedos com os dela, beijando os nós dos dedos,
conduzindo-a para fora da minha casa pela última vez. Que uma vez foi
fria, um lugar estéril que abrigava os meus segredos e solidão. O espaço
se encheu com mais calor que o sol.
— Vamos. Hora da aula, — eu digo quando cruzamos o limiar.
Fique, Ally. Não vá. Deixe-o e fique comigo.
Isso é o que eu deveria ter dito.

— PRIMEIRO, EU QUERO DIZER o quanto foi um prazer ter a


oportunidade de ensiná-las e orientá-las em direção a saudáveis vidas
sexuais mais gratificantes. Não só isso, tem sido um prazer conhecer
todas e cada uma de vocês. Vocês todas têm sido grandiosas... sempre
dispostas a aprender e melhorar, mesmo quando vocês não estavam
100% confortáveis ou convencidas. E eu só quero dizer obrigado.

~ 183 ~
Eu respiro fundo para a minha determinação de aço e olho para
fora nos onze rostos confusos olhando para mim. Tenho orgulho delas,
todos elas. E realmente dói que eu tenho que expressar minhas
próximas palavras para protegê-las. — É por isso que eu lamento
informar que o curso será encerrado um pouco mais cedo do que o
esperado e todas vocês vão estar indo para casa.
— O quê?
— Por quê?
— Aconteceu alguma coisa?
— Fizemos algo de errado?
As perguntas me batem tudo de uma vez, e eu faço um
movimento com as mãos abertas para acalmá-las. — Senhoras, eu lhes
garanto, vocês não fizeram nada errado. Apenas algumas questões
vieram à tona que exigem a minha atenção imediata. Claro, vocês vão
receber um reembolso total e —
— Por que você está fazendo isso? — a voz está quebrada, assim
como eu. Eu não posso nem olhar em sua direção.
— Como eu estava dizendo, um reembolso total será —
— Você não pode fazer isso. Você não pode simplesmente me
mandar embora. Você não pode fazer isso, Justice!
Eu abro minha boca para explicar, mas Diane corre, poupando-
me de outra linha fria, ensaiada.
— Mr. Drake, temos uma situação, — ela murmura apenas para
meus ouvidos. Eu dou um aceno de cabeça dura antes de virar para a
classe.
— Me deem licença por um momento.
Estou levando-a para o escritório onde estão trancadas todas as
informações dos clientes e papeladas de arquivo. Foi quando eu o ouço.
A voz que eu não ouvia há mais de uma década. Uma voz que não
deveria estar aqui.
Eu me viro para Diane, cuja pele escura, bronze de repente
parece pálida. — Eu tentei explicar, — ela grita. — Mr. Drake, o que
está acontecendo? O pessoal está preocupado...
A voz fica mais alta, mais irritante. Ecoa pelo foyer e perfura
meus tímpanos com a dor da lembrança. Eu fico sentado fora da grande
sala, antes que eu possa ser visto.

~ 184 ~
— Isole a situação, Diane. — minha voz é calma e nivelada, mas
verdade seja dita, todo o meu corpo está em alerta vermelho. —
Certifique-se que as senhoras não saibam.
Mas, assim como eu digo as palavras, eu sei que é tarde demais.
É muito tarde.
Faça uma reverência; a cortina está fechada. É hora de ir para
casa.
— Gata Ally, venha aqui, baby.
Eu olho em volta da esquina a tempo de ver Evan Carr puxar Ally
- minha - Ally em seus braços. Ele toca-a selvagenmente.
— Uau, você está... diferente. — ele avalia sua roupa, sua pele ao
sol, seus lábios inchados, ainda formigando com o gosto de mim. Ally
retorna seu olhar com espanto.
— Evan... Evan, o que você está fazendo aqui?
— Eu senti sua falta. E com o escândalo envolvendo esse cara,
Justice Drake, eu sabia que precisava levá-la para casa.
Até agora, as outras donas de casa já estão pingando, enquanto
Diane tenta levá-las de volta para a sala grande, seus esforços são
inúteis. O estrago já está feito.
— Escândalo? O que você está falando? — Ele faz uma carranca.
Não olha direito sobre ela, e algo dentro de mim estremece com a visão,
o desejo de traçar os lábios e aliviar o sorriso que eu conheço e amo.
— O cara é um truque, Ally. Uma fraude. Ele nos enganou só
para chegar nas calças de dezenas de inocentes, mulheres inocentes. —
Evan levianamente passa a mão pelo cabelo loiro despenteado, sujo,
como se ele não tivesse acabado de difamar meu caráter e meu negócio.
— Você sabe que não é verdade, — Ally responde com firmeza. Ela
puxa os pulsos de suas mãos.
Evan se move mais perto como se ele estivesse prestes a beijá-la,
mas para apenas um milímetro de distância de seus lábios. — Sim, mas
temos companhia. E nós queremos fazer isso bom para elas, não é? —
então, ele coloca seus lábios nos dela, assim como uma câmera zumbe e
um clarão ofuscante abrange o quarto em luz fluorescente.
Evan trouxe um paparazzi.
Este filho da puta está fazendo isso por publicidade. Não porque
ele a ama e sente falta de sua esposa. Não é porque ele está preocupado
por ela e pelo bem-estar de outras dez mulheres. Ele está fazendo tudo
isso para a imprensa.

~ 185 ~
Um cinegrafista sai de trás de um pilar e tira mais algumas fotos
do casal, bem como do interior da casa.
— Onde está esse Justice Drake, afinal? — ele grita, atraindo
mais olhos e ouvidos. — Onde está o grande e mau, médico do sexo
agora?
Leva tudo em mim para não sair das sombras e confrontá-lo. Para
mostrar-lhe apenas quem diabos eu sou. Mas isso é exatamente o que
ele quer. Ele quer a reação, então ele pode tirar seu cavalinho da chuva.
Eu posso ver isso agora. Evan Carr expõe o predador sexual, Justice
Drake. Foda-se isso. Não vou alimentar seu pequeno show de merda.
— Deixe ele em paz, — comanda Ally, nervosamente olhando ao
redor. — Só... deixe ele pra lá. Vou pegar minhas coisas e podemos ir.
Ela empurra para longe dele e começa a fazer o seu caminho para
a escada, em direção a mim. Eu posso ver a apreensão em seus olhos
enquanto ela varre o corredor. Talvez ela esteja preocupada que eu
estou vendo-a com o seu marido. Talvez uma pequena parte dela se
sente como se ela estivesse me traindo por estar com ele. Ou talvez a
preocupação gravada em seu rosto é um resultado de sua vergonha. Eu
não sei e eu não me dou tempo para debater os porquês e comos, antes
da minha mão estar segurando seu cotovelo, assim quando ela desliza
por mim.
— Justice, o que você —
— Não vá. — as palavras estão fora antes que eu possa parar. E
elas continuam chegando, todas as minhas dúvidas e discrição
sufocadas em desespero. — Não saia com ele, Ally. Fique comigo. Por
favor. Você não pertence a ele.
Seus olhos pesquisam a desesperança nos meus. — Eu não posso
simplesmente... O que você está dizendo?
Dou um passo em direção a ela e agarro ambos seus ombros. É
agora ou nunca. Se eu não tentar, nunca vou ter outra chance. — Eu
estou dizendo que eu não quero que você vá. Nunca. Eu estou dizendo
que eu não posso viver sem o sol brilhando sobre o meu rosto e eu não
posso sonhar sem as estrelas me dando um beijo de boa noite. Eu não
posso ficar sem você, Ally. Então... aqui estamos nós: suas duas
escolhas. Leve-me. Escolha a mim.
Eu nem sequer percebo que a sala inteira ficou em silêncio, além
das minhas determinadas respirações e o som do meu coração correndo
para fora do meu peito. Mas quando ouço sua voz, eu sei que o meu
apelo foi ouvido alto e claro.
— O que diabos está acontecendo aqui?

~ 186 ~
Eu sinto a abordagem de Evan atrás de mim, mas eu não viro.
Meu olhar fixo ainda está treinado em Ally, à espera de uma resposta,
um sinal. Qualquer coisa que vá me dizer que ela vai ficar.
— Evan, — ela respira, embora seus olhos estão em mim. —
Evan, eu, uh —
— É ele? É este Justice Drake? — ele cospe, suas palavras atadas
com acusação e diversão. Eu o sinto atrás de mim, e eu sei que eu
tenho que me mostrar. Eu não posso ficar escondido nas sombras por
mais tempo.
Se isso tivesse sido uma comédia extravagante ou novela, esta
seria a parte onde a câmera iria desaparecer preto para comercial. Ou
talvez este fosse o fim do episódio, deixando os telespectadores sobre a
borda de seus assentos, garantindo que eles sintonizem uma próxima
vez.
Mas isso não é TV. Não existem créditos finais para seguir, o
olhar de puro choque e desgosto no rosto de Evan Carr, quando eu viro
o rosto para ele.
Esta é a vida. Minha vida. A vida que me mastigou, me cuspiu
para fora e me descartou sem um segundo pensamento.
— Sean Michael? É você? O que você está fazendo aqui? E o que
diabos você está fazendo com a minha mulher?
Eu não disse uma palavra. Eu não posso. Acabei de ficar de boca
fechada, enquanto as câmeras disparam e zumbem na frente de nós, o
nosso público prendendo a respiração em antecipação. Minhas
articulações e membros estão congelados onde eu estou, até que eu
sinto a mão macia e delicada de Ally agarrar meu antebraço. Ela pisa ao
lado de Evan, sua expressão confusa rivalizando com a dele.
— Justice, o que ele está falando —
Evan quase a empurra de lado para dar um passo mais perto de
mim. — Espere um minuto. Aguarde um minuto maldito... Você é
Justice Drake? Você é ele? — ele late uma risada sarcástica e joga as
mãos para cima de forma dramática. — Você tem que estar brincando
comigo! Sean Michael é a Justice-fodido-Drake. E, aparentemente, ele
quer roubar a minha mulher de mim. Essa é boa.
Cada músculo parece tão fortemente ligado no agravamento que
eu mal posso me mover. Eu nem sequer percebo quanto tempo eu estive
ali, olhando com punhais assassinos para o teatro de Evan, até que Ally
força seu caminho para a minha linha de visão.

~ 187 ~
— Justice, o que está acontecendo? Por favor, fale comigo. — a
preocupação está em seu rosto lindamente falho, e eu imediatamente
me sinto culpado porque eu sou a causa.
Eu abro e fecho a boca, tentando encontrar as palavras para
explicar, mas Evan, sendo o idiota egoísta que ele sempre foi, rouba isso
de mim. Com uma mão nas costas de Ally, ele acena uma mão em
minha direção. — Ally minha gata, conheça Sean Michael. Bastardo do
meu pai, e meu meio-irmão.
E todo o medo, a vergonha, tudo vem borbulhando para a
superfície, transbordando com meus segredos e mentiras. Eu posso ver
a repulsa em seu rosto enquanto ela olha para mim, mágoa e traição em
seus olhos, com destaque para o flash de uma meia dúzia de câmeras.
Ela não se sente injustiçada por Evan, seu marido, por manter um
enorme segredo, ela se sente injustiçada por mim. Como se tudo isso
fosse obra minha. Como se eu tivesse forçado o pai dele e meu pai trair
sua esposa com a empregada jovem, ingênua e fazer um filho, apenas
dois meses depois de Evan nascer.
— Você é seu irmão? — ela sussurra com a voz quebrada. — Você
é um Carr?
— Meio-irmão, — eu digo, encontrando a minha voz. — E, porra,
não, eu não sou um Carr.
Há fogo na água dos olhos. — Então, você sabia sobre mim? Você
sabia quem eu era desde o início? — ela balança a cabeça, os lábios
torcidos em desgosto. — Oh meu Deus. Você sabia o tempo todo. Você
só queria me usar como peão —
Eu tento alcançá-la, mas ela dá passos a distância. — Não! Não
ouse sequer pensar nisso. Sim, eu sabia sobre você, mas —
— Mas o quê? Como você vai explicar isso, irmãozinho? — Evan
diz presunçosamente. — Você sabe o quê? Eu não posso decidir o que
faz de você um maior babaca - o fato de que você caçava minha esposa,
ou que você esteja tentando dominar seu caminho de volta onde você
obviamente não pertence. Você e sua mãe foram muito bem pagos para
ficar longe de nós. Você acha que mudar seu nome de alguma forma,
anula o contrato? Os advogados do pai vão ter um dia de campo com o
seu traseiro! — ele puxa o celular do bolso.
— Os advogados do seu pai? Não quer dizer os advogados de sua
mãe? Já que você gosta tanto de se esconder atrás de sua saia, você
deve saber muito bem que a bunda dela conivente orquestra tudo isso.
Evan dá de ombros. — É verdade. Mas você vê, a coisa sobre o
casamento é que eles estão unidos. Eles são um. E nós somos uma

~ 188 ~
família. Você e a puta de sua mãe estarão para sempre do lado de fora
olhando para dentro.
Não há nenhum pensamento. Nenhuma intervenção do Grilo ou
qualquer persuasão do diabinho narcisista pressionando em minhas
têmporas. Apenas fúria vermelha e um borrão de movimento, quando
eu arrebato Evan pela garganta e bato contra a parede. Eu não ouço as
mulheres gritando de medo, ou o clique das câmeras congelando este
momento. Eu não sinto Ally puxando meu braço, me implorando para
parar, ou mesmo Riku tentando me puxar para trás antes de eu fazer o
que eu queria fazer há décadas. Há apenas raiva cega entorpecendo
minha mão quando eu aplico mais pressão para a garganta tensa e
assisto aqueles olhos azuis, como os meus, acentuarem-se com o medo.
Eu vou matá-lo.
Eu vou matar esse fodido.
Minha infância foi roubada de mim, porque a mãe de Evan se
recusou a permitir que o meu pai me aceitasse. E quando ele arranjou
para eu para participar da melhor escola preparatória na cidade, que foi
levada de mim porque Evan se sentiu "desconfortável" com a minha
presença. E agora ele roubou minha felicidade. Eu não dou a mínima se
Ally é dele por direito. Ela é minha, até os ossos. Ela foi concebida para
ser uma parte de mim. E Evan quer levar isso também.
Então eu vou tirar a sua vida, assim como ele e a cadela de sua
mãe desgraçada tentaram levar a minha.
— Por favor, Justice, não faça isso! Por favor, você não quer fazer
isso!
A voz de Ally corta o sangue em meus ouvidos, mas soa tão
distante, como uma memória distante. Eu aperto do pescoço de Evan
mais apertado, e ele tenta gritar, mas não escapa de som.
— Onde está sua mãe agora, Evan? — eu vomito através de uma
mandíbula dolorosamente cerrada. — Quem vai salvar você de mim
agora, hein? Huh? Responda-me, idiota!
Um gemido ilegível escapa de seus lábios trêmulos e eu aperto o
seu pescoço com tanta força que os nós dos meus dedos ficam brancos.
Eu trago o meu rosto para mais perto dele, garantindo que ele possa ver
a raiva nos meus olhos, e que eu possa ver o medo no seu. — O que foi
isso? Eu não consigo ouvi-lo através de todo o seu choro, Evan. Você vai
dizer a sua mãe sobre mim? Você vai mentir e dizer que eu era mau
para você, como você fez quando éramos crianças? Ou sobre como você
disse a ela que eu fui vasculhar suas coisas e levei tudo?

~ 189 ~
Um sorriso malicioso se curva em meus lábios e eu lato uma
risada forjada antes de me inclinar para frente para sussurrar
duramente em seu ouvido. — Bem, na verdade, eu levei uma coisa de
você. Levei uma e outra vez, até que ela gritou meu nome e pediu mais.
Até que ela veio com tanta força que ela soluçava porra.
— Pare com isso! Por favor! — Ally grita. — Alguém faça alguma
coisa!
— Vamos lá, cara. — essa é a voz de Riku. Está muito longe,
porém mais perto do que antes. Eu posso sentir o aperto sobre os meus
ombros, puxando-me de volta à realidade. — Todo mundo está
assistindo. Não estrague a sua vida por este filho da puta. Ele não vale
a pena.
— Por favor, — um anjo quebrado chora. — Por favor, não. Por
favor, não faça isso.
Sua voz só continua repetindo na minha cabeça, me implorando
para parar. Me implorando para poupar o seu precioso marido. Inferno
sim, ferir Evan me faria sentir melhor, mas também a destruiria. Uma
parte dela morreria com ele. E fazendo-a viúva com a idade de 27, ela
sempre me odiaria. E isso... isso me destruiria.
Eu solto meu aperto da garganta de Evan e deixo Riku puxar-me
para trás, permitindo que Ally se mova rapidamente para ajudar o
marido quando ele desaba no chão, tossindo. Ela escova o cabelo da
testa umedecido pelo suor e acaricia seu rosto beterraba-vermelha,
chorando por ele. Chorando pela vida que ela quase testemunhou
desaparecer por minhas próprias mãos.
Alguém corre para ajudar Evan a se levantar, e com Ally
pressionada contra seu lado, eles o levam em direção à saída.
— Você não vai levá-la, — ele tenta cuspir por cima do ombro em
um sussurro tenso. — Você acabou de pagar por ela com cada maldito
centavo que você possui.
Eu não respondo. Eu nem sequer lhe dou uma segunda olhada.
Eu continuo assistindo, enquanto Ally faz sua escolha. Evan é o menor
de dois males. E eu sou... Eu sou apenas menos.
Ele é a estrela em sua vida. Eu apenas o substituto.
Pouco antes de ela cruzar o limiar, ela se vira para olhar para
mim uma última vez. Filtros de luz solar passam através de uma única
lágrima que corre pelo seu rosto, transformando a tristeza cristalizada.
Eu quero ir com ela, capturá-la na minha mão e beijá-la até que ela se
dissolva em nada. Mas as lágrimas não são para mim. Elas são por
minha causa.

~ 190 ~
O anjo angustiado vai para longe de mim, fugindo do meu
inferno singular quando trilhas de fogo vão atrás dela. Estrelas
queimam e caem do meu céu, e as nuvens choram, escurecendo na
tristeza.
O sol se foi. Eu a perdi para sempre.

~ 191 ~
ABANDONO
- Mensagem 12 de 23 -

Caro Justice,
Feliz (atrasado) Ano Novo.
Eu não tenho certeza se você está recebendo meus e-mails, mas
como sua assessora e eu ainda sou a sua publicitária, gostemos ou não,
eu sinto a necessidade de manter o check-in com você. Você sabe, para
atualizá-lo sobre o que está acontecendo aqui. E para que você saiba
que estamos todos preocupados com você.
Sim, eu disse isso. Estou preocupada com você.
Última vez que ouvi, você estava em Tóquio, e, em seguida,
escondido em um castelo na França. Sua mãe entrou em contato, e me
disse que você estava na Polônia brevemente, visitando seus avós para
os feriados. Ela é uma mulher linda, por sinal. Ela ainda contou a
história de seu antigo nome infeliz. Sean Connery e Michael Douglas,
hein? Não posso dizer que eu a culpo.
Enfim, depois da Polônia, a trilha ficou gelada. Isso foi há três
semanas.
Olha, eu entendo. Você está chateado com o mundo agora. Mas,
pelo menos deixe-me saber que você está vivo, então eu sei que eu não
estou escrevendo para um cadáver.
Eu duvido que você esteja mantendo-se atualizado com os
eventos atuais, porque se você estivesse, você estaria em casa agora.
Então, eu vou poupar os detalhes sórdidos e ir direto ao que interessa.
Evan Carr tirou todas e quaisquer acusações contra você.
Aparentemente, você tem um anjo da guarda cuidando de você, porque
seu time estava pronto para ir à guerra. Então conte isso como uma
vitória - sua casa está segura.
No entanto, as coisas podem parecer completamente diferentes,
se você não trazer o seu traseiro de volta aqui em breve. Diane e Riku
vieram com essa ideia maluca de transformar completamente o Oasis
em um resort para casais. E considerando que você têm pessoas
tentando visitar este lugar como se fosse Disneyland para pervertidos,
eu acho que é um plano sólido. Laura e Brad decidiram vir a bordo por
tempo integral, ensinando ioga tântrico entre outras coisas. Eles até
conversaram com Candi e Jewel sobre uma classe de faixa aeróbica do
~ 192 ~
tipo e, um curso de striptease mais íntimo para casais. Estão todos
felizes em ajudar, Justice. Eles se preocupam com você... todos nós
fazemos.
Obviamente, Erin não foi convidada a voltar para o hotel. Da
ultima vez que ouvi, ela abandonou a faculdade de medicina e está a
um piscar de olhar em ser garota de programa. Azar dela e sua mentira
de chantagear com uma dublê, uma vez que o filme foi lançado, você
sabe, aquele dia... sua fita de áudio foi inútil. Assim, não só ela é uma
prostituta desgraçada, ela está sem dinheiro, sem emprego, a ponto de
se tornar uma prostituta.
Eu não sei se você está lendo isso, ou se você está em um lugar
que tem Wi-Fi, mas só sei que nós estamos torcendo por você. Ninguém
culpa você pelo que você fez para Evan; aquele idiota merecia. E agora
que todo mundo sabe que você é Winston Carr II, filho abandonado, o
mundo inteiro se solidariza com você e entende porque você reagiu da
maneira que você fez.
Eles roubaram tudo de você, Justice. Não deixe eles tirarem tudo
o que você realizou tão bem.
Ok, até a próxima. Talvez você vá realmente responder e me
deixar saber que você não está morto, em alguma vala no Rio de
Janeiro. Como eu disse antes, estamos todos aqui para você. Se você
quer deixar Justice Drake para trás, eu entendo perfeitamente. Mas não
nos dexe para trás. Não abandone as pessoas que te amam. Ok?
- Heidi

O E-MAIL É UM dos muitos que eu já li e descartei, arrumando


tudo naquele lugar dormente dentro de mim que não é permitido sentir
ou lamentar. É melhor assim, para mim, para todos.
Heidi está certa, eu não estou a par dos acontecimentos atuais.
Eu nem mesmo assisto televisão. Às vezes eu passo numa banca de
jornal em um aeroporto, e um rosto familiar me olha de volta a partir
dessas páginas, mas, mesmo isso ocorre cada vez menos. De acordo
com a conversa entre a juventude local, eu recolhi uma jovem estrela de
Hollywood que está grávida e ela não tem certeza qual dos irmãos é o
pai. Ái.
Estou sentado em um café em Amsterdã, desfrutando de uma
xícara de chá de ervas, você sabe... a diversão é ouvir os sons da cidade.
É ocupado aqui, vivo. No entanto, há algo tão relaxante e suave sobre

~ 193 ~
este lugar. Talvez seja a conversa vazia. Talvez a minha mente esteja
finalmente distraída o suficiente para sentir algo diferente de raiva e
arrependimento. Eu mesmo quase sorrio. Quase.
A menina da loja sorri para mim, e eu aceno de volta. Ela é linda,
exótica, com cabelos e características escuras, mas seus olhos são
assombrosamente luminosos. Alguns meses atrás, o meu olhar poderia
ter perdurado no dela apenas um pouco mais. Talvez eu teria lhe dado
um pequeno sorriso de volta. Apenas o suficiente para mostrar que ela
tinha a minha atenção, e poderia mantê-la, por uma noite.
A loja está vazia, então ela muda a televisão de um jogo de futebol
para o que soa como um seriado de comédia.
— Isso está bem? — ela me pergunta em Inglês com forte sotaque.
Concordo com a cabeça, sem olhar para a tela e dando um sorriso
forçado. Ela leva isso como um convite e vem para se situar em minha
mesinha.
— Este é o meu favorito, — diz ela, sorrindo para a TV. — E eu
estou feliz que eles colocam as reprises em Inglês. Me ajuda a aprender.
Eu finalmente puxo minha atenção longe das pequenas ervas
flutuantes na minha xícara de chá e olho para a televisão. E o momento
em que meus olhos caem na tela, eu me sinto como se eu tivesse sido
despejado em uma escura piscina infinita de água gelada. Só quando eu
acho que alguém me mostrou misericórdia e me jogou um salva-vidas,
eu percebo que eu afundo.
Eu não posso escapar disso.
Eu não posso escapar dela.
Não importa onde eu vá, ela está lá. Mesmo quando ela está um
milhão de milhas de distância.
Quirky Phoebe está reconfortando Ross, dizendo a ele para
aguentar, porque não importa o que, Rachel é a sua lagosta. E uma vez
que as lagostas se encontram e se apaixonam, elas se acasalam para a
vida. Elas sempre se encontram. E mais cedo ou mais tarde, Rachel e
Ross estarão juntos.
Pela próxima meia hora, eu vejo quão patético Ross parece
usando esse raciocínio com Rachel, tentando fazê-la ver que ele é o
único para ela. Ele falha miseravelmente, é claro, e Rachel descarta ele
em troca de perspectivas mais atraentes. Perspectivas como Evan Carrs
do mundo. Porque garotas como Rachel não vão para caras como Ross.
Ninguém quer o segundo colocado.

~ 194 ~
O grupo está sentado em torno de sala de estar de Monica
assistindo uma fita VHS antiga do baile de formatura. Rachel é
levantada do seu assento pelo seu encontro, Chip. No fundo está o
solitário Ross - silencioso e invisível. Seus pais o convenceram a levar
Rachel para o baile, e depois de alguma pressão, ele concorda. E eu vejo
a luz nos olhos de Ross. O momento em que ele está cheio de esperança
e sonhos e loucura cega.
Todos são esmagados em uma partícula de poeira quando Rachel
passa por ele e para fora da porta... com Chip.
Ninguém nunca soube o quão profundamente Ross sentia por ela.
Ele nunca disse a ninguém. Ele se isolou em sua dor e rejeição porque
ele achava que não era bom o suficiente. Ele sabia que estava abaixo
disso.
A Rachel adulta o vê - finalmente o vê. E ela entende. Ross foi
feito para ela. Ela foi feita para ele. E nenhuma quantidade de tempo ou
distância ou circunstância pode mudar isso.
Os dois lábios se fecham e uma Phoebe vertiginosa repete sua
declaração sincera de mais cedo. — Veja... ele é a lagosta dela.
Quando o episódio termina, eu entendo. Eu finalmente consigo
ver que significava o que Ally disse aquele dia. E sem motivo nenhum,
eu rio.
Tipo, realmente rio.
Eu ri tanto que me dobro, segurando minha barriga. A barista se
afasta lentamente, assustada com a minha súbita explosão de histeria.
Ela provavelmente pensa que eu estou alto como uma pipa50, e talvez eu
esteja. Eu não me importo. É bom apenas para liberar... alguma coisa.
— Maldito seja, Phoebe Buffay, — digo em voz alta, balançando a
cabeça com um sorriso idiota na cara. — Maldita seja.

50
Se referindo a estar drogado.

~ 195 ~
REALIZAÇÃO
Querida Ally,
Eu sei que você deve estar pensando onde eu estive desde que
aquilo aconteceu. Ou talvez não. Talvez você nunca queria ouvir de mim
de novo. E eu acho... que dá para entender isso. Mas mesmo assim...
Eu tenho que fazer isso melhor. Eu tenho que fazer você ver que
nunca quis te machucar intencionalmente. Eu tenho que fazer você ver
isso.
Eu sei que Evan provavelmente fez você acreditar que eu te usei
para chegar até ele, mas eu nunca fiz, isso não poderia estar mais longe
da verdade.
Eu não ligo pra merda nenhuma sobre Evan.
Isso não é sobre ele.
Ally, sim, eu sabia sobre você desde o início, mas não foi isso que
me atraiu até você, você foi gentil, suave e...
Honestamente?
Ally, você foi inesperadamente pateta, besta, desajeitada como o
inferno, e sempre que eu estava com você, eu não conseguia manter o
sorriso bobo do meu rosto. Isso que me atraiu para você. Isso que me fez
ver que minha atração por você era mais do que mórbida curiosidade. E
uma vez que aceitei isso, eu sabia que tinha que estar com você. Não
havia modo de contornar isso.
Tudo mudou quando você entrou na minha vida. Eu mudei. As
coisas que eu queria, a pessoa que eu pensava que eu era... nada disso
faz mais sentido. Mas você faz todo sentido para mim.
Eu gosto de como você faz eu me sentir quando estamos juntos. Eu
gosto de MIM quando estamos juntos.
Eu não sei o que dizer para você acreditar que você certamente é a
minha lagosta. E não importa o que nós passamos, ou com quem você se
casou, ou a distância entre nós, nós vamos nos encontrar de novo. Temos
que nos encontrar.
Me desculpe.

~ 196 ~
CONCLUSÃO
Abu Dhabi

EU ESTAVA PENSANDO em ir para casa durante semanas. Mas


toda vez que eu pensava em voltar, eu ficava com a mesma amarga
realização, eu não tinha uma casa mais.
Oasis era ainda meu, mas tem sido manchado por paparazzis e
turistas, na esperança de obter uma espiada de Justice Drake. Não é
mais o refúgio que encontrei depois de me livrar da cidade assim que eu
terminei o ensino médio. Eu costumava culpar minha mãe por tomar o
dinheiro em troca de seu silêncio, mas então eu percebi que ela fez o
que tinha que fazer para sobreviver. Indo contra a Carrs teria sido
suicídio, e eu não quero dizer isso figurativamente. Se eles realmente
queriam que desaparecêssemos, não há nenhuma dúvida em minha
mente que seríamos atingidos por algum conveniente "acidente". E
mesmo quando era uma jovem imigrante polonêsa, com grandes sonhos
na cidade grande, ela sabia o tipo de influência que os Carrs
realizavam. Então eles compraram o nosso silêncio, e eu aprendi o
poder do todo-poderoso dólar. Você pode comprar a felicidade, amor e
comprar sua liberdade. E eu? Eu comprei uma nova vida.
Então aqui estou eu, trocando um oásis por outro, ainda
tentando descobrir o que está próximo, e exatamente quem eu era antes
que as pessoas sequer soubessem que existia Justice Drake.
Eu me sinto como ele, eu sou ele. Mas eu também sou Sean
Michael Dovak também, o garoto que foi nomeado para ser uma estrela
de cinema. O garoto que uma vez se assemelhava com Winston Carr II e
seu filho, Evan.
Em uma tentativa de me separar desse estigma, eu fiz tudo o que
podia fazer para não parecer como eles. Eu cortei meu cabelo mais
curto, enquanto os homens Carr tinham cabelos naturalmente esbeltos,
e passei cada momento que pude ao ar livre, aumentando a minha pele
bronzeada. Felizmente, as fortes características europeias da minha
mãe apagaram a maior parte de todos os vestígios remanescentes da
genética Carr quando eu cresci. No entanto, de vez em quando, alguém
olhava de soslaio e inclinava a cabeça para o lado, curioso depois de ver
Evan e eu juntos quando crianças. E a Sra. Carr, substituta do diabo,
não apreciava a especulação.

~ 197 ~
Sendo Sean Michael sempre tendo uma conotação negativa.
Então, eu me tornei Justice Drake. E não havia nenhuma vergonha
nisso.
O apartamento que eu estou alugando é cerca de 1/3 do tamanho
da mansão no Oasis, mas me convém. Grandioso nunca foi coisa
minha, e eu caí no amor com o design limpo e moderno do espaço no
momento em que o vi. E desde que eu realmente não tinha planos
imediatos de voltar para o Arizona, eu pensei, que diabos? Qual o
melhor lugar para começar de novo do que um país totalmente
diferente?
Isso foi cerca de um mês atrás, e minha pequena fatia de Abu
Dhabi ainda não parecia uma casa. E parte de mim pensa que talvez
nunca seja.
Eu faço o meu caminho para baixo do deck e saio para o sol da
manhã, levando os aromas dos carros, alimentos condimentados e
incenso. Eu contorno as feiras próximas e áreas turísticas, e um café
local perto da praia. Felizmente, é cedo, e eu me sento na minha mesa
favorita fora de imediato. Um dos garçons me reconhece e corre para me
trazer uma xícara de café.
— Fruta fresca hoje, senhor? — pergunta ele, lembrando da
minha ordem habitual.
— Sim, por favor, — eu aceno.
Ele se curva com um olhar compreensivo e dirige de volta para o
restaurante para recuperar meu prato usual de melão, uva, manga e
pêra.
— Hmph. Parece que você pediu algo saudável. Pergunta: se você
só pode comer frutas ou frango e waffles para o resto da sua vida, qual
você escolheria?
Eu congelo, quase derrubando a xícara de café. Eu coloco o copo
sobre a mesa com o mesmo cuidado que eu me viro para a voz. Olho em
direção a mulher envolta em roupa preta, de hijab51 cobrindo a cabeça,
para o abaya longo, sedoso tocando seus pés com sandálias.
E eu estou em casa.
Estou em casa naqueles olhos nem verdes e nem azuis. Olhos que
são muito selvagens e muito brilhantes para serem reais. Uma única
mecha de cabelo de fogo se liberta e cai dentro daqueles olhos
animados. Ela tenta tirá-lo para longe, fazendo com que o niqab52 caia,

51
É aqueles panos que as mulheres das arábias usam para cobrir o rosto e o cabelo.
52
Aquelas vendas nos olhos que essas mulheres usam também.

~ 198 ~
e ela ri. Ela ri, e soa como a música mais doce nunca composta depois
de sofrer por anos em silêncio ensurdecedor.
Eu não sei o que dizer.
Eu só rio também.

~ 199 ~

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