-Finalmente partiu-se o último ovo!-exclama a mamã pata.
Há muito tempo que o esperava, e toda a capoeira está ansiosa
por ver o recém-nascido.
Mas que surpresa quando vêem sair!
-Quem é este patinho feio?-pregunta a mãe. –Não é meu!
Algum patife te pregou uma partida - diz a galinha.
Zangada por ter esperado tanto tempo por um patinho tão feio que nem é dela, a mãe e os animais da quinta, pequenos e grandes mandam-no embora.
- E não voltes mais!- grita a mamã pata.
-és a vergonha de toda a quinta!- acrescentam os outros.
Mas o inferno ainda não acabou! O patinho feio é perseguido
pelos seus irmãos até meio do lago. -Que posso fazer se sou feio?- pregunta o infeliz.- Não pedi para nascer! Até os esquilos fazem troça e ameaçam lançar-lhe nozes. -Como é feio!-diziam eles. Uma seta no coração não o magoaria tanto. Que seria da vida? Ao ouvir tiros, o patinho feio esconde-se entre os juncos. Mas até o cão faz uma careta quando o vê. Chega o inverno, trazendo a neve e acabando com todo o alimento. Cheio de frio, o pobre patinho caminha ao acaso. Encontra uma casa e ganha esperança –Talvez os homens gostem de mim. Que belo refúgio e que braços tão meigos! O patinho passaria um inverno tranquilo, se não fosse o gato malvado que o observa pelo canto do olho… O patinho tinha razão: mal chegou a primavera o gato pô-lo fora de casa. Mais uma vez está sozinho, e sente-se triste. É muito difícil ser feliz! Passeando-se sozinho, o patinho refugia-se junto de um rio, rodeado de lixo. Aí pode descansar e esquece a sua fealdade, pois não há ninguém para o lembrar disso. Mas, um dia vozes de crianças despertam-no… -Um recém-chegado! Grita uma das crianças. É tão grande e bonito! -Grande e bonito?-repete o pato.- De quem estará a falar? Do cisne que nada elegante entre outros cisnes! Estes, admirando a sua beleza, vêm cumprimentá-lo. A partir desse dia, o patinho feio passou apenas a ser uma recordação.