Intervenções Psicanalítica2

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INTERVENÇÕES PSICANALÍTICAS

Guia prático e didático


PSICOLOGIA 7° e 8° SEMESTRE

PSICOLOGIA 7° e 8°
SEMESTRE
Índice

Introdução e pré-requisitos..............................................................................4

Bloco 1: Principais Conceitos e Ideias da Psicanálise..................................5

Períodos da Psicanálise....................................................................................5

Inconsciente e Aparelho psíquico....................................................................5

Processos Primários e Secundários................................................................5

Processos Primários:...................................................................................................5

Processos Secundários:..............................................................................................6

Sintoma e Formação de Compromisso na Psicanálise:................................6

Sintoma:..........................................................................................................................6

Formação de Compromisso:............................................................................................7

Bloco 2: O Termo “Escola” em Psicanálise...................................................7

Tabela 1: As Sete Escolas.................................................................................9

Bloco 3: Estrutura e funcionamento mental.................................................10

Primeira Tópica: Inconsciente, pré-consciente e Consciente.....................10

Inconsciente......................................................................................................10

Pré-consciente..................................................................................................10

Consciente.........................................................................................................10

Segunda Tópica: Id, Ego e Superego............................................................11

Id...................................................................................................................................11

Ego.................................................................................................................................11

Representações do Ego na Psicanálise:............................................................12

Superego.......................................................................................................................13

Inter-relação entre Id, Ego e Superego..........................................................................13

Conclusão......................................................................................................................13

Mecanismos de Defesa...................................................................................14

Censura (ou Repressão).................................................................................14

Censura Forte (ou Repressão Primária).........................................................................14

Censura Fraca (ou Repressão Secundária).....................................................................14


Negação.........................................................................................................................15

Projeção.........................................................................................................................15

Racionalização...............................................................................................................15

Deslocamento................................................................................................................15

Sublimação....................................................................................................................16

Regressão......................................................................................................................16

Formação Reativa..........................................................................................................16

Isolamento.....................................................................................................................16

Intelectualização............................................................................................................16

Tabela 2: Mecanismos de Defesa...................................................................17

Bloco 4: Sexualidade e Pulsões.....................................................................18

Pulsão de Vida...............................................................................................................20

Pulsão de Morte............................................................................................................20

Pulsões sexuais e a compulsão à repetição...................................................................21

Bloco 5: Método psicanalítico........................................................................22

Método e Terapia de base Psicanalítica........................................................................22

Regras Técnicas Clássicas...............................................................................................23

Setting na Terapia..........................................................................................................23

Bloco 6: Fenômenos do Campo Analítico na Terapia Psicanalítica...........25

Transferência.................................................................................................................25

Tipos de Transferência...................................................................................................25

Tipos de Contratransferência........................................................................................27

Interpretação Transferencial.................................................................................28

Interpretação Extra-Transferencial:.......................................................................28

Caso Anna O..........................................................................................................29

Caso Dora..............................................................................................................29

Contratransferência......................................................................................................30

Acting (Atuar)................................................................................................................30

Resistência.....................................................................................................................30
Insight, elaboração e cura...............................................................................31

Insight na Psicanálise: Um Mergulho Profundo na Mente............................................31

Elaboração em Psicanálise: Uma Jornada de Mergulho no Insight................................31

Cura na Psicanálise: Um Processo de Autoconhecimento e Transformação.................32

Psicoterapia de orientação Psicanalítica........................................................................33

Psicanálise.....................................................................................................................33

Tabela 3: Diferenças entre a Psicoterapia de Orientação Psicanalítica e a


Psicanálise.......................................................................................................34

Bloco 7: Entrevista Inicial (ou entrevista preliminar) em Psicanálise........34

Objetivos.......................................................................................................................34

Como fazer perguntas nas Entrevistas Preliminares:.....................................................35

Id, Ego e Superego nas entrevistas preliminares...........................................................36

Diagnóstico Psicodinâmico e Estrutural em Psicanálise............................37

Tabela 4: Diferenças entre o Diagnóstico Psicodinâmico e o Estrutural...37

Bloco 8: Interpretação dos sonhos................................................................38

Conteúdo Manifesto e Latente......................................................................................38

Véspera dos Sonhos......................................................................................................38

Restos Diurnos...............................................................................................................38

Bloco 9: Término em análise e em psicoterapia de orientação psicanalítica


...........................................................................................................................39

Comparação e Contraste entre Análise e Psicoterapia de Orientação Psicanalítica:.....40

Semelhanças:.................................................................................................................40

Diferenças:.....................................................................................................................40

Tabela 5: Diferenças entre Análise e Psicoterapia de Orientação


Psicanalítica.....................................................................................................41

Tabela 6: Término em Análise e Término em Psicoterapia de Orientação


Psicanalítica.....................................................................................................42

Bloco 10: Contribuições e Críticas................................................................42

Contribuições da Psicanálise:........................................................................................42

Críticas à Psicanálise:.....................................................................................................42
5

Psicanálise

Introdução e pré-requisitos

A psicanálise foi desenvolvida por Sigmund Freud no início do século XX. Ela
se concentra em trazer à consciência os conteúdos do inconsciente, a parte da
mente que opera fora da consciência e contém impulsos primitivos, lembranças
reprimidas e desejos inaceitáveis.

A psicanálise sugere que conflitos internos e desejos inconscientes podem


influenciar nossos sentimentos, pensamentos e comportamentos. Isso inclui a
ideia de que nossos comportamentos e sintomas podem ser manifestações de
desejos reprimidos.

Antes de mergulharmos no universo da Psicanálise, é importante estabelecer


dois pré-requisitos:

 Sigmund Freud e a Psicanálise: Este pré-requisito é essencial para entender


a base da Psicanálise. Familiarize-se com quem foi Sigmund Freud e sua
contribuição para a psicologia.

 Psicologia: Ter uma compreensão básica dos conceitos psicológicos, como o


funcionamento da mente e o inconsciente, será fundamental para entender a
Psicanálise.
6

Bloco 1: Principais Conceitos e Ideias da Psicanálise

Períodos da Psicanálise

 Clássico: das origens com Freud até 1930 aproximadamente. É uma fase
inicial, de formulação de conceitos rompedores, como inconsciente,
sexualidade infantil, interpretação dos sonhos. Há grande criatividade e
liberdade teórica.
 Ortodoxo: das décadas de 1930 a 1970. Caracteriza-se pela rigidez e pelo
purismo na aplicação das teorias freudianas. A ortodoxia se firma como guardiã
do legado Freudiano, em oposição a abordagens concorrentes como a
Psicologia do Ego.
 Contemporâneo: de 1970 aos dias de hoje. É uma era marcada pela maior
pluralidade de enfoques na teoria e prática psicanalíticas. Busca-se diálogo
com outros campos como linguística, filosofia existencial, neurociências. A
aplicação clínica é ampliada.

Inconsciente e Aparelho psíquico

 Inconsciente: parte do aparelho psíquico regida pelo processo primário, onde


estão localizados os desejos, pulsões e conteúdos recalcados.
 Pré-consciente: sistema intermediário entre consciente e inconsciente, contém
lembranças que podem tornar-se conscientes facilmente.
 Consciente: sistema que abrange tudo aquilo que estamos percebendo num
dado momento.

Processos Primários e Secundários

Processos Primários:

Os processos primários são o modo de funcionamento do sistema


inconsciente. Eles são primitivos, impulsivos e buscam a satisfação imediata
dos desejos. Os processos primários estão presentes desde o início da vida do
sujeito e são responsáveis pelos sonhos, fantasias e desejos inconscientes.
Eles não seguem a lógica da realidade e são regidos pelo princípio do prazer.
7

 Caracterizados pelo funcionamento do sistema inconsciente.


 Primitivos, impulsivos e regidos pelo princípio do prazer.
 Buscam a satisfação imediata dos desejos.
 Não seguem a lógica da realidade.

Processos Secundários:

Os processos secundários são o modo de funcionamento do sistema


consciente e pré-consciente. Eles são mais racionais, lógicos e levam em
consideração as restrições e demandas do mundo externo. Os processos
secundários surgem no decorrer da vida e são responsáveis pelo pensamento
lógico, planejamento e tomada de decisões. Eles são regidos pelo princípio da
realidade e nos permitem adaptar-nos ao mundo e lidar de forma mais eficaz
com os desafios e demandas da vida cotidiana.

 Caracterizados pelo funcionamento do sistema consciente e pré-consciente.


 Mais racionais, lógicos e regidos pelo princípio da realidade.
 Surgem no decorrer da vida e são responsáveis pelo pensamento lógico e
planejamento.
 Levam em consideração as restrições e demandas do mundo externo
 Demanda: é o que você EXPRESSA (tristeza, ansiedade, angústia, etc.)
 Desejo: é o que te IMPULSIONA, muitas vezes, de maneira inconsciente
 Queixa: aquilo que você apresenta na terapia. Muitas vezes, relacionados
sintomas e desconfortos
 Necessidade: para Lacan, é uma sensação de falta. A necessidade
fundamental a busca interminável para suprir essa falta

Sintoma e Formação de Compromisso na Psicanálise:

Esses são conceitos importantes na psicanálise de Sigmund Freud e na


compreensão de como os sintomas se desenvolvem. Aqui está uma explicação
simplificada:

Sintoma:
8

 Um sintoma na psicanálise é uma manifestação física ou psicológica de um


conflito interno não resolvido.
 Sintomas podem incluir ansiedade, depressão, obsessões, compulsões, dores
físicas inexplicáveis, entre outros.
 Esses sintomas são considerados expressões simbólicas de conflitos
inconscientes.
 O trabalho terapêutico visa desvendar o significado subjacente dos sintomas.

Formação de Compromisso:

 A formação de compromisso é um conceito que descreve como os sintomas


surgem como um meio de conciliar desejos inconscientes e demandas sociais
ou morais.
 É como se o paciente encontrasse uma maneira de satisfazer parcialmente um
desejo reprimido, mas ao mesmo tempo obedecesse a regras sociais que
proíbem a satisfação direta desse desejo.
 Os sintomas são, portanto, uma espécie de "compromisso" entre o que o
paciente deseja e o que é considerado socialmente aceitável.
 Um exemplo seria uma pessoa que tem compulsões de lavar as mãos
repetidamente. Isso pode ser um sintoma de uma ansiedade profunda, mas
também é uma forma de se proteger contra a sujeira e o contágio.
 A formação de compromisso ocorre quando a pessoa lava as mãos para aliviar
a ansiedade, mas o ato de lavagem em excesso cria um sintoma.

Em resumo, os sintomas na psicanálise são manifestações de conflitos


internos, enquanto a formação de compromisso descreve como os sintomas
surgem como uma tentativa de conciliar desejos inconscientes com demandas
sociais. Ambos são elementos cruciais na análise e no tratamento dos
pacientes em psicanálise.

Bloco 2: O Termo “Escola” em Psicanálise

 O termo “escola” em psicanálise refere-se a correntes de pensamento ou


abordagens dentro do campo da psicanálise.
 Cada escola é associada a um conjunto específico de teorias, conceitos e
práticas.
9

 Geralmente, cada escola tem um fundador ou líder notável.


 As escolas podem divergir em suas interpretações de conceitos fundamentais
da psicanálise, como o inconsciente, a sexualidade e a interpretação dos
sonhos.
 Essas escolas podem surgir devido a divergências teóricas ou práticas entre os
psicanalistas.
 Cada escola pode desenvolver sua própria terminologia e métodos terapêuticos
distintos.
 As escolas da psicanálise não são mutuamente exclusivas, e muitos
profissionais podem incorporar elementos de várias escolas em sua prática
clínica.
 O termo “escola” ajuda a distinguir diferentes correntes de pensamento e a
compreender a diversidade de interpretações e abordagens na psicanálise
 As escolas da psicanálise representam diferentes correntes de pensamento,
cada uma com seus próprios conceitos e teorias específicas.
 Cada escola tem sua própria aplicabilidade na compreensão e tratamento de
questões psicológicas, oferecendo abordagens variadas para lidar com os
desafios mentais e emocionais dos pacientes.
 Cada escola é caracterizada por seus conceitos originais, que podem diferir
significativamente entre elas. Por exemplo, a psicanálise freudiana introduziu o
conceito de “complexo de Édipo”.
 Os conceitos e teorias desenvolvidos pelas escolas da psicanálise têm uma
influência duradoura na psicologia e na compreensão da mente humana,
atravessando gerações de profissionais e pacientes.
 As escolas da psicanálise, ao divergirem em suas abordagens, podem dar
origem a novos ramos ou correntes dentro do campo da psicanálise, como a
psicanálise lacaniana, que se desenvolveu a partir das ideias de Jacques
Lacan.

As Sete Escolas da Psicanálise

 Psicanálise Freudiana: Fundada por Sigmund Freud, centra-se no papel do


inconsciente, interpretação dos sonhos e desenvolvimento da personalidade.
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 Psicanálise Lacaniana: Desenvolvida por Jacques Lacan, enfatiza a


linguagem e a simbolização na construção da psique e introduz conceitos como
o “objeto a” e o “registro do simbólico”.

 Psicanálise Junguiana: Fundada por Carl Jung, concentra-se no inconsciente


coletivo, arquétipos e individuação, explorando a busca por significado na vida.

 Psicanálise Kleiniana: Desenvolvida por Melanie Klein, aborda relações mãe-


bebê e processos inconscientes em crianças muito jovens, investigando o
desenvolvimento precoce.

 Psicanálise Winnicottiana: D.W. Winnicott contribuiu com ênfase no ambiente


materno e a importância do “objeto transicional” na infância.

 Psicanálise de Relações de Objeto: Esta escola, representada por Otto


Kernberg e outros, concentra-se nas dinâmicas das relações interpessoais e na
importância dos objetos internos.

 Psicanálise Self-Psicológica: Desenvolvida por Heinz Kohut, enfatiza o


desenvolvimento do self e a importância da empatia na terapia.

Tabela 1: As Sete Escolas

Escola Fundador/Principal Ênfase e Conceitos Chave


Teórico
Psicanálise Sigmund Freud Inconsciente, interpretação dos
Freudiana sonhos, desenvolvimento da
personalidade.
Psicanálise Jacques Lacan Linguagem, simbolização, "objeto a",
Lacaniana "registro do simbólico".
Psicanálise Carl Jung Inconsciente coletivo, arquétipos,
Junguiana individuação, busca por significado.
Psicanálise Melanie Klein Relações mãe-bebê, processos
Kleiniana inconscientes em crianças,
desenvolvimento precoce.
Psicanálise D.W. Winnicott Ambiente materno, "objeto
Winnicottiana transicional" na infância.
Psicanálise de Otto Kernberg e outros Dinâmicas das relações
Relações de interpessoais, objetos internos.
Objeto
Psicanálise Self- Heinz Kohut Desenvolvimento do self, empatia na
11

Psicológica terapia.
12

Bloco 3: Estrutura e funcionamento mental

Primeira e Segunda tópicas de Sigmund Freud

Primeira tópica: divisão inicial do aparelho psíquico em consciente, pré-


consciente e inconsciente

Segunda tópica: nova concepção com três instâncias - id, ego e superego

Primeira Tópica: Inconsciente, pré-consciente e Consciente

 A primeira tópica é uma teoria proposta por Freud que descreve a estrutura e o
funcionamento da mente humana.

 Ela é composta por três sistemas: o inconsciente, o pré-consciente e o


consciente.

Inconsciente

 O inconsciente é a parte da mente que contém pensamentos, desejos e


memórias que não estão acessíveis à consciência.
 Ele é governado pelos processos primários e é dinâmico, podendo ser
suscetível ou não de consciência.

Pré-consciente

 O pré-consciente é uma ligação entre o consciente e o inconsciente.


 Ele contém informações sobre as quais não pensamos, mas que são
necessárias para que o consciente faça suas funções.

Consciente

O consciente é a parte da mente que estamos cientes, onde processamos os


pensamentos de forma racional e estamos cientes da realidade exterior.
13

Segunda Tópica: Id, Ego e Superego

 Id, ego e superego são conceitos da teoria psicanalítica de Sigmund Freud.


 Eles representam diferentes partes da mente humana e desempenham papéis
distintos na formação da personalidade e do comportamento humano.
 A psicanálise descreve a mente como composta por três partes: o id
(responsável por impulsos e desejos primitivos), o ego (que busca equilibrar os
impulsos do id com a realidade) e o superego (que internaliza regras e normas
sociais).

Id

 O id é a parte da mente que contém os desejos e impulsos primitivos e


instintivos.
 É governado pelo princípio do prazer e busca a satisfação imediata dos
desejos.

Ego

 O ego é a parte da mente que lida com a realidade externa e busca equilibrar
os impulsos do id com as demandas do mundo externo.

 É governado pelo princípio da realidade e busca reprimir os desejos do id que


são considerados inaceitáveis pela sociedade.

O Ego possui as seguintes funções:

Realidade e Consciência:

 O Ego lida com o mundo exterior, percebendo eventos e pessoas.


 Ele mantém a consciência de fatos e situações do mundo real.
 Isso permite que o indivíduo funcione de maneira adaptativa no mundo.

Mediação:

 Age como um árbitro entre o Id, que busca gratificação instantânea, e o


Superego, que impõe normas e valores morais.
 Busca equilibrar os desejos do Id com as regras do Superego.
14
15

Defesa e Adaptação:

 Desenvolve mecanismos de defesa, como a repressão, para proteger o


indivíduo de conflitos internos e estresse excessivo.
 Ajuda o indivíduo a se adaptar a situações desafiadoras de forma mais
suportável.

Racionalidade:

 Responsável pela resolução de problemas e tomada de decisões racionais.


 Considera as consequências a longo prazo e a viabilidade de ações.

Representações do Ego na Psicanálise:

 Self: O self é a representação central do ego. É a identidade pessoal, incluindo


a percepção de quem somos, nossas características e a sensação de
individualidade. É moldado por experiências de vida e desenvolvimento.
 Objetos Internos: Os objetos internos referem-se a representações internas
de pessoas significativas na vida do indivíduo, como pais ou cuidadores. Essas
representações podem ser positivas ou negativas e influenciam as relações e o
comportamento.
 Identificações: As identificações são partes do ego formadas por
internalização de características, valores e traços de personalidade de outras
pessoas. Por exemplo, uma criança pode se identificar com um pai e adotar
certas características desse pai como parte de sua identidade.
 Senso de Identidade: O senso de identidade é a consciência que temos de
quem somos, incluindo nosso papel na sociedade e nossa história pessoal. É
moldado pelo self e influenciado por identificações e objetos internos.

Essas representações do ego são fundamentais para a psicanálise, pois


ajudam a compreender como o indivíduo se percebe, se relaciona com os
outros e lida com suas emoções e desejos. Cada aspecto desempenha um
papel na complexa estrutura do ego.
16

Superego

 O superego é a parte da mente que representa a moralidade e os valores


sociais.
 É governado pelo princípio do dever e busca reprimir os desejos do id que são
considerados inaceitáveis pela sociedade.

Inter-relação entre Id, Ego e Superego

 O ego é responsável por equilibrar os impulsos do id e as demandas do


superego.
 O superego busca reprimir os desejos do id que são considerados inaceitáveis
pela sociedade.
 O equilíbrio entre essas três partes da mente é fundamental para a formação
da personalidade e do comportamento humano.

Conclusão

 Os conceitos de id, ego e superego são importantes para a compreensão da


estrutura e do funcionamento da mente humana.

 Eles representam diferentes partes da mente e desempenham papéis distintos


na formação da personalidade e do comportamento humano.

 O equilíbrio entre essas três partes da mente é fundamental para a saúde


mental e emocional do indivíduo.
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Mecanismos de Defesa

Definição: Estratégias psicológicas inconscientes para proteger o ego contra


ansiedade e desconforto.
Imagine um cenário onde a mente humana é uma fortaleza, e os mecanismos
de defesa são sentinelas que protegem essa fortaleza contra as ameaças
emocionais.

Censura (ou Repressão)

Bloqueio de pensamentos/emoções perturbadoras. Mover para o inconsciente.


Visualize uma gaveta profunda dentro da fortaleza mental, onde memórias
perturbadoras são empurradas para serem esquecidas. Essa gaveta atua como
um esconderijo para sentimentos intensos e experiências dolorosas.
Freud, em sua teoria, diferenciou dois tipos de censura:

Censura Forte (ou Repressão Primária)

 A censura forte atua no inconsciente, reprimindo material inaceitável antes que


ele chegue à consciência.
 Ela envolve a exclusão total de representações intoleráveis do consciente,
mantendo-as fora da consciência do paciente.
 Geralmente, está relacionada a traumas e conflitos precoces na infância, onde
a mente busca proteger-se reprimindo experiências traumáticas profundas.

 Imagine a mente como um arquivo. Na repressão primária, informações


diretamente dolorosas ou perturbadoras são prontamente excluídas da
consciência. É como se a mente tivesse um filtro automático que impede a
entrada dessas experiências desagradáveis, mantendo-as longe do alcance
imediato da consciência.

Censura Fraca (ou Repressão Secundária)

 A censura fraca atua no pré-consciente, filtrando levemente conteúdos antes


de alcançarem a consciência.
 Envolve disfarce e distorção sutil de material potencialmente perturbador,
permitindo que alguns pensamentos inconscientes surjam na consciência, mas
de forma disfarçada ou simbólica.
18

 Está relacionada ao controle racional exercido pelo ego, que tenta equilibrar
impulsos inaceitáveis de uma maneira mais adaptativa.
 A censura fraca frequentemente resulta em formações de compromisso, como
os sonhos, sintomas neuróticos e atos falhos, onde o conteúdo é expresso de
forma disfarçada.
 Visualize uma sala de arquivo mais profunda. A repressão secundária ocorre
quando memórias inicialmente acessíveis são posteriormente bloqueadas.
Essas memórias podem ter sido inicialmente aceitas na consciência, mas
devido a conflitos emocionais ou sociais, são posteriormente empurradas para
o fundo, tornando-se menos acessíveis.

Ambas a censura forte e a censura fraca são mecanismos de defesa da mente


para lidar com pensamentos ou desejos inconscientes que podem ser
angustiantes ou ameaçadores para o equilíbrio psíquico. A diferenciação entre
elas ajuda a compreender como a mente lida com impulsos inaceitáveis de
maneiras variadas.

Negação

Recusar-se a aceitar a realidade. Evitar a ansiedade.

Projeção

Atribuir sentimentos indesejados a outros. Evitar reconhecimento interno. É


mais ampla do que a transferência e pode ocorrer em diferentes contextos
além do campo analítico

Racionalização

Justificar comportamentos inadequados. Reduzir culpa/ansiedade.

Deslocamento

Redirecionar emoções de um alvo para outro. Aliviar desconforto emocional.


Por exemplo, um trabalhador está muito bravo com o seu chefe. Em vez de
socar a cara dele, o trabalhador dá socos um uma almofada
19

Sublimação

A sublimação na psicanálise é como transformar desejos "proibidos" em algo


socialmente aceitável. É como dar um novo propósito a impulsos e desejos
que, de outra forma, seriam considerados inaceitáveis. Imagine canalizar
energia sexual reprimida em uma paixão pela arte ou ciência.

Regressão

Retroceder para comportamentos infantis para lidar com estresse.

Formação Reativa

Expressar oposto do impulso real para controlar sentimentos indesejados

Supressão

Conscientemente adiar pensamentos/emoções perturbadoras para lidar com


elas mais tarde. Pense em um interruptor consciente. A supressão envolve um
esforço ativo da mente para desligar temporariamente certos pensamentos ou
emoções. É como se você conscientemente escolhesse não pensar em algo,
empurrando esses pensamentos para o fundo da sua mente, mas sabendo que
eles estão lá.

Isolamento

Separar pensamentos de emoções associadas para lidar com situações


dolorosas.

Intelectualização

 O paciente evita sentimentos usando raciocínio, lógica e intelectualidade.


 Foco excessivo em teorias, pensamento racional e distanciamento das
emoções.

 Permite distanciamento dos afetos - a pessoa "escapa" das emoções,


analisando a situação de forma fria e racional.
 Uso excessivo da racionalização - busca por explicações lógicas e objetivas é
levada ao extremo.
 Foco nos aspectos abstratos - atenção desproporcional aos detalhes
conceituais e ideias gerais.
20

 Evitação do subjetivo - a experiência pessoal e singular é negada.


 Pobreza afetiva - ausência de reações emocionais esperadas diante de certas
situações.
 Rigidez do pensamento - a lógica é aplicada de forma fixa, sem flexibilidade.
 Relacionamentos superficiais - dificuldade de intimidade e conexão emocional
com os outros.
 A intelectualização extrema pode indicar dificuldades em lidar com a vida
afetiva. A psicanálise busca restabelecer o contato com a experiência
emocional genuína da pessoa.
 O terapeuta precisa estar atento à intelectualização excessiva, confrontando-a
com sensibilidade quando necessário. O objetivo é ajudar o paciente a entrar
em contato com suas emoções genuínas.

Aplicação: Defesas variam em eficácia e adaptabilidade. Parte natural da


psicodinâmica humana.

Importante: Uso excessivo pode ser prejudicial. Autoconsciência é


fundamental.

Tabela 2: Mecanismos de Defesa

Mecanismo de Definição Exemplo


Defesa
Censura (ou Bloqueio de pensamentos/emoções Repressão de memórias
Repressão) perturbadoras, movendo-os para o traumáticas da infância.
inconsciente.
Negação Recusar-se a aceitar a realidade Ignorar a gravidade de
para evitar a ansiedade. um vício em álcool.
Projeção Atribuir sentimentos indesejados a Culpar os outros por
outras pessoas para evitar sentimentos de raiva que
reconhecê-los internamente. você não aceita em si
mesmo.
Racionalização Justificar comportamentos Justificar trapaça em um
inadequados para reduzir a culpa ou exame como necessário
a ansiedade. para passar de ano.
Deslocamento Redirecionar emoções de um alvo Descarregar raiva em
para outro para aliviar desconforto alguém que não é a
emocional. fonte da frustração.
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Mecanismo de Definição Exemplo


Defesa
Sublimação Converter impulsos indesejados Canalizar a agressividade
em atividades socialmente em esportes ou
aceitáveis. empreendedorismo.
Supressão Conscientemente adiar Adiar a preocupação com
pensamentos/emoções um problema até depois de
perturbadoras para lidar com um compromisso
eles mais tarde. importante.
Isolamento Separar pensamentos de Falar sobre uma tragédia
emoções associadas para lidar sem demonstrar emoção.
com situações dolorosas.
Intelectualização Focar excessivamente em Analisar meticulosamente
teorias e racionalização para um rompimento amoroso
evitar emoções desconfortáveis. sem demonstrar tristeza.
Regressão Retroceder para Um adulto começa a chupar
comportamentos infantis para o polegar sob estresse.
lidar com o estresse.

Bloco 4: Sexualidade e Pulsões

Pulsão: conceito central da teoria freudiana, trata-se de um impulso constante


proveniente do corpo para a busca de satisfação.

Desenvolvimento Psicossexual

Processo pelo qual a libido se fixa em diferentes zonas erógenas, desde a fase
oral até a genital.
A teoria psicanalítica propõe que o desenvolvimento humano passa por
estágios psicossexuais (oral, anal, fálico, latência e genital), durante os quais
diferentes áreas do corpo e diferentes conflitos emocionais são foco central. É
dividido em fases oral, anal, fálica, latência e genital, que representam
diferentes fixações (exceto nas fases de latência e genital)

 Oral (0-1,5 ano): Prazer na boca. Desmame é crítico. A criança explora o


mundo através da sucção e da mordida
 Eventual fixação em atividades e hábitos que exigem oralidade: música, dar
palestras, fumar, roer unhas, fofocar
 Pode-se sublimar por meio de palestras ou música
22

 Anal (1-3 anos): Foco no controle esfincteriano. Treino de higiene. A criança


começa a ter controle sobre as funções corporais e a explorar o mundo através
da eliminação de fezes
 Características adultas associadas a fixação na fase anal: ordem, parcimônia e
obstinação
 Ordem: Pode resultar de experiências durante o treinamento do banheiro,
onde a ênfase excessiva na limpeza e controle pode levar a uma personalidade
que valoriza a ordem e a organização meticulosa na vida adulta.
 Parcimônia (Cautela Excessiva): A experiência de treinamento do banheiro,
especialmente se marcada por pressões excessivas para o controle dos
esfíncteres, pode contribuir para uma personalidade parcimoniosa, onde a
pessoa é excessivamente cautelosa e controladora nas suas ações e
interações.
 Obstinação: Se houve conflitos durante o treinamento do banheiro, como
rigidez excessiva dos pais, a pessoa pode desenvolver uma obstinação,
caracterizada por uma insistência excessiva em manter o controle e resistência
a mudanças.

 Fálico (3-6 anos): A criança começa a desenvolver a identidade de gênero e a


explorar seus órgãos genitais. E nesta fase que está o Complexo de Édipo

 Complexo de Édipo: desejos sexuais infantis dirigidos aos pais, gerando


conflitos e ambivalência. Crucial no desenvolvimento da personalidade

 Excessiva preocupação com a afirmação da masculinidade

 Homens fixados na fase fálica procuram mostrar que não foram castrados.
Seduzindo mulheres, afirmando a masculinidade, sendo país de muitos filhos
ou tendo sucesso profissional

 No caso de mulheres, há o sentimento de inferioridade em relação aos homens

 Em ambos os sexos, a não superação do Édipo implica no sentimento de culpa


em relação a sexualidade

 Latência (6-puberdade): Repressão sexual. Sexualidade fica latente e a


criança se concentra em outras áreas do desenvolvimento, como a
socialização e a aprendizagem
23

 Genital (puberdade): Impulsos sexuais retomados com parceiros externos à


família. A sexualidade é retomada e a criança começa a desenvolver relações
sexuais maduras

 Desenvolvimento da maturidade e da identidade


 Retomada de impulsos sexuais
 Não há fixações
 A fixação é quando o indivíduo não progride normalmente entre as fases. A
satisfação das necessidades e feita de uma forma mais infantil

Pulsão de Vida

 A pulsão de vida, ou Eros, é um conceito importante na teoria psicanalítica de


Freud. Ela pode ser definida como:
 Uma força básica de ligação e união que impulsiona o ser vivo.
 Uma tendência inata em direção à autoconservação, à reprodução e à
perpetuação da espécie.
 Um impulso para criar e preservar a vida, representando as pulsões sexuais e
de auto conservação.
 Contrapõe-se à pulsão de morte, sendo considerada uma força positiva e
criativa.
 Busca diminuir tensões provocadas por necessidades internas, obtendo prazer
ao satisfazê-las.
 Manifesta-se desde funções biológicas vitais até atividades culturais e
relacionais.
 Está relacionada à libido objetal, ou seja, à energia direcionada aos objetos
externos de amor.
 Portanto, de forma resumida, a pulsão de vida representa o impulso básico de
união, preservação e propagação, contrapondo-se à tendência à morte e à
destruição. Ela busca a satisfação das necessidades vitais e o prazer

Pulsão de Morte

Tendência à redução das tensões, à repetição, ao retorno ao inorgânico.


Oposto e complementar à pulsão de vida
24

Conceito elaborado por Freud em sua fase tardia, a partir de 1920. Pode ser
definida como:

 Uma força básica de desagregação, repetição e retorno ao estado inanimado.


 Uma tendência à redução completa das tensões, à autodestruição e à morte.
 Oponentes e complementares à pulsão de vida, representam um impulso em
direção à morte.
 Manifestam-se em comportamentos autodestrutivos, compulsivos e
masoquistas.
 Buscam descarregar toda a excitação psíquica, retornando ao repouso
absoluto.
 Estão relacionadas à compulsão à repetição, à tendência a reviver situações
que não são prazerosas.
 Explicam em parte o sentimento inconsciente de culpa e o masoquismo.
 Atuam de modo silencioso, sem se manifestar diretamente.
 Contrapõem-se às pulsões sexuais e de auto conservação.

Portanto, a pulsão de morte representa uma tendência básica à desintegração,


à redução completa das tensões e à autodestruição, em oposição às forças da
vida. Está relacionada ao masoquismo e à repetição.

Pulsões sexuais e a compulsão à repetição

 As pulsões sexuais são uma das formas pelas quais a energia psíquica é
expressa no corpo, e estão relacionadas ao prazer e à satisfação sexual.
 A compulsão à repetição é um fenômeno que se apresenta na clínica
psicanalítica como uma repetição de comportamentos ou situações que parecem
não ter uma explicação racional, mas que se impõem como um destino
implacável.
 Alguns psicanalistas acreditam que a compulsão à repetição pode ter
potencialidades terapêuticas, mas a sua justificação teórica é difícil.
 A repetição está relacionada à pulsão sexual, à transferência e à resistência.
 A pulsão de morte é um conceito importante na teoria psicanalítica, e está
relacionada à compulsão à repetição. A pulsão de morte é uma força que se
opõe à vida, e pode se manifestar de várias formas, incluindo a compulsão à
repetição.
25

 A ineficácia da pulsão sexual para domesticar a pulsão de morte pode


determinar o destino na compulsão à repetição.
26

Bloco 5: Método psicanalítico

Método e Terapia de base Psicanalítica

Na terapia psicanalítica, um paciente e um psicanalista se reúnem


regularmente para explorar os pensamentos, sentimentos e memórias do
paciente. O objetivo é trazer à tona conflitos inconscientes e trabalhar para uma
compreensão mais profunda do self. A análise dos sonhos, a interpretação de
associações livres e a exploração da história de vida são técnicas comuns na
terapia psicanalítica.

 Associação livre: principal regra analítica onde o paciente deve expressar


tudo o que lhe vier à cabeça.

 Interpretação dos sonhos: os sonhos como via de acesso aos desejos


inconscientes. Análise do conteúdo manifesto e latente.

 Atos falhos: expressam conteúdos inconscientes de maneira não-intencional,


lapsos, esquecimentos.

 Transferência: projeção de sentimentos inconscientes sobre a pessoa do


analista. Importante nas resistências e elaborações.

 Contratransferência: refere-se às emoções, sensações e percepções que o


terapeuta vivencia durante uma sessão de terapia. Essas emoções são uma
resposta interna do terapeuta às manifestações do paciente e podem ser
positivas ou negativas.

 Transferência do Analista: A transferência do analista é um fenômeno que


ocorre na terapia psicanalítica, onde o paciente projeta sentimentos, desejos,
ou expectativas inconscientes em relação ao terapeuta. O paciente pode
começar a ver o terapeuta como uma figura importante do seu passado, como
um pai ou mãe, despertando emoções relacionadas a essa figura.
27

 Atenção Flutuante: é um método utilizado na terapia psicanalítica onde o


terapeuta não focaliza sua atenção em pontos específicos do relato do
paciente. Este método permite a captação de mensagens manifestas e
latentes, conscientes e inconscientes.

Regras Técnicas Clássicas

A psicanálise desenvolveu um conjunto de regras técnicas clássicas que guiam


o setting e processo analítico. Algumas das principais são:

 Associação livre: o paciente deve expressar livremente tudo o que lhe vêm à
mente, sem censura ou seleção.

 Neutralidade: o analista deve manter uma atitude neutra, sem envolver seus
próprios sentimentos.

 Abstinência: o analista se abstém de dar conselhos, respostas ou orientações


diretas. Além disso, Freud recomendava aos os pacientes que não tomassem
nenhuma decisão importante na vida enquanto estivessem em análise

 Análise da transferência: a transferência do paciente sobre o analista é


interpretada para revelar padrões inconscientes.

 Análise da resistência: a resistência do paciente à análise é interpretada


como defesa do ego.

 Análise dos sonhos: os sonhos são portas para o inconsciente e devem ser
examinados em detalhes.

 Setting: o setting clássico envolve paciente deitado no divã e analista fora do


campo visual.

 Regra fundamental: o paciente deve verbalizar tudo o que vier à mente sem
edição ou censura.

Essas regras buscam criar as condições ideais para acessar e interpretar o


material inconsciente do paciente em análise.

Setting na Terapia

 Definição do Setting: O "setting" na psicologia se refere ao ambiente ou


contexto onde a terapia acontece. Isso inclui o local físico das sessões, a
28

configuração da sala, a iluminação e outros elementos que influenciam a


experiência terapêutica.
 Importância do Setting: O setting desempenha um papel crucial na terapia,
pois pode afetar o nível de conforto do cliente e sua disposição para abrir-se
durante as sessões. Um ambiente acolhedor e tranquilo pode promover a
confiança e a comunicação.
 Exemplo e tipos de Setting: Um exemplo de setting positivo é uma sala de
terapia decorada de forma agradável, com móveis confortáveis, iluminação
suave e uma atmosfera relaxante. Isso cria um ambiente propício para a
terapia.
 Setting Positivo: Refere-se ao ambiente terapêutico favorável, onde o
paciente se sente seguro e à vontade. Aqui, o terapeuta é compreensivo e
acolhedor, criando um espaço onde o paciente pode se expressar
livremente. Esse setting é fundamental para o sucesso da psicanálise, pois
permite ao paciente mergulhar profundamente em seus conflitos internos.
 Setting Negativo: Por outro lado, o "Setting Negativo" é um ambiente
terapêutico desfavorável, onde o paciente não se sente à vontade ou
seguro. Isso pode ocorrer devido a atitudes do terapeuta, falta de empatia ou
outras condições que inibem a expressão emocional do paciente. O "Setting
Negativo" pode prejudicar o progresso na terapia.

Na psicanálise, o "Setting Positivo" é fundamental para a exploração profunda do


inconsciente do paciente, enquanto o "Setting Negativo" pode ser uma barreira
significativa para o processo terapêutico.
29

Bloco 6: Fenômenos do Campo Analítico na Terapia Psicanalítica

Transferência

 O que é: A transferência é um fenômeno no qual o paciente projeta emoções,


desejos e expectativas inconscientes em relação ao terapeuta, muitas vezes
relacionadas a figuras significativas do passado. Imagine a transferência como
um cabo de memória conectando o passado do paciente ao terapeuta. As
emoções não resolvidas são transferidas e revividas no contexto terapêutico.

 Papel na Terapia: A transferência é essencial na terapia psicanalítica, pois


fornece uma janela para o mundo emocional do paciente, permitindo a
exploração de questões não resolvidas e padrões de relacionamento.
 Atuação do Terapeuta: O terapeuta reconhece e interpreta a transferência,
utilizando-a como uma ferramenta terapêutica para promover insights e
mudanças.

Tipos de Transferência

Imagine a transferência como um cabo de memória conectando o passado do


paciente ao terapeuta. As emoções não resolvidas são transferidas e revividas
no contexto terapêutico.

 Positiva: sentimentos de afeto e admiração em relação ao terapeuta. Acontece


quando um paciente desenvolve sentimentos positivos em relação ao
terapeuta. É como se eles vissem o terapeuta como uma figura protetora ou até
mesmo amorosa. Pode ser útil na terapia, pois cria um ambiente seguro para o
paciente explorar seus sentimentos.
 Negativa: raiva, hostilidade ou desconfiança em relação ao terapeuta. Permite
que o paciente revele sentimentos reprimidos e explore conflitos profundos
 Ambivalente: mistura de sentimentos positivos e negativos.
 Dependência: busca de orientação constante.
 Parental: projetar cuidador parental no terapeuta.
 Sádica ou masoquista: impulsos agressivos ou busca de sofrimento.
30

 Neutra: Sentimento de indiferença em relação ao terapeuta. Também pode ser


significativa, pois permite que o paciente explore questões de uma maneira
mais objetiva.
 Sexual: Em alguns casos, os pacientes podem desenvolver sentimentos de
natureza sexual em relação ao terapeuta.
 Autoridade: Acontece quando o paciente projeta em seu terapeuta
sentimentos associados a figuras de autoridade em sua vida, como pais ou
professores e pode envolver sentimentos de obediência, rebelião ou
dependência em relação ao terapeuta.
 Espelho: o paciente vê no terapeuta características da sua própria natureza.
Pode levar a insights importantes sobre a auto percepção do paciente.
 Idealizada: o paciente idealiza o terapeuta, vendo-o como a pessoa perfeita ou
modelo a ser seguido. Isso pode ser uma busca por orientação ou apoio.

 A transferência ocorre no campo analítico e não se caracteriza como


mecanismo de defesa

Cada tipo de transferência oferece insights únicos sobre os pensamentos,


sentimentos e relações do paciente. O terapeuta habilidoso trabalha com essas
transferências para ajudar o paciente a entender melhor suas emoções e
processos internos, contribuindo para o processo terapêutico.
31

Tipos de Contratransferência

A contratransferência refere-se aos sentimentos e reações emocionais que um


terapeuta pode experimentar em relação ao paciente durante uma sessão de
terapia. Assim como a transferência do paciente para o terapeuta é explorada
na psicoterapia, a contratransferência é uma área importante de investigação.

 Positiva: ocorre quando o terapeuta desenvolve sentimentos positivos em


relação ao paciente. Pode ser uma afinidade natural, admiração ou simpatia.
Embora sentimentos positivos possam ser úteis na terapia, é importante que o
terapeuta esteja ciente deles e evite deixá-los influenciar o julgamento clínico.
 Negativa: envolve sentimentos negativos em relação ao paciente. Isso pode
incluir impaciência, irritação ou até mesmo raiva. É fundamental que o
terapeuta reconheça esses sentimentos e trabalhe para entendê-los, pois
podem revelar questões importantes na dinâmica terapêutica.
 Proteção: O terapeuta pode sentir a necessidade de proteger o paciente,
especialmente se perceber que o paciente é vulnerável ou frágil.
Isso pode levar a um excesso de cuidado ou à tentativa de evitar confrontações
necessárias na terapia.
 Identificação: O terapeuta pode se identificar muito profundamente com o
paciente, o que pode prejudicar a objetividade.
Pode resultar em uma terapia menos eficaz, pois o terapeuta pode ficar
envolvido demais emocionalmente.
 Sexual: Os terapeutas têm desejos sexuais em relação ao paciente
 Narcísica: sentimentos narcísicos em relação ao paciente.
 Sádica: impulsos agressivos ou hostis.
 Masoquista: busca de sofrimento ou punição.
 Parental: desejo de cuidar excessivamente.
 Amorosa: sentimentos de afeto pelo paciente.
 Dependência: sensação de responsabilidade pelo paciente.
 Repulsa: desagrado ou aversão ao paciente.
 Racial ou cultural: Pode ocorrer quando o terapeuta reage aos aspectos
raciais ou culturais do paciente de maneira inadequada
 A contratransferência pode ocorrer: a) em relação a pessoa do paciente, b) em
relação ao material clínico que está sendo exposto ou c) pode ser a reação
negativa que o analista mostra em relação ao paciente
32

Interpretação Transferencial e Extra-Transferencial na Psicanálise

Interpretação Transferencial

A interpretação transferencial envolve a compreensão e análise das projeções


emocionais do paciente sobre o terapeuta.

 Os pacientes frequentemente transferem sentimentos, desejos e dinâmicas


emocionais de suas relações passadas, especialmente aquelas com figuras
parentais, para o terapeuta.
 O terapeuta utiliza a interpretação transferencial para ajudar o paciente a
reconhecer essas projeções e explorar os padrões emocionais subjacentes

Interpretação Extra-Transferencial:

A interpretação extra transferencial envolve insights e análises que não estão


diretamente relacionados às projeções do paciente sobre o terapeuta.

 Isso pode incluir interpretações de conteúdos inconscientes, memórias


reprimidas, simbolismos, conflitos internos e dinâmicas emocionais que não
envolvem a relação transferencial.
 O terapeuta utiliza a interpretação extra transferencial para ajudar o paciente a
compreender aspectos mais profundos de sua psicodinâmica e experiências
passadas.

Importância

 A interpretação transferencial é crucial para explorar a dinâmica paciente-


terapeuta e as projeções emocionais, enquanto a interpretação extra
transferencial ajuda o paciente a compreender a origem de seus conflitos
internos e sintomas.
 Ambos os tipos de interpretação contribuem para o processo terapêutico,
fornecendo uma compreensão mais abrangente das questões do paciente.

Em resumo, a interpretação transferencial concentra-se nas projeções


emocionais do paciente sobre o terapeuta, enquanto a interpretação extra
transferencial explora aspectos mais amplos da psicodinâmica do paciente,
33

incluindo conteúdos inconscientes e memórias reprimidas. Ambos são


essenciais para o trabalho terapêutico na psicanálise.

Caso Anna O

 Anna O. era uma paciente de Freud que apresentava sintomas físicos, como
paralisias e tosse inexplicáveis. Durante o tratamento, ela desenvolveu uma
transferência intensa em relação a Freud. Ela viu nele não apenas um
terapeuta, mas também uma figura paternal, o que influenciou seu
comportamento e comunicação com ele.
 No caso de Anna O., a transferência desempenhou um papel significativo, uma
vez que permitiu a Freud compreender melhor as questões emocionais e
conflitos não resolvidos da paciente. Esse exemplo histórico destaca como a
transferência pode ser uma ferramenta valiosa na psicanálise para explorar
questões inconscientes e promover a cura.

Caso Dora

 Dora era uma adolescente que Freud tratou. Ela sofria de sintomas como tosse
inexplicável e depressão. Durante o tratamento, ela desenvolveu uma relação
complexa com Freud.
 Transferência no Caso Dora: A transferência desempenhou um papel
importante no caso de Dora. Ela projetou sentimentos e conflitos passados em
relação a homens em sua relação com Freud. Isso permitiu a Freud explorar
questões não resolvidas em sua psicodinâmica.
 Conflitos Sexuais e Família: O caso Dora revelou conflitos sexuais e familiares
significativos na vida da paciente. Dora havia sido envolvida em um
relacionamento complexo entre seu pai e Her. K, um amigo da família, o que
afetou sua psicologia.
 Contribuições para a Psicanálise: O caso Dora é importante porque destacou a
complexidade da psicodinâmica sexual e as dinâmicas familiares na teoria
freudiana. Também ilustrou como a transferência pode ser uma ferramenta
valiosa para a compreensão de questões não resolvidas.

Em resumo, o caso Dora é um exemplo famoso na história da psicanálise que


destaca a importância da transferência na compreensão de questões
34

emocionais e conflitos não resolvidos de um paciente. Além disso, ele


contribuiu para a evolução da teoria freudiana, especialmente em relação a
questões sexuais e familiares.

Contratransferência

 O que é: A contratransferência refere-se às respostas emocionais e reações do


terapeuta em relação ao paciente, muitas vezes influenciadas pelo próprio
mundo interno do terapeuta.
 Importância: A contratransferência pode fornecer informações valiosas sobre
a dinâmica terapêutica e o que está ocorrendo na mente do paciente.
 Papel do Terapeuta: O terapeuta deve ser autoconsciente em relação à
contratransferência e usá-la de maneira construtiva para compreender e ajudar
o paciente.

Acting (Atuar)

 O que é: O acting envolve o paciente que age ou recria situações do passado


diretamente durante a terapia, em vez de apenas falar sobre seus sentimentos
ou conflitos. Imagine o “acting” na psicanálise como uma cena de teatro em que
o paciente interpreta papéis para mostrar seus sentimentos e experiências
passadas. Isso ajuda o terapeuta a entender melhor o que está acontecendo em
sua mente.

 Importância: O acting é uma manifestação da dinâmica emocional do paciente


e pode fornecer oportunidades para explorar questões profundas e emoções não
resolvidas.

 Papel do Terapeuta: O terapeuta lida com o acting de maneira sensível, usando-o


como uma ferramenta terapêutica para explorar questões subjacentes e proporcionar
insights.

Resistência

 O que é: A resistência é a relutância do paciente em abordar ou explorar


pensamentos, sentimentos ou memórias perturbadoras durante a terapia.
35

 Mecanismo de Defesa: A resistência é considerada um mecanismo de defesa


que protege o ego do paciente contra emoções ou conflitos internos difíceis.
 Papel na Terapia: O terapeuta trabalha com o paciente para reconhecer e
explorar a resistência, visando desvendar questões emocionais profundas e
promover o progresso terapêutico.

Insight, elaboração e cura

Insight na Psicanálise: Um Mergulho Profundo na Mente

 O Insight na psicanálise é como um mergulho profundo na mente do paciente.

 Assim como um mergulhador explora as profundezas do oceano em busca de


tesouros escondidos.

 É um momento de profunda compreensão e clareza.

 O paciente, junto com o terapeuta, penetra nas camadas mais profundas do


inconsciente.

 Durante esse processo, o paciente pode deparar-se com informações


anteriormente desconhecidas ou reprimidas.

 Isso leva a uma compreensão mais profunda de si mesmo.


 O insight na psicanálise é um momento de revelação e autoconhecimento.

 O paciente se torna consciente de motivos, conflitos e desejos que antes estavam


ocultos.

 Esse conhecimento pode ser transformador, ajudando o paciente a enfrentar e


superar seus problemas emocionais.

Elaboração em Psicanálise: Uma Jornada de Mergulho no Insight

 A elaboração em psicanálise é o processo que se inicia quando o paciente e o


terapeuta embarcam em uma jornada de auto exploração.

 Assim como um mergulho, a elaboração requer coragem para enfrentar as


profundezas da mente.

 Durante a elaboração, o paciente explora camadas profundas de pensamentos,


emoções e memórias reprimidas.
36

 É como descer cada vez mais fundo no oceano do inconsciente.

 À medida que a elaboração avança, o paciente pode descobrir tesouros


emocionais anteriormente ocultos.

 Isso se assemelha a encontrar preciosidades escondidas nas profundezas do


oceano.
 O processo de elaboração leva a momentos de clareza e compreensão,
semelhantes a vir à tona após um mergulho profundo.

 Como resultado desse processo, o paciente pode experimentar transformação e


crescimento pessoal.

 Os insights emergentes ajudam a enfrentar desafios emocionais e a alcançar um


maior entendimento de si mesmo.

Cura na Psicanálise: Um Processo de Autoconhecimento e Transformação

 A cura na psicanálise envolve uma exploração profunda da mente do paciente.


 É um processo que leva o paciente a um maior autoconhecimento.
 O paciente descobre seus pensamentos, emoções e desejos mais profundos.
 Através da análise, o paciente compreende os conflitos internos que podem
estar causando sofrimento.
 Em alguns casos, a psicanálise ajuda o paciente a liberar traumas do passado.
 Isso pode aliviar a dor emocional e promover a cura.
 O processo de psicanálise pode levar a uma transformação pessoal significativa.
 O paciente se torna mais consciente de seus padrões de comportamento e
pensamento.
 A cura na psicanálise frequentemente ajuda o paciente a lidar com problemas
emocionais, como ansiedade e depressão.
 O paciente aprende a desenvolver mecanismos de enfrentamento saudáveis
para lidar com desafios emocionais.
 A cura na psicanálise é muitas vezes um processo de longo prazo que requer
dedicação e paciência.
37

Psicoterapia de orientação Psicanalítica e Psicanálise

Psicoterapia de orientação Psicanalítica

 Abordagem mais flexível em termos de frequência de sessões (geralmente


uma ou duas vezes por semana).

 Foca em questões psicológicas de curto e médio prazo.


 Geralmente, é mais breve do que a psicanálise.

 O terapeuta é chamado de psicoterapeuta.

 Enfatiza a exploração de padrões de pensamento, emoção e comportamento


atuais.

 Utiliza princípios psicanalíticos, mas pode incorporar outras abordagens


terapêuticas.

 O objetivo principal é aliviar sintomas e promover mudanças imediatas.

Psicanálise

 Abordagem mais abrangente e intensiva.

 Geralmente, ocorre com uma frequência de várias sessões por semana.

 Profundo foco na exploração do inconsciente e análise das dinâmicas


psicológicas mais profundas.

 Duração potencialmente longa, muitas vezes anos.

 O terapeuta é chamado de psicanalista.

 Tende a ser mais voltada para uma investigação profunda do passado e do


inconsciente.

 Utiliza técnicas como livre associação e análise de sonhos.


38

Tabela 3: Diferenças entre a Psicoterapia de Orientação


Psicanalítica e a Psicanálise

Aspecto Psicoterapia de Orientação Psicanálise


Psicanalítica
Objetivo Tratamento de questões Exploração aprofundada do
específicas, problemas inconsciente e processos
emocionais ou psicológicos. psíquicos profundos.
Frequência Normalmente, sessões mais Sessões frequentes, geralmente
das Sessões curtas e frequentes (1 a 2 mais intensivas (3 a 5 vezes por
vezes por semana). semana).
Duração do Geralmente, de alguns meses a Pode ser um tratamento de
Tratamento alguns anos. longo prazo, muitas vezes
durando vários anos.
Relação A relação entre terapeuta e A relação terapêutica é central,
Terapêutica paciente é importante, mas com transferência e
pode ser menos intensa que na contratransferência sendo
psicanálise. exploradas profundamente.
Técnicas Uso de técnicas adaptadas ao Ênfase na interpretação dos
problema do paciente, como processos inconscientes,
interpretação, análise de incluindo sonhos, lapsos e atos
sonhos e associação livre. falhos.
Profissional O terapeuta pode ser psicólogo O terapeuta é geralmente um
ou psicanalista, com formação psicanalista com treinamento e
específica em psicoterapia supervisão extensos em
psicanalítica. psicanálise.
Aplicação Amplamente aplicada no Principalmente usada para auto
tratamento de diversos exploração profunda e
problemas, como depressão, tratamento de distúrbios
ansiedade, relacionamentos, psicológicos graves.
etc.

Bloco 7: Entrevista Inicial (ou entrevista preliminar) em Psicanálise

Objetivos

As entrevistas preliminares na psicanálise são como as primeiras páginas de


um livro. Nas primeiras páginas, você obtém uma ideia básica da história,
certo? Da mesma forma, nas entrevistas preliminares, o terapeuta começa a
conhecer o paciente, sua história e problemas. Eles estabelecem uma relação
de confiança.
A entrevista inicial (ou preliminar) é uma etapa fundamental no processo
psicanalítico, servindo para:

 Estabelecer o setting terapêutico e o contrato entre analista e analisando


39

 Avaliar se a psicanálise é o tratamento adequado para o caso


 Começar a estabelecer a transferência
 Coletar informações sobre histórico, sintomas e queixas
 Entender as motivações e expectativas do paciente
 Explicar o método psicanalítico e esclarecer dúvidas
 Estimar frequência e duração potencial do tratamento
 Verificar se o paciente está engajado com o tratamento e comprometido com a
verdade
 Acordar questões como pagamento, horários e faltas
 As entrevistas psicanalíticas são fundamentais para a terapia por que permitem
entender o mundo interno do paciente.
 Avalia aspectos da comunicação verbal do paciente
 Imagine que, na entrevista, o analista esteja montando um quebra-cabeça da
mente do paciente
 O terapeuta deve manter a neutralidade
 Avaliam funções do ego e mecanismos de defesa.
 O terapeuta faz perguntas sobre a vida, sentimentos e sintomas do paciente.
 Neutralidade significa ouvir sem julgamento.
 Avaliam funções do ego e mecanismos de defesa.
 Entrevistas aprofundam a compreensão do paciente.
 Ambiente seguro promove a expressão livre do paciente.

Como fazer perguntas nas Entrevistas Preliminares:

 Comece com perguntas abertas e amplas.


 Faça perguntas de acompanhamento e sondagem.
 Explore relacionamentos, sentimentos e pensamentos.
 Inclua questões sobre problemas atuais e história de vida.
 Descubra expectativas e objetivos do paciente.
 Seja receptivo e crie um ambiente seguro.
 Equilibre a escuta ativa com perguntas estratégicas.
40

Id, Ego e Superego nas entrevistas preliminares

 O id manifesta-se por meio dos impulsos e desejos imediatos do paciente


expressos durante a entrevista
 O Ego busca lidar de maneira eficaz com as demandas emocionais e conciliar
o Id com o Superego. As escolhas conscientes e estratégias de comunicação
refletem a atuação do Ego.
 Apresenta uma imagem estruturada e adaptada às normas sociais vigentes,
controlando impulsos inapropriados.
 O Superego pode se manifestar no auto avaliação e na autocrítica. O paciente
pode expressar julgamentos éticos sobre suas próprias ações, indicando a
influência das normas e valores internalizados na formação de sua consciência
moral
 Durante as autoacusações, o Superego, que representa as normas sociais e
morais internalizadas, pode manifestar-se como uma voz crítica interna,
influenciando o indivíduo a julgar suas ações à luz dessas normas.
 Busca por Punições: O Superego, ao buscar punições, reflete o desejo de auto
castigo como uma forma de redenção por não atender aos padrões éticos
internalizados. Pode manifestar-se como um impulso de autocrítica ou mesmo
a aceitação passiva de punições externas.
41

Diagnóstico Psicodinâmico e Estrutural em Psicanálise

Tabela 4: Diferenças entre o Diagnóstico Psicodinâmico e o


Estrutural

Aspecto Diagnóstico Psicodinâmico Diagnóstico Estrutural

Foco Principal Processos inconscientes e Estrutura da personalidade, destacando


dinâmicas psíquicas mais aspectos mais estáveis.
profundas.

Ênfase Emoções, conflitos internos e Estruturação da personalidade em termos


defesas psíquicas. de id, ego e superego.

Abordagem Exploração profunda dos Identificação de padrões de


Terapêutica significados subjacentes aos comportamento associados a diferentes
sintomas. estruturas de personalidade.

Objetivo Compreensão das raízes Classificação e identificação das


inconscientes dos sintomas. estruturas psíquicas predominantes.

Flexibilidade Maior flexibilidade, adaptando- Menos flexibilidade, categorizando com


Diagnóstica se ao contexto único de cada base em estruturas definidas.
indivíduo.

Diagnóstico Psicodinâmico:

 Explora dinâmicas inconscientes e processos mais profundos.


 Foca em emoções, conflitos e defesas psíquicas.
 Busca compreender as raízes inconscientes dos sintomas.
 Adota uma abordagem terapêutica que explora significados subjacentes.

Diagnóstico Estrutural:

 Analisa a estrutura da personalidade em termos de id, ego e superego.


 Identifica padrões de comportamento associados a diferentes estruturas.
 Classifica e identifica as estruturas psíquicas predominantes.
 Menos flexível, categorizando com base em estruturas definidas.
42

Bloco 8: Interpretação dos sonhos

Conteúdo Manifesto e Latente

 Conteúdo manifesto: o sonho propriamente dito, que a pessoa relata ao


acordar.

 Conteúdo latente: os pensamentos e desejos inconscientes que deram origem


ao sonho.

 O conteúdo manifesto passa por distorções durante o trabalho do sonho.

 A análise busca transformar conteúdos latentes em manifestos

Véspera dos Sonhos

 Termo criado por Bion


 Segundo Bion, experiências recentes do dia, junto com pensamentos, fantasias
e emoções, são processados de forma não-consciente pelo cérebro antes do
sono.
 Processos pré-conscientes
 Influencia os conteúdos manifestos
 Experiências, pensamentos e impressões do dia anterior.
 Fornece material recente para elaboração do conteúdo manifesto.
 Ponto de partida para formação dos sonhos.
 Interação entre resíduos diurnos e desejos inconscientes.

Restos Diurnos

Os restos diurnos são como pedaços de madeira. À noite, o cérebro os


transforma em móveis nos sonhos para arrumar a bagunça mental do dia

Estes "pedaços" não totalmente elaborados durante o dia são como a matéria-
prima que o cérebro utiliza para construir os sonhos. Através da elaboração
onírica, ocorre uma transformação criativa dos restos diurnos em narrativas e
imagens oníricas.

Assim, a elaboração dos sonhos é comparável ao trabalho de um marceneiro,


que reconfigura e trabalha pedaços de madeira bruta, transformando-os em
43

móveis e objetos. Da mesma forma, durante o sono REM, o cérebro "trabalha"


os fragmentos diurnos, convertendo-os nas histórias e cenários dos nossos
sonhos.

Aqui estão algumas características principais desses elementos:

 São fragmentos da vida de vigília: Os restos diurnos são fragmentos da


experiência consciente diária que permanecem ativos mesmo quando
adormecemos. Eles continuam a exercer influência sobre o conteúdo dos
sonhos.

 Incluem diversos tipos de conteúdo: Os restos diurnos podem incluir


lembranças, sensações corporais, conversas, preocupações, desejos não
realizados e outros aspectos da vida cotidiana.

 Sofrem distorções inconscientes: Durante o processo de sonhar, os restos


diurnos são submetidos à elaboração onírica, o que significa que eles são
distorcidos e combinados de maneira inconsciente, muitas vezes aparecendo
no sonho de forma simbólica ou disfarçada devido à ação da censura.

 A análise revela significados ocultos: A análise dos restos diurnos permite


esclarecer a origem latente por trás do conteúdo manifesto do sonho,
revelando desejos, conflitos e sentimentos que podem estar ocultos.

 Alimentam o processo de formação dos sonhos: Os restos diurnos


fornecem o "material bruto" que alimenta o processo de formação dos sonhos
durante o sono, contribuindo para a construção dos conteúdos dos sonhos. Os
restos diurnos são como pedaços de madeira. À noite, o cérebro os transforma
em móveis nos sonhos para arrumar a bagunça mental do dia

Bloco 9: Término em análise e em psicoterapia de orientação


psicanalítica

O término da análise ou psicoterapia de orientação psicanalítica é como a


última página de um livro importante. É onde você olha para trás, relembra a
história e se prepara para o próximo capítulo da vida.
44

 Reflexão Final: Nas sessões finais, você e o terapeuta têm a oportunidade de


revisar o progresso que foi feito ao longo do tratamento. Isso envolve olhar
para trás e considerar as mudanças, os insights e os desafios enfrentados.

 Preparação para a Vida Após a Terapia: O término é um momento para


discutir como você pode aplicar o que aprendeu durante o tratamento na sua
vida cotidiana. Isso envolve planejar como lidar com desafios futuros e
continuar a crescer pessoalmente.

 Despedida e Encerramento: Também é um momento de despedida do


terapeuta. É um reconhecimento do relacionamento terapêutico, que
desempenhou um papel importante na sua jornada.
 Nos últimos encontros, você e o terapeuta geralmente se concentram nas
questões mais importantes, revisando o progresso feito.
 Discute-se como aplicar o que foi aprendido na vida diária após o término.
 Constitui um momento de reflexão e encerramento

Comparação e Contraste entre Análise e Psicoterapia de Orientação


Psicanalítica:

Semelhanças:

 Processo Reflexivo: Tanto na análise quanto na psicoterapia de orientação


psicanalítica, o término envolve uma reflexão sobre o progresso e os insights
adquiridos ao longo do tratamento.

 Preparação para a Vida Pós-Tratamento: Em ambos os casos, há uma


ênfase na preparação do paciente para a vida após o tratamento. Isso inclui
discutir como aplicar o que foi aprendido na vida cotidiana e como enfrentar
desafios futuros.

 Despedida Significativa: O término é um momento de despedida significativa,


marcando o fim do relacionamento terapêutico. É uma oportunidade para
reconhecer a importância do terapeuta no processo de crescimento pessoal.

Diferenças:

 Abordagem Teórica: A principal diferença reside na abordagem teórica. A


análise é estritamente baseada na psicanálise, uma abordagem desenvolvida
45

por Sigmund Freud e baseada em conceitos como o inconsciente e os


complexos. A psicoterapia de orientação psicanalítica, embora também
baseada na psicanálise, pode incorporar outras abordagens terapêuticas.

 Duração e Frequência: A análise é tradicionalmente mais longa e


frequentemente é realizada várias vezes por semana, enquanto a psicoterapia
de orientação psicanalítica pode ter uma duração mais curta e ocorrer com
menos frequência.

 Ênfase na Profundidade: A análise tende a se concentrar em explorar


questões profundas do inconsciente, como traumas passados e dinâmicas
familiares, com uma ênfase na resolução dessas questões. A psicoterapia de
orientação psicanalítica pode ser mais focada em questões presentes e na
melhoria do funcionamento atual.

 Abordagem ao Término: Embora ambos os métodos enfatizem a reflexão e a


preparação para o término, a análise pode ter uma abordagem mais intensa e
prolongada para o término devido à sua natureza mais profunda.

Tabela 5: Diferenças entre Análise e Psicoterapia de Orientação


Psicanalítica

Aspecto Análise Psicoterapia de


Orientação Psicanalítica
Objetivo Principal Explorar o inconsciente e Aliviar sintomas e resolver
suas dinâmicas conflitos imediatos
Frequência das Sessões Frequentes e intensivas Variável, mas geralmente
menos frequente
Duração das Sessões Pode ser mais longa, às Tipicamente 50 minutos a
vezes horas 1 hora
Abordagem do Menos direcionada, mais Direcionada para
Terapeuta análitica soluções, mas ainda
exploratória
Foco no Passado Centrado em experiências Pode abordar o passado,
passadas mas foco nas dificuldades
presentes
Relação Terapêutica Intensiva e profunda Importante, mas muitas
vezes menos intensa
Técnica de Livre Amplamente utilizada Pode ser usada, mas não
Associação tão central
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Tabela 6: Término em Análise e Término em Psicoterapia de


Orientação Psicanalítica

Aspecto Término em Análise Término em Psicoterapia


de Orientação
Psicanalítica
Processo Reflexivo Sim Sim
Preparação para a Sim Sim
Vida Pós-
Tratamento
Despedida Sim Sim
Significativa

Abordagem Teórica Psicanálise (ênfase em Psicanálise (pode incorporar


conceitos inconscientes) outras abordagens)
Duração e Geralmente mais longa e Pode ser mais curta e
Frequência frequente (várias vezes por menos frequente
semana)
Ênfase na Enfatiza questões profundas Mais focada em questões
Profundidade do inconsciente e resolução presentes e melhoria do
de traumas passados funcionamento atual
Abordagem ao Pode ser mais intensiva e Pode ser mais flexível em
Término prolongada termos de duração e foco

Bloco 10: Contribuições e Críticas

Contribuições da Psicanálise:

 Revelou a importância do inconsciente e seus efeitos no comportamento.


 Propôs novos conceitos como id, ego, superego, complexo de Édipo.
 Desenvolveu técnicas terapêuticas como associação livre, análise dos sonhos.
 Influenciou campos como psicologia, psiquiatria, arte e ciências humanas.
 Propiciou nova visão sobre a mente e o desenvolvimento humano.
 Ampliou a compreensão sobre a sexualidade e o papel dos conflitos psíquicos.

Críticas à Psicanálise:

 Falta de falseabilidade e verificação empírica.


 Caráter especulativo e subjetividade das interpretações.
 Ênfase excessiva na sexualidade infantil.
 Visão determinista da infância na vida adulta.
 Dificuldade em isolar variáveis em estudos de caso.
 Risco de sugestionabilidade do paciente pelo analista.
 Necessidade de integrar fatores socioculturais.
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Conceito/Pergunta Definição/Resposta
O que é o inconsciente? Parte da mente que opera fora da
consciência e contém impulsos
primitivos, lembranças reprimidas e
desejos inaceitáveis.
O que são processos primários? Modo de funcionamento do
inconsciente, impulsivo, regido pelo
princípio do prazer, busca satisfação
imediata.
O que são processos secundários? Modo de funcionamento do consciente
e pré-consciente, racional, regido pelo
princípio da realidade.
O que é um sintoma na psicanálise? Manifestação física ou psicológica de
um conflito interno não resolvido.
O que é formação de compromisso? Maneira de conciliar desejos
reprimidos com demandas sociais,
gerando sintomas.
O que são as escolas da Correntes de pensamento com
psicanálise? teorias, conceitos e práticas
específicas, cada uma com seu líder.
Quais são as três instâncias da Id, Ego e Superego
segunda tópica?
O que é o id? Parte da mente que contém impulsos
e desejos primitivos e busca prazer
imediato.
O que é o superego? Parte da mente que representa a
moralidade e os valores sociais.
O que é transferência na Projeção de sentimentos sobre o
psicanálise? analista relacionados a figuras
significativas do passado.
Quais são os tipos de transferência? Positiva, negativa, ambivalente,
dependência, parental, sádica,
masoquista.
O que é contratransferência? Respostas emocionais do analista ao
paciente, influenciadas por seu próprio
mundo interno
O que é atuação (acting) na Paciente age ou recria situações do
psicanálise? passado ao invés de apenas falar
sobre elas.
O que é resistência na psicanálise? Relutância do paciente em explorar
conteúdos perturbadores durante a
terapia.
O que é insight na psicanálise? Momento de profunda compreensão e
clareza durante o processo
terapêutico.
O que é elaboração na psicanálise? Processo de explorar camadas
profundas de pensamentos, emoções
e memórias reprimidas.
O que é a entrevista inicial na Primeiro contato para estabelecer o
psicanálise? setting, avaliar o caso, coletar
informações, explicar o método, etc.
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O que é o conteúdo manifesto dos O sonho propriamente dito que a


sonhos? pessoa relata ao acordar.
O que é o conteúdo latente dos Pensamentos e desejos inconscientes
sonhos? que deram origem ao sonho

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