O primeiro é um fervoroso cristão, o segundo um crítico ferrenho do cristianismo.
A ideia da Morte de Deus em Nietzsche ilustra uma reflexão sobre a
centralidade da Razão na Modernidade, frente ao enfraquecimento dos valores da tradição cristã com o fim da Idade Média. A partir da Modernidade, com a emergência das ciências, Deus já não é mais o portador da verdade sobre o mundo senão que é substituído, nessa tarefa, pelo conhecimento científico. Em Nietzsche, a morte de Deus representa a possibilidade de o homem viver uma vida mais plena afastada dos valores repressivos da moral cristã que pregam um adiamento da satisfação nessa vida para o alcance da glória em outra vida depois da morte.
Já Dostoievski, considera que a humanidade está perdida em um mar de
atrocidades que ela mesmo cria, a partir da dimensão violenta e depravada do homem em busca da satisfação dos seus desejos. Essa busca humana leva o homem a feitos estarrecedores como o parricídio, a pedofilia, a vingança, a assassinato, a mentira e o ódio. Diante desse diagnóstico pessimista, Dostoievski entende que se faz necessário um retorno aos valores cristãos como forma redenção e de refreamento dos impulsos violentos dos homens.