Você está na página 1de 1

SOBRE O TRABALHO DE METAFÍSICA

O cavaleiro de Nenhures não existia, mas servia "com força de vontade e fé na nossa causa"

Mesmo "Não existindo", ele possuía características de existência.

Ele "agia", e esse agir lhe dava uma certa consistência, ou um certo grau de "existencialidade".

A Inexistência, é o Nada. E de modo quase paradoxal, o Nada é muito semelhante ao Tudo.

São conceitos normalmente associados ao divino (quando descrevemos que Deus é onipotente,
onisciente, onipresente, etc - é impossível para a mente humana compreender tais qualidades, afinal,
elas são divinas). E fogem da nossa capacidade de compreensão. Só não fogem, quando podemos
apreender parte dela. E aí que entra a característica espinhosa... O "Nada", com letra maiúscula, só
existe em absoluto. Quando não existe nada fora dele. E esse Nada é icognosível ao gênero humano. De
mesmo modo que o Tudo também é icognoscível, uma vez que somos naturalmente limitados, e o
conceito de "Tudo" envovle algo ilimitado. Portando, o Nada, de modo que faça algum sentido pra nós,
só existe como parte. A inexistência que nós imaginamos, demanda um tipo de existência. O cavaleiro
não existe, não há nada dentro da armadura, mas ele consegue elaborar uma resposta para seu senhor,
Carlos Magno - ele é "Nada" na medida que não há algo dentro da armadura, mas deixa de ser "Nada"
quando emite uma resposta, essa emissão é uma manifestação de um tipo de existencialidade.

Quando falamos de Arthur (o mítico rei de Kamelot, líder da Tavula Redonda), mesmo que ele não exista,
a parte cuja nós conseguimos apreender é a parte onde há uma existencialidade, isto é, características
que podemos imaginar (baseando-se em características de algo que existe, ou existiu) e remontar na
hora de pensar acerca daquele conceito que é um amálgama de diferentes conceitos (imaginamos uma
armadura parecida com outra que vimos num livro, a voz que ouvimos num filme de fantasia medieval, o
cavalo como algum que testemunhamos quando garotos, etc). Há sempre partes de conceitos que nos
servem na hora de montarmos o nosso próprio Frankenstein.

Até quando pensamos ou lembramos do passado, aquilo que nós (no presente) concebemos como
"passado" é feito no presente (a concepção é feita no agora), é uma imagem que é remontada toda vez
que tentamos pensar naquilo que já foi. E por vezes temos imagens equívocadas do passado, justamente
porque o processo ocorre no presente, e porque não é um processo perfeito. Ainda que o passado não
exista mais, a nossa memória existe como essa "materialidade" que se forma no instante que temos que
pensar ao seu respeito. A existência é agora, não antes. O futuro também é pensado apartir de uma
remontagem de ideias do presente, para especular sobre algo que não aconteceu - e como não
aconteceu, não existe, o que existe é a matéria-prima do conceito que se especula no agora. São mundos
possíveis, e são pensados com as ferramentas do presente.

Você também pode gostar