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Propostas Educacionais
Propostas Educacionais
Introdução
As propostas educacionais e sociais direcionadas à pessoa surda estão
em constante discussão entre aqueles que fazem parte da comunidade
e do movimento surdo e aqueles que representam o governo e definem
as legislações relacionadas ao sujeito surdo. Já foram testadas algumas
propostas educacionais até hoje e conquistados alguns avanços sociais
com base nas reivindicações do movimento surdo e de seus represen-
tantes, como a Federação Nacional de Educação e Integração dos surdos
(FENEIS) e o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).
Nesse contexto, a proposta deste capítulo é de identificar e analisar
aspectos relevantes sobre as propostas educacionais para surdos e como
elas se relacionam com as propostas sociais direcionadas para estas
mesmas pessoas. Além disso, você irá reconhecer os recursos assistivos
e sua possibilidade de uso na acessibilidade para as pessoas surdas tanto
no contexto educacional quanto social.
2 Propostas educacionais e sociais direcionadas à pessoa surda
Esta verdade sublime, o surdo encontra quando entra para o mundo totalmente
visual-espacial da comunidade surda, interagindo com a cultura surda, com
as artes surdas,a identidade surda, a língua de sinais dos surdos urbanos e
dos índios surdos, a pedagogia surda em toda a sua complexidade e diferen-
ças (VILHALVA, 2004 apud UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
CATARINA, 2011?).
Nos dias de hoje, o foco está em uma proposta educacional que favoreça
a construção da identidade e da diferença do sujeito surdo. Isso significa que
para o sujeito surdo ser formado, ele precisa ter acesso a ambas as culturas da
qual ele faz parte, ou seja, a cultura surda e a ouvinte. Entretanto, a prioridade
inicial é a construção de uma identidade surda pelo sujeito, por meio do contato
com nativos da língua de sinais, da cultura própria da comunidade surda, já
que, em algum momento o contato com suas diferenças será necessário, para
que ocorra a criação do sujeito através das trocas culturais.
Nesse sentido, na atualidade, é fundamental destacar o papel da Base
Nacional Comum Curricular, documento normativo que define as aprendi-
zagens essenciais a serem desenvolvidas ao longo das etapas e modalidades
da educação básica no Brasil. A BNCC é base para construção dos currículos
e das propostas pedagógicas dos sistemas e das redes de ensino de escolas
públicas e privadas em todo o território nacional, da educação infantil ao
ensino médio. A BNCC é guiadas por princípios éticos, políticos e estéticos,
que buscam a formação integral do sujeito e a construção de uma sociedade
democrática e inclusiva. Ela determina que material pedagógico para o ensino
dos surdos seja adaptado. Isso significa que devem ser ajustados os campos
de experiência e os conteúdos das áreas de conhecimento para o ensino na
modalidade visual-espacial (BRASIL, 2018).
A pedagogia surda além de ser bilíngue foca na biculturalidade também,
assim como defende Quadros (2005). Nesse modelo de educação pedagógica
surda não existe mais a submissão ou dependência do que é da comunidade
ouvinte. Nesse caso, acontece um modelo de ensino-aprendizagem própria do
sujeito surdo, que com o passar do tempo, irá aprender a se posicionar como
surdo, evoluindo como sujeito através da mediação intercultural baseada
nas diferenças e não nas semelhanças que impõe ao sujeito surdo o modelo
hegemônico ouvintista.
Propostas educacionais e sociais direcionadas à pessoa surda 5
Art. 93. A empresa com 100 ou mais funcionários está obrigada a preencher
de 2 (dois) a 5 (cinco) por cento dos seus cargos com beneficiários reabilitados,
ou pessoas com deficiência, na seguinte proporção:
Até 200 funcionários........................2%
De 201 a 500 funcionários...............3%
De 501 a 1.000 funcionários.............4%
De 1.001 em diante funcionários......5%
6 Propostas educacionais e sociais direcionadas à pessoa surda
Uma das mais frequentes reinvindicações por parte do sujeito surdo diz
respeito ao art.º 23 § 2º.
8 Propostas educacionais e sociais direcionadas à pessoa surda
A grande problemática é que ao se dirigir a uma instituição privada que oferte ensino
técnico, cursos de extensão ou de ensino superior, o sujeito surdo frequentemente não
é atendido por um atendente que use a língua de sinais (99% dos casos é por meio da
escrita em língua portuguesa ou com o auxílio de um amigo do próprio surdo, que
faz a ponte comunicacional). Essa é somente a primeira barreira comunicacional a ser
transposta. Depois, ainda falta convencer a instituição de que o surdo tem assegurado
por lei o direito a um intérprete de libras durante as aulas e que é a instituição de ensino
que deve pagar pelo serviço. Muitas instituições se negam a fornecer o intérprete,
pois isso encarece o custo do curso; então, elas já dizem que não conhecem nenhum
intérprete de libras para contratar ou que enviarão uma mensagem para o surdo para
avisar “se” fechar a turma de um curso de extensão, por exemplo, só que não dão
retorno nenhum. A única pessoa prejudicada nessa situação é o surdo.
CAPÍTULO VII
DA ACESSIBILIDADE NOS SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO E SINA-
LIZAÇÃO
Art. 17. O Poder Público promoverá a eliminação de barreiras na comunicação
e estabelecerá mecanismos e alternativas técnicas que tornem acessíveis os
sistemas de comunicação e sinalização às pessoas com deficiência sensorial
e com dificuldade de comunicação, para garantir-lhes o direito de acesso à
informação, à comunicação, ao trabalho, à educação, ao transporte, à cultura,
ao esporte e ao lazer.
Art. 18. O Poder Público implementará a formação de profissionais intérpretes
de escrita em braile, língua de sinais e de guias-intérpretes, para facilitar
qualquer tipo de comunicação direta à pessoa com deficiência sensorial e
com dificuldade de comunicação (Regulamentação: Decreto nº 5.626, de 22
de dezembro de 2005).
Art. 19. Os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens adotarão plano
de medidas técnicas com o objetivo de permitir o uso da língua de sinais ou
outra subtitulação, para garantir o direito de acesso à informação às pessoas
com deficiência auditiva, na forma e no prazo previstos em regulamento.
(BRASIL, 2000, documento on-line)
Propostas educacionais e sociais direcionadas à pessoa surda 9
Para saber mais sobre a questão da acessibilidade por meio de legenda em filmes
nacionais e infantis, leia a matéria, que fala como está a situação em Santa Catarina após
um ano dos protestos que foram realizados pela comunidade surda local, exigindo que
os cinemas da cidade de Florianópolis ofertassem acessibilidade através de legenda,
disponível no link a seguir.
https://goo.gl/CNKiVQ
Para maiores informações sobre o grupo teatral Signatores, acesse a página oficial
deles no endereço eletrônico a seguir.
https://goo.gl/bRzbC3
Isso significa que na esfera pública o sujeito surdo tem maiores chances de
ser atendido por um servidor, professor ou empregados em geral que saibam a
língua de sinais, sem falar na obrigatoriedade do fornecimento do interprete
em questões mais pontuais, tipo: audiências públicas, eventos promovidos por
entidades municipais, estaduais ou federais para todos os públicos, atendimento
por médico de rede pública, abrir uma conta bancária em instituição pública, etc.
Contudo, na esfera privada a situação é bem diferente. Por exemplo, temos
inúmeros casos de surdos que vão viajar e ao chegar no hotel não encontram
acessibilidade no atendimento inicial e, nem durante a estadia, necessitando
sair do seu quarto de hotel e se dirigir até a recepção, caso deseje solicitar
alguma coisa, pois, o único contato entre a recepção e os quartos dos hóspedes
é por meio do telefone, sendo esse tipo de atendimento inútil para o surdo.
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papel e caneta;
computador e internet (escrita ou sinalização utilizando editor de texto;
e-mail; redes sociais (WhatsApp, Facebook, Twitter, Instagram, etc.);
Youtube (vídeos em libras e/ou com legenda); Skype (web conferência);
programação da TV com closed caption;
filmes e vídeos com legenda ou com a janela de acessibilidade (intér-
prete de libras);
fotos e imagens;
câmera/filmadora para gravação de vídeos em libras;
dicionário ou sinalário de língua de sinais;
celular/smartphone/tablet (mensagem de texto, WhatsApp, Facebook,
Twitter, Instagram, fotos, videochamada, etc.);
aplicativos de língua de sinais.
Você sabia que existem inúmeros aplicativos de libras que você pode baixar em seu
smartphone ou tablet? Esses “apps” utilizam personagens em 3D para simular palavras
e frases de Libras (Figura 4).
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Acesse os links para baixar e testar cada uma das versões dos três aplicativos citados:
ProDeaf — https://goo.gl/1C6HW;
Hand Talk — https://goo.gl/yHR7S5;
Rybená — https://goo.gl/D3mPPM.