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A PAIXÃO DE CRISTO de Nova Jerusalém

PRÓLOGO

(Moisés e Elias aparecem transfigurados)

MOISÉS: No princípio era o verbo, e o verbo era Deus. E o verbo estava em Deus. Ele
estava no princípio em Deus.

ELIAS: Todas as coisas foram feitas por ele, e nada do que foi feito, foi feito sem ele.

MOISÉS: Nele estava a vida, e a vida era luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas,
e as trevas não a compreenderam

ELIAS: Era a luz verdadeira, que ilumina todo homem que vêm a este mundo. Estava no
mundo, e o mundo foi feito por ele e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu e os
seus não o receberam

MOISÉS: Mas a todos quantos o receberam, e a todos que creem em seu nome, deu o
poder de se tornarem Filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem do desejo da
carne, nem da vontade do homem, mas pela graça de Deus.

AMBOS: E o verbo se fez carne e habitou entre nós.

MOISÉS: E nós vimos a sua glória, a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de
verdade.

(Esse prólogo é uma referência ao início do Evangelho de João)

CENA 1: TENTAÇÃO NO DESERTO

(Jesus está no deserto sendo tentado pelo demônio)

DEMÔNIO: Jesus? Jesus de Nazaré?

DEMÔNIO: Há quarenta dias que ele ora.

DEMÔNIO: Há quarenta dias que ele jejua.

DEMÔNIO: Deve ter fome? Dar-lhe de comer?

DEMÔNIO: Se és o filho de Deus? Manda que estas pedras se convertam em pão.

JESUS: Está escrito. Nem só de pão vive o


homem, mas de toda a palavra que sai dos lábios de Deus.
DEMÔNIO: Se és o filho de Deus, lança-te daqui abaixo, porque foi dito: Recomendou aos
seus anjos o cuidado de ti e eles te tomarão nas mãos para que não tropeces com o teu pé
na pedra.

JESUS: Também foi dito: não tentarás o senhor teu Deus.

DEMÔNIO: Eis o mundo lá, resplandecente de ouro e mármore é Roma, dali Tibério
domina a terra, sobre as cinzas das nações conquistadas os Césares construíram este
imenso império. O ódio foi que deu isto a Roma, pois só pelo ódio se conquista e
constrói.

DEMÔNIO: Junta o ódio daqueles que odeiam porque nasceram cegos, tronchos e
alejados.

DEMÔNIO: Junta o ódio daqueles que odeiam porque nasceram cheios de doenças e
encobertos de miséria.

DEMÔNIO: Junta o ódio daqueles que odeiam porque sofrem fome e sede.

DEMÔNIO: Junta o ódio que subia nos olhos dos revoltados escravizados e dos que
sofrem injustiças e iniquidades.

DEMÔNIO: Pega também o teu corpo e a tua alma e enche-os de ódio até a fronteira da
loucura.

DEMÔNIO: Toma então esse mar de ódio e com ele varre a face da terra.

DEMÔNIO: Pede-me este ódio e eu te darei.

DEMÔNIO: Com ele terás poder, com poder terás o mundo.

DEMÔNIO: Muita coisa te darei se me adorares tudo será teu.

JESUS: Retira-te Satanás, porque está escrito ao Senhor teu Deus adorarás e somente a
ele servirá.

DEMÔNIO: Então me expulsas?

DEMÔNIO: Escuta Jesus! Tu te glória com o nome de Judeus julga ser a luz dos que
erram nas trevas, mas aí estão tu e teu povo há 500 anos à espera de um messias.

DEMÔNIO: Aqui está quem tu expulsas, quem tem poder para fazer-te maior do que
Moisés que de uma leva de escravos desde uma nação busca o trono de Davi.

DEMÔNIO: Aqui está quem tu expulsas, quem tem poder para dar-te um trono maior do que
o Tibério.
DEMÔNIO: Ai de ti Jesus de Nazaré.

DEMÔNIO: Ai de ti que terás teu corpo reduzido a cacos como um vaso de leiro.

DEMÔNIO: Ai de ti Jesus, Carpinteiro de Nazaré.

DEMÔNIO: Ai de ti que serás desprezados o últimos dos homens ,um homem de dores,
homem ferido por Deus e Humilhado.

DEMÔNIO: Ai de ti Jesus, Carpinteiro de Nazaré.

DEMÔNIO: Ai de tu que terás a tua alma triste até a morte.

CENA 2: Sermão da Montanha

JESUS: Repousa sobre mim o espírito do Senhor, ungiu-me para anunciar a boa nova aos
pobres. Enviou-me para pregar a liberdade aos escravizados, dar aos cegos a luz dos olhos
e levar aos oprimidos a redenção para atribuir o não da graça do Senhor.

Pedro, André, Tiago, João. Vós sois os escolhidos.

PEDRO: Eu não sou mais que um pobre homem carregado de pecados.

JESUS: De vós farei pescadores de homens. Felipe, Bartolomeu, Tomé, Mateus, Tiago
filho de Alfeu, Tadeu, Simão, Judas.

CEGOS: Jesus, filho de Davi, dai-nos a tua luz.

JESUS: Bem aventurados, vós que sois pobres, vosso é o reino de Deus.
Bem aventurados vós que tendes fome, sereis saciados.
Bem aventurados vós que agora chorais, serão consolados.
Bem aventurados os que têm sede de justiça, sereis justiçados.
Bem aventurados os puros de coração, vereis a Deus.
Bem aventurados os meigos, porque possuíram a terra.
Bem aventurados os misericordiosos porque
alcançarão misericórdia.
Bem aventurados os pacíficos porque serão chamados filhos de Deus.

Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo. Mas ai de vós que sois ricos, já
tendes a vossa consolação. Ai de vós que estais fartos, sofrereis fome. Ai de vós que
agora rides, haveis de andar de luto e chorar. Ensinaram vos o que foi dito: amarás o teu
próximo e terás ódio ao teu inimigo. Eu, porém vos digo, abençoai os que vos amaldiçoam e
orai pelos que vos caluniam.

MENDIGO: Do que adianta perdoar se todos me condenam?


JESUS: Sou eu que vos digo! Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam,
então será grande a vossa recompensa e sereis filho do altíssimo. Ele que faz nascer seu
céu sobre bons e maus e que faz chover sobre justos e injustos. Não julgueis, e não sereis
julgados. Não condeneis, e não sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados.

MENDIGO: Dos antigos o que ouvimos foi: olho por olho e dente por dente.

JESUS: Conheceis os mandamentos: não matarás, não roubarás, não levantarás falso
testemunho, não cometerás adultério, honrarás pai e mãe. E digo mais, que os ricos
vendam tudo o que tenham e distribuam com os pobres pois, mais fácil é passar um
camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no céu.

MENDIGO: Se não tivermos campo nem colheita, como haverás de comer?

JESUS: Não vos preocupeis com o que haveis de comer, de beber, de vestir. Não vale a
vida mais que o alimento e o corpo mais que o vestido. Considerais os pássaros dos céus,
não semeiam, nem recolhem em celeiros, vosso Pai celeste é que lhe dá de comer.

Não sois acaso muito mais do que eles. E por que andeis inquietos pelo o que haveis de
vestir. Olhai como são belos os lírios do campo, não trabalham, não fiam, não tecem. E no
então eu vos digo que nem Salomão em toda sua glória, jamais se vestiu como um
deles. Se Deus veste assim a erva que hoje está no campo e amanhã será lançada ao
fogo, quanto mais a vós, homens sem fé? Não andeis inquietos com o dia de amanhã, o
dia de amanhã cuidará de si mesmo.

PEDRO: Mestre, quando virá o reino de Deus?

JESUS: O reino de Deus está dentro de vós.

CEGOS: Filho de Davi tem piedade de nós.

CEGOS: Jesus, filho de Davi, cura os nossos males.

MULHER: Deixai-nos passar, queremos falar com o mestre, queremos falar com o mestre,
queremos falar com o mestre.

PEDRO: Agora não, ele está ensinando.

MULHER: Por favor, é para que meu filhinho o veja.

JESUS: Deixai vir a mim as criancinhas. Não há detenhas porque delas é o reino de Deus.
Se não vos tornares parecidos com as crianças não entrareis no reino dos céus. Quem
acolher em nome de uma criança assim é a mim que acolhe. Mas ai de quem a
escandalizar a um destes pequeninos que crêem em mim. Melhor fora que lhe atirassem ao
pescoço uma pedra de moinho e o jogassem ao fundo do mar.

CEGOS: Filho de Davi cura os nossos males.


CEGOS: Tem piedade de mim filho de Davi.

JESUS: O que queres que eu te faça?

CEGOS: Faça que os nossos olhos se abram, Senhor!

CEGOS: Senhor dai-nos a tua luz, meus olhos estão mortos.

JESUS: Credes que eu possa fazer isto?

CEGOS: A tu, tudo é possível!

JESUS: Seja feita segundo a vossa fé.


(Jesus cura os cegos)

CEGOS: Eu vejo Senhor, eu te vejo Senhor.

CEGOS: Eu te vejo mestre! Eu vejo Senhor.

CEGOS: Louvado seja o messias da Galiléia, louvado seja!

JESUS: Glorifico-te Pai Senhor do céu e da terra. Porque ocultaste estas coisas aos
sábios e as revelaste ao simples. Vinde a mim todos vós que andais angustiados e
oprimidos. Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e achareis descansos
para vossas almas, pois a minha doutrina é leve e suave é a minha lei.

PEDRO: Mestre ensinamos a rezar, como também João Batista ensinou a seus discípulos.

JESUS: Assim é que haveis de orar:


Pai nosso que estais no céu. Santificado seja o teu nome. Venha a nós o teu reino. Seja
feita a tua vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dá hoje e
perdoa-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofendem e não
nos deixeis cair em tentação, mas livra-nos de todo o mal.

INFORMANTE: Mestre! Mestre! Jesus! Mestre! Mestre! Jesus! Jesus! Mestre! Sai retira-te
daqui porque Herodes te quer matar.

JESUS: Vai e diz a Herodes que vou expulsando demônios e fazendo curas hoje e
amanhã e só no terceiro dia terminarei, mas hoje amanhã e depois de amanhã tenho de
caminhar. Porque não provam que o profeta pereça fora de Jerusalém.

INFORMANTE: João foi preso.

PEDRO: João preso? Estes cães romanos!

INFORMANTE: Não foi Roma, foi Herodes.

PEDRO: Maldito. E o que diz o povo, que faz o povo? João precisa ser libertado.
INFORMANTE: Quando as espadas estão nos punhos dos soldados de Herodes, que pode
fazer o povo? Quando as lanças estão nas mãos dos legionários de Roma, que pode
fazer o povo? Vem cá! Lança tua vista até o horizonte, vês alguma árvore? Aquelas
sombras ao longe parecem de árvores, porque as árvores estão plantadas na terra, mas
são cruzes. Antes milhares de árvores, agora cruzes, uma cruz para cada homem que se
decidiu a falar ou agir.

PEDRO: Devemos falar até que a última árvore seja transformada em cruz. Há mais
homens sob o jugo de Roma que árvores nos montes da Galiléia.

JESUS: Vamos para Jerusalém!

PEDRO: Vamos nós também, para morrermos com ele!

JESUS: Vamos para Jerusalém!

(Jesus e uma multidão vão rumo à Jerusalém)

CENA 3: O TEMPLO

(Quando a multidão chega no templo, vemos que o lugar está infestado de


mercadores)

MULTIDÃO: Bendito seja o rei de Israel! Glória nas alturas! Bendito seja o Pai de Davi
que venha a subestimar! Bendito seja Israel!

JESUS: Tirai daqui estas coisas! Não está escrito que minha casa é casa de oração. Vós
porém a transformastes num covil de ladrões.

CAIFÁS: Com que autoridade assim procedes?

JESUS: Destruí vos este templo e em três dias o reedificarei.

CAIFÁS: Quarenta e seis anos levou a construção desse templo, e tu pretendes reedificá-lo
em três dias?

VENDILHÕES: Este é realmente o profeta que devia vir ao mundo!

ANÁS: Sabemos que és amigo da verdade. Qual é a tua opinião? É justo pagar tributos a
Cesar?

CAIFÁS: Temos de pagar, ou não temos de pagar os impostos de César?

JESUS: Por que me tentas? Mostrai-me a moeda do tributo.


CAIFÁS: Eis o denário.

JESUS: De quem é esta imagem e a inscrição?

ANÁS: De César.

JESUS: Dai, pois a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.

CAIFÁS: Afinal, quem é esse?

JESUS: Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não anda em trevas e terá a luz da vida.

ANÁS: Até quando nos traze na incerteza. Se és o Cristo, porque não o dizes
abertamente.

JESUS: Já vos disse e não me acreditastes.

ANÁS: És um impostor, que veste o grosseiro manto dos profetas para profetizar a
mentira.

CAIFÁS: Vamos apedrejá-lo!

JESUS: Por qual motivo querem apedrejar-me?

CAIFÁS: Porque és um violador do sábado!

ANÁS: Porque tu sendo homem te faz Deus!

JESUS: Eu sou o filho de Deus.

ANÁS: Continua blasfemar.

POVO: Blasfemar! Blasfemou! Ele está blasfemando. Ele está blasfemando cada vez mais.
E a nossa honra!

FARISEU: Esta mulher, foi apanhada em adultério, pois César ordenou que se
apedrejassem essas mulheres. E tu que dizes?

POVO: Vamos apedrejar! Vamos apedrejá-la! Vamos apedrejá-la!

I PRÍNCIPE: Se nada dizes vamos cumprir a lei. E te escolhemos para atirar a primeira
pedra.

FARISEU: Que decides?

JESUS: Aquele que não tiver pecado, que atire a primeira pedra! Mulher onde estão os que
te acusavam, ninguém te condenou.
ADÚLTERA: Ninguém Senhor!

JESUS: Nem eu te condenarei. Vais e tornes a pecar! Ai de vós Escribas e Fariseus,


hipócritas! Sois semelhantes a sepulcros caídos, que por foram se apresentam formosos,
mais por dentro estão cheios cadáveres e toda espécie de podridão.

Também vos pareceis justos aos olhos dos homens, quando no interior estais cheios de
roubos e de perversões.

CAIFÁS: Com estas palavras ofendem também a nós doutores da lei!

JESUS: Ai de vós também, doutores da lei. Que sobrecarregam os homens de fardos


insuportáveis, quando vós mesmos nem com um dedo tocais nesses fardos.

CAIFÁS: Dura esta linguagem. Quem a pode ouvir?

JESUS: Isto vos escandaliza. E quando virdes o filho do homem subir para onde estava
antes. Jerusalém! Jerusalém, que mata os profetas e apedreja aqueles que te são enviados.
Eis que a tua casa ficará deserta, pois vos declaro que não me tornares a ver, até o dia em
que todos dirão, bendito aquele que veio em nome do Senhor!

ANÁS: Este homem precisa ser detido imediatamente.

CAIFÁS: Não agora.

PEDRO: Vamos sair daqui, provocaste a ira dos Príncipes e Sacerdotes.

JESUS: Pensais que vim trazer a paz à terra, não digo-te eu, mas a espada. Daqui por
diante haverá discórdia entre cada ciclo em que se acharem na mesma casa, eu vim pra
lançar fogo a terra e como desejo que arda.

ANÁS: Blasfêmias, vamos reunir o conselho.

JESUS: Ah Jerusalém, se ao menos este dia que te é oferecido, soubesses o que te


poderia te trazer a paz, porém agora, estas coisas estão ocultas aos teus olhos. Virão
dias em que teus inimigos te cercarão de trincheiras e investiram contra te e atacaram
por todos os lados. Derrubar-te-ão a te aos teus filhos e em todo o teu âmbito não
sobrará pedra sobre pedra. Porque não soubeste conhecer o tempo em que foste visitado.

(Jesus sai do templo acompanhado de seus discípulos)

CENA 4: O SINÉDRIO

(Os fariseus se reúnem em um conselho para debater sobre Jesus)


CAIFÁS: Temos que tomar uma decisão. Como vistes, Jesus de Nazaré está em
Jerusalém.

ANÁS: Ele deve ser preso e condenado. Seus discursos influenciam a imaginação popular.

NICODEMOS: Acaso a nossa lei condena o homem antes de ouvir?

CAIFÁS: És tu também Galileu?

NICODEMOS: Não. Mas o homem que queres prender é considerado o profeta pelo povo!

ANÁS: Examine as escrituras! Verás que da Galiléia não se levanta profeta.

JOSÉ DE ARIMATÉIA: Grandes multidões o seguem, vindas da Iduméia, de toda Judéia,


de Jerusalém e da Lei Jordão.

FARISEU: É um farsante!

NICODEMOS: Também das bandas de Tiro e de Sidom afluem massas enormes desde que
ouviram falar sobre os milagres que realiza.

CAIFÁS: Também foste seduzido, Nicodemos? E tu também José de Arimatéia? Há


porventura entre os chefes e os fariseus, que creiam nele? Massas enormes! É só essa
plebe que nada entende da lei.

I PRÍNCIPE: Ele subverte a lei e os costumes!

FARISEU: É um agitador e perturbador da ordem pública!

CAIFÁS: Viste-o entrando na cidade? Sua insolência e ousadia a frente da ralé? Altercando
no templo! Derrubando mesas e bancas, agredindo pessoas e distribuindo pancadas!

FARISEU: Atacando nossa honra e violentando consciências!

I PRÍNCIPE: Atentando contra a lei judaica!

ANÁS: Atentando contra o templo e a César!

JOSÉ DE ARIMATÉIA: E por isso ireis prendê-lo e condená-lo?

FARISEU: Prendê-lo, Sim. Mas que não seja no dia da festa, a fim de que não amotine o
povo.

CAIFÁS: Que seja no dia da festa! A fim de que sirva de exemplo ao povo. É necessário
que ele morra! Não vedes o quanto é de vosso interesse que apenas morra um homem e
que a nação não pereça?
NICODEMOS: É claro! Quando Herodes viu que o povo se reunia em volta de João, o
Batista, o tenarca temeu que ele levasse as turvas à revolta. Um golpe de espada e uma
cabeça rodando. O reino, a nação e a consciência estavam salvos.

JOSÉ DE ARIMATÉIA: Não compreendeis nada disso!

ANÁS: Que estranho prodígio é esse… que se abate sobre a nação fazendo perecer a
sabedoria de seus sábios e desaparecer o entendimento de seus prudentes.
Não conseguem pressentir o quer dizer esse ruído de cidade alvoroçada? Não entram em
vossos narizes os ares e presságios que prenunciam essa tempestade de ódio? Não vedes
fugidinhos lampejos e lâminas já sacadas na tocaia ansiosa de uma garganta para aquecer
o ácido gélido?

Agora estais percebendo pois que há medo em vosso silêncio! Sabeis qual sangue banhará
as pedras? Sangue de judeu!
Vosso sangue derramado por judeus e romanos, se os homens de Jesus de Nazaré estão a
amotinar o povo todo. Esqueceste o que aconteceu quando os judeus se rebelaram contra
Arquelão? Pois eu vos lembro: Três mil homens morreram nos atros desse templo! E
depois, em vez de liberdade, vieram romanos, como antes viram assírios, persas e outros
invasores. Podeis segurar em vossas mãos e enfiar em vossos corações, todo ódio e
miséria de uma nação cuspida e esbofeteada?

Pois deixai livre Jesus de Nazaré e seus discípulos, que, pela sua agitação, eles decidam
nosso destino! Ide vós também atrás dele! Engrossa as fileiras da revolta!

JOSÉ DE ARIMATÉIA: Ninguém pode fazer o que ele faz, se Deus não estiver com ele!

FARISEU: Se Deus está com ele, quem está conosco?

CAIFÁS: Jesus de Nazaré deve ser destruído! Agora basta! Porque ele já não se contenta
mais em pregar uma nova lei, e se investiu do poder e infringiu as leis e as causas! Não
permitiremos que Jesus prossiga, ele deve ser eliminado, para o sossego da lei e
segurança da ordem.

(Judas Iscariotes aparece.)

Como te atreves a invadir o conselho?

JUDAS: É sobre o Nazareno

CAIFÁS: Quem és?

JUDAS: Eu sou Judas Iscariotes, seu discípulo. Sei que quereis prendê-lo.

CAIFÁS: Sim. E a todos o que o acompanham.

ANÁS: Judas Iscariotes, discípulo de Jesus de Nazaré.


JUDAS: Quanto me dais? Para eu entregar Jesus.

JOSÉ DE ARIMATÉIA: Vais trair Jesus de Nazaré?

CAIFÁS: Quanto queres?

JUDAS: Quanto me dais?

CAIFÁS: Trinta moedas de prata.

JOSÉ DE ARIMATÉIA: Entregar Jesus? Trinta moedas?

CAIFÁS: É pouco?

JUDAS: Bem, se é justo, dai-me a recompensa, senão…

CAIFÁS: Terás a tua recompensa!

ANÁS: Quando o prenderemos?

JUDAS: Esta noite. Hoje à noite, no horto onde todos se recolhem para dormir.

ANÁS: Toma!
(entrega as moedas para Judas)

Trinta moedas. Esta noite os soldados estarão lá.

JOSÉ DE ARIMATÉIA: Judas, pelo preço de um vil escravo, entregas o teu mestre.

NICODEMOS: Judas, teus pés correm para o mal e se apressam derramar sangue. Por
quê?

JUDAS: Porque o desencanto entrou no meu coração.

CENA 5: ÚLTIMA CEIA

(Jesus está sentado com seus discípulos ceiando)

JESUS: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta páscoa, porque não mais
comerei outra antes da páscoa perfeita, aquela que será celebrada no reino de Deus.

PEDRO: Devíamos ter deixado a cidade.

JOÃO: Senhor saímos de Jerusalém.

PEDRO: Ainda estão abertas algumas portas, podemos sair sem que nos vejam.
JOÃO: Assim não poderão te prender.

PEDRO: Todos nós te protegeremos.

(Judas chega)

JESUS: Em verdade eu vos digo, um de vos há de me trair.

(Os discípulos estranham)

JOÃO: Nós?

PEDRO: Um dos nossos?

JOÃO: Aqui onde há somente amor por ti não pode estar o fel do traidor.

JESUS: Um de vós que come agora comigo há de me entregar. Esta noite todos vós
escandalizareis, pois está escrito:

“Ferirei o pastor e as ovelhas serão desperdiçadas. Mas depois de ressuscitado irei adiante
de vós para a Galiléia.”

PEDRO: Ainda que todos se escandalizam de ti eu não me escandalizarei.

JESUS: Pedro, Simão Pedro, Satanás te reclamou por insistência para te jurar contra o
trigo. Mas eu roguei por ti para que tua fé não falte e tu uma vez convertido confirma os teus
irmãos.

PEDRO: Ainda que tenha de morrer contigo não te negarei.

JESUS: Ah Pedro, em verdade eu digo que ainda esta noite, antes que o galo cante duas
vezes três vezes me terás negado.

PEDRO: Mas eu estou pronto a ir contigo para cárcere e para morte.

JESUS: O filho do homem vai para morte conforme estava escrito, mas ai daquele por
quem o filho do homem foi traído, mais valeria este homem não ter nascido.

PEDRO: Serei eu, Senhor?

JOÃO: Quem é?

JESUS: É aquele a quem eu der um pedaço de pão molhado.

Tomai, e comei, isto é o meu corpo.

JUDAS: Sou eu, por acaso?


JESUS: Tu disseste. Tu deves saber o que tens a fazer, faze-o depressa.

Tomai todos e bebei, este é cálice do meu sangue da nova e eterna aliança que será
derramado por vós e por todos para remissão dos pecados, fazei isto em minha memória.

(Judas sai)

Já não estarei convosco por muito tempo.

JOÃO: Senhor, para onde vais?

JESUS: Vou preparar um lugar para vós , depois que eu tiver ido e vos tiver preparado o
lugar viverei novamente e vos levarei comigo. Para que onde eu estiver estejais voz
comigo. E sabeis para onde vou e sabeis o caminho.

PEDRO: Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?

JESUS: Eu sou caminho, a verdade e a vida ninguém chega ao pai se não por mim,
acreditai sobre a minha palavra aquele que me ama será amado pelo meu pai e eu o
Te amarei também e me manifestarei a ele.

JOÃO: Por que nos manifestarmos a nós e não ao mundo?

JESUS: Se vos fosse do mundo o mundo amaria o que era seu mas vós não sois do
mundo eu é que vos escolhi de seu meio. Por isso o mundo vos odeia. E se o mundo voz
odeia sabeis que primeiro do que a voz o mundo me odiou. Por eu vos dizer estas
coisas a tristeza encheu o vosso coração haveis de ter aflições no mundo mas tende
confiança eu venci o mundo. Em verdade eu vos digo se o grão de trigo não for lançado a
terra e morrer ficará a sós consigo mais se cair em terra e ai morrer produzirá muitos
frutos. Não se enturme a vossa alma eu vos dou um novo mandamento que vos ameis
uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua
vida pela vida do seu amigo, amai-vos uns aos outros. Agora eu deixo este mundo e volto
para junto de meu pai.

Pai manifestei o teu nome aos homens que me deste no mundo, estes agora conheceram
que todas as coisas que me deste vem de ti, e conheceram verdadeiramente que eu saí de
ti, e creram que me enviaste. Dei-lhes a tua palavra e o mundo vos odiou, Pai o mundo não
te compreendeu, não peço que os tire do mundo, mas que os guardem do mal, eu não rogo
somente por eles, mas por todos os que hão de crer em mim por meio de suas palavras. É
chegada a hora em que o filho do homem vai ser glorificado, agora minha alma está
abalada, que direi? Pai salva-me desta hora, mas se for precisamente para isto que me
sobreveio esta hora, Pai glorifica o teu nome.

(Todos na mesa param numa pose em referência ao quadro: “Santa Ceia” de Da Vinci)

CENA 6: Horto das Oliveiras


(Jesus reúne seus discípulos para descansar no Horto das Oliveiras)

JESUS: João Pedro, Thiago. Ficai aqui e vigiai comigo. Rezai também para não sucobides
a tentação.

Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice.

João, Pedro Thiago, tu dormes Simão. Então não conseguiste vigiar uma hora comigo. O
espírito está pronto, porém a carne é fraca. Dormi agora e descansai, eis que está próxima
a hora do filho do homem que será entregue aos pecadores.

Meu Pai se é possível afasta de mim este


cálice de amargura, no entanto se é indispensável que eu beba deste cálice, seja feita a tua
vontade e não a minha.

DEMÔNIO: Tu não beberás se esta não for a tua vontade. Tu só beberás se esta for a tua
vontade. Porventura Elza criou a terra em confusão e fez estremecer os arreios.
Também foste ferido com um simples mortal, foste longe demais como homem.

Provocaste forte e poderosos ficaste perto demais com Deus desembeste fracos e
escravizados os que te amam estão nus como encontrastes e campos e tribunais
continuam cheios de violência.

JESUS: Bem aventurados os que têm sede de justiça serão justiçados.

DEMÔNIO: Continua esquecido e humilde, e frustra a confiança dos infelizes. Os


famintos roem ervas nos campos e ladrando como cães percorre a cidade em busca de
comer uivando quando não se fartam.

JESUS: Bem aventurados vós que tendes fomes sereis saciados.

DEMÔNIO: Os órfãos são violentados, despojados os pobres e roubadas às viúvas, e os


que não são mortos de dia são apanhados a noite.

JESUS: Bem aventurados vós que sois pobres vosso é o reino de Deus.

DEMÔNIO: Acaso levantaste do pó de sua Vida e tiraste da miséria um indigente como


fizeste o homem saber se ele é digno de amor ou digno de ódio.

JESUS: Bem aventurados os meigos porque possuíram a terra.

DEMÔNIO: Não tiveste força para derrubar os que estão nos tronos e nem poder para livrar
dos que estão nos arranhões. Os filhos do homem agora como antes são cheios de
trabalhos, dores e amargura.

JESUS: Bem aventurados vós que agora chorais sereis consolados.


DEMÔNIO: Jesus de Nazaré, tu te fizeste profeta quando eles clamavam por um libertador.

JESUS: Bem aventurados os pacíficos porque serão chamados filhos de Deus.

DEMÔNIO: Jesus de Nazaré, tu não beberás basta que der aos homens os que eles
querem. Dares ódio em vez de amor, dares guerra em vez de paz, dares terra em vez de
céu.

JESUS: Pai, afasta de mim este cálice! Não que eu queira mais o que tu queres.

DEMÔNIO: Como homem, morrerás e cairás como um príncipe qualquer, ai de ti Jesus, ai


de ti, homem ferido por Deus e humilhado.

JESUS: Seja feita a tua vontade.

DEMÔNIO: Seja feita a tua vontade.

(O demônio desaparece. Enquanto isso, Judas iscariotes aparece com uma tropa de
soldados)

JESUS: Levantai-vos, vamos!

DISCÍPULOS: Vamos! Vamos!

JUDAS: Deus te salve, mestre!

JESUS: Amigo? a que vieste?

(Judas beija o rosto de Jesus)

Judas, com um beijo atraiçoas o filho do homem.

A quem procuras?

SOLDADO: A Jesus de Nazaré.

JESUS: Sou eu.

(Os soldados se espantam)

A quem buscais?

SOLDADO: A Jesus de Nazaré.

JESUS: Já vos disse que sou eu, se é pois a mim que buscais deixai ir a estes.

PEDRO: Ninguém tocará no Mestre!


(Pedro, com uma espada, corta a orelha de um soldado)

SOLDADO: AI!

JESUS: Pedro guarda tua espada, pois quem ferir com a espada, pela espada morrerá.

(Jesus é preso e levado para Herodes onde será interrogado)

CENA 7: O Palácio de Herodes

SÚDITO: Digamos que como bons discípulos de Horácio: De beber, chegou a hora e das
danças e o prazer desfrutar.

HERODES: Digamos que como bons filhos de satanás: comamos e bebamos, porque
amanhã morreremos.

(A festa continua. Enquanto isso, os fariseus e Jesus chegam no Palácio)

CAIFÁS: Herodes, Pilatos te envia Jesus de Nazaré.

HERODES: Estou vendo! Parece pela companhia ser vosso propósito de interromper meus
momentos de prazer junto aos meus amigos.

ANÁS: A Pilatos é que deves a interrupção de vossos “afazeres”

HERODES: Por que eu? Por que vós aqui com esse sujo Galileu? Esquecestes que tendes
o mais alto tribunal dos judeus?

(Para Jesus)
Jesus de Nazaré… Então és tu…

CAIFÁS: Pilatos foi certificado que esse homem é Galileo. Manda-te para que o julgues,
pois esse é o teu domínio. Foi lá que começou a pregar suas doutrinas

HERODES: E o que é que ele prega? Podeis informar ao vosso amado rei?

ANÁS: É um agitador!

HERODES: Perguntei o que ele prega.

SÚDITO: Que os homens se amem uns aos outros.

HERODES: O quê? Repita por favor.

SÚDITO: Que os homens se amem uns aos outros.


(Todos riem e zombam de Jesus)

HERODES: Se ao menos fossem: “Que os homens amem as mulheres dos outros.

(Herodes e todos no Palácio ri)

O que mais? O que é que ele prega?

SÚDITO: Que os ricos devem vender o que tem, distribuir com os pobres e buscar o
caminho do céu.

(Herodes ri)

HERODES: Mas ele tem uma fértil imaginação e uma deliciosa doutrina!
Olha aí o meu céu, e sabe lá o diabo o quanto isso me custa!

CAIFÁS: Então achas deliciosa a doutrina que já arrasta milhares de homens ao apelo da
subversão? O astuto e hábil rei Herodes está encantado com o jovem Galileo, a ponto de
esquecer da sua própria coroa! Por que degolas-te João Batista? Porque o ama? Responde
Herodes!

HERODES: Cala-te!

ANÁS: O resto ouvirá de mim, Herodes. Degolates Batista porque temia a violência que sua
língua já armava e fazia tremer o teu trono. Por isso o mataste!

HERODES: Cala-te maldito, ou eu te mato também.

ANÁS: Mata-me, e deixa aí esse que é mais poderoso que João e fará com que teu trono
caia e role no povo a tua cabeça coroada.

CAIFÁS: Solta-o, Herodes. Solta-o e verá os seus milagres. Solta-o e provarás do teu
poder! Poder que transformará os teus súditos em rebeldes, que substituirão a moeda do
tributo, pelo punhal da vingança.

ANÁS: Ele não só escarnece do teu poder como te despreza!

HERODES: Quem és tu, afinal? Deus ou o demônio?

(Jesus não responde)

CAIFÁS: Solta-o, Herodes. E verás!

HERODES: Qual dos dois está dentro de ti?

I PRÍNCIPE: Solta-o, Herodes e verás o demônio em suas magias!


HERODES: Magias? É verdade que ressuscitaste um morto… És mais poderoso que teu
rei?

Se eu disser a este soldado: “Mata aquele homem!”, ele mata, mas nada acontecerá se eu
disser a essa coluna: “saia do meu caminho”. Tu podes fazer todas essas coisas?

Ordenando à um súdito: Dá-me água.

Disseram-me que num festim como esse fizeste um belo milagre. Repete-o agora para teu
rei. Transforma essa água em vinho.

(Jesus permanece quieto)

Vamos! Estou propondo um acordo entre poderosos. Pilatos enviaste a mim para que eu te
julgue. Basta-me um gesto e irás para o cárcere. Ou outro gesto, o que faz levantar uma
espada e cair uma cabeça.

Mas eu também posso dizer: “Este homem é inocente.” mandar que sejas solto e permitir
que saia desta áspera Judéia, descalvados rochedos, céu em fogo e corações em ódio.
Levar-te comigo para a Galiléia. Sabes que o Jordão está burlado de tamarindos. E
dourados estão os campos de cevada e trigo.

O irmão agora reflete a sua neve, no espelho azul no lago de Genesarét, cuja borda está
batizada de casais enamorados. Recordas como é vivo o vento dos Securos.

Vamos… É pouco o que te peço. Transforma a água em vinho.

(Jesus continua quieto)

Não atendes ao teu rei? Negas o meu pedido? Zombas de mim?

Não… Não! É que seu poder te abandonou!

Como também os teus homens te abandonaram ao deixarem te prender! Nada mais és!
Nem Mágico!

É esse o vosso profeta agitador? Um pobre diabo ao qual até a língua se nega a obedecer
em sua própria defesa?

Aqui entrastes aterrados ante ao poder que faria voltar ao nada aos príncipes, tornarem aio
os reis e as suas princesas em amas. E olhai os que vos devolvo:

(Herodes coloca uma túnica em Jesus)

Olhai o agora, com a “Túnica dos tributos em debate”! Tremei homens, este é o que
derrubará as tendas e fazer crescer espinhos nos palácios.
Tremei, Anás e Caifás, pois que vai ao campo o que esmagará com vossas cabeças!
Tremei com ele, todos! E de funesto, o medo já vos contagiou sua fraqueza.

Ide vos daqui. Todos, a Pilatos. A sombra cuja o poder agasalha os covardes do mundo.

Fora daqui! Soldados expulsai-vos! Fora!

(Herodes expulsa os fariseus e Jesus de seu Palácio)

CENA 8: FÓRUM DE PILATOS

CAIFÁS: Pilatos, Herodes te devolves Jesus de Nazaré!

ANÁS: Disse que tu o julgues, essa é a tua missão.

PILATOS: Trouxestes este homem sob a acusação de incitar a revolta. Como um


agitador e perturbador da ordem pública. interroguei em vossa presença e não encontrei
culpa alguma dos crimes de que o acusais.

ANÁS: Isto é um absurdo!

PILATOS: Nem Herodes tão pouco, nem vedes nada há contra ele que lhe faça merecer a
morte.

CAIFÁS: Mas isto é uma irresponsabilidade!

PILATOS: Vou portanto dar-lhe a liberdade!

ANÁS: Vais pôr em liberdade um criminoso, que aqui trazemos para que o condenes.

CAIFÁS: Um homem submetido ao nosso conselho é considerado réu de morte.

ANÁS: Este homem é réu de morte!

(Perguntando para Jesus)


PILATOS: É verdade que és o rei dos judeus?

JESUS: Tu dissestes, sim sou Rei. Para isto nasci e vim ao mundo, para dar testemunho
da verdade. Todo homem que ama a verdade escuta a minha voz.

PILATOS: E o que é a verdade? De quem é a verdade? Tua? Que afirma ser rei, que dizes
ter reino e servos, e que impede que os teus homens lutem e te defendam. Que permites
como rei que te prendam e até as mãos. A verdade deles que aqui te trazem como
bandido é falso rei para o qual pedem a morte?
Ou a minha verdade que de tudo isto está farda! Disseste-me ser rei de uma reino o qual os
homens não lutam e vivem sobre o
império da verdade. os homens só não aceitam a luta quando lhe faltam ódio. Estais
certos de que ele não é um louco?

ANÁS: Zombas de nós publicamente Pilatos.

PILATOS: Se ele não é louco? De onde vem então toda loucura que vos fez invadir todo
o pátio e que convosco já sobe essas escadarias, vem a caso a loucura de dentro de voz?

CAIFÁS: Além do ridículo, agora também nos injúrias!

ANÁS: Este homem é réu de morte!

PILATOS: Obedecendo a tradição, pela páscoa sempre dou liberdade a um prisioneiro.

Em nossas prisões encontra-se preso Barrabás. A quem queres pois que eu liberte, a Jesus
de Nazaré ou o assassino Barrabás?

ANÁS: Barrabás?

PILATOS: Ou quereis sangue somente.

ANÁS: Nada temos com Barrabás, trata-se desse ai.

PILATOS: Eu poderia vos dar sangue de agitador melhor do que esse.

(O povo pede Barrabás)

PRÍNCIPE: Solta Barrabás!

PILATOS: Barrabás?

ANÁS: Morte a Jesus!

ESCRIBAS: Solta Barrabás!

ANÁS: Barrabás!

PILATOS: O que farei a esse a quem famai rei dos Judeus?

ANÁS: A morte!

ESCRIBAS: Morte ao Nazareno!

PILATOS: Vou castigá-lo e dar-lhe liberdade, açoitai a Jesus de Nazaré!

(Jesus é açoitado e colocado uma coroa de espinhos sobre sua cabeça)


Eis que vos apresento Jesus de Nazaré, eis o homem!

ANÁS: Crucifica-o!

CAIFÁS: A morte!

PILATOS: Tomai-o e crucifica-o vós!

ANÁS: Sabe Pilatos que o direito a 40 anos da morte nos foi tirado.

CAIFÁS: Nós temos uma lei e segundo a lei ele deve morrer!

ANÁS: Ele deve morrer porque se fez filho de Deus.

CAIFÁS: Diz que é Cristo, o Messias.

PILATOS: Ele se diz isso? De onde és tu? Quem és tu? Levantam graves acusações contra
ti, pedem a tua vida e que eu te condenes e nada dizes? Então não sabes que tenho poder
para te crucificar e que tenho poder para te dar a liberdade?

JESUS: Poder algum tu não terias sobre mim se do alto não te fosse dado, por isso,maior
pecado tem quem me entregou a ti.

PILATOS: Trazei Barrabás. Eis que cumpro minha palavra, conforme o vosso desejo
Barrabás é livre.

POVO: Viva Barrabás!

PILATOS: Agora já que foi castigado soltarei também Jesus de Nazaré.

CAIFÁS: Se soltas este, não és amigo de César.

ANÁS: Todo homem que se faz rei é contra César.

I PRÍNCIPE: E tu pretendes soltar em vez de condená-lo?

CAIFÁS: Queres ser também acusado de traição?

PILATOS: Basta! Acabe de assaltar-me uma impressão de que pareceis ter esquecido do
tipo de autoridade ao qual vos estas dirigindo. Inexplicavelmente fugiu de vossa memória
que essa autoridade representa Roma. Eu é quem decido, a quem, quando e como se deve
matar. Só Roma pode matar. Dizes bem só eu posso condenar à morte.

Já notaste isso, esse problema do poder, até mesmo o irracional pode dar a vida, mas a
dor, a injustiça, a morte, o mal enfim em toda sua dimensão, só pode ser imposto pelos
poderosos . Em resumo, sem o poder não há o mal. A impunidade é o manto sob o qual o
mal floresce. A propósito, o que dizes?
I PRÍNCIPE: Tu dizias que representas Roma.

PILATOS: E tu Caifás o que dizes?

CAIFÁS: Que só tu podes matar.

PILATOS: e tu Anás?

ANÁS: Pretendia dizer. Tu Pilatos é que parece que esqueceste do tipo de autoridades ao
qual estais subordinado.

Fugiu de tua memória que essa autoridade se chama Tibério? E tu bens conhece o orgulho
e a violência de Tibério.

PILATOS: E tu me ameaças com ela?

ANÁS: És tu que te expõe a ela.

I PRÍNCIPE: Tibério precisa de um governados na Judéia e esse agora és tu. Poucos


podem obrigar a Tibério que esse governador deva permanecer essencialmente.

ANÁS: Pilatos, muitos porém podem impor a Tibério que Pilatos deixe-o de ser.

PILATOS: E tu por exemplo.

ANÁS: Herodes com certeza.

PILATOS: E Anás com certeza e Caifás com certeza, e todos vós podeis é claro, fazer com
que Tibério tire Pilatos do Governo da Judéia, mas o que não podeis evitar é que a
Judeia tenha um Governador Tibério, o que não podeis evitar neste momento é que este
Governador seja Pilatos.

Pilatos representando o poder conquistador, o poder impune, o poder da morte, sobre vós
Anás, vos Caifás, e vós outros Príncipes e Sacerdotes que aqui representais e apenas um
povo subjugado. Eis o vosso rei!

CAIFÁS: Crucifica-o!

ANÁS: Crucifica-o!

PILATOS: Ei de crucificar o vosso rei?

ANÁS: Não temos outro rei senão César!

PILATOS: Eis de crucificar o vosso Deus?

ANÁS: Não temos outro Deus, se não o Deus de Moisés.


(Pilatos lava as mãos)

PILATOS: Eu sou inocente do sangue deste homem, a vós pertence toda a


responsabilidade. Que o seu sangue não caia sobre mim!

CAIFÁS: Que o seu sangue caia sobre nós e nossos filhos!

ANÁS: Caia sobre nós!

PILATOS: Que seja crucificado!

(Jesus é condenado e carrega a cruz até o monte Calvário)

CENA 9: VIA SACRA

ANUNCIANTES: A JUSTIÇA DE PILATOS CONDENOU JESUS, O NAZARENO

SE QUEREIS PROVAR A SUA INOCÊNCIA, APRESSAI-VOS

NÃO HÁ MAIS TEMPO

(Esse trecho é repetido diversas vezes até a crucificação)

MARIA: Será preciso todo esse sofrimento, João?

JOÃO: A palavra do profeta tem de ser cumprida não pode ser alterada!

MARIA: Exceto por Deus, exceto por Deus! Somente ele poderá alterá-la, pois ninguém
pode exercer pressão sobre a sua mão ou saciar sua misericórdia.

Ele que salva inocente e ovelha da boca do leão. Ele que protege o cordeiro das garras
afiadas da águia. Ele que cria e altera as ordens das estações e o caminho do mundo. Não
poderá Ele, enviar um anjo pra deteriar a espada que ameaça a realização do sacrifício. Ele
determinará o destino de meu filho, levando pra sentar a sua direita como foi predito pelas
palavras do Rei Davi, o meu filho subirá aos céus como Elias numa carruagem de fogo!

JOÃO: Como Elias não, segundo a profecia Ele terá uma morte infame, morrerá como
homem qualquer desprezado e humilhado!

MARIA: Não! A Deus nada é impossível, Ele que pode modificar o curso do universo não
seria capaz de apagar os pecados do mundo sem derramar o sangue de meu filho?

MADALENA: Vejam, aí vem Jesus!

(Jesus aparece carregando a cruz sobre cuspes, açoites e zombarias da multidão)


MARIA: Pai celeste! Tem piedade de mim, não me poupes qualquer sofrimento! Mas
não me separes do meu filho!

(Nesse momento acontece a via sacra, onde acontece os eventos que antecedem o
Calvário)

(Jesus cai)
Meu filho!!

MULHER: Senhor, quem irá rogar por nós?

JESUS: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, chorais por vós e pelos vossos filhos,
porque dias virão em que se há de dizer felizes as histeria, felizes a entranhas que não
poderão conceber e os seios que não apoderam amamentar então os homens dirão aos
montes cair sobre nós e as colinas. Se eles fazem isto ao meio verde o que acontecerá ao
meio seco.

(Durante essa cena, Jesus cai pela segunda vez, Verônica enxuga o rosto
ensanguentado de Jesus e Simão de cirineu é ordenado à ajudar a Jesus carregar a
cruz pelo resto do caminho)

CENA 11: O SUICÍDIO DE JUDAS

JUDAS: Vós que passais, detenha-vos!, Vós que os detivesse, olhai para mim!

Aqui está o homem. Eu, Judas. Eu mesmo quando me recordo minha sombra estremece
toda a minha carne. Aonde ides com tanta pressa? Ver um Deus morrer?, Ha!Ha!Ha! Esse é
o vosso destino, essa é a vossa vingança, a nossa vingança, assistir a morte dos Deuses,
Ha!Ha!Ha!

Eu o traí, ele saia-lhes. Eis o que seu pai Deus dos exércitos me disse:
"Judas traidor, tu és o símbolo do mal!", pois que seja! Símbolo mal, símbolo da
desgraça, símbolo da traição e da vergonha, do ódio, do despreso e da perversão.

Lembra-te também que Judas que tudo isto é o teu filho e tua obra, pai do traidor. Porque
me fizeste mal? Por que não pudestes me fazer bom? Por que fazes a morte subir pelas
nossas janelas, entrar nas nossas casas para exterminar as nossas crianças nas ruas e os
nossos jovens na praça? E por isso nos desses olhos? Para chorar a morte dos mortos e
lábios para beijar os lábios dos mortos, e mãos para enterrar o corpo dos mortos!

Espírito para recordar a lembrança dos mortos, só basta de viver da morte, basta de viver
dos mortos! Por que se dá vida aos amargurados de ânimo?

CONSCIÊNCIA: Pergunta-me?
JUDAS: Quem és?

CONSCIÊNCIA: Teu irmão da amargura!

JUDAS: Então nada tens a dizer.

CONSCIÊNCIA: Por que o traíste?

JUDAS: Há também a tua consolação é a miséria do homem, pois não te consolará da


minha infâmia. A imensidão do seu amor me sucova, e no infinito de sua misericórdia me
causavam náuseas.

Ele tinha segredo queria matar o nosso velho Deus, acredita-lhes que seria possível viver
sem o nosso velho Deus sem a ira da sua voz e a implacável vingança de sua mão, sem
eterno furo de sua presença. Ha, Ele tinha também uma terrível e louca missão queria
limpar-nos dos nossos pecados, carregar sobre ele os nossos pecados. O que seria de nós
de nossa vida sem pecado, que seria de nós sem o de nosso Deus sobre nós e sem o seu
ódio sobre os nossos inimigos?

Diz-me, tu poderias viver assim? Sem ódio, sem vingança, sem pecado e sem remorso,
sem nada que justificasse a vida!

CONSCIÊNCIA: Não estamos falando de mim!

JUDAS: Nem de mim! De repente tudo ficou vazio! Eu não sei mais onde está o começo,
nem o fim, nem o porquê das coisas. Apenas um imenso cansaço que me escorre como
água pelo corpo!

CONSCIÊNCIA: Vem comigo? Terás descanso absoluto!

JUDAS: É inútil é a alma também, um mar de amargura entrou-me pela boca e afoga-me o
coração!

CONSCIÊNCIA: Vem! Para o descanso absoluto!

JUDAS: E Qual é o teu descanso absoluto?

CONSCIÊNCIA: O que a morte dá!

JUDAS: Não morte, morte, não a morte!

CONSCIÊNCIA: Então vive com tuas lembranças, e teus remorsos, teu pecado, e teu
desespero!

JUDAS: Morte sempre morte, apenas morte!

CONSCIÊNCIA: Ou jugas-te antes de te clamar aos céus?


JUDAS: Se eu me falar nem por isso se aplacará a minha dor!

CONSCIÊNCIA: Então calas!

JUDAS: Se eu calar nem por isso se afastará de mim!

CONSCIÊNCIA: Então clamas o que te ajudas a desabafar, podes rir, chorar!

JUDAS: Não, não há mais risos nesses lábios, nem canções nesses ouvidos, nem mais
pranto nos meus olhos. Só desencanto no meu coração!

CONSCIÊNCIA: Vem, meu irmão do desespero? Vem comigo para a noite do homem, onde
tudo se apaga, onde nada verás, nada ouvirás, nada sentirás! Nem ódio, nem amor, nem
pecado, nem perdão, nada, apenas nada!

JUDAS: Acabou se a minha fé e ela está banida da minha boca!

CONSCIÊNCIA: Deus não está mais contigo!

JUDAS: Não tenho mais perguntas! Judas vai para a morte Deus do exércitos, contra
minha vontade me lanças-te ao mundo viu, contra tua vontade saí dele. Evitas se podes
que Judas morra, evitas se pode que Judas destrua a má obra que fizestes!

(Judas amarra a corda em seu pescoço)

Satanás, em tua mão entrego o meu corpo!

(Judas morre)

CENA 12: CRUCIFICAÇÃO

(Estamos no monte Calvário, onde ocorre os últimos acontecimentos da via sacra.

Jesus é crucificado, no meio de dois ladrões e colocado uma placa sobre a cruz
mostrando que aquele era o rei dos judeus.

Os fariseus e diversos ao redor zombam de Jesus)

ANÁS: Tu que destruirias o templo e em três dias o haverias de reconstruir, salva-te a te


mesmo.

SOLDADO: Se és o rei de Israel desse agora desta cruz e acreditaremos em ti.

CAIFÁS:Tu que salvava os outros salva a te mesmo, salva-te a ti mesmo. Si és na


verdade o Cristo, o eleito de Deus. Não te entregastes nas mãos de Deus, pois que ele
venha te salvar se de fato te ama.
I PRÍNCIPE:Se és o rei da Judéia salva-te a ti mesmo.

JESUS: Pai perdoa-lhes porque eles não sabem o fazem.

LADRÃO 2: Não és tu o cristo, pois salva a ti mesmo e salva a nós também.

LADRÃO 1: Não temes a Deus quando sofre o mesmo suplício. Nós sofremos os castigos
de nossos crimes, mas ele nada de mal fez.

LADRÃO 1: Senhor lembra-te de mim quando entrares no teu reino.

JESUS: Em verdade eu te digo que ainda hoje estarás comigo no paraíso.

MARIA: Meu filho!

JESUS: Mulher eis aí o teu filho, João aí tens a tua mãe.

Meu Deus, meu Deus, por que


me abandonaste?

Eu tenho sede, eu tenho sede, eu tenho sede.

Tudo está consumado.

Pai em tuas mãos entrego o meu espírito.

(Jesus morre)

CENA 13: MADRE DOLOROSA

SOLDADO: Quebrem as pernas dos condenados.

CONDENADOS: Ai! Ai!

SOLDADO: Não,este está morto vou tratá-lo como um rei em combate.

MARIA: Não!

(O soldado perfura Jesus com a lança e de seu corpo sai água e sangue)

JOSÉ DE ARIMATÉIA: Trago autorização de Pilatos para que me entregues o corpo de


Jesus.

(Jesus é descido da cruz)


MARIA: Pobre filho,quanto sangue, quanta ferida nessa carne dilacerada, quanta dor em
teu corpo torturado, quanta miséria nesse rosto escarnecido, quanto horror pobre filho
no teu cadáver esmaecido.

(Jesus é sepultado)

SOLDADO: Ficai aqui de guarda. São ordens de Pôncio Pilatos atendendo ao pedido dos
judeus. Eles temem que os discípulos do Nazareno possam roubar o corpo.

(Mas então, a pedra que era a porta do sepulcro se abre sozinho e de lá sai Jesus
Cristo ressuscitado)

CENA 14: A RESSURREIÇÃO

(Maria Madalena foi visitar o sepulcro mas encontrou ele aberto e sem ninguém,
então começa a chorar)

ANJO: Por que choras, mulher?

MADALENA: É que tiraram meu Senhor e não sei onde o colocaram!

ANJO: A quem procuras?

MADALENA: A Jesus! Se foste tu que o tiraste dize-me onde puseste e eu o levarei


comigo!

ANJO: Por que procurais aquele que está vivo entre os mortos?

Cristo ressuscitou conforme tinha dito, ide ter com vossos irmãos e dize-lhes que Jesus
subirá glorioso para o Seu Pai e Vosso Pai, para o Meu Deus e Vosso Deus, e que em 40
dias se cumpriram todas essas verdades, avisai a todos que sigam para Galiléia lá eles o
verão!

MADALENA: Jesus vive! Jesus vive! Jesus vive!

(Todos comemoram a Vitória de Jesus contra a morte e o espetáculo termina com


Jesus sendo elevado aos céus)

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