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Edição: Digital

UMBANDA-CAMDONBLÉ – KIMBANDA-
BATUQUE –CATIMBO Uma edição do Grupo
de Estudos Boiadeiro Rei
contato@grupoboiadeirorei.com.br
autor; Fernando Guedes
07313

UMBANDA POPULAR DE TODOS NÓS

ORIGEM: DA UMBANDA

Em fins de 1908, uma familia tradicional de Neves estado do Rio de


Janeiro, foi surpreendida por uma ocorrência que tomou aspecto
sobrenatural: O jovem Zélio Fernandes de Moraes que fora
acometido de uma estranha paralisia, que os médicos não
conseguiam debelear, certo dia ergueu-se do leito e declarou:
"Amanhã estarei curado".
No dia Seguinte levantou-se normalmente e começou a andar, como
se nada, antes lhe houvesse tolhido os movimentos. Contava apenas
com dezessete anos e destinava-se a carreira militar na Marinha.

A medicina não soube explicar o que tinha ocorrrido. Os tios, que


eram padres católicos, foram colhido de surpresa e nada
esclareceram sobre a misteriosa ocorrência. Um amigo da família,
sugeriu então, uma visita à Federação Espírita de Niterói, presidida
por José de Souza na época. No dia 15 de Novembro de 1908, o
jovem Zélio foi convidado a participar de uma sessão, o dirigente dos
trabalhos determinou que ele ocupasse um lugar à mesa.

Tomado por um força estanha e superior à sua vontade, contrariando


as normas que impediam o afastamento de qualquer membro da
mesa, o jovem Zélio levantou-se e disse: "Aqui, está faltando uma
flor!" - Levantou-se, retirou-se da sala. Pouco depois, voltou trazendo
uma rosa, que depositou no centro da mesa. Essa atitude insólita
causou um tumulto.

Restabelecida a "corrente" manifestaram-se espíritos que se diziam


pretos, escravos, índios, caboclos, em diversos médiuns. Esses
espíritos foram convidados a se retirar pelo presidente dos trabalhos,
advertidos do seu estado de atraso espiritual.(Fonte: Seleções da
Umbanda, em 1975)

A insistência dos dirigentes da mesa, para que os espíritos de


negros, escravos, não perturbassem a sessão, causou uma
discussão acalorado, entre o espírito que Zélio incorporava com os
demais que queriam doutriná-lo.
Zélio tinha argumentos sólidos, e um dos médium da mesa, perguntou
ao espírito que estava incorporado no Zélio:" Porque o irmão, fala
nestes termos, pretendendo que esta mesa aciete a manifestação de
espiritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados,
são claramente atrasados? E, qual teu nome irmão?"

Zélio Respondeu, incorporado: "Se julgam atrasados esses espíritos


dos pretos, índios, caboclos, devo dizer que amanhã estarei em casa
desse aparelho (corpo do médium Zélio), para dar início a um culto
em que esses pretos e esses índios poderão dar a sua mensagem e,
assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma
religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve
existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se
querem saber meu nome que seja esse: Caboclo das Sete
Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim."

Continuou:

"O que você vê em mim, são restos de uma existência anterior. Fui
padre e o meu nome era Gabriel Malagrida. Acusado de bruxaria fui
sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761. Mas
em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de
nascer como caboclo brasileiro."

Anunciou também o tipo de missão que trazia do Astral:

" Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que


amanhã (16 de novembro) estarei na casa de meu aparelho, às 20
horas, para dar início a um culto em que estes irmãos poderão dar
suas mensagens e, assim, cumprir missão que o Plano Espiritual
lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes,
simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos,
encarnados e desencarnados.”

O vidente retrucou: " Julga o irmão que alguém irá assistir a seu
culto?" - perguntou com ironia. E o espírito já identificado disse:
"Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto
que amanhã iniciarei".

Para finalizar o caboclo completou:

" Deus, em sua infinita Bondade, estabeleceu na morte, o grande


nivelador universal, rico ou pobre, poderoso ou humilde, todos se
tornariam iguais na morte, mas vocês, homens preconceituosos, não
contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram levar
essas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte.
Porque não podem nos visitar esses humildes trabalhadores do
espaço, se apesar de não haverem sido pessoas socialmente
importantes na Terra, também trazem importantes mensagens do
além?"

No dia seguinte, na casa da família Moraes, na rua Floriano Peixoto,


número 30, ao se aproximar a hora marcada, 20:00 h, lá já estavam
reunidos os membros da Federação Espírita para comprovarem a
veracidade do que fora declarado na véspera; estavam os parentes
mais próximos, amigos, vizinhos e, do lado de fora, uma multidão de
desconhecidos.

Às 20:00 h, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas.


Declarou que naquele momento se iniciava um novo culto, em que os
espíritos de velhos africanos que haviam servido como escravos e
que, desencarnados, não encontravam campo de atuação nos
remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas em sua
totalidade para os trabalhos de feitiçaria; e os índios nativos de nossa
terra, poderiam trabalhar em benefício de seus irmãos encarnados,
qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social.

A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a


característica principal deste culto, que teria por base o Evangelho de
Jesus.
O Caboclo estabeleceu as normas em que se processaria o culto.
Sessões, assim seriam chamados os períodos de trabalho espiritual,
diárias, das 20:00 às 22:00 h; os participantes estariam uniformizados
de branco e o atendimento seria gratuito. Deu, também, o nome do
Movimento Religioso que se iniciava: UMBANDA – Manifestação do
Espírito para a Caridade.

A Casa de trabalhos espirituais que ora se fundava, recebeu o nome


de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como Maria acolheu o
filho nos braços, também seriam acolhidos como filhos todos os que
necessitassem de ajuda ou de conforto.

Ditadas as bases do culto, após responder em latim e alemão às


perguntas dos sacerdotes ali presentes, o Caboclo das Sete
Encruzilhadas passou a parte prática dos trabalhos.
O caboclo foi atender um paralítico, fazendo este ficar curado.
Passou a atender outras pessoas que haviam neste local, praticando
suas curas.

Nesse mesmo dia incorporou um preto velho chamado Pai Antônio,


aquele que, com fala mansa, foi confundido como loucura de seu
aparelho e com palavras de muita sabedoria e humildade e com
timidez aparente, recusava-se a sentar-se junto com os presentes à
mesa dizendo as seguintes palavras:

" Nêgo num senta não meu sinhô, nêgo fica aqui mesmo. Isso é
coisa de sinhô branco e nêgo deve arrespeitá."
Após insistência dos presentes fala:
"Num carece preocupá não. Nêgo fica no toco que é lugá di nego."
Assim, continuou dizendo outras palavras representando a sua
humildade. Uma pessoa na reunião pergunta se ele sentia falta de
alguma coisa que tinha deixado na terra e ele responde:
"Minha caximba. Nêgo qué o pito que deixou no toco. Manda
mureque busca."
Tal afirmativa deixou os presentes perplexos, os quais estavam
presenciando a solicitação do primeiro elemento de trabalho para
esta religião. Foi Pai Antonio também a primeira entidade.
Assim Zélio se tornou o Sacerdote de Umbanda, dando início a uma
nova religião:
(Revista Planeta - Candomblé e Umbanda -Ari Moraes)

A Umbanda é uma religião brasileira, fundada em 15/11/1908, e


fundamentada em 3 pilares que são sua base de sustentação: O
AMOR, A CARIDADE E A HUMILDADE,composta de um deus único
(OLORUM), que é o criador de tudo e todos, onde seus
frequentadores (chamados também de "filhos de fé") reverenciam
entidades superiores denominados ORIXÁS, sendo o principal Jesus
(OXALÁ).

Sacrifício de animais:

A Umbanda não recorre aos sacrifícios de animais para


assentamento de Orixás, e não tem nessa prática legítima do
Candomblé um dos seus recursos ofertatórios às divindades, pois
recorre às oferendas de flores, frutos, alimentos e velas quando as
reverencia.

A fé é o principal fundamento religioso da Umbanda e suas práticas


ofertatórias isentas de sacrifícios de animais, é uma reverência aos
Orixás e aos guias espirituais recomendando-as aos seus fiéis, pois
são mecanismos estimuladores do respeito e união religiosa com as
divindades e os espíritos da natureza ou que se servem dela para
auxiliarem os encarnados.

Natureza e incorporação de Exús:

Encontramos aqueles que crêem que os Exús são entidades


(espíritos) que só fazem o bem, e outros que crêem que os Exús
podem também ser neutros ou maus. Observe-se que, muitas vezes,
os médiuns dos terreiros de Umbanda e mesmo de Candomblé e dos
centros Kardecistas não têm uma idéia muito clara da natureza da(s)
entidade(s), quase sempre, por falta de estudo da religião.

Existe grande confusão em torno de Exu, principalmente quanto a sua


errônea concepção com o demônio dos católicos. Num estudo
profundo sobre a mitologia africana, principalmente a Iorubana,
poderemos constatar que Exu não é diabo, mas, sim, um Deus,
responsável pelas mensagens dos Orixás. Na verdade, Exu serve de
intermediário entre os Orixás e os adeptos do Candomblé. Cada
Orixá possui seu Exu, assim também como cada pessoa. O trabalho
de Exu é, principalmente, o da comunicação, por este motivo ele é o
senhor das vias de acesso, como estradas, atalhos, caminhos e
encruzilhadas.

Exu possui grande importância dentro dos cultos afro-brasileiros, visto


que, sem seu apoio, as mensagens e os pedidos não chegarão aos
Orixás.
DESPACHOS:

Os trabalhos malignos ( os tão famosos popularmente chamados de "


pactos com o diabo", “Despachos”,"Coisa feita","Trabalho do
Mal", "ebó", "Macumba", "Mironga", "Muamba" ), como matar por
exemplo, Não são acordos feitos com os Exús, mas, com os
KIUMBAS, entidades que agem na surdina, fazendo-se passar pelos
Exús, atuando em terreiros que não praticam os fundamentos
básicos da Umbanda que são:

Crença na existência de um Deus único;


Crença de entidades espirituais em evolução;
Crença em orixás e santos chefiando falanges que formam a
hierarquia espiritual;
Crença em guias mensageiros;
Crença na existência da alma;
Crença na prática da mediunidade sob forma de desenvolvimento
espiritual do médium;
Crença no uso de ervas e frutos: - Jamais sangue;
Caridade acima de tudo.

Videntes os vêem nestes lugares e erroneamente dizem que eles são


de lá. Devido a esta característica, os Exús, são confundidos com os
Kiumbas, que são espíritos trevosos ou obsessores, são espíritos
que se encontram desajustados perante à Lei. Provocando os mais
variados distúrbios morais e mentais nas pessoas, desde pequenas
confusões, até as mais duras e tristes obsessões. São espíritos que
se comprazem na pratica do mal, apenas por sentirem prazer ou por
vinganças, calcadas no ódio doentio. Aguardando, enfim, que a Lei os
"recupere" da melhor maneira possível (voluntária ou
involuntariamente).
Kiumbas vivem no baixo astral, onde as vibrações energéticas são
densas. Este baixo astral é uma enorme "egrégora" formada pelos
maus pensamentos e atitudes dos espíritos encarnados ou
desencarnados. Sentimentos baixos, vãs paixões, ódios, rancores,
raivas, vinganças, sensualidade desenfreada, vícios de toda estirpe,
alimentam esta faixa vibracional e os kiumbas se comprazem nisso,
já que sentem-se mais fortalecidos.
Uso de bebidas alcoólicas:

Também encontramos terreiros dos


seguintes tipos:
Os em que as entidades incorporadas não usam bebidas.
Os em que elas bebem durante os trabalhos.
Os que usam bebida em situações mais veladas.

Não há necessidade de ingestão de bebidas, mas seu uso externo se


faz porque o álcool volatiza-se rápidamente, servindo como
condensador energético para desintegrar miasmas pesados que
ficam impregnados nas auras dos consulentes além de agir como
elemento volátil de assepsia do ambiente.

Na umbanda usa-se como roupagem para os médiuns apenas roupa


branca e descalço, representando a simplicidade e humildade.
Na Umbanda, a assistência pode consultar as entidades diretamente,
sem precisar do jogo de Búzios, uma vez que as entidades podem
utilizar o corpo do médium para se comunicar. Essa consulta só pode
acontecer nos dias de gira de trabalhos, essa gira é especialmente
para isso. Existem outras giras, como por exemplo a Gira de
Desenvolvimento, onde os médiuns novatos praticam e se
aperfeiçoam na comunicação com o orixá e entidades.

Há ainda para se dizer que na Umbanda os orixás maiores ou santos


(Iemanjá, Oxóssi, Xangô, Ogum, Oxum, Iansã, etc) não falam,
quando eles "baixam" no terreiro, só sua presença já é uma benção,
os santos não tem a falange (linguajar) para que as pessoas possam
entender, eles já transcenderam da Terra há muitos anos e adquiriram
muita luz, portanto, aqui na Terra, o máximo que fazem são emitir
sons (ou mantras) como por exemplo o canto de Iemanjá, que para
uns pode ser um canto e para outros um choro.

As consultas ficam por conta das entidades de cada linha como por
exemplo: os baianos, preto-velhos, boiadeiros, marinheiros, crianças,
etc, que por estarem mais próximos de nossa realidade (pois
desencarnaram a apenas algumas décadas - como no caso dos
pretos-velhos), podem nos ajudar por conhecerem bem mais de perto
os problemas terrenos.

Outra característica marcante é o congar de um terreiro de Umbanda


que tem, lado a lado, imagens de santos católicos (estes
representando os orixás) e imagens das entidades (marinheiros,
caboclos ameríndios, pretos-velhos, crianças, etc) e também podem
ter outras imagens como de Santa Luzia, Santo Agostinho, Santo
Expedito, etc. Em terreiros de candomblé cada orixá tem seu lugar,
como por exemplo um quartinho, onde ficam os objetos do orixá.

Os médiuns também não precisam ficar o dia inteiro no terreiro e nem


dedicar todo o seu dia a ele, basta apenas ter a responsabilidade de
estar nos dias de gira e cumprir sua missão com amor e caridade no
coração.

Os médiuns não incorporam cada um um orixá, os médiuns seguem a


linha que os tabaqueiros e o Ogan (sabendo-se que ele só irá puxar
um ponto quando o Pai ou Mãe de Santo autorizar) puxam, por
exemplo, se estiverem cantando um ponto sobre Oxóssi, os médiuns
e a assistência já sabem que quem vem para trabalhar são os
caboclos.
Outra diferença básica é como os médiuns se preparam para
incorporar, ao contrário do Candomblé que dançam num círculo em
movimento, rodopiando seus corpos ao som dos atabaques e outros
instrumentos, na Umbanda o médium fica parado, acompanhando por
palmas os pontos cantados e esperando o momento exato para a
incorporação dos orixás ou das entidades.

As roupas são brancas em geral e o uso das cores fica reservado


para os Pais e Mães de Santo e em dias de festa e homenagem no
terreiro.

As roupas pretas e vermelhas são usadas em dia de Gira de Exu, e


também reservado apenas ao direito do médium de incorporação e
Pais e Mães de Santo, os outros médiuns (novatos, ogans,
cambones, etc) devem usar roupas brancas somente ou com uma fita
vermelha presa a sua cintura.

Cada orixá vibra em uma cor, por exemplo, Oxossi vibra na cor verde
assim como Iansã na cor amarela, mas indiscutivelmente o branco
(Oxalá) é aceito por qualquer linha.
Linhas e Falanges:

No candomblé os orixás formam um sistema, estando ligados por


laços de casamento e descendência; por exemplo: Nanã é a ancestral
feminina, a avó, enquanto Ogum é filho de Oxalá com Iemanjá e
assim por diante. Assim no candomble cada orixá tem sua história,
suas paixões, lutas e apresentam preferências alimentares de cada
um, cores, roupas, adereços, etc.

Os espíritos dos antepassados bantos e as entidades ameríndias -


os caboclos - não apresentam esse tipo de organização: estão
distribuídos em aldeias, reinos, tribos e, em vez de formarem um
sistema, justapõem-se entre si. Com a influência do kardecismo, a
Umbanda usa para sua organização o que chamamos de LINHAS e
FALANGES - princípios de organizações e classificação dos espíritos.

Linhas e Falanges constituem divisões que agrupam as entidades de


acordo com as afinidades intelectuais e morais, origem étnica e,
principalmente, segundo o estágio de evolução espiritual em que se
encontram, no astral.
De acordo com os mais variados critérios e sem limite de número, o
que na prática se traduz em uma multiplicidade de esquemas, a partir
das sete linhas tradicionais da Umbanda, por sua vez subdivididas em
sete falanges ou legiões.

Linha de Oxalá
Linha de Iemanjá ou Linha das Águas
Linha de Oxóssi
Linha de Xangô
Linha do Oriente / Linha de Cosme e Damião*
Linha Africana ou das Almas
Linha de Ogum.

Cada terreiro tem a sua forma de interpretar a Umbanda, os ritos


também diferem de casa para casa. A maioria utiliza atabaques e
outros instrumentos musicais para acompanhar os seus pontos
cantados, mas alguns só cantam seus mantras. Toda gira de
umbanda tem como base o processo de defumação - elemento
característico das giras - que consiste na queima de ervas essenciais,
com o fundamento de limpeza do campo áurico energético das
pessoas e do ambiente para que a faixa vibracional seja ajustada
para o recebimento das entidades que ali trabalharão.

As giras se iniciam com os pontos cantados, defumação e a


incorporação. Após a incorporação do médiuns (cavalos) pelos seus
respectivos guias, inicia-se o atendimento espiritual para o público,
em que a todos são convidados a tomar um "passe" com os guias
que estão em terra, que trabalham exclusivamente para a caridade e
se utilizam de alguns matérias como velas, ervas, pedras, pembas
(giz) para riscar seus pontos riscados ou mandalas.

A Umbanda é genuinamente brasileira. A Prática da Umbanda nada


tem a ver com o Candomblé ou com a Kimbanda. Trata-se de uma
religião que trabalha diretamente com entidades do Plano Astral,
espiritos desencarnados ou seres da natureza (os elementais), e
utliza a mecânica da incorporação para trabalhar as necessidades
emergenciais do homem, trazendo a força e sabedoria dos mestres
da Aruanda e age através da cura e energização do campo astral
Atua nos centros de força dos corpos e campos magnéticos das
pessoas que "...vêm em busca de socorro, alivio e cura para suas
dores morais e físicas." E também traz muito ensinamento das
verdades da espiritualidade maior Um Deus único e superior Zâmbi,
Olorum ou simplesmente Deus – os Orixás são cultuados como
divindades de um plano astral superior, que na Terra representam às
forças da natureza (muitas vezes confunde-se a força da natureza
com o próprio Orixá):

• Oxum: As águas doces;


• Iemanjá: As águas salgadas;
• Iansã: Os ventos, chuvas fortes, os relâmpagos;
• Xangô: A força das pedreiras;
• Oxóssi: A energia das matas;
• Ogum: Dos metais...
São 7 os Orixás ou Linhas na Umbanda, em ordem:
• Oxalá: Representado por Jesus.
• Oxossi: Representado pelos caboclos ou índios brasileiros ou não.
• Ogum: Os chamados guerreiros.
• Ibeji Bejada: A linha das crianças.
• Oxum: Representada pela força da água doce, rios e cachoeiras.
• Xangô: Representa a justiça e a força das pedreiras.
• Yemanjá: Representa a água salgada, o mar.

A cada Orixá está associada uma personalidade e um


comportamento diante do mundo e com seus filhos, os quais são seus
protegidos e uma parte das emanações do Orixá presentes no Orí ou
Camatuê (Camatua) desses filhos.

Existe a compreensão do trabalho dos Orixás na Umbanda em 7


Linhas. Rubens Saraceni as divide da seguinte forma:

Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução, Geração. Ainda,


segundo Saraceni, os 14 Orixás de Umbanda colocados pela ordem
das linhas que trabalham:
• Fé: Oxalá e Oya.
• Amor: Oxum e Oxumaré.
• Conhecimento: Oxóssi e Obá.
• Justiça: Xangô e Eugunitá.
• Lei: Ogum e Iansã.
• Evolução: Obaluayê e Nanã Buroquê.
• Geração: Yemanjá e Omulu.

Os templos onde os "comandantes" são PretosVelhos seguem a


corrente africana e os que têm os Caboclos como "comandantes"
seguem a linha indígena. Mas, isso não é regra e pode variar de
templo para templo

As pessoas que recebem, incorporam entidades dentro dos terreiros,


são ditos médiuns, cavalos ou "burros". Pessoas que têm o Dom de
incorporar os Orixás e Guias.
"As entidades" que são incorporadas pelos médiuns podem ser
divididas entre:
• Falangeiros de Orixás: Xangô, Ogum, Oxum, Nanã, Iemanjá,
Iansã, Obaluayê, Oxumaré, entre outros.
• Guias: Pretos-velhos, Caboclos, Boiadeiros, Crianças, Exus,
Marinheiros e Orientais.
• Kiumbas, espíritos sem luz: esses, normalmente, são
incorporados quando se está fazendo algum descarrego ou quando
existe algum obsediado no local.
As sessões:

O culto nos terreiros é dividido em sessões, normalmente de


desenvolvimento e de consulta, e essas, são subdivididas em giras.
As ocorrências mais comuns nestas sessões são o passe e o
descarrego. No passe, os PretosVelhos, rezam a pessoa
energizando-a e retirando toda a parte negativa que nela possa estar.
O descarrego, é feito com o auxílio de um médium de descarrego,
o qual, irá incorporar o obsessor, ou captar a energia negativa da
pessoa. Então, o Preto-Velho faz com que essa energia seja
deslocada para o astral. Caso seja um obsessor, o espírito
obsediador é retirado e encaminhado para a luz ou para um lugar
mais adequado no astral inferior; caso ele não aceite a luz que lhe é
dada. Nesses casos pode-se pedir a presença de um ou mais Exus
para auxiliar o Preto-Velho.

Nas sextas-feiras, ocorrem as giras de Caboclos, Boiadeiros,


Orixás, Marinheiros, PretosVelhos, Crianças e Exus. Nessas giras são
feitos os desenvolvimentos dos médiuns do terreiro. Nelas, são
cantados os pontos e tocados os atabaques. As giras de Marinheiros
e Exus são festivas, e, além de serem feitos os desenvolvimentos dos
médiuns, são realizadas consultas com esses guias. Existem terreiros
onde, além dos PretosVelhos, Marinheiros e Exus, também os
Caboclos e Boiadeiros dão consultas e trabalham com o descarrego
e a desobsessão.

Médiuns:

Médium é toda pessoa que têm a qualidade de se comunicar com


entidades desencarnadas ou espíritos, seja pela mecânica da
incorporação, pela vidência (ver), pela audição (ouvir) ou pela
pscicografia (escrever movido pelos espíritos).

O médium veio com a responsabilidade e com o compromisso de


servir como um instrumento de guias ou entidades espirituais
superiores.

Para tanto, deve se preparar através do estudo, desenvolvendo a sua


mediunidade sempre prezando a elevação moral e espiritual, a
aprendizagem conceitual e prática da Umbanda, respeitar os guias e
Orixás, ter assiduidade e compromisso com sua casa, ter caridade
em seu coração, amor e fé em sua mente e espírito, e saber que a
Umbanda é um prática que deve ser vivenciada no dia-a-dia e não
apenas no terreiro.
Guias e Grupamentos:

Na Umbanda alguns praticantes, os


chamados médiuns, recebem espíritos de luz, ou seja, entidades
evoluídas que realizam trabalhos de cura e ajuda física ou espiritual.

Estas entidades incorporadas pelos médiuns são, salvo raras


exceções, os chamados Guias. Na Umbanda, ao contrário do
Candomblé, não se incorporam Orixás. São incorporados os ditos
falangeiros, espíritos que seguem a orientação e vibração dos Orixás.

Os Guias têm diferentes grupamentos, formando falanges de


entidades afins, de mesma característica e roupagens.
Assim temos os seguintes grupamentos na Umbanda:
•Principais:
o Pretos-velhos
o Caboclos
o Crianças
o Boiadeiros
o Marinheiros
o Exus/ Pombas-Giras
• Outras falanges trabalhadas em outras ramificações da Umbanda:
o Baianos
o Ciganos
o Orientais
o Mineiros/ Cangaceiros.
Na umbanda branca, cada linha de orixá tem sete legiões, que
correspondem a determinado guia espiritual. aqui temos exemplos de
alguns:
•Oxalá:
o Santa Catarina
o Santo Antônio
o Cosme e Damião
o Santa Rita
o Santo Expedito
o São Fransisco de Assis
o São Benedito
Iemanjá:
1. Ondinas - Naná
2. Caboclas do Mar - Indaía
3. Caboclas do Rio - Iara
4. Marinheiros - Tarimã
5. Calungas - Calunguinhas
6. Sereias - Oxum
7. Estrela Guia - Maria Madalena Oxosse:
1. Urubatão
2. Araribóia
3. Caboclo das Sete Encruzilhadas
4. Peles Vermelhas - Águia Branca
5. Tamoios - Grajaúna
6. Cabocla Jurema
7. Guaranis - Araúna
• Xangô:
1. Inhançã
2. Caboclo do Sol e da Lua
3. Caboclo da Pedra Branca
4. Caboclo do Vento
5. Caboclo das Cachoeiras
6. Caboclo Treme-Terra
7. Pretos Guinguelê
•Ogum:
Praias - Ogum Beira-Mar
Matas - Ogum Rompe-Mata
Rios - Ogum Iara
Das almas - Ogum Megê
Encruzilhadas - Ogum Naruê
Malei - Ogum Malei
Povo de Canga - Ogum Nagô
Povo Africano (PretosVelhos) Povo da Costa - Pai Cabinda
Povo de Congo - Rei Congo
Povo de Angola - Pai José
Povo de Benguela - Pai Benguela
Povo de Moçambique - Pai Jerônimo
Povo de Luanda - Pai Francisco
Povo de Guiné - Zum-Guiné
OBJETOS RITUALÍSTICOS:
As Velas:

As velas vieram para a Umbanda por influência do Catolicismo. As


velas funcionam como um transmissor rumo aos planos que se
desejar atingir. A chama da vela é a conexão direta com o mundo
espiritual superior, sendo que a parafina atua como a parte física da
vela ou símbolo da vontade, e o pavio a direção.

Nos terreiros, há sempre alguma vela acesa, são ponto de


convergência para que o umbandista fixe sua atenção e possa assim
fazer sua rogação ou agradecimento ao espírito ou Orixá a quem
dedicou.

Ao iluminá-las, homenageia-se, reforçando uma energia que liga, de


certa forma, o corpo ao espírito.
A função da uma vela, que já foi definida como o mais simples dos
rituais, e', no seu sentido básico, o de simplesmente repetir uma

mensagem, um pedido.

Passo fundamental no ritual de acender velas. O pensamento mal-


direcionado, confuso ou disperso pode canalizar coisas não muito
positivas ou simplesmente não funcionar. Diz um provérbio chinês:
"cuidado com o que pede, pois poderá ser atendido". A pessoa se
concentra no que deseja e a função da chama é o de repetir, por
reflexo, no astral, a vontade e o pedido do interessado. Existem
diversos fatores dentro da magia no tocante ao número de velas a
serem acesas e outros detalhes.
O ato de acender uma vela deve ser um ato de fé, de mentalização e
concentração para a finalidade que se quer. É o momento em que o
médium faz uma "ponte mental", entre o seu consciente e o pedido ou
agradecimentos à entidade, Ser ou Orixá, em que estiver afinizando.

Muitos médiuns acendem velas para seus guias, de forma automática


e mecânica, sem nenhuma concentração. É preciso que se tenha
consciência do que se está fazendo, da grandeza e importância (para
o médium e Entidade), pois a energia emitida pela mente do médium,
irá englobar a energia ígnea (do fogo) e, juntas viajarão no espaço
para atender a razão da queima desta vela.

Imagens:
As imagens são pontos de focalização, baseado no conceito de
egrégora, ponto focal seria um concentrador de energia, é uma
herança católica, que veio para umbanda no confuso sincretismo. Mas
não basta juntar muitas imagens no congar, que podem causar
confusão.

Outra característica marcante é o congar de um terreiro de Umbanda


que tem, lado a lado, imagens de santos católicos (estes
representando os orixás) e imagens das entidades (marinheiros,
caboclos ameríndios, pretos-velhos, crianças, etc) e também podem
ter outras imagens como de Santa Luzia, Santo Agostinho, Santo
Expedito, etc. Em terreiros de candomblé cada orixá tem seu lugar,
como por exemplo um quartinho, onde ficam os objetos do orixá.

Porém a propagação de uma imagem errada pode gerar mã


interpretação como é o caso do Exú que não tem nada a ver com as
imagens vendidas nas casas de artigos religiosos, com chifrinhos e
rabos... Exu não é o Diabo. Essa é uma das confusões causado por
esse casamento da umbanda com o catolicismo (sincretismo).

Charutos e Cachimbos:
A umbanda é muito criticada, por usar o fumo nas
sessões.

As folhas da planta chamada " fumo" absorvem e


comprimem em grande quantidade o prana vital
enquanto estão em crescimento, cujo poder
magnético é liberado através das golfadas de fumaça
dadas pelo cachimbo ou charutos usados pelas
entidades. Essa fumaça libera princípios ativos
altamente benfeitores, desagregando as partículas densas do
ambiente.

A defumação é usada em várias religiões, justamente por ter a


fumaça propriedades de dissipar cargas pesadas no meio ambiente a
nível etérico e astral com baixas vibrações. As entidades aconselham
os médiuns apenas a baforarem a fumaça em direções determinadas,
sem tragar para dentro do pulmão a fumaça, justamente porque a
fumaça carrega consigo elementos bloqueadores, e podem deixar
sequelas no aparelho mediúnico.

Guias (Colares /Rosário):

Segundo Caetano de Oxossi: “ As guias ou colares que todos usam a


começar da guia de Oxalá tem significado duplo. Primeiro de
proteção, que aquele médium carrega consigo elementos que foram
e são constantemente carregados pela energia dos Orixás,
promovendo uma circulação de energias protetoras e de descarga
não permitindo que energias deletérias se fixem no médium; que
não haja a influência de espíritos trevosos nos trabalhos.Por essa
razão ao entrarmos na Umbanda nos é permitido a utilização da guia
de Oxalá e da guia de esquerda. Apenas após o Amaci é que
podemos utilizar a guia do nosso Orixá ancestral, nosso Pai de
Cabeça. Pois não é um ato mecânico e sem importância a utilização
dessas guias. As guias das entidades tem significado semelhante,
mas acrescido de uma força mágica para auxiliar na condução,
liberação e direcionamento das energias do médium para os
trabalhos daquela entidade. Isso significa que apenas aqueles que já
foram liberados para o toco (médiuns que podem dar consultas nas
giras) poderão usar essas guias de entidades. Lembrado que na
nossa Casa todas as guias devem ser fechadas pelo Pai de Santo.”

Segundo Rivas Neto e W. Mata e Silva as guias brancas induz às


coisas puras, além de terem caráter refletor. As vermelhas são úteis
para repusar cargas negativas, asamarelas para refutar o mau
olhado, as verdes limpam o pensamento atraindo fluídos para a cura,
as azuis são calmantes, cor-de-rosa, elevam a mente e as pretas
para contactar forças inferiores negativas.

Lembrando que no Candomblé, a cor está associado ao ORIXÀ.


Alguns terreiros fazem essa confusão, pois na umbanda as guias tem
função ao
cromatismo, uma vez que existe para os orixás uma cor
energética que variam de um lugar para outro.

Na umbanda as cores energéticas dos Orixás, de sua


verdadeira vibração são as seguintes:
Para ORIXALÁ – BRANCO
Para OGUM – ALARANJADO
Para OXOSSI – AZUL
Para XANGÔ – VERDE
Para YORIMÁ – VIOLETA
Para YORI – VERMELHO
Para YEMANJÁ – AMARELO.

Guias NATURAIS que são guias feitos com elementos naturais, que
são elementos da natureza tais como minérios, madeira, sementes,
elementos animais como osso, cálcio animal, encontrados nos reinos
da natureza tem um valor magnético que constitui um escudo eficaz
para os médiuns:

ELEMENTOS MINERAIS:
- Pedras preciosas, semi preciosas, cristais, rochas, etc.
ELEMENTOS VEGETAIS:
Favas, sementes, caules, frutos, etc.
ELEMENTOS ANIMAIS:
Conchas, búzios, ossos, etc.
EFEITO TALISMÂNICO:

Uma guia precisa ser imantada, senão seu valor protetivo serão nulo,
apenas um enfeite. Outro erro é a quantidade de guias no pescoço,
quantidade não é qualidade. É costume da entidade proteger o
aparelho, não elas próprias.
Atabaques:

Recomenda-se não usar atabaques em todos os trabalhos que


envolvam contacto mediúnico. A explicação tem vários angulos:
Concentração é um dos pontos e o barulho ensurdecedor neste
aspecto, não é condizente, com a calma, a busca de um estado
mental e emocional para isso. Podendo causar bloqueios no aparelho.
Num segundo momento, o atabaque induz com seu som, ao transe
mediúnico, em determinados trabalhos, onde o cérebro trabalho como
um captador frequencial, hipnóticas e rítmicas, alegam alguns
especialistas que neste caso pode ser animismo do médium, o que
causaria uma confusão, já que o imaginário entraria em questão, e
condenam o uso de atabaques para um trabalho mais refinado e não
primitivo que os sons dos tambores induzem a mente.

Existe um ritual correto no uso de atabaques que é desbloquear


áreas do inconsciente, porém é na fase inicial, chamado de RITUAL
DO TRANSE ANÍMICO, nestes rituais não existe INCORPORAÇÃO
DE
ENTIDADES.

Já segundo Fernando Sepe: “ Curimba é o nome que damos para o


grupo responsável pelos toques e cantos sagrados dentro de um
terreiro de Umbanda. São eles que percutem os atabaques
(instrumentos sagrados de percussão), assim como conhecem
cantos para as muitas “partes” de todo o ritual umbandista. Esses
pontos cantados, junto dos toques de atabaque, são de suma
importância no decorrer da gira e por isso devem ser bem
fundamentados, esclarecidos e entendidos por todos nós.

Muitas são as funções que os pontos cantados têm. Primeiramente


uma função ritualística, onde os pontos “marcam” todas as partes do
ritual da casa. Assim temos pontos para a defumação, abertura das
giras, bater cabeça, etc.

Temos também a função de ajudar na concentração dos médiuns.


Os toques assim como os cantos envolvem a mente do médium, não
a deixando desviar – se do propósito do trabalho espiritual. Além
disso, a batida do atabaque induz o cérebro a emitir ondas cerebrais
diferentes do padrão comum, facilitando o transe mediúnico. Esse
processo também é muito utilizado nas culturas xamânicas do
mundo afora.

Entrando na parte espiritual, os cantos, quando vibrados de coração,


atuam diretamente nos chacras superiores, notavelmente o cardíaco,
laríngeo e frontal, ativando – os naturalmente e melhorando a
sintonia com a espiritualidade superior, assim como, os toques dos
atabaques atuam nos chacras inferiores, criando condições ideais
para a prática da mediunidade de incorporação.
As ondas energéticas – sonoras emitidas pela curimba, vão tomando
todo o centro de Umbanda e vão dissolvendo formas – pensamento
negativas, energias pesadas agregadas nas auras das pessoas,
diluindo miasmas, larvas astrais, limpando e criando toda uma
atmosfera psíquica com condições ideais para a realização das
práticas espirituais. A curimba tranforma – se em um verdadeiro
“pólo” irradiador de energia dentro do terreiro, potencializando ainda
mais as vibrações dos Orixás.”

A casa de Exu:

Sempre quando entramos num terreira, geralmente a primeira coisa


que visualizamos, na maior parte dos casos é chamada casinha de
Exú, geralmente de portas fechadas, já que as mirongas lá dentro
não podem ser vistas. Geralmente lá dentro se encontram aquelas
estátuas de mal gostos. Vermelhas, formas assustadoras, que na
realidade espiritual nada tem a ver com o EXÚ. Na falta de
conhecimento dos Babalorixás (donos de terreiros), que insistem em
dizer que essas estatuetas são figuras fiéis dessas entidades.
Algumas tendas colocam animais mortos dentro dessas casinhas e
ainda se dizem casas de umbanda. Isso só atraí Kiumbas, ignorancia
e afasta as entidades de boas vibrações. A umbanda não corrobora
com isso.

No Brasil, Exu/Legbá (Mavambo, Bombojira, Cariapemba nos


candomblés congo-angola) é familiarmente chamado de Compadre, o
Homem da Rua ou das Encruzilhadas, onde suas oferendas são
colocadas. Nom terreiros, o seu lugar consagrado fica ao ar livre ou
dentro de uma pequena choupana isolada denominada "a casa de
Exu" ou atrás da porta de entrada do barracão. Simbolizado por um
tridente de ferro ou por uma estátua de ferro brandindo um tridente,
segundafeira é o dia da semana que lhe é dedicado. Suas contas são
pretas e vermelhas." (Museu Afro-Brasileiro).

Muniz Sodré: “Exu, o princípio dinâmico que rege a vida, e Ifá,


encarregado de transmitir os propósitos dos orixás aos homens, são
as duas divindades que aparecem com destaque nos rituais afro-
brasileiros. A casa de Exu fica próxima à entrada dos terreiros com o
objetivo de proteger o espaço sagrado. Muitas vezes confundido
com o conceito cristão de demônio, Exu é, na verdade, uma força que
possibilita a ligação entre este mundo físico, Aiyê, e aquele habitado
pelas divindades, Orum.”

A Pemba:
A pemba é um giz branco usado nos rituais mágicos pelas entidades
para traçar sinais cabalisticos que movimentam energias e uma certa
classe de espíritos, os elementares.

A Pemba, de origem africana, é um instrumento Ritualístico de alto


significado. É normalmente utilizada para riscar pontos pelas
Entidades e pelo médium, visando estabelecer Contatos vibratórios
com as esferas espirituais.

A Pemba praticamente é usada em quase todos os Rituais de


Umbanda.
Por carregar o axé, a Pemba é saudada como um Divino instrumento,
dedicando-se até pontos cantados e reverências específicas.

O fundamento místico de sua utilização está Relacionado à pedra.


Seu uso estabelece relação entre o universo da Forma e o espiritual
ou etérico. A pedra encerra os quatro elementos naturais e suas
Manifestações. Assume aspecto neutro e, devido a isso, significa Lei
e Justiça.

A LEI DA PEMBA:

é a grafia dos Orixás, ela é cósmica. Tais sinais identificam as ordens


diretas das entidades espirituais bem como a linha em que
pertencem. Os sinais se identificam com um som específico no qual
pode ser traduzido como um MANTRA. O termo SARAVÁ por
exemplo que é tão ridicularizado pelos que atacam a Umbanda, é um
desses mantras:
SA = Força, Senhor.
RA = Reinar, movimento.
VÀ = Natureza, energia.

SARAVÁ, significa então, força que movimenta a natureza. Esse


termo quando pronunciado, movimenta estruturas energéticas que
usam o campo cósmico para se expandirem vibracionalmente,
movendo em si energias. Aliás, as palavras possuem esse poder.
Uma simples palavra é capaz de tirar o humor como provocar um riso
de uma pessoa.

A LEI DA PEMBA É DIVIDIDA:


SISTEMA MNEMÔNICO:
Esses sistema consiste em sinais destinados a ativar a memória.
Exemplo: Estrela, círculo, nos lembra coisas celestes.
SISTEMA IDEOGRÁFICO:
Consiste em sinais que representam uma idéia, como a cruz, que nos
leva a caminhos cruzados, céu e terra, sacrifício, Jesus na cruz.
SISTEMA FONÉTICO:
Abrange sinais representativos de determinados sons, inclusive da
própria natureza.
A LEI DA PEMBA TEM 3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS:
Princípio da FLECHA.
Princípio da CHAVE.
Princípio da RAIZ.
Outros Rituais:
Outros Rituais:
O Estalar de Dedos:

Porque as entidades estalam os dedos? Esta é uma das coisas que


vemos e geralmente não
nos perguntamos, talvez por parecer algo de importância mínima,
mas esse ato encerra alguns detalhes esotéricos de grande
importância.

Como já foi dito nossas mãos possuem uma quantidade enorme de


terminais nervosos que se comunicam com cada um dos chakras de
nosso corpo:
- O dedo Polegar tem uma ligação direta com o chakra esplênico;
indicador: Chakra cardíaco; anular: Chakra genésico (rádico /
Básico); Dedo médio: chakra coronário; uma polegada abaixo do
anular o chakra solar e no lado oposto do dedo polegar, no monte de
Vênus o chakra frontal.

1. Polegar - polegar,
dedão, positivo ou mata-piolho.
2. Dedo indicador - indicador, apontador ou fura-bolo.
3. Dedo médio - dedo médio, dedo do meio ou pai-de-todos.
4. Anelar - anelar, anular ou seu-vizinho.
5. Dedo mínimo - dedo mínimo, dedinho ou mindinho.
Trecho acima: Revista Umbanda nº 3 - Editora Escala.

Ramatís afirma:” A verdade é que vossas mãos, como vossos pés,


possuem terminais nervosos, que se comunicam com cada um dos
gânglios e plexos nervosos do corpo físico e com os chacras do
complexo etérico-astral, como demonstramos a seguir:

1. dedo polegar - chacra esplênico (região do baço);


2. indicador - cardíaco (coração);
3. médio - coronário (alto da cabeça);
4. anular - genésico ou básico (base da coluna);
5. mínimo - laríngeo (garganta);
6. na região quase central da mão, chacra do plexo solar (estômago);
7. próximo ao Monte de Vênus (região mais carnuda logo abaixo do
polegar) - chacra frontal (testa).
Essas terminações nervosas das palmas das mãos são há muito
conhecidas da Quiromancia e

das filosofias orientais.

O estalo dos dedos se dá sobre o Monte de Vênus e dentre as


inúmeras funções conhecidas disso, está a retomada de rotação e
frequência do corpo astral, "compensando-o" em relação às vibrações
do duplo etérico, aumentando a exsudação 1 (liberação, doação) de
energia animal - ectoplasma - pela aceleração dos chacras. Com isso
se descarregam densas energias áuricas negativas, além do
estabelecimento de certas condições psíquicas ativadoras de
faculdades propiciatórias à magia e à intercessão no Plano Astral.
São fundamentadas nas condensações do fluido cósmico universal,
imprescindíveis para a dinâmica apométrica, e muito potencializadas
pela sincronicidade entre o estalar de dedos e as contagens
pausadas de pulsos magnéticos”

Continua Ramatís: "Já quando bateis palmas, sendo vossas mão


pólos eletromagnéticos, a esquerda (-) e a direita (+), quando as
duas mãos ou pólos se tocam é como se formassem um curto-
circuito, saíndo faíscas etéricas de vossas palmas. Quando os pretos
velhos em suas manifestações batem palmas, durante os
atendimentos de Apometria, é como se essas faíscas fossem
"detonadores" de verdadeiras "bombas" ectoplásmicas que
desmancham as construções astrais, laboratórios e amuletos dos
magos negros.

"Apômetras" e Umbandistas, uni-vos. Continuai estalando os dedos e


batendo palmas, sabedores do que estais fazendo, despreocupados,
conscientes e seguros de que as críticas se perderão como pólen ao
vento."

(1) Exsudação: Segregação de líquido viscoso que sai pelos poros ou


em forma de gotas ou de suor.
Fonte: Casa da Caridade Rosa – Site
Trecho do livro “Jardins dos Orixás”
Defumação:

A defumação é essencial para qualquer trabalho nos terreiros de


umbanda: O corpo físico e seus agregados sutis (duplo etérico, corpo
astral, mental), coletam durante o dia no seu contato social
(pensamentos, ambientes), todos os tipos de emoções, cargas que
estão no ar, que se grudam no duplo etérico causando altas
densidades, influenciam todo o sistema aurico e podem causar
bloqueios. Pois estas pessoas todas se dirigem ao terreiro. Essa
concentração de pessoas, que levam consigo, toda essa carga,
formam um grupo com variados problemas, pois essas formas-
pensamentos que acompanham seus criadores, adentram o centro
espiritual.

A defumação tem a função de desagregar essas cargas negativas. A


preparação para as ervas a serem queimadas, precisam de um ritual
especial, serem colhidas na lua certa, queimadas em vaso de barro
(neutro). A fumaça não pode irritar as pessoas, a função é além da
fumaça leve que deve estar acima da cabeça das pessoas agindo
com leveza sem poluir o ambiente, é principalmente pela sua função
aromática.
Uma boa defumação pode ser feita com cravo, canela em pau, erva-
doce, sempre feita dos fundos para frente, acompanhada com um
ponto cantado adequado a situação.
Pontos Cantados:

Os pontos cantados são uma das primeiras coisas que afloram a


quem vai a um terreiro de Umbanda pela primeira vez. Os pontos
cantados são, dentro dos rituais de Umbanda, um dos aspectos mais
importantes para se efetuar uma boa gira.
Os verdadeiros pontos cantados, são os chamados de raiz (são os
pontos ensinados pelas próprias entidades). Apesar disso, há uma
gama infinita de pontos desconexos sendo entoados por ai. Um
verdadeiro ponto evoca imagens fortes e atingem lá dentro do
coração e da emoção a verdadeira fé', pura e simples.

Os pontos cantados servem para impregnar certas energias e


desimpregnar outras, de acordo com o ponto, uma vez que cada linha
representa um imagem, traduz um sentimento inerente a vibração
daquela entidade que o canta, ou que o trás, existindo por trás deles
uma freqüência toda especial, que se modifica de acordo com a Linha
Espiritual :

Oxalá - Sons místicos;


Ogum - Sons vibrantes;
Oxossi - Sons afinados com a natureza e sua harmonia;
Xangô - Sons graves;
Yorimá - Sons melancólicos;
Yori - Sons alegres, predispondo ao bom animo;
Yemanjá - Sons suaves, destinados à renovação afetiva e emocional.
Fonte: Sociedade Espírita Mata Virgem UMBANDA ESOTÉRICA
DEFINIÇÃO:

Segundo F.Rivas Neto não existe Umbanda Branca, Umbandomblé,


Umbanda traçada, Umbanda Mística. Todos esses nomes fazem
parte do que o homem entende das leis cósmicas, integrais. A
Umbanda de fato, é o que vem de cima para baixo e não o que vai de
baixo para cima.

Na verdade essa suposta divisão, está no tipo de terreiros e suas


vivências interiores externadas ao mundo físico. Imagine uma
pirâmide, faça 3 divisões horizontais, na base da pirâmide está a
maioria, que é os terreiros de vivências populares e podem ser
facilmente reconhecíveis por possuírem em sua maioria, atabaques e
muitas imagens de santos em grande quantidade.

No centro da pirâmide está imbuído maiores sofisticações, no tocante


ao modo de proceder. Já não possuem atabaques, mas geralmente
batem palmas e o número de imagens diminui sensivelmente. São
tendas que apesar de se dizerem umbandas. Dividem a semana com
sessões, trabalhos de mesa branca (Kardecismo), tendo um grande
aparato social voltada para a caridade e outras atividades de
benfeitoria (campanhas de alimentos, arrecadação de roupas usadas,
etc). Claro que essa variação não é genérica, já que existe uma
variante dentro de cada modelo de tenda dentro da estrutura
piramidal, que vai ao infinito, tamanha é as diferenças entre uma casa
e outra, tanto no tocante ao ritual quanto a sua importância para a
mentalidade de cada pessoa.
No topo da pirâmide, as tendas ou templos da chamada Umbanda
Iniciática, que são em menor tempo. Nesses terreiros os ensinamento
do astral inferior e superior (doutrinação esotérica). Por isso nesses
terreiros não existem os aspectos sincréticos confusos, pois seus
fundamentos estão calcados dentro da lógica e da razão.

ALEGORIA :

U mbanda é o trigal do “SENHOR”; semeado por Òòsààlá, regado


por Yemanjá e Osún, aquecido por Songó, cultivado Òsóòsì, colhido
por Ògún e transformado em “pão do espírito”, distribuído por Èsú na
forma de caridade.

PRINCÍPIO:
Pensar na origem da Umbanda é desvendar a razão de ser das
civilizações que se sucedem através do mistério dos tempos.
Conta-nos a sua evolução os velhos símbolos encontrados por todo o
Globo, as tradições. As tradições nos dizem que a mais antiga
civilização foi a “Lemúrica” que floresceu no vasto continente situado
no Oceano Pacífico, na zona equatorial, cujos extremos confinavam
com as terras da Califórnia, as do nordeste da América do Sul, bem
como as do leste da África e sul da Índia. Iniciou o homem, nesta
região, sua evolução propriamente dita, pois percebeu o seu “Ego”
como conseqüência do primeiro esboço do seu veículo físico. Consta
mesmo que no fim desse período as reencarnações eram, por
necessidade de aperfeiçoamento da forma, imediatas.
Evolutivamente, constituem hoje, os lemurianos, os Òrìsàs do plano
físico que, são os verdadeiros donos do planeta Terra.
Com a hecatombe da lemúria, por terremotos sucessivos,
desaparece quase a totalidade da terceira raça deixando, no entanto,
sementes na África, sul da Ásia (Índia) e América.

Foram os germens desse povo, no solo americano, que povoou a não


menos fabulosa “Atlântida”, terra que se ergueu no fundo do oceano
para berço de um novo povo, arquivo das tradições lemúricas, cujos
sobreviventes desenvolviam-se ainda na África e Índia.

No estágio Atlanta, consolida o homem, seu veículo físico, perdendo a


introspecção externa, originando-se os primeiros fenômenos
anímicos-mediúnicos. Coube a gloriosa Atlântida, a luta entre a carne
e o espírito e, se ela sucumbiu, venceu no entanto, por ter o espírito
conquistado a vitória sobre a matéria que lhe queria tomar as rédeas
da evolução, permanecendo na forma tosca, sem veículos superiores.

Cumprida a sua tarefa também a Atlântida submerge, deixando, como


Guia de Raça, Antúlio nas suas tradições. Porém, antes que o mar a
tragasse, legou-nos colônias entre as quais, por seu esplendoroso
mistério, o Egito e as comentadas civilizações pré-colombianas da
América.

Desaparecida a Atlântida, isola-se o continente americano, entretanto


os descendentes da terceira e quarta raças que ali habitavam, em
declínio.

Progride a colônia Atlântida – o Egito iniciando a nova era “Filosófica-


Científica”, - em contraposição a “Mística” que caracterizou os
períodos lemúrio e Atlanta. Por essa época, entra o Egito em contato
com a Índia que forma a quinta raça, a Ária, trocando tradições e
espargindo em sua passagem, saber o conhecimento, civilizando a
Caldéia e a Pérsia.

Dessa permuta de ensinamento resultou um misto da “religião-


filosofia-ciência”, pois a Índia ainda não se havia libertado dos
conceitos iniciais lemúricos. Irradiam-se os conhecimentos dos
grandes iniciados como Rama, Khrisna e Buda – na Índia; Confúcio
difunde sabedoria na China; Hermes no Egito e Zoroastro na Pérsia;
ergue-se Moisés no Sinai com as tábuas da Lei; multiplicam-se as
sociedades secretas ocultistas.

Reaparece, Grécia, nova fase e do conhecimento aliado a Arte e a


Filosofia com Orfeu, Aristóteles e Pitágoras, recebendo a Europa seu
primeiro banho de cultura, oriundo do Oriente, por assimilação no
Império Romano.
Surge, enfim, o Cristo de Jesus, o último Avatar, proveniente do plano
superior da universalidade das idéias, aniquilando os Deuses da
Raça, bem concretizado em Jeovah, e solapando o ódio pelo
estabelecimento da Lei do Amor. Cristianiza-se a Europa.
Paralelamente, ao desenvolvimento destas civilizações, multiplicaram-
se os descendentes lemúricos no Continente Negro que, por falta de
Guias
deturparam os conhecimentos primitivos pela confusão entre o ritual e
o saber iniciativo, dando origem aos mais complexos misticismo
descambado para o fetichismo.

Sobre a África influências das mais variáveis na sua parte norte, de


outras civilizações proveniente do Oriente, fazendo-se sentir o seus
reflexos mesmo no seu interior, formando centros cenográficos, ou
seja, aquelas regiões em que o conjunto de caracteres são mais
puros estendendo-se para a zonas onde a mescla de caracteres é
intensa, isto é nos pontos fronteiriços de dois ou mais pontos
culturais.
Assim, as populações africanas podem

ser estudadas em nove áreas e duas subáreas como o faz


Herskovits, hipoteticamente, em:

1) – Hotentote;
2) – Boschimana;
3) – Área Oriental do Gado;
3a) – Subárea Ocidental;
4) – Congo;
4a) – Subárea da Costa da Guiné;
5) – Ponto Oriental;
6) – Sudão Oriental;
7) – Sudão Ocidental;
8) – Área do Deserto

9) – Área do Egito. Habitam estes diversos pontos culturais vários


grupos humanos, compreendendo diferentes tipos raciais e, como nos
diz Seligman, os grupos primitivos africanos, por uma divisão mais
simples são: Hematitas e Semitas de origens comuns; os negros
propriamente ditos; os Boschimanos e Hotentotes denominados
conjuntamente de Khoisans e os Negrilios, que possuem caracteres
bastantes distintos.

Os Hamatitas, também chamados de Kamitas, compreendem dois


grupos:
1) – Os Orientais-Egípcios, os Bedjas, os Berberin ou Núbios, os
Gala, os Somali, os Danakil, grande parte dos negros abissínios
são mestiços de Semitas e Negros;
2) – Os Setentrionais compreendem os Berberes, os Líbios, os
Taureg, os Tebu, os Peuhl ou Foulah e os Guanches, já extintos ( Ilha
das Canárias ).

Os Semitas são os norte-africanos de origem árabe de difícil estudo


pela intensa fusão com os Kamitas, devendo-se notar ainda um novo
grupo o Sephardim, que é uma conseqüência da mistura de Semitas,
Kamitas e Judeus europeus.

Os Boschimanos, o homem da selva do holandês, de origens étnicas


muito discutidas, não são também verdadeiros Negros, considerados
por muitos como sobreviventes de uma raça préhistórica, de
costumes muito primitivos vivendo em cavernas e arvores como
abrigo tosco.

Os Hotentotes, resultantes, parece, da mestiçagem de Boschimanos


com Kamitas, povos pastores.
Os Negrilios ou Pigmeus, são os anões da África, já cantados por
Eródoto, de pele avermelhada ou amarelo escura.
Os Boschimanos, Hotentotes e Negrilios, parecem ser os mais
antigos habitantes do Continente Negro e, hoje, apresentam-se como
os sobreviventes de uma estranha raça préhistórica desaparecida.
Sobre os Negros, velhas lendas os davam como vindos do Oriente,
de onde se derramaram no Continente Africano, em varias migrações
sucessivas. A mais recente dessa migrações são os Malgaches,
originários da Indonésia, o que parece confirmar a hipótese de
Delafose, de que a origem dos Negros na estaria na extremidade sul-
oriental do Continente Asiático.

Essa asserção colabora com as afirmativas da tradição Rosacruz.


Para nosso estudo, as áreas culturais que merecem maior atenção
por sua influencia na formação étnica religiosa e social do Novo
Mundo, são:
Área do Congo: que compreende toda a bacia do rio Congo e é
habitada por povos da língua Bantu, também chamada área Hylaeana
– é a zona da linguagem do tambor, a vida religiosa é de grande
complexidade, sendo Zàmbi o grande Deus que toma vários nomes
conforme as regiões; Sub-area da Guiné – São suas culturas as
consideradas mais típcas africanas. Foi essa região que forneceu
maior numero de escravos ao Novo Mundo. A sua linguagem é do
grupo Sudanês e a densidade de população é imensa, sendo
bastante complexa a vida socialeconômica. Lá existiram grandes
reinados, como o de Benin, Daomei, Ashanti. Seu campo mitológico-
religioso é muito rico, principalmente os dos Yorùbá ou Nagò, dos
Ewe.

Através da mitologia, vamos mergulhar em velhas concepções


mediterrâneas da mitologia greco-romana e sistemas místicos
egípcios e assírios-babilônicos.
A organização religiosa compunha-se de um sistema de divindades-os
Òrìsàs - (Orixás), forças despersonificadas, e de um sistema
iniciático bem característico.

Constitui esta área uma das mais evolutivas da África, nada ficando a
dever às velhas civilizações; Área do Sudão Ocidental: - De grande
importância para nós do Brasil, pois, desta zona é a importação da
Cultura Male. É a área de cultura fronteiriça, assinalada pela fusão
das culturas maometanas e aborígines. Floresceram nela impérios
famosos, como o de Songoi, Lentouana, o dos Mandingas ou Malí e
de Ghana. Sua religião é um misto de islamismo com religião dos
naturais.
Na África existem representantes de diversíssimos padrões de
cultura. Lá vivem não só os sobreviventes das velhas civilizações,
como contingentes misteriosos, cujas origens ainda não foram
definitivamente esmiuçadas. Por isso, não sabemos se os primitivos lá
existentes, são indivíduos colocados nos inícios da evolução cultural,
ou se seriam elementos regredidos de civilizações desaparecidas.

E não foram pesquisadores como o padre Schimidt, descobrir o


monoteísmo primordial “Urmonotheismo” em grupos humanos, os
Pigmeus que eram considerados os mais atrasados da civilização
africana.
Concluímos, então, pelo sucinto exposto que o habitante da África
não é um selvícola que vive a esmo em florestas tropicais, mas que
forma em seu conjunto uma cultura poliédrica expressa em suas
facetas religiosas.

Enquanto esse movimento cultural se processava na África, a América


se povoava com os remanescentes lemúricos e posteriormente
atlantas nela se desenvolveu civilizações que, por sua grandeza em
monumentos, lembra o Egito.
Toltecas, Astecas e Maias, demonstraram seu grau de cultura por
época do redescobrimento da América. Suas pirâmides de tal forma
são orientadas que exalaram o conhecimento de astronomia que
possuíam seus mentores, conhecimentos estes confirmados pelas
inscrições zodiacais, em pedra, mais tarde estudadas.

A costa do Pacifico é rica em detalhes deste gênero, onde o


estudioso encontra um reino de pesquisa. A Ilha da Páscoa, ao largo
do Chile, leva a confusão aos mais hábeis decifradores, já por seus
monumentos, pelos costumes do povo, caracteres raciais que diferem
por completo dos aborígines da costa chilena e do culto povo
conhecido por Inca no Peru, onde a civilização chegou a um
apuramento apreciável. Pode-se afirmar que a América, ao tempo de
Colombo, era toda habitada, ora por grupos compactos de grande
densidade demográfica, ora por pequenos grupos tendo a orla
litorânea maior numero de habitantes, embora esparsos. O grau de
cultura era variável, desde os conhecimentos superiores nos impérios
citados até a mais rude condição de vida.
Mas, de uma maneira geral, o nativo americano tinha a crença em um
Deus. Alguns admitiam uma trindade superior e a imortalidade da
alma e nas suas manifestações, após o desencarne, para os que se
encontravam ainda na matéria.
A prática mediúnica era evidente em seus feiticeiros, pajés, que se
portavam como verdadeiros oráculos.
Este era o estado geral dos habitantes americanos na época dos
descobrimentos. A América é invadida pelo europeu de pele clara, em
diversos pontos. Formaram-se colônias em varias zonas do território,
sendo o Brasil colônia do Reino de Portugal.
Havia necessidade de progresso nas colônias para compensar
economicamente as despesas feitas
para
mantê
las. A
colônia
devia
produzir
e dar
lucro
para o
colonizad
or.
ESCRAVIDÃO:

- Escraviza-se o homem da terra – o índio americano, - como o


chamavam. Porém, este não se adaptou ao estado de coisas, mesmo
muitas campanhas foram levantadas, tendo a frente padres jesuítas,
contra este tipo de escravidão.

Surge um recurso, o negro do Continente africano, e com ele, um


rendoso tráfico. Infiltra-se no Brasil mais um tipo racial alem do
branco usurpador da terra e o dono da terra. Traz o negro, de origem
quase na totalidade Sudanês e Bantu, consigo, o ritual e
conhecimentos místicos de suas paragens.

E, aqui, em nossa Pátria, ouve-se , pela primeira vez, quem sabe, o


“tan-tan” africano. Combate o branco o seu ritual, proibindo tais
manifestações e, mais uma vez, os jesuítas intervém permitindo os
seus trabalhos, procurando ao mesmo tempo apresentar, através da
catequese, um único Deus. Assim, traduz-se o termo Òrìsàs por
santos, em similitude ao santo católico, datando daí, a confusão
entre o santo católico e Òrìsàs Nagò. E, mistura dos dois rituais:
Católico e Nagò-Jèje, notando-se, nas primeiras épocas de
colonização, santos católicos entronados em mesas de Batuque
(Batukàjé). O São Jorge passou a ser
o Ògún ou Òsóòsi (Oxossi) e a confusão continuou, não que o Negro
iniciado não soubesse suas diferenças, porém, aceitou por
necessidade. Tanto que, se por cima de uma mesa tosca havia uma
estátua de um Santo Católico, por baixo estava o “fetiche”do Òrìsà
Africano – o “Etá ou Otá”.
O Africanismo impuro, por influência do Catolicismo traz,
simultaneamente, para as suas fileiras, as tradições religiosas do
aborígine brasileiro, surgindo culto especiais, formando dois grupos
distintos: o daqueles que admitiam, em suas reuniões, somente
manifestação de Òrìsàs, lutando pela pureza dos ritos iniciais e, o dos
que também aceitaram manifestações de outras “Entidades
Espirituais – os Egunguns”.

Estas reuniões de culto Afro-Ameríndio-Católica, tomaram várias


denominações tais como: na Bahia, - “Candomblé” deturpação por
extensão do termo que se referia às grandes festas anuais do
Africanismo; os “Encantados de Caboclos, onde o misto é mais nítido;
“Cabulá”, Sociedade Secreta de Componentes Bântus, que teve o seu
apogeu com o “13 de Maio”, entrando rapidamente em declínio e,
atualmente, quase extinta; no nordeste brasileiro, “Xangô” – onde a
dosagem da cultura ameríndia é bem maior; no norte do País, o
“Catimbó”, com influências da magia mediterrânea, com seus
bonecos de cera e a aceitação de manifestações, por médiuns
(aves), de espíritos de “animais desencarnados”, como o da
“Cobra Grande”( sem levarmos em consideração o símbolo esotérico
da nossa “Boi-Açu”); No Rio de Janeiro, “Macumba”; no Rio Grande
do Sul, “Batukàjé”, mais conhecido por “Batuque e Toque”.

O sincretismo continua em sua marcha, mas, nos dias de hoje é


indevido, por este imenso Brasil, nas mais variadas formas e
percentagens de misturas. É o período preparatório, de confusão, de
adaptação, descambando em vezes para a involução de processos
espiritualistas, depois de um apogeu em Cristo.
O sopro evolutivo chega. A massa se agita e surge um movimento
renovador. É a “UMBANDA”, o renascimento dos velhos princípios,
titubeantes ainda, mais a névoa já é menor. A codificação; é pouco.
Escrevem-se “livros”de doto gênero. Nova confusão. O neófito perde-
se na entrada do “Templo”.

Concorrem as diversas correntes espiritualistas, os ramos de uma


árvore, quer através de suas obras ou de seus membros, para
reerguer as velhas tradições, concretizando-as na “Umbanda”,
provocando um movimento de caráter nitidamente evolutivo e sem
fanatismo. “A “Umbanda” não é espiritismo, esoterismo,teosofia,
mentalismo, como muitos julgam. Ela é tudo isso e muito mais: é
também magia.
De suas origens se deduz que ela é conhecimento (Magia), sob
aspectos básicos de filosofia, ciência e religião.

É FILOSOFIA , porque estuda os problemas gerais relativos aos


sumos princípios de interpretação do Cosmos e a intuição
universal da realidade em que se fundamenta. Admite uma única Lei.
A lei de Umbanda, a da causa que é o próprio efeito, a realidade
única indefinível, Olorun (Deus).

É CIÊNCIA de experimentação empírica , porque estuda


racionalmente os fenômenos de ordem psíquica e física, comprovado
pela experiência suas Leis. Tem como meio de pesquisa os métodos
e processos da Psicologia, Psicanálise, dos estados Anímicos,
Mediúnicos e Mentais; do Magnetismo, Hipnotismo, Matemática,
Química, Física, Botânica, Zoologia, Geologia, Arqueologia e das
demais ciências chamadas Acadêmicas e Herméticas.

É RELIGIÃO , porque mantém “um culto” e uma liturgia baseada em


“símbolos” com caráter : “MONOTEISTA” por venerar somente um
Deus, em Espírito e Verdade, não passível de representação;
NATURAL, pela consciência do mundo com as forças que o
impulsiona; MORAL, pela consciência do ser em si mesmo, das idéias
de progresso espiritual; REDENTORA, pela consciência em Deus,
quer por abstração negativa, como Buda, quer por abstração positiva,
como Jesus Cristo.
A “Umbanda”é, pois, a religião da “natureza”, da “moral” e da
“redenção”. Segue os ensinamentos de Jesus Cristo, condensados
em seu único mandamento: “Ama o próximo como a ti mesmo, para
que possas amar a Deus acima de tudo”.
Não é nova a revelação, porque a revelação é Una é o pensamento
através do tempo, expresso em conhecimentos.
DEFINIÇÃO : Definiríamos a Umbanda como: “O CONJUNTO DOS
CONCEITOS E PROCESSOS DE ORDEM FILOSÓFICA,
CIENTÍFICA E RELIGIOSA, COM A FINALIDADE DE EVOLUÇÃO
MATERIAL ESPIRITUAL DAS FORÇAS INTRÍNSECAS E
EXTRÍNSECAS QUE REGEM O HOMEM”.

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CANDOMBLÉ

O termo "candomblé" era usado inicialmente para designar apenas


certo tipo de dança, mas passou a significar também o próprio ritual
religioso dos negros africanos. A principal diferença entre os vários
tipos de candomblé existentes no Brasil é a origem étnica. Existem,
entretanto, quatro características comuns e importantes para
caracterizá-lo como de origem africana: a possessão pela divindade,
o caráter pessoal da divindade, o oráculo e o despacho de Exu.

Há quem faça distinção entre o candomblé e a umbanda enquanto


rituais. Ambos são religiões afrobrasileiras, mas a umbanda se
caracteriza pela mistura do candomblé e do espiritismo, estando,
dessa forma, voltada para os feitiços. O termo quimbanda, é usado
para definir a parte da umbanda que é voltada para magia negra,
conhecida como: macumba. No candomblé utilizam-se mais as danças
e os trabalhos com forças advindas da natureza, como as do mar, do
fogo, do ar, dos rios e florestas, representadas pelos orixás.

O candomblé praticado atualmente se encontra modificado, marcado


por forte sincretismo religioso, decorrente das influências culturais dos
brancos e indígenas. Essa foi uma alternativa de sobrevivência da
religião. Entretanto, nos dias de hoje, observa-se a tentativa de
retomar as tradições africanas, afastando os elementos católicos de
seus rituais.

O candomblé distingui-se dos outros cultos por não ser praticado


diante do altar, mas dançado de forma primitiva nos terreiros, com
cantos envolventes ao som do agogô e do atabaque, considerado
instrumento sagrado por transmitir a mensagem dos deuses.

Acredita-se que durante o ritual os orixás descem do mundo


desconhecido e incorporam-se em seus filhos, chamados cavalos,
concedendo-lhes poderes de atuação para o bem e para o mal. Os
filhos-de-santo, na maioria do sexo feminino, são os sacerdotes dos
orixás, assim como os padres são os representantes de Deus na
Igreja Católica. Nem todo, porém, são preparados para "receber" os
santos. Existem os que cuidam dos cavalos quando os orixás
"baixam", os que sacrificam os animais, os que tocam os atabaques e
os que preparam a comida. Os búzios, usados como instrumento de
adivinhação, é que vão dizer qual a função de cada um.

O Candomblé, em sua essência Yorùbá foi deturpando-se no geral


com o passar dos séculos, desde a chegada dos primeiros negros
oriundos da África, particularmente da Nigéria e do Dahomé (a atual
República Popular de Benin), sendo que os de origem Yorùbá foram
dos últimos a chegarem ao Brasil, já próximo ao término da
escravidão.

Por sua diferença de maneiras (embora se diga que não) foram


aproveitados em grande número como escravos domésticos, pois
eram considerados mais refinados. Mas, com a sua adaptabilidade do
tão conhecido jeitinho brasileiro, moldou-se segundo a nossa
personalidade, adaptando-se e forjando-nos como Afro-brasileiros,
para nos classificarmos, se assim se pode dizer.

A nossa religião é uma das mais belas e originais manifestações de


espiritualidade, com um vasto e riquíssimo naipe de nuanças com
personalidade, feição e expressão próprias, traduzidas em linguagem
também própria e particularizadas, apesar de variada.

A Linguagem Oral: através da qual se expressa os orins (cânticos),


àdúràs (rezas), Ofos (encantamentos) e oríkìs (louvações). É através
dela que se conversa com os Òrìsàs.

Nossa religião é eminentemente de transmissão oral, e a despeito


disso, preservaram grande parte dos seus rituais, cânticos e liturgia
com sua língua. litúrgica falada quase que fluentemente em seu bojo,
pelas pessoas mais proeminentes, mas, infelizmente em número bem
restrito.
A língua oficial nos cultos Kétu, Ègbá, Ifón e Ìjèsà, é o Yorùbá, que
apesar disso é também muito utilizada nos cultos de origem Angola e
Jeje, que são oriundos de países e culturas diferentes.

Apesar de pouco conhecido pela grande maioria dos adeptos da


religião, o yorùbá é amplamente falado de maneira empírica apenas
mecânica e meramente Mimética, repetindose o que foi dito e
decorado

anteriormente.

Diz algumas pessoas, que o Yorúbá é uma língua morta e está para o
culto aos Òrìsà assim como o Latin está para o Catolicismo. Mas,
isso é um engano, yorùbá é uma língua viva e dinâmica e é falado
ainda nos dias atuais por cerca de 20 a 25% da população da Nigéria
e possui elevado número de dialetos, cuja língua oficial é o Inglês,
introduzido ali pelos colonizadores.

No Benin, são mais ou menos 20 a 25% também de sua população,


dentre outrostantos dialetos, que falam o Yorùbá como sua primeira
língua ou segunda, dependendo do aculturamento.

O Yorùbá é a primeira
língua de aproximadamente 30 milhões de Africanos Ocidentais, e é
falada pelas populações no Sudoeste da Nigéria, Togo, Benin,
Camarões e Serra Leone.

A língua também sobreviveu em Cuba (onde é chamada de Lukumi) e


no Brasil (onde é chamada Nagô), termo que inicialmente era usado
pejorativamente, querendo significar "gentinha, gentalha, ralé".
À parte de vários dialetos, existe o Yorùbá padrão, que é usado para
propósitos educacionais, (e.g., em jornais, revistas, no rádio, TV e em
escolas). Esta forma padrão é compreendida por oradores dos vários
dialetos que atuam como tradutores do Yorùbá oficial para o dialetal e
vice-versa.

No Brasil o interesse pelo Yorùbá dá-se principalmente entre as


pessoas adeptas da Religião dos Òrìsà, que recebe o nome genérico
e popular de Candomblé, não importando a origem se Yorùbá, Fon
(Jeje) ou Bantu (Angola).

O Candomblé nasceu da necessidade dos negros escravos em


realizarem seus rituais religiosos que no princípio eram proibidos
pelos senhores de escravos. E para burlar essa proibição, os negros
faziam seus assentamentos e os escondiam, preferencialmente
fazendo um buraco no chão, cobrindo-os e por cima colocavam e
dançavam para seus Òrìsà, dizendo que estavam cantando e
dançando em homenagem àquele santo católico; daí. nasceu o
sincretismo religioso, que foi abandonado mais tarde pela maioria dos
adeptos do Candomblé tradicional, com o "término" da escravidão e
mais concretamente quando o Candomblé foi aceito como religião
com a liberdade de culto garantida pela Constituição Brasileira.

À primeira vista para os leigos, o Candomblé é uma coisa só. Mas,


não é bem assim. Existem vários grupos, onde o mais expressivo,
sem dúvida, é o grupo Yorùbá (na atualidade). Na época do tráfico de
escravos, vieram muitos negros oriundos de Angola e Moçambique:
os Bantos, Cassanges, Kicongos, Kiocos, Umbundo, Kimbudo, de
onde se originou o “Candomblé Angola”, facilmente reconhecido por
quem é da religião, pela maneira diferente de falar, cantar, dançar e
percutir os tambores, o que é feito com as mãos diretamente sobre o
couro com ritmos e cadências próprios, alegres e ligeiros.

É o Candomblé de onde se originou o Samba, que tomou emprestado


o próprio nome, que em Kimbundo significa "oração". É também
origem do "Samba de roda", que era feito como recreação,
principalmente pelas mulheres, após os afazeres rituais, dançando e
cantando dizeres em sua maioria jocosos e galhofeiros. Mais tarde
assimilado pelo Samba de Caboclos, aí já em sua versão mais
“abrasileirada” como um culto ameríndio que era feito pelos Caboclos,
aí já incorporados em seus "cavalos" e já em idioma aportuguesado
com versos chamados de "sotaque". Isto, porque quase sempre eram
parábolas ou charadas que poucos entendiam. muito em voga ainda
hoje.

Acha-se que este Samba de Caboclos foi o embrião da Umbanda,


onde nasceu o culto aos Òrìsà cantado e falado em português,
fazendo assim a nacionalização dos Òrìsà Africanos, que algumas
pessoas faziam objeção por causa de ter uma língua estrangeira não
bem aceita pelos já nascidos brasileiros e que foram perdendo os
conhecimentos da língua ancestral, principalmente por causa do
analfabetismo.
A Umbanda é a mistura do Culto aos Òrìsà, do Catolicismo e do
Kardecismo, resultando numa religião Brasileira, que hoje em dia é
até exportada para os países vizinhos, principalmente os do cone Sul,
como Argentina, Paraguai e Uruguai, onde existem até confederações
de Umbanda e onde o Brasil está para eles, assim como a África está
para nós.

A origem da força cultura Yorùbá foi demonstrada em uma das


guerras havidas entre o Dahomé e a Nigéria, mais ou menos no
meado para o final do século dezesseis, em que o Estado de Kétu,
teve praticamente metade do seu território anexado ao Dahomé como
espólio de guerra após sua população juntamente com a de Meko, ter
sido saqueada e parte dela capturada como escravos perdurando
essa anexação militar até os dias atuais.

Como Resultado dessa guerra, muitos foram capturados de ambos


os lados, e foram vendidos aos Portugueses como escravos. Foi
quando, já ao final do século, começaram a chegar tantos os
escravos de origem Ewe-Fon, conhecido popularmente por Jejes,
oriundos do Benin, antigo Dahomé, que foram capturados pelos
Yorùbá, com a recíproca, dos Yorùbá capturados pelos Ewe-Fon,
também vendidos como escravos.

Os Yorùbá em sua maioria, eram oriundos de Kétu, o território


anexado. Mas, também vieram negros trazidos de outras áreas
Yorùbás como Òyó, Ègbá, Ilesá, Ifón, Abeokuta, Iré, Ìfé, etc.

Estes dois grupos (Jeje e Yorùbá) quando chegaram ao Brasil,


continuaram inimigos ferrenhos e não havia hipótese de um aceitar o
outro. Mas, eram indivíduos de tradições sociais religiosas tribais, e
não podiam sobreviver sozinhos. Então procuraram unirem-se em
virtude da condição cativa de ambos. Essa união era difícil tanto pela
barreira do idioma, pois eram vários e diferentes em dialetos, quanto
pelo ódio que alguns nutriam contra os outros do que os Senhores de
escravos e Feitores se aproveitavam em tirar proveito para fomentar
mais ainda a animosidade entre eles.
Pois, os Senhores de Engenho principalmente, temiam a união do
grande número de escravos, o que certamente poderia colocar em
risco a segurança dos brancos. Então, quando eles permitiam que os
negros se reunissem no terreiro para cantar e dançar, estimulava-lhes
a que fizessem "rodas" separadas, somente com seus compatriotas,
onde os Kétu não misturavam-se aos Jejes nem Bantu e assim
também os outros faziam o mesmo eles próprios com relação aos
outros. Mas, com o tempo essa tática foi deixando de dar certo,
porque os negros entenderam que sua maior fraqueza era a sua
própria desunião, e resolveram se unir para facilitar um pouco à
sobrevivência, unindose contra o inimigo comum, isto é, o branco.
Isso é mais evidenciado com a instituição dos quilombos, que eram
focos de resistência dos negros fujões, e que não se curvavam à
escravidão.
Na nossa religião nós cantamos, oramos e, até dialogamos em
Yorùbá com pequenas frases e termos usuais do dia-a-dia nas casas
de culto com a assimilação de um até vasto vocabulário, se levarmos
em consideração as condições em que se deu a preservação disto.

É de suma importância às linguagens da nossa religião, sobretudo, a


oral porque a entendendo, entenderemos os rituais e poderemos nos
comunicar com os nossos Òrìsà e Ancestrais, através da palavra.

Se não souber falar Yorùbá a pessoa falará aos emane em português

mesmo, os Òrìsà ouvirão e atenderão da mesma maneira. O que é


mais importante é a fé e a sinceridade com que nos dirigimos a eles.
Contudo, se nos comunicamos em Yorùbá é muito mais gratificante a
emoção que sentimos ao saber que o fazemos da mesma maneira
que os nossos Ancestrais faziam há vários séculos atrás em nossa
Língua Mãe, religiosa.

Então, nós louvamos, elogiamos, exaltamos, enaltecemos os imalè


noculto aos Òrìsà, no Candomblé, de acordo com a herança a nós
legada pelos nossos antepassados, negros oriundos de vários lugares
d'África, atravessando os séculos e chegando até nossos dias. As
cantigas são um modos de enaltecer e glorificar fatos e feitos
relacionados com determinado Òrìsà, reportando-se à mitologia
daquele Òrìsà.

Louvar é: Elogiar, dirigir louvores, exaltar, enaltecer, etc. Isto nós o

fazemos diuturnamente no culto aos Òrìsà, de acordo com a herança


a nós legada pelos nossos ancestrais negros que nos ensinaram
como fazê-lo através dos séculos desde então, da mesma maneira
como eles o faziam. Essas maneiras são variadas e diversas embora,
aos olhos do leigo possa parecer tudo a mesma coisa .

Dessas maneiras, a mais popular é o ORIN (a cantiga-música). Com


ela nós ouvamos qualquer orixá ou imalè (espíritos). As cantigas são
modos de enaltecer e glorificar os fatos e feitos relacionados a
determinado Òrìsà ou imalè, reportando um acontecimento ligado à
mitologia daquele Òrìsà.

Portanto, aprender a cantar corretamente e rezar para louvar os


Orixás faz-se necessário inclusive, para um maior conhecimento e
entendimento das suas lendas.
i
TIPO DE CANDOMBLÉS
Há quatro tipos de candomblé:

O Queto, da Bahia, o Xangô, de Pernambuco, o Batuque, do Rio


Grande do Sul, e o Angola, da Bahia e São Paulo. O Queto chegou
com os povos nagôs, que falam a língua iorubá . Saídos das regiões
que hoje correspondem ao Sudão, Nigéria e Benin, eles vieram para o
Nordeste. Os bantos saíram das regiões de Moçambique, Angola e
Congo para Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo.
Criaram o culto ao caboclo, representante das entidades da mata.

A mistura com o catolicismo foi uma questão de sobrevivência. Para


os colonizadores portugueses, as danças e os rituais africanos eram
pura feitiçaria e deviam ser reprimidos. A saída, para os escravos,
era rezar para um santo e acender a vela para um orixá. Foi assim
que os santos católicos pegaram carona com os deuses africanos e
passaram a ser associados a eles. A partir da década de 20, o
espiritismo também entrou nos terreiros, criando a umbanda, com
características bem diferentes.

Assim, o candomblé já se incorporou à alma brasileira. Tanto é que o


país inteiro conhece o grito de felicidade a saudação mágica que
significa, em iorubá, energia vital e sagrada: Axé!
Babalorixá

É um sacerdote e chefe de um Terreiro de Candomblé. É o


responsável por tudo que acontece, ninguém faz nada sem sua prévia
autorização. Sua função é sacerdotal, ele faz consultas aos Orixás
através do jogo de búzios haja visto que no Brasil não temos o habito
de consultar o Babalawo, que seria o chefe supremo do jogo de Ifá,
devido a ausência do mesmo em nossa tradição afrobrasileira desde
a morte de Martiniano do Bonfim, que segundo os mais antigos foi por
volta de 1943 que faleceu o último Babalawo sacerdote supremo do
culto de Ifá no Brasil, que não temos participação ativa de um
Babalawô em nossos ritos, agora com os avanços tecnológicos e
com a imigração voluntária de africanos para o Brasil ouvimos falar de
novos Babalawôs em nossa tradição, daí precisamos diferenciar Ifá
de Merindelogun e jogo de búzios. Contando com a ajuda de muitas
pessoas para a administração da casa, cada um tem uma função
específica na hierarquia, mas todos sabem fazer de tudo para um
caso de emergência. A responsabilidade, a quantidade de filhos-de-
santo, a quantidade de clientes, e a quantidade de problemas a
serem resolvidos não se comparam ao de uma casa menor. O
Babalorixá das grandes casas conta com a ajuda de um grupo de
auxiliares. (ver hierarquia).

Ao passo que nas casas menores o Babalorixá, além da função


sacerdotal acumula diversas outras funções, devendo ser conhecedor
das folhas sagradas, seus segredos e aplicações litúrgicas, em caso
de rituais ligados aos Eguns ou se especializa ou consulta um Ojé
quando necessário, quando a casa ainda não tem um Axogun
confirmado ele mesmo faz os sacrifícios, quando a casa ainda não
tem Alagbê normalmente o Babalorixá convida Alagbês das casas
coirmãs para tocar o Candomblé, na ausência da Iyabassê ou Ekedi
ele mesmo faz as comidas dos Orixás, costura as roupas das Iaô, faz
as compras, tudo depende dele.

A LENDA:

ASSIM NASCEU O CANDOMBLÉ


No começo não havia separação entre o Orum, o Céu dos orixás, e o
Aiê, a Terra dos humanos.
Homens e divindades iam e vinham, coabitando e dividindo vidas e
aventuras.
Conta-se que, quando o Orum fazia limite com o Aiê, um ser humano
tocou o Orum com as mãos sujas.
O céu imaculado do Orixá fora conspurcado.
O branco imaculado de Obatalá se perdera.
Oxalá foi reclamar a Olorum.
Olorum, Senhor do Céu, Deus Supremo, irado com a sujeira, o
desperdício e a displicência dos mortais, soprou enfurecido seu sopro
divino e separou para sempre o Céu da Terra.

Assim, o Orum separou-se do mundo dos homens e nenhum homem


poderia ir ao Orum e retornar de lá com vida. E os orixás também não
podiam vir à Terra com seus corpos. Agora havia o mundo dos
homens e o dos orixás, separados. Isoladas dos humanos habitantes
do Aiê, as divindades entristeceram.

Os orixás tinham saudades de suas peripécias entre os humanos e


andavam tristes e amuados.
Foram queixar-se com Olodumare, que acabou consentindo que os
orixás pudessem vez por outra retornar à Terra.
Para isso, entretanto, teriam que tomar o corpo material de seus
devotos.
Foi a condição imposta por Olodumare.

Oxum, que antes gostava de vir à Terra brincar com as mulheres,


dividindo com elas sua formosura e vaidade, ensinando-lhes feitiços
de adorável sedução e irresistível encanto, recebeu de Olorum um
novo encargo:

preparar os mortais para receberem em seus corpos os orixás.


Oxum fez oferendas a Exu para propiciar sua delicada missão.
De seu sucesso dependia a alegria dos seus irmãos e amigos orixás.
Veio ao Aiê e juntou as mulheres à sua volta, banhou seus corpos
com ervas preciosas, cortou seus cabelos, raspou suas cabeças,
pintou seus corpos.

Pintou suas cabeças com pintinhas brancas, como as pintas das


penas da conquém, como as penas da galinha-d’angola. Vestiu-as
com belíssimos panos e fartos laços, enfeitou-as com jóias e coroas.

O ori, a cabeça, ela adornou ainda com a pena ecodidé, pluma


vermelha, rara e misteriosa do papagaio-da-costa. Nas mãos as fez
levar abebés, espadas, cetros, e nos pulsos, dúzias de dourados
indés.
O colo cobriu com voltas e voltas de coloridas contas e múltiplas
fieiras de búzios, cerâmicas e corais.
Na cabeça pôs um cone feito de manteiga de ori, finas ervas e obi
mascado, com todo condimento de que gostam os orixás.
Esse oxo atrairia o orixá ao ori da iniciada e o orixá não tinha como se
enganar em seu retorno ao Aiê.
Finalmente as pequenas esposas estavam feitas, estavam prontas, e
estavam odara.
As iaôs eram as noivas mais bonitas que a vaidade de Oxum
conseguia imaginar. Estavam prontas para os deuses.
Os orixás agora tinham seus cavalos, podiam retornar com segurança
ao Aiê, podiam cavalgar o corpo das devotas.
Os humanos faziam oferendas aos orixás, convidando-os à Terra, aos
corpos das iaôs. Então os orixás vinham e tomavam seus cavalos.

E, enquanto os homens tocavam seus tambores, vibrando os batás e


agogôs, soando os xequerês e adjás, enquanto os homens cantavam
e davam vivas e aplaudiam, convidando todos os humanos iniciados
para a roda do xirê, os orixás dançavam e dançavam e dançavam.

Os orixás podiam de novo conviver com os mortais.


Os orixás estavam felizes.
Na roda das feitas, no corpo das iaôs,
eles dançavam e dançavam e dançavam.
Estava inventado o candomblé.
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CATIMBÓ
O MITO, O PRECONCEITO E O
ERRO NA DEFINIÇÃO:

Entre muitos que freqüentam terreiros de Umbanda e Candomblé,


Catimbó é sinônimo da prática ou seja da macumba em sí. Para
outros, de Umbanda, trabalhar no Catimbó está associado ao uso de
forças e energias de esquerda ou negativa. Esta é uma visão
equivocada. Qualquer prática mágica pode ser usada com qualquer
finalidade, mas, o objetivo do Catimbó é a evolução dos seus Mestres
através do bem e da cura. Se o mal é feito, isto pode ocorrer pelo
erro do medium ou pela necessidade de justiça a quem pede.

CATIMBÓ É DE BASE RELIGIOSA CATÓLICA E NÃO AFRO-


BRASILEIRO:

Catimbó é um conjunto de práticas religiosas brasileiras, oriundas de


raiz indígena e com diversos elementos do catolocismo, dependendo
do lugar onde é praticado, influências africanas também notáveis. O
Catimbó baseia-se no culto em torno da planta Jurema.
Muitos praticantes minimizam a origem indígena e a influência africana
devido ao preconceito que essas culturas sofrem por parte de
algumas mentalidades; por esse motivo, tais praticantes sustentam
que o Carimbó é somente calcado no cristianismo, o que é uma
mentira em absoluto. A influência afro-ameríndia é notada em
qualquer reunião de Catimbó no país.

Não há dúvida que o Catimbó é xamanista com muita práticas de


pajelança, mas é baseado em Mestres, apesar de os Caboclos
também participarem. O Catimbó não é muito diferente ou melhor que
outros cultos, e não se pode dizer que suas entidades sejam de nível
superior, pelo contrário são semelhantes.

O Catimbó é uma prática ritualista mágica com base na religião


católica de onde busca os seus santos, óleos, água benta e outros
objetos litúrgicos. É também uma prática espirita que trabalha com a
incorporação de espíritos de ex-vivos (eguns ou egunguns) chamados
Mestres e é através deles que se trabalha principalmente para cura,
mas também para a solução de alguns problemas materiais (como a
Umbanda) e amorosos, mas, é importante destacar que a prática da
cura é a principal finalidade.

Não se encontra no Catimbó, nas suas práticas e liturgias os


elementos das nações africanas de forma que classificar o Catimbós
como uma seita afrobrasileira é um erro. Mestres não se subordinam
a Orixá e fora o aspecto de que certamente ele é, também, praticado
por Negros não existe outra relação direta com a religião africana.

Para aqueles que consideram o Catimbó afro-brasileiro eu apenas


pergunto: Onde estão os elementos Afro-brasileiro?

De fato a mitologia e teogonia do Candomblé é rica e complexa, a do


Catimbó é pobre e incipiente, seja porque a antiga mitologia indígena
perdeu-se na desintegração das tribos primitivas, na passagem da
cultura local para a cultura dos brancos, que estavam dispostos a
aceitar os ritos, porém não os dogmas pagãos, na sua fidelidade ao
catolicismo – seja porque o Catimbó foi, mais, concebido como magia
do que como religião propriamente dita, devido sobretudo aos
elementos perigosos e temíveis e às perseguições primeiro da igreja
e depois da polícia.

Além dos dogmas da religião católica o Catimbó incorpora


componentes europeus como o uso do caldeirão e rituais de magia
muito próximos das praticas Wiccas. Tanto dos europeus como dos
brasileiros o uso de ervas e raízes é básico e fundamental nos rituais.
Cada Mestre se especializa em determinada erva ou raiz.
Não existe Catimbó sem santo católico, sem terço, sem água benta,
sem reza, sem fumaça de cachimbo e sem bebida, que pode nem
sempre ser a Jurema (como eu disse Catimbó não é o Santo Daime).

Catimbó ou Catimbó-Jurema é um conjunto específico de atividades


mágico-religiosas, originárias da Região Nordeste do Brasil.
Conhecido desde meados do século XVII, o catimbó resulta da fusão
entre as práticas de magia provenientes da Europa e rituais indígenas
de pajelança, que foram agregados ao contexto das crenças do
catolicismo. Conforme a região de culto, influências africanas podem
ser notadas, de forma limitada, entretanto.

Etimologia

A origem do termo catimbó é controversa, embora a maior parte dos


pesquisadores afirme que deriva da língua tupi antiga, onde caa
significa floresta e timbó refere-se a uma espécie de torpor que se
assemelha à morte. Desta forma, catimbó seria a floresta que conduz
ao torpor, numa clara referência ao estado de transe ocasionado pela
ingestão do vinho da jurema, em sua diversidade de ervas. Um grupo
menor de antropólogos, porém, afirma que o vocábulo originou-se da
junção entre cat, fogo, e imbó, árvore, neste mesmo idioma. Assim,
fogo na árvore ou árvore que queima relataria a sensação de queimor
momentâneo que o consumo da Jurema ocasiona. Em diversos
estados do nordeste brasileiro, onde os rituais de catimbó são
frequentemente associados à prática de magia negra, a palavra
ganha um significado perjorativo, podendo englobar qualquer atividade
mágica realizada no intuito de prejudicar outrem.
Terminologia

O termo catimbozeiro é usado para designar os adeptos do catimbó,


embora, ofensivamente, também possa referir-se a qualquer
praticante de magia negra, Candomblé ou Quimbanda. O vocábulo
Juremeiro, também pode, embora erroneamente, referir-se aos
praticantes de catimbó; entretanto, em linhas gerais, o tratamento é
destinado ao indivíduo que, além do culto a Jurema, é devoto dos
orixás do panteão africanos, integrando, assim, a nação Xambá.
Ademais, diversos credos distintos fazem uso dos efeitos psicóticos
da Jurema, embora nenhum deles possa, de fato, ser considerados
Catimbó.

PAI DA MATTA em suas obras, define:

“Nesse “Catimbó”, que ainda hoje em dia existe (infelizmente) e em


muitos Estados e que, por aqui, pela Guanabara, já incrementaram
como uma espécie de apêndice de muitos “terreiros”, o qual fazem
funcionar depois da meia-noite. Isso é que há de mais escuro, trevoso
e prejudicial.

Nele, o que manda é o dinheiro e o mal. Os despachos, “as arriadas”


para os tais mestres de linhas com seus encantados é coisa
corriqueira e tudo é feito na base do pagamento...

Os seus praticantes – os chamados de “catimbozeiros” são de


baixíssima moral espiritual etc. Esses infelizes estão
irremediavelmente presos nas garras do astral inferior – no que há de
mais inferior mesmo, do baixo astral..”

Já é tão grande a infiltração desses elementos humanos e astrais no


meio umbandista, que os interessados já lançaram à venda “estátuas”
dos tais de “Zé Pilintra”, “Caboclo Boiadeiro”, enfim, dos tais “mestres
do Catimbó”, para se confundirem com as verdadeiras entidades da
Lei de Umbanda, pela massa cega, confiante, ingênua...
Já verificamos em certos “terreiros” a existência delas, de mistura
com “santos e santas, caboclos e pretos-velhos, sereias-do-mar” etc.
Santo Deus! Quanta ignorância! Mas não podemos desanimar... “

Fonte: "Mistérios e Práticas da Lei de Umbanda", pág. 27/28, Editora


Ícone

”Irmãos – pelo que vocês dizem (nas cartas) deduzo claramente que
caíram nas redes infernais do “catimbó”, com suas “linhas de mestres
e mestras”. Isso, sim!... Mas, por que aconteceu isso? Ora, algumas
coisas erradas, vocês andaram fazendo ou fizeram em vocês; em
algum ambiente sujo vocês se meteram...(...)

Assim é que, de anos para cá, em quase todos os terreiros (sim,


porque isso de “Maria Padilha, Zé Pilintra, caboclo-boiadeiro” e
outros, é importação recente, de uma corja de pretensos “pais-de-
santo” que vieram lá das bandas do Norte explorar a praça daqui, da
atual Guanabara, visto terem encontrado nesse nosso bom povinho a
mais santa das ingenuidades...) ditos de Umbanda, certas “médiuns”
deram para “receber”, ou melhor, para “trabalhar” com “exu Maria-
Padilha”.

contato@grupoboiadeirorei.com.br
KIMBANDA:
ÍNDICE:
ETMOLOGIA:
O que é Kimbanda?
Onde encontrar a Kimbanda?
Função da Kimbanda:
Os Exus:
Magos Negros:
Exército Resgatadores
Ciclos dos Exus:
Classificação dos Exus
PombaGiras (Pomba-jira)
Divergências nas Interpretações
ETMOLOGIA:
QUIMBANDA / KIMBANDA:
s.m. Em Angola, adivinho ou médico indígena de Benguela.
Bras. Pai de terreiro do culto banto, ao mesmo tempo médico,
feiticeiro e adivinho.
S.f. Bras. Terreiro em que se pratica macumba.
Seita religiosa brasileira de origem africana. No Brasil, tomou o
significado de magia negra, em oposição à umbanda, que representa
as forças da magia branca.
Na estrutura interna, a quimbanda e a umbanda são muito parecidas,
sendo que a quimbanda conservou o aspecto mais original da religião
africana e voltou-se mais para os mitos de terror dos folclores pagão
e ameríndio. A quimbanda também não procurou adaptar-se à
mitologia do catolicismo, como o candomblé.

A natureza específica da quimbanda é muito ambígua, pois há casos


de prática de quimbanda em terreiros de umbanda, por pequenos
grupos.
ORIGEM:
REGISTRA A GRAMÁTICA DE KIBUNGO, DO PROFESSOR JOSÉ
L. QUINTÃO, PÁGINA 107:
UMBANDA arte de curar
QUIMBANDA quer dizer o curandeiro.
Vamos observar também as várias definições de QUIMBANDA ou
KIMBANDA.

QUIMBANDA tem sua fonte de origem no QUIMBUNDO. que é uma


mistura de dialetos africanos, criado pelo governo para ser ensinado
nas escolas das colônias portuguesas, afim de que todos angolenses
se entendessem entre si nas regiões tribais de angola e moçambique.

BASEADO NESTA ESTRUTURA VEJAMOS:


QUIM ou KIM, quer dizer em linguagem africana, médico ou
grãosacerdote dos cultos BANTOS.
BANDA quer dizer LUGAR ou CIDADE.
Resumindo, chegamos à conclusão de que em nosso idioma,
quimbandeiro quer dizer grãosacerdote dos cultos bantos, vindos de
angola, moçambique e benguela.

QUIMBANDA = curandeiro-adivinho, necromante, exorcista, mago.


por extensão: médico, benzedeiro. todo aquele que busca a
anunciação e interpretação dos fatos, através dos mais variados
processos.
O QUIMBANDA trata as enfermidades diagnosticadas por
adivinhação, debela os azares, restabelece a harmonia conjugal ou
provoca a inimizade, concede poderes para o domínio do amor ou
para a anulação de demandas.

Busca a cura, nas matas ou campos, cachoeiras, mares, enfim nos


elementos da natureza, aonde vai em busca de plantas medicinais.
KIMBANDA = Curandeiro, Mágico. (DICIONÁRIO DE KIMBUNDU -
PORTUGUESA COORDENADO
O QUE É KIMBANDA?

A Quimbanda ou Kimbanda não é simplesmente mais uma das


linhas existentes dentro dos cultos afro-brasileiros, suas influências
não são somente Bantu, Nagô e Yorubá, também abrangem em larga
escala vários aspectos da Religião Indígena, Católica, o Espiritismo
moderno, a alquimia, o estudo da natureza fundamental da realidade
e Correntes Orientais.

É importante lembrar que o sincretismo entre Exú e o Diabo existe,


salvaguardando várias confusões ao verificar que atualmente muitas
pessoas pensam que a Quimbanda é um culto satânico ou Magia
Negra, tendo aquele sentimento de dualidade aonde as pessoas vêem
o bem e o mal em uma luta eterna confundindo a figura do Diabo com
tudo de ruim sem lembrar que Ele já teve seu martírio e foi vencido
por Deus que é Quem determina o espectro e a liberdade de suas
ações desde o princípio dos tempos...

ONDE ENCONTRAR A KIMBANDA?

Você já procurou um CENTRO DE QUIMBANDA, escrito na fachada


"quimbanda" ou "Kimbanda", você sabe onde fica a FEDERAÇÃO
BRASILEIRA DE KIMBANDA? (Certamente um centro sério
registrado: Não existe).

Certamente não vai encontrar, porque a quimbanda é uma ramificação


da umbanda, a quimbanda não existe fisicamente, ela é uma
entidade astral, quartel general dos exús, das falanges, dos
exércitos, da infantaria, que desce nos planos mais baixos e
inferiores, para enfrentar os espíritos trevosos e buscar espíritos que
queiram se redimir e voltar para o ciclo evolutivo.

A Kimbanda é usada como símbolo do mal por pessoas mãs, por


seres quer encarnados ou desencarnados, que deturpam o uso da
terminologia por culpa dos próprios donos de terreiros (babalorixás),
que não se interessam pelo lado esotérico. Por despreparo, lidam
com Kiumbas que se dizem Exús, e neste caso a idéia no plano físico
passa erroneamente.

Kiumbas são espíritos desencarnados, trevosos, com mã índole. Mas


também existem "kiumbas" encarnados, que são os que fazem a
MAGIA NEGRA, que procuram por essas forças, que se deixam levar
por elas, que querem explorar os outros, ter vantagens materiais.
Esses dão asas ao velho mito de Mefistófeles e Fausto de Goethe:
Vendem a alma ao demônio.

A FUNÇÃO DA KIMBANDA:

Tida como sinônimo de magia negra ou de baixo espiritismo, a


Kimbanda é, no seu sentido mais básico, tão somente a contraparte
da Lei de Umbanda, ou as aplicações da Lei ao Mundo da Forma.

A palavra Kimbanda se traduz segundo a Lei do Verbos como o


Conjunto oposto da Lei. De fato a Kimbanda exerce um papel
contrário a Umbanda, embora no sentido de equilíbrio, uma vez que o
Universo e suas Leis se baseiam na harmonia dos opostos.

Se existem Sete Planos ou vibrações na Umbanda, a Kimbanda é


composta de Sete planos opostos, sendo a união destes dois planos
o que torna a frase esotérica "o que está em baixo é semelhante ao
que está em cima" com seu sentido pleno.

Tal Lei é representada da seguinte forma:


O triângulo com o vértice apontando para cima significa:
o triângulo com o vértice apontando para baixo significa:

o que está em cima - a Luz que parte do ponto para a abrangência


de cima para baixo. A oração aos senhores da Luz, em analogia com
as duas mãos unidas para cima; (em verdade, o ato reproduz a
geometria cósmica) o Karma ativo. Este sinal relaciona-se a
Umbanda.

o que está embaixo - as ordens de cima ou a Lei em execução; a


bênção das hierarquias superiores ao indivíduo, ou a súplica do
indivíduo aos seres superiores; o Karma Passivo; as duas mãos
unidas para baixo, em oração aos senhores da Forma; Este sinal
relaciona-se a Kimbanda.
Os dois sobrepostos, reunidos formando
um HEXAGRAMA simbolizam a harmonia entre os OPOSTOS.

O resgate e a ascenção de todas as almas rumo a espiritualidade.


Pois em verdade aquele que se encontra em grau mais alto possui um
correspondente em grau mais baixo. Esta simbologia refere-se ainda,
a não estaticidade da evolução, pois não existem dores e tampouco
infernos eternos, uma vez que. se a evolução é infinita, aquele que

se situa no ponto mais alto, ao evoluir, leva consigo todo o sistema.


sendo que o que está no grau mais baixo, por sintonia. também
subirá.
Mas como surgiu a Kimbanda?

Após a descida do Ser Espiritual ao Universo Astral, vários desses


espíritos tomaram-se marginais cósmicos, pois traziam dentro de si a
revolta. a insubmissão e o ódio. Por afinidade. estes seres foram
atraídos às zonas internas de planetas semelhantes a Terra em seus
locus subcrostais (umbral), habitando a contraparte astral destes
ambientes é lógico.

Bem estes ditos como " Marginais Cósmicos” não podiam ficar por
aí a vagar dentro de um círculo pernicioso tanto a suas consciências
quanto a de outros seres. Estes tinham de ser trazidos de volta à Luz
e ao caminho da paz e da harmonia. sendo que tal condição deveria
ser alcançada por eles através de seus próprios atos, direcionando-
os a aprender por força das variações do Karma a conquistar esta
harmonia, primeiro interiormente e depois exteriormente com as
"forças Cósmicas".

OS EXÚS:

" Muitos anos de incompreensão religiosa, aliados a um sincretismo


mal feito com a doutrina católica e um aprendizado incompleto dos
novos Babalorixás (donos de terreiros), são os principais motivos
para a deturpada visão que ainda hoje se tem do Exu. Mas bem
diferente do diabo cristão, essa entidade do panteão africano tem
fundamental importância, interligando e dinamizando os diversos
planos em que se divide a Criação. Aliás toda pessoa tem seu Exu
particular, responsável pela força necessária ao seu
desenvolvimento." - Afirma Ari Moraes em seu artigo da Revista
Candomblé e Umbanda. - Revista Planeta.

Em nosso sistema solar, os sete guardiões da Luz para as sombras,


os Sete Exús Planetários se encarregaram de arrebanhar milhões
de almas insubmissas e colocá-las na Roda das Reencarnações,
para que estes adquirissem o equilíbrio há muito perdido. Muitos.
após reencarnarem dezenas de vezes conseguiram recuperar o
equilíbrio próprio. sendo que agora regenerados, foram chamados a
trabalhar dentro da faixa vibratória afim aos Sete Guardiões da Luz
para as Sombras, sendo esta a oportunidade que teriam para se
reajustarem definitivamente com as Leis Universais.

Assim surgiram após se erguerem das noites escuras do erro, depois


de passarem por uma completa reabilitaçâo, aqueles que seriam
chamados de Agentes da Justiça e da Disciplina Kármica Exú de
Umbanda. É por isso seu trabalho voltado ao terra-a- terra e as
zonas subcrostais , onde combate e impede que entidades ainda
presas às correntes do ódio e do rancor se infiltrem nos locais que
não lhes dizem respeito. Os Exús conhecem a mentalidade e o modo
de agir destes seres, pois que muitos já foram magos negros. e
agora trabalham na reabilitação destas outras almas ainda
endividadas e endurecidas por séculos de embrutecimento espiritual.
Os Exús são espíritos ainda na fase de elementares, pois evoluem
dentro doe determinadas funções kármicas e se agrupam, dentro
daKimbanda em Falanges, subfalanges, Grupos, Subgrupos e
colunas, atuando na cobrança do Karma Coletivo Grupal e Karma
Individualexercendo sua ação da Luz para sombras e das Sombras
para as Trevas.

Nada acontece de cima para baixo de qualquer forma como se o


Karma fosse algo sem rumo que se manifestasse
espontaneamente. Existe direção e controle para tudo e quem o faz
são os Exús de Umbanda que aplicam as Leis Superiores aos
casosKármicos Coletivos Grupais e Individuais Exú de Umbanda
não é pois. um Ser Espiritual trevoso, um agente do mal.

Pelo contrário é antes um agente da Justiça (amparador) e da


magia celestes com responsabilidades definidas perante os tribunais
Kármicos e executor fiel das Leis de Cima para Baixo.

Os Exús atuam mais nos serviços terra-a-terra e talvez seja por isso
que a maior parte das pessoas ainda acreditem ser ele o "rei da
barganha", que faz o mal em troca de alguma coisa. A verdade não é
bem essa.
Exú: trata é verdade dos problemas mais afeitos à matéria tais como
demandas, trabalho, dinheiro, etc, mas um Exú jamais dará a alguém
algo que este não mereça.

Sabemos de casos em que pessoas pediram o mal para outro em "


trabalho” para Exú e disseram ter conseguido seu intento. Na
realidade, quem faz os trabalhos de morte e aceita em troca por eles
elementos onde existe o sangue e outros, não são os Exús, mas sim
os Kiumbas, entidades que odeiam os Exús, por serem por eles
policiadas e que não perdem a oportunidade de se fazerem passar
por eles, usando-lhes os nomes de "guerra", exatamente para
"sujarem-lhes" a imagem.

MAGOS NEGROS:

Os Kiumbas são seres trevosos, desequilibrados, e são seres


enviados de determinados Magos Negros que habitam as mais
baixas covas do sub-mundo astral e se identificam também. com
determinados nomes de "guerra", tais como Maria Padilha (não,
leitor amigo, esta não é pomba-gira, como muitos erroneamente
acreditam). É uma maga-negraferoz, que destrói completamente a
moral e o mediunismo dos aparelhos que utiliza.

Mestre Luis, Mestre Bem-te-vi, Zé Pilintra (este é outro mago negro


que muitos acreditam ser Exú. Na verdade o primeiro "Zé-Pilintra",
dono de numerosa falange negra já foi desde algum tempo atrás
capturado pelos Guardiões e está em prisões corretivas do astral
inferior. Mas outros tomaram-lhe o "trono" e ainda utilizam seu nome),
Mestre Pintassilgo e outros ... muitos deles baixam nos "Reinados
do Catimbó" e vez por outra mandam seus enviados acercarem os
terreiros de Umbanda e de Candomblé que se utilizam de Matanças e
que tenham uma moral duvidosa. Se acercam igualmente de todo e
qualquer lugar onde possam encontrar uma brecha para agirem e
mesmo nos centros de Kardec e em outros ambientes considerados
"limpos".
Alguns centros ditos Umbandistas, trabalham com a Magia Negra,
diretamente com Kiumbas, seres que destroem os médiuns, em troca
de algum favorecimento material o que causa graves doenças
psicossomáticas, que podem custar ao espírito muitos séculos de
recuperação. Os Kiumbas se manifestam dizendo-se EXÚ, usam o
nome Kimbanda, como vingança, já que quando enfrentam o EXÚS
sempre levam a pior.

- Exército de Resgatadores:

Dissemos atrás que existem os Exús que atuam da Luz para as


Sombras. Estes são os 49 chefes de Legião chamados também de
"Cabeça-Grande". Cada um deles comanda verdadeiros exércitos,
que avança da Luz para as Sombras e das Sombras para as trevas.

São eles:
Correspondência entre os Exus e as diferentes irradiações dos
Orixás
Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual de
Oxalá:
Exú Sete Encruzilhadas Comando negativo da linha
Exú Sete Chaves intermediário para Ogum Exú Sete Capas
intermediário para Oxossi
Exú Sete Poeiras intermediário para Xangô
Exú Sete Cruzes intermediário para Yorimá
Exú Sete Ventanias intermediário para Yori
Exú Sete Pembas intermediário para Yemanjá
Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual de
Yemanjá:
Pombo Gira Rainha Comando negativo da linha
Exú Sete Nanguê intermediário para Ogum
Maria Mulambo intermediário para Oxossi
Exú Sete Carangola intermediário para Xangô
Exú Maria Padilha intermediário para Yorimá
Exú Má-canjira intermediário para Yori
Exú Maré intermediário para Oxalá
Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual de
Ibeiji:
Exú Tiriri Comando negativo da linha
Exú Toquimho intermediário para Ogum
Exú Mirim intermediário para Oxossi
Exú Lalu intermediário para Xangô
Exú Ganga intermediário para Yorimá
Exú Veludinho intermediário para Oxalá
Exú Manguinho intermediário para Yemanjá
Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual de
Xangô:
Exú Gira Mundo Comando negativo da linha
Exú Meia-Noite intermediário para Ogum
Exú Mangueira intermediário para Oxossi
Exú Pedreira intermediário para Oxalá
Exú Ventania intermediário para Yorimá
Exú Corcunda intermediário para Yori
Exú Calunga intermediário para Yemanjá
Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual de
Ogum:
Exú Tranca-Ruas Comando negativo da linha
Exú Tira-teimas intermediário para Oxalá
Exú Veludo intermediário para Oxossi
Exú Tranca-gira intermediário para Xangô
Exú Porteira intermediário para Yorimá
Exú Limpa-trilhos intermediário para Yori
Exú Arranca-toco intermediário para Yemanjá
Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual de
Oxossi:
Exú Marabô Comando negativo da linha
Exú Pemba intermediário para Ogum
Exú da Campina intermediário para Oxalá
Exú Capa Preta intermediário para Xangô
Exú das Matas intermediário para Yorimá
Exú Lonan intermediário para Yori
Exú Bauru intermediário para Yemanjá
Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual de
Yorimá: Exú Caveira Comando negativo da linha
Exú do Lodo intermediário para Ogum
Exú Brasa intermediário para Oxossi
Exú Come-fogo intermediário para Xangô
Exú Pinga-fogo intermediário para Oxalá
Exú Bára intermediário para Yori
Exú Alebá intermediário para Yemanjá
Relações Existentes Entre as Linhas da Quimbanda e Umbanda:

Uma vez se entendendo que há uma perfeita harmonia entre as ações


dos elementos que compõe as linhas da Quimbanda e da Umbanda,
cada elemento destes há um paralelo, um elo de ligação entre a
Umbanda e a Quimbanda.

Linhas da Umbanda Linhas da Quimbanda


Linha de Oxalá Linha Malei
Linha de Ogum Linha do Cemitério
Linha de Oxossi Linha dos Caboclos Quimbandeiros
Linha de Xangô Linha de Mossorubi
Linha de Yorimá Linha da Almas
Linha de Ibêji Linha Mista
Linha de Yemanjá Linha Nagô

Há ainda outros elos de ligação entre os Orixás da Umbanda com os


Exus da Quimbanda. No caso de Ogum, há uma manifestação de
Ogum, para corresponder com cada uma das sete Linhas da
Quimbanda. Vejamos:

Ogum de Malei Linha Malei


Ogum Megê Linha do Cemitério

Linha dos Caboclos Quimbandeiros Ogum Rompe Mato


Linha de Mossorubi
Ogum Megê Linha da Almas
Ogum Xoroquê Linha Mista
Ogum de Nagô Linha Nagô
CICLOS DOS EXÚS:

Estes são os chamados Exús de 32 Ciclo ou Exús coroados os


quais recebem as ordens-diretas dos Orixás menores. Abaixo destes
se encontram os Exús Cruzados. que recebem as ordens dos Guias
e ainda abaixo destes se encontram os Exús Espadado, que
recebem as ordens diretas dos Protetores.

Os Exús Cruzados são os Exús de 22 Ciclo e os Exús espadados


são os Exús de 12 ciclo. Lembramos novamente e lembraremos
sempre que nenhum Exú, em qualquer grau evolutivo se compraz com
entregas onde existe o sangue Exú nenhum se alimenta de galinha
crua e muito menos de suas emanações fluídicas como querem
explicar alguns.

Quem assim procede são os Kiumbas. São estes que recebem estas
entregas e se grudam no aura dos que as fazem para fomentá-los a
sempre mantê-los "abastecidos", forçando-os a realizar novas
matanças e novas entregas ou arrumando motivos para isso.

Lembramos ainda que os Exús coroados raramente incorporam,


pois possuem funções importantíssimas no astral. Mas sempre que
podem o fazem. quando encontram médiuns que já se livraram de
certos estereótipos atribuídos aos Exús.
Os Cruzados e Espadados são mais constantes e vêm sempre em
nome dos "maiorais" como eles mesmo falam e embora sejam Exús
de categoria inferior não vêm falando palavrões como marginais ou
"dando de beber ao burro (médium)" de modo a deixar o aparelho
sem condições até mesmo de andar. Os Exús igualmente não ficam
rolando no chão babando e exibindo as mão em forma de garras.

Suas incorporações são fortes e marcantes e suas auras


realmente possuem uma constituição mais agressiva além do que,
por atuarem na parte Inconsciente do médium, estes liberam
determinados bloqueios e traumas, além de certa parte instintiva, que
faz com que o médium sinta em si, uma espécie de ronco surdo que
sobe das entranhas até as cordas vocais.

Os leitores mais atentos já devem ter percebido que quanto maior for
a carga de inconsciente que o médium carregue maior será o grau do
estereotipo que ele botará para fora.
Como?

O inconsciente é a parte da mente humana onde estão armazenados


desde os processos instintivos como já dissemos, até aos traumas,
recalques e mesmo a violência. Num prisma mais abrangente. no
inconsciente são armazenadas todas as lembranças das encarnações
pregressas do indivíduo e este é praticamente desconhecido por
todos nós. Ele é liberado apenas nos chamados atos falhos, nos
sonhos e nas neuroses e psicoses. Pode-se entende agora que o
médium mostra seu próprio interior quando da incorporação dos Exús
guardiões. Estes realmente executam uma espécie de terapia, pois
ao Permitirem que os médiuns coloquem suas mazelas para fora.
estão os ajudando a se melhorar, para no futuro nas encarnações
vindouras poderem ser bons veículos de suas palavras e poderem
passar suas mensagens sem distorções.

Para que o leitor possa se situar melhor perante as funções dos Exús
Guardiões da Lei, daremos algumas das inúmeras funções dos sete
Exús coroados para que o leitor entenda por onde andam as
distorções acerca dos trabalhos destas entidades.
Classificação dos ExÚs

Classificação Moral (Bem ou Mal):


Exú Pagão ou Exú Batizado?

Alguns espíritos, que usam indevidamente o nome de Exu, procuram


realizar trabalhos de magia dirigida contra os encarnados. Na
realidade, quem está agindo é um espírito atrasado. É justamente
contra as influências maléficas, o pensamento doentio desses
feiticeiros improvisados, que entra em ação o verdadeiro Exu,
atraindo os obsessores, cegos ainda, e procurando trazê-los para
suas falanges que trabalham visando a própria evolução.

O chamado “ Exú Pagão” é tido como o marginal da espiritualidade,


aquele sem luz, sem conhecimento da evolução, trabalhando na magia
para o mal, embora possa ser despertado para evoluir de condição.

Já o Exu Batizado, é uma alma humana já sensibilizada pelo bem,


evoluindo e, trabalhando para o bem, dentro do reino da Quimbanda,
por ser força que ainda se ajusta ao meio, nele podendo intervir,
como um policial que penetra nos reinos da marginalidade. Não se
deve, entretanto, confundir um verdadeiro Exú com um espíritos
zombeteiros, mistificadores, obsessores ou perturbadores, que
recebem a denominação de Kiumbas e que, às vezes, tentam
mistificar, iludindo os presentes, usando nomes de "Guias".

Para evitar essa confusão, não damos aos chamados “ Exus


Pagões” a denominação de “Exu”, classificando-os apenas como
Kiumbas. E reservamos para os ditos “Exus Batizados” a
denominação de “Exu”.

Classificação Pelos Pontos de Vibração dos Exus:

Exus do Cemitério: São Exus que, em sua maioria, servem à


Obaluaiê. Durante as consultas são sérios, reservados e discretos,
podem eventualmente trabalhar dando passes de limpeza
(descarregando) o consulente. Alguns não dão consulta, se
apresentando somente em obrigações, trabalhos e descarregos.

Exus da Encruzilhada: São Exus que servem a Orixás diversos. Não


são brincalhões como os Exus da estrada, mas também não são tão
fechados como os do cemitério. Gostam de dar consulta e também
participam em obrigações, trabalhos e descarregos. Alguns deles se
aproximam muito (em suas características) dos Exus do cemitério,
enquanto outros se aproximam mais dos Exus da estrada.

Exus da Estrada: "São os mais "brincalhões". Suas consultas são


sempre recheadas de boas gargalhadas, porém é bom lembrar que
como em qualquer consulta com um guia incorporado, o respeito deve
ser mantido e sendo assim estas "brincadeiras" devem partir
SEMPRE do guia e nunca do consulente. São os guias que mais dão
consultas em uma gira de Exu, se movimentam muito e também falam
bastante, alguns chegam a dar consulta a várias pessoas ao mesmo
tempo.
ORGANIZAÇÃO E HIERARQUIA DOS EXUS:
Os Exus, estão também, divididos em hierarquias. Onde temos desde Exus muito ligados aos Orixás até aqueles Exus ligados aos trabalhos mais próximos às trevas.
Os exus dividem-se hierarquicamente, em três planos ou três ciclos e em sete graus e a divisão está formada "de cima para baixo" :
TERCEIRO CICLO:
Contém o Sétimo, Sexto e Quinto graus.
Neste Ciclo encontramos os chamados Exus Coroados. São aqueles que tem grande evolução, já estão nas funções de mando. São os chefes das falanges. Recebem as ordens diretas
dos chefes de legiões da Umbanda. Pouco são aqueles que se manifestam em algum médium. Apenas alguns médiuns, bem preparados, com enorme missão aqui na Terra, tem um Exu
Coroado como o seu guardião pessoal. São os guardiões chefes de terreiro. Não mais reencarnam, já esgotaram há tempos os seus karmas.
Sétimo Grau - Estão os Exus Chefe de Legião e para cada Linha da Umbanda, temos Um Exu no Sétimo Grau, portanto, temos Sete Exus Chefes de Legião

Sexto Grau - Estão os Exus Chefes de Falange. São Sete Exus Chefes de Falange subordinados a cada Exu Chefe de Legião, portanto, temos 49 Exus Chefes de Falange.

Quinto Grau - Estão os Exus Chefes de SubFalange. São Sete Exus Chefes de SubFalange subordinados a cada Exu Chefe de Falange, portanto, são 343 Exus Chefes de SubFalange.

Segundo Ciclo:
Contém o Quarto Grau.
Neste Ciclo encontramos os chamados

Exus Cruzados ou Batizados. São subordinados dos Exus Coroados.


Já tem a noção do bem e do mal. São os exus mais comuns que se
manifestam nos terreiros. Também, tem funções de subchefes.
Fazem parte da segurança de um terreiro. O campo de atuação
destes exus está nas sombras (entre a Luz e as Trevas). Estão ainda
nos ciclos de reencarnações.

Quarto Grau - Estão os Exus Chefes de Agrupamento. São Sete Exus


Chefes de Agrupamento e estão subordinados a cada Exu Chefe de
SubFalange, portanto, são 2401 Exus Chefes de Agrupamento.

Primeiro Ciclo:
Contém o Terceiro, Segundo e Primeiro Graus.
Temos dois tipos de Exus neste ciclo :
Exus Espadados - São subordinados do Exus Cruzados. O seu
campo de atuação encontra-se entre as sombras e as trevas.

Exus Pagãos (Kiumbas) - São subordinados aos exus de nível acima.


São aqueles que não tem distinção exata entre o bem e o mal. São
conhecidos, também como "rabos-de-encruza". Aceitam qualquer tipo
de trabalho, desde que se pague bem. Não são confiáveis, por isso.

São comandados de maneira intensiva pelos Exus de hierarquias


superiores. Quando fazem algo errado, são castigados pelos seus
chefes, e querem vingarem-se de quem os mandou fazer a coisa
errada.

São kiumbas, capturados e depois adaptados aos trabalhos dos


Exus. O campo de atuação dos Exus Pagãos, é as trevas.
Conseguem se infiltrar facilmente nas organizações das trevas. São
muito usados pelos Exus dos níveis acima, devido esta facilidade de
penetração nas trevas.

Terceiro Grau - Estão os Exus Chefes de Coluna. São Sete Exus


Chefes de Coluna e estão subordinados a cada Exus Chefes de
Agrupamento, portanto, são 16.807 Exus Chefes de Coluna.

Segundo Grau - Estão os Exus Chefes de SubColuna. São Sete Exus


Chefes de SubColuna e estão subordinados a cada Exu Chefe de
Coluna, portanto, são 117.649 Exus Chefes de SubColuna.

Primeiro Grau - Estão os Exus Integrantes de SubColunas e são


milhares de espíritos nesta função.
Os Exus, em geral, não são bons nem ruins, são apenas executores
da Lei.
Ogum, responsável pela execução da Lei, determina as execuções
aos Exus.
7º Grau 7 - Chefes de Legião
6º Grau 49 - Chefes de Falange Exú Coroados
5º Grau 343 - Chefes de SubFalange
4º Grau 2401 - Chefes de Grupamento Exus Cruzados ou
Batizados
3º Grau 16.807 - Chefes de Coluna
2º Grau 117.649 - Chefes de SubColuna Exu Espadados e Pagões
1º Grau ?- Integrantes de Coluna
Além destes aspectos já abordados, vale à pena mencionar os
diversos níveis vibracionais, onde os espíritos ligados à Terra,
habitam.

Estes níveis são e foram criados de acordo com cada grau evolutivo.
Os níveis estão mais relacionados com o mundo da consciência do
que com o mundo físico, ou seja, são mais estados de consciência do
que um lugar fisicamente localizado.

Como são níveis gerados por espíritos ligados de alguma forma com
a evolução da Terra, estes níveis estão vinculados ao próprio planeta.
Portanto, quando vemos descrições de camadas umbralinas
localizadas em abismos sob a crosta terrestre, devemos entender
que embora elas estejam localizadas com estes espaços físicos, elas
estão no lado espiritual deste plano físico.
Temos então, Sete Camadas Concêntricas Superiores e Sete
Camadas Concêntricas Inferiores.
A divisão está sempre formada "de cima para baixo" :
Camadas Concêntricas Superiores
Sétima, Sexta e Quinta Camadas - Zonas Luminosas
Seres iluminados, isentos das reencarnações. Cumprem missões no
planeta. Estão se libertando deste planeta, muitos já estagiam em
outros mundos superiores.
Quarta Camada - Zona de Transição
Espíritos elevados, que colaboram com a evolução dos irmãos
menores.
Terceira, Segunda e Primeira Camadas - Zonas Fracamente
Iluminadas
A maioria dos espíritos que desencarnam, estão nestas camadas.
Estão em reparações e aprendizados para novas reencarnações.
Superfície:
Espíritos encarnados
Camadas Concêntricas Inferiores
Sétima Camada - Zona SubCrostal Superior
Espíritos sofredores de um modo geral que serão em seguida
socorridos e encaminhados a planos mais elevados para adaptação e
aprendizado, antes de reencarnarem.
Sexta, Quinta e Quarta Camadas - Zona das Sombras, Zona
Purgatoriais ou de Regeneração
Espíritos sofredores purgando parte de seus karmas, e que serão
encaminhados o mais rápido possível à reencarnação para novas
provas e expiações.
Quarta Camada - Zona de Transição
Entre as sombras e as trevas. Zona de seres revoltados e
dementados.
Terceira, Segunda e Primeira Camadas - Zona das Trevas ou Zona
SubCrostal Inferior

Estes espíritos estão em estágio de insubmissos, renitentes e


rebelados às Leis Divinas. Não reconhecem Deus como o Ser mais
superior.
A atuação dos Exus, está praticamente em todas as camadas
inferiores, com exceção das Terceira, Segunda e Primeira Camadas,
que eventualmente eles "descem" para missões especiais ou mandam
os rabos-de-encruza, pois estão mais "ambientados" com as baixas e
perniciosas vibrações. Não que os Exus não possam "descer" até lá,
mas porque é desnecessário criar uma guerra com os seres infernais,
apenas porque se invadiu aquelas zonas.

A maioria dos livros espíritas, que tratam do assunto dos níveis


vibracionais, não chega sequer a mencionar algo além das camadas
intermediárias ou médio e alto umbral. Descrevem na maioria das
vezes as camadas que ficam as sombras e não as trevas, pois os
espíritos que fazem tais incursões não podem ou não devem “baixar”
mais, pois somente cabe aos exus, espíritos especializados “descer”
tanto.
Salvador - BA - BR POMBA-GIRA

QUEM É A POMBA-GIRA?
Quem são as Guardiãs PombaGira?
Vamos falar bem reduzidamente o que seriam as Guardiãs
PombaGira:
Se os Guardiões Exus são marginalizados, mais ainda são as
senhoras Guardiãs PombaGira (grafa-se também Pomba-Jira).

Há muitas pessoas que as associam com prostitutas, ou


simplesmente, mulheres que gostam de se expor aos homens e
sedentas por sexo. As distorções e preconceitos são características
dos seres humanos quando eles não entendem corretamente algo,
querendo trazer ou materializar conceitos abstratos, distorcendo-os.
Essas nossas irmãs em Deus nada mais são que espíritos
desencarnados, que como os Exus, viveram na Terra e hoje, por
afinidade fluídica, militam como mais uma corrente de trabalho
portentosa dentro da Umbanda. Não temos culpa se certos
“médiuns” medíocres dão passividade para Kiumbas ou mesmo
fingem uma incorporação de uma Guardiã Pomba Gira, para serem
aceitos e terem suas opiniões e mesmo trejeitos aceitos pela
comunidade religiosa. Com certeza, exteriorizam somente aquilo que
suas mentes doentias acham serem certos.

Dentro da hierarquia das Guardiãs PombaGira, estão divididas em


níveis diversas outras PombaGira, da mesma forma que as demais
legiões. É claro que em alguns casos podem ocorrer que uma delas
em alguma encarnação tivesse passado pela experiência dolorosa de
ser uma prostituta, mas, isso não significa que as Guardiãs
PombaGira tenham sido todas prostitutas e que assim agem. As que
foram, hoje estão integradas na Umbanda, a fim de realizarem a
grande reforma íntima através da caridade e do mediunismo redentor.

Não se torna uma Guardiã Pomba Gira pelo simples fato de se ter
errado perante as Leis Divinas. Afinal, quem nunca errou na vida? Ser
uma Guardiã Pomba Gira exige preparo, conhecimento, magia,
discernimento e muito amor. É mais uma corrente de trabalho
espiritual na Umbanda, onde espíritos seletos atuam na faixa
vibratória que mais se afinizam.

As Guardiãs PombaGira não são a representação da sexualidade e


nem da sensualidade, mas sim frenam os desvios sexuais dos seres
humanos e direcionam essas energias para a construção da
espiritualização, evitando a destruição espiritual e material de cada
ser.

A sensualidade desenfreada destrói o homem: a volúpia. Este vício


moral é alimentado pelos encarnados e desencarnados pela
invigilancia das Leis de Deus, criando um ciclo ininterrupto, caso as
PombaGira não atuem neste campo emocional, frenando-o e
redirecionando-o.

As Guardiãs PombaGira são grandes magas e conhecedoras das


fraquezas humanas. São executoras da Lei.
Cabem as Guardiãs PombaGira esgotar os vícios ligados ao sexo,
equilibrando o ser humano.
Gostaríamos de salientar que as Guardiãs PombaGira não são Exus
fêmeas como dizem muitas das literaturas encontradas, mas sim, é
mais uma das hierarquias de Deus;

Tudo que se refere ao estudo sobre os Guardiões Exus vale também


para as Guardiãs PombaGira, ou seja, elas se manifestam na
Umbanda através de espíritos incorporados as suas hierarquias. Elas
são elementos mágicos ativados através de oferendas e elementos
religiosos quando ativados num Templo. Também são agentes da Lei
de Deus que podem ser ativadas pela Lei Maior. Os Guardiões Exus
vitalizam/desvitalizam, as Guardiãs PombaGira esgotam o emocional
ou despertam o desejo.
As Guardiãs PombaGira de Trabalho são tão maravilhosas quanto os
Guardiões Exus. Elas realizam curas até mesmo de enfermidades
dadas como incuráveis, desmancham trabalhos de magia negra,
resolvem problemas, nos dão conselhos preciosos de como bem
dirigir nossas vidas, enfim, fazem tudo pelas pessoas bem
intencionadas que as procuram para a prática da caridade. È uma
pena que ainda existam pessoas que as procuram somente para
desmanchar relacionamentos amorosos ou conquistar alguém.

Como nossos irmãos Guias Espirituais, os Guardiões Exus, e as


Guardiãs PombaGira, quando terminarem o círculo de trabalhos
espirituais e permanência nas correntes de trabalho na Umbanda irão
para uma faixa de espiritualidade superior, e serão conduzidas pelas
Leis do Eterno Amor para o seu verdadeiro destino, a sua
perfectibilidade e a verdadeira e eterna felicidade nas moradas do
Senhor. Por isso, considerando que as Guardiãs PombaGira são
criaturas como nós, filhos de Deus, considerando que bem orientadas
por Orixás, e Guardiãs PombaGiras de Lei trabalhem somente para o
bem, devemos tratá-las com todo carinho, respeito, procurar
compreendê-las e conduzi-las (as não esclarecidas. As que estão
iniciando o seu caminho rumo a espiritualidade maior) para o caminho
da redenção.
A Legião das Guardiãs PombaGiras atuam:

• Nas descargas para neutralizar correntes de


elementares/elementais vampirizantes, bem conhecidos como
súcubus e íncubos, que atuam negativamente, por meio do sexo,

fazendo de suas vitimas verdadeiros escravos das distorções


sensuais.

• Cortando trabalhos de magia sexual negativa e as ditas


“amarrações”, pois ninguém deve se ligar a ninguém a força. Isto é
considerado pelos tribunais do astral como desvio de carma e as

sanções para aqueles que realizam tais trabalhos


são as mais sérias
possíveis.
• Cortando trabalhos de magia negra, pois não é permitido pela Lei
Divina que as pessoas ou espíritos possam fazer o que bem
entenderem, ainda mais ferindo o Livre Arbítrio alheio.
• Neutralizando correntes e trabalhos feitos para desmanchar
casamentos.
• Trabalham incansavelmente no combate as hostes infernais, quando
estas procuram atingir injustamente quem não merece.
• Trabalham no combate das viciações que escravizam os médiuns,
protegendo-os das investidas do baixo astral, quando se fazem
merecedores.
• Fazem à proteção dos Templos onde habita a Espiritualidade Maior,
principalmente onde se pautam pelo Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo.

• Combatem a leviandade, promovendo a firmeza que trás o respeito


através do poder da palavra. Tais atributos e a harmonia de seus
efeitos combinados, trazem a serenidade mental, onde os Sagrados
Orixás atuam, pois quem não sabe o que pensa, não sabe o que diz.

• Trabalham incansavelmente fazendo de um tudo para que seus


médiuns possam galgar graus conscienciais luminosos perante a
espiritualidade maior, equilibrando-os, auxiliando-os, mas jamais são
coniventes com os desmandos de seus pupilos, corrigindo-os, às
vezes, implacavelmente, para que possam enxergar seus erros e
retomarem a senda da Luz.

• A Guardiã Pomba Gira, como entidade de trabalho, não são e nunca


foram espíritos lascivos, tenebrosos, viciados, atrasados e maldosos,
como muitos querem doutrinar.

• A Guardiã PombaGira atuam no combate aos Kiumbas (na medida


do possível ajudando-os a evoluir) e no combate das energias
desvairadas e viciantes; nas cobranças e nos reajustamentos
emotivos e passionais; nas cobranças da Lei Divina (carma); nas
emoções e nas ações dos indivíduos.

• As Guardiãs PombaGira conhecem profundamente os mais íntimos


segredos dos seres humanos e que apesar dos absurdos em seus
nomes, ainda assim, nos auxiliam a evoluir, esperando pacientemente
à hora de nossa maturidade.
• A Guardiã PombaGira são valorosas Guardiãs da Antiga Sabedoria,
da Tradição da Umbanda. Não são vulgares. São guerreiras,
heroínas, protetoras e grandes magas.

Lembre-se que nenhuma Guardiã Pomba Gira jamais atua


negativamente na vida de qualquer ser, promovendo desuniões,
feitiçarias, magias negras, fofocas, maledicências e toda sorte de
coisas ruins. Infelizmente a maldade é um imperativo humano. Quando
um ser humano, negativamente invoca o poder da Guardiã Pomba
Gira, não é a entidade em si que vai atender ao seu pedido maléfico,
mas sim, a força Pomba Gira, força magnética ígnea telúrica, que vai
ser acionada e utilizada. Seria a mesma coisa que utilizarmos à força
elétrica; podemos usá-la para o bem ou para o mal. A força é a
mesma, mas não tem vontade própria. Vamos agora usar de um
artigo maravilhoso (de autor desconhecido), adaptando-o, e
encontraremos que é a fiel imagem da uma mulher. E isso é ser a
Senhora Guardiã Pomba Gira:

SER GUARDIÃ POMBA GIRA….

• Ser Guardiã Pomba Gira é viver mil vezes em apenas uma vida, é
lutar por causas perdidas e sempre sair vencedora, é estar antes do
ontem e depois do amanhã, é desconhecer a palavra recompensa
apesar dos seus atos.

• Ser Guardiã Pomba Gira é caminhar na dúvida cheia de certezas, é


correr atrás das nuvens num dia de sol e alcançar o sol num dia de
chuva.

• Ser Guardiã Guardiã Pomba Gira é chorar de alegria e muitas vezes


sorrir com tristeza, é cancelar sonhos em prol de terceiros, é
acreditar quando ninguém mais acredita, é esperar quando ninguém
mais espera.

• Ser Guardiã Pomba Gira é identificar um sorriso triste e uma lágrima


falsa, é ser enganada e sempre dar mais uma chance, é cair no fundo
do poço e emergir sem ajuda.
• Ser Guardiã Pomba Gira é estar em mil lugares de uma só vez, é
fazer mil papéis ao mesmo tempo, é ser forte e fingir que é frágil pra
ter um carinho.
• Ser Guardiã Pomba Gira é se perder em palavras e depois
perceber que se encontrou nelas, é distribuir emoções que nem
sempre são captadas.
• Ser Guardiã Pomba Gira é comprar, emprestar, alugar, vender
sentimentos, mas jamais dever, é construir castelos na areia, vê-los
desmoronados pelas águas e ainda assim amá-las.
• Ser Guardiã Pomba Gira é saber dar o perdão, é tentar recuperar o
irrecuperável, é entender o que ninguém mais conseguiu desvendar.
• Ser Guardiã Pomba Gira é estender a mão a quem ainda não pediu,
é doar o que ainda não foi solicitado.

• Ser Guardiã Pomba Gira é não ter vergonha de chorar por amor, é
saber a hora certa do fim, é esperar sempre por um recomeço.
• Ser Guardiã Pomba Gira é ter a arrogância de viver apesar dos
dissabores, das desilusões, das traições e das decepções.

• Ser Guardiã Pomba Gira é ser mãe dos seus filhos e dos filhos dos
outros e amá-los igualmente.
• Ser Guardiã Pomba Gira é ter confiança no amanhã e aceitação
pelo ontem, é desbravar caminhos difíceis em instantes inoportunos e
fincar a bandeira da conquista.

• Ser Guardiã Pomba Gira é entender as fases da lua por ter suas
própria fases. É ser “nova” quando o coração está a espera do amor,
ser “crescente” quando o coração está se enchendo de amor, ser
“cheia” quando ele já está transbordando de tanto amor e “minguante”
quando esse amor vai embora.

• Ser Guardiã Pomba Gira é hospedar dentro de si o sentimento de


perdão, é voltar no tempo todos os dias e viver por poucos instantes
coisas que nunca ficaram esquecidas.
• Ser Guardiã Pomba Gira é cicatrizar feridas de outros e inúmeras
vezes deixar as suas próprias feridas sangrando.

• Ser Guardiã Pomba Gira é ser princesa aos 20, rainha aos 30,
imperatriz aos 40 e especial a vida toda.
• Ser Guardiã Pomba Gira é conseguir encontrar uma flor no deserto,
água na seca e labaredas no mar.
• Ser Guardiã Pomba Gira é chorar calada as dores do mundo e em
apenas um segundo já estar sorrindo.
• Ser Guardiã Pomba Gira é subir degraus e se os tiver que descer
não precisar de ajuda, é tropeçar, cair e voltar a andar.
• Ser Guardiã Pomba Gira é saber ser super-homem quando o sol
nasce e virar cinderela quando a noite chega.
• Ser Guardiã Pomba Gira é acima de tudo um estado de espírito, é
ter dentro de si um tesouro escondido e ainda assim dividi-lo com o
mundo.
REVELAÇÃO DE UMA GUARDIÃ POMBA GIRA
Mensagem psicofônica da Senhora Pomba Gira Sete Encruzilhadas –
Médium: Luely Figueiró

Nós andamos agitadas nas encruzilhadas, não estamos gostando do


que certos escritores mal informados, que apenas cruzam pelos
terreiros e que nem possuem a experiência de incorporação ou de
trabalhos dentro da curimba de uma Pomba Gira, se arvoram em
falar sobre nossa corrente, sobre nossos trabalhos.

Nos comentam como se fossemos lixo do astral ou menos espíritos


apaixonados. Como se bastasse apenas nos oferecer elementos
físicos, grosseiros materiais, para fazermos a vontade de todas as
criaturas da face da Terra.

Pessoas que escrevem sem possuir o menor gabarito espiritual para


comentar os mistérios da hierarquia de um espírito.

Nós estamos realmente agitadas no espaço que ocupamos e muito


trabalhamos para formar a corrente deste aparelho, para que ela
pudesse verdadeiramente receber a vibração e o ensinamento de
todo o trabalho de uma Pomba Gira. Vocês não duvidem e não
confundam as coisas que vocês vêem por aí. Aprendam se quiserem
a ter o merecimento da proteção e do trabalho de uma Pomba Gira,
seus giras.

Pomba Gira é gente já com gabarito de incorporação no exército


divino, e quem já se encontra incorporado, como elemento deste
exército, para a elaboração de evoluções maiores; não é sofredor
nem lixo do espaço e nem desavisado e muito menos apegado a
elementos tão físicos e baixos como querem nos apregoar.
Tenham mais humildade para aceitar as coisas do grandioso Senhor,
que elabora no dia-a-dia a evolução dos universos siderais e não só o
vosso.

Não pensais, pois, que sois o centro do universo, porque não sois
não. Em todas as horas, em todos os momentos, o grande Senhor
nos envia provas através, até mesmo, de aparelhos mediúnicos que
nos deixam perplexos, bestializados com os que eles fazem como
simples aparelhos e nada mais.

Porque eles são meros veículos de forças maiores; aqui, neste


planeta, somos espíritos de certa envergadura, com milênios de
aprendizado; nos chamam de Pomba Gira; poderiam ternos colocado
outros nomes, não importam os nomes que nos tenham colocado.

Nós vos saudamos aqui na Terra, com esta indumentária; respeiteis e


saibais compreender nossa natureza espiritual, para que não sejam
publicadas aberrações que visem apenas ao comércio medíocre
sobre o trabalho sagrado e santificante que traçamos para evolução
de todos os paranormais em comunicação conosco.
Isto é de rara importância para todos aqueles que dirigem seus
médiuns, seus filhos.

É de rara importância, queridos, que coloqueis sempre a vossa destra


sobre os nossos enviados, filhos de Santo, com uma certa humildade
e conhecimento de que todos os irmãos que se comunicam através
de sua coroa são espíritos já incorporados num exército divino para
elaborar uma tarefa de amor e fraternidade e de respeito por vossas
vidas e não de desrespeito, porque este sempre parte de vós e não
de nós.

Se existem nos planos do baixo astral desrespeitosos Eguns, é


porque daqui partiram assim sem o merecimento de serem
incorporados em nossas milícias. São esses pobres vagabundos do
astral menor que necessitam mais de orações e caridade.
Vós, como chefes de terreiro e guias menores da Terra, que colocais
sobre o peito montões de colares para assim serem reconhecidos,
pois sois vós que devereis organizar os trabalhos. Sim, de mãos
interpostas conosco, os irmãos do outro lado.

Para estes Eguns e sofredores, estes vagabundos, desairosos e


desvairados dos espaços, sejam socorridos e não enlameados com
vossos propósitos mesquinhos.
Muitas vezes, tomados por vossas vaidades, não sabeis reconhecer
quem pisa dentro de vosso terreiro.
Aquele que é sofredor, aquele que é um mistificador de uma Pomba
Gira verdadeira.
Porque a vossa vaidade vos cobre os olhos e vosso peito envergado
de tantas “guias” não vos permite ver; cuidado…
Por hoje é só.
Dona Sete.
Fonte: Texo cedido gentilmente por Pai Juruá.
Trecho extraído do livro: Exus e Pomba Gira na Umbanda –
Simbolismo e Função – Autoria do Pai Juruá
OS KIUMBAS:

O QUE É KIUMBA? (Quiumba)

Existem casos de médiuns desavisados, não doutrinados, ignorantes


e não evangelizados, que abrem as portas da sua mediunidade para a
atuação de Kiumbas, verdadeiros marginais do baixo astral, que tudo
farão para ridicularizar não só o médium, como o terreiro, bem como
a Umbanda.
Em muitas incorporações onde a entidade espiritual ora se faz
presente como Guia Espiritual e hora como Guardião, ou é a
presença do animismo do médium (arquétipo) ou é a presença de um
Kiumba. Vamos estudar e entender a atuação dos Kiumbas, para uma
fácil identificação:

O Kiumba nada mais é do que o marginal do baixo astral, e também é


considerado um tipo de obsessor. Espíritos endurecidos e maldosos,
que fazem o mal pelo simples prazer de fazer, e tudo o que é da luz e
o que é do bem querem a todo custo destruir. Esses espíritos,
“Kiumbas”, vivem onde conhecemos por “Umbral” onde não há ordem
de espécie alguma, onde não há governantes e é cada um por si.
Muitas vezes são recrutados através de propinas, pelos magos
negros para que atuem em algum desafeto.

Na Umbanda existe uma corrente de luz, denominada de Boiadeiros,


que são especializados em desobsessão, na caça e captura desses
marginais (os Kiumbas os temem muito), e os trazem até nós para
que através da mediunidade redentora possam ser “tratados”, ou
seja, terem seu corpo energético negativo paralisado através da
incorporação e serem levados para as celas prisionais das Confrarias
de Umbanda, onde serão devidamente esgotados em seus mentais e
futuramente se transformarão em um sofredor, e ai sim estarão
prontos a serem encaminhados aos Postos de Socorros Espirituais
mais avançados, pois já se libertaram através do sofrimento, de toda
a maldade adquirida.

O processo que devemos realizar para evitar os nossos irmãos


“Kiumbas” é o mesmo da obsessão, mas, o processo para “tratá-los”
é peculiar a Umbanda e cada caso é analisado particularmente pelos
Guias Espirituais que utilizam diversas formas (que conhecemos como
arsenal da Umbanda) para desestruturar as manifestações deletérias
negativas desses nossos irmãos.

Como identificar um Kiumba incorporado


O que infelizmente observamos na mediunidade de muitos é a
abertura para a atuação dos verdadeiros Kiumbas, se fazendo passar
por Exus, Pombas Gira ou mesmo Guias Espirituais, trazendo
desgraças na vida do médium e de todos que dele se acercam.

Notem bem, que um Kiumba, ser trevoso e inteligente, somente


atuará na vida de alguém, se esta pessoa for concomitante com ele,
em seus atos e em sua vida. Os afins se atraem.

O médium disciplinado, doutrinado e evangelizado, jamais será


repasto vivo dessas entidades. Lembre-se que o astral superior é
sabedor e permite esse tipo de atuação e vibração para que o
médium acorde e reavalie seus erros, voltado à linha justa de seu
equilíbrio e iniciação.

Como os Kiumbas são inteligentes, quando atuam sobre um médium,


se fazendo passar por um Guardião, e imediatamente assumem um
nome, que jamais será os mesmos dos Guardiões de Lei, pois são
sabedores da gravidade do fato, pois quando assumirem um nome
exotérico ou cabalístico iniciático de um verdadeiro Guardião,
imediatamente e severamente serão punidos.

Por isso vemos, infelizmente, em muitos


médiuns, esses irmãos do baixo astral
incorporados, mas é fácil identificá-los. Vamos
lá:

• Pelo modo de se portarem: são levianos,


indecorosos, jocosos, pedantes, ignorantes,
maledicentes, fofoqueiros e sem classe

nenhuma;

• Quando incorporados: machões, com


deformidades contundentes, carrancudos,
sem educação, com esgares horrorosos e geralmente olhos
esbugalhados. Muitos se portam com total falta de higiene, babando,
rosnando, se arrastando pelo chão, comendo carnes cruas, pimentas,
ingerindo grandes quantidades de bebidas alcoólicas, fumando feito
um desesperado, ameaçando a tudo e a todos. Geralmente ficam
com o peito desnudo (isso quando não tiram à roupa toda); utilizam
imensos garfos pretos nas mãos.

• Geralmente, nos ambientes em que predominam a presença de


Kiumbas, tudo é encenação, fantasia, fofoca, libertinagem, feitiçaria
pra tudo, músicas (pontos) ensurdecedoras e desconexas, nos
remetendo a estarmos presentes num grande banquete entre
marginais e pessoas de moral duvidosa.

• Nesses ambientes, as consultas são exclusivamente efetuadas


para casos amorosos, políticos, empregatícios, malandragem,
castigar o vizinho, algum familiar, um ex-amigo, o patrão, etc. Os
atendimentos são preferenciais, dando uma grande atenção aos
marginais, traficantes, sonegadores, estelionatários, odiosos,
invejosos, pedantes, malandros, alcoólatras, drogados, etc., sempre
incentivando, e dando guarida a tais indivíduos, procedendo a
fechamento de corpos, distribuindo “patuás e guias” a fim de protegê-
los. Com certeza, neste ambiente estará um Kiumba como mentor.

• Certamente será um Kiumba, quando este pedir o nome de algum


desafeto para formular alguma feitiçaria para derrubá-lo ou destruí-lo.
• Os Kiumbas costumam convencer as pessoas de que são
portadoras de demandas, magias negras, feitiçarias, olhos gordos,
invejas, etc. inexistentes, sempre dando nome aos bois, ou seja,
identificando o feitor da magia negra, geralmente um inocente
(parente, amigo, pai de santo, etc.) para que a pessoa fique com
raiva ou ódio, e faça um contra feitiço, a fim de pretender atingir o
inocente para derrubá-lo. Agindo assim, matam dois coelhos com uma
cajadada só: afundam ainda mais o consulente incauto que irá criar
uma condição de antipatia pelo pretenso feitor da magia, e pelo
inocente que pretendem prejudicar.

• Os Kiumbas invariavelmente exigem rituais disparatados, e uma


oferenda atrás da outra, todas regadas a muita carne crua, bebidas
alcoólicas, sangue e outros materiais de baixo teor vibratório.
Atentem bem, que sempre irão exigir tais oferendas constantemente,
a fim de alimentarem suas sórdidas manipulações contra os da Luz, e
sempre efetuadas nas ditas encruzilhadas de rua ou de cemitério,
morada dos Kiumbas.

• Pelo modo de falarem: impróprio para qualquer ambiente


(impropérios); É impressionante como alguém pode se permitir ouvir
palavrões horrorosos, a guiza de estarem diante de uma pretensa
entidade a trabalho da luz.

• Pelas vestimentas: são exuberantes, exigentes e sempre pedem


dinheiro e jóias aos seus médiuns e consulentes.

· Os Kiumbas incitam a luxúria, incentivam às traições conjugais, as


separações matrimonias e geralmente quando incorporados, gostam
de terem como cambonos, alguém do sexo oposto do médium,
geralmente mais novos e bonitos (imaginem o que advirá disso tudo).

· Os Kiumbas, nos atendimentos, gostam de se esfregarem nas


pessoas, geralmente passando as mãos do médium pelo corpo todo
do consulente, principalmente nas partes pudentas.
· Os Kiumbas incorporados conseguem convencer algumas
consulentes, que devem fazer sexo com ele, a fim de se livrarem de
possíveis magias negras que estão atrapalhando sua vida amorosa. E
ainda tem gente que cai nessa.

· Se for uma Kiumba, mesmo incorporadas em homens, costumam


alterar o modo de se portarem, fazendo com que o homem fique com
trejeitos femininos e escrachados. Costumam também travestir o
médium (homem) com roupas femininas com direito a maquiagem e
bijuterias.

· Os Kiumbas atendem a qualquer tipo de pedido, o que um Guia


Espiritual ou um Guardião de Lei jamais fariam. Ao contrário, eles
bem orientariam o consulente ou o seu médium, da gravidade e das
conseqüências do seu pedido infeliz.
· Os Kiumbas (e só os Kiumbas) adoram realizar trabalhos de
amarração, convencendo todos de que tais trabalhos são necessários
e que trarão a pessoa amada de volta (ledo engano quem assim
pensa). Esquecem-se de que existe uma Lei Maior que a tudo vê e a
tudo provê. Se fosse assim tão fácil “amarrar” alguém, certamente
não existiriam tantos solteiros por este país afora.

· Os Kiumbas fazem de um tudo para acabar com um casamento,


um namoro, uma família, incitando as fofocas, desuniões e magias
negras.

· No caso de Kiumbas se passando por um Guia Espiritual ou


mesmo um Guardião, geralmente utilizam de nomes exdrúluxos,
indecorosos e horrorosos, remetendo a uma condição inferior (os
nomes que daremos são do nosso conhecimento. Não é invenção da
nossa parte. Veja como a coisa é grave).

CUIDADO COM OS NOMES USADOS:

Sempre que encontrarem algum espírito incorporado, dizendo-se


ser um Guia Espiritual, um Guardião e utilizando algum nome
esdrúxulo, que remete a inferioridade, à condição de baixa moral,
tenha cuidado;

Com certeza é a presença de um Kiumba, ou é puro animismo do


médium.
Exemplos:
No caso de Guardiãs: (Falsas PombaGiras)
Pomba Gira Leviana;
Pomba Gira Assanhada;
Pomba Gira Prostituta;
Pomba Gira Mariposa;
Pomba Gira da Desgraça
Pomba Gira Rameira;
Pomba Gira Siririca;
Pomba Gira Profana;
Pomba Gira Presepeira;
Pomba Gira Rumbiera;
Pomba Gira Peralta;

Pomba Gira Mundana;


Pomba Gira Pervertida;
Pomba Gira Preguiçosa;
Pomba Gira da Perdição;
Pomba Gira Alcoviteira;
Pomba Gira Sete Camas;
Pomba Gira Cortesã;
Pomba Gira Catingosa;
Pomba Gira Cheirosa;
Pomba Gira Faladora;
Pomba Gira Sete Canas;
Pomba Gira Sete Cornos;
Pomba Gira Sete Maridos;
Pomba Gira Pega Homem;
Pomba Gira Sete Maridos;
Pomba Gira Pega Homem;
Pomba Gira Vira Ponto;
Pomba Gira Apaixonada;
Pomba Gira Arrebentada;
Pomba Gira Azarenta;
Pomba Gira Bandalha;
Pomba Gira Vale Tudo;
Pomba Gira Quebra Pé;
Pomba Gira Gargalhada;
Pomba Gira Arrepiada;
Pomba Gira Cantora;
Pomba Gira Elegante;
Pomba Gira Pomposa;
Pomba Gira Dengosa;
Pomba Gira Adúltera;
Pomba Gira Boneca;
Pomba Gira Vaidosa;
Pomba Gira Boêmia;
Pomba Gira Galhofeira;
Pomba Gira Lufa-Lufa;
Pomba Gira Libertina;
Pomba Gira Sedutora; Pomba Gira Ordinária;
Pomba Gira Sete Homens;
Pomba Gira Encrenqueira;
Pomba Gira Traiçoeira;
Pomba Gira Trapaceira;
Pomba Gira Espantalho;
Pomba Gira Perdida;
Pomba Gira Rita Piranha;
Pomba Gira Amarra Pé;
Pomba Gira Tagarela;
Pomba Gira Tatuada;
Pomba Gira Egoísta;
Pomba Gira Bate Boca;
Pomba Gira Maltrapilha;
Pomba Gira Galante;
Pomba Gira Furacão;
Pomba Gira Provocante;
Pomba Gira Maria Tentação;
Pomba Gira Lambe Lambe;
Pomba Gira Mete Mete;
Pomba Gira Tatuada;
Pomba Gira Egoísta;
Pomba Gira Devassa;
Pomba Gira Valentona;
Pomba Gira do Cais;
Pomba Gira Bolero;
Pomba Gira Carpideira; Pomba Gira Sapeca;
Pomba Gira Tagarela;
Pomba Gira Vagabunda;
Pomba Gira Tirana;
Pomba Gira Puxa Vista;
Pomba Gira Puritana;
Pomba Gira Invejosa;
Pomba Gira Exótica;
Pomba Gira Curiosa;
Pomba Gira Traiçoeira;
Pomba Gira Sabe Tudo;
Pomba Gira Valente;
Pomba Gira Taberneira;
Pomba Gira Remelexo;
Pomba Gira Puxadeira;
Pomba Gira Pingonheira;
Pomba Gira Explosiva;
Pomba Gira Beiçola;
Pomba Gira Assobiadeira;
Pomba Gira Lava Trapos;
Pomba Gira da Favela;
Pomba Gira da Luxúria;
Pomba Gira Gulosa;
Pomba Gira Invejosa;
Pomba Gira Pintora;
Pomba Gira Bate Punha;
Pomba Gira Assobiadeira; Pomba Gira Lava Trapos;
E assim por diante……
No caso de Guardião: (Falsos Exús)

Exú
Trapaceiro;
Exú Tagarela;
Exu Lambada;
Exú Fracalhão;
Exú Gostoso;
Exú Falador;
Exú Suspiro;
Exú Come Tuia;
Exú Acadêmico;
Exú Galhofeiro;
Exú Arruaça;
Exú Alegria;
Exú Cheira-Cheira;
Exú Malandrinho;
Exú Encrenca;
Exú Topada;
Exú Rola-Rola;
Exú Rola Dura;
Exú Amarra-pé;
Exú Risada;
Exú Pé de Valsa;
Exú Mexe-Mexe;
Exú Pisa Macio;
Exú Vale Ouro;
Exú Vertigem;
Exú Cospe-Cospe;
Exú Vital;
Exu Come-Fogo;
Exú Corneta;
Exú Baderna;
Exú Trapalhada;
Exú Cortezão;
Exú Trapaceiro;
Exú Some-Some;
Exú Renegado;
Exú Capeta;
Exú Vagaroso;
Exú Desengano;
Exú Faiscador;
Exú Grinalda;
Exú Malandro;
Exú Esfarrapado; Exú Clareza;
Exú Bexiga;
Exú Bordoada;
Exú Zé Pilintra;
Exú Requenquela;
Exu Omulú…
E assim por diante Obs: No caso de Exu Omulú, porque será que não
existe então um Exu Ogum, Exu Oxossi, Exu Xangô, Exu Oxalá???.

Nesse caso específico, houve uma massificação no sentido de se


considerar o Orixá Omulú como Exu, pelo seu campo de atuação, que
seria a morte, e ter sua energia ligada pelos encarnados, ao
cemitério.

Então observam que a manifestação de uma entidade com nome de


Exu Omulú, ou é um espírito atrasado que assim aje (Kiumba), ou é a
mente ignorante do médium (animismo). E assim por diante.

No caso de se passarem por Guias Espirituais, com certeza


utilizarão nomes simbólicos que representam condições
humanas degradantes, como:
Caboclo da Saia Curta
Caboclo da Pá Virada
Preto Velho Beiçudo
Preta Velha Barriguda
Baiano 7 Facadas
Baiano da Morte Certeira
Baiano Cabra Macho
Baiana Risca Faca
Boiadeiro Lascado
Boiadeiro Pé de Boi
Boiadeiro Laço da Morte
Marinheiro da Morte
Marinheiro da Cana Forte
Marinheiro do Rum
Cigano da Sorte Grande
Cigano da Azaração
Cigana Mendinga

E assim por diante… Então. É fácil identificá-los, pois utilizam nomes


esdrúxulos, horrorosos, que nos remetem a coisas ruins, e que nada
tem há ver com a espiritualidade superior e muito menos com nomes
simbólicos que representam os Poderes Reinantes do Divino Criador.

Obs: Dificilmente encontraremos Kiumbas se passando por Caboclos,


Pretos Velhos, Crianças ou Linha do Oriente.

Já os Baianos, Boiadeiros, Marinheiros e Ciganos, favorecem aos


médiuns incautos a presença de Kiumbas mistificando, pelo fato de
terem o arquétipo totalmente desvirtuados pelos humanos.

É só observar. É simples verificar a presença de um Kiumba em


algum médium. Tudo o que for desonesto, desamor, desunião,
invigilância aos preceitos ensinados pelo Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo, personalismos, egocentrismo, egolatrias, sexo, falta de
moral, etc., com certeza estará na presença de um Kiumba.

Cuidado meus irmãos. Não caiam nessa armadilha.


Quando um Kiumba se agarra vibratoriamente em um médium,
dificilmente largarão aqueles que os alimentam com negatividade,
dando-lhes guarida por afinidade.

Segunda Ordem – Bons Espíritos

Características gerais: predominância do espírito sobre a matéria.


Desejo do bem. Suas qualidades e seu poder em fazer o bem estão
relacionados com o adiantamento que alcançaram, uns tem a ciência,
outros a sabedoria e a bondade. Os mais avançados reúnem o saber
às qualidades morais.
Compreendem Deus e o infinito e já desfrutam da felicidade dos bons.
Os bons espíritos classificam-se em quatro grupos principais:
• Espíritos benevolentes – sua qualidade dominante é a bondade.
• Espíritos sábios – são os que se distinguem, principalmente, pela
extensão dos seus conhecimentos.
• Espíritos de sabedoria – caracterizam-se pelas qualidades morais
da natureza mais elevada.

• Espíritos superiores – reúnem a ciência, a sabedoria e a bondade.


Sua linguagem não revela, senão benevolência, e é constantemente
digna, elevada e freqüentemente sublime. Comunicam-se
voluntariamente com aqueles que procuram a verdade de boa fé e
que têm alma desligada dos laços terrenos.

Distanciam-se daqueles que se animam só de curiosidade ou que a


influência da matéria afasta da prática do bem.
A esta ordem pertencem os espíritos designados pelas crenças
vulgares sob o nome de gênios bons, gênios protetores e espíritos do
bem.
Na Umbanda são conhecidos como Caboclos, Pretos Velhos,
Crianças, Baianos, Boiadeiros, Marinheiros, Ciganos, Sakaangás,
Yaras Mirins, Sereias, Povo do Oriente e Guardiões de Lei.

Primeira Ordem – Espíritos Puros


Caracteres gerais – não sofrem influência da matéria. Superioridade
intelectual e moral absoluta em relação aos espíritos de outras
ordens.

Primeira classe (classe única) – Percorrem todos os graus da


escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Tendo
alcançado a soma de perfeições de que é suscetível a criatura, não
têm mais que suportar provas ou expiações. Não estando mais
sujeitos à reencarnação (venceram a Roda de Samsara, segundo os
Hindus) em corpos perecíveis, é para ele a vida eterna que desfrutam
no seio de Deus.
Gozam de inalterável felicidade. São os mensageiros e ministros de
Deus, cujas ordens executam para a manutenção da harmonia
universal. Comandam a todos os espíritos que lhe são inferiores,
ajudam-nos a se aperfeiçoarem e lhes designam as suas missões.
Assistir os homens em suas aflições concitá-los ao bem ou à
expiação das faltas que os mantêm distanciados da felicidade
suprema é, para eles, uma doce ocupação.

São designados à vezes sob o nome de “anjos”, “arcanjos” ou


“serafins”.

Os homens podem entrar em comunicação com eles, mas bem


presunçoso seria aquele que pretendesse tê-los constantemente às
suas ordens.
Por Espíritos Puros temos os Guias Espirituais no grau de espíritos
ascencionados, que perfazem a direção e a manifestação dos
Sagrados Orixás.

.
DIVERGÊNCIAS NAS INTERPRETAÇÕES:

A Umbanda reivindica propósitos sempre voltados para o bem, com


um discurso claramente cristão. A Quimbanda, embora seus teóricos
neguem, é fortemente associada à magia negra, aos trabalhos
para o mal e, além de para espíritos humanos desencarnados, como
na Umbanda, também se utiliza de seres não-humanos:

- Larvas (criações da mente dos sacerdotes-magistas), demônios


(Espíritos obcessores) e elementais.

“ A Quimbanda é um culto mágico às Entidades malévolas,


denominadas Exus, Quimbandeiros… Em geral, na Quimbanda só
se trabalha para o mal de alguém ou então para submeter uma
pessoa à vontade da outra”

Contra Ponto:
Meu nome é Renato, sou Tatetu ti Inkice, e estava lendo seu sobre
kimbanda. Por ser um sacerdote de religião afrobrasileira me sinto na
obrigação de fazer alguns comentários. Primeiro o termo Kimbanda
se refere a um culto específico, o culto aos Exus, inclusive com
preceitos próprios e de conhecimento de poucos. Aliás a maioria do
que se encontra publicado é escrito por pessoas leigas, através de
impressões e pensamentos individuais. Vou citar exemplo:
- Entidades como Maria Padilha e Zé Pilintra são entidades
respeitadíssimas dentro de qualquer terreiro. E Kiumba usa o nome
que quiser desde que não haja firmeza nem seriedades nos trabalhos;
- No mesmo post, onde se fala da correspondência da irradiação dos
Orixás com as Falanges de Exus, cita-se o nome do Exu Come-Fogo
(fala-se que é um nome de um falso Exu em nomes falsos de
Exus.
- Exu Omulu é um guardião da irradiação do Orixá Xapanã, é por que
Omulu não é Orixá e sim qualidade de Orixá.

- e enfim, nas palavras do místico e escritor José Roberto Romeiro


Abrahão, como bem se diz, místico e escritor, não uma pessoa
preparada dentro do culto que tenha conhecimento de seus reais
fundamentos, uma vez que os mesmos somente é ensinado aos
iniciados. Temos que ter muito cuidado com aquilo que tomamos
como verdade, pricipalmente se tomarmos a verdade de alguém
como a nossa, e não os ensinamentos e doutrinas reais de uma
religião.

Afinal, por essa e outras, é que religiões de cunho Afro são tão
perseguidas. Entenda isto não é uma crítica pessoal, e sim
preocupação com o que se prega. Fundamentos religiosos devem ser
ensinados por quem tem preparação para tal, e para quem deve ter
conhecimento. Coloco-me a disposição. Asé ô. Osàlá abençõe.

Autor: Renato Campos (por email)


contato@grupoboiadeirorei.com.br
ORIXÁS
ÍNDICE:
O QUE SÃO ORIXÁS?
OXALÁ
EXU
OGUM
OXOSSI
OSSAIN
OBALUAIÊ
OXUMARÊ
XANGÔ
YEMANJÁ
IANSÃ
OXUM
LOGUN-EDÉ
OBÁ
EWÁ
NANÃ
IROKO
IBEJI
IYAMI OSHORONGÁ
ORUNMILÁ
ORI
AJALÁ
OXAGUIÃ
OXALUFÃ
A estruturação do Batuque:
Cantando para os Orixás:
Crenças

O QUE
SÃO ORIXÁS?

Os orixás são deuses africanos que correspondem a pontos de força


da Natureza e os seus arquétipos estão relacionados às
manifestações dessas forças. As características de cada Orixá os
aproxima dos seres humanos, pois eles se manifestam através de
emoções como nós. Sentem raiva, ciúmes, amam em excesso, são
passionais. Cada orixá tem ainda seu sistema simbólico particular,
composto de cores, comidas, cantigas, rezas, ambientes, espaços
físicos e até horários. Como resultado do sincretismo que se deu
durante o período da escravidão, cada orixá foi também associado a
um santo católico, devido à imposição do catolicismo aos negros.
Para manterem seus deuses vivos, viram-se obrigados a disfarçá-los
na roupagem dos santos católicos, aos quais cultuavam apenas
aparentemente.

Estes deuses da Natureza são divididos em 4 elementos - água,


terra, fogo e ar. Alguns estudiosos ainda vão mais longe e afirmam
que são 400 o número de Orixás básicos divididos em 100 do Fogo,
100 da Terra, 100 do Ar e 100 da Água, enquanto que, na Astrologia,
são 3 do Fogo, 3 da Terra, 3 do Ar e 3 da Água. Porém os tipos mais
conhecidos entre nós formam um grupo de 16 deuses. Eles também
estão associados à corrente energética de alguma força da natureza.
Assim, Iansã é a dona dos ventos, Oxum é a mãe da água doce,
Xangô domina raios e trovões, e outras analogias.

- Existe uma noção superficial no âmbito EXOTÉRICO sobre o que


são Orixás, tal noção se baseia em fatores mitológicos e muito
superficial.
Dá-se uma visão antropomórfica aos Orixás, o conceito verdadeiro
oculto, foi perdido, modificado com o passar dos anos.
Incorporou-se no entanto a arquétipos, incluídos em lendas africanas,
no Candomblé e as Umbandas mais aproximadas ao culto de Nação.
Essas lendas acobertam ensinamentos profundos.
Mas Carl Yung, desenvolveu os conceitos de arquétipos de
personalidade.
Tal conceito pode ser aplicado num sentido mais profundo aos
aspectos comportamentais da mitologia Yorubá.

Segundo Yung vários fatos em comuns aparecem em diferentes


culturas, através de lendas desenvolvidas por povos em lugares tão
distantes que supõe-se não existirem contatos entre um e outro.
Exemplo disse temos O ORIXÁ XANGÔ, que está associado ao
RAIO, TROVÃO, similar ao Deus nórdico THOR com atributos ao
Deus Grego ZEUS e ao Romano JÚPITER que usavam essas armas,
pois manipulavam os raios, dominavam as tempestades, todos com o
mesmo temperamento forte.

OGUM é identificado como um guerreio, como MARTE O DEUS DA


GUERRA.

OXALÁ como o velho sábio. Isso é a humanização dos ORIXÁS, fez


como que o homem se afastasse cada vez mais do divino e sagrado,
no sentido real.
Dos 600 ORIXÁS que existiam na África ficou apenas 50 que
chegaram até o Brasil, mas apenas 16 dentro do Candomblé e 7
LINHAS na Umbanda.

OS ORIXÁS são espíritos elevadíssimos que jamais vêem a TERRA,


pois para a umbanda tudo obedece uma hierarquia de cima para
baixo até chegar aos Caboclos, Preto-Velhos e Crianças...

Os ORIXÁS são portanto FORÇAS ENERGÉTICAS desprovidas de


CORPO MATERIAL e se identificam com FORÇAS ELEMENTAIS DO
UNIVERSO.
Dentro da comporação hierárquica os ORIXÃOS são os mesmo anjos
dos católicos, os Devas dos orientais.
OXALÁ

obatala o rei do pano branco.


Arquétipos:

" O grande orixá", ocupa uma posição única e inconteste do mais


importante orixá e o mais elevado dos deuses yorubás.
É o dono da argila e da criação, onde molda os seres humanos em
barro.
Senhor do silêncio, do vácuo frio e calmo, onde as palavras não
podem ser ouvidas. Por apreciar muito o vinho de palma,
embriagando-se freqüentemente, perdeu a chance de criar a terra e
tornouse responsável pela moldagem das pessoas e ficou proibido de
beber o vinho. Teimoso, às vezes passa por cima dessas regras.
Pessoas com defeitos de nascença, provocados por ele, lhe
pertencem.
Ele as protege para se redimir. Muda de nome conforme a situação.
Lento como um caramujo, todo de branco como seu ritual exige, é
conhecido como oxalufan. Enérgico e guerreiro, de colar branco com
azul real, é oxaguian. Em todas versões é orixalá,

Os filhos deste orixá são pessoas calmas e dignas de confiança. São


dotados de grande sabedoria, pois estão sempre buscando os
significados de tudo o que ocorre ao seu redor, não cansam de
estudar e buscar o conhecimento.
Os filhos de oxalufan (velho) possuem tendência a serem
preguiçosos.
O trabalho braçal não os atraí, preferem buscar lugares onde possam
colocar as suas idéias e projetos em atividade. Extremamente
responsáveis, são ótimos projetistas e organizadores. Seus principais
defeitos são: preguiça, teimosia e lentidão. Por serem calmos, nunca
se deve abusar da paciência, pois quando acaba...
Os filhos de oxaguian(novo) já são mais ativos, guerreiros, alegres e
trabalhadores. São incanssãveis em seus ofícios e projetos, possuem
também tendências ao estresse por se darem demais as suas
funcões.
Responsáveis como ninguém. Assim como oxalufan(velho) também
são teimosos orgulhosos e inteligentes.
São os famosos senhores do tudo ou nada. Ou dá certo ou não. Seja
nos negócios no amor e nas amizades.

Lendas:
Oxalufan (oxalá velho) era um rei muito idoso. Um dia, sentindo
saudades do filho xangô, resolveu visitá-lo. Como era costume na
terra dos orixás, consultou um babalaô para saber como seria a
viagem. Este recomendou que não viajasse.
Mas, se o orixá teimasse em ver o filho, foi instruído a levar três
roupas brancas e limo da costa ( pasta extraída do caroço de dendê )
e fazer tudo o que lhe pedissem assim como, jamais revelar sua
identidade em qualquer situação.
Com essas precauções, o orixá partiu e, no meio do caminho
encontrou exu elepô, dono do azeite-de-dendê, sentado a beira da
estrada, com um pote ao lado. Com boas maneiras, ele pediu a
oxalufan que o ajudasse a colocar o pote nos ombros. O velho orixá,
lembrando as palavras do babalaô, resolveu auxiliá-lo; mas exu elepô,
que adora brincar. Derramou todo o dendê sobre oxalufan.
O orixá manteve a calma, limpou-se no rio com um pouco do limo,
vestiu outra roupa e seguiu viagem. Mais adiante encontrou exu onidu,
dono do carvão e exu aladi, dono do óleo do caroço de dendê. Por
duas vezes mais, foi vitima dos brincalhões e procedeu como da
primeira vez, limpando-se e vestindo roupas limpas, continuando sua
caminhada rumo ao reino de xangô.
Ao se aproximar das terras do filho, avistou um cavalo que conhecia
muito bem, pois presenteara xangô com o animal tempos atrás.
Resolveu amarrá-lo para levá-lo de volta, mas foi mal interpretado
pelos soldados, que julgaram-no um ladrão. Sem permitir explicações,
e oxalufan lembrando do conselho do babalaô de manter segredo de
sua identidade, nada reclamou...
Eles espancaram o velho ate quebrar seus ossos e o arrastaram para
a prisão. Usando seus poderes, oxalá fez com que não chovesse
mais desse dia em diante; as colheitas foram prejudicadas e as
mulheres ficaram estéreis.
Preocupado com isso, xangô consultou seu babalaô e este afirmou
que os problemas se relacionavam a uma injustiça cometida sete
anos antes, pois um dos presos fora acusado de roubo injustamente.
O orixá dirigiu-se a prisão e reconheceu o orixá. Envergonhado,
ordenou que trouxessem água para limpá-lo e, a partir desse dia,
exigiu que todos no reino se vestissem de branco em sinal de respeito
ao orixá, como forma de reparar a ofensa cometida. É por isso que
em todos os terreiros do brasil comemora-se as águas de oxalá,
cerimônia na qual todos os participantes vestem-se de branco e
limpam seus apetrechos com profunda humildade para atrair a boa
sorte para o ano todo.

Oxalufan tinha um filho chamado oxaguian (forma jovem de oxalá ),


muito valente e guerreiro que almejava ter um reino a todo custo. Era
um período de guerras entre dois reinos vizinhos e seus habitantes
perguntavam sempre aos babalaôs o que fazer para que a paz
voltasse a reinar. Um dos sacerdotes respondeu que eles deveriam
oferecer ao orixá da paz, que se vestia de branco, como uma pomba,
muito inhame pilado, comida de sua preferência. Oxaguian, cujo nome
significa "comedor de inhame pilado", apreciava tanto essa comida
que ele próprio inventou o pilão para fazê-la. Depois que as oferendas
foram entregues, tudo voltou as boas. Oxaguian tornouse conhecido
por todos e conseguiu seu próprio reino. Ate hoje são oferecidas
grandes festas a esse orixá para que haja fartura o ano todo.

Elemento: ar
Personalidade: equilibrado e tolerante
Símbolo: oparoxó (cajado de alumínio com adornos)
Dia da semana: sexta-feira
Colar: branco
Roupa: branca
Sacrifício: cabra, galinha, pomba, pata e caracol Oferendas: arroz,
milho branco e massa de inhame
EXU

Exu é o primeiro orixá a ser louvado


no candomblé, porque representa o principio do movimento. Uma vez
acionado é preciso controla-lo, como se sabe com respeito a
qualquer movimento. Como a fome é um dos motivos que levam o
homem a se mover em direção a um objetivo, Exu come demais. E
por comerem as plantações, é que as formigas são tidas como sendo
de Exu e a terra dos formigueiros também.

Ele é compreendido na África como um deus do movimento


(nada a ver com o diabo cristão, embora o sincretismo o associe
assim, no Brasil, ou com o EXU da Umbanda), que come tudo que
pode, e que é "quente". Exu mora nas encruzilhadas (a idéia é "o que
é mas não é", sempre. Uma encruzilhada a princípio não é caminho
algum e ao mesmo todos eles, certo?) Os pés de qualquer animal
também são de Exu, segundo os africanos. E Exu é controvertido,
porque tem um gênio travesso (Em Cuba, por causa disso ele é o
Menino Jesus) e faz o que lhe pedem. Não tem noção de bem e de
mal e se movimenta apontando o pênis pro lugar onde quer ir. Não
existe lugar, no passado, presente ou futuro a que Exu não possa ir.
Existe um oriki (verso sagrado) que diz, inclusive, que "Exu mata
ontem um passarinho com pedra que atirou hoje para o amanha."

Exu também é associado à sexualidade, a segunda fome humana. O


dia da semana: segundafeira (o primeiro dia na semana ioruba , que
tem 4 dias, também). Existem infinitos avatares de Exu, e mitos muito
bonitos também. Um deles, de que eu gosto muito conta que "Exu,
filho primogênito de Iemanjá com Orunmilá, o deus da adivinhação e
irmão de Ogum, Xangô e Oxóssi, era voraz e insaciável. Conseguiu
comer todos animais da aldeia em que vivia. Depois disso, passou a
comer as árvores, os pastos, tudo que via até chegar ao mar.

Orunmilá previu então que Exu não pararia e acabaria comendo os


homens, e tudo que visse pela frente, chegando mesmo a comer o
céu. Ordenou então a Ogum que contivesse o irmão Exu a qualquer
custo. Para conseguir isto, Ogum foi obrigado a matar Exu, a fim de
preservar a terra criada e os seres humanos. Mas mesmo depois da
morte de Exu, a natureza, os pastos, as árvores, os rios, tudo
permaneceu ressecado e sem vida, doente, morrendo. Um babalaô
(representante de Orunmilá na terra) alertou Orunmilá de que o
espírito de Exu sentia fome e desejava ser saciado, ameaçando
provocar a discórdia entre os povos como vingança pelo que Orunmilá
e Ogum haviam feito. Orunmilá determinou então que em toda e
qualquer oferenda que fosse feita pelos homens a um orixá, houvesse
uma parte em homenagem a Exu, e que esta parte seria anterior a
qualquer outra, para que se mantivesse sempre satisfeito e assim
possibilitasse a concórdia".

Cor: preto e azul escuro entre os iorubas, preto e vermelho entre os


angolas (A cor preta se relaciona ao fato de que para que a luz
chegue a algum lugar o movimento já precisa ter sido acionado, ou
seja Exu deve ser antes do movimento da luz).

Dia da Semana: SegundaFeira


Elemento: fogo e ar.
Símbolo: ogó (um pênis de madeira, com búzios pendurados
simbolizando o sêmen)
Numero 1
Comida: farofa
Saudação: Laroiê, Exu!
Sacrifício: bode e galo preto
OGUM

O orixá Ogun é um dos mais amados na cultura ioruba. Em primeiro


lugar porque ele foi o primeiro ferreiro. Como foi ele, também, quem
descobriu a fundição e inventou todas as ferramentas que existem.
Portanto é o patrono da tecnologia e da própria cultura, pois sem as
ferramentas nada mais poderia ser inventado até mesmo plantar em
grandes extensões seria extremamente difícil. Tendo inventado as
ferramentas, com a foice ele abriu os primeiros caminhos para o resto
do mundo, o que dá a ele o poder de abri-los ou fecha-los.

Com a faca ele fez o primeiro sacrifício ritual, por isso sempre se
louva Ogum durante estes sacrifícios e sua invenção da faca. Com o
ancinho ele arou terras e plantou, com a tesoura

cortou peles e inventou os abrigos. Com o machado cortou árvores


para construir abrigos, com o martelo pode unir com pregos que
inventou, os troncos. Com a cunha pode levantar grandes pesos e
assim aconteceu de Ogum, com a espada que forjou, guerrear e
conquistar territórios para seu povo. Ele, no entanto, não quis ser rei,
pois preferia os desafios ao poder. Continuou lutando e inventando
para sempre. Hoje em dia diz-se que os computadores sao de Ogun
e de Ogun sao também todos os analistas de sistemas.

Ogun só cometeu um erro nos mitos, quando seu pai mandou que
fizesse uma tarefa e ele pelo caminho embebedou-se com vinho de
palmeira e acabou não realizando o que devia. A partir daí nunca
bebeu, mas diz-se que os filhos de Ogun adoram vinho branco e
devem tomar muito cuidado com bebidas. A guerra é de Ogun, cujo
nome significa exatamente guerra. Como Ogun nunca se cansa de
lutar, costuma-se chamar por sua ajuda em situações em que é
extremamente difícil continuar lutando ou quando o inimigo é
extremamente forte. Não se deve invocar Ogun a toa, pois seu gênio
é extremamente violento e diz um oriki que ele mata o injusto e o
justo, o ladrão e o dono da casa roubada (porque permitiu que
acontecesse) portanto não se deve brincar com este orixá, que não
perdoa.

Ogun vive sozinho; é um solteirão convicto. Teve muitas mulheres mas


não vive com nenhuma, e criou um filho adotivo abandonado nas mãos
dele por Iansã, a deusa dos ventos e raios que por sua vez o havia
adotado de Oxum, a deusa do amor e da riqueza Um dos mitos sobre
ele diz que Ogum, é filho de Iemanjá com Odudua. Desde criança já
era destemido, impetuoso, arrojado e viril, tendo se tornado sempre
mais e mais um brilhante guerreiro e conquistado, para seu pai,
muitos reinos, não havendo, por esta razão, um só caminho que
Ogum não tenha percorrido. Nos intervalos entre as guerras e as
conquistas, Ogum criou os metais, a forja e as ferramentas que
facilitaram a vida dos homens no mundo. Ele forjou a primeira faca, a
primeira ponta de lança, a primeira espada, a primeira tesoura. Um
irmão dedicado, diz o mito que Ogum tinha por Oxóssi uma afeição
muito especial, defendendo-o várias vezes de seus inimigos e
passando mesmo a morar fora de casa com Oxóssi, quando este foi
expulso de casa por Iemanjá.

Diz ainda o mito que foi Ogum quem ensinou Oxóssi a defender-se, a
caçar e a abrir seus próprios caminhos nas matas onde reina. Ogum
teve muitas mulheres, a principal delas Iansã, guerreira como ele.
Tendo sido roubada por Xangô, que é seu irmão por parte de mãe,
Ogum passou a viver sozinho, para a guerra e a metalurgia.

Dia: terça-feira
Número: 7
Cor: azul cobalto (ou azul ferreiro, como chamam alguns) A cor exata
é o azul da chama do fogo.
Símbolo: espada
Comida: feijoada
Sacrifício: galo e bode avermelhados.
Saudação: Ogun Iê!
OXOSSI

Oxóssi, é filho de Iemanjá com Orunmilá. É divinização da floresta,


reinando sobre o verde sobre os animais selvagens, dos quais é
considerado o dono e dos quais tem todas as virtudes. Oxossi é
sagaz como o leopardo, forte como o leão, leve como um pássaro,
silencioso como um tigre, observador como a coruja, sabe se
esconder como um tatu, é vaidoso como o pavão, corre como os
coelhos, sobe em árvores como macaco, conhece os animais
profundamente e com eles partilha o conhecimento da natureza.
Dizem os mitos que aprendeu a caçar com seu irmão Ogum, quando
este lhe deu as pontas de flechas e, mais tarde, a espingarda. A
essência de Oxossi é "atingir um objetivo". Fixar um alvo e atingi-lo.
Alimentar a família. Oxossi sempre foi o responsável por alimentar a
família. É considerado o orixá que dá de comer às pessoas, pois sob
seus domínios estão os animais e os vegetais. Assim, invoca-se a
energia de Oxóssi quando se quer encontrar algo ou atingir algum
objetivo e para prover sustento (moral ou físico) durante as jornadas.
No limite, é Oxossi o patrono da natureza, enquanto Ogum é a
cultura. Como sempre foi muito observador aprendeu também os
mistérios e poderes das plantas com Ossain, orixá dono dos poderes
de cura das folhas, que certa vez o enfeitiçou, levando-o para o fundo
da floresta a fim de ter companhia. Iemanjá, sua ciumenta mãe,
enfurecendo-se, mandou que Ogum fosse buscar seu irmão na
floresta e o arrancasse dos feitiços de Ossain. Invoca-se Oxossi,
portanto, quando se quer encontrar remédios para certos males,
embora seja necessário pedir a Ossain que o remédio faça efeito.
Ogum assim o fez, mas como Oxóssi relutasse em voltar ao lar, e ao
voltar desfeiteasse sua mãe, esta o proibiu de viver dentro da casa,
deixando-o ao relento. Como havia prometido ao irmão ser sempre
seu companheiro, Ogum foi viver também do lado de fora de casa.

Oxóssi tornouse o melhor dos caçadores e diz o mito que foi ele
quem livrou Araketu, sua cidade, de um grande feitiço das
perigosíssimas ajés (feiticeiras africanas) Iyami Oshorongá, que se
transformam em pássaros e atacam as pessoas e cidades com
doenças e miséria.

Tendo uma destas feiticeiras pousado sobre o palácio do rei de Ketu,


e os demais caçadores do reino perdido todas as suas flechas
tentando matá-la, Oxóssi, com apenas uma, deu cabo do perigoso
pássaro, tendo sido conclamado o rei de Ketu. Pede-se a Oxóssi,
portanto, que destrua feitiços ou energias maléficas.

Um dia, enquanto caçava elefantes para retirar-lhes as presas,


Oxóssi encontrou e apaixonouse por Oxum, a deusa das águas doces
e do ouro que repousa em seus leitos e com ela teve um filho,
LogunEdé. Filho da floresta com as águas dos rios, LogunEdé é
considerado o orixá da fartura e da riqueza que ambos os domínios
apresentam e dos quais compartilha. Mais adiante eu falo sobre
LogunEdé.

• Dia da Semana: quinta-feira


• Símbolo: ofá (arco e flecha)
• Cor: azul e verde (azul pela relação com o ar - no lançamento das
flechas - e verde pelas matas)
• Elemento: ar e terra
• Número: 3
• Comida: milho e coco. - Sacrifício: galo e bode
• Saudação: Okê Arô, Oxossi!
OSSAIN

Ossain, é a energia mágico/curativa das folhas e por isso divinizada


na forma do senhor das folhas e dos remédios. Seu interesse pela
ciência tornou-o um solitário desde que desceu do orum (o céu
ioruba). Embrenhou-se pelas florestas e vive para descobrir e se
apoderar dos segredos mágicos das folhas, o elemento mais
importante, sem dúvida, no candomblé. Alguns mitos dizem que
Ossain aprendeu os segredos das folhas com Aroni, uma espécie de
gnomo africano, que tem uma perna só, e com os pássaros, alguns
deles a forma tomada pelas temíveis feiticeiras africanas (ajé) Iyami
Oshorongá, cujo nome não deve ser
pronunciado para não atraí-las. Sentindo-se sozinho, enfeitiçou
Oxóssi, a quem sempre encontrava nas matas, e o levou para os
fundos destas onde lhe ensinou muitos segredos e pretendia mantê-
lo, (alguns mitos dizem que como amigo, outros dizem que como
amante) o

que Iemanjá e Ogum não permitiram, voltando Ossain à sua solidão.

Segundo o mito, Xangô, o deus trovão, desejando obter os


fundamentais poderes de Ossain, pediu à sua mulher, Iansã, a deusa
dos ventos e das tempestades, que ventasse muito no lugar onde
morava Ossain, para que as folhas sagradas que guardava em sua
cabaça de segredos fossem espalhadas e ele pudesse apanhá-las.

Por seu amor a Xangô, Iansã assim fez. No entanto, quando vento
espalhou as folhas todos os orixás correram para apanhá-las,
sabendo de seus poderes.
Ossain, ao ver o que acontecia pronunciou palavras mágicas que
solicitavam que as folhas voltassem às matas, sua casa e seu
domínio. Todas as folhas voltaram, mas cada orixá ficou conhecendo
o poder daquelas que conseguiu apanhar. Só que elas não tinham o
mesmo axé (poder, energia) que quando estavam sob o domínio de
Ossain. Para evitar novos episódios de roubo e inveja, Ossain
permitiu, então, que cada orixá se tornasse dono de algumas folhas
cujo poder mágico, de conhecimento e cura ele liberaria quando lhe
pedissem ao retirá-las de suas plantas. Em troca exigiu que jamais
cortassem ou permitissem o corte de uma planta curativa ou mágica.

Toda a medicina ioruba se baseia, portanto, nos poderes de Ossain


sobre as folhas-remédio e Obaluaiê o deus que rege as doenças
graves. Ambos os orixás sao muito temidos e respeitados, porque
também entre os iorubas, o mesmo princípio que cura, mata.
Remédio e veneno sao questão de grau.

• Cor: verde escuro (cor do "sangue" das folhas)


• Dia da semana: quinta-feira
• Elemento: ar
• Símbolo: um ramo de folhas com um pássaro pousado, indicando
seus poderes de cura e de magia.
• Comida: milho Sacrifício: galo e carneiro

• Saudação: Ewê! Aça!


OBALUAIÊ

Obaluaiê ou Omolu (os nomes se referem a fases míticas, onde o


mesmo deus seria mais jovem ou mais velho), é o energia que rege
as pestes como a varíola, sarampo, catapora e outras doenças de
pele. Ele representa o ponto de contato do homem (físico) com o
mundo (a terra). A interface pele/ar. A aparência das coisas
estranhas e a relação com elas.

Ele também rege as doenças transmissíveis em geral. No aspecto


positivo, ele rege a cura, através da morte e do renascimento.

Diz o mito que Obaluiaê é filho de Nana (a lama primordial de que


foram feitas as cabeças - orishumanas) e Oxalá, tendo nascido cheio
de feridas e marcas pelo corpo como sinal do erro cometido por
ambos, já que Nana seduziu Oxalá mesmo sabendo
que lhe era interditado por ser ele o marido de Iemanjá. Ao ver o filho
feio e malformado, coberto de varíola, Nanã o abandonou à beira do
mar, para que a maré cheia o levasse. Iemanjá o encontrou quase
morto e muito mordido pelos peixes, e tendo ficado com muita pena,
cuidou dele até que ficasse curado. No entanto Obaluaiê ficou
marcado por cicatrizes em todo o corpo, e eram tão feias que o
obrigavam a cobrir-se inteiramente com palhas.

Não se via de Obaluaiê senão suas pernas e braços, onde não fora
tão atingido. Aprendeu com Iemanjá e Oxalá como curar estas graves
doenças. Assim cresceu Obaluaiê, sempre coberto por palhas,
escondendo-se das pessoas, taciturno e compenetrado, sempre sério
e até malhumorado.

Um dia, caminhando pelo mundo, sentiu fome e pediu às pessoas de


uma aldeia por onde passava que lhe dessem comida e água. Mas as
pessoas, assustadas com o homem coberto desde a cabeça com
palhas, expulsaram-no da aldeia e não lhe deram nada.
Obaluaiê, triste e angustiado saiu do povoado e continuou pelos
arredores, observando as pessoas. Durante este tempo os dias
esquentaram, o sol queimou as plantações, as mulheres ficaram
estéreis, as crianças cheias de varíola, os homens doentes.
Acreditando que o desconhecido coberto de palha amaldiçoara o
lugar, imploraram seu perdão e pediram que ele novamente pisasse
na terra seca.

Ainda com fome e sede, Obaluaiê atendeu ao pedido dos moradores


do lugar e novamente entrou na aldeia, fazendo com que todo o mal
acabasse. Então homens o alimentaram e lhe deram de beber,
rendendo-lhe muitas homenagens. Foi quando Obaluaiê disse que
jamais negassem alimento e água a quem quer fosse, tivesse a
aparência que tivesse. E seguiu seu caminho. Chegando à sua terra,
encontrou uma imensa festa dos orixás. Como não se sentia bem
entrando numa festa coberto de palhas, ficou observando pelas
frestas da casa. Neste momento Iansã, a deusa dos ventos, o viu
nesta situação e, com seus ventos levantou as palhas, deixando que
todos vissem um belo homem, já sem nenhuma marca, forte, cheio de
energia e virilidade E dançou com ele pela noite adentro. A partir
deste dia, Obaluaiê e IansãBalé se uniram contra o poder da morte,
das doenças e dos espíritos dos mortos, evitando desgraças
aconteçam aos homens.
Os iorubas acreditam que este mito nos mostra que o mal existe, que
ele pode ser curado, mas principalmente que é preciso ter
consciência do momento em que ele terminou, sabendo recomeçar
após um violento sofrimento.
Obaluaiê rege também a força da terra (herdado de sua filiação a
Nanã). A umidade dela (por suas adoção por Iemanjá) e as doenças
das plantações.
• Numero: 13
• Cor: preto, vermelho e branco
• Símbolo: xaxará (um tubo de palha trançada com sementes mágicas
e segredos dentro)
• Dia da semana: segundafeira
• Comida: pipoca
• Saudação: Atotô!
OXUMARÊ

Oxumaré ou Oxumarê, é a energia das cores, da luz do sol após as


chuvas, o arco-íris, e por isso mesmo associado às serpentes, que
sao muito coloridas e poderosas.
Conta o mito que apesar de tudo que houvera com Obaluaiê, Nanã e
Oxalá tiveram outro filho. Este era Oxumarê. Contudo, como
novamente eles haviam desobedecido os preceitos de Orunmilá,
Oxumarê nasceu sem braços e sem pernas, com a forma da
serpente, rastejando pelo terra, e ao mesmo tempo de homem. Mais
uma vez decepcionada, Nanã abandonou Oxumarê.

Oxumarê entretanto possuía grande capacidade adaptativa e, mesmo


sem membros para locomover-se, aprendeu a subir em árvores, a
caçar para comer, a colher as batatas doces de

que tanto gostava, a nadar e possuía imensa astúcia e inteligência.

Orunmilá, o deus da adivinhação do futuro admirando-se e apiedando-


se dele tornou-o um orixá belo, de sete cores de luz, encarregando-o
de levar e trazer as águas do céu para o palácio de Xangô. É
Oxumarê portanto quem traz as águas da chuva e é a ele que se
pede que chova.

Como seu percurso era longo, Oxalá, seu pai, fez com que ele
tomasse a forma do arco-íris quando tivesse esta missão a realizar.
Com as águas da chuva, Oxumarê traz as riquezas ao homens ou a
pobreza. Oxumarê vive com sua irmã Ewá no fim do arco-íris.

OXUMARÉ, Orixá da sorte, fartura e fertilidade. Protetor das


mulheres grávidas. Seu domínio são os poços e fontes da mata.
Veste-se de verde e amarelo ou com as sete cores do arco-íris e é
representado por uma serpente. Seu dia é Quinta-feira e sua
saudação é "Àrobô bô yi !". Seus filhos são pessoas orgulhosas e
exibicionistas. Periódicamente mudam tudo em sua vida: casa,
emprego, amigos, sempre buscando novidades. Costumam
desenvolver o dom da vidência e possuem intuição aguçada, que
normalmente lhes revelam os melhores caminhos.

• Número: 10
• Cor: as do arco-íris
• Dia da semana: quinta-feira
• Símbolo: Dã. (ma serpente enrolada numa árvore, simbolizando o
poder da adaptação)
• Comida: batata doce
• Saudação: Arroboboi Oxumarê!
XANGÔ

Xangô, em seu avatar Ayrá é a força


representada pelo som do Trovão, e no avatar Aganju, é a terra
firme. É um orixá que
representa o poder em todas as suas
dimensões: da riqueza, da sedução, da justiça, da força física, da
inteligência. É irmão de Ogum por parte de mãe e também de Oxóssi,
sendo um filho mais caseiro e próximo de Iemanjá. Xangô Aganju, a
terra firme, apaixonouse por sua mãe Iemanjá, o mar, perseguindo-a
por longo tempo até que ela, cansada, caiu e Aganju a possuiu. Deste
incesto nasceram outros orixás, filhos de Iemanjá e Aganju, entre eles
os Ibejis.

XANGÔ, o Orixá da justiça, é o Deus do raio e do trovão e da


pedreira. Veste-se de vermelho e branco. Usa uma coroa, e traz o
Oxé (machado duplo) e o Xerê (instrumento musical) Seu dia é
Quarta-feira e sua saudação é "Kawó-Kabyesilé
!". Seus filhos são pessoas fisicamente fortes, atrevidos e
prepotentes. Com um senso de justiça muito próprio, não suportam
desaforos. As vezes agem como se fossem os donos da verdade.
Porém, quando a situação complica, sempre buscam um meio termo,
para não sair perdendo.

Xangô era extremamente mulherengo e competitivo, tendo roubado as


mulheres favoritas de seus dois irmãos, às quais seduziu com sua
beleza, inteligência e poder, pois ele reinou sobre todos sobre todas
as terras e teve como esposas Oxum, a deusa do amor e da beleza,
roubada de Oxóssi, o deus das matas, e Iansã, a sensual deusa dos
ventos e tempestades, roubada de seu irmão Ogum, o deus da
guerra. Ele manteve sempre três esposas, sendo a terceira delas a
poderosa Obá, guerreira forte, a única a enfrentar Ogum numa luta
física (perdendo, embora, a luta) e senhora dos segredos da cozinha,
aos quais Xangô não resistiu, embora Obá não fosse uma mulher
bonita.
Em suas lutas Xangô conta sempre com a vidência e magia da deusa
dos rios, Oxum, com a coragem e impetuosidade de Iansã e com a
força bruta de Obá. Xangô mora num palácio nos céus, onde prepara
as chuvas para sua mãe Iemanjá

Xangô tem poderes secretos, e seu machado bipene é o portador de


sua justiça. O barulho dos trovões é o machado de Xangô caindo do
céu para fazer justiça.
• Cor: vermelho/branco.
• Número: 12
• Dia da semana: quarta-feira
• Símbolo: Oxé (machado de dois cortes)
• Comida: amalá (quiabo moído). Sacrifício: galo, pato, carneiro e
cágado
• Saudação: Kaô Kabiecilê, Xangô!
YEMANJÁ

Iemanjá (Yemanjá), são todas as águas salgadas e areias do mar. É


considerada o princípio de tudo, juntamente com a terra, Oduduwa.
Iemanjá é o mar que alimenta, que umidifica as terras, que energiza a
terra, e também o maior cemitério do mundo. Representa ainda as
profundezas do inconsciente, o movimento rítmico, todas as coisas
cíclicas, tudo que pode se repetir infinitamente. A força contida, o
equilíbrio.

Iemanjá uniu-se a Oxalá, a criação, e com ele teve os filhos Ogum,


Exu e Oxóssi e Xangô.

Como seus filhos se afastaram dela, Iemanjá foi aos poucos se


sentindo mais e mais sozinha e resolveu correr o mundo, até chegar a
Okerê, onde foi adorada por sua beleza, inteligência e meiguice. Lá, o
rei se apaixonou por ela, desejando que se tornasse sua mulher.
Iemanjá então fugiu, mas o Alafin colocou seus exércitos para
persegui-la. Durante sua fuga, foi encurralada por Oke (as
montanhas) e caiu, cortando seus enormes seios, de onde nasceram
os rios. Assim, ela é também a mãe de Oxum, Obá e Iansã (em
alguns mitos).

Conta-se que a beleza de Iemanjá é tamanha que seu filho Xangô não
resistiu a ela e passou a persegui-la, com o desejo incestuoso de
possuí-la. Na fuga, Iemanjá cai e corta os seios, dando origem às
águas do mundo e aos Ibejis, filhos de Xangô com Iemanjá. Outro
mito ainda, narra a sedução em sentido contrário. É Iemanjá quem
persegue seu filho Aganju (a terra firme) e este é quem foge.

Representando o inconsciente, Iemanjá é considerada também a


"dona das cabeças", no sentido de ser ela quem dá o equilíbrio
necessário aos indivíduos para lidar com suas emoções e desejos
inconscientes.

• Cor: azul claro e verde, nos tons do mar.


• Símbolo: Abebê (espelho, símbolo das águas em geral)
• Dia da Semana: Sábado
• Numero: 10
• Comida: arroz com mel
• Saudação: Odô Iyá!
IANSÃ
Iansã é a força dos ventos, dos furacões, das brisas que acalmam,
das coisas que passam como o vento, dos amores efêmeros,
sensuais, das tempestades, que assolam a existência mas não duram
para sempre.

Iansã ajudava Ogum na forja dos metais, soprando o fogo com o fole
para aviva-lo mais e mais, e assim fabricarem mais ferramentas para
trabalhar o mundo e armas para as guerras de que ambos tanto
gostavam. Por seu temperamento livre e guerreiro, Iansã era uma
companheira perfeita para Ogum. Diz o mito que Iansã não podia ter
filhos, por isso adotou LogunEdé, filho abandonado por Oxum, e o
criou durante algum tempo.

Diz o mito, também , que Iansã era tão linda que, para fugir ao
assédio masculino vestia-se com uma pele de búfalo, e saía para a
guerra. Que era amiga tão leal que foi ela a primeira a realizar uma
cerimonia de encaminhamento da alma de um amigo caçador ao orum
(céu). Iansã não parava jamais.

Um dia em que Xangô foi visitar seu irmão Ogum e encomendar-lhe


armas para a guerra, Iansã (também conhecida como Oyá)
apaixonouse por Xangô, e partiu para viver com ele, deixando
LogunEdé com Ogum, que terminaria de criá-lo.

A partir de então, tornouse uma das três esposas de Xangô e com


ele reina e luta, enviando seus ventos para limpar o mundo e
anunciando a chegada dos raios e trovões de seu amado.
• Dia da semana: quarta-feira
• Cor: vermelho, rosa, marrom
• Símbolo: eruxin (rabo de cavalo, signo de poder ioruba) obé
(espada)
• Número: 9
• Comida: acarajé
• Saudação: Eparrei, Oyá!
OXUM

Oxum é a força dos rios, que correm sempre adiante, levando e


distribuindo pelo mundo sua água que mata a sede, seus peixes que
matam a fome, e o ouro que eterniza as idéias dos homens nele
materializadas. Como as águas das rios, a força de Oxum vai a todos
os cantos da terra. Ela dá de beber as folhas de Ossain, aos animais
e plantas de Oxóssi, esfria o aço forjado por Ogum, lava as feridas
de Obaluaiê, compõe a luz do arco-íris de Oxumarê.

Oxum é por isso associada à maternidade, da mesma maneira que


Iemanjá. Por sua doçura e feminilidade, por sua extrema
voluptuosidade advinda da água, Oxum é considerada a deusa do
amor. A Vênus africana. Como acontece com as águas, nunca se
pode prever o estado em que encontraremos Oxum, e também não
podemos segura-la em nossas mãos. Assim, Oxum é o ardil

feminino. A sedução. A deusa que seduziu a todos os orixás


masculinos.
Diz o mito que Oxum era a mais bela e amada filha de Oxalá. Dona
de beleza e meiguice sem iguais, a todos seduzia pela graça e
inteligência. Oxum era também extremamente curiosa e apaixonada.
E quando certa vez se apaixonou por um dos orixás, quis aprender
com Orunmilá, o melhor amigo de seu pai, a ver o futuro. Como o
cargo de oluô (dono do segredo) não podia ser ocupado por uma
mulher, Orunmilá, já velho, recusou-se a ensinar o que sabia a Oxum.

Oxum então seduziu Exu, que não pôde resistir ai encanto de sua
beleza e pediu-lhe roubasse o jogo de ikin (cascas de coco de
dendezeiro) de Orunmilá. Para assegurar seu empreendimento Oxum
partiu para a floresta em busca das Iyami Oshorongá, as perigosas
feiticeiras africanas, a fim pedir também a elas que a ensinassem a
ver o futuro. Como as Iyami desejavam provocar Exu há tempos, não
ensinaram Oxum a ver o futuro, pois sabiam que Exu já havia roubado
os segredos de Orunmilá, mas a fazer inúmeros feitiços em troca de
que a cada um deles elas recebessem sua parte.
Tendo Exu conseguido roubar os segredos de Orunmilá, o deus da
adivinhação se viu obrigado a partilhar com Oxum os segredos do
oráculo e lhe entregou os 16 búzios com que até hoje as mulheres
jogam. Oxum representa, assim a sabedoria e o poder feminino.
Em agradecimento a Exu, Oxum deu a Exu a honra de ser o primeiro
orixá a ser louvado no jogo de búzios, e entrega a eles suas palavras
para que as traga aos sacerdotes. Assim, Oxum é também a força da
vidência feminina. Mais tarde, Oxum encontrou Oxóssi na mata e
apaixonouse por ele. A água dos rios e floresta tiveram então um
filho, chamado LogunEdé, a criança mais linda, inteligente e rica que
já existiu.
Apesar do seu amor por Oxossi, numa das longas ausências destes
Oxum foi seduzida pela beleza, os presentes (Oxum adora presentes)
e o poder de Xangô, irmão de Oxossi, rompendo sua união com o
deus da floresta e da caça. Como Xangô não aceitasse LogunEdé em
seu palácio, Oxum abandonou seu filho, usando como pretexto a
curiosidade do menino, que um dia foi vê-la banhar-se no rio. Oxum
pretendia abandoná-lo sozinho na floresta, mas o menino se esconde
sob a saia de Iansã a deusa dos raios que estava por perto. Oxum
deu então seu filho a Iansã e partiu com Xangô tornando-se, a partir
de então, sua esposa predileta e companheira cotidiana.
• Cor: amarelo-ouro
• Número: 5
• Dia da semana: Sábado
• Símbolo: abebê (espelho)
• Comida: Ipetê, Omolocum (feijão fradinho com camarão)
• Saudação: Ora ieieu, Oxum!

LOGUN-EDÉ

LogunEdé , chamado geralmente apenas de Logun, é o ponto de


encontro entre os rios e florestas, as barrancas, beiras de rios, e
também o vapor fino sobre as lagoas, que se espalha nos dias
quentes pelas florestas. Logun representa o encontro de naturezas
distintas sem que ambas percam suas características. É filho de
Oxóssi com Oxum, dos quais herdou as características. Assim,
tornouse o amado, doce e respeitado príncipe das matas e dos rios,
e tudo que alimenta os homens, como as plantas, peixes e outros
animais, sendo considerado então o dono da riqueza e da beleza
masculina.

Tem a astúcia dos caçadores e a paciência dos pescadores como


principais virtudes. Dizem os mitos que sendo Oxóssi e Oxum
extremamente vaidosos, não puderam viver juntos, pois competiam
pelo prestigio e admiração das pessoas e terminaram

separando-se. Ficou combinado entre eles que LogunEdé viveria seis


meses nas águas dos rios com Oxum e seis meses nas matas, com
seu pai Oxóssi. Ambos ensinariam a Logun a natureza dos seus
domínios. Ele seria poderoso e rico, além de belo.
No entanto, o hábito da espreita aprendido com seu pai, fez com que,
um dia, curioso a respeito da beleza do corpo de sua mãe, de que
tanto se falava nos reinos das águas, LogunEdé vestindo-se de
mulher fosse espiá-la no banho. Como Oxum estivesse vivendo seu
romance com Xangô, tio de Logun, e Xangô tivesse exigido como
condição do casamento que ela se livrasse de Logun, Oxum
aproveitou a oportunidade para punir Logun com sua transformação
num orixá meji (hermafrodita) e abandoná-lo na beira do rio. Iansã o
encontra, e fascinada pela beleza da criança leva Logun para casa
onde, juntamente com Ogum, passa a criá-lo e educa-lo.

Com Ogum LogunEdé aprendeu a arte da guerra e da forja e com


Iansã o amor à liberdade. Diz o mito que Logun tinha tudo, menos
amor das mulheres, pois mesmo Iansã, quando roubada de Ogun por
Xangô, abandona Logun com seu tio, criando assim um profundo
antagonismo entre Xangô e Logun, já que por duas vezes Xangô lhe
tira a mãe.

Em outro episódio Logun vai brincar nas águas revoltas (a deusa


Obá, também esposa de Xangô) e esta tenta matá-lo como vingança
contra Oxum que lhe fizera uma enorme falsidade. Oxum, vendo em
seu jogo de búzios o que estava sucedendo com seu filho
abandonado, pede a Orunmilá que o salve e este, que sempre
atendia às preces da filha de Oxalá, faz uma oferenda a Obá que
permite então que os pescadores salvem LogunEdé, encarregando-o
de proteger, a partir daquele dia, os pescadores, as navegações
pelos rios e todos os que vivessem à beira das águas doces.
Logun nunca se casou , devido a seu caráter infantil e hermafrodita e
sua companhia predileta é Ewá, que também vive, como ele, solitária
e no limite de dois mundos diferentes.
• Cor: Azul e amarelo
• Número: 3
• Dia da semana: quinta-feira
• Comida: milho e coco, peixes
• Símbolo: ofá (arco e flecha) e abebê (espelho de mão)
• Saudação: Loci loci, Logun!

OBÁ

Obá representa as águas revoltas dos rios. As pororocas, as águas


fortes, o lugar das quedas sao considerados domínios de Obá. Ela
representa também o aspecto
masculino das mulheres (fisicamente) e a transformação dos
alimentos de crus em cozidos.
Por sua envergadura física e força, tornouse uma guerreira, a única
mulher capaz de desafiar Ogum para uma luta, e por ser Obá
extremamente forte e destemida, Ogum se viu obrigado a usar de um
truque contra ela, espalhando quiabo amassado no chão, e atraindo
Obá para aquele canto, onde a guerreira escorregou e não apenas
perdeu a luta como foi possuída à força por Ogum, que se tornou seu
inimigo.
Sendo uma cozinheira excelente foi escolhida para ser a terceira
esposa de Xangô, o deus trovão.
Sempre se sentindo menos desejada por

seu amado que Oxum e Iansã, Obá se esmerava em agradá-lo com


seus pratos cada vez mais aprimorados. Mas Oxum era sempre a
preferida de Xangô.
Um dia Obá não se conteve e perguntou a Oxum qual o segredo de
sua sedução. Oxum, que vivia com a cabeça enrolada em turbantes
maravilhosos, disse que havia cortado a própria orelha esquerda e
colocado no amalá (uma comida à base de quiabo) de Xangô que, ao
comêlo, por ela se perdera de paixão para sempre.
Obá então cortou a própria orelha e a colocou no amalá.
Ao ver Obá com um ferimento no lugar da orelha Xangô quis saber o
que houvera e Obá contou.
Neste momento Oxum tirou seu turbante e, mostrando as duas
orelhas intactas a Obá, desatou a rir.
Xangô, zangado com a insensatez de Obá e enojado por ver sua
orelha na comida, expulsou-a de seu palácio e Obá tanto chorou e
teve raiva que se transformou num rio revoltoso. Na África, no lugar
onde se encontram os rios Obá e Oxum o estouro das águas é
extremamente violento.
• Cor: vermelho com amarelo
• Numero: 4
• Símbolo: Obé
• Comida: quiabo
• Dia da semana: Quarta-feira
• Saudação: Obá xirê!

EWÁ

Muito pouco se sabe atualmente sobre Ewá.


Ela é também filha de Nanã, e é vista como horizonte, o encontro do
céu com a terra, do céu com o mar. Ewá representa ainda outros
horizontes, como a interface onde se tocam a vida e a morte, o dia e
a noite e outros. Assim, todas as
transformações, mudanças e
adaptações sao regidas por ela.

Ewá é virgem, bela e iluminada. Apesar desta beleza e do assédio


dos orixás masculinos, nunca quis se casar, sendo uma moça quieta e
isolada, voltada para o conhecimento dos segredos das
transformações.
Nanã, preocupada com sua filha, pediu a Orunmilá que lhe arranjasse
um amor, um casamento, mas Ewá desejava viver sozinha, dedicada
à sua tarefa de fazer cair a
noite no horizonte, puxando o sol com seu arpão.

Como Nanã insistisse em seu casamento, Ewá pediu ajuda a seu


irmão Oxumarê, o arco-íris, que a escondeu no lugar onde ele se
acaba, por trás do horizonte, e Nanã não mais pôde alcançá-la.

Assim, os dois irmãos passaram a viver juntos, para sempre


inatingíveis. Ambos regem o intangível e Ewá também é
compreendida como a energia que torna possível o abandono do
corpo e a entrada do espírito numa nova dimensão.

No Brasil poucos candomblés cultuam Ewá, pois dizem que o


conhecimento sobre as folhas necessárias ao seu culto foi perdido
durante o processo de aculturação dos africanos escravos.

• Dia da semana: segundafeira


• Cor: verde-mar e rosa (o tom é o rosa do cair da tarde)
• Símbolo: Arpão com uma serpente enrolada, por sua ligação com
Oxumarê.
• Comida: batata doce.
• Saudação: Rirró!

NANÃ

Nanã é a lama primordial, o barro, a argila da qual sao feitos os


homens. Dela saem seres perfeitos e imperfeitos, modelados por
Oxalá e cuja cabeça é preparada pelo sensível Ajalá. Dizem os mitos
que antes de criar o homem do barro, Oxalá tentou criá-lo de ar, de
fogo, de água, pedra e madeira, mas em todos os casos havia
dificuldades. O homem de ar esvanecia; não adquiria forma. O de
fogo, consumia-se, o de pedra era inflexível e assim por diante. Foi
então que Nanã se ofereceu a Oxalá, para que com ela criasse os
homens, impondo, contudo, a condição de que quando estes
morressem fossem devolvidos a ela.
Sendo o barro, Nana está sempre no principio de tudo, relacionada ao
aspecto da formação das questões humanas , de um indivíduo e sua
essência.
Ela é relacionada também , freqüentemente, aos abismos, tomando
então o caráter do inconsciente, dos atavismos humanos. Nanã tanto
pode trazer riquezas como miséria. Está relacionada, ainda, ao uso
das cerâmicas, momento em que o homem começa a desenvolver
cultura. Seja como for, Nanã é o princípio do ser humano físico. E
assim é considerada a mais velha das iabás (orixás femininos).
Dizem os mitos que nunca foi bonita. Sempre ranzinza, instável, sua
aparência afastava os homens, que dela tinham medo.
Nanã, teve dois filhos com Oxalá: Obaluaiê e Oxumarê (a terra e o
arco-íris) e uma filha, Ewá, que teria nascido de uma relação entre
Nanã e Oxóssi, ou ainda, entre Nanã e Orunmilá, conforme o mito.
Como já vimos nos mitos de Obaluaiê e Oxumarê, ela os gerou
defeituosos, por ter quebrado uma interdição e mantido relações
sexuais com Oxalá, marido de Iemanjá. Abandonou a ambos, que
foram criados por outros orixás, e acabou sozinha quando Ewá, para
fugir de um casamento que sua mãe lhe impingia, fugiu de casa para
morar no horizonte entre o céu e o mar.
Alguns mitos dizem que ela é também a mãe de Iansã, os ventos, e
que foi expulsa de casa para não matar sua mãe, a lama,
ressecando-a.
Nanã sempre esteve em demanda com Ogum, que amava muito sua
mãe Iemanjá, tomando partido desta na disputa que se estabeleceu
entre elas pelo amor de Oxalá.
Ogum muitas vezes tentou se apoderar dos territórios lamacentos de
Nanã sem, no entanto, conseguir. Como diversão, Ogum gostava de
provocar a orixá, que exigia de Oxalá que este fosse castigado, sem
nunca ter conseguido, pois Ogum tinha fama de justo. Tantas vezes
Ogum irritou Nanã que ela não recebe nenhuma oferenda feita ou
cortada com objetos de metal e mesmo o sacrifício de animais feito
em sua homenagem deve ser feito com faca de madeira ou coberta
por um pano.
• Cor : roxo ou lilás
• Número: 15
• Comida: mostarda
• Símbolo: ibiri (conhecido como " vassoura de Nanã, um instrumento
de palha com elementos mágicos dentro, semelhante ao usado por
Obaluaiê, com a qual Nana varre a terra)
• Dia da semana: segundafeira
• Saudação: Saluba!

IROKO

Iroko representa o tempo. É a árvore primordial. A primeira dádiva da


terra (Oduduwa) aos homens. Existe desde o princípio dos tempos e
a tudo assistiu, a tudo resistiu, a tudo resistirá. Iroko é a essência da
vida reprodutiva. Do poder da terra. Alguns mitos dizem que Iroko é o
cajado de Oduduwa, a Terra, que através dele ensina aos homens o
sentido da vida. É também a permanência dentro da impermanência e
impermanência na permanência. O ciclo vital, que não muda com o
transcorrer da eternidade. A infinita e generosa oferta que a natureza
nos faz, desde que saibamos reverencia-la e louvá-la. É também
conhecido, nos candomblés como "Tempo", embora esta seja uma
designação própria do rito angola. Diz o mito que no princípio de tudo,
a primeira árvore nascida, foi Iroco. Iroko era capaz de muita magia,
tanto para o bem quanto para o mal, e se divertia atirando frutos aos
pés das pessoas q passavam.
Quando não tinha o que fazer, brincava com as pedras que guardava
nos ocos de seu tronco. Um dia, as mulheres de uma aldeia próxima
ficaram todas estéreis, por ação das Iyami. Então elas foram Iroko e
pediram fertilidade. Iroko, contudo, exigiu dádivas em troca, pois é
preciso abrir espaço para receber dons, como é preciso perder as
flores para receber os frutos. As mulheres concordaram e
prometeram muitos presentes. Uma delas, contudo, tendo como única
riqueza seu filho, prometeu dar a Iroko esta criança. Quando
engravidaram, as mulheres foram a Iroko e fizeram as oferendas.
Menos a que prometera a criança, pois ela amava muito o filhinho.
Iroko ficou muito zangado. E aguardou o dia em que a criança
brincava ao redor dele e a raptou. Quando a mãe foi buscar a
criança, Iroko lembrou a mulher de sua promessa, ameaçando matar
o outro filho que lhe dera caso ela retirasse "sua" criança dali. Então a
mulher, desesperada, procurou o babalaô, que jogando os búzios
sugeriu que ela mandasse fazer um boneco de madeira com as
feições de uma criança, banhasse com determinadas ervas e quando
Iroko estivesse dormindo, substituísse a criança pelo boneco. E assim
ela fez. Até hoje pode-se ver, nas gameleiras brancas o bebe de
Iroko, repousando deitado em seus galhos.
Em sua copa vivem também as Iyami Oshorongá, as ajés (feiticeiras)
da floresta.
• Numero: 11
• Símbolo: grelha (representando as direções do tempo)
• Cor: verde/marrom
• Dia da semana: Quinta-Feira
• Comida: inhame, carneiro

IYAMI OSHORONGÁ

Iyami Oshorongá é o termo que designa as terríveis ajés, feiticeiras


africanas, uma vez que ninguém as conhece por seus nomes. As
Iyami representam o aspecto sombrio das coisas: a inveja, o ciúme, o
poder pelo poder, a ambição, a fome, o caos o descontrole. No
entanto, elas são capazes de realizar grandes feitos quando
devidamente agradadas. Pode-se usar os ciúmes e a ambição das
Iyami em favor próprio, embora não seja recomendável lidar com
elas. O poder de Iyami é atribuído às mulheres velhas, mas pensa-se
que, em certos casos, ele pode pertencer igualmente a moças muito
jovens, que o recebem como herança de sua mãe ou uma de suas
avós.
Uma mulher de qualquer idade poderia também adquiri-lo,
voluntariamente ou sem que o saiba, depois de um trabalho feito por
alguma Iyami empenhada em fazer proselitismo. Existem também
feiticeiros entre os homens, os oxô, porém seriam infinitamente
menos virulentos e cruéis que as ajé (feiticeiras).
Ao que se diz, ambos são capazes de matar, mas os primeiros jamais
atacam membros de sua família, enquanto as segundas não hesitam
em matar seus próprios filhos. As Iyami sao tenazes, vingativas e
atacam em segredo. Dizer seu nome em voz alta é perigoso, pois
elas ouvem e se aproximam pra ver quem fala delas, trazendo sua
influência.
Iyami é freqüentemente denominada eleyé, dona do pássaro. O
pássaro é o poder da feiticeira; é recebendo-o que ela se torna ajé. É
ao mesmo tempo o espírito e o pássaro que vão fazer os trabalhos
maléficos.
Durante as expedições do pássaro, o corpo da feiticeira permanece
em casa, inerte na cama até o momento do retorno da ave. Para
combater uma ajé, bastaria, ao que se diz, esfregar pimenta vermelha
no corpo deitado e indefeso. Quando o espírito voltasse não poderia
mais ocupar o corpo maculado por seu interdito.

Iyami possui uma cabaça e um pássaro. A coruja é um de seus


pássaros. É este pássaro quem leva os feitiços até seus destinos. Ele
é pássaro bonito e elegante, pousa suavemente nos tetos das casas,
e é silencioso.
"Se ela diz que é pra matar, eles matam, se ela diz pra levar os
intestinos de alguém, levarão". Ela envia pesadelos, fraqueza nos
corpos, doenças, dor de barriga, levam embora os olhos e os
pulmões das pessoas, dá dores de cabeça e febre, não deixa que as
mulheres engravidem e não deixa as grávidas darem à luz.

As Iyami costumam se reunir e beber juntas o sangue de suas


vítimas. Toda Iyami deve levar uma vítima ou o sangue de uma
pessoa à reunião das feiticeiras. Mas elas têm seus protegidos, e
uma Iyami não pode atacar os protegidos de outra Iyami.
Iyami Oshorongá está sempre encolerizada e sempre pronta a
desencadear sua ira contra os seres humanos. Está sempre irritada,
seja ou não maltratada, esteja em companhia numerosa ou solitária,
quer se fale bem ou mal dela, ou até mesmo que não se fale,
deixando-a assim num esquecimento desprovido de glória. Tudo é
pretexto para que Iyami se sinta ofendida. Iyami é muito astuciosa;
para justificar sua cólera, ela institui proibições. Não as dá a conhecer
voluntariamente, pois assim poderá alegar que os homens as
transgridem e poderá punir com rigor, mesmo que as proibições não
sejam violadas. Iyami fica ofendida se alguém leva uma vida muito
virtuosa, se alguém é muito feliz nos negócios e junta uma fortuna
honesta, se uma pessoa é por demais bela ou agradável, se goza de
muito boa saúde, se tem muitos filhos, e se essa pessoa não pensa
em acalmar os sentimentos de ciúme dela com oferendas em
segredo. É preciso muito cuidado com elas. E só Orunmilá consegue
acalmá-la.
Fonte: As Senhoras do Pássaro da Noite

ORUNMILÁ
Orunmilá, também conhecido como Ifá, é o princípio da intuição, da
premonição, os sentidos do espírito, o olhar que conhece o futuro. É
o deus invocado no jogo de búzios, pois é ele quem conhece todos os
destinos (odus), cabeças (oris) e caminhos. Ele diz a Exu que
movimente suas palavras até os búzios, indicando que orixá esta
regendo uma pessoa, porque, com q destino. É considerado um
avatar de Oxalá, pois ele estava no começo do mundo. Olodumare (o
universo) Obatalá (o principio), Oxalá (a criação), Oxaguiã (o conflito),
Orunmilá (intuição), Oduduwa (o planeta terra), Ajalá (o oleiro q
molda os oris - cabeças)e Fururu (o sopro de vida) são considerados
Oxalá todos eles. O começo de tudo. O princípio dividido em oito, o
infinito.
Diz o mito que Obatalá havia reunido todos os materiais necessários
à criação do mundo e que mandou a Estrela da Manhã convocar
todos os orixás a fim de começar o trabalho com sua ajuda. Mas na
hora marcada, apenas Orunmilá apareceu. Obatalá gostou muito da
atitude de Orunmilá e o recompensou, ordenando à Estrela da Manhã
que revelasse a Orunmilá todos os segredos da criação e do porvir. E
ela entregou a Orunmilá todos os segredos e materiais que compõem
a vida humana, e que estavam escondidos há muito tempo dentro de
uma concha de caramujo guardada num vaso que ficava entre as
pernas de Obatalá. Orunmilá tornouse, desde este dia, o dono dos
segredos, das magias, das fórmulas dos ebós, dos rituais, de tudo
quanto envolvia o conhecimento da alma humana e de seu destino.
Ele conhece a vontade dos orixás e sabe com que matéria foi feito
cada homem.
Outro mito narra que Orunmilá/Ifá é filho dos dois princípios mágicos.
Que nasceu mudo e não disse uma só palavra até a adolescência,
quando seu pai lhe bateu com um bastão. E neste dia ele disse :
"Gbê-medji", palavra que ninguém compreendia. Quando apanhou de
novo, tempos depois, disse: "Yeku-medji". E assim, em diversas
ocasiões, ele foi dizendo palavras, as 16 palavras q compõem o
opelê-ifá. Depois, disse a seu pai que se apanhasse mais poderia
dizer muito mais que uma só palavra. O pai então bateu muito em
Orunmilá, que disse então que ele não ficaria na terra, mas que
entregaria a seu pai uma herança que serviria eternamente para
todos os deuses de Oxalá. E explicou que os 16 nomes que havia dito
eram os nomes de seus futuros filhos e que cada um deles tinha um
conhecimento. Que se transformaria numa palmeira e que com os
caroços de seus frutos (seus filhos) se faria o jogo de Ifá, que
poderia ser consultado quando se quisesse saber o futuro ou como
resolver problemas.
• Cor: verde/amarelo
• Comida: banana com sal.
• Número: 16
• Símbolo: iruke (um bastão de madeira, curvo)
• Dia da semana: sexta-feira

ORI

Ori é o deus portador da individualidade de cada ser humano.


Representa o mais íntimo de cada um, o inconsciente, o próprio sopro
de vida em sua particularização para cada pessoa. Ori mora dentro
das cabeças humanas, tornando cada um aquilo que é.
Como ao morrer, a cabeça de uma pessoa não é separada para o
enterro, Ori é conhecido como aquele q pode fazer a grande viagem
sem retorno, pois os outros orixás, mesmo quando morrem seus
filhos, sao libertados da cabeça (Ori) e retornam ao Orun (céu, ou
mundo exterior).
Durante o processo iniciático a primeira entidade a ser equilibrada é
justamente o ori, a individualidade pessoal, para que a pessoa não se
transforme em um mero espelho do orixá. À cerimônia de equilíbrio do
Ori dá-se o nome de Bori (bo = comer, ori = cabeça => dar comida
para a cabeça, fortalece-la). Um dos mitos sobre Ori diz que ele pode
depois de enterrado voltar ao orum, levado por Nanã ou Ewá.
Diz este mito q um dia Ori percebeu q era o momento de nascer outra
vez e foi falar com Olorum, o Universo, solicitando permissão para
nascer na mesma família em que havia nascido antes. Olorum
permitiu, com a condição de q apenas ele, Olorum, pudesse conhecer
o dia de sua morte, sem que Ori pudesse opinar sobre esta questão.
E que o destino de Ori só pudesse ser mudado quando Ifá fosse
consultado" . Este orixá não tem características estéticas pois não
incorpora. Apenas é cultuado juntamente com os orixás, possuindo um
número no jogo de búzios onde "fala".
A quizila de Ori é a mentira

AJALÁ

Ajalá é o oleiro primordial. A parte de Oxalá responsável pela criação


física dos homens, por seu corpo, sua cabeça (onde vive Ori). Ele
representa o aspecto mais orgânico do ser humano; o tipo de barro,
de maior ou menor qualidade, mais ou menos cozido (o que implica
maior ou menor numero de problemas), mais claro ou escuro. Ajalá
mistura ao barro folhas, frutas, minérios, sangues e uma série de
materiais que determinam como será aquela pessoa, como Ori
poderá agir nela. Estes ingredientes, com o tempo perdem o axé
(energia) e precisam ser, de vez em quando, repostos, o que é feito
nos rituais do candomblé, entre eles a iniciação. Diz um dos mitos que
Ajalá foi incumbido de moldar as cabeças dos homens com a lama do
fundo dos rios e outros elementos da natureza. Ele moldava as
cabeças e as punha para assar em seu forno.
Ajalá tinha, contudo, o hábito de embriagar-se enquanto cozia o barro
e criou muitas cabeças defeituosas, queimando algumas e deixando
outras com o barro cru. A causa dos problemas que muitas pessoas
apresentam antes de serem iniciadas viria exatamente de um ori cru,
ou queimado, ou mal proporcionado feito durante alguma bebedeira
de Ajalá. Como os orixás não gostam de cabeças ruins, a pessoa
ficaria desprotegida, sem a energia do orixá. Depois que Ajalá
terminava de fazer os oris (cabeças) Obatalá soprava nelas e lhes
dava eni, a vida. Ajalá é considerado avatar de Oxalá, mantendo as
mesmas características. Não é cultuado. Apenas louvado.

OXALUFÃ

Oxalufã é o princípio da criação, o vazio, o branco, a luz, o espaço


onde tudo pode ser criado, e também a paz, a harmonia, a sabedoria
que vem depois do conflito (Oxaguiã). O fim do círculo e o recomeço.
Oxalufã é o compasso do terra, Oduduwa. Caminha apoiado em seu
cajado cerimonial, que é o também o símbolo da ligação que ele
estabeleceu entre o Orun (o céu) e o Ayê (a terra). O grande pai
ioruba, considerado a bondade masculina.
São muitos os mitos que falam de Oxalá, mas o mais conhecido nos
candomblés é o que conta que Oxalá sentia muitas saudades de seu
filho Xangô, e resolveu visitá-lo.
Para saber se a longa viagem lhe seria propícia, foi consultar
Orunmilá o deus adivinho, seu grande amigo. Este jogou os ikins
(casca de caroços de dendezeiro) divinatórios e lhe disse que a
viagem não se encontrava sob bons auspícios. E que se ele
desejasse que tudo corresse bem deveria se vestir inteiramente de
branco e não sujar suas roupas até chegar ao palácio, devendo
também manter silêncio absoluto até o momento em que encontrasse
seu filho. E assim fez Oxalá.
Exu, contudo, que adorava atormentar Oxalá, disfarçou-se de
mendigo e apareceu no caminho deste, pedindo a ajuda para levantar
um pesado saco de carvão que se encontrava no chão. Sem poder
responder nada e sendo piedoso, Oxalá levanta o saco de carvão
para Exu, mas estando este saco com o fundo rasgado, abre-se e cai
sobre Oxalá sujando sua roupa branca. Exu ri loucamente e se vai..
Prevenido como sempre fora, Oxalá toma banho num rio e veste
roupas brancas novamente. E segue seu caminho. Novamente Exu se
disfarça e pede ajuda ao viajante, dessa vez para entornar um barril
de óleo num tacho.
Sem poder responder para explicar e tendo boa vontade em ajudar,
Oxalá levanta o barril e Exu o derrama sobre suas roupas, que desta
vez não podiam mais ser trocadas, pois eram as últimas roupas
limpas que Oxalá tinha para trocar.
Sujo e cansado, Oxalá vai seguindo seu caminho quando vê o exército
de Xangô se aproximar dele, sinal de que estava bem perto de seu
destino. Este, contudo, prende Oxalá, confundindoo com um
procurado ladrão. Como não podia falar, Oxalá nada diz e acaba
jogado numa prisão durante sete anos.
Neste meio tempo o reino de Xangô entra em decadência: suas terras
não produzem alimentos, os animais morrem, o povo fica doente.
Desesperado, Xangô chama um babalaô que ao jogar o ikin lhe diz
que todo o mal do reino advém do fato de haver injustiça na terra do
senhor da justiça.
Xangô vai então averiguar pessoalmente todos os presos de seu
reino e descobre Oxalá pai na prisão. Desolado, coloca o velho pai
sobre suas próprias costas e o carrega para o palácio, onde se
encarrega de banha-lo e vesti-lo com sua alvas roupas, realizando a
seguir uma grande festa.
A cerimônia do candomblé chamada "Águas de Oxalá" rememora
este episódio.

Cor: branco
Dia da semana: sexta-feira Numero 16 e 8
Comida: canjica
Saudação: Epa, Babá! Exeuê, Babá
A estruturação do Batuque:

No estado do Rio Grande do Sul


deu-se no inicio do século XIX, entre
os anos de 1833 e 1859 (Correa,
1988 a:69). Tudo indica que os
primeiros terreiros foram fundados
na região de Rio Grande e Pelotas.
Tem-se notícias, em jornais desta
região, matérias sobre cultos de
origem africana datadas de abril de
1878, (jornal do comércio, Pelotas).
Já em Porto Alegre, as noticias
relativas ao Batuque, datam da
segunda metade do século XIX,
quando ocorreu a migração de
escravos e ex-escravos da região de
pelotas e Rio Grande para Capital.

Os rituais do Batuque seguem

fundamentos, principalmente das raízes da nação Ijexá, proveniente


da Nigéria, e dá lastro as outras nações como o Jêje do Daomé, hoje
Benim, Cabinda (enclave Angolano) e Oyó, também, da região da
Nigéria.

O Batuque surgiu como diversas religiões afrobrasileiras praticadas


no Brasil, tem as suas raízes na África, tendo sido criado e adaptado
pelos negros no tempo da escravidão. Um dos principais fundadores
do Batuque foi o Príncipe Custódio de Xapanã. O nome batuque era
dado pelos brancos, sendo que os negros o chamavam de Pará.
É da Junção de todas estas nações que se originou esta cultura
conhecida como Batuque, e os nomes mais expressivos da
antiguidade, que de uma maneira ou de outra contribuíram para a
continuidade dos rituais foram:

Cantando para os Orixás:

As entidades cultuadas são as mesmas em quase todos terreiros, os


assentamentos tem rituais e rezas muito parecidos, as diferenças
entre as nações é basicamente em respeito as tradições próprias de
cada raiz ancestral, como no preparo de alimentos e oferendas
sagradas. O Ijexá é atualmente a nação predominante, encontra-se
associado aos rituais de todas nações.

Crenças

Filhos de santo. O batuque é uma religião onde se cultuam vários


Orixás, oriundos de várias partes da África, e suas forças estão em
parte dentro dos terreiros, onde permanecem seus assentamentos e
na maior parte na natureza: rios, lagos, matas, mar, pedreiras,
cachoeiras etc., onde também invocamos as vibrações de nossos
Orixás.

Todo ser humano nasce sob a influencia de um Orixá, e em sua vida


terá as vibrações e a proteção deste Orixá que está naturalmente
vinculado e rege seu destino, com características individuais, em que
o Orixá exige sua dedicação, onde este poderá ser um simples
colaborador nos cultos, ou até mesmo se tornar um Babalorixá ou
Iyalorixá.

Há uma questão de ordem etmológica no Termo Pará, onde afirma-se


ser este o outro nome pelo qual é conhecido o Batuque, ora sabe-se
que todo frequentador de Terreiros chama na verdade o Peji ou
quarto-de-santo de Pará e não o ritual sagrado dos Orixás, este sim
o Batuque. Esta questão já está dimensionada desde os anos 50, nas
pesquisas etnográficas de Roger Bastide sobre a Religião Africana no
Rio Grande do Sul.
São consideradas Religiões AfroBrasileiras:
Todas as religiões que tiveram origem nas religiões africanas, que
foram trazidas para o Brasil pelos escravos.

Batuque, Candomblé, Catimbó, Culto aos Egungun Culto de Ifá


Jurema sagrada Quibanda Macumba Tambor-de-Mina Umbanda
Xangô do Nordeste Xambá As Religiões AfroBrasileiras são
relacionadas com a Religião Yorubá e outras Religiões africanas, e
diferentes das Religiões Afro-Caribenhas como a Santeria e o Vodu
No Rio grande do Sul a área de conservação das religiões africanas
vai de Viamão à fronteira do Uruguai, com os dois grandes centros de
Pelotas e de Porto Alegre.

O estado do Rio Grande do Sul foi o maior responsável pela


exportação dos rituais africanos para outros países da América do
Sul, entre eles Uruguai e Argentina, que também procuram seguir a
maneira de cultuar os Orixás; e a construção dos templos seguem
exemplos dos seus sacerdotes.

Dono do Terreiro:

No batuque, os templos terreiros são quase que em sua totalidade


vinculados as casas de moradia. É destinado um cômodo, geralmente
na parte da frente da construção onde são colocados os
assentamentos dos Orixás. Neste local são feitos todos os
fundamentos de matanças e trabalhos determinados, oferendas para
os Orixás, e o local é considerado sagrado, pessoas vestidas de
preto, mulheres em dias de menstruação não entram. Junto à esta
parte da casa, chamada de quarto de Santo ou Peji, há o salão onde
são realizadas as festas para os orixás.

Todos os Orixás são montados com ferramentas, Okutás (pedras)


etc. e permanecem dentro da mesma casa, com exceção do Bará
Lodê e do Ogum Avagãn, que tem seus assentamentos numa casa
separada, ficando à frente do templo onde recebem suas oferendas e
sacrifícios. A casa dos Eguns também tem lugar definido, é uma
construção separada da casa principal, na parte dos fundos do
terreiro, onde são feitos diversos rituais.

Em caso de falecimento do Babalorixá ou Yalorixá, dono do


terreiro, fica a critério da família o destino do templo, geralmente não
tendo um familiar que possa suceder o morto o templo é fechado. Na
maioria dos casos na morte de um sacerdote, todas as obrigações
são despachadas num ritual especifico chamado de Erissum (Axexê),
por este motivo é muito difícil encontrar ilês com mais de 60 anos,
são muito poucos os sacerdotes que destinam seus axés à um
sucessor, para dar prosseguimento à raiz

Os rituais são próprios e originais e embora tenha alguma


semelhança com o "Xangô de Pernambuco", é muito diferente do
Candomblé da Bahia.

Os rituais de Jêje tem suas rezas próprias (fon), e ainda se vê este


belo ritual em dois grandes terreiros na cidade de Porto Alegre, as
danças são executadas de par, um de frente para o outro. Há
também muitas casas que seguem os fundamentos da nação Oyó
que se aproxima muito do ijexá, já que, estas duas provem de regiões
próximas na Nigéria.
A principal característica do ritual do Batuque é o fato do iniciado não
poder saber em hipótese alguma que foi possuído pelo seu Orixa, sob
pena de ficar louco.

Cada Babalorixá ou Iyalorixá tem autonomia na prática de seus


rituais, não existem nomenclaturas de cargos como tem no
Candomblé, exercem plenos poderes em seus ilês. Os filhos de santo
se revezam nos cumprimentos das obrigações.

No mínimo uma vez por ano são feitos homenagens com toques para
os Orixás, mas as festas grandes são de quatro em quatro anos.
Chamamos de festa grande a obrigação que tem ebó, ou seja quando
há sacrifícios de animais de quatro patas aos Orixás, cabritos,
cabras, carneiros, porcos, ovelhas, acompanhados de aves como
galos, galinhas e pombos.
Oferendas e Sacrifícios de Animais:

Esta obrigação serve para homenagear o Orixá "dono da casa" e dos


filhos que ainda não possuem seu próprio templo. A data é
geralmente a mesma que aquele sacerdote teve assentado seu Orixá,
a data de sua feitura. As festas têm um ciclo ritual longo, que
antigamente duravam 32 dias de obrigações, hoje diante das
dificuldades duram no máximo 16. O começo de tudo são as limpezas
de corpo e da casa, para descarregar totalmente o ambiente e as
pessoas, de toda e qualquer negatividade; em seguida são
preparados as oferendas e sacrifícios ao Bará.

A partir deste momento, os iniciados já ficam confinados ao templo,


esquecendo então o cotidiano e passam a viver para os Orixás por
inteiro até o final dos rituais. No dia do serão (dia da obrigação de
matança), todos Orixás recebem sacrifícios de animais.

Os cabritos e aves são preparados com diversos temperos e


servidos a todos que participarem dos rituais, tudo é aproveitado,
inclusive o couro dos animais, que sevem para fazer os tambores
usados nos dias de toques.

No dia da festa o salão é enfeitado com as cores dos Orixás


homenageados. A abertura se dá com a chamada (invocação aos
Orixás), feita pelo sacerdote em frente ao peji (quarto de santo),
usando a sineta (adjá), saudando todos Orixás. Ao som dos
tambores, as pessoas formam uma roda de dança em louvor aos
Orixás, a cada um com coreografias especiais de acordo com suas
características.

No final das cerimônias são distribuídos os mercados, (bandejas


contendo todo tipo de culinária dos Orixás como: acarajé, axoxó
(milho cozido e fatias de coco), farofa de aves, carnes de cabritos
(cozidas ou assadas), frutas, fatias de bolos etc.), alguns consomem
ali mesmo, outros levam para comer em casa.
Durante a semana são feitos outros rituais de fundamentos para os
Orixás, inclusive a matança de peixe, que para os batuqueiros
significa fartura e prosperidade, os peixes oferecidos são da
qualidade Jundiá e Pintado; estes são trazidos vivos do cais do porto
ou do mercado público, onde o comércio de artigos religiosos é
intenso.

No sábado seguinte é feito o encerramento das obrigações, com


mesa de Ibejes e toque, novamente em homenagem aos Orixás,
neste dia são distribuídos mercados com iguarias e o peixe frito,
significando a divisão da fartura e prosperidade com os participantes
das homenagens aos Orixás. Após o encerramento, o sacerdote leva
os filhos que estavam de obrigações ao rio, à igreja, ao mercado
público e à casa de alguns sacerdotes, que fazem parte da família
religiosa, para baterem cabeça em sinal de respeito e agradecimento;
este passeio faz parte do cumprimento dos rituais. Após o passeio
todos estão liberados para seguirem normalmente o cotidiano de suas
vidas

Culto ao Eguns (Espiritos dos Mortos):


No Batuque também temos a parte dos rituais destinados ao culto
dos Eguns. Este é um ritual cheio de magia e segredos onde poucos
sacerdotes têm o completo domínio.

A casa dos Eguns (espíritos dos mortos) fica numa construção


separada da casa principal, nos fundos do terreno, onde são feitos
diversas obrigações em determinadas datas e quando morre alguém
ligado ao terreiro; este local é denominado Balê.

Aos Eguns também são oferecidos sacrifícios de animais, e comidas


diversas que fazem parte somente deste ritual, não podendo ser
usados em outras ocasiões.

Os Eguns, assim como os Orixás, tem suas rezas (cânticos)


próprias, feitos na linguagem yorubá, e em dias de obrigações
recebem toques ao som de tambores frouxos e sem o
acompanhamento de agê (instrumento feito com uma cabaça inteira
trançada com cordão e contas diversas).
Cada nação tem rituais diferentes para este tipo de obrigação.
Os sacerdotes:

O babalorixá ou Iyalorixá tem a responsabilidade de formar novos


sacerdotes, que darão continuidade aos rituais. Para isto é preciso
preparar novos filhos de santo, que durante um certo período de
tempo aprenderão todos os rituais para preservação dos cultos. O
sacerdote chefe deve passar aos futuros Pais ou Mães de Santo,
todos os segredos referente aos rituais tais como: uso das folhas
(folhas sagradas), execução de trabalhos e oferendas, interpretação
do jogo de búzios, e até mesmo como preparar um novo sacerdote.

Geralmente o futuro sacerdote já nasce no meio religioso, onde


conviverá acompanhando todos os diversos rituais que darão suporte
a seus afazeres dentro do culto, e terá pleno conhecimento de todos
os tipos de situações que enfrentará em seu futuro templo.

O tempo de aprendizado é longo, não se forma um verdadeiro


sacerdote de Orixás com menos de sete anos de feitura, e os
ensinamentos são passados de acordo com a evolução da
capacidade de aprendizado que o noviço tem, já que os ensinamentos
são feitos oralmente, não há livros para ensinar os rituais, a melhor
maneira de aprender tudo é conviver desde cedo dentro dos terreiros.

A partir do momento que um noviço se torna um sacerdote de Orixá,


terá as mesmas responsabilidades daquele que lhe passou os
ensinamentos
contato@grupoboiadeirorei.com.br
BATUQUE

Batuque é uma religião afrobrasileira de culto aos orixás encontrada


principalmente no estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, de onde se
estendeu para países vizinhos como Uruguai e Argentina. É fruto de
religiões dos povos da Costa da Guiné e da Nigéria, como as nações
Jeje, Ijexá, Oyó, Cabinda e Nagô.

Etimologia
A palavra "batuque" se originou da palavra "batukajé", um termo
bantu, numa referência ao bater dos tambores típico das cerimônias
da religião.
Rituais:
Os rituais são próprios e originais e, embora tenham alguma
semelhança com o "Xangô de Pernambuco", são muito diferentes dos
do candomblé da Bahia.

Os rituais de jeje têm suas rezas próprias (fon). Ainda se vê este belo
ritual em dois grandes terreiros na cidade de Porto Alegre. As danças
são executadas de par, um de frente para o outro. Há, também,
muitas casas que seguem os fundamentos da nação Oyó, que se
aproxima muito do ijexá, já que estas duas provém de regiões
próximas na Nigéria.

A principal característica do ritual do batuque é o fato de o iniciado


não poder saber, em hipótese alguma, que foi possuído pelo seu
orixá, sob pena de ficar louco. Na realidade o questionamento não
está no problema da loucura, como consequencia e sim no fato de
que ao saber que se ocupa ( o Orixá incorpora no filho de santo )a
pessoa pode ceder a vaidade extrema e desta forma banalizar um
princípio básico dos Orixás, que está na humildade e desapego
material.

Cada babalorixá ou ialorixá tem autonomia na prática de seus rituais.


Não existem nomenclaturas de cargos como há no candomblé. Os
babalorixás exercem plenos poderes em seus ilês. Os filhos de santo
se revezam nos cumprimentos das obrigações.
No mínimo uma vez por ano, são feitas homenagens com toques para
os orixás, mas as festas grandes são de quatro em quatro anos.
Chamamos de festa grande a obrigação que tem ebó, ou seja quando
há sacrifícios de animais de quatro patas aos orixás: cabritos, cabras,
carneiros, porcos, ovelhas, acompanhados de aves como galos,
galinhas e pombos.

Esta obrigação serve para homenagear o orixá "dono da casa" e dos


filhos que ainda não possuem seu próprio templo. A data é,
geralmente, a mesma que aquele sacerdote teve assentado seu
Orixá, a data de sua feitura. As festas têm um ciclo ritual longo, que,
antigamente, duravam 32 dias de obrigações. Hoje, diante das
dificuldades, duram no máximo 16. O começo de tudo são as
limpezas de corpo e da casa, para descarregar totalmente o
ambiente e as pessoas, de toda e qualquer negatividade; em seguida,
são preparados as oferendas e sacrifícios ao Bará. A partir deste
momento, os iniciados já ficam confinados ao templo, esquecendo
então o cotidiano e passam a viver para os Orixás por inteiro até o
final dos rituais. No dia do serão (dia da obrigação de matança),
todos os orixás recebem sacrifícios de animais. Os cabritos e aves
são preparados com diversos temperos e servidos a todos que
participarem dos rituais, tudo é aproveitado, inclusive o couro dos
animais, que sevem para fazer os tambores usados nos dias de
toques.

No dia da festa, o salão é enfeitado com as cores dos orixás


homenageados. A abertura se dá com a chamada invocação aos
orixás, feita pelo sacerdote em frente ao peji (quarto de santo),
usando a sineta (adjá), saudando todos os orixás. Ao som dos
tambores, as pessoas formam uma roda de dança em louvor aos
orixás, a cada um com coreografias especiais de acordo com suas
características.

No final das cerimônias, são distribuídos os mercados (bandejas


contendo todo tipo de culinária dos orixás, como: acarajé, axoxó
(milho cozido e fatias de coco), farofa de aves, carnes de cabritos
(cozidas ou assadas), frutas, fatias de bolos etc.). Alguns comem ali
mesmo, outros levam para comer em casa.

Durante a semana, são feitos outros rituais de fundamentos para os


orixás, inclusive a matança de peixe, que, para os batuqueiros,
significa fartura e prosperidade. Os peixes oferecidos são da
qualidade jundiá e pintado; estes são trazidos vivos do cais do porto
ou do mercado público, onde o comércio de artigos religiosos é
intenso.

No sábado seguinte, é feito o encerramento das obrigações, com


mesa de Ibejes e toque novamente em homenagem aos orixás. Neste
dia, são distribuídos mercados com iguarias e o peixe frito,
significando a divisão da fartura e prosperidade com os participantes
das homenagens aos orixás. Após o encerramento, o sacerdote leva
os filhos que estavam de obrigações ao rio, à igreja, ao mercado
público e à casa de alguns sacerdotes que fazem parte da família
religiosa, para baterem cabeça em sinal de respeito e agradecimento;
este passeio faz parte do cumprimento dos rituais. Após o passeio,
todos estão liberados para seguirem normalmente o cotidiano de suas
vidas.

EGUN:
No batuque, também temos a parte dos rituais destinados ao culto
dos Eguns. Este é um ritual cheio de magia e segredos onde poucos
sacerdotes têm o completo domínio.

A casa dos Eguns (espíritos dos mortos) fica numa construção


separada da casa principal, nos fundos do terreno, onde são feitos
diversas obrigações em determinadas datas e quando morre alguém
ligado ao terreiro; este local é denominado Igbalé.

Aos Eguns, também são oferecidos sacrifícios de animais e comidas


diversas que fazem parte somente deste ritual, não podendo ser
usados em outras ocasiões.

Os Eguns, assim como os Orixás, tem suas rezas (cânticos) próprias,


feitos na linguagem yorubá, e em dias de obrigações recebem toques
ao som de tambores frouxos e com o acompanhamento de agê
(instrumento feito com uma cabaça inteira trançada com cordão e
contas diversas).

Cada nação tem rituais diferentes para este tipo de obrigação.


SACERDÓCIO:

O babalorixá ou Iyalorixá tem a responsabilidade de formar novos


sacerdotes, que darão continuidade aos rituais. Para isto é preciso
preparar novos filhos de santo, que durante um certo período de
tempo aprenderão todos os rituais para preservação dos cultos.

O sacerdote chefe deve passar aos futuros pais ou mães de santo,


todos os segredos referente aos rituais, tais como: uso das folhas
(folhas sagradas), execução de trabalhos e oferendas, interpretação
do jogo de búzios, e até mesmo como preparar um novo sacerdote.

Geralmente o futuro sacerdote já nasce no meio religioso, onde


conviverá acompanhando todos os diversos rituais que darão suporte
a seus afazeres dentro do culto, e terá pleno conhecimento de todos
os tipos de situações que enfrentará em seu futuro templo.

REFERENCIAS:
JAQUES, André Porto. A Geografia do Batuque: estudos sobre a
territorialidade desta religião em Porto Alegre-RS.
Erick Wolff - A Entronação do Aláààfin e sua conservação:a nação
Cabinda no Batuque Nàgó do Rio Grande do Sul.
Erick Wolff - A estrutura religiosa Afrosul e os conceitos Yorùbá -
Edição n° 6, pag 51, Por Erick Wolff.
ENTREVISTA COM PROF NORTON FIGUEIREDO CORRÊA:
Nascido no Rio Grande do Sul, o batuque, religião afrobrasileira de
culto aos Orixás, encontrou no solo gaúcho um território receptivo,
apesar do racismo e das importância social e política das religiões
cristãs, especialmente da Igreja Católica. Sinal disso é que os deuses
do batuque recebem polenta ou churrasco como oferendas, além de
caldos com ervamate, e vestem até bombacha.

Mas, para o Prof. Dr. Norton Figueiredo Corrêa, existe por trás disso
uma enorme assimetria de poder social e cultural, especialmente
entre as religiões cristãs e as afrobrasileiras. Em termos de
cosmovisão, por exemplo, ele afirma que, "enquanto a sexualidade é
condenada no catolicismo (e no céu também não existe sexo), os
deuses afro-brasileiros namoram as deusas". E se o céu católico-
cristão parece algo eternamente inerte, as representações referentes
aos orixás "mostram-nos em movimento, guerreando, amando".

Nesta entrevista concedida à IHU On-Line, por e-mail, Corrêa defende


que justamente os brancos que ocupam as posições de maior poder
na sociedade gaúcha é que vão buscar o poder simbólico que
creditam aos sacerdotes da comunidade religiosa afrobrasileira.
Segundo ele, Borges de Medeiros (1863-1961), presidente do Estado
do Rio Grande do Sul por mais de 25 anos, era cliente de um famoso
e rico sacerdote africano. Por outro lado, Dom Vicente Scherer
(1903-1996), cardeal e ex-arcebispo de Porto Alegre, manteve, por
muitos anos, um ataque frontal às religiões afro, hoje manifestado
pela Igreja Universal do Reino de Deus.

Confira a entrevista.
Quais são as origens do batuque? Poderia situá-las?

Norton Figueiredo Corrêa – O batuque provavelmente surgiu em Rio


Grande, na segunda metade do século XIX. Um trabalho muito
interessante de mestrado, de Jovani Scherer, detectou uma
considerável colônia de nagôs na cidade. É possível que uma parte
dos negros de origem jêje-nagô tivessem vindo da África,
diretamente, e uma parte de outros Estados brasileiros. São
extraordinariamente grandes as semelhanças entre o batuque e o
xangô pernambucano. Do Rio Grande do Sul, o batuque migrou para
o Prata, hoje há muitas casas "de religião", para usar um termo usado
por seus integrantes, na Argentina, Uruguai, Paraguai e outros países
vizinhos.

Quais são as suas peculiaridades e diferenças em relação a


outras religiões afrobrasileiras?

Norton Figueiredo Corrêa – Uma das peculiaridades do batuque –


mas comum a qualquer religião – é a adaptação ao contexto regional.
No caso do batuque, Oxum, a deusa das águas doces, tem como
oferenda a polenta, influência da colônia italiana. O Bará, divindade
das encruzilhadas e caminhos, recebe batatas inglesas assadas,
sendo que a batata, embora americana, foi popularizada pela colônia
alemã. A veste ritual masculina é a bombacha e o churrasco é o
alimento preferido de Ogum, o deus da guerra e das artes manuais. E
os eguns, os espíritos dos mortos, recebem uma espécie de caldo, o
mieró de egum, ao qual alguns templos adicionam ervamate. Mas há
diferenças variadas entre o batuque e outras religiões, especialmente
as de influência banto, como a umbanda e o candomblé de caboclo
baiano.

Qual a importância do batuque na construção da sociabilidade e


da religiosidade do gaúcho?

Norton Figueiredo Corrêa – Podemos falar na sociabilidade interna


à religião e externa a ela. Internamente, entendo que o batuque foi um
espaço simbólico criado pelos negros urbanos com a função de
praticarem a sociabilidade, de se auto-protegerem contra a repressão
da sociedade branca e construírem uma identidade própria, grupal.
Com o tempo, os brancos, especialmente das classes baixas,
começam a ingressar na religião, e muitos deles, mesmo no passado,
assumiram a condição de pais e mães-de-santo e se tornaram muito
famosos e respeitados dentro e fora da comunidade. Atualmente, o
número de brancos aumentou, inclusive descendentes de italianos e
alemães. O que ocorre com eles é que a conversão às religiões afro,
mas mais especialmente ao batuque, implica na aquisição de uma
visão de mundo muito específica, que se opõe diametralmente à
cristã. São brancos na pele, mas negros na cabeça.
A expressão "sociedade gaúcha" é complicada, porque os religiosos
afro-brasileiros pertencem a ela. Se falarmos dos não filiados às
religiões afro, a grande influência delas se traduz pelo fato de que os
não filiados acreditam firmemente no poder simbólico que elas
possuem. Quando falei em espaço criado, trata-se, na verdade, de
um espaço negociado entre a comunidade religiosa e a sociedade
envolvente. Há dois pontos a considerar. Os brancos ocupam as
posições de maior poder na sociedade gaúcha, e esta, em caráter
oficial, apenas tolera as religiões afro. Mas são justamente essas
pessoas, individualmente, que vão buscar o poder simbólico que
creditam aos sacerdotes da comunidade religiosa afrobrasileira.

A classe alta gaúcha e o batuque

Observei tal fenômeno, que é muito recorrente, durante os 20 anos


de pesquisa sobre o batuque. Ouvi, de pais e mães-de-santo,
descrições muito precisas e detalhadas de escritórios, consultórios,
indústrias, lojas e empresas de grande porte, para onde foram
levados por seus proprietários para fazerem serviços religiosos.
Assinale-se que o detalhamento excedia os locais frequentados pela
clientela ou público, estendendo-se, por exemplo, a almoxarifados,
salas reservadas etc.

Além disso, muitos dos nomes dos respectivos proprietários eram de


pessoas de grande visibilidade na sociedade gaúcha. Diz-se que
Borges de Medeiros [(1863-1961), presidente do Estado do Rio
Grande do Sul por mais de 25 anos], nos anos 1930, era cliente do
Príncipe, um famoso e rico sacerdote africano que veio morar em
Porto Alegre. Testemunhas afirmam que ele o atendia – assim como a
outros políticos – a portas fechadas, em seu templo. E que teria
"sentado" (isto é, entronizado) um Bará, no Palácio Piratini.
O segundo ponto a ser considerado é que é muito difícil que uma
família pobre, no Rio Grande do Sul, mesmo branca, que não tenha
vários membros iniciados ou frequentadores de religiões afro. Uma
grande quantidade de pessoas, além disso, já jogou búzios e sabe
quem são seus orixás ou entidades, porque, na visão de mundo
batuqueira, cada indivíduo, não importa se iniciado ou não, mesmo os
de outros locais do mundo, são filhos espirituais de dois orixás, um
que comanda a cabeça, e outro, o corpo.

Repressão católico-cristã

É um fenômeno semelhante ao que ocorre na Bahia, mas com a


diferença de que no Rio Grande do Sul não existe, como lá, a enorme
badalação (muito para fins turísticos, esclareçase) que é feita sobre o
candomblé e seus orixás. O número de templos afro-gaúchos,
estimado em cerca de 30 mil, supera os do Rio de Janeiro e os da
Bahia. Outro indicador – a abundância de despachos em rios,
cachoeiras, ruas, praias, cemitérios, matas (o que, inclusive, ensejou
tentativas de regulamentação através de leis) – é uma característica
local, não observável nos outros estados referidos. A presença e
pujança das religiões afro-gaúchas é algo extraordinário em se
tratando de Brasil. Mas, pode-se perguntar, qual o motivo de tanta
vitalidade justamente num Estado considerado o mais branco da
Federação? A resposta, na minha opinião, remete para a questão do
racismo no Rio Grande do Sul, que é muito forte, além da grande
presença e influência política, social e simbólica da Igreja Católica,
que até bem recentemente foi a grande responsável pela repressão a
estas religiões.

Uma figura de muita projeção, como Dom Vicente Scherer [(1903-


1996), arcebispo de Porto Alegre entre 1946 e 1981. Em 1969, foi
designado cardeal], manteve, por muitos anos, uma coluna
jornalística, além de um programa de rádio, nos quais atacava
violentamente tais religiões. Atualmente, os ataques partem da
[Igreja] Universal do Reino de Deus (IURD), também uma instituição
cristã. Aí voltamos à questão do espaço de sociabilidade que os
negros criaram, uma resposta a um ambiente hostil.

Não é demais acrescentar que, de certo modo, a arma simbólica


potencial representada pela feitiçaria – ou seja, a possibilidade de
manobrar com forças sobrenaturais perigosas, conhecidas apenas
pelos integrantes da comunidade religiosa – ocupa um ponto
importante nas relações sociais no Rio Grande do Sul: brancos e
negros acreditam em tais poderes, mas ambos concordam que são
os negros que detêm tais poderes. Ou seja, o feitiço, como
possibilidade, atua também como um moderador do poder branco. A
questão também se projeta no caso de Exu. Divindade africana dos
caminhos e encruzilhadas, foi demonizado pelo cristianismo. Mas o
feitiço virou contra o feiticeiro: ao associar os religiosos negros ao
"mal", deu-lhes, de bandeja, a condição de serem proprietários deste
e, por conseguinte, o poder de manejar com ele. Os muito humanos
desejos de vingança, os sentimentos como raiva e ódio impotentes
encontram aí um canal de expressão e liberação. Alguém, pergunta-
se, pediria a uma divindade cristã que aniquilasse com a amante do
marido, por exemplo?

E quais são as influências do batuque na culinária, também


ritual?

Norton Figueiredo Corrêa – Muito pequenas, porque é algo que


permanece no intra-muros dos templos. Um dos poucos alimentos
rituais de divindades do batuque, o acarajé, era antigamente vendido
nas ruas. Mas é um costume que desapareceu no Rio Grande do Sul.
A culinária rio-grandense de origem africana veio dos povos banto, da
região de Angola, de Moçambique e do antigo Congo, como o
quibebe, um pirão de abóbora.

O alimento, por ser algo indispensável à vida humana, ocupa um lugar


importantíssimo nos rituais de boa parte das religiões. No catolicismo,
a consagração do pão-hóstia, que representa o corpo de Cristo, e o
vinho, o sangue, se constitui no ápice da missa. A expressão "o pão
nosso de cada dia..." compõe uma das orações de maior destaque.
Nas religiões afrobrasileiras, a principal oferenda são alimentos: de
origem animal, como a carne e certos órgãos, ou vegetais, como a
polenta e o acarajé, além de bolos, doces.

Como se dá o diálogo inter-religioso entre o batuque e as demais


religiões em nosso Estado?

Norton Figueiredo Corrêa – Quanto à [Igreja] Universal do Reino de


Deus, como disse, é de franco ataque por parte. No meu entender, a
incrível tolerância do poder público brasileiro face aos ataques,
discriminação e desmoralização que a IURD promove em relação às
religiões afro é um exemplo muito ilustrativo, primeiro, do status que
elas ocupam na sociedade brasileira, que acompanha o de seus
integrantes, os negros, cidadãos de segunda classe. E segundo, do
racismo. Se os ataques fossem à religião católica, a questão seria
muito diferente, como caso da imagem da santa, chutada pelo pastor.

Como ex-aluno de uma instituição jesuíta, como você percebe o


diálogo entre as religiões afrobrasileiras e o catolicismo?

Norton Figueiredo Corrêa – Pouco expressivo, especialmente


porque são duas visões de mundo opostas e inconciliáveis. Tal
constatação me surgiu com base no conhecimento da cosmovisão
cristã-católica, que aprendi em família (mas principalmente nas
leituras da Bíblia e do catecismo, nas aulas de religião, no velho
Colégio Anchieta) e das longas observações que fiz sobre o batuque.
A visão católica, desenvolvida por Santo Agostinho através dos
escritos de Platão, prega que o destino da alma está relacionado ao
que o indivíduo faz em vida. É o que batizei de "efeito-gangorra": se
conceder tudo o que o corpo quer (em última análise, o prazer), a
alma vai para inferno. Ao contrário, se se reprimem os desejos do
corpo, vai para o céu. Em última análise, a dor redime (a maioria dos
santos foram para o céu porque sofreram), e o prazer condena.
Na visão de mundo religiosa afrobrasileira, o destino da alma
independe das atitudes do indivíduo em vida: fica vagando, vai para
os cemitérios ou se instala numa pequena casinha, o balé, existente
nos templos. Como não existe o efeito-gangorra, o prazer não é
condenado; pelo contrário, a vida é para ser bem vivida, em todos os
sentidos. Os respectivos panteões ilustram tais realidades: por
exemplo, enquanto a sexualidade é condenada no catolicismo (e no
céu também não existe sexo), os deuses afro-brasileiros namoram as
deusas. As representações sobre o céu remetem à imobilidade (como
a missa), mas as referentes aos orixás mostram-nos em movimento:
cumprindo certas atividades, guerreando, amando, movimentando-se
por certos lugares que lhes são consagrados. Mas o que mais
gostam verdadeiramente é de dançar. Para isso, tomam conta dos
corpos e mentes de seus filhos espirituais humanos, dançando
através deles nas solenidades religiosas realizadas em sua
homenagem. Por isso, afirmo que são cosmovisões muito diversas,
opostas.

Graças a tudo isso é que, no meu entender, não tem sentido o que as
igrejas cristãs chamam de evangelização, pois não passa pela cabeça
de um religioso afro-brasileiro a ideia de que se deve, como Cristo,
optar pela dor e pelo sacrifício para salvar a própria alma. Tais
questões, igualmente, é que impedem, também em minha opinião, a
efetivação de um verdadeiro ecumenismo, na mais ampla acepção do
termo. A não ser que, antes de tudo, seja reconhecido que há uma
enorme assimetria de poder, social e culturalmente falando, entre as
religiões cristãs – e, no caso, a católica – e as afrobrasileiras. E,
segundo, que o termo se traduza pelo mais amplo, total e irrestrito
respeito às diferenças e à visão de mundo de cada um.

Quais são os conflitos intra e extrarreligiosos do batuque?


Poderia exemplificar?

Norton Figueiredo Corrêa – Os conflitos internos, entre integrantes


do mesmo templo e entre os templos, devem-se, em boa parte, à
estrutura de sua organização: os templos são unidades
hierarquizadas e que permitem a ascensão do fiel aos cargos e
posições de prestígio e mando, que têm como ápice o sacerdócio e a
abertura de um templo para si. A situação é semelhante entre os
templos, pois há uma certa hierarquia e possibilidade de ascensão em
matéria de prestígio, na comunidade, trazida também pela visibilidade
interna, mas que podem ser potenciadas pela externa, junto à
sociedade envolvente.

Quais são os principais desafios para o negro hoje, dentro do


tipo de sociedade em que vivemos?

Norton Figueiredo Corrêa – O principal desafio para o negro, hoje,


é batalhar, individual e coletivamente, para superar os obstáculos,
especialmente o racismo e a discriminação racial que lhe são postos
pela sociedade.

Fernando de Ogum
contato@grupoboiadeirorei.com.br

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