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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E ARTES - CCTA


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS

MARTIN HEIDEGGER: A VERDADE E A ARTE

JOÃO PESSOA
2019
RAYANNA CECÍLIA TORRES DE MOURA

MARTIN HEIDEGGER: A VERDADE E A ARTE

Trabalho apresentado como exigência para


obtenção de nota na disciplina de História da
Estética, do curso de Artes Visuais, ministrado
pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB,
ministrada pelo Professor Gabriel Bechara.

JOÃO PESSOA
2019
1. Introdução

A Origem da Obra de Arte é um ensaio da fase final do filósofo alemão Martin


Heidegger, nesta obra Heidegger propõem uma reflexão sobre o que é a Obra de
Arte, convidando-nos a pensar fora da caixa, no intuito de refletir para além do
aparente.
É importante destacar que Heidegger é um filólogo grego, então ele se apega
as palavras gregas para qualificar o seu pensamento, até mesmo criando outras
palavras, dessa forma, o autor instiga o raciocinar através de novos conceitos, de
forma a levar o leitor a questionar certos juízos e libertar-vos de um obscurecimento
das palavras, evidenciando uma aprendizagem a partir de uma desconstrução da
linguagem.

O horizonte certo, delimitado, racional, objetivo dos conceitos já solidificados


deve dar lugar a um horizonte novo, dinâmico, perturbador, pelo qual o vigor
do espanto em que viceja o pensamento se reinstale, convidando não só a
tudo repensar mas, sobretudo, a se repensar em seus valores de realidade
e de ser. CASTRO, 2006, p.2.

A partir disso Heidegger traz o sentido do ser, ser coisa, ser verdade, ser arte
e poesia, tudo isso de forma poética-ontológica, indo e voltando nos mesmos
conceitos, como ele mesmo conclui que os pensamentos se movem em círculos e é
preciso percorrer esse círculo (Heidegger, 1977), dessa forma Heidegger se
aprofunda em cada questão.

2. A verdade e a Arte

Heidegger irá encarar, nesse ensaio, a arte como um enigma, não existe arte
em um sentido genérico ou abstrato, mas a arte existe em sua concretude, “a arte é
fundamentalmente a questão da verdade” (CASTRO, 2006, p.2), dessa forma o
autor irá refletir sobre o que é arte, e sobre o ser da obra, a verdade está em obra e
é a obra que faz a verdade emergir.
Pensamos este acontecimento como o travar do combate entre mundo e
terra. No movimento congregado deste combate, advém o repouso. Aqui se
fundamenta o repousar-em-si (Insichruhen) da obra. (Heidegger. 1977,
p.47).

Para Heidegger o mundo é o que homem imagina e produz e a arte é a


manifestação da realidade enquanto o papel do artista é desvelar a verdade, ou
seja, o artista é o fio condutor entre a obra, a arte e a verdade, concomitantemente,
o caráter de obra da obra consiste na sua criação, isto é, o processo de criação fala
do ser da obra, analisar a obra apenas por ela mesma é inviável, não podemos
analisar a obra apenas por si mesma, mas também o processo q ela foi feita penas
assim é possível compreender a essência da obra.

Mas o ser criado da obra só se deixa manifestamente compreender a partir


do processo da criação. Assim, por imposição das próprias coisas, temos de
aceder a levar em conta a atividade do artista para encontrar a origem da
obra de arte. A tentativa de determinar o puro ser-obra da obra a partir desta
mesma mostrou-se inexequível. (Heidegger, 1977, p. 46)

Heidegger afirma que todo artista é um grande artesão e estabelece uma


divisão entre a produção como criação e a produção como fabricação, “encontramos
na atividade do oleiro e do escultor, do marceneiro e do pintor o mesmo
comportamento” (Heidegger, 1977, p. 47) a criação da obra requer a manufatura e
essa produção é aprimorada pela essência da criação, que é algo elaborado,
enquanto o fabricar se prende a mesmice, isto é, para compreender a obra de forma
plena, é necessário entender o processo de criação do artista para encontrar o
proveniente da obra de arte.
Para Heidegger o mundo tinha uma espécie de véu e o trabalho do artista é
retirar esse véu, revelar a verdade, ele denominou esse fenômeno de “alethéia”, que
seria o desocultamento, a revelação da verdade, a manifestação do ente de forma
clara. Dessa forma, o trabalho do artista seria revelar a alethéia e assim, através da
arte e da obra, transformar o olhar empobrecido do observador, preso ao cotidiano e
a banalidade, e fazer sair do olhar disperso e superficial para revelar o mundo
verdadeiro.
Heidegger acreditava que o mundo, através do véu, ora se mostrava e ora se
velava, no meio da luz e da obscuridade, somente o artista teria a capacidade de
captar a essência das coisas, a predisposição para fazer com que as coisas falem e
lhe revelem algo, como se as coisas lhe chamassem para serem representadas,
dessa forma, a obra ao mesmo que é uma elaboração da Terra é também o
surgimento de um Mundo, portanto o artista seria um transmissor da verdade.

A verdade insere-se na obra. A verdade advém como o combate entre


clareira e ocultação, na reciprocidade adversa entre mundo e terra. A
verdade quer introduzir-se na obra, como combate entre mundo e terra.
(Heidegger, 1977, p.50)

Por fim, a obra de arte só é obra depois da contemplação, a contemplação


liga a vida do observador ao que é revelado na obra, fazendo com que haja uma
conexão com a verdade do mundo. Heidegger acreditava que, a arte auxiliaria o
observador a compreender melhor o mundo onde está inserido, contribuindo no
enriquecimento de sua existência, a obra estaria plena, quando ela conseguisse
transmitir a verdade que ela captou. “A salvaguarda da obra não isola os homens
nas suas vivências, mas fá-los antes entrar na pertença à verdade que acontece na
obra, e funda assim o ser-com-e-para-os-outros [...]” (Heidegger, 1977, p.54).
REFERÊNCIAS

CASTRO, Manuel Antônio. O desafio do pensamento em “A origem da


obra de arte”. Faculdade de Letras - UFRJ. 2006
ESTRADA, Paulo Cesar Duque. Sobre a Obra de Arte como
Acontecimento da Verdade. PUC-RJ, O que nos faz pensar nº13 de abril de 1999
HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Lisboa, edições70, 2008.
Tradução de Maria da Conceição da Costa.
OLIVEIRA, Cláudia Juliana Barbosa de Oliveira. A ORIGEM DA OBRA DE
ARTE. UFSJ, “Existência e Arte” -Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências
Humanas, Estética e Artes. 2005

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