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Resultado de Aprendizagem 3: Monitorar, registar e reportar as pragas e doenças num

campo agrícola específico

Monitoria de pragas e doenças


Amostragem: é um conjunto de procedimentos que visa obter uma amostra, usando uma técnica de
coleta de amostras, para com base nela obter uma estimativa da variável que queremos medir • Necessária
para medir a densidade populacional ou nível de infestação.
Tamanho da amostra
Para populações muito pequenas é possível medir ou observar todos os indivíduos
 Faz-se o CENSO e deve medir a densidade absoluta •
Para populações muito grandes, não é possível contar todos os organismos ou observar todas as plantas
presentes num campo agrícola
 Deve-se selecionar apenas algumas plantas, isto é, uma amostra e estimar a densidade relativa
Processos de monitoria
 Seleção da amostra,
 Observação da amostra,
 Identificação de sintomas e organismos presentes,
 Contagem e registo.

Objetivos da amostragem
 Determinar a ocorrência da praga numa determinada área;
 Estimar a proporção de plantas infestadas ou atacadas;
 Determinar o número de ovos, lagartas ou ninfas por planta;
 Avaliar os níveis de danos na cultura.
Factores que afectam a amostragem
 Idade e tamanho da planta
 Hora em que se realiza a amostragem
 Indivíduo que faz a contagem
 Temperatura
 Humidade
 Vento
 Chuvas
Notas a tomar durante o processo de amostragem
 Data, local e clima
 Dentro do campo: densidade, consociação, sistema de cultivo
 Factores agronómicos que afectam o número de insectos
 Métodos de controlo anteriormente usados
 Cultura anterior
 Fertilizantes usados
Importância de monitoria de pragas e doenças
 Determinar a situação de praga e doença na cultura
 Avaliar que tipo de prejuízos estão ocorrendo na cultura
 Para a definição de tomada de decisão
 Para prever os problemas e possíveis danos antes que elas ocorram

Guia de monitoramento
O que procurar?
1. Presenças e evidências de pragas
2. Presenças de inimigos naturais
3. Evidências de actividades e maneios que podem estar associados. Por exemplo, Irrigação e
adubação
4. Evidências de danos
Frequências de monitoramento
 Em intervalos regulares
 Determinado pela biologia da praga
 Determinado pelo ciclo da cultura

Técnicas da amostragem das pragas:


 Observação directa na plantas ou no solo onde ocorre a praga
 Colocação de armadilhas com iscas que atraem e capturam as pragas
Como, época e frequência de amostragem
 Observando plantas
 Época do ano em que elas ocorrem
 Fenologia da planta – fase da planta que é atacada
 Local de ocorrência da praga – solo, raiz, folhas, frutos, etc.
Amostra: é a pproporção do habitat no qual a medição da variável (da densidade ou do nível de infestação
ou do rendimento) é feita. Deve ser representativa do universo e devem ser distintas e não se sobrepõem.

QUANTIFICAÇÃO DE DOENÇAS
A quantificação de doenças é necessária tanto para o estudo de medidas de controle, na determinação da
eficiência de um fungicida ou na caracterização da resistência varietal, como para a construção de curvas
de progresso da doença e estimativas dos danos provocados. Sua importância tem sido frequentemente
comparada à importância da diagnose, pois de nada adiantaria conhecer o agente causal (patógeno) de
uma doença se não fosse possível quantificar os sintomas por ele causados.
Embora a importância da quantificação de doenças seja amplamente reconhecida, existe falta de
padronização nos métodos utilizados na avaliação de doenças. O problema da desuniformidade de
métodos começa pela própria terminologia utilizada, uma vez que os termos incidência e severidade, que
representam as variáveis a serem medidas, são muitas vezes utilizados de forma inadequada. Incidência é
a percentagem de plantas doentes ou partes de plantas doentes em uma amostra ou
população, enquanto severidade é a percentagem da área ou do volume de tecido coberto
por sintomas.
Os métodos de avaliação de doenças podem ser agrupados em métodos diretos, onde a estimativa da
quantidade de doença é feita diretamente através dos sintomas, ou métodos indiretos, onde a quantidade
de doença é estimada pela população do patógeno.

Métodos Diretos de Avaliação de Doenças


Entre os métodos diretos de avaliação de doenças encontram-se as estimativas da incidência e da
severidade, e as técnicas de sensoriamento remoto, utilizadas na quantificação de doenças em áreas
extensas.
1. Quantificação da Incidência
A variável incidência é a de maior simplicidade, precisão e facilidade de obtenção. A contagem do número
de plantas de tomateiro com murcha bacteriana, do número de frutos de manga com antracnose e do
número de plantas de milho com carvão fornece uma ideia clara da intensidade de cada doença, sem
nenhuma subjetividade. Esses valores podem ser expressos em percentagem ou através de outros índices.
Muitas vezes a avaliação da doença baseada na incidência fornece dados alarmantes e não reflete a
intensidade real da doença no campo, pois leva em consideração somente a presença do sintoma e não a
intensidade deste. Além disso, do ponto de vista da quantificação de danos, a utilização da incidência está
sujeita a algumas limitações, uma vez que só pode ser usada para aquelas doenças que atacam a
planta todo, como as viroses sistémicas e as murchas vasculares, ou para aquelas em que
uma única infeção é suficiente para impedir a comercialização do produto, como as
podridões de frutos. A incidência por estimativa expressa-se por seguinte fórmula:

𝑁𝑢𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑙𝑎𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑎𝑣𝑎𝑙𝑖𝑎𝑑𝑎𝑠


Índice de Infecção = 𝑥 100
𝑃𝑙𝑎𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑛𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎

2. Quantificação da Severidade
A variável severidade é a mais apropriada para quantificação de doenças foliares como manchas,
crestamentos, ferrugens, oídios e míldios. Nestes casos, a percentagem da área de tecido foliar coberto
por sintomas retrata melhor a intensidade da doença que a incidência. Para facilitar a avaliação da
severidade de doenças, várias estratégias têm sido propostas, dentre as quais se destacam a utilização de
escalas descritivas, de escalas diagramáticas e de imagens de vídeo por computador. Qualquer que seja a
estratégia adotada, é fundamental que o estádio de desenvolvimento da cultura e o órgão da planta
amostrado sejam bem definidos. A incidência por severidade matematicamente expressa-se por seguinte
fórmula:

∑(𝑁∗𝑉)
Índice de Infeção = 𝑥 100
(𝑛−1)𝑁𝑇

Onde:
Σ = Somatório
N = Número de folhas por classe
V = Classe
n = frequência
NT = Número total de folhas amostrada

Temos um campo de Hortícolas (Couve) danificado por lagartas. São escolhidas por exemplo 5 classes de
dano (n = número das classes) em relação à importância das lesões causadas pelas lagartas nas folhas.
Por exemplo:
Classe 0 = sem lesões; sem danos.
Classe 1 = 1-20% da folha furado; sem danos.
Classe 2 = 21-40% da folha furado; danos ligeiros.
Classe 3 = 41-70% da folha furado; danos médios.
Classe 4 = 71-100% da folha furado; danos sérios.
Se colhemos casualmente no campo 300 folhas (número total de folhas = NT), podemos por exemplo
obter a seguinte situação:
Número de folhas por classe Classe
(N) (V)
200 4
40 3
30 2
10 1
20 0
Então para calcular a percentagem de ataque recorremos a fórmula de incidência por severidade expressa:
∑(𝑁∗𝑉)
Índice de Infeção = (𝑛−1)𝑁𝑇 𝑥 100

(200 𝑥 4)+(40 𝑥 3)+(30 𝑥 2)+(10 𝑥 1)+(20 𝑥 0)


Índice de infeção = 𝑥 100
(𝑛−1)𝑁𝑇

Índice de infeção (P) = 82.5%


Neste exemplo a percentagem de ataque é 82.5%. Cálculos semelhantes podem-se fazer com outros
órgãos das plantas (raízes, bolbos, ramos, etc.). A percentagem de ataque serve para saber se o ataque é
importante ou não, quer dizer se precisa de se fazer a luta ou não.
Geralmente nos países mais desenvolvidos são os Laboratórios do Estado que podem dizer, para uma dada
percentagem de ataque, qual é a perda de produção previsível. Estes laboratórios fazem a pesquisa
necessária e calculam a perda de produção quando varia a percentagem de ataque.
Nos países em que os laboratórios do estado não fornecem dados deste tipo, porque a pesquisa não está
desenvolvida, podem ser os mesmos agricultores a fazer o cálculo da quantidade de produto que poderia
ser perdida. Precisa-se, todavia, um pouco de tempo, porque o agricultor não deve fazer a luta durante
pelo menos 4-5 anos. O agricultor deve escolher um pequeno campo onde ele não deve fazer a luta
durante 4-5 anos e calcular a perda de produção neste campo. Durante este período o agricultor deve
calcular as percentagens de ataque e a quantidade de produção obtida. Com algumas proporções
matemáticas pode-se calcular aproximadamente qual seria a quantidade de produção que se poderia obter
fazendo a luta, quer dizer com uma percentagem de ataque igual a zero.

Tomada de decisão de controlo


Com base nos dados obtidos no monitoramento de pragas, é possível efetuar a tomada de decisão de
controlo, onde são analisados todos os aspectos económicos da cultura e a relação do custo/benefício do
controlo dessas pragas. Assim, para tomada de decisão de controlo usa-se a amostragem e índices de
tomada de decisão.
Índices de tomada de decisão para controle:
1. Baseado na praga (densidade da praga)

2. Baseado no nível de controle (nível de dano económico): é a população de praga capaz


de causar danos económicos ao agricultor
3. Baseado nos inimigos naturais (nível de não acção): corresponde a densidade
populacional de inimigos naturais capaz de manter a densidade de pragas no ponto de
equilíbrio ou abaixo do nível de dano económico.
4. Baseado no efeito ambiental (nível de dano ambiental): corresponde ao nível de
efeitos adversos das medidas de controlo usadas contra as pragas, doenças e infestantes
sobre o Homem, animais e meio ambiente.
5. Baseado no nível de não-ação: corresponde a densidade populacional de inimigos
naturais capaz de manter a densidade de pragas no ponto de equilíbrio ou abaixo do nível
de dano económico.

Decisão (estimativa) para controle em função de e níveis de ataque

Grupos de Pragas Nivel de ataque (NED) Decisao a tomar


Paragas desfolhadoras 10% de plantas desfolhadas Controlar a praga
Pragas sugadoras 2 insectos por amostra Controlar a praga
Acaros 10% de folhas atacadas Controlar a praga
Pragas minadoras de folhas 10% com minas Controlar a praga
Pragas mastigadoras ou broqueadoras de frutos 5% de frutos atacados Controlar a praga
Pragas que causam mortalidade em plantulas 3% de ataque Controlar a praga
Fonte: Picanço et al. 2010

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