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A Origem da Obra de Arte, por Martin Heidegger;

Alunos: Bruno Vasconcelos, Igor Morais e Otávio Augusto;


Turma: 3TEL;
Professor: Adriano de Oliveira Furtado;
Disciplina: Educação Artístico

Durante o percurso do 3º bimestre mantivemos o avanço no estudo da obra escrita por


Martin Heidegger, anteriormente houve o estudo da coisa e a obra, apresentando suas
definições e conceito e exercendo discussões sobre os mesmos, entretanto ao avançarmos
na análise, vemos que Heidegger conclui que para chegar numa verdade sobre o que é
obra, não podemos partir apenas do princípio de aspecto coisal, sugerindo que a obra e o
mundo concreto, ainda que diferentes, são necessários um para o outro.

Para Heidegger, ao falar sobre obra e verdade, é necessário primeiro questionar a arte,
afinal para o próprio, a arte só é real na obra, e a obra só surge na arte. Ele vê as obras de
arte como formas de explorar a possibilidade das coisas, entretanto essas possibilidades
só poderão ser encontradas assim que a obra por si for entendida, percebe-se também que
a obra de arte possui uma necessidade de se questionar e, portanto, questionar a sua
própria verdade. Heidegger afirma isso procurando a verdade em vista da obra e
afirmando que para que seja possível encontra-la e conhece-la é necessário tornar visível
a verdade da obra, tornar visível a verdade da obra é reconhecer a história que está gravada
ali, marcada pelas relações e acontecimentos que se estabeleceram pelo lugar ou pela
pessoa, a obra demonstra sua concretude e, portanto, sua verdade, quando ela se permite
instalar no mundo e demonstra sua resistência por ele.

Falando sobre ser-obra, o autor nos diz que significa instalar um mundo, ou seja, o
levantar de um mundo e o elaborar da terra, sendo a terra o habitar do homem e o mundo
aquilo que ficamos “presos” enquanto fazemos parte do ciclo natural de vida e morte.
Pode-se dizer que a obra enquanto obra instala um mundo, mas essa instalação é vista por
Heidegger como apenas um dos pontos essenciais do ser-obra. Assim como o ser-obra
reside na instalação de mundo, ele também tem o caráter da produção. Segundo Martin,
“A obra enquanto obra é na sua essência produtora”. Diferentemente do apetrecho, que
utiliza a matéria de que se compõe, por ser determinado pela serventia e utilidade (como
por exemplo, a pedra que “desaparece” após ser usada na criação do apetrecho machado),
a obra templo, citada como exemplo pelo autor, ao instalar um mundo não permite que a
matéria desapareça, mas sim, a faz aparecer em primeiro plano.
A diferença do ser humano para os outros seres vivos espalhados pela natureza é a sua
capacidade criativa. E é na materialidade da terra que o homem vai deixando sua marca,
trilhando seus caminhos e construindo o mundo lentamente a cada decisão tomada. O
mundo é constituído pela fenda de caminhos criada pelo homem, que nos leva a tomar
decisões a cada momento. Mundo e terra são essencialmente diferentes entre si, mas
ainda assim são inseparáveis. O mundo funda-se na terra e a terra surge subitamente
através do mundo. Existe um paralelo entre mundo e terra que se trata de um combate,
sendo ele imprescindível para que ambos os lados sejam levados a autoafirmação de suas
essências.

O autor, nesse capitulo, também fala um pouco sobre a verdade, que significa o velamento
e encobrimento, ou melhor, tudo estava encoberto antes que se tornasse aberto. Esse
velamento corrobora para o aberto que revela apenas certos aspectos da realidade e não a
totalidade do mundo. A verdade é mais do que apenas a correspondência entre entre o
conceito e o objeto, o enunciado e a verdade, ela é o desvelamento do próprio mundo.
Heidegger, buscando o fundamento da compreensão primordial de verdade, chegando ao
sentido original da palavra grega alétheia. O termo acaba criando uma espécie de
antagonismo, pois alétheia quer dizer “desvelamento”, podendo ser interpretada como a
negação daquilo que é velado. Alétheia significa para Heidegger remover do
"encobrimento" aquilo que é escondido no aberto, sendo a verdade é o que nos é revelado
e compreendido. Nesse sentido, para Heidegger, a verdade esta muitas das vezes
encoberta, e o homem não a possui, além do mais, a alétheia não é algo que pode ser fácil
de se encontrar. Antes disso, o desvelamento, ou seja, a remoção do encobrimento é o que
ocorre na mundanidade que se revela para o homem de modo privilegiado através da
relação entre mundo e terra.

A instalação de mundo se caracteriza pelo ser-da-obra. O mundo surge e se instaura como


conceito concreto a partir da existência de uma obra, sendo assim, não há mundo na pedra
(antes de ser transformada pelo homem), plantas e bichos, mas mesmo não tendo um
Mundo, eles pertencem a uma reunião secreta no ambiente em que estão inseridos. Assim
que um mundo é instalado, a obra toma para si todas as virtudes de ser mundificado. A
instalação de um mundo pertence à existência-obra, onde sua essência está guardada -
principalmente - no material da obra, onde ao se instalar um novo mundo, essa matéria
não se esvai por completo, mas sim ela se sobrepõe em outro sentido, como exemplo: o
metal que ainda brilha na obra, o som que continua soando mesmo com seu novo padrão
de organização seguindo uma composição ou as cores embelezando e iluminando a
mesma obra.

A obra Pietà, feita sobre o mármore, de Michelangelo mostra Jesus morto nos braços de
Maria, sua mãe. Nesta criação artística, podemos ver diversos aspectos e sentimentos
expostos por uma escultura e, inegavelmente, por senso comum e lógico, é considerado
uma obra de arte verídica. Ainda que Pietà seja considerada – e por maior que seja sua
críticas e poder de impressão – por ser uma obra, ela se dá em um mundo também, onde
o mundo e a obra repousam em si, mesmo em uma exibição.

Aos Sapatos de Van Gogh está presente a verdade, marcando a revelação de todo ente
presente ali. No momento em que a pintura apresenta um objeto em especifico, ela não
somente interpreta ele como um ente isolado, mas também permite o vislumbre em sua
totalidade, levando a obra à sua completude. É na revelação e no momento de clareza que
somos capazes de realizar a verdadeira essência que a obra possui, percebendo que a obra
sempre será, uma criação. É nesta percepção de sua verdade que encontramos o seu
aspecto coisal.

Heidegger conclui o capítulo com uma série de indagações sem respostas, que nos levam
a pensar mais profundamente sobre os conceitos e possibilidades do pôr-se em obra, que
se refere a obra e a verdade, mantendo a todo tempo em evidência a importância da
essência e suas instalações em um conceito mais prático da ciência do ser e ser-obra.

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