Você está na página 1de 1

Poque Hegel falou que a PALAVRA MATA A COISA?

A palavra mata a coisa porque a compreensão conceitual da realidade funciona


como um assassinato, uma vez que a palavra marca a ausência do objeto e de
suas qualidades.

O Ato de Nomear um objeto exige o abandono da sua singularidade em nome


da universalidade objetiva, num processo DIALÉTICO de negação,
conservação e superação (Aufhebung/suprassunção).

Um exemplo kojeviano:
Quando falamos a palavra cavalo não estamos falando de nenhum cavalo
particular que esteja diante de nós num determinado momento, mas a todos os
cavalos.

Essa operação de passagem do subjetivo (singular) ao objetivo (universal)


constitui o assassinato da coisa, pois sabemos que o conceito de cavalo não
relincha. Paradoxalmente a palavra se presentifica (objetividade) pela ausência
do objeto (subjetividade).

Lacan diz (Seminário: Livro I: Os escritos técnicos de Freud):

Lembrem-se do que Hegel diz do conceito: o conceito é o tempo da coisa.


Certo, o conceito não é a coisa no que ela é, pela simples razão de que o
conceito está sempre onde a coisa não está, ele chega para substituir a coisa,
como o elefante que fiz entrar outro dia na sala por intermédio da palavra
elefante.

Se isso chocou tanto alguns de vocês, é que era evidente que o elefante
estava aí a partir do momento em que o nomeamos. (...) Essa identidade na
diferença, que caracteriza a relação do conceito à coisa, é o que faz também
com que a coisa seja coisa e que o fato seja simbolizado.

Você também pode gostar