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ILHÉUS-BAHIA
2018
Universidade Estadual de Santa Cruz
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
Walter Pinheiro - Secretário
DIRETORA DA EDITUS
Rita Virginia Alves Santos Argollo
Conselho Editorial:
Rita Virginia Alves Santos Argollo – Presidente
Alexandra Marselha Siqueira Pitolli
Eduardo Lopes Piris
Evandro Sena Freire
Guilhardes de Jesus Júnior
Jorge Henrique de Oliveira Sales
Josefa Sônia Pereira da Fonseca
Lessí Inês Farias Pinheiro
Luciana Sedano de Souza
Lurdes Bertol Rocha
Maria Luiza Silva Santos
Ricardo Matos Santana
Rita Jaqueline Nogueira Chiapetti
Sabrina Nascimento
Este livro é dedicado aos produtores de cacau, sejam eles micro,
pequenos, médios ou grandes cacauicultores, mas essencialmente
àqueles com visão moderna de produção, que utilizam ou pretendem
utilizar tecnologias semelhantes às empregadas no cultivo de outras
frutíferas, como laranjeira, videira, bananeira, macieira, mangueira ou
mamoeiro, ou de outra planta estimulante, como o cafeeiro.
Definitivamente, o cacaueiro não pode ser mais cultivado de forma
extrativista ou semiextrativista, com o emprego de baixo nível
tecnológico e, consequentemente, obtenção de baixas produtividades
e de pequena ou nula rentabilidade. A sustentabilidade da
cacauicultura, como de qualquer outra cultura, necessita contemplar o
tripé que envolve os aspectos ambientais, sociais e econômicos. Por
isso, a dedicatória deste livro se estende àqueles que, ao longo do
processo produtivo, conservam os recursos ambientais, que
efetivamente cultivam a terra, ou seja, aos trabalhadores rurais e aos
empreendedores e visionários que viabilizam economicamente a
cacauicultura.
Copyright © 2018 by José Olimpio de Souza Júnior
IMAGEM DA CAPA
Pintura de Jane Hilda
(imagem cedida pelo proprietário Guilhardes de Jesus Júnior)
REVISÃO
Pedro Carvalho
Roberto Santos de Carvalho
S719
Inclui referências
ISBN: 978-65-86213-18-8
CDD 633.74
EDITORA FILIADA À
Sabemos também que este livro não é uma obra sem incorreções.
Erros ou equívocos podem acontecer e, por estes, pedimos
desculpas antecipadas. Ideias divergentes, desde que devidamente
embasadas, são salutares e, muitas vezes, a verdade absoluta não
existe; conceitos podem mudar, tecnologias podem ser aprimoradas,
e o conhecimento é dinâmico, evoluindo com o tempo.
Fonte: http://www.tradingeconomics.com/commodity/cocoa.
2.2 Onychophora
3.7 Polinização
De modo geral, para solos com baixa acidez, o nutriente que mais limita a
produtividade do cacaueiro é o P (MORAIS; SANTANA; CHEPOTE, 1978;
CABALA-ROSAND; SANTANA; MIRANDA, 1982), apesar de este ser o quinto
nutriente mais exportado pela cultura (MALAVOLTA, 1987). Porém, sua
deficiência é de difícil percepção via sintomas visuais (ALVIM, 1964).
Semelhante a outras culturas, o N é o nutriente mais efetivamente exportado
pelo cacaueiro (MALAVOLTA, 1987; SILVA, 2009). Isso, por si só, mostra a
importância deste nutriente para a nutrição da planta. Normalmente, o N é o
nutriente que mais provoca aumentos na produtividade do cacaueiro, depois
de correção da deficiência de P (CABALA-ROSAND; SANTANA; MIRANDA,
1982). Em campo, sua deficiência ocorre principalmente em cacauais não
sombreados ou com muitas plantas invasoras (ALVIM, 1964).
O K é o nutriente mais exportado pelo fruto (casca + semente) do cacaueiro,
porém sua exportação efetiva (apenas via semente) é duas vezes menor que a
do N (SILVA, 2009). Mesmo assim, o K é o segundo nutriente mais
efetivamente exportado pelo cacaueiro (MALAVOLTA, 1987; SILVA, 2009),
pois grande parte do K concentra-se na casca do fruto, retornando à lavoura,
porém, geralmente, de forma concentrada, via casqueiros.
Os macronutrientes Ca, Mg e S apresentam deficiência com menor
frequência do que N, P e K em lavouras de cacau no Brasil. Deficiências de Ca
e/ou de Mg podem ser observadas em solos bastante intemperizados e
excessivamente ácidos, com baixos teores destes nutrientes disponíveis. O
cacaueiro pode ser classificado como uma cultura exigente em Mg (MORAIS
et al., 1975), por isso mesmo, para a correção da acidez do solo, recomenda-
se calagem visando alcançar a relação molar Ca:Mg em torno de 3:1
(CHEPOTE et al., 2013).
A deficiência de S em cacaueiros é muito rara de ser observada em
condições de campo, pois há boa disponibilidade deste nutriente em solos
cultivados com cacau no Sul da Bahia, possivelmente devido ao teor de
matéria orgânica do solo e ao seu aporte como elemento acompanhante ou
como impureza de alguns fertilizantes (ALVIM, 1964; SOUZA JÚNIOR et al.,
2012). Porém, Malavolta (2006) aponta que, dentre os macronutrientes, a
deficiência de S em cacaueiros no Brasil é uma das quatro mais comuns.
Dentre os micronutrientes, o Zn é o que apresenta maior frequência de
deficiência em solos da região Sul da Bahia (CHEPOTTE et al., 2005, 2013) e
também é um problema antigo em alguns países africanos (CUNNINGHAM,
1964; SPECTOR, 1964).
Deficiências de B em cacaueiros também são frequentes, tanto no Brasil
(MALAVOLTA, 2006) quanto em outros países produtores de cacau
(MESTANZA; LAINEZ, 1970; CHUDE; OBIGBESAN, 1983), ocorrendo
principalmente em solos mais arenosos e excessivamente ácidos.
O Mn é o micronutriente que mais se acumula em folhas de cacaueiro
(SOUZA JÚNIOR, 1997; DANTAS, 2011; CRUZ NETO, 2012; PINTO, 2013;
CHAVES, 2014; SILVA, 2015). Há muito tempo, deficiências de Mn em cacau
têm sido constatadas (CUNNINGHAM, 1964; SPECTOR, 1964) e ainda são
comuns (MALAVOLTA, 2006). Pesquisas têm também demonstrado a
importância deste micronutriente no controle da vassoura de bruxa
(NAKAYAMA et al., 1999; AGUILAR; REZENDE, 2001) e que o cacaueiro é
uma espécie de ampla adaptabilidade a concentrações no solo e na folha de
Mn (CRUZ NETO, 2012; CHAVES, 2014). Inclusive há relatos de teores
foliares acima de 1.000 mg kg-1 em plantas sem sinais de toxidez deste
nutriente (SOUZA JÚNIOR et al., 2012).
O Cu é um micronutriente comumente associado a problemas de excesso
em solos cultivados com cacaueiro, devido principalmente ao elevado uso de
fungicidas cúpricos, para o controle das doenças podridão-parda e vassoura
de bruxa (LIMA, 1994; VELOSO; SANTANA, 2000). Porém, no Sul da Bahia,
relatos de problemas de deficiências ocorrem, principalmente, na região
menos úmida (com menor incidência de doenças e, consequentemente, menor
uso de fungicidas); inclusive, constatou-se que o Cu era o nutriente mais
limitante da produtividade do cacaueiro em 36 áreas de uma fazenda nesta
região (SOUZA JÚNIOR et al., 1999).
Deficiências de Fe em cacaueiros têm sido relatadas em solos alcalinos ou
que receberam excesso de calagem (CUNNINGHAM, 1964; SPECTOR,
1964), mas os solos brasileiros cultivados com cacaueiros têm bons teores de
Fe disponíveis e problemas de sua deficiência são raros. Por outro lado,
toxidez por Fe foi constatada em mudas de cacaueiro produzidas em alguns
substratos comerciais (MARROCOS; SODRÉ, 2004).
Nas regiões litorâneas, o aporte natural de Cl via chuva, por si só, é
suficiente para atender à demanda nutricional deste nutriente pelo cacaueiro;
somando-se a isso, há aporte de Cl via fertilização com o cloreto de potássio
(KCl), principal fertilizante de K, além do Cl natural dos solos. O Mo e o Ni são
os dois micronutrientes menos demandados pelas plantas, sendo a
essencialidade do Ni comprovada mais recentemente (EPSTEIN; BLOOM,
2006). Devido à baixa demanda pelas plantas, as pesquisas com estes dois
nutrientes para o cacaueiro são praticamente inexistentes.
O Na é elemento considerado benéfico, pois substitui parte das funções do
K (EPSTEIN; BLOOM, 2006; MALAVOLTA, 2006), fato também constatado
para mudas clonais de cacaueiro, em que a substituição de K por Na, em
unidade de molc, em até 40%, resultou em aumento da fotossíntese líquida e
da eficiência de uso de água (GATTWARD et al., 2012). Também foi realizado
um estudo em campo de adubação com Na para o cacaueiro, com resultado
estimulante para o enraizamento para a dose semestral de 38 g NaCl por
cacaueiro (ERWIYONO et al., 2002) e para a produção de frutos até a dose de
75 g NaCl por cacaueiro por semestre (BAON et al., 2003).
Pesquisas sobre essa temática devem priorizar a avaliação do efeito do Na
na nutrição do cacaueiro, na possibilidade de substituição de parte da
adubação de K por Na, na interpretação de análises foliar e de solo
associando K e Na, bem como seus efeitos sobre o solo e sobre a qualidade
da amêndoa do cacau (SOUZA JÚNIOR et al., 2012). Com relação aos
possíveis efeitos adversos do Na sobre atributos físicos de solos cultivados
com cacaueiros, destacam-se os estudos de Erwiyono et al. (2002) e Leone
(2014), que apontam que a substituição de KCl por NaCl em até 50% (em
unidade de massa) e até 40% (em unidade de molc), respectivamente, não
alterou a floculação de argilas, nem a agregação e a porosidade do solo.
O Si, semelhante aos macronutrientes, é um elemento que se encontra em
alta concentração nas folhas das plantas (TAIZ; ZEIGER, 2004; EPSTEIN;
BLOOM, 2006), porém sua essencialidade ainda não foi aceita pela maioria
dos pesquisadores; mas, mesmo assim, alguns o consideram macronutriente
(TAIZ; ZEIGER, 2004); e outros, micronutriente (BRASIL, 2015). O Si, quando
aplicado via foliar na concentração de 1,5 g L-1 de SiO2, amenizou os efeitos
negativos do déficit hídrico em mudas de cacaueiro (ZANETTI, 2013).
2 Diagnose nutricional para o cacaueiro
2.1 Sintomas visuais de deficiências nutricionais no cacaueiro
aérea para o clone PH 16. Para este mesmo clone, Souza Júnior, Carmello e
Sodré (2011), avaliando substratos e adubações fosfatadas, determinaram NC
foliar de P de 1,75 g kg-1. De todo modo, para várias culturas, mais
comumente em fase produtiva, o NC tem sido associado a valores de 90% a
95% da produção máxima.
Existe também o “nível crítico de toxidez”, limite superior da região IV da
Figura 3, que pode ser definido como o teor de nutriente na planta a partir do
qual ocorre decréscimo no crescimento ou produção.
São muitos os fatores que afetam o nível crítico (NC) de nutrientes nas
plantas (BATES, 1971; JONES JR.; WOLF; MILLS, 1991; FONTES, 2001);
além disso, para a maioria das culturas, geralmente não existe um
determinado ponto de ótima produção, mas sim uma determinada faixa,
porque o aumento de produção obtido com doses crescentes de nutrientes é
sempre associado a um erro (BATAGLIA; SANTOS, 2001). Essa faixa é
denominada de faixa de suficiência adequada (FSA), também denominada de
ótima ou crítica de nutrientes, que é representada pela região III da Figura 3.
Ainda de acordo com a Figura 3, antes dessa faixa, tem-se a faixa de
deficiência (regiões I e II); imediatamente depois da FSA, tem-se uma região
denominada de faixa alta ou de consumo de luxo (região IV) e posteriormente
uma região de toxidez (região V).
A FSA é uma extensão do NC e procura-se com a mesma estender um
único ponto ótimo a uma faixa ótima, onde há razoável segurança de que,
abaixo da FSA, a cultura está tão deficiente no nutriente que a produção será
negativamente influenciada (FONTES, 2001). Por isso muitos pesquisadores
adotam o NC como o limite inferior da FSA.
As FSA podem ser estabelecidas em função de porcentagens das
produções máximas estimadas, oriundas de equações de regressão de
experimentos de calibração de adubação. Geralmente, as FSA são definidas
para se alcançar de 90% a 100% da produção máxima. Porém, o mais comum
é a definição de FSA com base em teores foliares de nutrientes em lavouras
de alta produtividade. Na Tabela 7, apresentam-se faixas de teores nutricionais
encontrados em algumas áreas de cacaueiros de alta produtividade. Contudo,
deve-se ressaltar que a baixa disponibilidade de dados de áreas, ou mesmo
de plantas, de cacaueiros de alta produtividade, dificulta o estabelecimento de
padrões nutricionais com maior acurácia, sejam estes padrões por FSA ou por
qualquer outro critério para interpretação de análises foliares para a cultura.
Tabela 7 - Teores de nutrientes encontrados na literatura associados a áreas
de cacaueiros com altas produtividades
Nutriente Malavolta, Souza Júnior Marrocos et Marrocos et
Malavolta e (1997)2/ al. (2010)3/ al. (2010)4/
Cabral (1984)1/
–––––––––––––––––––––––––g kg-1–––––––––––––––––––––––––
–––––––––––––––––––––––––mg kg-1–––––––––––––––––––––––––
B 23 - 26 - - -
Cu 13 - 15 7-9 4,0 - 8,0 16,5 - 20,7
Fe 83 - 91 29 - 40 19,6 - 48,9 52,0 - 101,4
Mn 123 - 149 426 - 764 84,8 - 170 695 - 782
Mo 0,15 - 0,16 - - -
Zn 93 - 98 44 - 80 24,7 - 45,8 85,5 - 127,1
1/ Amplitude de quatro amostras de uma lavoura em Ilhéus, Bahia, com
produtividade média de 2.580 kg ha-1. 2/ Amplitude de teores em sete áreas,
em uma fazenda no município de Itagibá, Bahia, com produtividade média, em
três de sete anos, superior a 2.250 kg por 1.000 plantas.
3/ Amplitude de teores em 10 áreas em fazendas de três agrossistemas da
região cacaueira da Bahia, com produtividade média de 1.953 kg por 1.000
plantas.
4/ Amplitude de teores em quatro áreas em zona semiárida, em Nova
Redenção, Bahia, com cacaueiros fertirrigados e produtividade média de 3.041
kg por 1.000 plantas.
Fonte: Elaboração dos autores.
–––––––––––––––––––––––––g kg-1–––––––––––––––––––––––––
N 28 19-23 20-23 20-23 20 20-25 20-25
P 2,0 1,5-1,8 2,1-2,3 2,0-2,3 2,0 1,8-2,5 1,8-2,5
K 33 17-20 22-24 21-24 20 13-23 13-23
Ca 3,0 9,0-12,0 8,0-12,0 5,0-8,0 4,0 8-12 9-12
Mg 4,0 4,0-7,0 4,0-6,0 4,0-6,0 4,0 3,0-7,0 4,0-7,0
S 3,0 1,7-2,0 2,0-2,2 2,0-2,2 3,0 1,6-2,0 1,7-2,0
–––––––––––––––––––––––––mg kg-1–––––––––––––––––––––––––
B 32 30-40 35-45 40-55 25-70 25-60 25-70
Cu 15 10-15 20-25 20-25 7-12 8-15 8-15
Fe - 150-200 140-160 150-250 140 60-200 60-200
Mn - 150-200 80-100 80-110 200 50-250 50-300
Mo - 0,5-1,0 0,5-1,0 0,5-1,0 0,5-1,5 0,5-1,5 1,0-2,5
Zn 30 50-70 55-70 55-70 80-170 30-80 30-100
1/ 1ª aproximação de faixas de suficiências propostas pelo autor. Valores
posteriormente citados por Martinez, Carvalho e Souza (1999), Cantarutti et al.
(2007) e Malavolta, Vitti e Oliveira (1997).
2/ Valores posteriormente citados por Bataglia e Santos (2001) e que
influenciaram as faixas sugeridas por Nakayama (2001).
Fonte: Elaboração dos autores.
Pelo exposto, fica claro que essas FSA apresentadas, embora sejam
referências de padrões nutricionais, precisam ser aprimoradas e redefinidas,
de modo a considerar lavouras de diferentes materiais genéticos (variedade ou
clone) em diferentes regiões e condições de cultivo. De todo modo, sugere-se
neste trabalho, como uma aproximação, com base na literatura e na
experiência acumulada, as FSA constantes da Tabela 11, as quais constituem
uma revisão das FSA sugeridas por Souza Júnior et al. (2012).
2.3.4 DRIS
O teor de clorofila na folha vem sendo utilizado com sucesso para predizer o
nível nutricional de N em diversas culturas, pois a quantidade desse pigmento
correlaciona-se positivamente com teor de N na planta (MALAVOLTA, 2006;
PRADO, 2008). A quantificação indireta do teor relativo de clorofila pode ser
feita por clorofilômetros, como o SPAD (Soil and Plant Analysis Development),
da Minolta, e o clorofiLOG, da Falker, que expressam o resultado como um
Índice Relativo de Clorofila (IRC).
Para o cacaueiro, Dantas et al. (2012) observaram boa correlação entre o
teor de N em folhas diagnósticas e o IRC, avaliado pelo SPAD em um estudo
com 80 plantas do clone PH 16, localizadas em 20 lavouras comerciais, em 16
municípios e em duas regiões climáticas no Sul da Bahia, apesar da
diversidade climática, edáfica e de manejo da pesquisa (Figura 4). Outros
estudos sobre uso de clorofilômetros e de imagem digital de folhas em
cacaueiros vêm sendo desenvolvidos na UESC.
Figura 4 - Relação entre índice relativo de clorofila (IRC - índice SPAD) e o
teor foliar de N de cacaueiros, clone PH 16, no Sul da Bahia, em duas zonas
climáticas, úmida e úmida a subúmida, em conjunto
7.2 Calagem
Em que:
QC = quantidade de calcário, em toneladas por hectare (t ha-1);
V2 = saturação por bases desejada, em %; no caso, 70%;
V1 = saturação por bases do solo, em %;
T = CTC a pH 7,0, em mmolc dm-3;
PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total do corretivo, em %;
p = profundidade de incorporação ou de reação do calcário, em cm.
Para áreas a serem plantadas, o calcário ou outro corretivo deve
ser aplicado em toda a superfície do solo e incorporado ao mesmo,
geralmente à profundidade entre 20 a 30 cm. Quando não for
possível a incorporação do calcário, por exemplo, em lavouras já
implantadas, deve-se considerar como profundidade de reação de 5 a
7 cm, pois o calcário tem baixa mobilidade no solo, sendo que, após
um ano de sua aplicação na superfície, seu efeito como corretivo
geralmente se restringe à profundidade entre 4 a 10 cm (CAIRES;
BANZATTO; FONSECA, 2000; AMARAL; ANGHINONI, 2001;
FREIRIA et al., 2008) e que, aproximadamente quatro anos após sua
aplicação, seus efeitos benéficos na correção da acidez concentram-
se até a profundidade em torno de 10 cm (CAIRES et al., 2004),
podendo ocasionar discreto aumento de bases a partir de quatro a
cinco anos na camada de 10−20 cm (CAIRES; BANZATTO;
FONSECA, 2000). Em alguns casos, por exemplo, para calcário
calcinado e com elevados ER e PN, pode haver efeito corretivo até a
profundidade de 20 cm após um ano de sua aplicação na superfície
(SILVA et al., 2007). Para uma área cultivada com cacaueiro,
Nakayama (1986) observou, seis anos após a aplicação do calcário
na superfície, efeito corretivo de acidez até 10 cm e movimentação de
Ca2+ e Mg2+ até 15 cm de profundidade. Deve-se destacar que o
efeito corretivo é influenciado pela textura do solo.
Em áreas já implantadas, para acelerar o processo de
reação/solubilização corretivo, é importante que, após a aplicação,
haja o revolvimento das folhas que se encontram na superfície do
solo, o que pode ser feito com auxílio de um ancinho, gancho ou
mesmo um “soprador de folhas”.
7.3 Gessagem
Em que:
QG = quantidade de gesso, em toneladas por hectare (t ha-1);
Al3+ = teor de Al3+ na camada de interesse, em mmolc dm-3;
mt = saturação por Al3+ tolerável pelo cacaueiro, em % — sugere-
se entre 20 a 30%;
t = CTC efetiva na camada de interesse, em mmolc dm-3;
EC = espessura da camada, em cm — sugere-se camada de 20 a
60 cm, ou seja, EC de 40 cm;
%Cages = porcentagem de Ca no gesso, em % — entre 16 a 20%;
%Cadt = porcentagem de Ca desejável na CTC efetiva, em% —
sugere-se entre 50 a 60%;
Ca2+ = teor de Ca2+ na camada de interesse, em mmolc dm-3.
8 Recomendação de adubação
Um bom programa de adubação deve visar uma adequada nutrição
da planta, tanto balanço quanto equilíbrio nutricional, por meio do uso
racional e sustentável de insumos (corretivos, fertilizantes e resíduos),
propiciando crescimento, desenvolvimento e produtividade
satisfatórios da cultura, considerando ainda os aspectos econômicos
e ambientais da prática, ou seja, objetivando maximizar o lucro com o
mínimo de impacto ao ambiente e aos organismos e produzindo um
produto (p.e.: alimento, fibra, biomassa, látex) de qualidade.
As recomendações de adubação deveriam ser baseadas em
resultados de pesquisas de calibração de adubação, de extração e
exportação de nutrientes e de balanço nutricional, considerando
entradas e perdas dos nutrientes disponíveis no sistema de acordo
com informações como: conhecimento das condições e limitações
edáficas e climáticas regionais, taxas de recuperação do nutriente/
fertilizante aplicado, análise de solo, análise de planta, material
genético utilizado, expectativas de produtividade e de receita,
experiência do técnico com a cultura e custo de aquisição e uso dos
insumos.
O conceito de uso eficiente de fertilizantes e corretivos agrícolas
num sentido mais amplo envolve, entretanto, respostas às seguintes
perguntas: quais nutrientes aplicar? Quanto aplicar? Como aplicar?
Quais fontes utilizar? Em que época(s) aplicar? Qual a expectativa de
retorno econômico? Afetará a qualidade do produto e/ou o ambiente?
(MALAVOLTA, 1997; LOPES; GUILHERME, 2000).
Pesquisas realizadas em Gana entre o fim dos anos 1950 e início
dos anos 1970 mostraram efeitos benéficos para a produção do
cacaueiro em função da fertilização, da redução do sombreamento e,
principalmente, quando essas duas práticas foram feitas
conjuntamente (Figura 1), sendo que as produtividades das safras de
1960/1961 e 1964/1965 alcançaram valores próximos a 4.000 kg ha-1
ano-1, valor mais de 10 vezes superior à produtividade média daquele
país naquela época (AHENKORAH; AKROFI; ADRI, 1974); já que as
doses médias aplicadas, em kg ha-1 ano-1, em torno de 112 (entre
1957 a 1964) e de zero (entre 1965 a 1971) para N, de 108 para
P2O5, 140 para K2O e 22 para MgO, mostraram-se insuficientes para
manter esse patamar de produtividade, pois se observa declínio da
produtividade a partir da safra de 1964/1965 (Figura 1).
nd = não determinado.
1/ Média de quatro frutos por planta, 32 plantas por material genético
e sete materiais genéticos, em área fertirrigada no município de
Ilhéus, Bahia.
Fonte: Elaboração dos autores.
<20 20- >24 <8 8- 16- 31- >60 <40 40- 90- >120 <9 9-14 >14
24 15 30 60 89 120
N (kg ha-1) P2O5 (kg ha-1) K2O (kg ha-1) S (kg ha-
1)
<20 20- >24 <8 8- 16- 31- >60 <40 40- 90- 121- >180 <9 9- >14
24 15 30 60 89 120 180 14
N (kg ha-1) P2O5 (kg ha-1) K2O (kg ha-1) S (kg ha-
1)
Teor no <0,7 0,7- >1,0 <2,0 2,0- >3,0 <3,5 3,5- >5,0
solo (mg 1,0 3,0 5,0
dm )-3 2/
10.4 Adubação