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A Irmanidade Dos Renegados Da Filosofia de Historia - 093709
A Irmanidade Dos Renegados Da Filosofia de Historia - 093709
Somente no Espírito Absoluto é que esse movimento de retorno se consuma plenamente, pois
Hegel (1995) diz que:
[...] só nesse espírito a ideia se compreende, não só na forma unilateral do conceito ou
da subjectividade, nem tampouco só na forma também unilateral da objectividade ou
da efectividade, mas na unidade consumada desses seus momentos diferentes, isto é,
em sua verdade absoluta (p. 20).
Dilthey apud Reale &Antiseri, (2006) sustenta que aquilo que é comum As ciências do
espírito, ou seja, o que constitui seu domínio, é isto: 0s estados de consciência se expressam
continuamente em sons, em gestos do rosto, em palavras, e tem sua objectividade em
instituições, Estados, Igrejas e institutos científicos: precisamente nessas conexões é que só
move a história.
“O alvo do esforço intelectual de Dilthey era fundamentar o conjunto de ciências que tinham
como objeto o mundo humano, denominado por ele como “ciências do espírito”
(Geisteswissenschaften)” (Amaral, 1987, p.5).
1.2.1. A Tarefa de Fundamentação Filosófica da Intuição Histórica
A crítica de Dilthey (2010) à Escola Histórica nos oferecer um insight sobre o ponto de
partida imaginado por ele para uma investigação histórica:
É por isso que ela [a Escola Histórica] também não chegou a um método explicativo,
nem conseguiu tampouco erigir, em virtude de uma intuição histórica e de um
comportamento comparativo, uma conexão autônoma entre as ciências humanas ou
conquistar uma influência sobre a vida. (p. 4).
Por conseguinte, a tarefa de fundamentação das ciências humanas coincide com a busca da
“conexão proposicional que se encontra na base tanto do juízo do historiógrafo, quanto das
conclusões do economista nacional e dos conceitos dos juristas e que permite definir a sua
segurança” (Dilthey, 2010, p.5).
Por conseguinte, a obra de Dilthey (2010) é marcada pela consciência de uma dupla tarefa: (1)
do ponto de vista científico, procura esclarecer e estabelecer a estrutura efectivamente
determinante do mundo humano em sua totalidade positiva e, desta forma, oferecer uma
ontologia particular para o desenvolvimento do que hoje chamamos “ciências humanas”; (2)
do ponto de vista filosófico, porém, a própria Vida, como o acontecimento nuclear e vital da
existência, tornou-se tema de sua pesquisa.
Nos estudos sobre fundamentos das ciências do espírito e na construção do mundo histórico
dilthey viu na expressão e no compreender os elementos que, unido a experiencia vivida dão a
esta ultima universalidade, comunicabilidade e objectividade constituindo, portanto,
justamente com ela, atitude fundamental das ciências do espírito. (Abbagnano, 2000)
Ainda assim, a resposta de Dilthey ao positivismo permanece presa aos referenciais de uma
cientificidade baseada na noção de metodologia. Seu objectivo era fornecer às ciências do
espírito (Geisteswissenschaft) uma metodologia e uma epistemologia que, embora se
adequando às suas peculiaridades próprias, fossem tão rigorosas e respeitáveis quanto aquelas
das ciências naturais (Naturwissenschaft).
Dilthey diverge dos critérios de distinção estabelecidos por outros autores e réplica
particularmente a concepção de Windelband que se fundamenta na diferença entre a
abordagem “nomotética” (pesquisa das leis e relações gerais) e “ideográfica” (atenção ao
particular e histórico), sendo a primeira característica das ciências naturais, aí incluída a
psicologia, e a segunda das ciências do espírito, por ele denominadas como históricas.
Trata-se, assim, de uma diferença radical de atitudes metodológicas. Dilthey adopta aqui a
distinção já antes estabelecida por Gustav Droysen entre “explicar” (Erklären) e
“compreender” (Verstehen). Enquanto o método científico-natural baseia-se na “explicação”
pelo esclarecimento das conexões causais, as ciências do espírito se fundam na
“compreensão” enquanto apreensão de sentido.
Assim, Dilthey (1951) propõe uma definição geral para as ciências do espírito,
procurando integrar nela as características constitutivas do conhecimento empírico com as
exigências do método histórico-crítico. Desse modo, toda ciência do espírito reúne três
aspectos:
As ciências do espírito, (...) unem em si três classes distintas de afirmações.
Dessas, umas expressam algo real, que está dado na percepção: contém o
elemento histórico do conhecimento. Outras explicam o comportamento uniforme
dos conteúdos parciais dessa realidade, que se separam por abstracção: constituem
seu elemento teórico. As últimas expressam juízos de valor e prescrevem normas:
nelas reside o elemento prático das ciências do espírito. Fatos, teoremas, juízos
estimativos e normas: dessas três classes de proposições se compõem as ciências
do espírito. (p.36)