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GtICÓLISE

5o1"k
A glicose, consriruinte do amido e do glicogênio, é o principal gticídio que exisre **tgu'o
substância utilizada como substrato energético por todas as nossas células. Em termos
globais, 45o/a da energia requerida para manter o funcionãmento do nosso organismo são
provenientes da oxidação (Iise) da glicose por meio de uma via metabólica denominada
glicólise, também chamada devia glicolítica. Outros 45Vo são provenientes da oxidação dos
ácidos grâxos e os 107o restantes, da oxidação dos aminoácidos. Porém, algumas células
utilizam exclusivamente aglicose como combustível ao passo que outras, principalmente.
Exemplos:

í hemácias {não têm mitocôndrias) - exclusivamente;


,/ células nervosas - em condições fisiológicas normais, exclusivamente;
{ células musculares - durante exercício rigoroso fbaixas concentrações infracelulares
de oxigênio), principalmente;

A título de curÍosÍdade, vale lembrar que as hemásias ssnsomem, por dia, aprüximadamente
20g de glicose, e as células nervosas, 1209.
A glicólise é uma via citoplasmática que ocorre sem a neressidade da utilização de oxigênio e,
como pode ser visto no esquem a abaixo, o piruvato é o seu produto final, Os caminhos
metabólicos que esse piruvato irá seguir dependerão de determinadas circunstâncias,

TITOPTASMA

GLICOSE [6 C]
I

I eücólise
+
2 PTRUVATO [3 C]

condições \ condições
anaeróbiças \ anaeróbicas
\
2 etanol + 2C0z ?laüato [3 C]
fermenâ#a alçoólica fermentaçáo lática
{lerredurasJ (células musculares em atividade/henr$cÍasJ

MITOCONDRIÀ

ZPTR{IVATü [3 C]

üz

2 COr

2 acetil Co A [2 C]
I

+
Ciclo de Krebs

COr

cadeia respiratória

\*
ATP ^/ Hzomerabórica
Quando prevalecer a aerobiose (concentrações adequadas de oxigênio), o piruvato será
transportado para a mitocôndria e alimentarí indiretamente, o ciclo de Krebs [CK) e a cadeia
respiratória (CR), com a consequente formação de COz,ÂTP e água metabólica.

Quando prevalecer a anaerobiose, o piruvato será transformado ern lactato, na presença da


lactato desidrogenase {LDHJ. Uma questão metabólica importante se impõe nesse momento:
de que maneira o lactato serámetabolizado no nosso organismo, já que não pode permanecer
nem no meio intracelulan {pH torna-se ácido, inativando várias enzimas), nem na circulação,
para onde é liberado, pois provocaria acidose metabólica [lática)? Essa questão será resolüda
mais adiante.

Antes de se estudar a via glicolítica propriamente dita, é necessário que se tenha um


panorama do que acontece com a glicose logo após a sua entrada nas células por difusão
facilitada, mediada por um membro {proteína) dafamília CLUT.
hexoquinase
glicose + ATP ----) glicose 6 fosfato + ADP

Ao ser fosforiìada, a glicose adquire carga negativa e, assim, não volta para a circulação,
ficando aprisionada na célula. A hexoquinase catalisa essa reação em todas as células, mas
como mencionado na aula de enzimat nos hepatócitos e nas células F das ilhotas pancreáticas
essa reação também pode ser catalisada pela glicoquinase. É conveniente ressaltar que essa
reação é irreversível, e apenas nas células hepáticas, intestinais e renais poderá ser revertida
na presença da glicose 6 fosfatase. É em função da presença desta enzima que o fígado
controla a glicemia exportando glicose para a circulação. Para tal, os hepatócitos poupam
glicose e utilizam como principal combustível os ácidos gra:(os. Somente após ser fosforilada,
a glicose pode ser utilizada do ponto de vista metabólico, a saber:

glicólise
glicose 6 fosfato piruvato (em todas as células)
oxidação

via das pentoses pentoses (ribose e desoxirribose) pãra a formação de ácidos nucleicos
glicose 6 fosfato
oxidação intermediários da via glicolítica {frutose 6 fosf;ato e gliceraldeído 3 fosfrto}

Avia das pentoses ocorre apenas em alguns locais do nosso organismo, como, por exemplo,
fígado, glândula mamária em lactação e hemácias. Por outro lado, não existe nas células
musculares e, por fim, ao contrário da glicólise, nestã via oxidativa não há formação de ATP.
glìcogênese
glicose6fosfato<;?gIicogênio(principalmentenofígadoenomúsculo)
gllcogenonse

Não custa lembrar que o glicogênio ó a forma de reserva do excedente de glicose para
posterior uttlização, como, por exemplo, nos intervalos entre as refeições.
Glicose

Glicótise ATP
Fase preparatória hexoquinase (*)
ADP

Glicose 6 fosfato

rosfo glicose isomerase


ïI
Frutose 6 fosfato

ATP
fosfotrutoquinase 1
ADP (pFKr) (")

Frutos e L,6 bisfosfato

ardorase
ïl
(960/o) Dihidroxiacetona + gliceraldeído 3P (4o/o)
fosfato (DHAP)
OH
CHzO P \c/
I ï
C:O - C-OH
l
+l H

CHzOH CHzOP
triosefosfato isomerase (TPI)

Fase de obtenção do pÍruuato


OH ooP o OH
\/ (2)NADox (2)NADH+H+
\/ \ /
C C (2) ADP (2)ArP c
I _\{> I I
(2) H-C-OH+ (2) PioH (2) H- C- oH (2) H-C-OH
gliceraldeído 3 fosfato I
fosfoglicerato quinase
I I
I
fosfoglicerato mutase
CHzOP desidrogenase CHzOP CHzOP
gliceraldeído 3 L,3 bis fosfo 3 fosfoglicerato
fosfato glicerato

ooH ooH ooH ooH


\,2
C HzO
\/
c t''.ADP
(2) (2) ArP
\/
C
\/
C
I
I
(2) H- C- OP
enolase
(Z)c-oP\->
ll
a
piruvato quinase (*)
(2)
I

oH > (2) c-I

o
I

CHzOH CHz
fr- I
CHz CHg
2 fosfoglicerato fosfoenol piruvato enol piruvato piruvato
(PEP) (instável)

3
Ao se analisar o esquema da glicólise, deve-se ressalhr algumas observações importantes:

a) ^A
via glicolítica tem três enciÍffis âlssüérica$ que c*ntrolam â sua velocidade:
hexoquinase, PFKr ffosfofrutoquinase 1J e piruvato quinase {assinaladas com
asterisco). A maneira pela qual a atividade dessas enzimas é controlada será estudada
mais adiante. em umtópico específico.
b) Na sua primeira fase (preparatória), há um gastCI total de duas moléculas de ATP nas
reações catalisa$as pela bexcEuinase e pela PFKr-Area$o catalisada pela PFKr é
irreversível, masna presença da firutose 1,6 bis fo*ase {F'BPase t} poderá ser
revertida, ç.
c) Na última reação da fase preparatoria chamaa atenção o fato de, após a ação catalítica
da aldolase, obter-se dois produtos - dihidroxiacetoÍìâ fosfato {DHAPI e gliceraldeído 3
fosfato - em proporções tão diferentes, 960lo e 4o/o, respectivamente. Ainda mais, se
levarmos em consideraçãc que o substrato da fase de obtenção do piruvato é
justamente o gliceraldeído 3 fosfato, produto farmado ern menor concentração. Outra
questão metabólica importante será discutida mais adiante: por que a DHAP é
produzida em maior quantidade, iá que não é o substrato direto, e sim indireto {pela
ação catalítica da TPIJ, para formar o piruvato?
d) A partir da primeira reação da fase de obtenção do piruvato, é necessário, do ponto de
üsta estequiométrico, que sempre sejam utilizadas duas moléculas das substâncias de
três carbonost para que haja a correspondência com a molécula de glicose [6 C) que
está sendo oxidada.
e) Uma última quest€Ío metabólica importante a ser estudada mais adiante é o fato de, na
primeira reação desta fase, a enzima gliceraldeído 3 fosfato desidrogenase, para
desempenhar o seu papel catalítico, depender da presença de uma coenzima, o NAD
oxidado, uma vitamina do complexo B. Vê-se, portanto, que a presença dessa vitamina
hidrossolúvel, na sua forma oxidada, é absolutamente indispensável para que a
glicólise ocorra. Como se sabe, as vitaminas hidrossolúveis não são armazenadas e,
nessa reação, o NAD oxidado se transforma em NAD reduzido. Cabe a pergunta crucial:
de onde, afinal, vem o NAD oxidado para dar continuidade à via glicolítica? Ainda sobre
esta reação, cabe explicar que PiOH nada mais é do que o ácido fosfórico.
f) Na fase de obtenção do piruvato, ocorre a produção de um total de quatro moléculas de
ATP nas reações catalisadas pela fosfoglicerato quinase e pela piruvato quinase.
Verifica-se, então, que, ao final davia, o saldo líquido de ATP é igual a dois {2 ATP). A
partir do que foi visto, dois conceitos importantes devem ser realçados:
- fosforÍlação ao nível de substrato - é o processo de
formação de ATP que ocorre fora
da cadeia respiratória, como, por exernplo, na glicólise e no ciclo de Krebs;
- fosforilação oxidativa - é o processo de formação de ATP que ocorre exclusivamente
na cadeia respiratória.

g) A enolase, enzima que catalisa a transformação reversível do 2 fosfoglicerato em fosfo


enol piruvato, tem uma importância laboratorial muito grande. Ao ser inibida pelo
fluoreto, faz com que o 2 fosfoglicerato se acumule momentaneamente, desviando o
equilíbrio das reações seguintes no sentido da glicose 6 fosfato, ou seja, revertendo a
glicólise.Isto é fundamental para as dosagens da glicose sanguínea, utilizadas no
diagnóstico e acompanhamento do diabetes. Normalmente, as dosagens são realizadas
bem depois da coleta da amostra do sangue, e as hemácias são capazes de metabolizar
a glicose (glicólise) mesmo em recipientes selados. Ou seja" se a via glicolítica não for
inibida, haverá consumo de glicose pelas hemácias e o rezultado da glicemia será falso.
Portanto, os recipientes utilizados para este firn devem conter fluoreto.
$ n última reação da glicólise, cataÌisada pela piruvato quinase, ê absolutamente
irreversível.

AnóIíse da prímeíra questão metabóIíca ímportante:

De que maneira o lactato formado nas células musculares em atividade e nas hemácias é
metabolizado no nosso organismo?

Este lactato é metabolizado no ciclo de Cori fver esquema], descoberto por Carl e Gerty Cori, a
partir de estudos realizádos nas décadas de 1930 e Lg4A.
células musculares em atividade e hemácias circulação células hepáticas

CITOPLASMA CITOPLASMA
hexoquinase glicose 6 fosfatase
glicose 6 fosfato + ATP+glicose glicose glicose glicose 6 fosfato

I dicólise gliconeagênese

I
piruvato * lactato lactato Iactato piruvato
LNH

MITOCÔNNNN
prruva

I
CK

Observações:

a) O lactato formado é acolhido pelo fígado e transformado em piruvato, na presença da


LDH (lactato desidrogenase) hepática.
b) Este piruvato desencadeará o processo de gliconeogênese com a participação do ciclo
de Krebs, como poderemos confirmar quando estudarmos essavia metabólica, A
gliconeogênese pode ser definida como sendo uma via de formação da glicose a partir
de substâncias não glicídicas, ocorrendo, principalmente, nos hepatócitos. É o caso do
lactato formado nas hemácias e células musculares, servindo de substrato para a
obtenção da glicose nas células hepáticas.
c) O ciclo de Cori mostra claramente que a glicose utilizada como substrato energético
pelas células mencionadas acima é recuperada, pelo menos em parte, ao final da via
metabólica.

Análise da segunda e da terceira questões metabólicas Ímportantes:

Por que a dihidroxiacetona fosfato IDHAP) é formada em maior quantidade do que o


gliceraldeído 3 fosfato?

Qua[ a origem do NAD oxÍdado para dar sequência à glÍcólise?

Em função do que já foi üsto, a reoxidação do NAD reduzido é um processo necessário e indispensável
para que a via glícolítica ocorra. Vamos estudar este processo sob duas condÍções; aerobiose e
anaerobiose.

ReoxrnaÇÃo Do NAD REDUZTDo FoRMADo ne cucóusE cuANDo nREVALEcE A AERoBlosE

É conhecido o fato de que, em condições aeróbicas, as coenzimas que são reduzidas no


metabolismo celular IFAD e NAD] são reoxidadas principalmente na cadeia respiratória.

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Acontece que a membrana mitocondrial interna é impermeável ao NADH+H* produzido no
citoplasma {glicólise) e, por isso, não pode ser reoxidado pelo sistema de transporte de
elétrons [CR).
Duas lançadeiras redox possibilitam que a reoxídação seja possível:

1". Lançadeira do glicerol fosfato MMI {superfície externa)

CITOPLASMA MITOCOruNruA
gticerol 3 fosfato desidrogenase 1 H
DHAP+ NADH+H*+ fi+ NAD ox + gliaercl fosftto
il I
O [formado na {volta para OH gliceraldeído 3 fosfato
glicólise] 2
il' '--
a glicólise)
- offo
desidrogenase
FAD ox -+
CR
FADHz FADox

Observações;
aJ Algumas células dependem principalmente desta lançadeira: musculares, nervosas e
hemácias.
b] São duas as isoformas da glÍcerol fosfato desidrogenase: uma citoplasmática, e a outra
presente na superfície externa da membrana mitocondrial interna (MMI), com o centro
ativo voltado para o espaço inter membranas. Esta isoenzima mitocondrial utiliza o
FAD como coenzima que, depois de se transformar em FDAHz, é reoxidado diretamente
na cadeia respiratória. Desse modo, o NAD reduzido formado na glicólise é
transformado em NAD ox, que volta para a glicólise, dando continuidade a esta via
metabólica.
c) O glicerol fosfato obtido no citoplasma, além de se transformar em DHAP, pode seguir
outros rumos metabólicos em determinadas células. Pode dar origem, por exemplo,
aos fosfolipídios, aos triacilgliceróis, e também servir de substrato para a
gÌiconeogênese hepática.
d) Assim, é possível concluir que a maior formação de DHAP, em relação ao gliceraldeído
3 fosfato, deve-se ao fato de ser uma substância chave para a continuidade da glicólise.
Além, é claro, de servir de substrato para a formação do glicerol fosfato, fundamental
para a obtenção de substâncias de grande importânciâ para o metabolismo celular,
como visto no item anterior.
2. Lançadeira do malato
IMMI
I

CITOPLASMA I
I
t-ttTocoNnRIA

oxaloacetato malato I
I
*alato oxaloacetata

COOH
I lll-l I rooH
coon cooH

C=O + NADH+H* NADox +H-C -OH +-} H-C-OH MD?


I tformada na [votraparaalll*l
He glicólise) CHz I CHz
C

COOH
I
glicólise]
tlrt
cooH I cooH
CHa

cooH
l++CR
I

I NADox NADH+H*+NADox
I

Observações:
a) Âlgumas células dependem principalmente dessa lançadeira: cardíacas, hepáticas e
renais. A origem do oxaloacetato citoplasmático será entendida quando estudarmos,
mais adiante, gliconeogênese e fransaminação.
b) Como se pode verificar no esquema" a MMI é permeável ao malato que, na mitocôndria,
sofre a ação catalítica da malato desidrogenase (isoforma da citoplasmática),
transformando-se em oxaloacetato.
cl A MMI é impermeável ao oxaloacetato que, por isso, não volta para o citoplasma,
podendo, então, seguir outros caminhos metabólicos, entre os quais o ciclo de Krebs,
do qual é um intermediário de extrema importância.
ReoxroaçÃo Do NAD REDUZTDÒ FoRMADo rua oucÓLrsE QUANDo PREVALECE AANAEROBTOSE

Para o entendimento desie tópico, basta analisar a reação abaixo;


9.

PIRUVATO LACTATO
H
I
CH'-r-C-COOH + NADH+H* lacüato desidrogenase [LDH] NADox + CH:-C-COOH
lllr I
o OH

[produto da {formado na [volta para [ciclo de CoriJ


glicóliseJ glicóliseJ a glicóliseJ

nneuteçÃo emsrsnrcA DA eucottst


Como dito anteriormente, as enzimas alostéricas que controlam a velocidade da via glicolítica
são: hexoquinase, PFKr e piruvato quinase.

O modulador negativo da hexoquinase é o produto da reação, ou seja, a glicose 6


fosfato. Isto significa que quando determinadas célulast como as adiposas, musculares
e hemácias - naturalmente ávidas por glicose - já esüverem abastecidas, ocorrerá a
inibição da sua atividade catalíüca. Do ponto de vista fisiológico, este fato é muito
relevante, uma vez que, desse modo, a glicose frcará disponível na circulação para
atender à demanda por glicose de outras células, principalmente âs nervosas. É
conveniente acrescentar que, nas células hepáticas, esta regulação da hexoquinase não
ocorre.

Moduladores negativos - ATP e citrato


Quando em altas concentrações, o ATP inibe a atividade catalítica da PFKr, pois como a
glicólise visa principalmente à sua formação, e o mesmo já se encontra em
concentrações adequadas, é necessário diminuir momentâneamente a velocidade
dessa via. Desse modo, a glicose é poupada para outros ãns rnetabólicos.
As elevadas concentrações de citrato, em úlüma análise, correspondem a altas
concentrações de ATP. Este fato pode ser explicado da seguinte maneira: o citrato é um
intermediário do CK que tem estreita relação com a CR, via metabólica que produz
grandes quantidades de ATP nas células aeróbicas. Quando a velocidade do CK está
estimulada a da CR também estará, havendo, enftio, a produção de muito ATP. Para
que o CK esteja em alta velocidade, é necessário que seus intermediários estejam em
elevadas concentrações. Como será visto na aula sobre ciclo de Krebs, parte do citrato
que se encontra em altas concentrações na mitocôndria é transportada para o
citoplasma, com a finalidade de exercer deterrninadas funções metabólicas, entre as
quais servir de modulador negativo da PFKI. É interessante notar que nas células
musculares a queda do pH inibe a atividade da PFKI, ou seja, a produção de lactato
controla, indiretamente, a velocidade da glicôlise.

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Moduladores positivos - AMP/ADP
A utilização do ATP no metabolismo celular faz com que, por consequência" as
concentrações de ADP se elevern (ATP---+ ADP + Pi + EJ. O AMP, por sua vez,
será formado a partir do ADP, da seguinte maneira: ADP + ADP ããienfatoma-ylAMP +
ATP. Assim, as altas concentrações de AMP/ADP, que correspondem a baixas
concenrações de ATP, estimulam a PFKr, isto é, a glicólise, com o objetivo de produzir
mais ATP.
Em 1980, descobriu-se que, no fígado, a PFKr tinha um modulador positivo mais
importante do que'todos os outros: a frutose 2,6 bis fosfato. Veremos adiante que essa
descoberta realçou aïnda mais o papel dos hepatócitos no controle da glicemia. Mas de
que maneira ela é formada? A partir da frutose 6 fosfato e na presença de uma enzima
chamada PFKz {fcsfcfrutoquinase 3}.

PFKe
frutose6fiosfato + ATP fbutose 2,6 bis fosfato + .ADP
FBPase 2

Como se pode observar, a reação pode ser revertida pela ação catalítica da frutose 2,6
bis fosfatase (FBPase 2). Na realidade, a PFKz e a FBPase 2 são a mesma enzima, com
uma única cadeia polipeptídica, sendo, portânto, bifuncional (duplo papel catalítico).
Sua atividade é determinada pela presença ou ausência de fosfato no aminoácido
catalítico serina do seu centro ativo.

sem fosftüo
E - serina , pFI(z ativa e FBpase z inativa

com foshto
E - serina inativa e FBPase 2 ativa
-----+PFKz
Qual a importância fisiológica da regulação alostérica da PFKI no fígado? Para
responder tal pergunta, de extrema relevância, vamos analisar duas circunstâncias
fisiológicas:
HIPOGLíCEMIA
- estimula a liberação do glucagon;
- na presença deste hormônio, ocorre a formação de AMP cíclico;
- o AMP cíclico estímula a PI(A (quinase dependente do AMPcJ e, com isso, dispara uma
cascata de fosforilação. Sendo assim, a PFKz estará inativa fcom fosfato), e a FBPase 2,
ativa.
- Conclusão: com a PFKz inativa, a produção de frutose 2,6 bis fosfato é inibida, e a PFKI
não é estimulada, diminuindo a velocidade da glicólise. Por outro lado, a frutose 2,6 bis
fosfato que havia sido formada sofrerá ação da FBPase 2 ativa, transformando-se em
frutose 6 fosfato, e daí em glicose 6 fosfato. O glucagon, por intermédio do AMPc, além
de inibir a glicólise, estimula a degradação do glicogênio (glicogenólise), obtendo-se,
assim, mais glicose 6 fosfato. Esta substância sofrerá, entÍio, a ação catalítica da glicose
6 fosfatase fenzima estimulada pelo glucagon), transformando-se em glicose, que irá
para a circulação, não só restabelecendo a glicemia, mas também provocando
hiperglicemia.
HIPERGLICEMIA
- estimula a liberação de insulina;
- na presença deste hormônio, a fosfodiesterase tem a sua atividade estimulada,
catalisando, então, a transformação do AMPc em S'AMP. Ou seja, o AMPc é "destruído"
e a cascata de fosforilação, inibida;

E
- na presença deste hormônio, as fosfoproteínas fosfatases são estimuladas, e como
catalism rmções de retiradã de fo$ato, ccorerá a {ãscata de defosforilação. Sendo
assiÍn,aPFKz estaráatirra,{ffin fosfarc}, e a FSPme 2, inatirra
- Conclusão: com a PFKz ativa, a formação de frutose 2,6bis fosfato aumenta e, desse
modo, a PFKr e a velocidade da via glicolítica são estimuladas, resultando em maior
produção de piruvato. É conveniente acrescentar que a frutose 2,6 bis fosfato é
modulador negativo {a FBPase 1, o que inibe a reversão da glicólise (vide esquema}. A
insulina, devido a seu mecanismo de ação, estimula a glicólise, a síntese do glicogênio
(glicogênese) e a Via das pentoses, ou seja, a utilização metabólica da glicose, causando
hipoglicemia. ç '
- Lembrete: a insulina também estimula a glicoquinase {primeira e segunda aulas de
enzimas).

O modulador positivo desta enzima é a frutose 1,6 bis fosfato, intermediário da via
glicolíüca. Imagina-se que, sendo a última enzima desta via metabólica, o seu estímulo
evita o acúmulo de intermediário de 3C, precursores do piruvato, acelerando, dessa
forma, a formação do mesmo. Moduladores negativos - ATP e alanina
A explicação da atuação do ÁTP como modulador negativo da PFKr aplica-se, também,
a sua atuação em relação à piruvato quinase. A alanina, em altas concentrações, é o
outro modulador negativo dessa enzima. Este aminoâcida,quando oxidado, perde o
seu grupamento amina sob a forma de amônia, transformando-se em piruvato.

alanina NHg + piruvato


rtt
NHz O

Assim, elevada concentração de alanina corresponderá a maior concentração de


piruvato quer por sua vez, é produto da reação catalisada pela piruvato quinase. Nesta
circunstância, haverá a inibição da atividade desta enzima, resultando, evidentemente,
na menor produção de piruvato e na reversão daglicólise fvide esquema).

Resulacão covalente
A piruvato quinase, sob a forma não fosforilada, ou seja, quando a serina do seu centro
ativo estiver sem fosfato, é aüva. Por outro lado, sob a forma fosforilada, ou seja,
quando a serina do seu centro ativo estiver com fosfato, é inativa. Como foi explicado
anteriormente, pode-se concluir que:
- na presença de insulina - piruvato quinase não fosforilada - ATIVA
- na presençade glucagon - piruvato quinase fosforilada - INATIVA

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