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Medicina – Souza Marques

Indicadores de Saúde II –
Mortalidade e indicadores
complexos

Prof Nataly Damasceno


1
MORTALIDADE

 Cobertura universal;
 Padronizada nacional e internacionalmente
 Permite comparações internacionais
 Sistema de Informações sobre Mortalidade do Brasil –
disponibiliza dados desde 1979
 Fonte de dados: Declaração de Óbito
 Classificação Internacional das Doenças – CID - 10

2
DECLARAÇÃO DE ÓBITO - DO
 A DO é o documento-base do
Sistema de Informações sobre
Mortalidade do Ministério da Saúde
(SIM/MS).
 Ato médico!!!
 Tem função legal e é fonte de
informação para indicadores que
avaliam a situação de saúde de uma
população
 O preenchimento deve ser
cuidadoso e refletir a realidade
GRANDES GRUPOS DE CAUSAS BÁSICAS DE ÓBITOS – CI
5
6
PARTE VI (DO): CONDIÇÕES E CAUSAS
 O médico deverá declarar as causas da morte anotando
apenas um diagnóstico por linha

 Causas externas: o médico legista


– Linha a: causa terminal - natureza da lesão
– Causa básica: circunstância do acidente ou da violência
PARTE VI (DO): CONDIÇÕES E CAUSAS

Causas de morte
Causa Básica

Causas de morte:
“...todas aquelas doenças, estados mórbidos ou lesões que produziram a
morte, ou contribuíram para ela, e as circunstâncias do acidente ou da
violência que produziram estas lesões”.

Causa básica do óbito segundo a OMS:


1 - A doença ou lesão que iniciou a cadeia de acontecimentos patológicos que
conduziram diretamente à morte ou
2 - as circunstâncias da lesão ou acidente que produziu a lesão fatal
ERROS NAS ESTATÍSTICAS DE
MORTALIDADE SEGUNDO CAUSA

Qualidade dos dados – CAUSA BÁSICA Subestimar


Superestimar

Cobertura do registro de óbitos

Sub-registro homogêneo Taxas subestimadas

Proporção não altera

Sub-registro – variação entre Taxas e proporções


as causas
alteradas
MORTALIDADE ESPECÍFICA POR
CAUSAS
Taxa de mortalidade ou Mortalidade ou
de incidência morbidade proporcional
segundo causa segundo causa

• Estimativa indireta do risco de • Mede a proporção de óbitos por


morte ou adoecimento por uma uma determinada causa ou grupo
causa específica, ou grupo de de causas, em relação ao total de
causas, ao qual esteve exposta óbitos;
uma população durante um certo
período. • Indica a importância de uma causa
(ou grupo) em uma determinada
• Medida: Taxa de incidência em população;
populações dinâmicas estáveis
• Útil no delineamento de
• Mede a velocidade de prioridades;
ocorrência de um evento de
saúde (morte ou casos) • Útil, principalmente quando não se
tem as estimativas da população;
• Útil para identificar
determinantes, causas. • É influenciada pelas flutuações dos
óbitos por outras causas.

Nº de óbitos/casos pela causa i X 10n Nº de óbitos/casos pela causa i X 100


População sob risco Total de óbitos
Mortalidade proporcional por grupos de causas - sexo masculino
Período:1990, 1995, 2000, 2005, 2009

Grupo de Causas 1990 1995 2000 2005 2009


Doenças infecciosas e parasitárias 6,21 5,09 5,71 5,23 4,71
Neoplasias 11,3 12,04 13,66 15,19 15,78
Doenças do aparelho circulatório 30,87 28,99 28,84 28,44 28,63
Doenças do aparelho respiratório 10,25 10,7 10,35 10,12 10,3
Afecções originadas no período perinatal 5,46 4,84 4,38 3,25 2,44
Causas externas 20,85 21,4 20,89 20,36 19,65

Demais causas definidas 15,06 16,94 16,18 17,4 18,49

Mortalidade proporcional por grupos de causas - sexo feminino

Grupo de Causas 1990 1995 2000 2005 2009


Doenças infecciosas e parasitárias 6,26 5,25 5,18 5,08 4,44
Neoplasias 14,09 15 16,6 17,93 18,22
Doenças do aparelho circulatório 39,52 38 36,89 35,67 34,79
Doenças do aparelho respiratório 11,11 11,74 11,69 11,73 12,38
Afecções originadas no período perinatal 5,99 5,26 4,61 3,35 2,5
Causas externas 6,51 6,59 5,63 5,53 5,35

Demais causas definidas 16,51 18,15 19,39 20,7 22,32


Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM
Mortalidade proporcional por grupos de causas - sexo masculino
Período:1990, 1995, 2000, 2005, 2009

Grupo de Causas 1990 1995 2000 2005 2009


Doenças infecciosas e parasitárias 6,21 5,09 5,71 5,23 4,71
Neoplasias 11,3 12,04 13,66 15,19 15,78
Doenças do aparelho circulatório 30,87 28,99 28,84 28,44 28,63
Doenças do aparelho respiratório 10,25 10,7 10,35 10,12 10,3
Afecções originadas no período perinatal 5,46 4,84 4,38 3,25 2,44
Causas externas 20,85 21,4 20,89 20,36 19,65

Demais causas definidas 15,06 16,94 16,18 17,4 18,49

Mortalidade proporcional por grupos de causas - sexo feminino

Grupo de Causas 1990 1995 2000 2005 2009


Doenças infecciosas e parasitárias 6,26 5,25 5,18 5,08 4,44
Neoplasias 14,09 15 16,6 17,93 18,22
Doenças do aparelho circulatório 39,52 38 36,89 35,67 34,79
Doenças do aparelho respiratório 11,11 11,74 11,69 11,73 12,38
Afecções originadas no período perinatal 5,99 5,26 4,61 3,35 2,5
Causas externas 6,51 6,59 5,63 5,53 5,35

Demais causas definidas 16,51 18,15 19,39 20,7 22,32


Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM
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MORTALIDADE POR CAUSAS MAL
DEFINIDAS – CAP XVIII
"Sintomas, Sinais e Achados Anormais de Exames Clínicos e de Laboratório
não Classificados em Outra Parte" (códigos R00 a R99).

Ex.: Febre, Parada cardio respiratória, Caquexia; etc


Interpretação:
 Indicador da qualidade da informação sobre as causas;
 Frequência elevada – Subestimação da mortalidade por outras
causas
 É condicionada pela disponibilidade de recursos médico-
assistenciais, inclusive para diagnóstico.
 R98 – Óbito sem Assistência -REFLETE QUALIDADE DA
ASSISTENCIA
 O emprego de expressões ou termos imprecisos prejudica a
identificação da causa básica da morte, contribuindo para o
aumento dos óbitos codificados no capítulo de causas mal
definidas.
MORTALIDADE PROPORCIONAL POR CAUSAS MAL DEFINIDAS
TENDENCIA AO DECLINIO DIFERENÇAS REGIONAIS IMPORTANTES

Mortalidade proporcional por causas mal defi nidas - Brasil e Regiões


45

40

35

30

25

20

15

10

0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Norte Nordeste Sudeste Sul


Centro-Oeste Brasil Linear (Brasil)
MORTALIDADE POR CAUSAS
EVITÁVEIS
 Definição: mortes evitáveis ou reduzíveis são aquelas
preveníveis, total ou parcialmente, por ações efetivas dos
serviços de saúde que estejam acessíveis em um determinado
local e época
 Indicadores sensíveis à qualidade da atenção
 São consideradas evento sentinela  a qualidade da atenção
deva ser melhorada, assim como determina que a investigação
do ocorrido deva ser seguida de intervenções sobre possíveis
setores socioeconômicos, ambientais, culturais ou genéticos
que possam ser determinantes da situação encontrada”
 Exemplo: mortalidade materna, mortalidade por Doenças Infecto
Parasitárias
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MORTALIDADE POR CAUSAS
EVITÁVEIS
1. Causas Evitáveis
Definição de Ortiz, 1996
1.1 - Reduzível por imunoprevenção
1.2 - Reduzível pelo adequado controle na gravidez
1.3 - Parcialmente reduzível pelo adequado controle na gravidez
1.4 - Reduzível por adequada atenção à mulher no parto
1.5 - Reduzível por ações de diagnóstico e tratamento precoce
1.6 – Parcialmente reduzível por ações de diagnóstico e tratamento precoce

2. Mortes não evitáveis

3. Por causas Mal definidas

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MORTALIDADE POR DIP – CAP. I DA
CID-10
 Estima o risco de morrer por DIP em um grupo populacional
(taxa de mortalidade) ou a importância relativa dos óbitos por
DIP no total de óbitos (mortalidade proporcional)
 Interpretações:
 Análises abrangentes – incluir óbitos de outros capítulos- Ex:
Pneumonia, Meningite, etc
 Melhoras no nível de saúde de uma população diminuem a TM DIP;
 Redução nas TM DIP devem-se principalmente à:
 Medidas de controle específicas de saúde – imunizações, tto, etc
 Intervenções de natureza social: educação, nutrição, saneam ento básico, etc

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MORTALIDADE POR DIP – CAP. I DA
CID-10
 Situação do Brasil:
 Diferenças regionais;
 Tendência de declínio – 1980: imunopreviníveis, infecções
intestinais;

 Brasil x países desenvolvidos;

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MORTALIDADE MATERNA

 Óbitos ocorridos devido à complicações da gravidez ,


parto e puerpério (período de 42 dias após o parto).

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MORTALIDADE MATERNA

Causas obstétricas Diretas Causas Obstetricas Indiretas


 Próprias ou específicas do ciclo  Não específicas da gravidez ,
gravídico puerperal. parto ou puerpério, mas agravadas
ou complicadas nesses períodos.
 Ex.: toxemia gravídica,
descolamento prematuro de
placenta, etc
 Ex: diabetes, dçs cardíacas, etc
 Predominam quando a MM é
elevada

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RAZÃO DE MORTALIDADE MATERNA

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TAXA DE MORTALIDADE GERAL

 Estimativa indireta do risco de morte ao qual uma


população esteve exposta em um período, geralmente ano

NÚM. DE ÓB ITOS NA ÁR EAA DUR ANTE O ANO


X 1000
POP. ESTIM ADA DA ÁR EAA NO M EIO DO ANO

 Não se deve comparar taxas de mortalidade geral (ou até


mesmo especificas) pois elas são fortemente influenciadas
pela estrutura etária da população

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PADRONIZAÇÃO DE TAXAS

Brasil - 1982 • EUA – 1982


• 781.294 óbitos registrados • 1.985.680 óbitos registrados
• 126.807.000 habitantes • 231.534.000 habitantes
(população estimada) (população estimada)
• CMG = 6,2 óbitos por 1.000 • CMG = 8,6 óbitos por 1.000
habitantes-ano habitantes-ano
Gráfico 2 - Estrutura etária (em percentuais) das populações
do Brasil e dos EUA, em 1982

25,0

20,0

15,0
Brasil
10,0 EUA
5,0

0,0
0 a 4 5 a 15 a 25 a 35 a 45 a 55 a 65 a
75 e
14 24 34 44 54 64 74 +

EUA – Idades mais avançadas – pop mais numerosa


Gráfico 1 - Taxas de mortalidade por todas as causas,
específicas por faixa etária, observadas no Brasil e nos EUA,
em 1982
120

100faixas etárias que apresentam os maiores riscos


TM ( por 1. 000 hab. ano)

80

60 Brasil EUA

40

20

0
0a4 5 a 14 15 a 24 25 a 34 35 a 44 45 a 54 55 a 64 65 a 74 75 e +

O risco é maior no Brasil em todas as faixas etárias


TAXAS DE MORTALIDADE
ESPECÍFICAS POR FAIXA ETÁRIA
(/1000
Brasil - 1982 (pop HAB)
estimada para 01/07/1982) EUA - 1982 (pop estimada para 01/07/1982)
Grupo etário População % TM Grupo etário
População % TM
0-4 17.477.000 11,24 0-4 17.372.00 2,84
5 A 14 30.352.000 37,7 0,55 5 A 14 33.979.000 22,2 0,28
15 a 24 26.723.000 1,31 15 a 24 41.507.000 1,05
25 a 34 18.980.000 2,25 25 a 34 39.303.000 1,27
35 a 44 12.653.000 4,08 35 a 44 28.079.000 2,08
45 a 54 9.294.000 7,66 45 a 54 22.375.000 5,56
55 a 64 6.200.000 14,88 55 a 64 22.095.000 12,92
65 a 74 3.520.000 34,4 65 a 74 16.136.000 29,04
75 e + 1.608.000 8,9 95,94 75 e + 10.688.000 21,2 83,89
Total 126.807.000 6,2 Total 231.534.000 8,6

Padronização de taxas
Método Direto ou Indireto
PADRONIZAÇÃO DE TAXAS – MÉTODO
DIRETO
Passo a passo:
1. Define qual a população Padrão: pesos=proporções de
indivíduos em cada faixa etária;
2. Multiplicar o risco de morte da pop que se quer comparar
pelos contingentes populacionais de cada faixa da pop.
Padrão – OBITOS ESPERADOS
3. Divide-se o total de OE pelo total de habitantes da populaçao
padrão

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Óbitos registrados e TM/1000 hab segundo faixa etária – Brasil e EUA

Brasil - 1982 EUA - 1982


Faixa etária Habitantes-ano Óbitos TM Habitantes-ano Óbitos TM
0 a 14 anos 47.829.000 213262 4,5 51.351.000 58720 1,1
15 a 64 anos 73.850.000 292668 4,0 153.359.000 561730 3,7
65 e mais anos 5.128.000 275364 53,7 26.824.000 1365230 50,9
Total 126.807.000 781294 6,2 231.534.000 1985680 8,6

Após a padronização...
Brasil 1982 - População padrão EUA
Faixa etária Habitantes-ano (2) TM (3) Óbitos esperados (2)x(3)
0 a 14 anos 47.829.000 1,1 52.611,9
15 a 64 anos 73.850.000 3,7 273.245,0
65 e mais anos 5.128.000 50,9 261015,2
Total 126.807.000 --- 586872,1

TMG padronizada EUA = óbitos esperados = 586872,1 = 4,6 Óbitos Esperados


Pop padrão 126.807.000
TAXA BRUTA VS TAXA PADRONIZADA
(MÉTODO DIRETO)
TAXA BRUTA - a média ponderada das taxas específicas por idade,
na qual os pesos correspondem à real distribuição etária da população
de referência (“pesos naturais”).

Expressa a intensidade com que ocorrem os óbitos por todas as


causas, em uma população, em um determinado período

TAXA PADRONIZADA - o valor que a taxa bruta assumiria caso a


população de referência apresentasse a mesma estrutura etária da
população padrão (“pesos externos”) e mantendo as mesmas taxas
específicas por idade.
Utilizada somente para efetuar comparações
Razão de Taxas
E SE NÃO FOR CONHECIDO O NÚMERO DE
ÓBITOS POR FAIXA ETÁRIA???
MÉTODO INDIRETO
O número de ÓBITOS OBSERVADOS na população de referência é
diferente (maior ou menor) do que o ocorrido em uma determinada
população que fornece um conjunto de taxas (“população fonte para as
taxas específicas por idade”) ????

Informações necessárias:
(1) Total de eventos da população de referência
(2) Estrutura etária da população de referência
(3) Conjunto de taxas específicas por idade provenientes de
uma população externa (“população fonte”)
Maine (Padrão) Carolina do Sul
Faixa Dados observados Dados Observados Padronização Indireta
Etária População Óbitos TEM População Óbitos Óbitos Esperados TEM Estimadas
(1) (2) (3) (4) (5) (6)=(3) x (4) (7) = K x (3)
0 a 4 anos 75.037 1.543 0,0206 X 205.076 n.d. 4.225 0,0296
5 a 9 anos 79.727 148 0,0019 240.750 n.d. 457 0,0027
10a 14 anos 74.061 104 0,0014 222.808 n.d. 312 0,0020
15 a 19 anos 68.683 153 0,0022 211.345 n.d. 465 0,0032
20 a 24 anos 60.375 224 0,0037 166.354 n.d. 616 0,0053
25 a 34 anos
35 a 44 anos
105.723
101.192
413
552
0,0039
0,0055
219.327
191.349
n.d.
n.d.
∑ 855
1.052
0,0056
0,0079
45 a 54 anos 90.346 980 0,0108 143.509 n.d. 1.550 0,0155
55 a 64 anos 72.478 1.476 0,0204 80.491 n.d. 1.642 0,0294
65 a 74 anos 46.614 2.433 0,0522 40.441 n.d. 2.111 0,0751
75 anos e mais 22.396 3.056 0,1365 16.723 n.d. 2.283 0,1964
Total 796.632 11.082 1.738.173 22.401 15.568
K = 22.401 / 15.568 = 1,44
Fontes: BOGUE, D. Population composition. In: Hause, D. (d.). The study of population. Chicago: University of chicago, 1959.
Dados para Maine, população e total de óbitos para Carolina do Sul tabela 6.

Notas: n.d. = não disponível (pressuposição).


Óbitos observados
TEM - Taxa Específica de Mortalidade
Óbitos Esperados

o b ito s_ o b serva d o s 2 2 4 0 1
RMP( S MR)    1.4 4
o b ito s_ esp era d o s 1 5 5 6 8
PADRONIZAÇÃO DE TAXAS –
MÉTODO INDIRETO

A RMP (SMR) deve ser empregada como forma de


comparação entre a população de referência e a população
fonte das taxas.
RMPs de diferentes locais geralmente não podem ser
comparadas entre si.

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