ESTUDO DE FOTOGRAMETRIA PARA RECONSTRUÇÃO TRIDIMENSIONAL

(3D) DO IFPA-CAMPUS PARAUAPEBAS1

Joabe Xavier da Silva 2; Arthur Ângelo Silva Alves3; Keylla da Silva Simão4; Michely Rocha
Vieira5; Anderson de França Silva6; André Luiz Maciel Cid7; Luiz Guilherme Dias de Barros8
Gustavo Pessin9.

Palavras-chave: Tecnologia; Meshroom; Metadados.

RESUMO
A reconstrução 3D de ambientes externos desempenha um papel crucial em diversas áreas,
proporcionando uma representação visual precisa e detalhada do ambiente, facilitando a
tomada de decisões e o entendimento dos espaços exteriores. Este estudo investiga a
viabilidade da reconstrução tridimensional (3D) do Instituto Federal do Pará, campus
Parauapebas, a partir da técnica de fotogrametria. A pesquisa possui caráter qualitativo e
exploratório. Para obtenção dos resultados, coletamos artigos e documentos que se relacionam
com a temática abordada. Ademais, a coleta de dados também sucedeu-se a partir da leitura
do ambiente a ser construído, com utilização de dois dispositivos diferentes, com o propósito
de comparar os resultados. Os dados foram processados no software de reconstrução
fotogramétrica AliceVision Meshroom. Os resultados indicaram que os metadados são
essenciais na reconstrução 3D de um ambiente, e que a quantidade dessas informações nas
fotografias depende do dispositivo digital utilizado. Cremos que a discussão apresentada
possa ser útil na democratização do conhecimento científico e impulsionar a inovação de
tecnologia relacionada a essa metodologia.

1
Resumo revisado pelo coordenador do projeto de pesquisa, Profª. Anderson Silva
2
Estudante do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária IFPA - Campus Parauapebas,
joabe.xavier.silva@gmail.com
3
Estudante do curso de Automação Industrial IFPA - Campus Parauapebas, arthurangelos.alves@gmail.com
4
Estudante do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária IFPA - Campus Parauapebas, simaokeylla@gmail.com
5
Estudante do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária IFPA - Campus Parauapebas,
michelyrocha97@gmail.com
6
Professor coordenador do projeto de pesquisa, anderson.silva@ifpa.edu.br
7
Colaborador do projeto, Instituto Tecnológico Vale, Ouro Preto - MG, luiz.barros@itv.org
8
Colaborador do projeto, Instituto Tecnológico Vale, Ouro Preto - MG, andre.cid@aluno.itv.org
9
Colaborador do projeto, Instituto Tecnológico Vale, Ouro Preto - MG, gustavo.pessin@itv.org.
1 INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA
Nos últimos anos, a reconstrução tridimensional (3D) de ambientes tem ganhado
relevância em várias áreas. No âmbito do planejamento urbano e rural, é empregada para
visualizar e compreender a disposição, estrutura e características dessas áreas, auxiliando no
planejamento de cidades, estradas, parques e outros espaços urbanos. O setor de turismo e
marketing também se beneficia dessa tecnologia para criar modelos realistas de pontos
turísticos, oferecendo experiências imersivas aos visitantes e sendo uma ferramenta de
promoção de destinos turísticos. Além disso, a reconstrução tridimensional se torna uma
ferramenta valiosa para pesquisas acadêmicas, possibilitando o estudo minucioso de
ambientes externos para diversas finalidades educacionais e científicas (Rosalen, 1997).
Na reconstrução tridimensional (3D), são empregados métodos distintos, tanto
passivos quanto ativos. Entre os métodos passivos está a fotogrametria, que extrai dados de
imagens capturadas, enquanto os métodos ativos, como o sensor Lidar, interferem diretamente
no ambiente ao emitir feixes de laser na banda do infravermelho, integrando-se a outros
sistemas, como o posicionamento de satélite e a Unidade de Medição Inercial para a
modelagem tridimensional da superfície.
No caso da fotogrametria, é relevante salientar que a baixa luminosidade do ambiente
a ser reconstruído pode impactar negativamente o mapeamento, diferentemente do método
ativo. Contudo, em contraste às câmeras, o sensor Lidar pode apresentar imprecisões em
espaços com geometria homogênea, como túneis. Com o intuito de oferecer um sistema
preciso de localização e um mapa representativo do ambiente, Resende et al. (2020) aplicaram
técnicas de SLAM baseadas em sensores Lidar, associadas à fotogrametria. Segundo o autor,
ao variar as técnicas de reconstrução, é viável explorar as vantagens de cada método,
contribuindo para resultados satisfatórios que possam subsidiar a tomada de decisões.
Uma pesquisa realizada na caverna "Mina du Veloso", conduzida por Resende Filho et
al. (2019), visa analisar a melhor combinação de sensores e algoritmos para realizar a
reconstrução tridimensional (3D) de ambientes confinados. O estudo foi realizado em duas
etapas: (i) fotogrametria utilizando uma câmera monocular e (ii) a obtenção de uma nuvem de
pontos por meio do sensor Lidar. Assim, a reconstrução completa foi alcançada por meio da
combinação das nuvens de pontos. Além disso, os pesquisadores destacam a importância da
disseminação do conhecimento sobre esse ambiente por meio de visitas virtuais guiadas.
Portanto, neste artigo é abordado o processo de reconstrução fotogramétrica de um
ambiente externo no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará, campus
Parauapebas. O propósito é promover a técnica de fotogrametria como um elemento que
contribui para democratizar o conhecimento científico e impulsionar a inovação tecnológica
relacionada a essa metodologia.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Para adquirir os dados, realizou-se uma captura do ambiente utilizando a câmera
HC-V160 da Panasonic e o smartphone Motorola Moto G60, gerando imagens RGB
essenciais para a reconstrução fotogramétrica. Esse processo foi realizado por meio do
software AliceVision Meshroom, uma estrutura de visão computacional fotogramétrica que
oferece algoritmos para reconstrução 3D e rastreamento de câmera. Para realizar as
reconstruções, foi empregado um computador equipado com CPU E5-2246 (Intel, Santa
Clara), 32 GB de RAM e placa de vídeo Quadro P1000 (NVIDIA, Santa Clara) atendendo aos
requisitos do software utilizado.
No fluxo de reconstrução fotogramétrica desse software, cada bloco é responsável por
executar uma atividade, seguindo o fluxo básico ilustrado na figura 1. Para isso, o software
considera os metadados das imagens. Os metadados são dados de demais dados de uma
imagem, ou seja, informações acrescentadas aos dados, promovendo a divulgação de
informações que resultam em maior organização para o usuário. Dessa forma, os metadados
permitem o gerenciamento, localização, identificação, compreensão e preservação dos dados
digitais, descrevendo sobre o autor, data de criação, local de criação, conteúdo, forma,
dimensões e outras informações.

Figura 1 - Fluxo básico da reconstrução 3D por fotogrametria.

Fonte: AliceVision, 2023.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados surgiram da reconstrução tridimensional do Instituto Federal do Pará,
onde dois equipamentos distintos foram empregados para analisar e determinar os melhores
resultados. Utilizando a câmera HC-V160, foram capturadas 384 imagens do ambiente, com
uma resolução de 3968 x 2232 pixels. No entanto, apenas 172 imagens foram processadas no
software AliceVision Meshroom, demandando aproximadamente 2 horas e 40 minutos para o
processamento. A figura 2 ilustra o resultado da reconstrução do ambiente de estudo
 Figura 2 - Levantamento 3D da fachada do IFPA-Parauapebas

Fonte: Autores, 2023.

Num segundo estudo, empregamos o dispositivo Motorola Moto G60 para capturar 77
imagens do ambiente de estudo, com resolução de 4000 x 3000 pixels. Nessa instância,
apenas 5 fotos foram utilizadas no processamento pelo software, levando cerca de 12 minutos
e 25 segundos para conclusão. Os resultados são apresentados através da texturização,
conforme ilustrado na figura 3.

Figura 3 - Levantamento 3D de parte do estacionamento do IFPA .

Fonte: Autores, 2023.

Ao analisarmos os resultados, percebemos que a primeira reconstrução é satisfatória,

embora incompleta, pois o software conseguiu reconstruir a fachada principal da instituição.
Isso se deve à presença dos metadados nas imagens utilizadas, elementos fundamentais para
criar um modelo 3D preciso de uma superfície. No entanto, a segunda tentativa, usando a
câmera de um smartphone, revelou-se limitada, já que o software restringiu a reconstrução
apenas às imagens com metadados identificados. Adicionalmente, a falta de estabilização na
coleta de dados é um dos fatores que influenciam na extração das características necessárias
para as etapas de reconstrução tridimensional.
4 CONCLUSÕES/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com os resultados obtidos, constatamos a importância dos metadados na reconstrução
3D de um ambiente pela técnica da fotogrametria e como a quantidade dessas informações
varia conforme o dispositivo digital utilizado. As câmeras, em comparação aos smartphones,
tendem a gerar mais metadados, o que contribuiu para uma reconstrução mais abrangente do
ambiente.
Dado que a fotogrametria é um método passivo de reconstrução 3D que se baseia
exclusivamente em recursos visuais, está suscetível a erros de escala e rotação da câmera. A
partir dos achados desta pesquisa, sugere-se que a coleta de dados para a fotogrametria seja
realizada com câmeras profissionais que possuam estabilizador. Além disso, é viável
aprimorar a fotogrametria ajustando outras configurações do software e integrando a fusão
sensorial com as nuvens de pontos capturadas pelo sensor Lidar para possíveis melhorias.

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com o apoio do Instituto Tecnológico Vale (ITV)
E do Instituto Federal do Pará - Campus Parauapebas e da Vale S.A.

REFERÊNCIAS

Alice Vision Meshroom (2019). Photogrammetry pipe-line. Disponível em:

https://alicevision.github.io/. Acesso em: 22 de novembro de 2023

ROSALEN, David. Estudo do processo de captação de imagens aplicado à fotogrametria

digital. 1997. 159f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de transportes) - Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos.

RESENDE FILHO, L. W.; DOMINGUES, J. D.; AZPURUA, H.; CORREA PABON, R. E.;
PESSIN, G.; PRZEWODOWSKI, A.; OSORIO, F. S. Investigation on Photogrammetry
and LiDAR Models for Caves/Mines 3D Reconstruction. Em: AGU Fall Meeting
Abstracts, v. 2019, pp. P41C–3475, dez. 2019.