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PRÓLOGO
MOISÉS: No princípio era o verbo, e o verbo era Deus. E o verbo estava em Deus. Ele
estava no princípio em Deus.
ELIAS: Todas as coisas foram feitas por ele, e nada do que foi feito, foi feito sem ele.
MOISÉS: Nele estava a vida, e a vida era luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas,
e as trevas não a compreenderam
ELIAS: Era a luz verdadeira, que ilumina todo homem que vêm a este mundo. Estava no
mundo, e o mundo foi feito por ele e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu e os
seus não o receberam
MOISÉS: Mas a todos quantos o receberam, e a todos que creem em seu nome, deu o
poder de se tornarem Filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem do desejo da
carne, nem da vontade do homem, mas pela graça de Deus.
MOISÉS: E nós vimos a sua glória, a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de
verdade.
DEMÔNIO: Eis o mundo lá, resplandecente de ouro e mármore é Roma, dali Tibério
domina a terra, sobre as cinzas das nações conquistadas os Césares construíram este
imenso império. O ódio foi que deu isto a Roma, pois só pelo ódio se conquista e
constrói.
DEMÔNIO: Junta o ódio daqueles que odeiam porque nasceram cegos, tronchos e
alejados.
DEMÔNIO: Junta o ódio daqueles que odeiam porque nasceram cheios de doenças e
encobertos de miséria.
DEMÔNIO: Junta o ódio daqueles que odeiam porque sofrem fome e sede.
DEMÔNIO: Junta o ódio que subia nos olhos dos revoltados escravizados e dos que
sofrem injustiças e iniquidades.
DEMÔNIO: Pega também o teu corpo e a tua alma e enche-os de ódio até a fronteira da
loucura.
DEMÔNIO: Toma então esse mar de ódio e com ele varre a face da terra.
JESUS: Retira-te Satanás, porque está escrito ao Senhor teu Deus adorarás e somente a
ele servirá.
DEMÔNIO: Escuta Jesus! Tu te glória com o nome de Judeus julga ser a luz dos que
erram nas trevas, mas aí estão tu e teu povo há 500 anos à espera de um messias.
DEMÔNIO: Aqui está quem tu expulsas, quem tem poder para fazer-te maior do que
Moisés que de uma leva de escravos desde uma nação busca o trono de Davi.
DEMÔNIO: Aqui está quem tu expulsas, quem tem poder para dar-te um trono maior do que
o Tibério.
DEMÔNIO: Ai de ti Jesus de Nazaré.
DEMÔNIO: Ai de ti que terás teu corpo reduzido a cacos como um vaso de leiro.
DEMÔNIO: Ai de ti que serás desprezados o últimos dos homens ,um homem de dores,
homem ferido por Deus e Humilhado.
JESUS: Repousa sobre mim o espírito do Senhor, ungiu-me para anunciar a boa nova aos
pobres. Enviou-me para pregar a liberdade aos escravizados, dar aos cegos a luz dos olhos
e levar aos oprimidos a redenção para atribuir o não da graça do Senhor.
JESUS: De vós farei pescadores de homens. Felipe, Bartolomeu, Tomé, Mateus, Tiago
filho de Alfeu, Tadeu, Simão, Judas.
JESUS: Bem aventurados, vós que sois pobres, vosso é o reino de Deus.
Bem aventurados vós que tendes fome, sereis saciados.
Bem aventurados vós que agora chorais, serão consolados.
Bem aventurados os que têm sede de justiça, sereis justiçados.
Bem aventurados os puros de coração, vereis a Deus.
Bem aventurados os meigos, porque possuíram a terra.
Bem aventurados os misericordiosos porque
alcançarão misericórdia.
Bem aventurados os pacíficos porque serão chamados filhos de Deus.
Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo. Mas ai de vós que sois ricos, já
tendes a vossa consolação. Ai de vós que estais fartos, sofrereis fome. Ai de vós que
agora rides, haveis de andar de luto e chorar. Ensinaram vos o que foi dito: amarás o teu
próximo e terás ódio ao teu inimigo. Eu, porém vos digo, abençoai os que vos amaldiçoam e
orai pelos que vos caluniam.
MENDIGO: Dos antigos o que ouvimos foi: olho por olho e dente por dente.
JESUS: Conheceis os mandamentos: não matarás, não roubarás, não levantarás falso
testemunho, não cometerás adultério, honrarás pai e mãe. E digo mais, que os ricos
vendam tudo o que tenham e distribuam com os pobres pois, mais fácil é passar um
camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no céu.
JESUS: Não vos preocupeis com o que haveis de comer, de beber, de vestir. Não vale a
vida mais que o alimento e o corpo mais que o vestido. Considerais os pássaros dos céus,
não semeiam, nem recolhem em celeiros, vosso Pai celeste é que lhe dá de comer.
Não sois acaso muito mais do que eles. E por que andeis inquietos pelo o que haveis de
vestir. Olhai como são belos os lírios do campo, não trabalham, não fiam, não tecem. E no
então eu vos digo que nem Salomão em toda sua glória, jamais se vestiu como um
deles. Se Deus veste assim a erva que hoje está no campo e amanhã será lançada ao
fogo, quanto mais a vós, homens sem fé? Não andeis inquietos com o dia de amanhã, o
dia de amanhã cuidará de si mesmo.
MULHER: Deixai-nos passar, queremos falar com o mestre, queremos falar com o mestre,
queremos falar com o mestre.
JESUS: Deixai vir a mim as criancinhas. Não há detenhas porque delas é o reino de Deus.
Se não vos tornares parecidos com as crianças não entrareis no reino dos céus. Quem
acolher em nome de uma criança assim é a mim que acolhe. Mas ai de quem a
escandalizar a um destes pequeninos que crêem em mim. Melhor fora que lhe atirassem ao
pescoço uma pedra de moinho e o jogassem ao fundo do mar.
JESUS: Glorifico-te Pai Senhor do céu e da terra. Porque ocultaste estas coisas aos
sábios e as revelaste ao simples. Vinde a mim todos vós que andais angustiados e
oprimidos. Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e achareis descansos
para vossas almas, pois a minha doutrina é leve e suave é a minha lei.
PEDRO: Mestre ensinamos a rezar, como também João Batista ensinou a seus discípulos.
INFORMANTE: Mestre! Mestre! Jesus! Mestre! Mestre! Jesus! Jesus! Mestre! Sai retira-te
daqui porque Herodes te quer matar.
JESUS: Vai e diz a Herodes que vou expulsando demônios e fazendo curas hoje e
amanhã e só no terceiro dia terminarei, mas hoje amanhã e depois de amanhã tenho de
caminhar. Porque não provam que o profeta pereça fora de Jerusalém.
PEDRO: Maldito. E o que diz o povo, que faz o povo? João precisa ser libertado.
INFORMANTE: Quando as espadas estão nos punhos dos soldados de Herodes, que pode
fazer o povo? Quando as lanças estão nas mãos dos legionários de Roma, que pode
fazer o povo? Vem cá! Lança tua vista até o horizonte, vês alguma árvore? Aquelas
sombras ao longe parecem de árvores, porque as árvores estão plantadas na terra, mas
são cruzes. Antes milhares de árvores, agora cruzes, uma cruz para cada homem que se
decidiu a falar ou agir.
PEDRO: Devemos falar até que a última árvore seja transformada em cruz. Há mais
homens sob o jugo de Roma que árvores nos montes da Galiléia.
CENA 3: O TEMPLO
MULTIDÃO: Bendito seja o rei de Israel! Glória nas alturas! Bendito seja o Pai de Davi
que venha a subestimar! Bendito seja Israel!
JESUS: Tirai daqui estas coisas! Não está escrito que minha casa é casa de oração. Vós
porém a transformastes num covil de ladrões.
CAIFÁS: Quarenta e seis anos levou a construção desse templo, e tu pretendes reedificá-lo
em três dias?
ANÁS: Sabemos que és amigo da verdade. Qual é a tua opinião? É justo pagar tributos a
Cesar?
ANÁS: De César.
JESUS: Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não anda em trevas e terá a luz da vida.
ANÁS: Até quando nos traze na incerteza. Se és o Cristo, porque não o dizes
abertamente.
ANÁS: És um impostor, que veste o grosseiro manto dos profetas para profetizar a
mentira.
POVO: Blasfemar! Blasfemou! Ele está blasfemando. Ele está blasfemando cada vez mais.
E a nossa honra!
FARISEU: Esta mulher, foi apanhada em adultério, pois César ordenou que se
apedrejassem essas mulheres. E tu que dizes?
I PRÍNCIPE: Se nada dizes vamos cumprir a lei. E te escolhemos para atirar a primeira
pedra.
JESUS: Aquele que não tiver pecado, que atire a primeira pedra! Mulher onde estão os que
te acusavam, ninguém te condenou.
ADÚLTERA: Ninguém Senhor!
Também vos pareceis justos aos olhos dos homens, quando no interior estais cheios de
roubos e de perversões.
JESUS: Isto vos escandaliza. E quando virdes o filho do homem subir para onde estava
antes. Jerusalém! Jerusalém, que mata os profetas e apedreja aqueles que te são enviados.
Eis que a tua casa ficará deserta, pois vos declaro que não me tornares a ver, até o dia em
que todos dirão, bendito aquele que veio em nome do Senhor!
JESUS: Pensais que vim trazer a paz à terra, não digo-te eu, mas a espada. Daqui por
diante haverá discórdia entre cada ciclo em que se acharem na mesma casa, eu vim pra
lançar fogo a terra e como desejo que arda.
CENA 4: O SINÉDRIO
ANÁS: Ele deve ser preso e condenado. Seus discursos influenciam a imaginação popular.
NICODEMOS: Não. Mas o homem que queres prender é considerado o profeta pelo povo!
FARISEU: É um farsante!
NICODEMOS: Também das bandas de Tiro e de Sidom afluem massas enormes desde que
ouviram falar sobre os milagres que realiza.
CAIFÁS: Viste-o entrando na cidade? Sua insolência e ousadia a frente da ralé? Altercando
no templo! Derrubando mesas e bancas, agredindo pessoas e distribuindo pancadas!
FARISEU: Prendê-lo, Sim. Mas que não seja no dia da festa, a fim de que não amotine o
povo.
CAIFÁS: Que seja no dia da festa! A fim de que sirva de exemplo ao povo. É necessário
que ele morra! Não vedes o quanto é de vosso interesse que apenas morra um homem e
que a nação não pereça?
NICODEMOS: É claro! Quando Herodes viu que o povo se reunia em volta de João, o
Batista, o tenarca temeu que ele levasse as turvas à revolta. Um golpe de espada e uma
cabeça rodando. O reino, a nação e a consciência estavam salvos.
ANÁS: Que estranho prodígio é esse… que se abate sobre a nação fazendo perecer a
sabedoria de seus sábios e desaparecer o entendimento de seus prudentes.
Não conseguem pressentir o quer dizer esse ruído de cidade alvoroçada? Não entram em
vossos narizes os ares e presságios que prenunciam essa tempestade de ódio? Não vedes
fugidinhos lampejos e lâminas já sacadas na tocaia ansiosa de uma garganta para aquecer
o ácido gélido?
Agora estais percebendo pois que há medo em vosso silêncio! Sabeis qual sangue banhará
as pedras? Sangue de judeu!
Vosso sangue derramado por judeus e romanos, se os homens de Jesus de Nazaré estão a
amotinar o povo todo. Esqueceste o que aconteceu quando os judeus se rebelaram contra
Arquelão? Pois eu vos lembro: Três mil homens morreram nos atros desse templo! E
depois, em vez de liberdade, vieram romanos, como antes viram assírios, persas e outros
invasores. Podeis segurar em vossas mãos e enfiar em vossos corações, todo ódio e
miséria de uma nação cuspida e esbofeteada?
Pois deixai livre Jesus de Nazaré e seus discípulos, que, pela sua agitação, eles decidam
nosso destino! Ide vós também atrás dele! Engrossa as fileiras da revolta!
JOSÉ DE ARIMATÉIA: Ninguém pode fazer o que ele faz, se Deus não estiver com ele!
CAIFÁS: Jesus de Nazaré deve ser destruído! Agora basta! Porque ele já não se contenta
mais em pregar uma nova lei, e se investiu do poder e infringiu as leis e as causas! Não
permitiremos que Jesus prossiga, ele deve ser eliminado, para o sossego da lei e
segurança da ordem.
JUDAS: Eu sou Judas Iscariotes, seu discípulo. Sei que quereis prendê-lo.
CAIFÁS: É pouco?
JUDAS: Esta noite. Hoje à noite, no horto onde todos se recolhem para dormir.
ANÁS: Toma!
(entrega as moedas para Judas)
JOSÉ DE ARIMATÉIA: Judas, pelo preço de um vil escravo, entregas o teu mestre.
NICODEMOS: Judas, teus pés correm para o mal e se apressam derramar sangue. Por
quê?
JESUS: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta páscoa, porque não mais
comerei outra antes da páscoa perfeita, aquela que será celebrada no reino de Deus.
PEDRO: Ainda estão abertas algumas portas, podemos sair sem que nos vejam.
JOÃO: Assim não poderão te prender.
(Judas chega)
JOÃO: Nós?
JOÃO: Aqui onde há somente amor por ti não pode estar o fel do traidor.
JESUS: Um de vós que come agora comigo há de me entregar. Esta noite todos vós
escandalizareis, pois está escrito:
“Ferirei o pastor e as ovelhas serão desperdiçadas. Mas depois de ressuscitado irei adiante
de vós para a Galiléia.”
JESUS: Pedro, Simão Pedro, Satanás te reclamou por insistência para te jurar contra o
trigo. Mas eu roguei por ti para que tua fé não falte e tu uma vez convertido confirma os teus
irmãos.
JESUS: Ah Pedro, em verdade eu digo que ainda esta noite, antes que o galo cante duas
vezes três vezes me terás negado.
JESUS: O filho do homem vai para morte conforme estava escrito, mas ai daquele por
quem o filho do homem foi traído, mais valeria este homem não ter nascido.
JOÃO: Quem é?
Tomai todos e bebei, este é cálice do meu sangue da nova e eterna aliança que será
derramado por vós e por todos para remissão dos pecados, fazei isto em minha memória.
(Judas sai)
JESUS: Vou preparar um lugar para vós , depois que eu tiver ido e vos tiver preparado o
lugar viverei novamente e vos levarei comigo. Para que onde eu estiver estejais voz
comigo. E sabeis para onde vou e sabeis o caminho.
PEDRO: Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?
JESUS: Eu sou caminho, a verdade e a vida ninguém chega ao pai se não por mim,
acreditai sobre a minha palavra aquele que me ama será amado pelo meu pai e eu o
Te amarei também e me manifestarei a ele.
JESUS: Se vos fosse do mundo o mundo amaria o que era seu mas vós não sois do
mundo eu é que vos escolhi de seu meio. Por isso o mundo vos odeia. E se o mundo voz
odeia sabeis que primeiro do que a voz o mundo me odiou. Por eu vos dizer estas
coisas a tristeza encheu o vosso coração haveis de ter aflições no mundo mas tende
confiança eu venci o mundo. Em verdade eu vos digo se o grão de trigo não for lançado a
terra e morrer ficará a sós consigo mais se cair em terra e ai morrer produzirá muitos
frutos. Não se enturme a vossa alma eu vos dou um novo mandamento que vos ameis
uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua
vida pela vida do seu amigo, amai-vos uns aos outros. Agora eu deixo este mundo e volto
para junto de meu pai.
Pai manifestei o teu nome aos homens que me deste no mundo, estes agora conheceram
que todas as coisas que me deste vem de ti, e conheceram verdadeiramente que eu saí de
ti, e creram que me enviaste. Dei-lhes a tua palavra e o mundo vos odiou, Pai o mundo não
te compreendeu, não peço que os tire do mundo, mas que os guardem do mal, eu não rogo
somente por eles, mas por todos os que hão de crer em mim por meio de suas palavras. É
chegada a hora em que o filho do homem vai ser glorificado, agora minha alma está
abalada, que direi? Pai salva-me desta hora, mas se for precisamente para isto que me
sobreveio esta hora, Pai glorifica o teu nome.
(Todos na mesa param numa pose em referência ao quadro: “Santa Ceia” de Da Vinci)
JESUS: João Pedro, Thiago. Ficai aqui e vigiai comigo. Rezai também para não sucobides
a tentação.
João, Pedro Thiago, tu dormes Simão. Então não conseguiste vigiar uma hora comigo. O
espírito está pronto, porém a carne é fraca. Dormi agora e descansai, eis que está próxima
a hora do filho do homem que será entregue aos pecadores.
DEMÔNIO: Tu não beberás se esta não for a tua vontade. Tu só beberás se esta for a tua
vontade. Porventura Elza criou a terra em confusão e fez estremecer os arreios.
Também foste ferido com um simples mortal, foste longe demais como homem.
Provocaste forte e poderosos ficaste perto demais com Deus desembeste fracos e
escravizados os que te amam estão nus como encontrastes e campos e tribunais
continuam cheios de violência.
JESUS: Bem aventurados vós que sois pobres vosso é o reino de Deus.
DEMÔNIO: Não tiveste força para derrubar os que estão nos tronos e nem poder para livrar
dos que estão nos arranhões. Os filhos do homem agora como antes são cheios de
trabalhos, dores e amargura.
DEMÔNIO: Jesus de Nazaré, tu não beberás basta que der aos homens os que eles
querem. Dares ódio em vez de amor, dares guerra em vez de paz, dares terra em vez de
céu.
JESUS: Pai, afasta de mim este cálice! Não que eu queira mais o que tu queres.
(O demônio desaparece. Enquanto isso, Judas iscariotes aparece com uma tropa de
soldados)
A quem procuras?
A quem buscais?
JESUS: Já vos disse que sou eu, se é pois a mim que buscais deixai ir a estes.
SOLDADO: AI!
JESUS: Pedro guarda tua espada, pois quem ferir com a espada, pela espada morrerá.
SÚDITO: Digamos que como bons discípulos de Horácio: De beber, chegou a hora e das
danças e o prazer desfrutar.
HERODES: Digamos que como bons filhos de satanás: comamos e bebamos, porque
amanhã morreremos.
HERODES: Estou vendo! Parece pela companhia ser vosso propósito de interromper meus
momentos de prazer junto aos meus amigos.
HERODES: Por que eu? Por que vós aqui com esse sujo Galileu? Esquecestes que tendes
o mais alto tribunal dos judeus?
(Para Jesus)
Jesus de Nazaré… Então és tu…
CAIFÁS: Pilatos foi certificado que esse homem é Galileo. Manda-te para que o julgues,
pois esse é o teu domínio. Foi lá que começou a pregar suas doutrinas
HERODES: E o que é que ele prega? Podeis informar ao vosso amado rei?
ANÁS: É um agitador!
SÚDITO: Que os ricos devem vender o que tem, distribuir com os pobres e buscar o
caminho do céu.
(Herodes ri)
HERODES: Mas ele tem uma fértil imaginação e uma deliciosa doutrina!
Olha aí o meu céu, e sabe lá o diabo o quanto isso me custa!
CAIFÁS: Então achas deliciosa a doutrina que já arrasta milhares de homens ao apelo da
subversão? O astuto e hábil rei Herodes está encantado com o jovem Galileo, a ponto de
esquecer da sua própria coroa! Por que degolas-te João Batista? Porque o ama? Responde
Herodes!
HERODES: Cala-te!
ANÁS: O resto ouvirá de mim, Herodes. Degolates Batista porque temia a violência que sua
língua já armava e fazia tremer o teu trono. Por isso o mataste!
ANÁS: Mata-me, e deixa aí esse que é mais poderoso que João e fará com que teu trono
caia e role no povo a tua cabeça coroada.
CAIFÁS: Solta-o, Herodes. Solta-o e verá os seus milagres. Solta-o e provarás do teu
poder! Poder que transformará os teus súditos em rebeldes, que substituirão a moeda do
tributo, pelo punhal da vingança.
Se eu disser a este soldado: “Mata aquele homem!”, ele mata, mas nada acontecerá se eu
disser a essa coluna: “saia do meu caminho”. Tu podes fazer todas essas coisas?
Disseram-me que num festim como esse fizeste um belo milagre. Repete-o agora para teu
rei. Transforma essa água em vinho.
Vamos! Estou propondo um acordo entre poderosos. Pilatos enviaste a mim para que eu te
julgue. Basta-me um gesto e irás para o cárcere. Ou outro gesto, o que faz levantar uma
espada e cair uma cabeça.
Mas eu também posso dizer: “Este homem é inocente.” mandar que sejas solto e permitir
que saia desta áspera Judéia, descalvados rochedos, céu em fogo e corações em ódio.
Levar-te comigo para a Galiléia. Sabes que o Jordão está burlado de tamarindos. E
dourados estão os campos de cevada e trigo.
O irmão agora reflete a sua neve, no espelho azul no lago de Genesarét, cuja borda está
batizada de casais enamorados. Recordas como é vivo o vento dos Securos.
Como também os teus homens te abandonaram ao deixarem te prender! Nada mais és!
Nem Mágico!
É esse o vosso profeta agitador? Um pobre diabo ao qual até a língua se nega a obedecer
em sua própria defesa?
Aqui entrastes aterrados ante ao poder que faria voltar ao nada aos príncipes, tornarem aio
os reis e as suas princesas em amas. E olhai os que vos devolvo:
Olhai o agora, com a “Túnica dos tributos em debate”! Tremei homens, este é o que
derrubará as tendas e fazer crescer espinhos nos palácios.
Tremei, Anás e Caifás, pois que vai ao campo o que esmagará com vossas cabeças!
Tremei com ele, todos! E de funesto, o medo já vos contagiou sua fraqueza.
Ide vos daqui. Todos, a Pilatos. A sombra cuja o poder agasalha os covardes do mundo.
PILATOS: Nem Herodes tão pouco, nem vedes nada há contra ele que lhe faça merecer a
morte.
ANÁS: Vais pôr em liberdade um criminoso, que aqui trazemos para que o condenes.
JESUS: Tu dissestes, sim sou Rei. Para isto nasci e vim ao mundo, para dar testemunho
da verdade. Todo homem que ama a verdade escuta a minha voz.
PILATOS: E o que é a verdade? De quem é a verdade? Tua? Que afirma ser rei, que dizes
ter reino e servos, e que impede que os teus homens lutem e te defendam. Que permites
como rei que te prendam e até as mãos. A verdade deles que aqui te trazem como
bandido é falso rei para o qual pedem a morte?
Ou a minha verdade que de tudo isto está farda! Disseste-me ser rei de uma reino o qual os
homens não lutam e vivem sobre o
império da verdade. os homens só não aceitam a luta quando lhe faltam ódio. Estais
certos de que ele não é um louco?
PILATOS: Se ele não é louco? De onde vem então toda loucura que vos fez invadir todo
o pátio e que convosco já sobe essas escadarias, vem a caso a loucura de dentro de voz?
Em nossas prisões encontra-se preso Barrabás. A quem queres pois que eu liberte, a Jesus
de Nazaré ou o assassino Barrabás?
ANÁS: Barrabás?
PILATOS: Barrabás?
ANÁS: Barrabás!
ANÁS: A morte!
ANÁS: Crucifica-o!
CAIFÁS: A morte!
ANÁS: Sabe Pilatos que o direito a 40 anos da morte nos foi tirado.
CAIFÁS: Nós temos uma lei e segundo a lei ele deve morrer!
PILATOS: Ele se diz isso? De onde és tu? Quem és tu? Levantam graves acusações contra
ti, pedem a tua vida e que eu te condenes e nada dizes? Então não sabes que tenho poder
para te crucificar e que tenho poder para te dar a liberdade?
JESUS: Poder algum tu não terias sobre mim se do alto não te fosse dado, por isso,maior
pecado tem quem me entregou a ti.
PILATOS: Trazei Barrabás. Eis que cumpro minha palavra, conforme o vosso desejo
Barrabás é livre.
PILATOS: Basta! Acabe de assaltar-me uma impressão de que pareceis ter esquecido do
tipo de autoridade ao qual vos estas dirigindo. Inexplicavelmente fugiu de vossa memória
que essa autoridade representa Roma. Eu é quem decido, a quem, quando e como se deve
matar. Só Roma pode matar. Dizes bem só eu posso condenar à morte.
Já notaste isso, esse problema do poder, até mesmo o irracional pode dar a vida, mas a
dor, a injustiça, a morte, o mal enfim em toda sua dimensão, só pode ser imposto pelos
poderosos . Em resumo, sem o poder não há o mal. A impunidade é o manto sob o qual o
mal floresce. A propósito, o que dizes?
I PRÍNCIPE: Tu dizias que representas Roma.
PILATOS: e tu Anás?
ANÁS: Pretendia dizer. Tu Pilatos é que parece que esqueceste do tipo de autoridades ao
qual estais subordinado.
Fugiu de tua memória que essa autoridade se chama Tibério? E tu bens conhece o orgulho
e a violência de Tibério.
ANÁS: Pilatos, muitos porém podem impor a Tibério que Pilatos deixe-o de ser.
PILATOS: E Anás com certeza e Caifás com certeza, e todos vós podeis é claro, fazer com
que Tibério tire Pilatos do Governo da Judéia, mas o que não podeis evitar é que a
Judeia tenha um Governador Tibério, o que não podeis evitar neste momento é que este
Governador seja Pilatos.
Pilatos representando o poder conquistador, o poder impune, o poder da morte, sobre vós
Anás, vos Caifás, e vós outros Príncipes e Sacerdotes que aqui representais e apenas um
povo subjugado. Eis o vosso rei!
CAIFÁS: Crucifica-o!
ANÁS: Crucifica-o!
JOÃO: A palavra do profeta tem de ser cumprida não pode ser alterada!
MARIA: Exceto por Deus, exceto por Deus! Somente ele poderá alterá-la, pois ninguém
pode exercer pressão sobre a sua mão ou saciar sua misericórdia.
Ele que salva inocente e ovelha da boca do leão. Ele que protege o cordeiro das garras
afiadas da águia. Ele que cria e altera as ordens das estações e o caminho do mundo. Não
poderá Ele, enviar um anjo pra deteriar a espada que ameaça a realização do sacrifício. Ele
determinará o destino de meu filho, levando pra sentar a sua direita como foi predito pelas
palavras do Rei Davi, o meu filho subirá aos céus como Elias numa carruagem de fogo!
JOÃO: Como Elias não, segundo a profecia Ele terá uma morte infame, morrerá como
homem qualquer desprezado e humilhado!
MARIA: Não! A Deus nada é impossível, Ele que pode modificar o curso do universo não
seria capaz de apagar os pecados do mundo sem derramar o sangue de meu filho?
(Nesse momento acontece a via sacra, onde acontece os eventos que antecedem o
Calvário)
(Jesus cai)
Meu filho!!
JESUS: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, chorais por vós e pelos vossos filhos,
porque dias virão em que se há de dizer felizes as histeria, felizes a entranhas que não
poderão conceber e os seios que não apoderam amamentar então os homens dirão aos
montes cair sobre nós e as colinas. Se eles fazem isto ao meio verde o que acontecerá ao
meio seco.
(Durante essa cena, Jesus cai pela segunda vez, Verônica enxuga o rosto
ensanguentado de Jesus e Simão de cirineu é ordenado à ajudar a Jesus carregar a
cruz pelo resto do caminho)
JUDAS: Vós que passais, detenha-vos!, Vós que os detivesse, olhai para mim!
Aqui está o homem. Eu, Judas. Eu mesmo quando me recordo minha sombra estremece
toda a minha carne. Aonde ides com tanta pressa? Ver um Deus morrer?, Ha!Ha!Ha! Esse é
o vosso destino, essa é a vossa vingança, a nossa vingança, assistir a morte dos Deuses,
Ha!Ha!Ha!
Eu o traí, ele saia-lhes. Eis o que seu pai Deus dos exércitos me disse:
"Judas traidor, tu és o símbolo do mal!", pois que seja! Símbolo mal, símbolo da
desgraça, símbolo da traição e da vergonha, do ódio, do despreso e da perversão.
Lembra-te também que Judas que tudo isto é o teu filho e tua obra, pai do traidor. Porque
me fizeste mal? Por que não pudestes me fazer bom? Por que fazes a morte subir pelas
nossas janelas, entrar nas nossas casas para exterminar as nossas crianças nas ruas e os
nossos jovens na praça? E por isso nos desses olhos? Para chorar a morte dos mortos e
lábios para beijar os lábios dos mortos, e mãos para enterrar o corpo dos mortos!
Espírito para recordar a lembrança dos mortos, só basta de viver da morte, basta de viver
dos mortos! Por que se dá vida aos amargurados de ânimo?
CONSCIÊNCIA: Pergunta-me?
JUDAS: Quem és?
Ele tinha segredo queria matar o nosso velho Deus, acredita-lhes que seria possível viver
sem o nosso velho Deus sem a ira da sua voz e a implacável vingança de sua mão, sem
eterno furo de sua presença. Ha, Ele tinha também uma terrível e louca missão queria
limpar-nos dos nossos pecados, carregar sobre ele os nossos pecados. O que seria de nós
de nossa vida sem pecado, que seria de nós sem o de nosso Deus sobre nós e sem o seu
ódio sobre os nossos inimigos?
Diz-me, tu poderias viver assim? Sem ódio, sem vingança, sem pecado e sem remorso,
sem nada que justificasse a vida!
JUDAS: Nem de mim! De repente tudo ficou vazio! Eu não sei mais onde está o começo,
nem o fim, nem o porquê das coisas. Apenas um imenso cansaço que me escorre como
água pelo corpo!
JUDAS: É inútil é a alma também, um mar de amargura entrou-me pela boca e afoga-me o
coração!
CONSCIÊNCIA: Então vive com tuas lembranças, e teus remorsos, teu pecado, e teu
desespero!
JUDAS: Não, não há mais risos nesses lábios, nem canções nesses ouvidos, nem mais
pranto nos meus olhos. Só desencanto no meu coração!
CONSCIÊNCIA: Vem, meu irmão do desespero? Vem comigo para a noite do homem, onde
tudo se apaga, onde nada verás, nada ouvirás, nada sentirás! Nem ódio, nem amor, nem
pecado, nem perdão, nada, apenas nada!
JUDAS: Não tenho mais perguntas! Judas vai para a morte Deus do exércitos, contra
minha vontade me lanças-te ao mundo viu, contra tua vontade saí dele. Evitas se podes
que Judas morra, evitas se pode que Judas destrua a má obra que fizestes!
(Judas morre)
Jesus é crucificado, no meio de dois ladrões e colocado uma placa sobre a cruz
mostrando que aquele era o rei dos judeus.
LADRÃO 1: Não temes a Deus quando sofre o mesmo suplício. Nós sofremos os castigos
de nossos crimes, mas ele nada de mal fez.
(Jesus morre)
MARIA: Não!
(O soldado perfura Jesus com a lança e de seu corpo sai água e sangue)
(Jesus é sepultado)
SOLDADO: Ficai aqui de guarda. São ordens de Pôncio Pilatos atendendo ao pedido dos
judeus. Eles temem que os discípulos do Nazareno possam roubar o corpo.
(Mas então, a pedra que era a porta do sepulcro se abre sozinho e de lá sai Jesus
Cristo ressuscitado)
(Maria Madalena foi visitar o sepulcro mas encontrou ele aberto e sem ninguém,
então começa a chorar)
ANJO: Por que procurais aquele que está vivo entre os mortos?
Cristo ressuscitou conforme tinha dito, ide ter com vossos irmãos e dize-lhes que Jesus
subirá glorioso para o Seu Pai e Vosso Pai, para o Meu Deus e Vosso Deus, e que em 40
dias se cumpriram todas essas verdades, avisai a todos que sigam para Galiléia lá eles o
verão!